terça-feira, 30 de janeiro de 2024

A Observação sem o observador. Como me livrar do sofrimento? A beleza da Atenção Plena. Dualidade.

Existe algo que nós precisamos ver aqui juntos. O ser humano não está à procura da Verdade, ele está numa procura para o fim dessa velha condição em que ele se encontra. O que nós temos percebido é que as pessoas nos procuram para lamentar, se queixar, olhar para a dor que estão sentindo e dela querendo se livrar.

As pessoas não nos procuram para investigar a Verdade, e isso se explica de uma forma muito simples: nós desconhecemos a Verdade sobre quem nós somos. Nós desconhecemos essa estrutura e natureza desse “eu”. A ilusão, a ignorância, a não compreensão disso nos coloca numa condição onde não temos qualquer anelo pela Verdade. Tudo o que queremos é nos livrar da dor, e aqui nós nos deparamos já com a primeira dificuldade.

Não podemos nos livrar da dor querendo nos livrar da dor. Querer se livrar da dor não é suficiente para se livrar da dor. É necessário ter a compreensão do que essa dor representa. Não é o entendimento verbal, não é uma compreensão intelectual. A compreensão intelectual é um entendimento verbal; você entende se analisa. Mas aqui analisar não resolve, ter um entendimento intelectual do assunto não resolve.

É necessário ter um constatar direto, um perceber direto, um olhar direto para essa questão da dor; é quando percebemos o elemento de dualidade presente dentro da experiência da dor, esse elemento que sustenta essa dualidade. E aqui a dualidade é esse “eu e a dor”, esse “mim e essa situação que surge, que se mostra”.

A ciência nesse olhar para a dor lhe mostra essa dualidade. Esse elemento em dualidade é o “eu”, é o ego, é ele que se separa daquilo que se mostra aqui, daquilo que está agora, aqui. Ele se separa querendo se livrar, fazer algo, querendo eliminar essa dor, não compreendendo claramente que essa dor está sustentada exatamente porque esse “eu”, esse ego está presente. Não há qualquer separação entre aquele que está na dor da própria dor.

Então, essa primeira dificuldade é a crucial dificuldade, a mais relevante dificuldade que nós temos. Por não compreendermos a nós mesmos, por nunca termos estudado a nós próprios, nunca entramos em contato direto com esse “eu”. Nós estamos sempre olhando para a experiência a partir do “eu”, mas nunca investigamos a natureza do “eu”, que é esse que está observando a experiência, então há essa separação.

Por exemplo, quando você está triste, você nunca suspeita que não há qualquer separação entre você e a tristeza, mas, repare, é tão simples: não pode haver tristeza sem alguém triste. Notem que coisa interessante temos aqui. Você nunca viveu uma tristeza sem estar presente, você não pode ter uma lembrança sem estar presente, você não pode ter uma alegria sem estar presente. Então, não há separação entre você e a alegria, você e a lembrança, você e a dor, você e essa tristeza. Não há qualquer separação. Nós temos sempre dois elementos, sendo dois elementos que estão ilusoriamente separados, supostamente separados, porque o que temos é uma experiência.

A Real aproximação da Verdade requer uma aproximação que lhe mostre que não há qualquer separação. Portanto, essa dualidade está sendo a base para a desordem, para a confusão, para o sofrimento, e isso está presente em razão da ignorância, da ilusão. Então, nós não temos uma inclinação para descobrir a Verdade e, sim, para nos livrarmos do sofrimento.

No entanto, repare bem claramente isso aqui: não podemos nos livrar do sofrimento, porque você é o sofrimento. Não podemos nos livrar da angústia, do medo, da ansiedade, da depressão, porque não há separação entre esse deprimido e a depressão, entre a angústia e esse angustiado, assim como não há separação entre essa tristeza e esse que está triste.

A compreensão disso é o contato com a Verdade. O contato com a Verdade liberta. A Verdade é a ciência daquilo que está agora, aqui. A ciência disso que está agora, aqui é a ciência do que É, do que se mostra, do que está presente. Então, o sentido do “eu”, do ego, desse “mim” nunca está separado de sua experiência e, no entanto, ele está o tempo inteiro se separando de sua experiência. É fascinante essa descoberta. Ele se separa da experiência querendo se livrar.

Como vencer a depressão? Como vencer o medo? Como me livrar do sofrimento? São as perguntas, mas, reparem: a separação está presente, e se essa separação está presente, está presente a ignorância, a ilusão, está presente a dualidade, então, não há Verdade, não há compreensão, não há um contato direto com a experiência. O que temos presente é esse modelo de separação, de dualidade. Então, porque não há Verdade, não há Libertação e nós não temos o fim para essa condição, que é a experiência.

Vejam como é simples isso; ao mesmo tempo, é muito novo para a maioria de nós ouvir algo assim. Você não pode se libertar, você pode tomar ciência do experimentador na experiência, e essa ciência do experimentador na experiência é o fim para esse experimentador, isso é o fim para essa experiência. Então há uma Libertação, mas não é o “eu” se libertando, é só uma Libertação acontecendo. A Libertação está presente quando o “eu” não está, quando a experiência não está.

Quando não há mais essa separação, quando o experimentador é a coisa experimentada, quando o pensamento depressivo é o próprio deprimido, quando essa separação desaparece, quando há só uma Realidade presente, que é a experiência, o que ocorre? Quando não há resistência, quando não há luta, quando não há o desejo de modificar, de alterar, de se livrar, nós temos nesse momento a ausência da separação, da dualidade, e quando a dualidade termina, a experiência passa por uma radical transformação, porque não há mais o elemento experimentador.

Diante de um pensamento, não coloque o pensador, aquele que quer se livrar, ajustar, modificar, agarrar, se envolver com o pensamento. Então, quando não há mais o elemento de separação, não temos mais a dualidade, então, nesse instante estamos diante do que É. O que É é a presença da Vida, é a presença da experiência sem o experimentador, então nesse experimentar está a Vida, está o que É. Nesse momento ocorre Algo fora do conhecido, Algo fora dessa dualidade. Essa dualidade, vou repetir, é resistência, é luta, é o desejo de se livrar, de fazer algo com aquilo que aqui está presente.

O que estamos relatando para você aqui é o contato com o Autoconhecimento. Esse Autoconhecimento é, simultaneamente, a presença da Meditação, do contato Real da Meditação, da Real Meditação presente. Então, estamos diante do fim, de verdade, para o sofrimento quando há o fim para esse sofredor; estamos em contato direto com toda essa representação que vem do passado, que diante desse momento, que é o momento da experiência, esse passado está sendo visto, porque estamos diante da pura observação sem o observador. Notem que isso requer a presença de uma Atenção sobre todo o movimento do sentimento, da emoção, do pensamento, da percepção.

A direta Atenção sobre esse movimento é o fim para essa dualidade, isso é o fim do “eu” e de sua experiência. É o fim para o medroso e o medo, para o sofredor e o sofrimento, para aquele que está triste e a sua tristeza, é o fim para o pensador e o pensamento. Investigar isso, olhar isso, tomar ciência disso é possível quando há esse “olhar” para todo esse movimento interno dentro de você. Um olhar que requer a presença dessa Atenção sem qualquer escolha, sem qualquer desejo, sem qualquer motivo, sem qualquer intenção.

Estamos lhe mostrando aqui o fim para a ansiedade, para a depressão, o fim para a angústia, o fim para o medo, o fim para a contradição dos desejos. Observe que tudo isso produz muito sofrimento. Onde há contradição entre os desejos, quando eles se opõem, quando há esse conflito de contradição interna dentro de cada um de nós em razão dessa dualidade, nós temos o sofrimento. Estamos lhe dizendo que o fim do sofrimento é possível, o fim da depressão é possível, o fim da ansiedade é possível, o fim da angústia é possível.

Tomar ciência de todo o movimento do “eu”, do ego, apenas colocar ciência nisso, sem se separar, sem se dividir pela intenção, pela motivação, pelo julgamento, pela vontade de fazer algo. Apenas constatar isso. Constatar a experiência, tomando ciência desse movimento que vem do passado para julgar, comparar, avaliar, rejeitar, querer fazer algo com isso.

Tomar ciência disso é o fim dessa separação, é o fim dessa dualidade. Isso requer essa presença dessa Atenção Plena. A beleza da Atenção Plena, a Verdade da Atenção Plena é que nela não está presente o elemento “eu”, o “mim”, o ego, aquele que quer manter a continuidade da experiência e aquele que também quer se livrar da experiência, que é o experimentador.

Então, o nosso propósito aqui nesses encontros é tomarmos ciência da Verdade, porque a Verdade liberta. A Verdade traz essa Liberdade; é a Liberdade da ausência do “eu”, da ausência do ego.

Janeiro de 2024
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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Quem é Deus? Onde está a felicidade? A realidade da consciência do eu. Condicionamento psicológico.

É comum a pergunta: “Onde está a felicidade?” Uma outra pergunta é: “Quem é Deus?” Uma outra pergunta é: “Quem sou eu?” Então, reparem que coisa interessante: “Onde está a felicidade”, “Quem é Deus” e “Quem sou eu” parece que são perguntas diferentes. Na verdade, a resposta é a mesma; você tem a mesma resposta para essas perguntas, aparentemente, diferentes.

É muito interessante a questão da linguagem. É bem interessante a questão da fala e das palavras. Você sabe que nós temos palavras que são sinônimas, elas carregam o mesmo significado. E existem palavras que não são sinônimas e, curiosamente, trazem o mesmo significado. As palavras “Deus” e “Amor” não são sinônimas, as palavras “Felicidade” e “Verdade” não são sinônimas, mas, uma vez que você compreenda o que isso significa, você compreende que são só palavras. É bem interessante notarmos que palavras não declaram o que é a coisa, elas apenas são símbolos, são imagens, são figuras que representam a própria coisa.

Então, quando alguém pergunta onde está Deus, o pensamento logo se projeta com um símbolo, com uma imagem, com uma fotografia do que Isso representa, e isso é completamente equivocado. Uma vez que a realidade não é a palavra, a coisa real não é a palavra, pegar esse símbolo, essa imagem, essa fotografia e colocar ela no lugar da própria coisa é um equívoco. E é isso que nós temos feito com a palavra “felicidade”.

Qual é o símbolo da felicidade para a maioria de nós? São os sonhos, as realizações, a conquista do prazer, o preenchimento nisso ou naquilo; isso é sempre de ordem pessoal. Então, para nós a felicidade está no preenchimento pessoal, no prazer pessoal, na realização pessoal, no sonho pessoal. Então, para nós a felicidade está na realização de coisas; para nós a Verdade de Deus está num símbolo emocional, sentimental, espiritual. Tudo isso são representações de imagens que o pensamento cria, que o pensamento formula. A Verdade de “quem sou eu” é a mesma coisa.

Qual é a ideia que você faz sobre você? Essa ideia é um símbolo, é uma fotografia, é uma imagem, uma construção do pensamento sobre você. Então, nós não sabemos a verdade desse "quem sou eu". Temos imagens, temos crenças, temos ideias, podemos fazer uma biografia desta pessoa. Tudo que temos em uma biografia de alguém são descrições de memórias, lembranças, imagens, o que representa apenas pensamentos, ideias. Uma autobiografia ou a biografia não representa a verdade daquele que ali está sendo descrito; tudo o que temos ali são pensamentos, memórias, histórias, ideias.

Qual é a verdade sobre esse “eu sou”? Qual é a verdade sobre Deus? Qual é a verdade sobre a Felicidade? Observar o próprio movimento do pensamento em você. Você irá, nesta observação, tomar ciência de como você funciona e, assim, perceberá que esse “você” é apenas um conjunto de lembranças, de recordações, de memória.

Qual é a verdade desse “eu”? Observem isso aqui, agora. Quando você descreve quem você é, o que você está descrevendo? Quando você escreve sobre esse “você” que você é, o que você está escrevendo? Pensamentos, memórias, lembranças, imagens. Então, o que é o eu? O "eu" é aquele que está presente em razão da memória. Sem a memória, não há esse "eu". Se você não pode ter uma lembrança clara do seu próprio nome, você não tem nome. Alguém pode ter a ideia, a imagem, a lembrança do seu nome, mas isso é uma memória dele ou dela. Se você não tem a memória, a lembrança do seu nome, você continua sem nome.

Esse sentido de um "eu" presente é apenas uma história que se pode lembrar. Se você pode lembrar, você tem história. Se você não pode lembrar, você não tem história. É simples. Se você pode lembrar o seu nome, você tem um nome; se você não pode lembrar, você não tem nome. Essa é a realidade dessa consciência do "eu" em você. Assim, esse sentido de um “eu” presente é um conjunto de lembranças, memórias, recordações. Isso demonstra a presença do experimentador.

O experimentador é esse presente que, ao passar por experiências, registrou isso em algum momento – registrou o nome, registrou a história. É isso que nós chamamos de “consciência”, a consciência do “eu”, é apenas isso. Você não pode ter consciência do que não se lembra. Você não pode ter consciência do que não se recorda. Assim, a presença da consciência é a lembrança, é a recordação. Esse é o sentido de consciência que nós conhecemos, de autoconsciência, de ego consciência, de "eu" consciência.

Assim, reparem como é interessante tudo isso: o que você pode ter sobre Deus é apenas uma imagem, uma ideia, uma crença. Isso é memória, algo que você aprendeu, que você tem como um pensamento presente, mas você não conhece a Realidade além do pensamento, a Realidade chamada Deus. Essa Realidade que nós chamamos de Deus, Ela não tem nome, Ela não faz parte da história, não faz parte da memória, não faz parte da lembrança ou do esquecimento, Ela não faz parte dessa consciência, que é só lembrança.

Então, qual é a Realidade de Deus? Qual é a Realidade da Verdade deste Ser que somos quando essa consciência do "eu" não está, quando esse nome não está, quando essa história não está? Percebem o que queremos colocar aqui para você? Então, onde está Deus? Onde podemos encontrá-Lo? Podemos encontrá-Lo ou a Realidade de Deus é a Única Realidade?

A presença desse "eu" é uma coisa aprendida, faz parte da memória. Esse nome, essa história, essa consciência do “eu”, tudo isso apareceu no tempo e, também, no tempo isso desaparece, enquanto que a Realidade de Deus é Aquilo que aqui está, fora do tempo, fora da história, fora da memória. Percebam para onde estamos sinalizando, para onde estamos apontando. Então, para a resposta “Onde está Deus?”, temos a Verdade de que só há Deus. Para a resposta desse “Quem sou eu?”, qual é a verdade desse "eu"? O fim para a ilusão desse “eu” é a resposta de onde está Deus, onde Deus se encontra”.

Então, estamos falando da mesma Realidade, da mesma Verdade. E aqui, a palavra “Deus” e a palavra “eu” não são sinônimos, mas a Verdade da Realidade Divina, a Realidade da Verdade Divina é a Realidade que está aqui, nesse instante, além desse sentido do “eu”, do ego, além desse sentido de uma identidade separada, se vendo separada do outro, do mundo, da vida e de Deus. Tudo isso faz parte das crenças, tudo isso é parte, ainda, do pensamento.

Assim, descobrir a Verdade d’Aquilo que somos é descobrir a Verdade de onde Deus está. A compreensão disso é a compreensão do Amor. Para nós, amor é sensação, é prazer, é alegria de estar com o outro. Há nesse, assim chamado, “amor” a relação entre duas coisas: aquele que ama e aquilo que é amado. Então, amor pra nós é sensação, é prazer, é relação sempre entre duas coisas. Não compreendemos a Verdade do Amor.

Aquilo que nós chamamos de “amor” está carregado de ciúme, de posse, de controle, de desejo e, portanto, de medo, de violência, de sofrimento. Isso não é amor, mas nós chamamos de amor porque de alguma forma isso dá um certo preenchimento para esse “eu”, isso traz algum nível de sensação para esse “eu”. A verdade é que esse “eu” depende sempre da outra coisa para se sustentar como sendo uma identidade separada.

Assim sendo, a presença desse “eu” é a ausência do Amor, porque quando o Amor está presente, não fica o outro, não fica a busca dessa ou daquela sensação, desse ou daquele preenchimento. É algo completamente diferente daquilo que o “eu”, o ego, a pessoa conhece. A questão da felicidade é a mesma coisa. A Felicidade não é algo no tempo, não é algo alcançável, realizável, não é a felicidade para “mim”, não é a felicidade para o “eu”. A presença da Felicidade é a Verdade do Amor, que é a Verdade de Deus, que é a Verdade desse Não eu.

A presença do seu Ser, desse Ser Real, que está fora do conhecido, que está fora dessa limitação do pensamento é a Verdade de Deus, é a Verdade da Felicidade, é a Verdade do Amor. Se aproximar disso é possível, sim, quando há uma compreensão de todo esse movimento, que é o movimento do “eu”, e quando há um esvaziamento de todo esse interno movimento que sustenta a ilusão desse experimentador, desse que está sempre cultivando o movimento do pensamento e se sustentando como sendo experimentador de suas experiências pessoais e particulares.

Aqui estamos lhe dizendo que existe uma qualidade de vida nova, livre do senso do “eu” e nessa plena ciência da Realidade do Amor, da Realidade de Deus, da Realidade da Felicidade. Essa Realidade de Deus, essa Realidade do Amor, a Verdade da Felicidade é a Natureza de Deus, é a Natureza desse Ser que somos. Isso se torna possível quando há um esvaziamento de todo esse conteúdo psicológico, de todo esse condicionamento psicológico que trazemos, que tem nos dado essa ilusória identidade, que é a ilusória identidade do “eu”.

Percebam que esse "eu" está sempre vivendo dentro de sua insatisfação, dentro de seu conjunto de crenças, ideias, conceitos, opiniões, julgamentos e avaliações do que é a vida, de quem ele é, de quem é o outro. Esse sentido do “eu”, que é o ego, está carregado de inveja, medo, ciúme, vivendo nessa insatisfação, porque lhe falta a clara compreensão de que a Única Realidade não é ele. Quando a mente se torna pronta, quando aprendemos a tomar ciência do próprio movimento do “eu”, quando a mente começa a se auto-observar, começa a ficar claro essa interna confusão, essa interna desordem.

Quando há essa Atenção Plena, essa Plena Atenção para essa observação do próprio movimento do “eu”, esse ego, esse sentido de separação, esse experimentador perde relevância, então há um esvaziamento de todo esse conteúdo psicológico. Esse experimentador, esse pensador, esse que se coloca na ação para buscar, para realizar coisas, isso perde relevância. Então, o sentido do "eu" se desfaz quando há ciência da Verdade do Autoconhecimento.

Quando há uma verdadeira aproximação da Verdade da Real Meditação, que é essa ciência de todo esse movimento interno, então, o cérebro se aquieta, a mente de uma forma muito natural silencia e Algo novo, indescritível, inominável se revela. Esse Algo novo está além de todo o nome, de toda a formulação verbal, embora nós também chamamos de Deus, de Verdade, de Consciência, mas é Algo indescritível, inominável. Essa é a Realidade do seu Ser, da Felicidade, do Amor.

Dezembro de 2023
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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Despertar Espiritual | Ação livre do ego | Uma vida livre do ego | Individual consciência

A questão aqui é: qual será a natureza das nossas ações? O que é uma ação livre? Uma ação que corresponde a este instante, que atende a este momento de uma forma tão completa, tão integral, tão real, que não produza mais sofrimento, nem para você, nem para o outro? Aqui no canal estamos falando da Beleza da Compaixão, desta Verdade que é a expressão deste Ser que somos, quando o sentido do “eu”, do ego, não está mais presente.

Então, nós estamos aqui apontando, sinalizando, tornando conhecida para você, a possibilidade de uma ação livre do ego, lhe mostrando que existe, sim, a possibilidade de uma ação livre deste sentido do “eu”, da pessoa, desta individual consciência, como você acredita ser, como você acredita ter, nesta ilusão de ser alguém presente.

Observem que as nossas ações são ações contraditórias, são ações que produzem sofrimento, são ações que nascem de um fundo, em nós, de inconsciência, de padrão egoico. Então, não há Amor em nossas relações, não há Paz em nossas relações, não há Liberdade em nossas ações, porque elas nascem deste “eu”, deste ego.

Aqui no canal estamos dizendo para você que há esta possibilidade, sim, do Despertar Espiritual e do Florescer desta Inteligência Natural. Eu prefiro chamar de Real Inteligência. Esta Inteligência Real, esta Verdade do seu Ser, quando floresce, uma ação de outra qualidade surge. Então, vamos investigar com você, aqui, nos próximos minutos, por que nossas ações estão produzindo sofrimento no mundo. Observe que nós estamos sobrecarregados de problemas. No mundo, como seres humanos, nesse sentido nós não somos diferentes do mundo à nossa volta. Na verdade, esse mundo à nossa volta somos nós mesmos, e quando a gente olha para o mundo, vê todos os problemas no mundo presentes dentro de nós. Então, o ser humano carrega problemas de diversos tipos. As diversas áreas de nossas vidas estão carregadas de problemas. Nós temos problemas políticos, temos problemas econômicos, temos problemas de saúde, temos problemas religiosos, temos problemas de relacionamentos… nós temos problema em lidar com nós mesmos, naturalmente, com o outro… Então, nossas ações, elas não carregam esse perfume desta Inteligência Natural, ou desta Real Inteligência. Então, essa Inteligência Real não se faz presente em nossas relações. Então, os problemas estão presentes: os problemas políticos, os problemas econômicos, os problemas de relação com o outro, de relação com nós mesmos, de relação com a vida…

Nós temos o anseio de Paz, o anseio de Liberdade, o anseio de Amor, mas usamos essas palavras sem compreender o significado real delas. Se a nossa relação com o outro está, de uma certa forma, tranquila, porque nós estamos nos ajustando em termos de opiniões, de ideias, de crenças… não estamos em desacordo muito frontal, muito patente, muito claro, nós chamamos de “paz” essa relação. Então, para nós, a relação é, na verdade, um acordo. Estamos numa paz de acordo, então num acordo mútuo nós estamos em “paz”, num acordo mútuo nós temos esse assim chamado “amor”: “Eu te amo se você me ama. Eu gosto de você se você gosta de mim. Eu te aceito se você me aceita.” Quanto à questão da Liberdade, a nossa relação com o outro, de amizade, é um acordo. Se há um ajustamento nesta relação, nós estamos em “paz” um com o outro, nós estamos em “amor” um com o outro, nós estamos em “liberdade” um com o outro. Então, é tudo uma questão de acordo.

Nossas ações, como elas nascem deste centro que é o “eu”, o ego, não há a Presença da Real Inteligência, não há esta Presença da Verdade do Amor, da Verdade da Liberdade, da Verdade da Paz. Então, não há Liberdade, não há Amor, não há Paz, não há ausência de problemas. Nós, aqui, estamos sinalizando a Beleza, a Importância de uma vida onde há uma ação em um agir a partir desta Liberdade. Uma ação livre do “eu”: notem como isso é importante, porque a nossa vida consiste de ações, ações sendo realizadas, ações sendo tomadas, ações acontecendo, e como essas ações estão presentes em nossas relações, não há como escaparmos dessas relações e, portanto, não há como nos distanciarmos da ação. Assim sendo, se não há esta Liberdade, esta Verdade, esta Beleza de ação livre do ego, nossas relações, naturalmente, estarão sempre produzindo essa ou aquela forma de contradição, esse ou aquele problema. Então, sempre haverá conflito, sempre haverá dilemas, sempre haverá problemas.

Então, vamos descobrir aqui de onde provêm essas ações, qual é a dimensão de onde nascem essas ações. Por que elas produzem sofrimento, por que elas produzem conflito, por que, nelas, nós temos ausência da Real Paz, da Real Liberdade, do Real Amor? Observe que nossas ações nascem das nossas predisposições internas, elas nascem dos nossos pensamentos. Primeiro, antes de tudo, vamos compreender – quero repassar isso aqui – nossa ação no mundo é inevitável. A vida é um movimento de ação: falar aqui é uma ação; estar com você é impossível sem uma ação; lidar com as situações da vida é a presença da ação; pensamento é ação; sentimento é ação; emoção é ação; ouvir você falar, falar com você, trabalhar tudo isso requer ação. A ação está presente em nossas vidas, em todas as áreas, em todas as esferas de nossas vidas. A questão é: de onde nascem essas ações? Qual é a dimensão da qual elas estão surgindo?

Observe que toda a ação em você nasce de uma disposição interna de pensamento, de sentimento, de emoção, de percepção, de sensação… então, essa ação nasce de uma experiência. Assim, essa experiência é, por natureza, o resultado de algo pelo qual você já passou e registrou. Assim sendo, esse registro que é essa experiência se expressando agora, aqui, neste momento, ela nasce desse fundo. Esse fundo é o “eu”, a pessoa, o experimentador. Então, qual é a dimensão de onde nascem nossas ações? Nossas ações nascem desse fundo, que é o “eu”, o experimentador, a pessoa. Haverá uma outra qualidade de ação possível para as nossas relações com o outro, com nós mesmos, com o mundo? Haverá uma qualidade de ação que possa nascer, que possa surgir, de uma outra dimensão, que não seja essa dimensão que é a dimensão da experiência, daquele que passou por uma determinada situação e registrou aquilo?

O pensamento em nós é a presença da memória. A ação em nós é a presença desse experimentador, que é memória, se expressando no falar, no ouvir, no “se relacionar”. Haverá uma qualidade de ação de uma outra ordem? Enquanto nossas ações estiverem, neste momento, sendo apenas a representação – observem isso – sendo apenas o padrão de repetição já de uma programação que vem desse experimentador e, portanto, do passado; enquanto nossas ações neste instante forem apenas um ajustamento, uma representação, uma correspondência para este instante com base nesse passado, esta ação será uma ação que vem do passado e, portanto, uma ação que não representa a Liberdade deste momento presente, do desafio para esse instante. Então, esta qualidade de ação está prisioneira do tempo, prisioneira do passado. Esse passado é o experimentador. Esse experimentador é esse sentido do “eu” presente aqui, neste instante. Nesse contato com você eu tenho o seu rosto, eu tenho o seu nome… então, do ponto de vista muito prático e objetivo, eu preciso deste reconhecimento, eu preciso desta memória, mas apenas neste simples contato dentro desse padrão de conhecimento, de memória objetiva e funcional. Mas as nossas ações são todas com essa base: gostar de você, não gostar de você; estar em acordo com você ou em desacordo com você; aceitar você ou rejeitar você… as minhas opiniões são diferentes das suas opiniões. Nesse nível, nossas ações são conflituosas. No nível objetivo e prático, saber o seu nome, reconhecer o seu rosto e ter o contato com você de uma forma prática e objetiva é algo muito simples.

Então, nesse nível, esta ação é uma ação objetiva, mas, também, nós temos uma outra qualidade de ação, que é esta ação que nasce desse fundo psicológico, que é o “eu”, o ego, que tem por princípio o “gostar” ou “não gostar”, o “aceitar” ou “rejeitar” suas ideias, ou impor as minhas. Então, está presente uma qualidade de ação que separa, que divide, que tem por princípio a identidade do “eu”, do ego. Nesse sentido, estou separado de você. Minha crença, minha ideia, meu conceito, meu julgamento, é muito mais valioso, muito mais importante, minha consideração é algo muito significativo para mim. Nesse sentido, não me importo com outra coisa a não ser com esse “eu” que acredito ser. Então, nesse nível de ação temos o conflito, temos a ausência da Verdade do Amor, a ausência da Verdade da Paz, a ausência da Verdade da Liberdade. Então, será possível uma vida livre do ego, livre do “eu” e, portanto, uma ação livre deste centro particular, deste “eu” particular, desta pessoa que acredito ser, para que, nesta relação com o outro, com a vida, comigo mesmo, com o mundo, não haja mais conflito? Esta qualidade de ação é a ação que nasce desta Real Inteligência, desta Natural Inteligência. Então, quando está presente essa Inteligência Natural, essa Inteligência Real, nós temos uma ação livre do ego, livre do “eu”. Esta ação não vem desta dimensão, que é a dimensão do conhecido, que é a dimensão do experimentador, que é a dimensão deste centro, que é o ego.

Então, é disso que estamos tratando aqui com você dentro do canal, lhe mostrando que é possível, sim, uma vida onde há esta Real Inteligência livre de problemas. Este é o nosso trabalho aqui, com você, dentro do canal. Para esse propósito nós temos encontros on-line, que ocorrem nos finais de semana. Você encontra aqui, na descrição do vídeo, o nosso link do WhatsApp para esses encontros. Nós temos encontros, também, presenciais e, também, retiros. Assim, estamos investigando com você a Realidade deste Ser que somos, desta Verdade Divina que trazemos. Portanto, se isso é algo que faz sentido para você, aproveita, já deixa o seu like, já se inscreve no canal, ok? E a gente se vê! Valeu pelo encontro e até a próxima.

Novembro de 2023
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quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

A Verdade do Autoconhecimento e a ação livre do ego | Despertar Espiritual | Mente tagarela

Aqui neste canal, nós estamos lhe mostrando a forma real de termos uma aproximação d’Aquilo que nós somos. Uma Compreensão real d’Aquilo que somos é algo fundamental, é algo que irá representar uma ação livre de conflito, livre de contradição, livre de sofrimento. Por isso, esse assunto da Revelação d’Aquilo que somos, desse estudo de nós mesmos, que é Autoconhecimento, é a coisa mais importante que nós temos na vida. E aqui eu tenho procurado lhe mostrar como isso se torna possível, como realizar isso, como ter uma visão daquilo que se passa aqui conosco.

A ação, agora, aqui, neste momento, ela pede uma resposta adequada. Você não pode dar a este instante, a este momento, a esta ação uma resposta adequada, sem compreender a Verdade sobre quem você é. As pessoas podem ficar surpresas. Percebam como isso é importante em nossas vidas: uma direta compreensão da verdade de como pensamos, de como sentimos, de como atuamos na vida. Nossa ação, por exemplo, aqui neste instante, ela tem por princípio nossos pensamentos. Assim, todo o nosso conhecimento, lembrança, experiência, nos dá a diretriz para essa ação. Se essa ação nasce da confusão desse estado interno psicológico em que nós nos encontramos, essa ação será uma ação conflituosa. É isso que temos dito aqui. Observe que sua ação quando nasce do pensamento – porque ela nasce de uma ideia – ela está nascendo de uma programação, de um cálculo. Essa ideia, cálculo, programação, é algo que vem do passado. Você jamais terá uma Ação livre do passado enquanto sua ação for a ação que se baseia em ideias e, portanto, nesse movimento, que é o movimento do pensador.

Deixa eu falar um pouco sobre o que é o pensador para nós. Você tem uma sensação muito clara de que está pensando, esse movimento de pensamento em você, esse interno movimento de pensamento lhe dá uma sensação muito forte da presença do pensador. Todas as vezes que um pensamento surge, ele é um pensamento que aparece, e a ilusão presente em nós é a ilusão de alguém que está originando esse pensamento, produzindo esse pensamento. Então, nós temos uma ilusão: a ilusão da presença desse pensador. Isso faz com que esse pensador seja muito verdadeiro nesse movimento de ordenar, pré-ordenar, manipular, fazer algo com esse pensamento que surge.

A intenção do pensador é sempre orientar o pensamento, fazer algo com o pensamento. Então, nós fazemos os planos com base no pensamento. Esse é o trabalho do pensador, desse sentimento de alguém por detrás do pensamento. Ele faz o plano, idealiza o plano e se põe para agir. Essa ação é a ação do ego, é a ação do “eu”. As nossas ações baseadas neste ego são ações baseadas nessas ideias, têm por princípio esse pensador. Então, essa é a vida do “eu”, do ego, esse é o pensador. A ação neste momento, agora, aqui, é algo que pede uma expressão viva, uma expressão da própria vida, uma expressão real neste instante. Quando trazemos do passado nossas ideias, quando o pensador faz isso, nós estamos tentando ajustar, moldar, manipular esse instante. Então, falseamos a Verdade da ação, porque estamos com o passado tentando lidar com o momento presente. Esta é a ação do “eu”, do ego.

Acompanhe isso aqui com calma. Qual é a verdade da ação no presente momento quando o ego não está? Nós desconhecemos isso, porque todas as nossas ações centradas no ego são ações que nascem do passado, nascem do pensamento, então são meras reações da memória. Essa é a vida egoica, essa é a vida do “eu”. Não há um mover de Inteligência neste instante, porque não temos uma ação livre do ego, o que representa uma ação livre do passado. Nossos cérebros estão entorpecidos, viciados nesse modelo, viciados nesse antigo e velho modelo de ação pré-ordenada, pré-calculada, motivada pelo “eu”. Compreendam isso: uma ação que nasce do desejo, que nasce do medo, uma ação que está dentro do pensamento, é uma ação que nasce do passado.

Esse tipo de ação, eu tenho dito, eu tenho chamado isso de “qualidade de ação”. Essa qualidade de ação é a ação presa ao modelo desse tempo psicológico, presa a essa programação de sofrimento, de contradição, de medo e de desejo. Uma ação livre do pensamento e, portanto, livre do passado, é uma ação que atende a este instante na mais alta Inteligência. A energia presente é a energia da Sabedoria, da Compreensão. Então, nos deparamos com a Verdade, a Verdade se revela agora, neste instante, quando o passado, que é o pensamento, não está. A nossa vida tem sido moldada pelo pensamento, toda a estrutura de nossa existência está sendo sustentada pelo programa do pensamento e, portanto, do passado.

Note que você funciona internamente, psicologicamente, preso ao tempo. Suas ações são sempre orientadas para adquirir ou se livrar, para obter, conquistar, ou afastar e se ver livre. Nossas ações calculadas, programadas no pensamento, como nascem do passado, nascem do conflito. O esforço é parte disso. Tomando ciência de que sua ação que nasce do esforço está vindo dessa intenção de alcançar ou se livrar. Nesse esforço temos o conflito, temos a presença do ego. Uma vida livre do ego é uma vida livre desta ação egocêntrica, desse formato de ser alguém. Nós desconhecemos isso.

Assim, nosso trabalho aqui consiste nessa descoberta, na descoberta da verdade sobre todo esse processo, que é o processo do “eu”, que nos impulsiona a esse padrão de ação, padrão de ação egocêntrica e, portanto, a uma ação que está produzindo em nossas vidas toda forma de desordem, de confusão, de sofrimento. Nossa relação com a esposa, com o marido, com os filhos, com a família, com amigos do trabalho, com o chefe, nossa relação com as pessoas, assim como nossas relações com objetos. Estamos sempre em relação com pessoas e também com objetos, com situações, estamos numa relação com o lugar onde moramos. Nossa vida é uma vida de relação, temos também a relação com os pensamentos que surgem, as emoções que surgem, as ideias que surgem… tudo isso representa uma forma de ação.

A ação é algo constante, é algo presente em nossas relações com pessoas, objetos, lugares, situações internas, situações externas… A vida consiste nesse movimento desafiador, nos colocando sempre em um novo momento, e estamos sempre nos deparando com esse novo momento com esse velho ego, com esse velho “eu”, que é esse movimento de pensamento não compreendido, no qual estamos escravizados em razão dessa mente inquieta, dessa mente tagarela, dessa perturbação interna que é esse movimento de pensamento do qual nós não temos ciência, consciência, dele se processando dentro de cada um de nós. É com base nisso que nós estamos dando respostas para este momento, respostas para a vida.

Ter uma aproximação de si mesmo, ter uma visão do Autoconhecimento, isso lhe dá a possibilidade de uma Ação livre do ego. Você descobre olhando para o próprio movimento interno do pensamento, como ele se processa nesse mecanismo, nesse corpo-mente. Tomar ciência de cada pensamento, sentimento, emoção, sensação, percepção, sem se confundir com isso, sem colocar nessa experiência que é o sentimento, o pensamento, a emoção, o pensador, o experimentador, o sentido de alguém presente para fazer algo com isso. Apenas se tornar ciente daquilo que se passa dentro de cada um de nós, colocando neste instante um olhar para todo esse processo, dando atenção sem intervir, sem interferir. Então, há o fim para essa continuidade do “eu”, do pensador, do experimentador, desse ego.

Isso é a aproximação da Verdade da Meditação. Isso, por si só, é a base da Compreensão do estudo de nós mesmos. Esse estudar a si mesmo é Autoconhecimento, ter essa Revelação é a Verdade da Meditação se mostrando. Então, uma resposta para este momento, agora ela não vem mais do passado, mais desse movimento que é o movimento do pensador, que é o movimento do “eu”. Examine isso comigo aqui, descubra o que é olhar para si mesmo, olhar para todo e qualquer movimento interno surgindo, apenas olhar sem colocar alguém nesse olhar. Há uma forma de olhar sem o observador, de perceber sem esse percebedor. Há uma forma de se aproximar do pensamento sem esse pensador, assim como há uma ação, agora, se tornando possível sem o autor desta ação. Esse autor da ação, esse “eu”, esse que faz, é o pensador. Aquele que calcula, aquele que faz algo a partir dessa memória que é o pensamento, é o fazedor. Uma ação que agora, aqui, acontece sem plano, sem projeto, sem ideia, sem pensamento, é a ação da própria Inteligência.

Apenas acompanhe esta fala, talvez isso soe um pouco estranho demais para você a princípio, mas apenas escute. Escutar é a chave para a Compreensão de um assunto como este. Não se trata de acompanhar intelectualmente isso, apenas. É necessário algo além desse padrão intelectual de acompanhar uma fala, como geralmente nós temos, que é avaliando, comparando, julgando, se esforçando para compreender na intenção de capturar isso, de adquirir esse conhecimento. Aqui não se trata de um conhecimento para ser adquirido, mas de uma compreensão lhe atingindo. Então você é tocado aí, aqui, neste instante, num nível novo… Então algo surge, sua mente silencia, há um espaço de quietude. Então, nasce essa Compreensão, a Compreensão daquilo que estamos aqui sinalizando, apontando para você. Tudo bem?

Neste encontro nós estamos investigando a natureza da ação livre do ego. Você não faz uso do intelecto para compreender isso, você apenas escuta. Esse intelecto condicionado em nós já é um intelecto programado para uma ação reativa, para uma ação calculada pelo pensamento, e aqui estamos apontando para uma nova forma de agir, para uma nova forma de ação. O intelecto condicionado não alcança isso. Há Algo em você que torna possível a Compreensão de uma fala como esta, sinalizando para Algo além do intelecto condicionado. Compreendam isso.

Assim, uma aproximação da Verdade do seu Ser está nesta Atenção, nesse olhar para todo e qualquer pensamento que surge neste instante. Então, estamos aqui lhe dizendo que uma ação nesse momento se torna possível, uma ação livre desse modelo, desse intelecto programado, desse pensamento programado, desse pensador que se move a partir do desejo, do medo, a partir dos seus motivos egocêntricos. Tomar ciência dessa Verdade é o Despertar dessa Inteligência, dessa Visão da Vida, a partir da Realidade do seu Ser. Alguns chamam isso de “o Despertar Espiritual”, algo que se refere a essa Verdade da Revelação do Autoconhecimento e dessa ação livre do ego. Isso é a Verdade sobre o Real Despertar Espiritual.

Para esse propósito nós temos encontros aqui, nos finais de semana, encontros on-line. Você encontra o nosso link do WhatsApp aqui na descrição do vídeo para participar desses encontros nos finais de semana. Além disso, temos encontros presenciais e também retiros. Se isso é algo que faz sentido para você, aproveita, já deixa aí o seu like, se inscreve no canal, ok? E a gente se vê. Valeu pelo encontro e até a próxima.

Dezembro de 2023
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terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Joel Goldsmith | O coração do misticismo | Deus em ação | A ação de Deus | Mestre Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto conosco! Gratidão, Mestre, por mais esta oportunidade.

Mestre, hoje eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado “O coração do misticismo”. Nesse livro, o Joel, nesse trecho que eu vou ler, fala o seguinte: “Alcançando o sentimento consciente da Presença, há garantia de bem-estar ou o ‘clique’ que anuncia Deus em ação. Você alcançou uma atmosfera do Cristo, que cumpre a coisa que foi designada e aperfeiçoará o que me cabe”. Sobre a ação, Mestre… O Mestre pode falar para nós o que é essa real ação, essa ação de Deus?

MG: Essa ação, essa ação de Deus, é a ação presente quando o “eu” não está, quando não há mais o sentido de alguém presente sendo, naturalmente, aquele que está diretamente envolvido no papel de experimentador, no papel de autor das ações. Vejam como isso precisa ser compreendido! Nossas ações são ações que podem estar centradas no “eu” ou podem ser ações livres desse centro, que é o “eu”.

Há dois tipos de ações, Gilson. A primeira ação é a ação que nós conhecemos, então vamos falar sobre essa ação. Até porque é essa a qualidade de ação que nós precisamos investigar. É bem interessante essa ideia em nós – porque é só uma ideia – que tenta explicar a ação divina, que tenta explicar a ação de Deus, e isso é algo completamente absurdo. Tudo que podemos fazer, e precisamos fazer, é investigar aquilo que representa nossas ações, que são as ações nesse “eu”, nesse “ego”, nessa “pessoa”. Então, há dois tipos de ação: a primeira é uma ação sobre a qual não podemos falar até que antes tenhamos uma compreensão do que é essa ação do “eu”, da “pessoa”, que é a ação do ego. Então, essa ação divina… podemos ter uma aproximação disso, mas primeiro temos que limpar o terreno, descobrir o que é esse “eu”, esse “mim”, essa “pessoa” em ação, essa “pessoa” em operação.

Nossa ação nasce de uma experiência, sempre, do passado. Nós gostamos de exemplificar isso, para ficar mais fácil para todos nós: falar é uma ação, é uma ação que nasce de uma experiência. Toda fala nossa nasce de um fundo de conhecimento, memória, que é lembrança, que tem por base uma experiência passada. Então, a linguagem que nós aqui usamos é reconhecida, quando ela é ouvida, em razão da memória, da experiência, da lembrança. Então, a nossa ação – por exemplo, agora aqui a ação de falar e essa ação de ouvir… a vida é esse movimento de ação –, isso requer experiência.

Então, a ação, como nós a conhecemos, é o resultado do passado, daquilo que foi adquirido.

Há dois tipos de ação, vou repetir mais uma vez: uma ação de qualidade completamente estranha a esse modelo de ação, que é o segundo tipo de ação, que é a ação conhecida de todos nós. Então, essa ação conhecida de todos nós é a ação que tem por princípio o conhecimento, a lembrança, o passado.

Essa ação em nós é uma ação que, neste instante, acontece de uma forma muito simples, muito natural, mas fora essa ação natural, ainda ligada a esse fundo de conhecimento, memória, lembrança e experiência, nós temos a ação do “eu”, a ação do ego. Não é uma ação de simplesmente falar, aprontar um prato ou escrever uma carta, levar a criança para o colégio… Aqui, estamos falando de uma ação centrada no “eu”, na pessoa.

A ação da pessoa é a ação de separação, de divisão, uma ação que produz, em nossas relações, em nosso mundo, em nossa vida, confusão, problemas. “Eu não gosto de você” ou “eu gosto de você”, “nós não nos damos bem”, “eu não vou com aquela pessoa”, “ela não gosta de mim”, “eu não quero nada com fulano, porque ele age assim”, “ele não me aceita”, “ele não me compreende”, “ele não me reconhece”, “eu tenho um sério problema com a minha esposa”, ou “com o meu marido”, ou “com meus filhos”, ou “com o meu chefe”... Tudo isso está acontecendo em razão da ação no “eu”, da ação no ego. Essa não é mais uma ação simples, prática, objetiva, como levar a criança para o colégio, como dirigir o seu carro ou abrir o seu computador e acessar o e-mail. Essa já é uma ação conflituosa, que é a ação desse senso de divisão, de separação e, portanto, de sofrimento.

Nossas ações, ações centradas no ego, nós conhecemos muito bem. O sofrimento acontece, a disputa acontece. A inveja está presente em nossas relações, a posse está presente em nossas relações, o controle, a dependência emocional, a vaidade, o orgulho, a arrogância, a violência, a agressão verbal, a agressão física, tudo isso está presente entre nós. Então, quem nós somos nessa ação? O “eu”, o ego, esse sentido de pessoa, de identidade separada, com um centro particular, com seus próprios desejos, interesses, objetivos, propósitos e medos. Então, essa ação é a ação ilusória do “eu”, é a ação ilusória do ego. Veja: dizemos que é uma ação ilusória, mas, na realidade, é uma ação ilusória muito objetiva, com um propósito muito bem específico e produzindo um resultado nada ilusório.

O sentido de uma identidade presente, que é o “eu”, o ego, esse sentido de identidade ilusória presente, esse “eu”, esse ego, é o sentido ilusório de identidade, mas, apesar de ilusório, ele existe dentro dessa “realidade”, que é a “realidade” desse sonho de mundo, desse sonho de separação, desse sonho de relação com o outro, desse sonho de uma identidade que se vê presente, sendo agressiva, violenta, possessiva, ambiciosa.

Sim, nós temos no ego alguns momentos de prazer, de alegria, de afeição, de carinho, de cuidado com o outro, mas nada disso representa a Verdade do Amor. O Amor é algo que está fora desse modelo desse assim chamado “amor” em nossas relações. Essas relações são relações do ego, do “eu”, são relações dentro desse sentido ilusório de identidade presente, mas, de uma certa forma, paradoxalmente, isso é muito “verdadeiro”. No entanto, não há Verdade nenhuma nisso! Isso “existe”.

Quando olhamos para o mundo, nós percebemos a confusão dessas ações. E por que tudo isso ocorre, Gilson? Porque a vida representa um momento novo, sempre um momento novo. Só que estamos entrando – nesse sentido do ego, do “eu” presente – em contato com a vida, nesse momento novo, com o passado dessa representação do “eu”, dessa representação do ego, que está em sofrimento, que está em contradição, que está em conflito há milênios. Então, o nosso fundo psicológico de “ser alguém” é o resultado de um condicionamento de cultura humana, que está em confusão, em sofrimento, que está vivendo nessa condição desse passado há milênios, desse psicológico passado, nesse tempo psicológico, que é o tempo do “eu”.

Estamos em contato com este momento presente tentando ajustar aquilo que aqui está presente com esse fundo. Um exemplo disso, que sempre temos dado, é essa questão dessa ilusão de acreditar… de acreditar que sei quem é o outro, porque tenho a ilusão de que sei quem eu sou. Então, acho que conheço a esposa, que conheço o marido, que conheço o chefe, que conheço os filhos… acho que conheço a mim mesmo. Com base nessa ilusão, o nosso contato com o outro, que é sempre novo… nós estamos sempre, nesse ego, diante de um contato de passado, de reconhecimento de imagem, de reconhecimento de memória. Então, o ego está envolvido nessa relação com o outro. Ele se vê separado e tendo do outro uma ideia sobre quem o outro é. Uma crença!

Então, o contato com o momento presente é o contato com algo novo, mas o elemento que trazemos para esse contato é um elemento velho, que é o ego, o “eu”. Então, o que é essa ação divina? É a ação livre desse ego! Podemos tomar ciência disso, mas não há como descrever isso em palavras. O que podemos dizer sobre isso é que, quando isso está presente, o conflito não está mais, a inveja não está mais, o ciúme não está mais, o peso da divergência, da contradição, da disputa, do conflito de opiniões, não está mais, e assim por diante. Então, é algo novo surgindo quando o momento presente é visto a partir de uma ação de uma outra ordem, de uma outra qualidade, que é a ação livre do ego.

Então, nós temos essa ação no ego e temos a possibilidade de uma ação livre do ego. O nosso trabalho aqui consiste em tomarmos ciência da ilusão desse ego e nos desfazermos dessa identidade ilusória presente. Então, uma ação real surge, que não é mais a ação de alguém; é a ação do Mistério, do Desconhecido, é a verdadeira ação da Graça Divina, mas não é nada que o pensamento possa idealizar, imaginar ou simplesmente acreditar, dentro de princípios assim chamados “religiosos”, como são nossas crenças, que não são outra coisa a não ser crenças também. Precisamos é vivenciar isso neste instante, neste momento presente. Isso é algo fora desse modelo conhecido. É isso.

GC: Mestre, a gente tem uma pergunta de um inscrito aqui no canal, da Genilza. Ela pergunta o seguinte, dentro dessa temática da ação: “Fale de como lidar com um problema de agora, ou seja, dívida que me atormenta no agora”.

MG: O que nós temos presente é o modelo do pensamento. Esse modelo do pensamento está criando uma identidade presente agora aqui. Essa identidade presente não tem só dívidas, ela tem muitos problemas, são inumeráveis problemas. A questão é: o que é essa identidade presente agora aqui? Lidar com algo prático, com algo direto… nós lidamos com algo prático e com algo direto tomando a ação e não idealizando uma ação. A idealização de uma ação ou a programação psicológica do que deve ser feito para uma tomada de ação ainda é uma aproximação ideológica, ainda é uma crença, ainda é um conceito, ainda é uma ideia. Isso está dentro desse modelo ainda, que é o modelo do “eu” presente. A ideia de um “eu” presente com problemas de toda ordem é algo que está acontecendo dentro dessa ilusão: a ilusão de alguém presente agora aqui… a presença de alguém presente agora aqui idealizando se livrar de alguma coisa.

Então, estamos sempre projetando o futuro para esse “alguém” que acreditamos estar aqui agora, tendo esse ou aquele problema, e isso está presente apenas no pensamento. É quando o pensamento surge que a pessoa surge. É quando o pensamento surge que esse problema ou aquele outro problema surge.

O que temos colocado aqui, Gilson, é que, enquanto houver o sentido de uma pessoa presente, essa pessoa terá problemas. Não existe nenhuma pessoa no planeta sem problemas. O próprio sentido de pessoa é um grande problema! Ele se vê separado da vida, ele se vê separado do outro, ele se vê separado do que ele deseja no futuro, ele se vê separado da possibilidade de resolver uma situação, porque ele se vê dentro de uma limitação sempre egoica, sempre pessoal: “eu não tenho dinheiro”, “eu não tenho tempo”, “eu não tenho a pessoa amada”... Então, são inúmeros os problemas para o “eu”, para o ego.

Sua pergunta é “como lidar?”. A ideia é como lidar com a dívida, e aqui a proposta é como lidar com esse senso de um “eu” dentro da experiência. Isso é o fim para todo tipo de problema. Então, estamos lidando com a Verdade d’Aquilo que somos quando descartamos a ilusão daquilo que acreditamos ser; então, sim, temos o fim dessa ilusória pessoa que causa dívidas e que, depois, se vê em apuros para resolver essas dívidas, porque estamos livres do problema do “eu”, do ego. É sempre quando o pensamento está presente que esse ou aquele problema está presente.

Então, nós passamos uma vida inteira nesse modelo de uma identidade, que é o “eu”, o ego, aqui, tendo problemas. E quando uma dívida é resolvida, uma outra surge; quando uma falta termina, é suprida, uma outra aparece; quando um problema parece que se resolveu, o outro começa a se mostrar, ou, antes mesmo de um problema desaparecer, nós já temos diversos outros surgindo.

O problema, Gilson, é que tudo isso está dentro da mente. A mente é a razão disso, a causa disso. Então, o grande problema é a mente. Uma aproximação da Realidade do seu Ser é uma aproximação do fim para o “eu”. Isso é o fim para as dívidas, é o fim para o desejo, é o fim para o medo, é o fim para aquele que se endivida, é o fim para o ego!

Então, como se aproximar de si mesmo? Essa é a pergunta. Como reconhecer a ilusão dessa identidade, que é o “eu”, nessa ilusão desse “eu” devedor, desse “eu” com um problema, desse “eu” com medo, desse “eu” com desejos... Abandone esse “eu”, entregue esse senso ilusório de uma identidade presente, que está aparecendo aqui, neste instante. Quando esse sentido do “eu” não está, quando esse modelo de pensamento não está, algo novo está presente. Isso é o fim para todo o sofrimento, para todo o sentido ilusório de identidade com problemas.

GC: Mestre, a gente tem outra pergunta de uma inscrita aqui no canal. Ela fala o seguinte: “Gratidão, Mestre Gualberto. Vídeos preciosos! Eu gostaria de fazer uma pergunta: é o pensamento que diz o que devo falar ou não?”.

MG: Percebam que coisa interessante a pergunta: “É o pensamento que diz o que devo falar ou não?” Notem, é sempre o pensamento que diz coisas. Nessa resposta que foi dada agora, foi claramente colocado que aquilo que a gente chama de “dívida” está dentro da mente. O devedor está dentro da mente, o pensador está dentro da mente e o pensamento está dentro da mente. Então, aqui temos que descobrir como lidar com a mente, que é esse devedor, que é esse pensador, que é esse senso do “eu” em apuros, com problemas. Aprender a lidar com isso é tomar ciência, aqui e agora, desse movimento, que é o movimento do “eu”.

Reparem que tudo é, como temos colocado, um movimento. Esse movimento é ação. Essa inadequada ação, que é a ação do “eu”, é a que sustenta o problema. Há sempre implícita, em nossas questões, uma ilusão, da qual a gente não toma ciência, que é a ilusão de um “eu” – um “eu” para se livrar das dívidas, um “eu” para tomar ações, um “eu” para fazer ou um “eu” para deixar de fazer. Assim, ficamos presos a uma noção completamente ilusória de tempo, que o próprio “eu” está introduzindo, para resolver problemas. Repare que essa segunda pergunta se liga àquela primeira. Nós estamos sempre introduzindo o elemento “eu”, “ego”, e o elemento “tempo” para nos vermos livres de problemas. Problemas que, por sinal, o próprio pensamento cria, e ele fica girando em torno de um pensador que, na verdade, é uma produção dele próprio, para resolver um problema que ele mesmo está criando.

Aqui, estamos convidando-o a ir além desse senso, que é o senso do “eu”. Assim sendo, uma ciência da Verdade do que é Você, fora desse senso do “eu”, não tem pensamentos para saber o que fazer com eles, nem tem dívidas para delas se livrar. Então, é fascinante, Gilson, uma aproximação da Verdade da ação. Você só pode responder à ação, neste momento, quando esse elemento, que é o “eu”, que é o conhecido, desaparece. Nós não temos agora muito tempo para explorar isso, mas há, sim, a possibilidade de uma ação livre do conhecido; é a ação do Desconhecido, é a ação não premeditada, não calculada, não programada, não idealizada pelo pensamento. É a ação nela própria, por ela mesma.

O interessante nessa ação, Gilson, é que não há um autor, não há um fazedor, não há alguém envolvido nisso. É a própria ação em expressão. A arte de se aproximar dessa qualidade de ação é Autoconhecimento. A gente percebe a Verdade disso quando já descobre o que é olhar sem intervir, sem tentar fazer algo com aquilo que olha, observar sem esse senso de um “eu” que é o observador, tomar ciência de pensamentos, de emoções, de percepções e lembranças, sejam elas boas, como boas lembranças, ou péssimas lembranças, como a lembrança de uma dívida.

Tomar ciência desse movimento surgindo, colocando atenção sobre este instante, sem esse elemento que se envolve, que é o “eu”, o ego, de uma forma sentimental, de uma forma emocional, de uma forma imaginativa ou imaginária, com um pensamento, é estar em contato já com uma ação de uma outra ordem. Isso é uma aproximação dessa Atenção, que é a Verdade do seu Ser se revelando, quando há esta Presença da Real Meditação. É isso que estamos trabalhando aqui com você, sinalizando para você uma vida livre, em uma ação onde esse sentido do “eu” não está. Então, estamos diante d’Aquilo que é indescritível, d’Aquilo que é inominável, d’Aquilo que está fora daquilo que o ego conhece, dentro desse antigo modelo dele.

GC: Impressionante como é totalmente fora do que é conhecido, do que é entendível pelo “eu”, o que o Mestre traz, essa ação real, essa Liberdade, porque ele, por mais que se tente, não tem como entender o que é esta Realidade e o que é essa ação livre, porque o ego está sempre na memória, nessa memória psicológica, e agindo conforme as crenças, conforme o que conhece. E só em Satsang, só com o Mestre, que, nesse compartilhar de Consciência, daqui a pouco fica tudo muito leve e vem uma compreensão dessa Natureza Real, desse Estado Natural, como o Mestre diz.

MG: Agora, esse aqui é o ponto, Gilson: é algo natural, sim! Essa é que é a beleza dessas colocações aqui. Aqui, nos encontramos diante da beleza daquilo que aqui é colocado, porque estamos falando de algo que é natural. Essa ação livre do ego é algo natural. A verdade é que, nesse condicionamento de cultura social humana, não temos ciência disso, porque estamos envolvidos nessa condição artificial de identidade egoica, numa ação movida pelo ego. Estamos assim há milênios! E aqui estamos sinalizando uma ação espontânea, natural, livre desse senso de separação. Isso começa a acontecer de uma forma muito simples, muito direta, quando nos aproximamos da Verdade do nosso Ser pelo Autoconhecimento, pela Real Meditação.

Por isso nós temos convidado vocês para uma aproximação em Satsang, porque há algo presente em Satsang capaz de tornar isso possível, neste instante, para você; porque, na verdade, isso é naturalmente já Você, mas se faz necessário um esvaziamento de todo esse conteúdo egoico, que é o que ocorre dentro da Verdade da Real Meditação, de uma forma vivencial, de uma forma prática. Diante do Poder desta Graça, desta Presença, em Satsang, algo novo se revela, algo fora do “eu”, essa ação livre, indescritível, inominável, que é a ação do Desconhecido, que é a ação divina.

GC: Mestre, chegou nosso tempo aí. Gratidão por mais esse videocast. E, para você que está assistindo ao vídeo, se existe um desejo sincero por conhecer essa Realidade desse Estado Natural, como o Mestre acabou de comentar, fica o convite para vir para Satsang. São os encontros intensivos on-line e, também, presenciais. No primeiro comentário, fixado, vai ter o link do grupo do WhatsApp de informações sobre os encontros, e também já aproveita e deixa o “like”. Se não é inscrito no canal, já se inscreve, compartilha também o vídeo, e a gente se vê na próxima. Abraço, Mestre!

MG: Ok, pessoal! Até a próxima.

Dezembro de 2023
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quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

O que é a vida? O que é o pensamento? Vida no ego: confusão, desordem, sofrimento. Tempo psicológico

O assunto com você aqui é: o que é o pensamento? Há uma outra pergunta: o que é a vida? Vamos nos aproximar disso mais uma vez aqui dentro do canal, vamos investigar isso com você. Estamos diante de algo que é realmente fascinante ser investigado e, no entanto, é algo que se mostra bastante simples, termos uma aproximação disso. É bem paradoxal, há uma forma de nos aproximarmos disso e termos uma visão muito simples, muito básica dessa coisa chamada “vida”, dessa coisa chamada “pensamento”. E, no entanto, nos deparamos com algo paradoxal, porque não estamos diante de algo tão simples, essa questão do que é a vida e do que é o pensamento.

Então, é simples e não é simples; então é algo paradoxal. Paradoxal no sentido de que você precisa tomar ciência disso de uma forma direta. Colocar isso em palavras não é algo complicado. A coisa que se complica – e por isso é paradoxal – é a tomada de ciência direta disso. Isso requer um trabalho em si mesmo porque, teoricamente, conceitualmente, verbalmente, nenhuma resposta para essas duas perguntas se mostra suficiente. Nós precisamos tomar ciência de uma forma direta, disso, vivencialmente, compreendendo como nós funcionamos.

Então, vamos começar pelo pensamento: o que é o pensamento? Colocado de uma forma muito simples, esse momento agora, aqui, por exemplo, é um momento. Essas palavras estão sendo colocadas diante dessa experiência, desse momento de ouvir essa fala, você registra uma parte dessas palavras. Quando passamos por experiências, nós registramos essas experiências, sobretudo se elas nos interessam, nós as registramos. Então, o que é o pensamento? O pensamento é um registro, um registro que você tem dentro de você, um registro de lembranças, de memórias, de imagens. Então, você registra imagens e registra ideias. Pensamentos são registrados, palavras são registradas, imagens são registradas – isso é o pensamento.

Então, o que é o pensamento? É o registro de imagens e de ideias, de palavras e percepções de movimento de objetos. Então, esse registro de memória, na memória, esse acervo guardado é o pensamento. Então, o que é o pensamento? O pensamento é aquilo que está em você, registrado. Esse pensamento se manifesta; uma vez que se mostre a oportunidade ou ele se vê desafiado, ele se apresenta. Então se, por exemplo, eu pergunto qual é o seu nome. Essa é uma memória muito nova, muito recente. Você tem muita habilidade, muita prática em responder o seu nome, porque muitas das vezes isso ocorre durante o mês: você assina papéis, alguém lhe pergunta o seu nome, você está sempre em contato com pessoas lhe chamando pelo nome, e tudo isso é um reforço de lembranças, de memória. É assim que essa memória recente funciona. Quando isso ocorre, o pensamento é desafiado e o pensamento como é um registro, já guardado aí, se mostra.

Então, é assim que reagimos psicologicamente, através do pensamento, através da memória, com esse modelo. O pensamento é a expressão do registo da memória. Quando esse registro reage, nós temos o pensamento sendo expresso. Então, nós funcionamos na vida com base no pensamento, nosso movimento de existência está baseado no pensamento. Então, isso é o pensamento.

Agora, nós temos aqui um problema com a questão do pensamento. Fora esse pensamento objetivo, prático, que acabamos de colocar aqui, que não apresenta nenhum problema nele, não há nenhum problema com ele para cada um de nós, nós temos um modelo de pensamento que sustenta esse “mim”, esse “eu”, esse ego, essa identidade que acredito ser. Quando você me magoa, me aborrece, me ofende, isso é registrado nesse “mim”, é esse “eu” que está registrando essa mágoa, essa ofensa, essa dor, essa tristeza. Esse “mim”, esse “eu”, está sempre, também, reagindo quando desafiado. Então, nós agora aqui nos deparamos com um problema. O pensamento não é só registrado de uma forma objetiva, prática e direta e quando ele atua, ele pode atuar de uma forma prática, direta e objetiva para propósitos bem simples na vida, mas ele também pode atuar a serviço desta proteção do “eu”, do ego, dessa entidade que acreditamos ser. Então, aqui já nos deparamos com um problema, e muito sério o problema, na verdade com o maior de todos os problemas, que é a existência desse “mim”, desse “eu”, que tem sua existência baseada no pensamento. Um pensamento de autoproteção pessoal, particular, centrada em um centro ilusório que chamamos de ego. Esta é a identidade da pessoa. Você acredita ser alguém, esse alguém é o ego, é esse “mim”, é esse “eu”.

Então, notem que coisa estranha, ao mesmo tempo que coisa interessante ocorre conosco: o pensamento nos fala – como sendo uma memória – ele nos relata, ele nos dá a certeza de uma identidade que é esse “mim”. Na verdade é só o próprio pensamento criando essa identidade e protegendo essa identidade, que é esse pensador. No entanto, esse pensador é uma projeção do pensamento e com isso estamos nos identificando. Então, existe essa ideia de alguém presente que é o pensador, que é o “eu”, que é esse experimentador, que é esse que tem um nome, que tem uma história. No entanto, estamos diante de um equívoco porque esse “eu” é a ilusão de uma identidade presente no viver, na experiência, que sustenta a sua identidade através do pensamento, nessa ideia de ser o pensador, de ser o experimentador, de ser alguém presente. Isso é confusão, isso é desordem, isso é sofrimento.

Aquele em você que se angustia, que se deprime, que carrega desejos, medos, que se estressa, que carrega todo tipo de desordem psicológica, é o “eu”, o “mim”, o ego, esse centro. Então, fora os pensamentos práticos que temos em nós, que são lembranças muito objetivas – o endereço de sua casa, seu nome, a habilidade profissional – tudo isso é parte do pensamento, de um conhecimento, de uma memória guardada nesse mecanismo, nesse corpo-mente. Mas existe também essa ilusória identidade, que é o “eu”, que tem uma enorme quantidade, uma extraordinária quantidade de memórias e lembranças de um centro completamente ilusório, que é o centro chamado “mim”, o pensador, o experimentador, que está sempre procurando manter sua continuidade através do pensamento, se projetando em um tempo idealizado pelo próprio pensamento. Então, a expressão “eu fui”, “eu sou” e “eu serei”, está dentro desse centro que é o “eu”, o ego.

A nossa vida no ego é confusão, é sofrimento, é desordem, é miséria, é angústia, é medo. Então, investigar a natureza do pensamento, abandonar a ilusão de uma identidade presente nesse modelo de pensar, sentir e agir, de se emocionar, de se mover, abandonar isso é ir além do “eu”, do ego. É descobrir algo fora do movimento equivocado deste ser psicológico que acreditamos ser. Quando perguntamos “o que é a vida?” só há uma resposta real para essa pergunta quando descobrimos que a vida está presente, a Verdade da vida está presente quando o sentido desse “eu”, deste centro ilusório, deste personagem que é o ego não está mais.

Então, não existe uma resposta para o que é a vida enquanto esse sentido do “eu”, do ego está presente. Sim, nós temos uma resposta para o que é a vida nesse sentido do “eu” e do ego: é a vida do equívoco desse personagem, é a vida da ilusão desse personagem, é a vida desta falsa identidade, é a vida desse personagem. Então, o que é a vida como no ego nós conhecemos? Propriedades, bens, o nome, o título, a inveja, o ciúme, o desejo, a posse, a dor da solidão, a depressão, a angústia… o desejo, o medo, a confusão, a miséria, a desordem, a violência… isso é a vida do “eu”, do “mim”, do ego, dessa falsa identidade. É isso que conhecemos por vida.

É bem curioso, porque nós tememos perder esta vida. Essa vida é a vida do conhecido. Evidente que nesta vida também temos prazer, satisfação, realização… temos alguns momentos de muito preenchimento, mas tudo isso ocorre a nível do “eu”, do ego, que vive sempre depois disso numa sede por mais, numa busca por mais, nesse desejo de ter mais e nesse medo de perder tudo isso. Então, nós temos também uma outra coisa nesse aspecto desta vida como nós conhecemos, que é a vida do conhecido no ego, no “eu”, que é o medo. O medo de não ter mais, o medo de não alcançar, o medo de ser enganado, de ser traído, o medo de perder, o medo de morrer, o medo disso não estar aqui depois.

Então, existe esse elemento no ego, no “eu”. O medo é algo que se sustenta dentro deste apego, desta posse e dessa sujeição a essa busca por mais ou essa preocupação por não ter mais. Tudo isso sustenta o medo para esse “mim”, para esse ego. E isso ocorre porque o ego não é outra coisa, a não ser esse nome, essa posse, isso que ele tem, controla, domina, teme ou deseja. Isso é parte integrante desse elemento que é o “eu”, o ego. Então, o medo está presente. Na verdade, o medo e o desejo são uma única coisa para esse “mim”, para esse ego. Eu não sei se isso está claro aqui para você ou se está muito confuso. Tudo o que nós chamamos de vida no “eu”, no ego, é esse movimento dentro do conhecido.

Aqui estamos sinalizando a Real Vida se revelando quando o “eu”, o ego, nesse movimento, não está mais presente. Então, há uma vida, sim, possível, assim como há, sim, uma possibilidade desta Libertação desse movimento que é o movimento do pensamento, que sustenta esse tempo psicológico. É quando o pensamento está apenas no lugar dele, então esse sentido de um “eu” psicológico, que é o ego, não está mais presente. Então temos um contato Real com a Verdade, daquilo que eu tenho chamado de “o Real Pensar”. O Real Pensar está presente quando o modelo do pensamento do “eu” não está, então temos o Real Pensar. Nós desconhecemos isso, na realidade isso está fora do conhecido. Esse Real Pensar é a presença da Verdade da Inteligência, a Verdade do Amor, a Verdade da Paz, a Verdade da Vida, a Verdade de Deus. É Aquilo que está presente quando o sentido do “eu”, do ego, não está.

Então, investigar a Verdade sobre quem nós somos é compreender como a mente humana funciona. Isso é o fim para esse pensador, para esse experimentador, para esse que observa o mundo a partir de conclusões, crenças, ideias, pensamentos. Isso é o fim para o observador. Então temos a possibilidade do Despertar da Verdadeira Consciência deste Ser Real que somos, nesta Vida Real que o “eu”, o ego, não conhece.

Esse é o propósito aqui dentro deste canal: estamos apontando para você a possibilidade do Despertar da Sabedoria, do Despertar de Deus, do Despertar da Vida, de sua Natureza Real, da Verdade do seu Ser. Esse é o nosso trabalho aqui dentro deste canal. Nós temos esses encontros aqui nos finais de semana, você tem aqui na descrição do vídeo o nosso link do WhatsApp, para aprofundar isso. Nos finais de semana estamos nos encontrando para trabalhar isso. Você tem aqui o link do WhatsApp para participar desses encontros. Além disso, temos encontros presenciais e também retiros. Se isso é algo que faz sentido para você, aproveita agora, aqui, deixa o seu like, já se inscreve no canal, Ok? E a gente se vê. Valeu pelo encontro e até a próxima.

Dezembro de 2023
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terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Autoconhecimento e a ação livre do ego | A Real Meditação | Real ação e a atividade egocêntrica

A Verdade do Autoconhecimento e a ação livre do ego. Por que ação livre do ego? Nós não compreendemos a natureza, a verdade sobre a ação. Não temos a ciência da estrutura da verdadeira ação. E por que eu coloco aqui verdadeira ação? Porque é a ação que nós precisamos dela na vida.

Nossas ações até esse momento, em razão da ignorância em que nós, psicologicamente, internamente, nos encontramos têm sido ações conflituosas, problemáticas, confusas, desorientadas, nos levando sempre a complicações, a dilemas, a adversidades, a problemas porque são ações centradas no “eu”, no ego. Notem, nossas ações não são reais, são meras atividades egocêntricas.

Aqui, ação é o movimento que atende a esse instante, a esse momento presente com precisão, com habilidade, com Verdade, com Inteligência. Isto é ação. Há uma diferença entre esta ação e essa mera atividade do “eu”. A atividade egocêntrica da pessoa é a atividade da confusão.

As pessoas querem acertar, então perguntam: “Como fazer a coisa certa?”, “Como agir sob pressão?”, “Como acertar?”, “Como não errar novamente?” São perguntas que as pessoas fazem na intenção de descobrirem uma ação que seja, para elas, a melhor ação possível. No entanto, nós nunca investigamos essa questão da ação e de onde procede essa ação.

Enquanto nossas ações estiverem firmadas no pensamento, serão ações incompletas. Esse é o ponto. Aqui, esse momento, a vida como ela se mostra nos coloca diante de um desafio sempre, a todo o momento, a cada instante. O que temos colocado aqui para você é muito simples. Observe. Agora mesmo está sendo solicitado de você uma ação. Sim, ler aqui requer um olhar, uma precisão muito real para atender esse momento nesta ação, nesse ato de ler ou, simplesmente, tudo aquilo que estará sendo colocado aqui ficará apenas a nível intelectual, verbal, quando muito, porque talvez você nem intelectualmente consiga acompanhar em razão das distrações psicológicas que, em geral, nós temos.

Ao ler um texto como esse, uma ação está sendo solicitada, e essa ação é uma sem comparação, sem avaliação, sem julgamento. Porque, quando você faz isso, aquilo que está sendo colocado começa a passar por um filtro de aceitação e rejeição. Atender a esse momento requer essa ação, a ação livre desse fundo psicológico de conceitos, preconceitos, opiniões, julgamentos.

Reparem, é sempre a mente egoica, a mente que nos impulsiona a uma ação centrada nesse fundo psicológico de condicionamento, de história, de padrão de cultura. Então, lemos a partir, no caso aqui, dos nossos preconceitos, conceitos, ideias, desejos e medos.

Na vida, a cada momento estamos sendo desafiados para a ação. Precisamos descobrir o que é uma mente livre do ego e, portanto, uma mente livre de toda a forma de condicionamento psicológico. Essa mente livre poderíamos chamar aqui de “não mente”.

Em geral, nós compreendemos a mente como um movimento de pensamento: pensamento inquieto, pensamento tagarela, pensamento preconceituoso, cheio de conceitos, de imagens. Então, para nós, “mente” é sinônimo de movimento de pensamento. Esse movimento de pensamento, como é algo que vem do passado, é um condicionamento. Então, nós vivemos dentro de uma mente condicionada. Não conhecemos essa Verdade da “mente livre”, desse Natural Estado livre da mente egoica, portanto, livre da mente. Então, nossas ações são ações centradas no pensamento.

Pensamento é memória, são lembranças, recordações, experiências. A partir dessas experiências, memórias, lembranças, a partir dessa mente condicionada para agir a partir da intenção, da motivação, do desejo e do medo, nossas ações são atividades egocêntricas, autointeresseiras, centradas nesse egoísmo dessa pessoa como nós nos vemos. Nos vemos como pessoas separadas umas das outras. Carregamos inúmeros desejos, medos, inúmeras contradições internas, inúmeros conflitos de ordem emocional, sentimental, e isso tudo nós expressamos, também, nas ações, nessas ações físicas.

Então, psicologicamente, nós vivemos em conflito, em sofrimento, carregados de problemas, angústias, frustrações, decepções. O movimento psicológico, que é o movimento do “eu” em nós, dessa mente condicionada, é sempre nessa intenção de alcançar, de obter, de realizar alguma coisa – isso sempre no futuro –, ou se livrar, afastar de nós alguma coisa. Ganhar alguma coisa ou se livrar de alguma coisa. Então, o medo é algo presente.

Quando nossas ações nascem desse condicionamento psicológico, desse modelo de mente programada na ação egocêntrica, na ação do autointeresse, na ação do egoísmo, essa é a ação da dualidade; isso porque existe esse “eu e o mundo”, “eu e o outro”, “eu e a vida”, “eu e o agir”, “eu e a ação”, “eu e o pensamento”, “eu e minhas emoções e meus sentimentos”. Reparem, essa é a dualidade.

Então, vivemos dentro de um princípio de separação, de dualidade, onde existe esse “eu e a outra coisa”. A ação centrada nessa intenção, nessa motivação é a ação da separação, é a ação do autointeresse, é a ação do problema. Eu tenho dado o nome a essa ação de atividade egocêntrica. Vivemos dentro de um modelo onde não há real ação e, sim, atividade egocêntrica.

Haverá uma ação livre do “eu”, do ego? Em alguns momentos na vida isso ocorre. Ficamos surpresos de uma ação que ocorre em um dado momento conosco e a gente percebe que foi simplesmente uma ação desinteressada, uma ação que nasceu de uma qualidade de Ser completamente diferente do que nós, em geral, temos visto em nós mesmos. Foi uma ação amorosa, foi uma ação compassiva, foi uma ação desinteressada, foi apenas uma expressão que nasceu de dentro de nós de uma dimensão que nós nem mesmo sabemos de onde isso veio. Algumas vezes nos pegamos depois da ação nos lembrando daquilo dizendo: “Que coisa estranha! Simplesmente aconteceu.”

Então, há, sim, alguns momentos em nossas vidas que uma ação livre do ego acontece. Por exemplo, dar um sorriso para alguém. De uma forma muito simples e natural, um sorriso brota do rosto. Não há qualquer intenção, motivação, interesse por trás desse sorriso, é só uma ação, um simples e direto sorriso. Um olhar compassivo, um olhar amoroso. Ao nos depararmos com uma criança, ao nos depararmos com a natureza, ao nos depararmos com um rosto de uma pessoa, nós nunca a vimos, nós não sabemos o nome dela e, de repente, você se pega sorrindo. Não houve nenhuma premeditação, nenhuma intenção, simplesmente aconteceu. Esse é um exemplo de uma ação, de uma ação livre desse centro pessoal do “eu”, desse movimento egocêntrico.

As ações em nós são problemáticas porque nascem desse fazedor. Esse fazedor vem à existência com base num movimento de pensamento. Esse movimento de pensamento é um movimento de autointeresse. Esse pensador, esse fazedor se move na ação com base, portanto, no passado. Atender a esse instante, a esse momento presente sem o modelo do pensamento é sem o modelo do passado, então, uma ação Real ocorre. A verdadeira ação nasce dessa dimensão desconhecida quando o “eu”, o ego não está.

Então, o convite aqui é para descobrirmos a Verdade sobre quem nós somos quando esse “eu” que parecemos ser, que demonstramos ser, que queremos ser, não está mais presente. O que estamos dizendo aqui para você é que há Algo presente agora e aqui que pode atender a esse instante sem esse fundo de condicionamento psicológico que é o experimentador, o pensador, o “eu”; esse movimento de pensamento premeditado, calculado, algo que vem do passado e se mostra, nesse momento, se movendo, criando situações. Essa ação é a do estresse, é a do medo, é a do desejo, é a da busca de algum resultado para alcançar alguma coisa.

Esse movimento de atividade egocêntrica desaparece quando a Realidade desse Ser, dessa Verdade Divina agora, aqui presente se mostra. Precisamos descobrir a ação livre do ego. O Autoconhecimento, a compreensão do próprio movimento do “eu”, apenas olhar para esse movimento, se tornar ciente desse movimento nesse instante, isso faz com que esse movimento termine, com que essa ação termine, porque o “eu” desaparece. Tomar ciência do movimento do “eu” é o fim para esse movimento e, portanto, é o fim para esse “eu”.

Temos que investigar a natureza do pensamento e como viver livre do pensamento. O pensamento em algum nível se faz necessário. A nível de memória, de lembrança, de reconhecimento, de algo prático e objetivo. O pensamento se faz necessário para um movimento técnico, para uma ação funcional ou trabalhar numa dada profissão. Mas nesse contato com o outro, com nós mesmos, com a vida, a presença do pensamento sendo a base da ação é conflito, é problema, é sofrimento, é a ação centrada no “eu”.

Olhar para você e reconhecer seu rosto e o seu nome é algo muito simples, mas carregar uma imagem psicológica sobre quem é você, tendo a ilusão de que eu conheço você com base nesse conceito, nessa imagem, nessa ideia que faço sobre você, nesse gostar ou não gostar, esse é o equívoco. Nossas ações na relação com família, com esposa, filhos, patrão, colega de trabalho, nossa ação no mundo tem sido desse tipo, uma ação centrada nesse fundo psicológico, nesse condicionamento psicológico.

Esse é o nosso assunto aqui com você. Descobrir a Verdade da compreensão desse movimento interno, que é o movimento do “eu”, isso é Autoconhecimento. Então, naturalmente, surge a Verdade da Real Meditação. A compreensão desse movimento é o fim para o “eu” e o surgimento da verdadeira ação, que é a ação da Consciência, que é a ação da Inteligência, que é a ação da Verdade desse Ser, dessa Realidade Desconhecida.

Dezembro de 2023
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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Introspecção, autoanálise, autodisciplina | A Verdade da Atenção Plena | Iluminação Espiritual

Existe uma coisa bastante interessante nas relações humanas, em nossas relações uns com os outros. Me parece que uma das coisas mais difíceis dentro destas relações consiste na comunhão. Comunhão requer a presença de uma comunicação livre; nós não temos essa liberdade para a comunicação. Parece que nós não nos alcançamos quando falamos, quando dialogamos, quando nos aproximamos uns dos outros. Por que isso ocorre? Por que é que isso acontece?

Parece que compreendemos, sim, o significado verbal da palavra, mas nós escutamos através de uma ideia, de um conjunto de crenças, de opiniões, de conclusões aquelas palavras. Assim, estamos sempre atrás dessa cortina de ideias. Quando isso ocorre – e isso frequentemente ocorre –, não há comunicação. A ausência dessa comunicação é, naturalmente, a ausência da comunhão. Então, reparem como se torna importante termos uma nova aproximação aqui também, nesses encontros.

Aqui nós estamos fazendo uso de palavras bastante conhecidas de todos nós e, no entanto, o que eu tenho percebido é que as pessoas não conseguem compreender essas palavras porque elas escutam através dessa cortina de ideias que elas têm. Aqui fazemos uso de expressões como: "o Despertar da Consciência", "Iluminação Espiritual", "a Realização de Deus" – essas palavras e diversas outras que usamos aqui –, e a dificuldade que temos é acompanharmos essa leitura para que aconteça, dentro desse encontro, a verdade da comunicação e a comunhão se torne possível.

Se houver entre nós Real comunhão, de coração, até as palavras são dispensáveis. Reparem que coisa interessante: se houver, de verdade, uma comunhão, e essa comunhão está acontecendo em um nível diferente do intelecto, naturalmente, ela dispensa as palavras, ela dispensa a linguagem. Então, a verdadeira comunicação ocorre quando há comunhão.

Na vida, nós precisamos de comunhão; comunhão dentro da comunicação, comunhão na relação com o outro dentro de uma determinada atividade, comunhão no contato com o sentir, com o movimento da ação também acontecendo, com esse falar. Esse encontro de comunhão é essencial. Nós, como seres humanos, precisamos descobrir a Vida. A Vida é constatada quando há esse descobrimento. Nessa constatação existe um nível de imersão na vida, de imersão na existência, onde todo o sentido de separação entre esse "eu” e a própria vida se desfaz, desaparece, não está presente.

Então, se nós estamos aqui trabalhando essa questão da busca da verdade sobre quem nós somos, isso é o que se torna possível quando nós nos aproximamos de uma compreensão a partir dessa comunhão. Precisamos ter uma comunhão com aquilo que se passa agora, aqui. A fala é algo que requer comunhão, o sentir é algo que requer comunhão. A ação acontecendo ocorre de uma forma completa, única, Real – eu tenho chamado de Verdade da ação, de ação Real – quando há comunhão.

Nós estamos, internamente, em contradição. Nós vivemos, internamente, em conflito dentro de nós mesmos. Precisamos estudar isso, compreender isso, e isso se torna possível quando temos uma aproximação de nós mesmos, daquilo que se passa dentro de cada um de nós. Ter uma aproximação dessa requer que você aprenda a olhar, que aprenda a escutar, que aprenda a perceber a si mesmo; olhar, escutar a si mesmo é algo que se torna impossível quando o pensamento está presente, quando essa cortina de ideias está presente.

Então, reparem que coisa curiosa como nós funcionamos: nós temos ausência de comunicação porque interpretamos as palavras segundo as nossas crenças, opiniões, ideias e conclusões pessoais quando estamos em um diálogo ou quando estamos ouvindo, temos, neste momento, a dificuldade de acompanhar um texto como este, assim como temos a dificuldade de olhar para nós mesmos porque olhamos através de conceitos, de opiniões, de julgamentos, de crenças.

Eu quero tocar aqui com você na importância desse escutar a nós mesmos, de aprender a ter essa comunhão; uma comunhão que se torna possível quando você aprende a escutar, a olhar e a perceber aquilo que se passa dentro de você, sem essa cortina de ideias, sem essas conclusões, sem essas crenças, sem essas punições, sem esse autojulgamento, sem essa autoavaliação, sem essa autocrítica. Observem que é assim que, na maioria das vezes, nós olhamos para nós mesmos. Quando fazemos isso, há uma separação.

Compreender a verdade sobre você é algo que requer um olhar sem julgamento, sem avaliação, sem comparação, sem crítica, sem medo. Então nós temos a presença de uma Real comunhão, que se torna possível, também, agora, aqui se deixarmos de lado nossas crenças, nossas conclusões, nossas ideias, se deixarmos de lado o significado que temos dado a essa ou aquela palavra com base em nossos preconceitos, em nossos conceitos pré-formados. Então, o nosso encontro aqui tem como propósito essa autodescoberta.

Assim, nossa ênfase aqui, dentro dessa fala, será sobre essa questão da Atenção, da Verdade da Atenção Plena. Apenas quando há essa Atenção Plena se torna possível uma aproximação da revelação daquilo que se passa dentro de cada um de nós.

Se olharmos através dessa cortina de ideias, nós estaremos fazendo aquilo que uma boa parte das pessoas fazem na tentativa de melhorarem a si mesmas, de modificarem a si próprias através do esforço, da autodisciplina, dessa, assim chamada, “introspecção”. Reparem o que estamos colocando, acompanhem isso com calma.

Introspecção é uma forma de olhar para dentro de si mesmo através dessa cortina de ideias. As pessoas querem se livrar daquilo que elas não gostam de ver em si mesmas. Então, elas praticam, pela autodisciplina, pelo esforço, essa introspecção. Essa tentativa de mudança, de transformação com base no esforço, na disciplina, que tem por princípio já uma análise de si próprio, um olhar para si mesmo com base em ideias, pode criar uma mudança, sim, isso pode melhorar a pessoa, mas a pessoa melhorada ainda é a melhora do sentido de um "eu" presente, de uma identidade egoica presente.

Aqui nós estamos lhe propondo uma vida livre desse “eu”, desse ego, algo que se torna possível quando há essa inteira Verdade se revelando em razão dessa comunhão, e esta comunhão não vem pela introspecção. Essa comunhão nasce de uma forma muito natural quando estamos dando Atenção a nós mesmos, quando estamos nos tornando cientes de todo esse movimento interno de pensamento, de sentimento.

Esses pensamentos, esses sentimentos são aqueles em nós que nos impulsionam às ações. Nossas relações se assentam nestes pensamentos e sentimentos. Essas relações são ações que ocorrem tendo por princípio esses sentimentos, esses pensamentos. Tomar ciência desse movimento interno – essa simples tomada de consciência desse movimento, que é o movimento do “eu”, dessa pessoa, dessa identidade que se separa do outro para se relacionar – requer essa aproximação de comunhão, requer essa Atenção sobre si mesmo.

Portanto, nossa aproximação aqui é lhe mostrando a importância desse contato consigo mesmo, esse contato com aquilo que se passa dentro de você, um contato possível quando há essa Atenção. Não se trata de fazer algo com aquilo que você percebe, com esses sentimentos, pensamentos, com esse modelo de comportamento. Aqui se trata apenas de tomar ciência disso. A ciência disso rompe esse padrão de existência do “eu”, esse padrão de existência egoica, porque nesse momento ocorre essa comunhão: comunhão Real com o outro, comunhão Real com a Vida, comunhão Real em si mesmo. Então a contradição desaparece, o conflito desaparece, o medo desaparece, o sofrimento desaparece.

Percebam a beleza do que estamos colocando aqui para você. Repare, por exemplo, que o seu contato com o outro é um contato através de uma cortina de crenças, de ideias, de conclusões, de imagens que você tem sobre ele ou ela. Então, repare: não há verdade de comunhão nesse contato, porque aquilo que está presente é esse elemento, que é o “eu”, o ego, esse “mim”.

Há esse estado interno de contradição nesse encontro com o outro quando estamos dentro desse princípio de separação, de dualidade, então temos esse "eu" e esse "você". Esse “você” é uma imagem que eu faço sobre quem você é, além de uma imagem que tenho sobre quem “eu” sou, e isso é contradição, isso é conflito, isso irá, naturalmente, produzir nessa relação algum nível de conflito, algum nível de problema, algum nível de medo, de violência, de desejo, de sofrimento.

Quando colocamos Atenção sobre esse movimento, que é o movimento do "eu", essa comunhão com a Verdade daquilo que se mostra aqui, nesse instante, isso rompe com esse padrão, com esse modelo de identidade egoica. Isso é o fim dessa imagem, conclusões, crenças e opiniões sobre o outro. Isso é o fim dessa autoimagem em contradição, em conflito, carregada de desejos e medos dentro desse “mim”.

Percebam que isso é algo que se torna possível quando nós colocamos essa Atenção, esse olhar para esse movimento interno. Apenas o olhar nos mostra isso completamente se revelando, e quando isso tudo se revela, nesta própria revelação, isso se desfaz. Não temos que fazer algo com isso que está sendo visto, não temos que mudar isso que está sendo visto, não temos que coordenar isso que está sendo visto ou percebido.

Esse próprio olhar, esse próprio observar sem escolha, sem esse elemento, que é o "eu", o ego, sem essa cortina de conclusões do que é certo ou errado, é o fim para isso, é o fim para essa condição, que é a condição do “eu”, do ego, porque nesse momento temos presente esse escutar a nós mesmos, esse perceber a nós mesmos, esse estar ciente desse "mim". A ciência disso é o fim para essa condição automática, inconsciente, repetitiva, para esse movimento que, na realidade, é um movimento que já vem do passado, que já vem dessas crenças, conclusões. Ter uma aproximação de si mesmo desta forma não é introspecção, não é autoanálise, não é autodisciplina, é Atenção.

A ciência da Atenção sobre todo o movimento do “eu”, do “mim”, do ego, a ciência dessa cortina de ideias, dessas crenças e conclusões é o fim para tudo isso. Então, essa é a forma da Real aproximação da Verdadeira Meditação, da Real Meditação. Naturalmente, essa Real Meditação é Autoconhecimento.

Assim, aqui temos como propósito essa aproximação; esta aproximação lhe coloca nessa nova visão da Vida, nessa nova visão de Ser, nessa nova visão do mundo, do outro, numa Real visão da Verdade deste Ser que somos. Então, a Verdade da Atenção sobre esse movimento do "eu" é o fim para esse movimento; isso é Autoconhecimento, isso é a Verdade da Real Meditação – compreendendo que aqui Meditação e Autoconhecimento são palavras com um significado bem peculiar.

Dezembro de 2023
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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Ação egocêntrica. Autoconhecimento: ação livre do ego. Como o pensamento funciona? Verdade da ação.

Aqui nesse trabalho nós estamos lhe convidando para uma ação de uma qualidade, de uma natureza e de uma realidade diferente de tudo o que nós conhecemos. Em geral, nossas ações são ações que estão ocorrendo, acontecendo centradas nesse “eu”, nesse ego. Esse tipo de ação em nossas vidas está produzindo contradições, problemas, dilemas, dificuldades e conflitos. Se o seu interesse aqui é descobrir a Verdade da ação, o que implica em uma ação livre do “eu”, do ego, nós precisamos investigar isso.

É muito comum essa procura ou busca das pessoas por Deus. Assim, há uma busca por Deus, uma procura pela Verdade, mas as pessoas não compreendem que a Verdade se encontra neste instante, neste momento. Sem uma ação livre do ego, não há uma Revelação da Verdade. O ponto aqui é investigarmos qual é a natureza Real, qual é a estrutura verdadeira dessa ação de cada um de nós, uma ação que não produza mais sofrimento, que não produza mais conflito, uma ação livre e, portanto, livre do ego. O que é essa ação?

Aqui nós estamos colocando para você a importância de uma ação livre. A ação livre do ego é a ação livre da intenção, da motivação, da proposta dos conceitos, das ideias, dos motivos pessoais. Será que essa ação é possível? Ou será que estamos condenados a uma vida de ação sempre presa dentro desse padrão de egocentrismo – o que representa, na verdade, uma vida de mera atividade egoica?

Então, nós aqui estamos lhe convidando, apontando para você, sinalizando para você a Verdade da Revelação d’Aquilo que nós somos, da Revelação do nosso próprio Ser. Este Ser se revela na ação, na ação livre das ideias. Repare como é importante essa investigação aqui, observe como é interessante nós estudarmos essa questão da ação. Toda a nossa ação nasce de um objetivo, de um propósito, nós temos um alvo. Primeiro nós temos uma ideia, temos um objetivo, um propósito, uma intenção, e tomamos a ação. Essa ação que nasce da ideia, desse propósito é a ação que nós conhecemos. Essa ação é a ação egocêntrica, é a ação centrada no “eu”.

E por que isso é muito importante nós investigarmos aqui juntos? Porque sua vida é uma vida que está assentada na ação. Tudo na nossa vida são ações. Nós estamos tomando ações a todo o momento. As ações não estão apenas no comportamento físico de cada um de nós, como também nas intenções internas. Ideias são ações. O movimento de pensamento em nós é um movimento de ação. Ler aqui é uma ação, a gesticulação é uma ação, ouvir é uma ação. Tudo em nossas vidas consiste em ações: ações acontecendo, ações se realizando, ações sendo tomadas.

Aqui o ponto é que quando essas ações nascem das ideias, elas já carregam a semente do conflito, do dilema, do problema, da dificuldade. Nós não percebemos que nossas ações precisam ser tomadas a partir desse espaço, que é o espaço da verdadeira Inteligência em nós. Esse espaço de Real Inteligência, de verdadeira Inteligência em nós é o espaço do Silêncio. Esse Silêncio é a Verdade da Compreensão. Quando há Compreensão, existe uma ação acontecendo. Não é uma ação com base nas ideias, mas é uma ação com base na Inteligência. Quando há Inteligência, há Liberdade. Como essa Liberdade é o fruto dessa Compreensão, essa Compreensão nasce desse Silêncio e nesse Silêncio está a Verdade.

Talvez soe um pouco estranho tudo isso, porque as ações que nós conhecemos são ações centradas no pensamento, portanto, ações centradas nas ideias, na motivação. Nossas ações nascem do desejo, nascem, também, como um impulso para fugirmos de alguma coisa, o que representa medo. Portanto, as ações em nós vêm do desejo, elas vêm do medo, elas têm origem num propósito meramente pessoal de ideias, de conceitos pré-formados, preestabelecidos em nós.

O ponto aqui é que nós não investigamos a natureza do pensamento. Esse pensamento em nós nos limita a uma condição de ação controlada pelo desejo, pelo medo, por nossos motivos e razões pessoais; essas razões pessoais são egocêntricas. Assim, a nossa ação que tem por base a ideia, o pensamento, é uma ação limitada e, portanto, conflituosa.

Notem, nós não sabemos o que é o pensamento. Não percebemos a limitação que implica esse modelo de ação, então, nós não sabemos também o que é essa ação e o quanto esse pensamento está limitando essa ação. Nós temos, em geral, algumas perguntas do tipo: “Como agir sob pressão?” ou “Como fazer a coisa certa?” Por que há essa preocupação? Nós temos essa preocupação porque sentimos a necessidade urgente de tomarmos ações com Inteligência, com Verdade, com Sabedoria. Então, vamos com calma olhar para isso aqui.

Aqui nós estamos investigando a Verdade sobre quem nós somos e o que representa uma ação, portanto, livre da ilusão desse centro que é o ego, que é o “eu”, esse pensador como nós acreditamos ser, esse fazedor das ações como nós acreditamos ser. A Compreensão da Verdade sobre nós mesmos, essa aproximação daquilo que se passa dentro de cada um de nós, de como nós funcionamos, de como o pensamento funciona, a clareza sobre o que é o pensamento, sobre como ele funciona e a limitação que ele representa, isso é algo fundamental porque é algo que nos liberta dessa qualidade de ação centrada no ego. Essa ação egocêntrica é aquela que está produzindo problemas, é aquela que jamais irá acertar, é aquela que jamais irá atender ao momento presente.

Vivemos como criaturas ansiosas, estressadas, angustiadas, preocupadas, aflitas, duvidosas, querendo acertar e tomando ações com base no pensamento, sem a compreensão do que é esse pensamento. É evidente que enquanto estivermos agindo nessa ansiedade, nessa angústia, nessa preocupação, enquanto estivermos agindo a partir de uma mente preocupada, ansiosa, estressada, duvidosa, carregada de desejos e medos, nossas ações serão ações que irão produzir exatamente isso, porque elas nascem desse estado interno de confusão. O ponto é que tudo isso está assentado nessa condição psicológica, nesse modelo de programa que aqui eu tenho chamado de condicionamento psicológico, que é esse modelo de pensamento. Então, temos que investigar a natureza do pensamento.

Primeiro, as ideias estão presentes em nós. Essas ideias são o resultado do conhecimento adquirido ao longo dos anos, toda a informação, toda propaganda, todas as ideias presentes em nossos pais, em nossos antepassados, dentro de nossa cultura. O modelo da ação com base no pensamento tem por princípio a experiência. A questão é: o que é essa experiência guardada em nós? É o resultado da memória. Assim, nossas ações são sempre impulsionadas por essas ideias, por esses padrões.

Enquanto não houver Silêncio, Clareza, Compreensão e Liberdade interna, em nossa mente, em nosso coração, enquanto esse cérebro em nós não compreender a Verdade da Quietude, do Silêncio, enquanto essa compreensão não estiver presente, nós estaremos atendendo a este instante, a este momento, a esta ação com base nessa experiência – nessa experiência passada. Nesse experimentador está essa experiência passada.

Qual é a verdade desse experimentador? Qual é a verdade desse “eu” que “sou”, desse “mim”? Qual é a verdade sobre esse pensador? Nossas ações estão nascendo desse pensador. A pergunta aqui é: o que é esse pensador que pensa e toma ações?

Observe que o que nós temos presente, sempre, é o pensamento surgindo. Há um propósito, há um motivo, há uma intenção com relação a esse pensamento e, com base nessa intenção, surge essa ação. Então, notem, há um intervalo entre esse pensador e essa ação, e esse intervalo é esse propósito. Então, essa ação é uma ação centrada no “eu”, uma ação particular. Tudo isso pode parecer muito razoável. Do ponto de vista técnico, nós precisamos do conhecimento, da informação, no entanto, essa elaboração do pensamento é algo muito natural.

O cérebro tem o registro do conhecimento, da experiência e de como agir. Por exemplo, para dirigir um carro o conhecimento se faz necessário, a experiência se faz necessária, a elaboração do pensamento se faz necessário, mas isso ocorre de uma forma muito natural. Então, essa informação técnica, esse conhecimento técnico, essa experiência técnica, essa memória técnica é algo importante. Então, a ação ocorre de uma forma muito natural. Dirigir um carro não requer a presença do sentido de uma identidade que se separa da própria experiência, como ocorre no caso desse ego.

O sentido do ego presente é aquele que está em uma ação com base no pensamento, também com base numa informação passada, com base numa experiência passada, mas agindo a partir desse sentido de dualidade. Por exemplo, nesse contato com você, eu estou vendo você a partir de uma ideia que faço sobre quem você é. Assim, a minha ação nasce a partir dessa ilusória separação, dessa psicológica separação; isso está assentado no pensamento, numa imagem: a imagem que eu tenho sobre você, a imagem que você tem sobre mim. Assim, nossas relações estão acontecendo em razão dessas ações ocorrendo, mas são ações centradas no ego, são ações egocêntricas.

Assim, a nossa vida nesse modelo de ação, que é a ação a partir deste ego, desse centro, desse “eu” se separando do outro, se separando da vida, se separando das situações é uma ação autocentrada, egocentrada. Assim sendo, não há Verdade Divina, não há Verdade de Deus, não há Inteligência, não há Sabedoria, não há Compreensão. Nós usamos expressões como “amor”, “paz” “liberdade”, “felicidade”.

Há uma urgente necessidade, sim, de Felicidade, de Paz, de Amor em nossas relações e, portanto, em nossas ações, e isso é algo que se torna impossível quando essa ação não nasce dessa Compreensão, não nasce dessa Inteligência, não nasce dessa Verdade do Silêncio. Quando está nascendo desse ego, temos uma ação que tem por princípio a ideia, o plano e depois a ação, então há sempre o autor da ação presente, o fazedor, que é o ego, o “eu”.

O nosso trabalho aqui consiste em irmos além desse ego, além desse “eu” e, portanto, além dessa ação egocêntrica; a ação livre do pensador, livre do experimentador, livre desse sentido de um “eu” com todas as imagens que ele tem sobre quem é o outro, sobre o que é a vida, sobre quem ele mesmo é. Reparem como é interessante isso: toda a ideia que você tem sobre você é uma imagem, que você tem sobre o outro é uma imagem, que você tem sobre a vida é uma imagem, que você tem sobre as situações são imagens criadas e sustentadas pelo pensamento.

A vida consiste de ações acontecendo, elas acontecem quando o sentido do “eu”, do ego não está, dentro de um novo modo de agir, de se mover, de falar, de sentir, de lidar com o outro, de lidar com nós mesmos, sem esse centro que é o “eu”, o ego. Esta é a ação da Verdade. Com base na Revelação do Autoconhecimento, da ciência da Verdade do seu Ser, Algo novo surge. Esse Algo novo é ação livre do ego. É isso que alguns chamam de Realização de Deus, Iluminação Espiritual, a Compreensão da Verdade Divina.

Dezembro de 2023
Gravatá/PE
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