Qual deve ser o seu trabalho? O que precisa descobrir? Você precisa descobrir apenas uma coisa: quem é você. Todo o interesse que você tem pelo mundo é um interesse ilusório, porque você não precisa descobrir o que é o mundo.
Quando você está em uma sala com outras pessoas, todas elas estão presentes com uma percepção dessa sala. Fica claro que cada uma delas a percebe de uma forma, e o que vale para a sala, vale também para qualquer forma de percepção que você tenha do seu mundo. Então, onde quer que esteja, você está tendo uma percepção do mundo à sua volta, assim como as pessoas ali.
Vamos tomar o exemplo da sala, com cinco pessoas tendo percepções sobre ela. É a mesma sala? Há uma única sala presente, mas há pontos de vista diferentes. Então, a sala é a mesma? E o seu mundo? É, de fato, o mundo? Você está vendo a mesma coisa que ele ou ela estão vendo? Você está vivendo no mesmo mundo deles? É o mesmo mundo?
Então, vamos ver como é construído esse sentido de separação. Qual é a estrutura do sentido do “eu” presente aí? Um particular ponto de vista. Você é a mesma pessoa para todos? Aquela pessoa que você conhece, todos a conhecem da mesma forma? Você se vê sempre como a mesma pessoa? Ponto de vista!
Então, como se constrói a ilusão do sentido de separação? Particularizando-se a experiência. Então, o que é esse falso “eu”, como ele é construído? Interpretação, particularização, ponto de vista, a escolha do que acreditar, do que sentir, do que perceber.
O que é a “pessoa”, o sentido do “eu”? A particularização da mente, a vaidade do pensamento que você “compra”. O mundo é um só, mas há vários pontos de vista, e quando você escolhe um deles, particulariza uma percepção e se contrai em si mesmo, vivendo assim o “seu mundo”, mas ele é falso. Cada um tem o seu próprio mundo e ele não condiz com a Realidade da Vida, com a Vida como Ela é.
Então, como se constrói a falsa identidade? Fazendo escolhas – escolhendo o que sentir, o que pensar, o que querer, o que não querer... “Eu quero a minha festa de aniversário!”, mas ninguém está interessado nele, porque cada um está preso em seus pontos de vista, cada um está vivendo em seu mundo privado. Mas, dentro de você, já está a expectativa do dia do aniversário. O que vale para o aniversário, também vale para qualquer forma de desejo. Chega o dia do aniversário e você, em seu mundo, está esperando muitos aplausos, muitas pessoas dizendo “parabéns” para você, mas eles não lembram de você. Você está contraído em seu mundo, esperando que o mundo o reconheça, mas as pessoas estão esperando a mesma coisa e isso é a contração da falsa identidade, do falso “eu”.
Você espera do marido, do filho, do patrão... Você está em seu mundo privado, querendo atenção, então você está em contração. Se está em contração, o mundo é hostil, porque ele não condiz com essa “sua realidade”. Isso é muito básico! Isso é seu falso “eu” diante da Realidade do “não eu”.
Então, mais uma vez: como se constrói essa identidade falsa? Ela é construída de pontos de vista, escolhas, ideias, da imagem que você tem de si, a qual você quer que seja vista por outros. Então, do que é construída? Ideias, imagens, crenças, escolhas, desejos, rejeições, predileções. Quando a ilusão é construída, o que isso causa? Contração. “A vida, o mundo, ele ou ela são hostis, tudo está errado! Eu tenho que terminar com tudo, porque não aguento esse sofrimento mais, essa contração!”. Isso é verdade? Você quer realmente terminar com isso? Não! Você quer mudar de objetos.
Você carrega esse “sentido do eu” desde criança, e isso ainda não terminou porque, na verdade, você nunca quis terminar com isso, porque significaria terminar com a ilusão do falso “eu”, terminar com as escolhas, com o que deseja que pensem sobre você. Você não quer terminar com isso! Você tem isso como algo normal, natural – viver sendo amado e desprezado, amando novamente e sendo desprezado novamente, ou querendo ser amado, mas sendo desprezado; querendo amar, mas não sendo aceito. Você vive nesse jogo!
Você se sente amado e, por isso, está tão feliz, mas, no momento seguinte, é rejeitado e fica tão triste! Uma hora está alegre, outra hora está triste; uma hora está feliz, outra hora está deprimido. Quando está deprimido, diz: “Eu não quero mais saber, vou acabar com isso agora; eu não quero mais saber dela, porque ela não vê como sou importante, bonito, maravilhoso… Preciso encontrar outra que me dê isso.” Ou você pode dizer: “Já fiz esses filhos todos e não tenho mais idade para ser mãe, mas, em outra vida, farei mais filhos, porque eles irão me amar. Esses aqui saíram com defeito de fábrica, mas da próxima vez irei acertar. Vou continuar nessa tarefa. Vou casar de novo, terei outro marido e ele vai ser aquele que irá me ver. Então, vou ter filhos com ele e serão maravilhosos! Um dia acontecerá!”. Você quer que os filhos, o marido ou o namorado mudem e apreciem-na. Você não quer se livrar do ponto de vista, quer apenas mudar de namorado, de filhos, de família, ou seja, quer mudar o ponto de vista.
Então, você quer se livrar do ponto de vista ou quer mudá-lo? Quer se livrar dessa relação que possui com essa ou aquela pessoa, com a família, ou quer se livrar da ilusão de um “eu” nessa relação? Você acha mesmo que o problema está na vida, no outro, no mundo?
Então, livre-se do mundo, do outro, mas tem que ser para valer, não pode ser para substituí-los. Você diz: “Minha vontade é acabar com tudo!”. Então, acabe com tudo mesmo e deixe o mundo em paz! Coloque uma “bomba” e “exploda” esse mundo! A questão é se livrar da ilusão de que você está presente na experiência. O problema não é a “sala”, mas o ponto de vista que cada um possui dela.
O que não está resolvido, dentro de você, é, de fato, a decisão de deixar de interferir com seus julgamentos, opiniões e crenças sobre a Vida e como Ela se apresenta.
Então, a “sala” é uma; a particular visão é múltipla. Aqui, você desiste e realmente acaba com isso quando se desfaz da fantasia de ser “alguém” na experiência de olhar a vida, o outro, o mundo. O meu trabalho é que você desconfie do que sente, do que pensa e do que escolhe. Sua relação com a vida deve ser objetiva, prática, inteligente! Se você cair na armadilha de tentar “sentir” o outro, o mundo e o que acontece, estará em uma viagem de um mundo subjetivo, egoico. Esse é o vício do ego – viver sentindo, pensando e tirando conclusões sobre a vida. Você descobre que, quanto mais sente a Verdade Divina, menos realidade dá ao sentir subjetivo dessa relação com o mundo.
Pessoas são muito sentimentais, muito românticas, sensíveis, nada práticas com relação à vida, e esse comportamento fortalece esse centro falso. Vocês precisam investigar isso em si mesmos, o quanto são românticos, sentimentais, sensíveis, precários, carentes, necessitados e pouco práticos. Vocês não são práticos com relação à vida e às demandas da existência; estão sempre cultivando um mundo subjetivo de crenças, sentimentos, emoções, experiências e sensações. Portanto, sejam práticos, objetivos. De outra forma, estarão presos à subjetividade psicológica da exigência de que o mundo, a vida e a “sala” sejam como vocês desejam.
Conseguem perceber o que estou dizendo? Quando digo que você é romântico, sentimental, sensível demais, não prático, não objetivo, consegue entender o que estou dizendo? Que existe dentro de você uma exigência com base em ideias, crenças, conclusões, desejos e escolhas?
Então, vamos ver como é construído esse sentido de separação. Qual é a estrutura do sentido do “eu” presente aí? Um particular ponto de vista. Você é a mesma pessoa para todos? Aquela pessoa que você conhece, todos a conhecem da mesma forma? Você se vê sempre como a mesma pessoa? Ponto de vista!
Então, como se constrói a ilusão do sentido de separação? Particularizando-se a experiência. Então, o que é esse falso “eu”, como ele é construído? Interpretação, particularização, ponto de vista, a escolha do que acreditar, do que sentir, do que perceber.
O que é a “pessoa”, o sentido do “eu”? A particularização da mente, a vaidade do pensamento que você “compra”. O mundo é um só, mas há vários pontos de vista, e quando você escolhe um deles, particulariza uma percepção e se contrai em si mesmo, vivendo assim o “seu mundo”, mas ele é falso. Cada um tem o seu próprio mundo e ele não condiz com a Realidade da Vida, com a Vida como Ela é.
Então, como se constrói a falsa identidade? Fazendo escolhas – escolhendo o que sentir, o que pensar, o que querer, o que não querer... “Eu quero a minha festa de aniversário!”, mas ninguém está interessado nele, porque cada um está preso em seus pontos de vista, cada um está vivendo em seu mundo privado. Mas, dentro de você, já está a expectativa do dia do aniversário. O que vale para o aniversário, também vale para qualquer forma de desejo. Chega o dia do aniversário e você, em seu mundo, está esperando muitos aplausos, muitas pessoas dizendo “parabéns” para você, mas eles não lembram de você. Você está contraído em seu mundo, esperando que o mundo o reconheça, mas as pessoas estão esperando a mesma coisa e isso é a contração da falsa identidade, do falso “eu”.
Você espera do marido, do filho, do patrão... Você está em seu mundo privado, querendo atenção, então você está em contração. Se está em contração, o mundo é hostil, porque ele não condiz com essa “sua realidade”. Isso é muito básico! Isso é seu falso “eu” diante da Realidade do “não eu”.
Então, mais uma vez: como se constrói essa identidade falsa? Ela é construída de pontos de vista, escolhas, ideias, da imagem que você tem de si, a qual você quer que seja vista por outros. Então, do que é construída? Ideias, imagens, crenças, escolhas, desejos, rejeições, predileções. Quando a ilusão é construída, o que isso causa? Contração. “A vida, o mundo, ele ou ela são hostis, tudo está errado! Eu tenho que terminar com tudo, porque não aguento esse sofrimento mais, essa contração!”. Isso é verdade? Você quer realmente terminar com isso? Não! Você quer mudar de objetos.
Você carrega esse “sentido do eu” desde criança, e isso ainda não terminou porque, na verdade, você nunca quis terminar com isso, porque significaria terminar com a ilusão do falso “eu”, terminar com as escolhas, com o que deseja que pensem sobre você. Você não quer terminar com isso! Você tem isso como algo normal, natural – viver sendo amado e desprezado, amando novamente e sendo desprezado novamente, ou querendo ser amado, mas sendo desprezado; querendo amar, mas não sendo aceito. Você vive nesse jogo!
Você se sente amado e, por isso, está tão feliz, mas, no momento seguinte, é rejeitado e fica tão triste! Uma hora está alegre, outra hora está triste; uma hora está feliz, outra hora está deprimido. Quando está deprimido, diz: “Eu não quero mais saber, vou acabar com isso agora; eu não quero mais saber dela, porque ela não vê como sou importante, bonito, maravilhoso… Preciso encontrar outra que me dê isso.” Ou você pode dizer: “Já fiz esses filhos todos e não tenho mais idade para ser mãe, mas, em outra vida, farei mais filhos, porque eles irão me amar. Esses aqui saíram com defeito de fábrica, mas da próxima vez irei acertar. Vou continuar nessa tarefa. Vou casar de novo, terei outro marido e ele vai ser aquele que irá me ver. Então, vou ter filhos com ele e serão maravilhosos! Um dia acontecerá!”. Você quer que os filhos, o marido ou o namorado mudem e apreciem-na. Você não quer se livrar do ponto de vista, quer apenas mudar de namorado, de filhos, de família, ou seja, quer mudar o ponto de vista.
Então, você quer se livrar do ponto de vista ou quer mudá-lo? Quer se livrar dessa relação que possui com essa ou aquela pessoa, com a família, ou quer se livrar da ilusão de um “eu” nessa relação? Você acha mesmo que o problema está na vida, no outro, no mundo?
Então, livre-se do mundo, do outro, mas tem que ser para valer, não pode ser para substituí-los. Você diz: “Minha vontade é acabar com tudo!”. Então, acabe com tudo mesmo e deixe o mundo em paz! Coloque uma “bomba” e “exploda” esse mundo! A questão é se livrar da ilusão de que você está presente na experiência. O problema não é a “sala”, mas o ponto de vista que cada um possui dela.
O que não está resolvido, dentro de você, é, de fato, a decisão de deixar de interferir com seus julgamentos, opiniões e crenças sobre a Vida e como Ela se apresenta.
Então, a “sala” é uma; a particular visão é múltipla. Aqui, você desiste e realmente acaba com isso quando se desfaz da fantasia de ser “alguém” na experiência de olhar a vida, o outro, o mundo. O meu trabalho é que você desconfie do que sente, do que pensa e do que escolhe. Sua relação com a vida deve ser objetiva, prática, inteligente! Se você cair na armadilha de tentar “sentir” o outro, o mundo e o que acontece, estará em uma viagem de um mundo subjetivo, egoico. Esse é o vício do ego – viver sentindo, pensando e tirando conclusões sobre a vida. Você descobre que, quanto mais sente a Verdade Divina, menos realidade dá ao sentir subjetivo dessa relação com o mundo.
Pessoas são muito sentimentais, muito românticas, sensíveis, nada práticas com relação à vida, e esse comportamento fortalece esse centro falso. Vocês precisam investigar isso em si mesmos, o quanto são românticos, sentimentais, sensíveis, precários, carentes, necessitados e pouco práticos. Vocês não são práticos com relação à vida e às demandas da existência; estão sempre cultivando um mundo subjetivo de crenças, sentimentos, emoções, experiências e sensações. Portanto, sejam práticos, objetivos. De outra forma, estarão presos à subjetividade psicológica da exigência de que o mundo, a vida e a “sala” sejam como vocês desejam.
Conseguem perceber o que estou dizendo? Quando digo que você é romântico, sentimental, sensível demais, não prático, não objetivo, consegue entender o que estou dizendo? Que existe dentro de você uma exigência com base em ideias, crenças, conclusões, desejos e escolhas?
*Transcrição de uma fala realizada em um encontro intensivo on-line, através do aplicativo Zoom no dia 07 de Junho de 2020 – Acesse a nossa agenda e se programe para estar conosco, clique aqui.
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