quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O que é o Despertar?

Todos têm uma constatação em comum: a de estar aqui. Onde quer que você se encontre, você está aqui. Essa é a única certeza de todos, o ponto comum, algo indiscutível, inquestionável, que não entra em debate, não depende de opiniões e de crenças. Ninguém pode concordar ou discordar disso! Qualquer coisa experienciável, percebida, constatada ou sentida está dentro desta Realidade indiscutível e inquestionável: você está aqui!
A única coisa real, certa, é: “Eu sou”. Tudo gira em torno deste “Eu sou”. Todas as experiências, em todos os níveis, em todas as suas formas e expressões, aparecem neste “Eu sou”. Todo seu “sono” está acontecendo pelo fato de você ignorar isso, de não assumir a verdade disso. “Eu sou” permanece aqui, e tudo mais gira em torno Dele — todas as experiências, incidentes, acontecimentos, eventos, toda a história desse personagem. Os personagens são muitos! Eles são diferentes, cada um tem a sua individualidade, particularidade, mas este “Eu sou” não tem isso. Essa é a certeza!
Estou colocando pra você agora, diante dos seus olhos, essa chave. O que é o Despertar? O que significa Isso para você? Despertar significa permanecer em sua Natureza Verdadeira, de uma forma completa, única, definitiva e irreversível. Em outras palavras, significa não mais se confundir com aquilo que aparece em torno deste “Eu sou”.
Não se pode falar de Despertar por ter uma compreensão intelectual desse assunto. Enquanto não for completa e irreversível essa desidentificação com a mente egoica, com a crença desse “mim”, desse “alguém presente” na experiência, não haverá Despertar.
Despertar, como eu coloco dentro desta fala, é o final do sentido de separatividade. Toda experiência está fora desse “Eu sou”. As experiências do corpo e da mente aparecem Nele, mas não são Ele! O “Eu sou” está aqui, agora, independentemente do estado do corpo, da mente, dos acontecimentos do lado de fora, do que quer que esteja aparecendo. Eu sou aqui e agora! Esse “Eu sou aqui e agora” permanece destacado, acima de toda a ideia de um “eu” presente que experimentou algo no passado e que pode experimentar algo no futuro.
A mente egoica, isso que carrega o sentido de um “eu” e suas experiências, está em contato com o mundo externo dos objetos, das pessoas, dos lugares... Esteve ontem, está aqui hoje e estará amanhã. A mente egoica configura seu mundo externo e interno. Seu mundo externo está cheio de objetos, com os quais ela busca se preencher. Ela busca preenchimento físico, através do corpo; emocional, através dos sentimentos; intelectual, através das ideias; sensorial, através dos sentidos. Já internamente, ela busca preenchimento na imaginação.
Esse é um assunto bastante interessante de se investigar. Boa parte da sua vida transcorre na imaginação. A imagem que você tem de si mesmo está na imaginação, bem como tudo que essa imagem pode obter. Boa parte da sua vida mental — movimento de pensamentos acontecendo dentro da sua cabeça — funciona mantendo esse sentido do “eu”, que eu acabei de chamar de “mente egoica”. Isso está assentado na imaginação. A mente egoica não tem interesse no que Você é. É a natureza dela ser cega e insciente do que Você é. Você está aqui e agora, mas ela não. Ela está no passado ou no futuro ou nesse presente buscando o futuro ou o passado. Isso é imaginação!
Você passa a maior parte da sua vida descuidado desse “Eu sou”, perdido nessa identificação com a imaginação, internamente, e com as experiências dos objetos externos, através do corpo. Então, os sentidos, atraídos pelas cores, ficam a serviço da mente egoica. Esse movimento o distancia deste instante, no qual o “Eu sou” permanece completamente desidentificado, livre, pleno. Você em seu Ser está pleno! Na mente, ou você está no mundo imaginário, ou está na ilusão de um experimentador na experiência de um mundo externo.
Enquanto houver alguma chance de você se perder de Si mesmo, desse “Eu sou”, identificando-se com o pensamento, com o corpo, com a ideia “eu sou o corpo” ou “eu sou a mente”, não haverá Despertar. Não importa a quantidade de palavras que você conheça sobre Isso, a maestria de suas falas, a beleza de seus escritos, o poder de sua influência carismática, os nomes que dê aos seus encontros, o poder que você tenha de influenciar outros com a sua “sabedoria”, tudo isso será apenas conhecimento emprestado, meras teorias, meros conceitos.
Se seu interesse é descobrir o real significado do Despertar — que não é seu significado lexiológico, verbal, filosófico, místico, esotérico, advaita ou neoadvaita —, o significado vivencial Disso, que só se encontra em Seu Ser, em Sua Natureza Verdadeira, vá além da mente, de uma forma completa, total e irreversível. Desidentifique-se desse mundo interno de imaginações. Pare de imaginar! Permaneça aqui e agora!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro na cidade de Campos do Jordão no Ramanashram Gualberto em Março de 2019 – Acesse a nossa agenda e se programe para estar conosco: http://mestregualberto.com/agenda/agenda-satsang.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O Show da Vida

Neste trabalho, estamos investigando o que sempre tem prevalecido: a noção de uma pessoa vivendo sua vida. São poucos que, nesse mundo, já conseguiram perceber o “grande show” e que, nele, a vida da pessoa é uma ilusão. Aquele que sabe isso está livre da ilusão, dessa escravidão, porque está livre da ignorância sobre o “show”. A pessoa ignorante toma o “show” como algo real e, assim, permanece escrava do corpo e da mente, vendo sempre um mundo bom ou mau.
Aqui, estamos dizendo a você que isso é completamente falso. A vida não é boa nem ruim, é apenas um “show”. Quando você se identifica com o “show”, porque se mantém ignorante sobre ele, essa noção do bem e do mal, do bom e do ruim, fica presente. Todos esses conceitos são imaginários. Na verdade, nessa pureza da Sacralidade, da Consciência, não existe dualidade, não há qualquer ilusão sobre o “show”, porque não existem conceitos. Na mente, você não tem o toque da Realidade, a sua experiência é do bem e do mal, da dualidade, da ilusão do “show”. É isso que acontece na mente, na ignorância.
A ignorância é uma ilusão da mente, a qual não conhece outra coisa a não ser essa ilusão. É a natureza dela! Enquanto a ilusão permanece, a dualidade e a ignorância sobre o “show” permanecem, então, a mente continua assumindo o lugar da Realidade. É o que acontece a você nessa visão particular do mundo. É como quando você olha para um lago calmo e vê refletido nele alguma imagem. Sobre a água calma, sem ondas, você vê uma imagem: o céu, uma árvore... Esse reflexo não pode ser a realidade.
O mundo que você vê não é real, é apenas um reflexo, assim como a imagem que você vê no lago. O Real está além, está fora dessa imagem. O real não está naquela água! Portanto, o real não está na mente, mas esse é o seu modo de ver o mundo, de ver a vida.
A Realidade é pura Consciência, fora da dualidade, além do “show”. O que estou dizendo é que o reflexo não tem existência alguma separado da realidade, ele não se separa da realidade para ter uma existência real. Assim, o mundo que você vê, percebe, sente, reflete, pensa, analisa, não é Real. O mundo que você conhece aparece dentro da dualidade, do bem e mal, do certo e errado e, nessa luta constante, nesse “contrastar”, temos o “show”.
Sua Natureza Verdadeira está além do mundo, então, a pessoa e o seu mundo não são reais. A mente tem se voltado para o “reflexo”, para o “show”, para a aparência, para a dualidade, e essa é a sua natureza: sustentar o “reflexo”. Com isso, você não pode ter lembrança do que é Real, porque tudo que se conhece, na mente, ainda é parte desse “show”, dessa dualidade. Essa é a razão do esquecimento do seu Verdadeiro Ser. Você lembra de si mesmo como a mente lembra de si própria, e ela faz isso com imagens. Você se lembra de si mesmo como sendo o corpo, com o sentido de um “eu” presente… Você se vê como uma pessoa.
"Sua Natureza Verdadeira está além do mundo, então, a pessoa e o seu mundo não são reais."
Assim, você está perdido! Quando se esquece de sua Natureza Essencial, você está perdido na imaginação, no “reflexo”, na aparição, na ilusão. Você se esqueceu de Si mesmo, não sabe quem é. Você está perdido e não compreende que esse “reflexo” não está separado do Ser e é apenas uma aparição. Enquanto isso se mantém, não há possibilidade da Felicidade. A ilusão é a sustentação da mentira e, nela, não há Deus. Sem Deus, não há Verdade e, então, não há Felicidade.
Quando você usa a expressão “eu estou aqui”, isso sustenta a dualidade, o sentido de separação, porque se “eu estou aqui”, o “mundo está do outro lado”. Se “eu estou aqui”, então “ele está lá” – aí está a separação. Você faz isso de uma forma muito mecânica, inconsciente e automática. É assim que a dualidade acontece.
Quando você pensa em si como pessoa, está tratando a si mesmo como um objeto, como mais um objeto de aparição no mundo. Dessa forma, você é um e o mundo é outro. Tudo que está fora do que você é, não pode ser o que você é, então, você se vê como um e o mundo como outro, você é um e tudo mais é outra coisa – aí está a dualidade. Nessa separação é que toda confusão e toda inconsciência sobre o “show” acontecem. Nela, a roda gira, a roda do sofrimento, da decepção, da frustração, do medo, do desejo, de toda confusão desse “nascer” e “morrer”. Não há Verdade, não há Liberdade, não há Sabedoria, não há Felicidade.
Portanto, esse sofrimento da separação, da dualidade, está presente porque você aceita esse conceito do “eu”. O “eu” sustenta a ilusão do mundo como um objeto separado e você nunca relaxa em seu Ser, está sempre no movimento da mente, que é essa confusão toda: contradição, conflito, dilemas, intermináveis problemas… Essa é sua ilusória vida, a vida da ilusória pessoa, em um mundo de dualidade, uma vida baseada na noção “eu estou aqui e o mundo está lá fora”.
Agora você sabe de onde vem o sentido de separação e que isso é o que sustenta esse “eu”, aquilo que você acredita ser. Isso é dualidade! Enquanto a dualidade estiver presente, o medo estará presente.
Autoinvestigação, Meditação e entrega: esse é o caminho direto e único para ir além dessa ilusão, além do sentido de dualidade, de separação, além da ilusão “eu estou aqui e o mundo está lá fora”. Por isso que a apreciação de Satsang é a única coisa inteligente. Ir além da história, do mundo, desse esquecimento, é a única coisa que importa. Só há Satsang para você! Tudo o mais é só mais uma coisa, enquanto você é uma outra.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 26 de Agosto de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas as 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

O Real Discernimento

Aqui, você está sempre ouvindo coisas que, a princípio, são desafiadoras para o modelo de pensamento ordinário. Estamos tratando de uma espécie de conhecimento que está fora do conceito comum, que é o Real Conhecimento, em que há o discernimento do Real Conhecedor. O conhecimento com o qual estamos envolvidos desde a infância é aquele que depende da memória. Em Satsang, tratamos de outro tipo de conhecimento, que é aquele que discerne o próprio Conhecedor — é o Conhecimento do discernimento da Natureza do Ser. Esse é o Conhecimento Real! Não é o conhecimento da memória, daquilo que é conhecido. Assim sendo, esse Conhecimento é a própria Substância do Conhecedor. Ramana dizia: “Conhecer Deus é ser Deus”.
Então, Autoconhecimento tem esse sentido: o próprio Conhecimento, que é o Discernimento Verdadeiro da Natureza do Eu, dessa Verdade sobre nós mesmos. A certeza da Autorrealização, ou do Autoconhecimento, é encontrada no fim da ilusão da identidade separada. Isso é a própria Substância desse Conhecimento, a Natureza desse Conhecimento Real. Assim, somente o Conhecimento Puro da Natureza da Consciência é o Real Autoconhecimento.
Essa Visão, que eu chamo de Visão da Realidade, está completamente além da ideia “eu sei” ou “eu não sei”, além do saber e do não saber. Estamos falando de algo que está além desse conhecimento ordinário. A Verdade sobre nós mesmos é inteiramente não objetiva e não subjetiva. Não existe nenhum conhecedor individual e nem nenhum objeto de conhecimento. Assim, Ela não é subjetiva nem objetiva.
Isso não é nada conceitual, embora esse uso de palavras possa parecer um jogo, como esses que os filósofos fazem. O que estamos colocando aqui não é nada filosófico, no sentido em que o intelecto emprega a palavra “filosofia”.
A Sabedoria não é determinada por nenhum estado psicológico ou sensorial, assim, não é determinada por nenhum estado corporal nem mental. A Natureza da Verdade, desse Real Conhecedor, é o próprio Conhecimento. Por isso eu tenho dito que você não pode estudar Isso. Isso não é um tópico, não é um tema, uma matéria para ser estudada. É algo de uma vivência direta e atemporal, que está fora do corpo e da mente. Isso pode ser profunda e solidamente realizado dentro desse processo chamado Satsang; é o que torna Isso possível.
A base do Satsang é a Autoinvestigação, que é Meditação. Portanto, Isso não pode ser estudado, mas pode ser investigado, e essa investigação é o que acontece nesse processo chamado Satsang, onde você se pergunta: “Para quem é o conhecimento ou a ignorância?”. O seu trabalho comigo é para que você encontre esse Discernimento – o Discernimento sobre a Verdade do Eu, a Verdadeira Natureza do Eu. Esse Conhecimento é capaz de discernir e apreender o significado do Próprio Conhecedor. É o Ser conhecendo a Si Mesmo.
"A base do Satsang é a Autoinvestigação, que é Meditação. Portanto, Isso não pode ser estudado, mas pode ser investigado, e essa investigação é o que acontece nesse processo chamado Satsang"
Então, quem poderia duvidar Disso? Ou quem poderia ter a certeza Disso? Para quem é a ignorância ou o conhecimento? Quem é aquele que poderia se destacar e dizer “eu sei”? Ou quem é aquele que poderia duvidar e dizer “eu não sei”? Haveria essa Consciência, que é esse Conhecedor, e outro, assim chamado “ego” ou “eu” individual?
Se aquele que hoje parece ser ignorante a respeito de seu próprio Ser investigar a natureza dessa ignorância, ele vai terminar descobrindo que não existe nenhuma ignorância e nenhum ignorante. Se ele se indagar sobre sua própria natureza, ele encontrará apenas uma coisa: a Verdade, que é o Puro Conhecimento, o final dessa ilusão do ignorante e da ignorância.
Aquilo que é chamado de Verdade, Deus ou Senhor é essa Realidade Misteriosa, que é conhecida diretamente como a Realidade do próprio Ser, do próprio Coração, por aqueles que mergulham profundamente na Autoinvestigação e Meditação. Esse é o testemunho de todos!
Para aquele que investiga a natureza da Verdade — o que significa examinar a questão: “Para quem é a ignorância? Quem sou eu?” —, Deus se revela como seu próprio Ser, como sua Própria Natureza não nascida, não criada, além de nascimento e morte.
Tal Conhecimento não nasce de palavras, nem de informações, nem de alguma forma de entendimento intelectual. Isso é realizado dentro do seu Ser, nessa investigação profunda. Como não existe um “segundo ser”, um “segundo eu”, um “ego”, uma “mente”, a única Verdade encontrada é esta presente aqui e agora. Percebam a beleza disso!
Esse Conhecimento não é posse de ninguém! Não há alguém para conhecer Isso, nem possuir. Curiosamente, não há ignorante, nem ignorância para um ignorante. Eu quero repetir isso: se aquele que parece ignorar sua própria Natureza, a Verdade sobre Si mesmo, investigar profundamente, descobrirá que a única Verdade é a Realidade Divina de seu Ser, Aquilo que Ele é! A isso os Sábios chamam de Liberação.
Liberação é o Conhecimento Puro, é a Verdade, é Deus, é o Senhor. Isso é também chamado de Presença ou Consciência. Isso é algo sempre presente, sempre presente... Essa Revelação, essa Compreensão ou esse Conhecimento está realmente sempre presente, sempre existente.
Talvez, você pergunte: “Mas por que isso é tão instável? Por que toda essa instabilidade da Verdade?”. Isso acontece em razão desses hábitos da mente, por ela estar sempre voltada para fora. São essas vasanas, essas tendências. A mente está sempre recorrendo ao seu mundo conhecido. As suas tendências estão nessa identificação com a ilusão, com a separação, com o medo, com o desejo... Isso representa toda essa instabilidade.
O Verdadeiro Conhecimento, a Verdade, é Algo que está além disso, bem além de tudo isso. A Verdade é de natureza atemporal, não faz parte desse mundo do medo, do desejo e da mente.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 25 de Setembro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas as 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Você precisa descobrir por si mesmo


Aqui, o importante é você fazer suas descobertas. O que eu posso fazer é lhe dar algumas dicas do que, com certeza, você irá descobrir dentro desse processo de investigação. Essas dicas são, na verdade, revelações, e, quando você descobre por si mesmo, vê presente a confirmação dessa Realidade.
Uma coisa importante que eu posso lhe adiantar, dentro desse trabalho de descoberta, é que o pensamento não é o instrumento que você precisa. Ele não é o instrumento que vai poder ajudar você a viver em harmonia com a vida, porque, na verdade, o pensamento dentro de você é completamente caótico, contraditório e imaginativo.
Até agora você tem confiado muito no pensamento, de tal forma que sua vida se baseia quase totalmente nele. Sua confiança no pensamento é muito grande, o que explica porque todos esses problemas estão presentes em sua vida e, curiosamente, presentes no planeta. Então, você termina acreditando (e esse também é só um pensamento) que colocou o planeta em perigo. O planeta não está em perigo. Embora se tenha criado toda essa confusão, não é o planeta que está em perigo. Você está em perigo!
O pensamento é algo morto e ele não pode tocar a Realidade. Ele fala de um “eu”, de um espírito, de uma alma, de uma mente, de uma criação, de um Deus... O pensamento diz muitas coisas. Ele cria os problemas e depois vai em busca da solução para eles. As ideias que você tem sobre si mesmo, sobre o outro, o mundo, o planeta e a vida são apenas pensamentos contraditórios, imaginativos e problemáticos. Então, essa é uma descoberta que você precisa fazer: confiar em pensamentos é uma ilusão.
Por isso que continuo dizendo para você que o pensamento não é o instrumento que vai poder ajudá-lo. É ele que tem criado nossa cultura e sustenta essa velha estrutura filosófica, espiritual, política e tudo o mais. O que quero dizer é que o pensamento não pode tocar a Realidade, porque ele é o próprio afastamento Dela. Se você quer descobrir a Verdade, precisa estar fora do pensamento, além dele, e, assim, você estará além da imaginação, da contradição, das crenças, das ideias. Então, acontece o toque da Realidade Presente, que se mantém livre do pensamento.
Nós fomos ensinados que Deus criou o Universo. Se você admite a existência de Deus, o Ser que criou o Universo, então, não pode negar que Ele é algo anterior ao Universo, além do Universo, algo além do tempo e do espaço. Toda percepção que você tem de si mesmo e do mundo, baseada no pensamento, está dentro do tempo e do espaço, e, sendo assim, ela é incapaz de alcançar Aquilo que está além do tempo e do espaço. Se Deus é uma Realidade anterior a toda essa manifestação, tem que haver uma faculdade em você capaz de reconhecê-La, faculdade essa que precisa estar necessariamente fora do tempo e do espaço.
Há Algo em você além do tempo e do espaço, anterior à criação, e somente Isso pode visualizar a Verdade de Deus, a Verdade Divina. Somente essa Consciência, que é atemporal, não espacial, que está além do pensamento, do corpo, da mente e do mundo, pode visualizar a Verdade Divina, pode constatar a Verdade de Deus.
"Há Algo em você além do tempo e do espaço, anterior à criação, e somente Isso pode visualizar a Verdade de Deus, a Verdade Divina."
Então, nós temos que fazer uso dessa faculdade, dessa habilidade, dessa capacidade da Consciência. A Consciência é essa imutável Verdade que somos e esse é o Real Princípio do Ser, da Vida. Sem Isso, é impossível falarmos sobre Felicidade, Amor, Paz, Liberdade... é impossível falarmos sobre Compaixão e Sabedoria. Então, Satsang é um momento de constatação, de uma revelação. Estou lhe trazendo uma revelação, uma dica, uma informação que assume uma posição de Real Constatação, quando você Realiza Isso.
Portanto, antes dessa Compreensão da Verdade sobre Si Mesmo, da Realização, falar sobre Felicidade, Verdade, Amor, Deus, não tem realidade, são somente palavras, mais ideias, mais crenças, mais pensamentos. Quando você tenta visualizar a absoluta Realidade, Aquilo que é atemporal, através de conceitos, crenças, práticas espirituais e toda forma de estudo, você está apenas em mais uma ilusão. Mas, quando alcança ou constata essa Consciência, a Natureza do seu Ser, você tem essa visualização Daquilo que é atemporal, que é anterior a nomes e formas, anterior a toda manifestação, a todo o Universo.
Na Índia, eles chamam de “Realização de Deus” essa Realização da Verdade sobre Si mesmo. É quando todo senso de dualidade, de separação, é perdido, e fica claro que Você é esse Princípio, que há somente esse Princípio – Ele é a Única Realidade! É nessa Realidade que toda manifestação surge, todo o Universo surge, bem como toda a noção de tempo e espaço, com os pensamentos e ideias.
Porém, enquanto você estiver absorvido pela crença de ser o protagonista de seu mundo de história, por essa ideia de ser o personagem principal, essa pessoa importante em torno da qual toda história acontece, nada do que você acabou de ouvir aqui será possível. Esse é o antigo e velho modelo do sentido do “eu”, em dualidade, em separação, com seus desejos e medos, dilemas, conflitos, problemas.
Satsang é o final disso tudo! Essa Realidade que Você é, está além dessa história, desse conhecido e do desconhecido, além do passado, do futuro e do que você chama de presente momento. Ela é algo inominável, indescritível. Essa Consciência é a própria Verdade Nela mesma.
O que estou dizendo aqui para você pode parecer bastante estranho, porque você está condicionado a aceitar como sendo real toda essa história – a história desse personagem, desse “alguém”. No entanto, não existe “alguém” sem essa história. Sem ela, tudo que você conhece sobre si mesmo desaparece. Aquele que acredita em si mesmo como sendo uma “pessoa”, acredita em si mesmo como sendo o corpo e a mente, e faz isso porque ignora completamente o fator mais importante de sua existência, que é essa Consciência.
A experiência do Sábio nessa relação com o mundo, com o corpo, é completamente diferente. Ele vê tudo isso não como um objeto, mas como a própria Consciência, assumindo uma forma temporária, momentânea, que logo irá desaparecer. Então, enquanto o homem comum enfatiza os objetos, o Sábio enfatiza a Consciência. Assim, os pensamentos, bem como os sentimentos, não são problemas, porque a ênfase está na Consciência. Também, não são problemas as sensações, os sentidos, as percepções, os objetos, o mundo, o corpo… A ênfase sempre está na Consciência.
Os Sábios sabem que tudo é Consciência, então, não há nenhum problema. Não tem nada que se separe dessa Consciência! Não há espaço para medo, desejo, conflito, frustração. Não há espaço para isso tudo, porque não há divisão, separação, dualidade, e não há diferença entre a manifestação e a Consciência.
No entanto, o que você acabou de ouvir é algo que precisa ser constatado. Por isso eu disse no início que estou lhe dando uma dica de algo que você precisa descobrir por si mesmo. Somente então Isso será Real, Verdadeiro. Sem essa Verdade, você está apenas diante de palavras, novas crenças, novos conceitos, o que não serve para nada. Isso logo irá se tornar uma mundana interpretação da Verdade (e todos têm feito assim). Essa mundana interpretação da Verdade é o que as pessoas têm chamado de espiritualidade, que é uma forma de ignorância perfumada, bonita, louvável e prazerosa de se ouvir, mas que ainda continua sendo ignorância, uma ilusão.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 04 de Setembro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas as 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Consciência é tudo

Sua visão do mundo não é a visão da Realidade, e isso é bastante interessante de se dizer, porque Você, em Si mesmo, é a própria Realidade. No entanto, a visão que você tem da vida e do mundo não é real. Esse assim chamado “mundo objetivo”, no qual aparentes objetos estão presentes e todos separados uns dos outros, é de fato apenas uma ilusão.
Estamos diante de uma projeção, mas a mente não é a causa disso, pois ela é apenas um fenômeno divino de percepção desse mundo, onde objetos com nomes e formas aparecem. Aquilo que sustenta isso tudo é a Realidade, que é essa Consciência, que é Você, mas não o que você entende como sendo “você” – isso é somente uma imaginação, mais uma criação da fantasia do pensamento. Observe como isso é bastante interessante, um material de autoinvestigação, averiguação, observação direta. É isso que fazemos em Satsang.
Do ponto de vista da Realidade, que é o ponto de vista do Sábio, não existe nada separado dessa Consciência. É Nela que tudo está, que tudo surge e, também, desaparece. Então, o seu desafio, dentro de um espaço de investigação como este, é abandonar suas conclusões, crenças, ideias.
Seus desejos, medos e sonhos, as suas frustrações, seus prazeres e dores estão dentro desse imaginário mundo que esse falso “eu” construiu. Quem é você, além de toda crença, certeza e incerteza, além de todo medo e desejo? Quem é você, além de qualquer dúvida, além do medo da morte? Há uma clara indicação de que você ainda pode encontrar a resposta para essa pergunta, e você está aqui para isso. Quem é você?
A beleza da Realização da Verdade sobre Si Mesmo é a Constatação de que não há nenhuma ilusão, ficção, equívoco ou erro. Essa é a única Realidade! Essa é a descoberta da Verdade de quem Você é! A perfeita Compreensão ou o direto Conhecimento de que nada está separado dessa Consciência é uma descoberta da Meditação, a única descoberta nessa Realização.
O seu mundo é uma ilusão! A Consciência é a única Realidade! Então, dentro da visão da Realidade de um Ser que se vê como Consciência, de um Ser Realizado, não existe nada separado Dele; não existe essa ilusão de “indivíduos” ou de “pessoas”. Esse foi o trabalho do meu Mestre... Ele me mostrou Isso.
Você toma o corpo como sendo você, a mente como sendo sua e o mundo como sendo real. Então, tudo isso parece ter uma existência separada, mas não é real. Essa não é a Verdade! Todos os problemas que você tem surgem dentro dessa perspectiva ilusória. Repare que o corpo aparece por um tempo e desaparece, e o que você chama de mente, ou percepção do mundo, é esse mecanismo que, também, aparece e desaparece. O mesmo acontece com o mundo que é percebido. Na verdade, isso acontece toda noite, que é quando você fica sem corpo, sem mente e sem mundo, pois, quando está em sono profundo, não há nada disso.
Os problemas surgem quando você se identifica com o corpo, com esse mecanismo que percebe o mundo, e você atribui isso a uma percepção pessoal, particular, a “sua” percepção. O problema surge quando o mundo passa a ser real, que é quando alguns objetos presentes nele são seus e outros não; alguns você tem e outros não; de alguns você quer se livrar e outros quer adquirir. Então, todos os problemas surgem quando a percepção do mundo, da mente e do corpo aparecem. Mas, se você vir essa ilusão, poderá permanecer em seu Ser, em sua Natureza Verdadeira, sem qualquer problema.
O fundamental problema é a ilusão de que você é o fazedor, o realizador, aquele que está no controle. Isso não é verdade! Você é um absoluto Nada! Mas, quando acredita que é alguma coisa, você está preso a esse problema fundamental, que é a autoignorância. Isso somente pode se dissolver pelo Autoconhecimento.
O que estou dizendo é que tudo, absolutamente tudo, inclusive você, sua percepção do mundo, da vida, é Nada! Que espécie de lógica é essa, não é? Tudo é Nada! Tudo o que você vê nessa aparente existência, para esse aparente “eu”, com essa aparente história importante, cheia de realizações, em que há um debate sem fim entre o bem e o mal, o certo e o errado, o que é e o que não é, uma luta constante, é apenas Nada!
Isso é como as ondas no oceano: elas são absolutamente nada! Não tem ondas, tem somente água! Não sei porque chamamos de ondas, pois aquilo é tudo água, não tem ondas ali! A percepção que você faz de si mesmo, do mundo, da vida, é Nada! Tudo isso é Pura Consciência, Pura Realidade, onde o ponto de vista de um mundo de objetos, de separação, de coisas, é um Nada. Então, as ondas não são ondas, são água. Elas não existem por si mesmas, nelas mesmas.
Assim, ondas e oceano não existem; existe somente água! Tudo é o Nada, que é a Consciência! A única Realidade é esse Nada, é essa Consciência. Tudo é Nada! Então, nada acontece, nada aconteceu e nada acontecerá. Nada é real ou irreal. Tudo está além da mente! O que você está ouvindo aqui está fora do contexto do pensamento, da imaginação, das ideias, das crenças. É algo que parece louco para você, não é? Você quer uma descrição da Suprema Realidade, da Verdade, Daquilo que está além da mente, mas tudo que a mente fabrica é parte da ilusão.
Quando você acorda pela manhã e se lembra do sonho que teve à noite, você não diz que aquilo era real. Você sabe que não era real! Quando acorda de manhã, você diz: “Aquilo era nada!” Quando está sonhando, você vê todo aquele cenário, todas aquelas pessoas, incluindo a si mesmo, naquela experiência do sonho. Enquanto o sonho está acontecendo, aquilo é tão real que, se um personagem do sonho chegar até você e disser “isso é um sonho”, você vai rir da cara dele, porque aquilo é muito real! Você não vai acreditar em alguém no seu sonho dizendo “isso aqui é um sonho”. Você vai achar que ele está louco, com algum problema.
Você acredita piamente na realidade do seu mundo enquanto o sonho está acontecendo. Você acredita nas pessoas ali, nas situações, naquelas experiências... Aquilo é tudo real! Se o sonho continua, tudo aquilo continua sendo real. Se você acorda, diz: “Era somente um sonho”.
A Realização é algo assim. Do ponto de vista daquele que está em seu Ser, vivendo em sua Natureza Essencial, o “seu mundo” não tem nenhuma realidade, porque ele está Acordado, enquanto você está sonhando. Dentro do seu sonho, isso é muito real – a sua esposa morreu, o seu filho fugiu de casa, a sua filha foi embora com o namorado, você tem 5 netos... As coisas não são, nunca, o que parecem ser! Essa noção de que você é alguém vivendo essa vida, sendo casado, solteiro, viúvo, e assim por diante, toda essa noção de vida é uma ilusão, porque as coisas não são o que parecem ser.
O que É não parece, nunca, ser qualquer coisa, pois O que É permanece sem aparência. Aquele que sabe Isso é um Soberano, um Rei. Ramana viveu sua vida numa montanha, na montanha de Arunachala. Ali estava um Rei vivendo em cavernas. Ele não estava em um palácio, não tinha uma sala real e um trono, não tinha súditos, nem tinha um grande exército e um grande reino. Ele era somente um Rei vivendo em uma montanha, em cavernas.
Aquele que não sabe Isso permanece como um escravo, mas Aquele que sabe é um Rei! Você pode ser um escravo vivendo em um palácio, com todo tipo de riqueza, conforto, prestígio, fama, nome, reconhecimento público, ou você pode ser um Rei vivendo em uma caverna. Aquele que se confunde com o corpo e com as histórias que a mente constrói (e ela constrói muita história), que se identifica com esse sonho da vida, do mundo, e o vê como sendo sua realidade, é um escravo.
Para o Sábio, não existe uma vida ruim ou uma vida boa, um mundo ruim ou um mundo bom. Para o Sábio não há mundo! Ele é um Rei e, onde quer que ele se encontre, o seu Reino está. Consciência é Tudo, é a única Realidade, e esse Tudo é o Nada. Então, esses conceitos de bem e mal não são nada além de imaginações. Do ponto de vista da Realidade, está tudo no lugar. A mente sempre toma tudo que parece acontecer como sendo a realidade, mas, quando você Realiza o Ser, Acorda, o “seu mundo” se vai, “sua história” se vai, a “pessoa” se vai. Tudo é Nada!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 23 de Agosto de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas as 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

A arte da meditação é a arte da Inteligência

Satsang é um convite à Vida Consciente, à Vida Inteligente, livre de toda confusão. Na mente, a experiência de vida que você conhece é de confusão. Em algum aspecto de sua vida, em alguma área, você está em confusão, que é fruto da não claridade. Quando não há claridade, a árvore presente produz confusão — essa é a árvore da inconsciência. O real Reconhecimento de sua Natureza Verdadeira, de sua Natureza Divina, é o Despertar dessa Inteligência, dessa Vida Inteligente, e é sobre isso que tratamos em Satsang. Alguns chamam essa Vida Inteligente, que está livre da confusão e do sofrimento, de Iluminação ou Despertar.
As palavras sobre Isso não têm muita importância, mas a vivência direta, sim! Saber diretamente do que Isso se trata, isso sim é importante! Você pode aprender muito sobre a teoria e, de forma prática, estar bem longe da vivência. Então, a confusão, a ilusão e a ignorância continuam. Não há Inteligência!
A Inteligência é resultado do Estado Natural de Meditação. Não é uma coisa que você aprende com seus pais quando nasce. Os pais podem ensinar muitas coisas, inclusive o modelo de vida deles, mas não podem ensinar a Arte da Meditação, que é a Arte da Inteligência. Quando a Meditação floresce, a Inteligência assume todo o espaço. Quando há Inteligência, não há confusão, não há desordem, não há sofrimento.
A Inteligência é o florescer da Consciência, que é a Fonte de toda manifestação, de todas as aparições. Assim, fica muito simples e natural lidar com qualquer expressão da Vida. Aqui, eu não uso a palavra “desafio”, mas sim o termo “expressão da Vida”. Aquele que respira essa atmosfera natural da Arte da Meditação vive nessa Inteligência, que é Consciência, e para ele não há problema. Os problemas desaparecem, porque os desafios desaparecem. A vida não é desafiadora, ela é misteriosa – essa é a visão do Sábio, do homem Inteligente.
O homem Inteligente não é um homem de inteligência, mas aquele que está livre do sentido de separação. Então, esse é o homem da Consciência, é a própria Consciência em expressão nessa forma de homem. Sua Real Natureza é Consciência e isso é pura Inteligência. Portanto, não falo do homem comum e inteligente, mas daquele que está livre da mente: o Sábio. Essa é a Consciência em sua expressão de Inteligência e isso só é possível no Estado Natural de Meditação.
Você não aprende isso com seus pais, com a sociedade ou acompanhando a política nacional. Essa Consciência, que é a Real Inteligência, está fora dessa cultura, dessa sociedade, desse modelo de mundo que você conhece. O que estou dizendo é que você, em seu Ser, em seu Natural Estado de Pura Consciência, é Inteligência e nenhuma sociedade, nenhuma cultura ou educação pode lhe dar Isso. Essa Arte é algo que você descobre dentro de si mesmo.
Esse espaço chama-se Satsang: o encontro com a Verdade. Nele, é possível esse florescer, esse descobrimento, essa visão clara da Vida como Ela se mostra, como Ela se apresenta. Então, Ela aparece como um grande jogo. Quando há esse reconhecimento de sua Verdadeira Natureza Divina, a Vida é esse Mistério e não esse “desafio” que a mente conhece. Um Mistério de grande Beleza, Silêncio, Graça, algo indescritível! Mas, quando você não sabe que o jogo é assim, é muito complicado, muito difícil, porque você acredita poder jogá-lo, você acredita que está no controle. Então, você toma todos os papéis que se apresentam, todas as demonstrações da Vida, dessa Manifestação Misteriosa, de uma forma muito séria. É quando surgem os dramas, as perplexidades, as adversidades, as dificuldades, a confusão.
Estar em Satsang significa estar vulnerável, aberto ao florescer dessa Arte da Inteligência, que é Meditação, Consciência. Apenas Isso pode lhe mostrar todo esse jogo. Então, você descobre que Você é o próprio jogo, que ele não é algo separado do que Você é. Você é a pura Consciência se expressando em toda manifestação! Não há nenhuma existência separada de Você!
Quando você descobre que a sua Real Natureza está além do próprio jogo e que ele é Você, sem qualquer separação, você vai além do pensamento, de toda essa história conceitual, imaginária, que acontece ao corpo – uma história que fala de nascimento, família, profissão e tudo mais. Agora, você não encara isso de uma forma tão séria, está profundamente relaxado em sua Natureza Essencial, porque o jogo é seu, não há o que temer.
Essa identificação com o “eu” ou esse “psicológico senso de ser” é meramente uma aparência nessa Consciência, somente uma imagem. Perceba a beleza da Verdade implícita nessas palavras, a beleza de uma fala tão simples e direta a respeito do que é todo esse jogo. Isso é Iluminação: descansar na Vida como Ela é, sem resistência, sem luta, sem briga, sem confusão, sem desejos. Lembre-se disso: Você é Consciência!
Você está identificado com a história de um personagem chamado João, Maria, José... Isso é só um nome! Uma particular identidade imaginária! Isso não é você! Mesmo a vida espiritual está baseada na presunção de que você está aí, de que há uma individualidade dentro de você. Um corpo e um rosto aparecem, você os vê todos os dias pela manhã no espelho, e, então, acha que eles são seus, que isso é você. Você acha que é uma pessoa atrás dos olhos que olham para o espelho. Isso não é verdade, não é real!
Toda a busca, todos os métodos e práticas que vocês aprenderam, tudo que andaram fazendo, até hoje, nessa procura da espiritualidade, ainda fazem parte dessa ilusão. Você é o Senhor, o jogo é seu! Quando eu digo que o jogo é seu, estou dizendo que você está além do jogo. Mas, você está confiando demais nele, está tentando mudar, alterar, consertar, aperfeiçoar, através dessa busca pela espiritualidade. Você tenta se qualificar, se preparar tecnicamente para encontrar isso através de práticas espirituais.
Contudo, Meditação não é uma prática! Meditação é a descoberta de algo presente como Consciência, Isso que Você já é! Ninguém pode lhe ensinar o que é Meditação, mas, em Satsang, é possível o Despertar desse já Natural Estado de Consciência, que é Meditação. Essa é uma ação da Graça, essa foi uma ação do meu Mestre, do meu Guru. Eu não fiz nada! Eu só atrapalhei por um tempo. Todos vocês são muito bons nisso, em atrapalhar, só porque acreditam que estão aí para fazer alguma coisa.
"Meditação não é uma prática! Meditação é a descoberta de algo presente como Consciência, Isso que Você já é! Ninguém pode lhe ensinar o que é Meditação, mas, em Satsang, é possível o Despertar desse já Natural Estado de Consciência, que é Meditação."
Então, a pessoa se senta na posição de lótus, visualiza uma bola azul, cheia de luz, respira, imagina um sol no peito, ou uma flor de lótus no alto da cabeça, com milhares de pétalas se abrindo... É tão engraçado isso! É o que a vida espiritual impõe para você alcançar o Divino.
Assim, você começa a praticar cerimônias, dietas alimentares, especial conduta sexual, uma briga para conseguir destruir, massacrar o ego, todo esse tipo de coisa. Você tem que se tornar vegetariano, celibatário, tem que praticar sexualidade tântrica, tem que fazer meditação transcendental, cantar muitos mantras, comer muitos legumes... Você tem o dia da união com a lua cheia, o dia da chama violeta, e por aí vai. Eu não consigo enumerar, porque são muitos sistemas, muitos métodos, muitas coisas. O ego adora praticar tudo isso, pois tem a sensação de que está indo para algum lugar, de que está progredindo, evoluindo, chegando perto de ver essa luz no alto da cabeça em forma de uma flor de mil pétalas… Tudo bobagem!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 29 de Julho de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas as 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

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