quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

A sua Natureza Verdadeira é Felicidade

Então, vamos lá.

Quando nós nos referimos à palavra "pessoa" – isso você tem dentro das minhas falas, você encontra isso aí nos vídeos, você encontra isso no blog, você encontra isso no site –, eu sempre me refiro a esse sentido de uma identidade presente, esse sentido de ser "alguém".

Há uma grande confusão interna nesse "sentido de pessoa", porque, basicamente, você não sabe quem Você é, então você se confunde com esse "sentido de pessoa". Esse estado normal de consciência da pessoa é algo comparado a um sonho.

A princípio você não irá compreender isso de uma forma muito clara. Com o passar do tempo, se aproximando de si mesmo nessa auto-observação, você irá descobrir o que essa expressão, "sonho", realmente implica. Então, a princípio, seria interessante você receber isso com o coração aberto para a investigação.

A primeira coisa aqui é a compreensão de que esse sonho, ou esse estado de sonho, é considerado uma forma de identificação, uma forma de estar absorvido por um conjunto de crenças, ideias, memórias, lembranças, pensamentos. E por que nós chamamos isso de sonho? Porque não há vigilância. Você não está Acordado, não está Desperto.

Seu Estado Real, seu Estado Natural, é o Estado Desperto, é o Estado Acordado, não é esse estado de sonho, não é esse estado de identificação com a mente e o que ela representa. A mente representa memórias, lembranças, recordações, experiências. Com isso você se identifica e "dorme". Naturalmente, você vivencia esse estado que você chama de vigília, mas, na verdade, isso é o que eu chamo de "estado de sonho". Essa condição não é a Condição Real do seu Ser.

Nós estamos tratando sempre, em Satsang, da Condição Natural de seu Ser. A sua Condição Real, a sua Natureza Verdadeira, é Felicidade. Essa é a Natureza do seu Ser e essa é a Condição livre do sonho, desse estado comum, que é o estado da "pessoa", com o qual você se confunde.

O que eu quero lhe dizer é que não existem "pessoas". A "pessoa" é uma crença, um conceito, uma ideia, uma formulação criada pela própria memória, pelo próprio pensamento. Com isso você se confunde, e esse é o estado de sonho.

Seu Estado Real é o Estado Acordado, é o Estado Desperto. Esse é o seu Estado Natural, e esse Estado Natural é o Estado de Felicidade, é o Estado de Paz, esse é o Estado da Verdade sobre quem Você é.

Então, o que temos colocado em Satsang, o que temos colocado nessas falas, nesses encontros, é a visão clara disso, desse reconhecimento sobre quem Você é. Quando Isso está claro, quando Isso é visto, a colocação "não há pessoas", "pessoas não existem", fica muito clara!

Você é Consciência, Você é Presença, Você não é uma "pessoa". Você é uma Realidade com a Vida, essa é a sua Natureza Verdadeira e Isso é Felicidade. Toda complicação gira em torno desse "sentido de pessoa"; toda dificuldade gira em torno desse "sentido de pessoa"; toda confusão gira em torno desse "sentido de pessoa".

Então, na razão em que você olha para dentro de si mesmo e percebe a confusão dessa absorção, dessa identificação com esse movimento da mente egoica, que é memória, que são lembranças, que são experiências... uma vez que você tome ciência dessa falta de vigilância, dessa falta de atenção a Si mesmo, ao seu próprio Ser, isso começa a desaparecer.

Essa Consciência, que é o seu Natural Estado, Desperto, Vigilante, é Amor, é Paz, é Felicidade. Então, Autorrealização – alguns chamam Isso de Estado Desperto ou Iluminação ou Realização Divina – é Isso, é Você em seu Estado Real, é Você em seu Estado Natural.

Parece-me que a própria psicologia trata muito pouco disso, ou tem uma aproximação, a meu ver, muito pequena em relação a isso, porque não há essa compreensão básica de que esse "sentido de pessoa" não é real, de que esse "sentido de pessoa" é uma crença, é uma formulação sustentada pela memória. Então, ficamos dentro desse jogo e isso não é compreendido.

Então, eu gostaria de colocar isso aqui para você. O seu trabalho, ou o trabalho que pode ser feito em si mesmo, é esse trabalho de desidentificação, que é o fim dessa ilusão do sentido de separação, e isso tem como propósito a revelação do seu próprio Ser.

É possível que você já tenha até começado a ter alguns vislumbres Disso. É possível que você já tenha sentido, em alguns momentos, que essa dissociação desse "sentido de pessoa", desse "sentido de personalidade", com sua história, sua memória, suas lembranças, é possível; que essa identidade não é quem Você é.

Então, o meu convite a você é para ter essa aproximação: a aproximação da Verdade sobre quem Você é, da Verdade sobre Você, da Verdade do seu Ser. Definitivamente, não há "pessoa". Não há "pessoa" aqui, não há "pessoa" aí. Temos vivido dentro dessa condição em razão dessa inconsciência, o que agora acabei de chamar de "sonho", que é estar absorvido por essas memórias, lembranças, ideias, crenças, conclusões e tudo mais.

Então lembre-se: é possível Se reconhecer, compreendendo a Verdade sobre Si mesmo, e essa Verdade, que é a Verdade do seu Ser, é a sua Natureza Real, é a sua Natureza Divina, que é a Natureza de Deus.

Janeiro de 2022
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terça-feira, 25 de janeiro de 2022

A desidentificação com o pensamento

O fato é que esse sofrimento presente, agora, no momento, aí na sua vida, é algo em razão da ignorância. Você ignora a Verdade sobre quem Você é. Você desconhece essa Verdade. O pensamento tem afastado você dessa Verdade.

Você está continuamente se identificando com as histórias que o pensamento constrói sobre o que anda acontecendo na sua vida. E, aqui, a ideia de "sua vida" é a ideia daquilo que acontece externamente. Isso tudo tem tido uma representação interna. O pensamento está criando representações internas sobre o que anda, externamente, acontecendo. Na verdade, é algo aparentemente externo, porque é internamente onde isso tudo está acontecendo.

Todo esse peso aflitivo, todo esse peso de sofrimento, está em cima dessa ignorância. Você ignora a Verdade sobre quem Você é, mas tem, com muita certeza – isso em razão de uma imagem que vem sendo formada, aí dentro, ao longo de todos esses anos –, ideias sobre o que o mundo à sua volta, no momento, representa, e quem é você dentro desse contexto. Eu quero lhe dizer que isso é completamente ilusório.

Isso está acontecendo em razão da sua identificação com os pensamentos. Estar identificado com os pensamentos é a base dessa condição. Eu quero convidá-lo a se desidentificar daquilo que o pensamento tem construído a respeito de quem você é, nessa relação com esse chamado "mundo externo", onde existem pessoas, situações...

Não há Paz, não há Liberdade, não há Quietude, não há Silêncio, porque não há Verdade. O que tem predominado é a ignorância. Ignorância no sentido de você estar ignorando completamente a Verdade sobre quem Você é, confiando inteiramente naquilo que a mente diz sobre quem é você e sobre o que o mundo representa para você nesse momento.

Satsang é um convite à Realização da Verdade, da Verdade sobre quem Você é, o que representa uma completa desidentificação com tudo o que o pensamento diz. E, aqui, quando eu uso a expressão "pensamento", eu incluo também os sentimentos ligados a esses pensamentos, e as emoções que vêm junto com esses sentimentos e pensamentos.

A Verdade do seu Ser é a Verdade Divina. Ao me deparar com o meu Mestre, me deparei com a resposta à pergunta que raramente nos fazemos: "Quem sou eu?".

Há tanta confiança naquilo que o pensamento diz, naquilo que a mente diz, isso é tomado com uma certeza tão grande que nunca fazemos essa pergunta, e assim permanecemos: ignorantes, ignorando a Verdade de quem somos, a Verdade Divina que nós somos.

Portanto, eu quero convidá-lo a estar em Satsang, a ter uma aproximação real de si mesmo através da autoinvestigação, da meditação e da entrega, da rendição à Verdade sobre Si mesmo.

Eu lhe aguardo em Satsang. Você tem aí, em alguma parte embaixo, você tem o link. Você pode entrar em contato. Temos tido encontros on-line e também presenciais. Dá uma olhadinha no canal e você vai descobrir como entrar em contato conosco. E eu lhe aguardo.

Dezembro de 2021
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sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

A “pessoa” é uma ilusão

Outro ponto que eu acho importante de ser considerado aqui é essa ideia tão comum: a ideia da "pessoa", a existência da "pessoa".

Nós temos essa crença, nós acreditamos existir como uma entidade separada, então nós acreditamos que somos uma pessoa.

Assim, existe essa ideia, a ideia central de uma "pessoa" aqui presente. Isso é completamente falso! Isso é apenas uma ideia que encontra uma identidade suposta. Ela forma, forja, uma identidade.

Então, o que nós chamamos de "pessoa" é apenas uma ideia, um conceito, uma crença. Na verdade, uma imaginação. Então, o pensamento cria uma ficção, a ficção de uma identidade presente, dessa "pessoa" que "eu" acredito ser. Não existe essa "pessoa", não existe esse "eu". Isso é apenas uma ficção criada pelo pensamento.

A mente recebe um nome, um rótulo, uma rotulação, passa a se denominar João, Maria, José, e ela acredita nisso. Então, o pensamento forma, de si mesmo, uma imagem, engendrada por ele próprio; uma autoimagem. A "pessoa" é somente uma criação, uma criação imaginária do pensamento.

Então, na razão em que esse mecanismo, esse organismo, começa a falar, a agir, a fazer escolhas – eu digo escolhas aparentes, porque não existe alguém nessas escolhas. Há essa escolha, mas não esse "alguém" na escolha –, isso tudo que vai acontecendo vai só confirmando a presença dessa "pessoa". No entanto, essa "pessoa" é uma ilusão. Uma "pessoa" que pensa, uma "pessoa" que fala, uma "pessoa" que faz escolhas, uma "pessoa" que resolve, uma "pessoa" que tem os frutos de suas ações, ações positivas ou negativas, isso vai apenas confirmando essa ideia central, a ideia de uma "pessoa" presente.

O problema com isso é que toda confusão, todo sofrimento, toda forma de ansiedade, medo, preocupação e dificuldades que essa "pessoa" enfrenta são enfrentados e assumidos como reais.

O trabalho de observação de si mesmo, o trabalho de investigação da Verdade sobre quem é Você, irá desfazer essa crença, então essa entidade imaginária irá desaparecer, porque, na verdade, essa entidade imaginária nunca existiu; é apenas um falso centro.

A beleza da aproximação desse trabalho de autoinvestigação, de meditação e entrega, de rendição à Verdade, é que isso destrói completamente, anula, esse falso centro, esse falso "eu". Isso finaliza com essa identidade ilusória.

Então, veja, aquilo que nós chamamos de "ego", de "pessoa", é uma imaginação. No entanto, o pensamento engendrou isso de tal forma que isso parece ser muito real. Isso é real apenas nessa identificação com esse mecanismo, com esse corpo-mente.

Se você observa o movimento da mente, consegue ver o mecanismo de construção dessa falsa identidade, desse falso centro, e, uma vez que isso seja feito, de uma forma verdadeira, legítima, uma vez que você comece a trabalhar isso em si mesmo, essa falsa identidade, esse falso centro, desaparece, e, com o desaparecimento dele, o que você tem presente é a Liberdade, a Liberdade de Ser, de Ser Aquilo que Você é, de Ser Aquilo que você "nasceu" para Ser.

Toda essa ideia, também, de nascimento – por isso que coloquei entre aspas a palavra "nasceu" –, aplicada a essa identidade, é algo completamente falso.

Sua Natureza Real é a Natureza Divina, é a Natureza de Deus, e Isso não tem nascimento nem morte, mas é algo para ser constatado por você. Esse é o seu trabalho, o trabalho de descobrimento da Verdade sobre Si mesma, sobre Si mesmo. Então, é fundamental essa aproximação, esse olhar para Aquilo que somos.

Nós temos expressões, em nossa cultura, como "alma", "espírito"... Mas são expressões que nós usamos sem nenhuma ciência do que representam ou do que significam.

Aqui, estou sinalizando para você a importância desse Autodescobrimento, do descobrimento de sua Natureza Real, de sua Natureza Divina. Essa Natureza não tem nome. Ela também não tem forma. Ela não nasceu e também não morre.

Todo o seu debate, toda a sua luta, toda a sua confusão, todos os dramas dessa que você chama de "sua vida" giram em torno dessa falsa identidade, desse falso centro, desse assim chamado "ego", o que é, repito, uma imaginação, uma ficção.

O trabalho de descarte dessa ilusão começa por essa atenção sobre si mesmo, por essa observação daquilo que se passa agora, aqui, nesse mecanismo, nesse organismo. Não nessa "pessoa"... Não há "pessoa"! O que temos presente é esse organismo, é esse mecanismo, e todo esse processo chamado de "mente".

Então, temos mente-corpo, e isso pode ser constatado pela observação. Uma vez constatado pela observação, esse centro falso é descaracterizado, então desaparecem as ilusões, como a ilusão da escolha, da ação, da presença de um pensador...

A beleza de tudo isso é o fim da confusão, dessa psicológica confusão que esse centro falso tem sustentado há milênios. Na Índia, eles chamam de Liberação. Sim, Liberação! Liberação é o fim dessa ilusão, é a constatação da Verdade. Então, há o fim desse imaginário centro e a Verdade se revela, a Liberdade se revela.

Iluminação é isso! Realização da Verdade é isso! Realização de Deus é isso! Isso é algo possível aqui e agora. Isso é algo possível nessa constatação da Verdade que Você é, aqui.

Dezembro de 2021
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domingo, 16 de janeiro de 2022

O que é autoinvestigação?

Vamos lá!

Aqui, o que é autoinvestigação? Essa expressão seria melhor colocada como auto-observação, porque aqui não se trata da tentativa de descobrir alguma coisa que está oculta, que está escondida, que não se sabe o que é. Não é isso! Não é bem assim!

Então, a expressão "autoinvestigação" não é adequada para este trabalho. Aqui, a expressão melhor seria "auto-observação", porque isso do qual estamos tratando não está oculto, não está escondido, não é algo, de verdade, velado. Estamos tratando de algo que está presente, mas, apesar de estar presente, não está sendo constatado, e, para essa constatação, basta essa auto-observação. Então, é preciso, primeiro, observar a si próprio, descobrir essas camadas que, aparentemente, ocultam; que, aparentemente, estão velando o seu próprio Ser. Porque, aqui, se trata da constatação do seu próprio Ser, e o seu Ser não está oculto, não está verdadeiramente velado, não está verdadeiramente escondido.

Então, a palavra "auto-observação", e nós podemos intercambiar com autoinvestigação, tudo bem, deve ser encarada dentro dessa proposta. Comece a observar a si mesmo, as suas reações, os pensamentos presentes, os sentimentos presentes, as emoções surgindo com esses pensamentos, as sensações também surgindo… Uma vez que você comece a se tornar ciente de si mesmo, cônscio de si mesmo, através desta auto-observação ou autoinvestigação, Aquilo que aqui está se mostra, Aquilo que aqui já está presente se revela.

Então, o propósito é trabalhar isso. O ser humano vem sofrendo há milênios em razão dessa falta desta auto-observação. Nós vivemos, como criaturas humanas, identificados com o velho e antigo modelo de condicionamento psicológico. Essa é a condição de uma autoprojeção idealizada por crenças, por motivações imaginárias. Esse estado de identificação equivocada é o estado de sofrimento.

Então, a Autorrealização é algo essencial, fundamental, e aqui se torna importante essa auto-observação, que agora podemos chamar também de autoinvestigação, já que compreendemos o que isso representa.

Observar a si mesmo, observar aquilo que se passa e se desidentificar disso, para se reconhecer em seu próprio Ser, é algo fundamental. Identificado com pensamentos, com sentimentos, com emoções, com sensações, você está identificado com uma personalidade ilusória, com uma falsa identidade. Essa falsa identidade, essa identidade ilusória, é a base de todo sofrimento, de toda contradição, de todo conflito, de toda miséria. A Realização do seu Ser é o fim dessa identificação equivocada com esse falso centro. Alguns chamam isso de Iluminação ou Realização de Deus.

Então, a descoberta Daquilo que Somos é a simples constatação Daquilo que já está aqui e agora, presente, quando esse centro falso não está mais operando, quando essa ilusão de uma identidade separada não está mais. Então, a autoinvestigação é a base para a Meditação. Eu falo da Meditação Real, não daquilo que tem sido conhecido como "meditação". Meditação Real só é possível nessa auto-observação. Então, essa assim chamada "prática de meditação" não é real Meditação. Meditação tem o propósito de lhe mostrar a Verdade do seu próprio Ser, de lhe clarear essa Verdade do seu próprio Ser, e, para isso, esse terreno precisa estar limpo, essa mente egoica precisa ser vista, ela precisa ser reconhecida, ela precisa ser constatada. Então, a auto-observação é o fim para essa condição de identificação com a mente egoica, e isso é a base da Real Meditação.

Aqui mesmo, eu tenho falado sobre isso com vocês, a importância da Meditação e o que representa a Real Meditação. Nós nunca podemos separar a autoinvestigação ou auto-observação de Meditação. O trabalho é algo que acontece simultaneamente. Se não há auto-observação, não há Real Meditação, porque a Real Meditação só é possível nessa autoinvestigação; a Real Meditação só é possível quando você se torna cônscio de si mesmo, de todo esse movimento interno, que são os movimentos do pensamento. Desidentificado desse movimento, desidentificado desse pensamento, sentimento, emoção, sensação, é possível o reconhecimento de algo que transcende a mente e o corpo, então é possível a Meditação. Eu falo da Meditação no dia a dia; eu falo da Meditação de uma forma diferente desse conceito, dessa assim conhecida "meditação". Ok?

Dezembro de 2021
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quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

A arte da Meditação

Afinal, o que é isso que alguns dão o nome de "meditação"? O que é essa coisa chamada meditação? Qual é a importância? Qual é o valor? Que importância isso, de verdade, tem?

Primeiro, precisamos compreender o que é Real Meditação. Hoje em dia, essa palavra é uma palavra muito conhecida e muito usada, e nós chamamos de meditação várias técnicas ou práticas para aquietar a mente, para silenciar a mente. Então, isso é o que tem sido chamado de meditação.

Quando eu uso a expressão "Meditação" nesses encontros, em Satsang, estou colocando de uma forma diferente, completamente diferente disso. O que eu coloco como Meditação, eu considero como a Meditação Real. A Meditação Real não é silenciar a mente, não é aquietar a mente, até porque, através de uma técnica, através de uma prática, dessa assim chamada "prática de meditação", é possível conseguirmos esse resultado, mas não é nesse sentido que eu uso a palavra "Meditação". Porque, para mim, Meditação não tem esse propósito.

Meditação Real é Aquilo que está presente como a expressão do seu próprio Ser, como a própria expressão da sua própria Natureza Real, dessa sua própria Natureza Divina. Então, Meditação, como eu tenho colocado, é algo possível quando o terreno é completamente limpo. É necessário limpar o terreno para que a Real Meditação se expresse.

Meditação, em si, é o seu próprio Estado Natural. Então, não se trata de uma prática, não se trata de um exercício, de algo técnico, de algo mecânico, que você pratique para obter esse resultado. A Meditação Real é possível quando o terreno está completamente limpo para que Ela possa florescer. Então, Meditação é uma arte, é a arte de Ser, de Ser Aquilo que Você é.

A base para essa Meditação é a auto-observação, é observar a si mesmo, aquilo que se passa aí dentro, as suas reações, os pensamentos surgindo, os sentimentos surgindo, as emoções aflorando em razão de pensamentos, as reações como respostas da memória, como respostas do pensamento, as sensações... Quando tudo isso é observado, nessa auto-observação – o que alguns têm chamado também de autoinvestigação –, nós temos a base real para a Meditação, a Meditação como uma arte, a arte de Ser.

Então, a Meditação é uma arte, a arte de Ser, de Ser Aquilo que Você, de verdade, é. Aquilo que é Você de verdade está desidentificado, está livre, não está contaminado por esse senso de pessoalidade, por esse senso de uma particular visão condicionada, pelo condicionamento psicológico, por esses padrões de crença, por esses padrões de desordem interna, algo tão comum nesse estado confuso, que é o estado egoico.

Portanto, Meditação é o fim da confusão, mas você não vai até a Meditação, Ela é algo que floresce quando esse terreno está inteiramente limpo.

A sua Liberdade não está em controlar os pensamentos ou em levá-los ao Silêncio. A sua Liberdade está em observá-los, em se tornar ciente deles. Uma vez que você esteja ciente dos pensamentos, eles deixam de exercer o controle. Uma vez que você esteja cônscio de todo o movimento de pensamentos, eles, por si mesmos, se dispersam, param de criar um fortalecimento de uma identidade presente.

Veja, é nesse fortalecimento dessa identidade que está a confusão. Pelo fato de você não estar cônscio do movimento do pensamento, quando ele chega, ele o captura. Isso é o mesmo com o sentimento, com a emoção, com uma sensação física. O que quer que o capture, termina lhe dando uma identidade falsa.

Então, o seu sofrimento está em cima dessa identidade falsa, algo que ocorre nessa falta de auto-observação. E, sem esta auto-observação, não há Meditação.

Então, repare: Meditação é uma arte, e a arte da Meditação é simplesmente Ser! Ser é estar livre dessa falsa identidade, desse falso "eu".

Então, no Zen, por exemplo, a expressão é: "Meditação é Iluminação". Então, veja: não há distância entre o seu Estado Divino, o seu Estado Natural – que é o seu Estado Real –, e a Meditação. Portanto, não se trata de uma prática, não se trata de um exercício.

Então, é compreensível a existência de algumas práticas de "meditação"? Sim! Isso faz bem? Sim! Psicologicamente, fisicamente... mas não é disso que estamos tratando aqui.

Quando aponto para a Meditação, estou falando de algo que desabrocha, de algo que desperta, que floresce, com base nessa autoinvestigação, com base nessa auto-observação. Sem essa base, você não tem essa qualidade real de Meditação, você não tem a Meditação Real.

Então, Meditação é Ser. Isso não requer tempo, lugar… Você está dirigindo o carro, você está caminhando, você está comendo, você está deitado antes do sono, você está deitado, depois que acabou de dormir, e lá está Você em seu Ser! Isso é Meditação! Então, Meditação é algo presente em seu Estado Natural.

É claro que, para que isso "evolua" até esse ponto (e aqui a palavra "evoluir" deve ser colocada entre aspas, porque não se trata de algo que irá fazer você crescer até chegar lá. Eu uso essa expressão apenas de uma forma didática), há todo um processo de disciplina interna de auto-observação.

Então, enquanto você não exercitar essa disciplina de se auto-observar, de observar os movimentos internos do pensamento, para não mais se embolar com eles, para não mais se confundir com eles, nada estará acontecendo. Não haverá Real Meditação, até então. Então, há todo um "processo".

Tornar-se cônscio de si mesmo! Agora, veja: tornar-se cônscio de si mesmo é algo que, curiosamente, não requer tempo. Então, essa palavra "processo" também não é adequada, porque isso é algo que você faz agora, aqui. Se você não fizer agora, aqui, essa constatação, através dessa auto-observação, não haverá Meditação, e isso não requer tempo.

Então, o seu trabalho nessa arte de Ser, que é Meditação, é se tornar cônscio de si mesmo, agora, aqui, de tudo que se passa, e, na razão em que você se torna ciente disso, há uma quebra, há uma desidentificação, uma desidentificação desse centro falso, desse personagem. É quando a Liberdade do seu Ser, que é Silêncio, que é Paz, que é Verdade, que é Amor, se revela.

Essa é a sua "união com o Divino". Na realidade, é o seu Reconhecimento de Ser Um, Um com o Divino. Só há Ele! Podemos chamar de Consciência, Verdade, Deus, Ser, e podemos chamar também de Meditação. Então, Meditação é Ser, e Ser é Consciência, e Consciência é Deus, e Isso é Paz, Isso é Amor.

Na Índia, há uma expressão para isso. Eles chamam de "ananda", o que significa Felicidade, Real Felicidade.

Dezembro de 2021
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sábado, 8 de janeiro de 2022

Todos os problemas são ilusões

O fato é que não acolher a Vida como Ela é significa viver em conflito. Essa "vida em conflito" é viver em problemas. Agora, o não acolhimento da Vida, como a Vida é, representa uma ilusão. Portanto, todos os problemas são ilusões.

Quando a mente se depara com o que é e confronta, rejeita, luta contra, resiste, ela está cultivando ilusórios problemas. Essa é a condição da mente egoica.

Os problemas que você tem na vida não são problemas. O que você tem na vida são aparições que logo irão desaparecer. Aparecem por um tempo e depois desaparecem.

Então, aquilo que você chama de problema é a mente em resistência a essas aparições. Portanto, todos os problemas são ilusórios, porque todos eles estão baseados naquilo que a mente está construindo, naquilo que o pensamento está sustentando. É o pensamento em resistência, é o pensamento em luta, é o pensamento em conflito.

Então, todos os problemas são ilusórios, porque todos estão baseados nessa luta, nesse conflito, nessa resistência, nessa proposta construída pelo pensamento. São ideias, construções do pensamento.

Você se depara, sim, com adversidades, com complexidades, com dificuldades, mas isso não é problema, não representa qualquer sofrimento. O sofrimento surge quando a mente projeta sobre isso alguma coisa. O que, na verdade, você tem ali é uma adversidade, uma complexidade, uma dificuldade, um desafio, mas o pensamento transforma aquilo num conflito interno, com base na luta, na resistência, então você se depara com um problema. Mas todos os problemas são ilusórios!

Aquilo que está aqui e agora, daqui a algum tempo, irá desaparecer, porque é a natureza de tudo sofrer mudanças. Então, não transforme uma dada situação num problema de ordem psicológica, num sofrimento, e é isso o que o ego tem feito.

O seu trabalho de descobrir a Verdade sobre Si mesma, sobre Si mesmo, é o trabalho do descarte dessa egoidentidade, e, portanto, é o descarte do sofrimento, desse sofrimento psicológico, desses problemas ilusórios, todos eles construídos pelo pensamento. Está claro isso?

Da próxima vez que você se deparar com uma dificuldade, não transforme isso num problema, criando qualquer resistência. Atenda àquilo sem resistência, então você estará diante de uma dificuldade e não de um problema, de um sofrimento, de um conflito psicológico.

Mas é necessário trazer Consciência para este instante, é necessário trazer atenção para este momento, para que não haja resistência, para que o conflito não se estabeleça, para que o sofrimento não se posicione.

É assim que se vive inteligentemente, sem conflito, sem sofrimento, sem resistência, sem esse sentido de separação entre esse "eu" e aquilo que se mostra, sem essa dualidade entre "eu" e essa aparição, que, no caso, é uma dificuldade, um desafio, uma adversidade, uma complexidade. Tudo bem?

Dezembro de 2021
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quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

A presença do Silêncio

Esses dias, alguém disse: "Escute o Silêncio!", mas repare: a ausência da mente é a presença desse Silêncio. A mente é, basicamente, o ruído, o som, o barulho. A ausência da mente é a presença natural do Silêncio. Permanecer em seu Ser é permanecer na ausência da mente egoica, o que significa permanecer em Silêncio. O Silêncio é a Natureza Divina, enquanto que a mente é ruidosa. O Silêncio é a presença da Quietude.

As pessoas se sentem muito atraídas por essa questão da Meditação, porque elas acreditam que a Meditação irá trazer o Silêncio. Na verdade, a verdadeira Meditação não traz o Silêncio. A verdadeira Meditação é a presença do Silêncio! Quando você está na presença do Silêncio, você é o Silêncio da Meditação. Então, veja, não é que a Meditação vai trazer o Silêncio. O Silêncio é a presença da Meditação, e esse Silêncio é a presença do seu Ser.

Você não irá provocar o Silêncio. Alguns falam de mente silenciosa, mas a mente é, por natureza, não silenciosa. Então, é possível até você silenciar a mente, mas será o silêncio da mente: um silêncio não natural, um silêncio não real. Não é o Silêncio que estamos falando aqui com você. Estamos falando da Natureza da Consciência, que é Silêncio. Isso não é a natureza da mente.

É fundamental o trabalho de Meditação, porque a Meditação revela esse Silêncio, revela a ausência de todo o conteúdo psicológico. Nessa ausência de todo esse conteúdo, há Paz, há Amor, há Verdade. Então, a Verdade está presente, o Amor está presente, a Paz está presente, na Meditação, que é a presença do Silêncio, que é a natureza do Silêncio.

Se eu disser para você: "Escute o Silêncio!", não estarei dizendo algo real, porque quando "você" não está é que o Silêncio está. Então, não é possível ter "você" na presença do Silêncio. O Silêncio não pode ser ouvido por uma entidade separada. Essa entidade separada não é real, portanto "você" não é real!

Às vezes, nos deparamos com momentos em que o sentido de separação não está. Você está numa praia, na beira de um rio ou de um lago, ou você vê o céu, as nuvens, uma cadeia de montanhas e, nesse momento, nesse olhar, esse "mim" desaparece. Nesse momento, há Silêncio, porque existe Presença. Esse é o Natural Estado de Meditação. Não houve nenhuma programação, não houve nenhuma estratégia, nenhuma técnica, nada se fez, nada se buscou. Apenas, você estava ali, e esse "estar presente" foi tão completo, tão pleno, que o sentido de um "eu", de uma entidade separada, se foi. Aí está a presença do Silêncio.

Não tem "você" ouvindo o Silêncio; tem o Silêncio na ausência desse "você". Isso é Meditação! Esse é o trabalho que nós estamos propondo para você. Realize o seu Ser, viva em Silêncio, no Silêncio de sua Natureza Essencial! Isso é o fim para toda forma de conflito, é o fim para toda forma de sofrimento, é o fim para toda essa barulheira que a mente produz. Esse é o verdadeiro Silêncio, é a verdadeira Natureza da Consciência. Essa é a Verdade sobre Você, essa é a Verdade sobre Deus. Isso é Meditação.

Dezembro de 2021
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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

A causa de todos os problemas

Nós falamos de problemas, não é?

Vem alguém e pergunta: "Qual é a causa de todos os problemas?" Mas, aí, eu pergunto: de que problemas você está falando?

Primeiro, veja, nós criamos uma identidade. Na ficção, na imaginação, no pensamento, nós formulamos essa ideia: a ideia de uma identidade presente, e essa identidade carrega problemas, como: ansiedade, medo, preocupações, toda forma de desordem interna, psicológica... É algo inerente a essa "identidade". Colocando entre aspas essa palavra "identidade", porque essa "identidade" não é real.

Então, quando você vem e pergunta: "Qual é a causa dos problemas?", eu responderia para você de uma forma muito simples: a causa de todos os problemas é a ilusão de uma identidade. A ilusão dessa identidade separada é a base de todas as formas de problemas.

Então, quando falamos do medo, da ansiedade, da preocupação, do conflito dos desejos, estamos falando de uma identidade presente nessa experiência do problema. Sem a ilusão dessa identidade, não há problemas.

Então, o que você chama de problema é um problema desse suposto "eu", dessa suposta entidade que você acredita ser. Se você entrar fundo nessa pergunta "quem sou eu?", na investigação ou na observação dessa identidade, você irá descobrir que ela não existe, e, uma vez que você constate a não existência dessa identidade, pela observação, irá infalivelmente descobrir que não há problemas. Os problemas são para o problemático, mas o problemático não existe, é uma construção do pensamento. Esse falso centro, esse falso "eu", é uma construção do pensamento.

Então, qual é a causa real de todos os problemas? A ilusão! A ilusão de uma identidade presente para ter problemas. Então, se você tem um problema de medo, isso está numa relação entre um suposto "eu", uma suposta identidade presente, com algo. O medo é algo presente sempre numa relação de dualidade. Há esse "eu" e o objeto – a razão do medo – mas, na verdade, os dois aparecem juntos. Então, essa dualidade entre sujeito e objeto, entre esse "eu" e a outra coisa é a base desse problema, por exemplo, chamado medo.

Se você retira esse elemento dessa experiência, fica a sensação, mas não fica o problema. Vocês não podem confundir a experiência, em si, com o problema. O problema pressupõe uma identidade presente resistindo, lutando, querendo se livrar, procurando se proteger, ou atacando de alguma forma. Então, nós temos o problema.

A Vida não carrega problemas; a mente não deixa de ter problemas. É da natureza da mente dualista, separatista, egoica, carregar problemas!

Assim, a recomendação é: livre-se dessa falso centro, reconheça o seu próprio Ser, viva em sua Natureza Essencial! Isso é o fim do sentido de separação, é o fim da dualidade, é o fim do conflito, é o fim do problema. Não há problema sem esse falso centro, não há problema sem esse "mim", esse "senso de pessoa", essa egoidentidade, com as suas inumeráveis imagens, com sua busca, sua fuga, seu desejo, sua resistência… Sem esse movimento, não há conflito, não há problema.

Seu Estado Divino é seu Estado Natural, e Ele não carrega problema. Então, a causa do problema é a ilusão de uma identidade separada, de uma falsa identidade em resistência à Vida, em resistência a esse movimento Do que É, Daquilo que está presente, agora e aqui! Sempre é assim, é sempre isso...

Dezembro de 2021
Gravatá-PE
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