sábado, 26 de dezembro de 2020

Encontre essa Liberdade de “ser ninguém”

Quando você para de viajar, de se projetar psicologicamente, Você está aqui, então se abre esse Espaço... Ele está presente! Isso é como a Verdade, a Consciência, Deus, que não pode estar ausente, está sempre presente, mas você não dá o seu coração a Isso. Aqui, quando a gente se encontra, parece que algo se abre dentro de você, e você encontra essa Liberdade de “ser ninguém”. Então, fique aqui, não vá para outro lugar.
Porém, o ego está sempre se movimentando, e esse é um movimento vicioso. Quando você acredita que terá outro dia, já começa a imaginar o sol nascendo. É assim que funciona. Então, o que é essa “Coisa” chamada Despertar? É estar nesse Espaço, que é o Silêncio, que é a Liberdade da Inteligência, a ausência dessa identidade falsa, desse personagem que você sempre apresenta diante de seus “eleitores”, para ver se ganha “votos” e consegue ser “eleito”. Semelhante ao que acontece com um desses candidatos (estamos no período de eleições, não é?), o seu ego se move querendo ser muito importante, querendo receber “votos”, ser reconhecido, e esse é o problema.
Quando há Amor, Liberdade, Inteligência, Verdade, não se busca apreciação. Se você é Real em seu Ser, você está Feliz, mas é Feliz em Si mesmo, e não esperando “ganhar as eleições”, esperando os “votos” de aprovação dos outros. É típica da mente egoica essa dependência psicológica de viver se medindo pelos aplausos, desejando ser bonito para ser apreciado. Eu desisti disso! Tem um momento em que você tem que desistir dessas fantasias, pois isso é pura fantasia! O ego vive sempre na fantasia de “ser alguém”, ser importante, bonito, famoso, e isso tudo é muito infantil.
Permaneça em seu Ser, permaneça na Consciência, nesse Silêncio, e Isso é possível quando há Meditação. Assim, Deus se revela! É só aí que Ele está presente, não quando você está cantando mantras ou citando as palavras de Jesus, Maomé, Buda ou Ramana.
O que, basicamente, estou recomendando você fazer? Estou lhe recomendando a colocar seu coração Nisso! Coloque a sua vida Nisso! Aliás, você tem somente esta vida, ou melhor, só este momento para colocar sua vida Nisso! Então, abandone a ilusão do futuro, a ilusão do tempo. “Ah! Eu quero chegar ao Despertar, quero chegar à Iluminação” – isso também é uma fantasia, é mais uma imaginação sua.
Quando você se joga nessa imaginação, está perdendo a oportunidade de observar o que está se passando com você, agora, aqui, neste instante. Sua mente está lhe pregando uma peça, enganando você de novo. Você tem tudo para descobrir, agora! Não tem nada para realizar amanhã, nem para fazer daqui a meia hora, pois é tudo agora! Ou é agora, ou nunca! O tempo é uma ilusão. Então, você está fazendo a coisa errada: está se ocupando na tentativa de fazer algo para depois deste momento, e existe essa preocupação, que é mais uma ideia, de chegar a algum lugar, de “chegar a esse Estado”.
Você se preocupa: “Ah! Eu quero viver nesse Estado. Quero viver nesse Estado de Marcos Gualberto”. Gente, esse “Estado de Marcos Gualberto” não é um estado, muito menos “de Marcos Gualberto”; é a ausência de um estado e a ausência de Marcos Gualberto. Isso coloca você no mesmo pé de igualdade, porque Você, também, não é uma “pessoa”, assim como não existe nenhum estado para Você, porque Você é Consciência. Assim, não coloque o futuro como um fator real. Trabalhe agora isso! Observe suas reações agora, esses estados internos de conflito, de medo, pois tudo isso é criado pelo pensamento, pela rejeição da Vida como Ela se mostra, se apresenta.
Então, este não é o momento de mudar as coisas; é o momento de descobrir que tudo está no lugar! A Verdade não se mostra na mudança; Ela se mostra na Constatação de que está tudo no lugar, de que Deus é completo, de que a Presença, a Consciência, é completa. É preciso que você compreenda isso com o seu coração, não com a sua cabeça.
Então, este momento, em que estamos juntos, não é o momento de se preocupar com mudanças, mas de se descobrir que esse Espaço é completo e que a Verdade está na ausência dessa ilusão de “alguém para mudar”. É na compreensão dessa ilusão da “presença de alguém para mudar” que está a Verdade. Então, não é o momento de mudar nada, é momento de ficar com a Vida, com a Graça, com a beleza de Deus... É o momento de ficar no Silêncio. O meu trabalho é lhe mostrar que é simples viver em seu Ser e que tem sido muito complicado você se manter nessa ilusão de pensar como todo mundo, como as pessoas pensam, e de depender de infinitas crenças, tentando se ajustar, se moldar, a tudo que você espera de si mesmo, cobra de si próprio, e ao que outros esperam de você. Tudo isso é uma grande balela, uma grande fantasia, e isso sustenta apenas o medo. Olhe para você: tem medo do que os outros falam, dizem, pensam; medo do que você pensa sobre o que você fez, ou sobre o que você não conseguirá fazer, para “ser alguém melhor”, “alguém feliz”. Então, há sempre medo por detrás de tudo isso.
O meu trabalho é lhe mostrar como viver em Deus, em Consciência, em Inteligência, em Amor; como ser Real e viver uma Vida plena, que é não ter a ilusão de um futuro melhor e de um passado que gerou frustração, decepção – isso é fantasia. Está tudo no lugar, tudo deu certo, foi sempre certo; é que sua mente estava interpretando tudo lá, agora está fazendo isso aqui de novo e, quando chegar o futuro, vai continuar interpretando tudo do mesmo jeito.
No futuro, você também vai sentir que ainda não deu certo, assim como acontece hoje, quando você se lembra do passado e acha que ele foi um passado triste, que deu tudo errado. Da mesma forma, você vai pensar em relação ao futuro, que está na sua cabeça. Isso tudo é imaginação, é a mente produzindo essas fantasias todas. Então, o que você faz? Joga isso tudo fora, se livra da mente, se livra desse senso do “eu”, acorda e sai dessa condição.
* Transcrito a partir da segunda parte de uma fala em um encontro online, na noite do dia 15 de Outubro de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Desejo é sofrimento

O que vamos tratar aqui com você? Qual é a coisa certa aqui, se não há nada para ser ensinado, explicado ou para se aprender? O que se comunica em um encontro como este?
Nada pode ser comunicado neste encontro, a não ser a Presença deste Espaço. A gente tem muitas palavras, como “liberdade”, “verdade”, “consciência”, “presença”, “Deus”, mas nada pode ser comunicado neste Espaço; o que você pode é tomar ciência da Presença deste Espaço. Somente o Silêncio torna isso possível, e a revelação do Silêncio é a única que importa para a sua vida. Essa é a linguagem de Ramana, Cristo, Buda, de sua Natureza Essencial, de sua Natureza Divina. Na visão de Buda, o sofrimento está presente quando a agitação está presente, e o que cria a agitação é o desejo. O desejo é aquilo que cria e sustenta essa agitação. Então,o desejo é sofrimento; são dois lados da mesma moeda.
O que será que Cristo descobriu no deserto? O que foi aquele seu encontro no deserto? O que foi o encontro de Buda debaixo da árvore Bodhi? O que significa este encontro aqui? Não há nada fora desse Silêncio, desse Espaço, dessa Presença, que a gente pode chamar de Deus, Verdade, Consciência e, também, de Liberdade. Para Cristo, Isso é a entrada no Reino de Deus, no Reino dos Céus. Para Buda, é o fim do poder de maya, da ilusão, o fim do samsara. Isso é o fim, e você não precisa e não pode estudar sobre Isso. Repito: não precisa e não pode, porque você não vai descobrir essa Revelação do Silêncio do lado de fora.
Tudo que a mente pode fazer é viajar e se afastar do princípio dessa Presença, que é esse Espaço, esse Silêncio. Assim, não se trata de aprender, estudar, sobre Isso. Então, o que fazemos aqui, já que não se trata de aprender ou estudar sobre Isso? O que você aprende e estuda se torna apenas uma nova crença, somente isso. Uma crença funciona somente no nível intelectual, não toca você realmente. Repare que tudo aquilo que você tem no intelecto não trouxe nenhuma real mudança, transformação, alteração. Portanto, não estamos interessados nisso, e, se você vai aprender e estudar, jamais conhecerá a Liberação.
É necessário ver a importância de ir além da mente, que é sinônimo de crença, memória, conhecimento e experiências. Você está sempre pensando em si mesmo, e esse pensamento sempre gira em torno de uma memória. Pensamento é memória e isso é uma forma de conhecimento. As experiências pelas quais você passou se tornaram uma forma de conhecimento presente, agora. Você está sempre pensando em si mesmo como uma entidade presente somente porque valoriza esse conhecimento, essa memória, o que sustenta a ideia, a crença, de “ser alguém”.
Você nunca me fala do que acontecerá, porque você não sabe nada sobre isso, pode apenas imaginar. Você sempre me fala do que aconteceu, apenas não percebe que o que aconteceu é somente uma ideia agora, aqui; somente uma crença, uma imaginação sobre quem você foi no passado. Da mesma forma, você pode imaginar quem você será no futuro. Então, observe: isso é algo que está sempre girando em torno desse sujeito fictício, imaginário, que você acredita ser.
Há interesse nisso mesmo, aqui? Por que você tem interesse nisso? Você já viu como é aborrecido, tedioso, cansativo e nostálgico viver nesse movimento da “pessoa”? Você consegue ver que a “pessoa” não está nesse Espaço, nesse Silêncio? Ela está sempre fazendo essa viagem de nostalgia, a um imaginário passado ou futuro, que, em alguns momentos, pode deprimir e, noutros momentos, pode criar uma excitação artificial de “alegria” momentânea. Percebem como é cansativo viver nesse senso do “eu”? Foi o que meu Guru, Ramana Maharshi, me mostrou.
Na mente, você está sempre pensando que hoje foi assim, mas amanhã será diferente, ou que ontem foi pior, ou melhor. Isso é completamente falso, não tem verdade, a não ser como uma idealização, uma crença, e é o pensamento que cria isso. Para Marcos Gualberto, isso já acabou. O seu futuro não será diferente porque, de repente, terá um novo casamento ou mais dois, três, cinco ou seis filhos. Aí, você acredita que seu presente, agora, é diferente do que foi o seu passado. O ego é sempre esse movimento de tempo, é a ilusão de uma entidade presente que se repete no tempo. O tempo é uma ilusão!
Essa falsa identidade assume ser real, se repete e cria novas representações de sua história, e acredita que está vivendo uma vida diferente. Contudo, não tem nada diferente acontecendo agora, nem nada diferente aconteceu no passado, nem vai acontecer no futuro; é somente uma repetição, uma história, que é memória. Então, seu passado, seu presente e o seu futuro são pensamentos de numa suposta “pessoa”, que acredita estar presente. Ou seja, não tem ninguém aí, não tem ninguém aqui, são apenas ideias. Você, como “pessoa”, vive preso a essas ideias. Sem elas, não há nenhuma pessoa! São essas ideias que deixam você alegre e triste, excitado e deprimido.
Você precisa ir além da mente, além dessas ideias, desse conjunto de crenças. Você está sempre se configurando como um especialista em computação, que constrói uma máquina, um computador, e a configura. Você está sempre assim, se configurando no tempo, na ilusão de um tempo que o pensamento imagina existir, como uma entidade presente dizendo que ontem foi assim, mas amanhã será diferente, ou que algo poderia ter sido diferente. Quando você faz isso, está sempre se reafirmando como uma fraude, uma ilusão, como uma entidade que sofre. Sua alegria é tão curta e seu sofrimento é tão longo!
Seria uma experiência interessante se você pudesse registrar numa folha em branco os seus estados internos. Fazendo essa experiência, você descobrirá o quanto sua tristeza está associada a decepções dessa entidade que você acredita ser, porque fez algo errado no passado. Descobrirá, também, as suas preocupações se fundamentando em situações que podem não vir a dar certo no futuro. Anote também os seus momentos de tranquilidade, relaxamento e alegria, momentos de estresse, tensão, preocupação e sofrimento em algum nível, ou seja, de alguma forma de conflito presente. Você vai descobrir depois, olhando para essa folha, que a maior parte do seu tempo psicológico, que é um tempo criado exatamente pelo pensamento, é para sustentar essa ilusória “identidade” que você acredita ser, sofrendo.
Você tem poucos momentos para ser uma pessoa relaxada, tranquila, confiante na Existência, na Vida, porque a maior parte do seu tempo é para se autoflagelar, se punir, sofrer. É assim que você configura, psicologicamente, esse tempo para essa suposta entidade que você acredita ser. “Amanhã será diferente. Eu não consegui até agora, mas vou conseguir!” − isso é tensão, preocupação, conflito, e o ego é esse movimento. Você espera e exige muito de si mesmo, e não consegue fazer isso sem envolver o mundo nessa sua história, nessa sua imaginação. Isso é tensão, conflito, sofrimento. Não dá para ser feliz sendo “alguém”. Ser feliz significa só Ser, puro Ser, pura Consciência! Não pode ter “alguém presente” nessa Experiência de Ser.
Para “alguém”, as coisas podem dar certo ou errado, e somente isso já causa estresse e um sofrimento incrível aí dentro de você, mas, no fundo, isso tudo são pensamentos, e a mente precisa deles. Aliás, você, como entidade separada, não é real sem pensamentos; é “real” porque pensa − e pensa muito! − em perdas e ganhos, lucros e prejuízos. Por isso, comecei falando para você que a coisa mais importante neste encontro é esse Espaço onde o Silêncio se revela, e que não há nada para se aprender nem estudar. Não foi assim que eu comecei? Quando há Silêncio, não há futuro, memória, imaginação, nem há o que ganhar e perder. Silêncio é uma palavra para Consciência ou Meditação. Na Índia, eles têm uma expressão: “Samadhi”, que é o Estado Natural de Pura Consciência, fora do tempo, ou seja, fora da mente egoica, desse movimento tão conhecido, que é o movimento da mente.
Tem alguém acompanhando aí? Pois é… A “pessoa” é somente um conjunto de lembranças, de memórias, e tudo isso é um peso enorme.
* Transcrito a partir da primeira parte de uma fala em um encontro online, na noite do dia 15 de Outubro de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

sábado, 19 de dezembro de 2020

É fundamental permanecer nessa Fonte

Na mente, você está se movendo num reino imaginário, que é o reino dos fenômenos, como uma entidade imaginária. No entanto, há algo em você anterior à imaginação, à mente. Considerar essa Verdade de Ser como uma sensação, ou como uma ideia de consciência ou vitalidade, ou até como essa coisa objetiva chamada de “estado de paz”, é completamente falso. O que Você é, está além de tudo isso.
Em algum momento, pode surgir em você uma clara ressonância de que há algo aí fazendo-o perceber que esses estados de alegria, paz e liberdade, que a mente conhece, são todos condicionados. Você tem até mesmo uma sensação de Ser, mas isso está muito embolado com crenças sobre quem você é. Então, mesmo a ideia “eu sou” não é confiável, porque a sua Natureza Verdadeira está além da experiência de uma ideia, de um estado, de uma sensação.
Em sua mente, há algo que produz essa sensação de consciência, o que ainda é somente uma aparência, um estado fenomenal, limitado, preso a uma noção de tempo e espaço. A Verdade, a Realidade, Aquilo que é o Real Ser, não é conceitual, não é um estado, uma experiência, nem uma ideia. Simplificando: Você é Aquilo que está ciente de estar consciente, é Aquilo que está ciente do processo do pensamento e de qualquer estado que aparece e desaparece.
Alguns falam sobre essa questão do “observador”, mas ele aparece com aquilo que ele observa, então ainda é, também, somente um fenômeno. Se aparecem e desaparecem juntos, são apenas fenômenos. Aquilo que Você é está além do observador e da coisa observada, ou seja, o observador não está separado daquilo que ele observa.
Participante: O que é isso presente e independente de sujeito e objeto, de observador e coisa observada, de consciência ou não consciência?
Marcos Gualberto: Essa é uma pergunta importante, porque sinaliza a Verdade sobre Você, e Isso está completamente livre daquilo que você chama de “estado consciente” ou “consciência objetiva”. Repare que, no mundo inteiro, toda experiência surge dentro dessa consciência objetiva. Quando você toma ciência do mundo é em razão dessa consciência, mas ela ainda é parte desse mundo, dessa observação do mundo. Quando falamos de Autorrealização, estamos sinalizando Aquilo que está fora do tempo, do espaço, do mundo e de qualquer estado. Isso é algo que permanece livre de toda experiência, como sua própria Natureza Essencial, que é a Natureza Divina, a Natureza da Verdade, a pura Realidade.
Vejam que a própria prática da conhecida meditação lhe traz apenas um estado, que vem enquanto a meditação está presente. Quando para de meditar, você volta ao seu estado ordinário, seu estado comum de separação, de dualidade, de observador e coisa observada, de experiência “eu sou”. Na verdade, esse “eu sou” é a base de todas as experiências, inclusive da experiência meditativa. Sem esse “eu sou”, não pode haver qualquer experiência. O que estou dizendo nesses encontros é que Você está além de toda experiência, inclusive além dessa experiência “eu sou”.
Esse estado de “ser consciente” surge com o corpo e a mente, é naturalmente algo limitado por tempo, lugar e espaço. Então, a consciência termina surgindo como um estado transitório, dependendo da condição da mente e do corpo. É nessa consciência que as experiências humanas estão surgindo. Aquilo que você conhece como “consciência” aparece com essa presença do corpo e da mente. Portanto, essa presença do corpo e mente é um requisito necessário para que essa consciência se manifeste. Então, essa consciência é limitada, está presente nas experiências e, sem as experiências, ela não está presente.
Quando sinalizo, para você, a Autorrealização, estou falando da Consciência Real, que não depende do corpo, da mente e das experiências objetivas. Essa Consciência Real está além desse sentido ou sentimento de “eu sou”, portanto, não é algo preso a tempo e espaço. Essa é a Verdade do seu Ser, do seu Natural Ser, Daquilo que é imutável, atemporal, que não nasce, não morre e, portanto, está além do corpo e da mente, de toda experiência objetiva.
Naturalmente, essa Consciência está além de toda sensação, percepção, experiência e estados que as pessoas vivem buscando, como os estados de “paz”, “felicidade” e “liberdade”. Aquilo que Você é, não é um estado. A Real Liberdade, a Felicidade, a Real Consciência, não é um estado e não requer a presença do corpo e da mente; isso não é necessário. Na realidade, essa noção de corpo-mente desaparece completamente nesse Estado Real, nesse Estado Natural, que é pura Consciência.
Quando olha para o Sol, você não tem dúvida nenhuma de que a luz dele é própria, que ele não está pegando-a emprestada de ninguém. Se você levar uma pancada forte na cabeça e desmaiar, a sua consciência do mundo desaparece com a crença “eu sou o corpo”. O mesmo acontece em casos de anestesia geral ou em sono profundo – não existe a ideia “eu sou”, a ideia “mundo” ou o corpo. No entanto, Algo se mantém completamente livre de qualquer ideia − de vivo ou morto, consciente ou inconsciente, experiência ou não experiência − e Isso é a Luz própria do Ser, da Real Consciência.
Estou dizendo para você que o corpo, a mente, o mundo, os estados, as experiências, tudo isso recebe luz emprestada dessa Realidade, que somente Ela tem Luz própria e permanece sem alteração, sem mudança. Autorrealização é se estabelecer em sua Natureza Essencial, e Isso é Luz própria, é Real Amor, Liberdade, Verdade. Quando Isso está presente, a Inteligência e a Sabedoria também estão. O Sol consegue brilhar sem qualquer necessidade de objetos. Quer estejam presentes ou ausentes, ele continua com sua luz própria. Você, em seu Ser, é essa Luz singular, que não depende de objetos para refleti-La e confirmar, objetivamente, a Sua presença.
Toda essa experiência de mundo, todos os dias, consiste apenas nessa interação dos sentidos com objetos externos e a presença da mente fazendo esse link, e é isso que você tem chamado de “consciência”. O mesmo acontece com esse mundo interno de pensamentos, sentimentos e sensações no corpo − a mente faz esse link entre eles − e é isso que você chama de “consciência”. Estamos dentro dessa fala eliminando isso. Estou dizendo e lhe mostrando que o mundo da mente e o corpo aparecem apenas como objeto, também, ainda dentro daquilo que você chama de “consciência”. Então, isso não é real, não é você, nada disso tem existência independente, nada disso tem luz própria. Essencialmente, o corpo, a mente e o mundo são sem substância real.
Você é Aquele no qual tudo isso aparece. Voltar-se para a Fonte, para essa Real Substância, sua Fundamental Identidade, que não é isso que você chama de “consciência”, “estado” ou “experiência”, é no que estamos trabalhando aqui. Nossa Identidade Fundamental, que é anterior a essa consciência, é a Fonte. Assim, é fundamental permanecer nessa Fonte. Isso é tudo O que é, a Única Verdade! Isso é tudo que existe, que permanece em Si mesmo como Verdadeiro. Essa absoluta e incondicional Realidade é a Fonte, a suprema Fonte da Alegria sem motivo, da Verdade sem causa, da Realidade sem princípio nem fim. Esse é o último e absoluto Estado, fora de todos os estados.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 27 de Janeiro de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Na Existência tudo é Ser

O seu medo de não ser agradado impulsiona você a tentar agradar a todo mundo, assentado na ilusão de ser alguém conduzindo a vida. Você quer agradar o mundo e quer que o mundo o agrade, que ele lhe dê uma resposta satisfatória, feliz, aprazível, realizadora. Você se sente obrigado a dar ao mundo à sua volta alguma coisa para ter isso em troca. Essa é uma autoimposição imaginária de uma falsa identidade, que você acredita ser, que está aí conduzindo tudo isso, em direção a um futuro promissor, fugindo de tudo que é ruim, e eu lhe digo: isso não é verdade.
A coisa mais difícil não é agradar o outro, é ser Feliz em Si mesmo, o que significa não se ferir, não se magoar, não produzir sofrimento. Então, essa sua preocupação em agradar o mundo à sua volta não é uma coisa difícil de se conseguir. Difícil é acreditar que o mundo vai fazê-lo feliz por você fazer de tudo para os outros “serem felizes”.
O que estou dizendo é que essa coisa de tentar conduzir, controlar, para que tudo dê certo no final, já está dando errado no começo, porque você não está investigando isso claramente. Você tem muita facilidade até em acreditar que pode deixar outros felizes à sua volta, mas a coisa que vejo ser mais difícil, para você, é aceitar que você pode e precisa ser feliz, e que isso tem que acontecer primeiro, tem que vir antes de tudo.
Primeiro você está em Paz, em Liberdade, em Pura Inteligência, Consciência, em Verdade, em Amor… Primeiro Isso, depois aquilo. Se Isso está aí, em primeiro lugar, o mundo será feliz porque não terá “alguém” para infernizá-lo, assustá-lo, torná-lo triste. Noutras palavras, primeiro você Realiza Deus, que é esse Mistério, depois compartilha essa Liberdade, Alegria e Felicidade com o mundo.
O que descobri nesse Despertar é que, quando Isso já está aí, você não tem mais o mundo, ele não é mais um assunto seu, para você cuidar, ou seja, o outro não é a sua responsabilidade. Agora, você sabe que o “outro” não existe, o “mundo” não existe, e que não existe nada nem ninguém no controle.
Viva em Meditação! Pare de guiar, conduzir, controlar; pare de se firmar e de se autoafirmar, momento a momento, como “alguém” que sabe, pode e deve fazer as coisas, para que nada dê errado. Toda sua experiência será somente a do “ser humano” enquanto você estiver tentando chegar a algum lugar, alcançar algum ponto, resolver alguma questão, consertar alguém, consertar a si mesmo, ajustar uma dada situação, para que você se sinta bem; enquanto estiver buscando o controle da experiência, apressando-se para ver os resultados que você espera ter, e não o que a Vida tem, que Ela pode manifestar.
Você não é um “ser humano”, como um cavalo não é um “ser animal”, como um peixe não é um “ser aquático”. Na Existência, tudo é Ser, é Divino! Você não nasceu para ser um “ser humano”, como um peixe não nasceu para ser um “ser aquático”, como um cavalo não nasceu para ser um “ser animal”. Toda expressão da Existência é uma expressão dessa Consciência. Tudo nasceu para Ser Deus, porque tudo é Deus como Ser! Então, enquanto você estiver procurando ganhar ou evitar, obter ou se livrar, vendo o mundo através dos óculos das ideias, dos conceitos, das crenças, dos projetos, sonhos, desejos e, também, desses cuidados, pesos, pressas e diversas formas de imaginação amedrontadoras que você carrega, você terá muita dificuldade de gostar de Si mesmo. Isso porque o seu comportamento será sempre o comportamento daquele que não está pronto para o Mistério, o Milagre, a Felicidade do Puro Ser. Vida é Puro Ser!
Se a sua preocupação é agradar o mundo e a si mesmo, ou agradar o mundo para agradar a si mesmo, ou fugir do mundo para escapar da dor, a sua visão é somente a de um mundo hostil, de uma vida injusta, e só há uma coisa envolvida nisso: a mente, os pensamentos, distorcendo a Realidade. Você está pensando muito, olhando muito para frente e para trás, “segurando com firmeza o volante”, com toda atenção para não “sofrer um acidente”, “escolhendo a velocidade” e “sabendo para onde está indo”, porque você é quem está no controle.
Logo esse corpo vai cair, vai ficar na horizontal, sem respiração – todos nesta sala terão que passar por isso, e para uns está mais perto do que para outros. Quando isso acontecer e você tiver que atravessar o portal, descobrirá que a única coisa com importância é Isso que estamos falando aqui. Tudo fica aí, exatamente no lugar onde está. Tudo já fica para trás, então relaxe. Saia da frente do “volante” e deixe tudo, antes que tudo deixe você.
Descubra a Beleza dessa Mágica, que é viver em seu Natural Estado de Ser, que é Meditação – a ausência completa de controle. Meditação é isso: parar com essa ilusão de tentar guiar, controlar e conduzir qualquer que seja a experiência.
Alguns não têm compreendido bem o que é esse Estado Natural, que chamam de Iluminação. Alguém quer tornar-se feliz “se iluminando”. No entanto, a Iluminação não é um processo para que você seja melhor do que você é, ou mais feliz. Iluminação é o desmoronamento, o esfacelamento da inverdade; é ver, através dessa fachada de fingimento, ilusão e fantasias que o pensamento cria, Aquilo que está detrás de tudo isso. Iluminação é ver que toda essa fachada é somente o que, na mente, você sempre imaginou ser a verdade dessa “sua vida”, o que é a ilusão dessa “sua vida”.
Vou terminar agora dizendo o que me parece ser a maior dificuldade que você tem, sempre terá, e é isso que você precisa superar: a dificuldade de se abrir para Si mesmo, Amar a Si Mesmo. Jamais interprete essa colocação da forma como isso vem sendo repetido em diversas falas, livros e frases. Compreenda que Amar a Si Próprio é não consentir com a ilusão, com essa ideia de que você está fazendo tudo, controlando tudo. Esse “Eu Sou”, que Você é, é a maior Maravilha! Mantenha a Presença desse “Eu sou” bem viva aí dentro de Você. Deus é Algo que a gente não esquece... Não pode esquecer!
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 19 de Outubro de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Saia do banco do motorista!

O seu desejo básico é que o mundo não seja pesado e hostil com você. Você quer um mundo que o entenda, viver cercado de pessoas que o compreendam, e parece que o trabalho delas é serem legais com você, deixá-lo feliz. Você se comporta como um motorista no volante, tendo que guiar um carro; você aplica isso na vida e não dá certo. O motorista tem que guiar o carro, senão ele não chega ao seu destino. Você se sente assim na existência − assentado diante do “volante”, tendo que usar o seu conhecimento para “dirigir o carro”. Será dessa forma?
Então, você vem a Satsang, e eu digo: “Saia do banco do motorista! Ocupe qualquer banco do carro, mas saia do banco do motorista!”. Para você, o carro não vai sair do lugar dessa forma, ou, se sair, vai sofrer um acidente, porque, afinal de contas, não será você quem estará dirigindo. Contudo, quando você vem a mim, a primeira coisa que tento lhe mostrar é a importância de não confiar em si mesmo, e isso é o oposto de tudo que você aprendeu e aprende aí fora, pois todos o estimulam, lhe dão autoestima. Eu não dou autoestima a você, minha fala não tem esse propósito, não lhe dá confiança, certeza, segurança, nem diz que você está no controle. Então, o que você está fazendo aí diante do “volante”?
Aqui, se você sai do banco do motorista, sai da frente do volante, você deixa de ser o “guia” de suas experiências, de sua existência, aquele que dirige e sabe para onde está indo. Fora do “banco do motorista”, você descobre o que tenho chamado de Meditação. Meditação é não mais guiar, conduzir, não mais dar direção ao seu “veículo”, às suas experiências, aos seus cômodos e incômodos, projetos, sonhos e, também, não mais tentar se afastar do infortúnio, das vicissitudes, adversidades. Enquanto você acreditar que está conduzindo esse “veículo”, essa vida, essa existência, tudo que você experimentará será decepção, porque as coisas não acontecerão, jamais, como você espera, deseja, projeta, anseia.
Você não vai chegar ao destino, porque ele é uma projeção ideológica, ou seja, há uma ciência de ideias por detrás desse “seu destino”. Somente quando sai desse “banco do motorista”, você descobre que a Vida não precisa de você. É um absurdo, eu sei... Você vem a Satsang e descobre em minhas falas a oportunidade do destemor, que significa se confrontar, sem medo, com o que surge, mesmo vendo toda essa insegurança à sua volta. Vem uma voz e diz: “Saia do ‘banco do motorista’, você não pode guiar esse ‘seu carro’”.
Sei que isso parece loucura, porque é contrário a tudo que você ouviu até hoje, mas quando você sai do “banco do motorista”, descobre que a Vida pode dirigir a Si mesma. Na Realidade, a Vida sempre esteve na direção, Ela nunca deixou a direção em suas mãos. Suas mãos nunca estiveram, de fato, no volante. Você nunca esteve assentado nesse lugar que acredita estar, guiando, conduzindo e controlando.
Bem-vindos a Satsang! Isso aqui é o encontro com o Amor! Sim, é o encontro com o Amor, e o Amor não tem agenda, não sabe se é setembro, outubro, novembro... O Amor não tem outra coisa a fazer a não ser “queimar” tudo! Você sabe que o fogo queima tudo, mas ele não queima a si mesmo – é o Amor. Você tem medo de assumir esse Estado Natural de Sabedoria que representa não estar no controle, não estar procurando conduzir as experiências. Você se assusta só de ouvir a possibilidade de não controlar absolutamente mais nada. Contudo, esse medo é apenas falta de investigação, porque, no fundo, você nunca controlou absolutamente nada! Então, essa coisa de estar “trocando marchas, fazendo curvas, olhando para o retrovisor e para frente” nunca existiu de fato. Você nunca esteve aí! Assim, você não deveria se assustar com o acolhimento da Verdade, da Sabedoria; não deveria se assustar quando alguém lhe diz: “Afaste-se desse volante imaginário”.
Para mim, o que tem real importância não é você ouvir sobre Isso, mas viver Isso! A Vida é esse acontecimento que se dá sozinho, ninguém está na direção Disso. A Vida é compreendida nesse Amor que queima tudo, mas que não queima a Si próprio, como o fogo. Quando você está disponível ao Amor, disposto a não mais se confundir com esse absurdo que é acreditar no controle, na sua capacidade de guiar e conduzir, então a Vida se torna Mágica.
Mas essa não é como a mágica que faz o elefante sumir do palco ou a carta escondida ser revelada no final da apresentação do mágico. Eu falo de uma Mágica que não é nascida de uma estratégia de ilusão, não é um truque de ilusionismo. A Vida se torna Mágica nesse Amor Extraordinário, que é esse Fogo da Consciência Divina. A Vida se torna Mágica de uma maneira que a mente jamais seria capaz de sonhar e o maior dos mágicos ilusionistas seria capaz de produzir. A Vida não é um truque, é um Mistério, onde há uma Mágica presente. A Vida está fluindo e você não sabe, jamais saberá, para onde Ela o levará, porque é Ela que conduz a Si Própria.
Você é a Vida, não um motorista de uniforme, conduzindo a si mesmo ou a outros para algum lugar. O fato é que nós colocamos tanta atenção nessas crenças mundanas, como essa, tão comum a todos, de poder guiar, conduzir, controlar, que, no lugar de encontrarmos a Beleza desse Mistério, a Beleza desse Fogo que queima tudo menos a Si Próprio, a Magia da Vida, estamos sobrecarregados de medo e de muitos cuidados. Assim, não há Sabedoria, porque não há Verdade, e não há Verdade porque você não solta essa crença de poder controlar.
Não estar nessa direção, nesse controle, nessa condição de ilusão de condução, é o que tenho chamado de Real Meditação. Meditação é não estar controlando, guiando, conduzindo suas experiências. Essa falsa interpretação que se dá pode parecer um mal-entendido, até inocente, mas tem uma gravíssima consequência aí. Todo seu peso de existência, toda essa falta de leveza, está nessa tentativa impossível de guiar, conduzir e controlar. A medida segura para isso é o final da tentativa fútil, inútil e desnecessária de que as coisas precisam dar certo. Isso é a causa do medo, é a não confiança, a não entrega, é a não Meditação. A medida certa para isso é viver sem pensar, viver sem passado e futuro – que é o que o pensamento produz – e sem essas figuras que você tem à sua volta, as quais sempre tenta agradar.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 19 de Outubro de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A Verdade do seu próprio Ser

Você está sempre procurando o Amor, a Paz, a Felicidade e a Liberdade em um objeto ou em uma situação futura. Não há nenhum lugar e não há nada para se encontrar! Na razão em que você vê isso, de uma forma atenta, vai descobrindo a beleza de se desinteressar por aquilo que o pensamento imagina, que o sentimento provoca. Você começa a ver a beleza de se desinteressar por essas atrações melosas, sentimentalistas, dessa falsa identidade.
No ego, nós somos sentimentais, românticos, presos ao futuro que o pensamento cria, colocando-nos em situação de prazer e também de dor. Quando você já consegue vislumbrar um pouco do que eu estou dizendo, da beleza de se desinteressar por tudo isso, começa a descobrir que não há para onde ir.
Para onde você vai? Para onde você pode ir? Que necessidade você tem de ir para algum lugar? Alguns falam em Realizar Deus, em Iluminação, em Despertar… Você pode passar a vida inteira falando sobre isso, como um evento que acontecerá no futuro, um objetivo a ser alcançado. Se não compreender que Isso está presente agora, você vai passar uma vida inteira viajando nessa falsa identidade, indo para um futuro imaginário, criando uma expectativa imaginária, uma iluminação imaginária, acreditando encontrar um Deus no futuro e, portanto, imaginário. No entanto, nada estará de fato acontecendo, porque nada pode acontecer fora deste instante. Aliás, não existe nada acontecendo neste instante!
A Paz está aqui, a Consciência está aqui, o Despertar está aqui, a Iluminação está aqui, Deus está aqui, O que Você é está aqui. É só a mente que viaja! É só essa identidade aparente, separada, que cria um lar e um céu para viver no futuro. Pare de adicionar pensamentos além desses que já estão surgindo agora aí.
Você não percebe como é a mente egoica. Repare: ela não é uma entidade real, não é uma entidade separada. Eu não falo de um “eu” dentro Daquilo que Você é, porque aí você seria essa Consciência mais essa entidade, esse “eu”; haveria dois aí. Não existem dois aí! Tudo que essa mente egoica – que nada mais é que uma fantasia, um cultivo de desatenção de pensamentos – faz é procurar se manter num ciclo infinito de vir a ser, de se tornar, de alcançar, de conseguir ou de se livrar; um ciclo infinito de pensamentos adicionando pensamentos sobre pensamentos; uma entidade imaginária em um ciclo infinito de imaginações – assim eu definiria essa ilusão do “eu”.
Se você não faz essa exploração do corpo e da mente de forma dinâmica, real, aqui e agora, você vai lutar por essa “paz”, por esse “amor”, por essa “felicidade”, a vida toda. Como resultado disso, não haverá Compreensão, não haverá Inteligência, não haverá Liberdade.
Estar preso a essa condição é estar sempre com medo. Você não percebe que é esse medo que o impulsiona, o tempo todo, para resolver questões, as quais estão presentes quando problemas estão presentes. Para você, não ter o controle é um problema. Então, você quer controlar, e isso é um impulso do medo. Quando você se depara com este trabalho aqui, isso fica tão evidente, tão claro, que o seu ego fica assustado, que essa falsa identidade fica apavorada com a possibilidade de desaparecer. Na verdade, ela não tem medo de morrer, porque ela não existe como alguma coisa viva, como uma entidade real. O medo da imaginação é de desaparecer, não de morrer, e isso explica esse seu medo de não controlar.
Quando você se depara com uma fala como esta, de uma lucidez e uma clareza irretocáveis, apresentando uma visão sem rasuras, esse movimento de vir a ser, de alcançar algo, se sente ameaçado. O que você não percebe é que uma porta se abre para lhe revelar Aquilo que está presente aqui e agora – a Verdadeira Paz, a Verdadeira Liberdade, a Verdadeira Felicidade, o Verdadeiro Deus, como seu próprio Ser. Quando essa porta se abre, a fragilidade desse medo, desse controle, da questão que traz o problema do controle, que se fundamenta no medo, se revela.
Essa porta se abre aqui em Satsang. O primeiro passo dado já o coloca do outro lado do portal. Apenas um passo! Isso não requer nenhum tempo, nenhuma jornada. Pode parecer algo abstrato, mas, olhando bem, não existe nada tão prático, tão objetivo.
Isso não é ciência filosófica nem teológica. Isso é como olhar diretamente para uma flor e ter a visão do que ela representa, sem nenhuma formulação, sem nenhuma teoria, sem nenhum conceito. Assim é a Verdade, a Verdade Divina, a Verdade do seu próprio Ser, Aquilo que está agora aqui.
Você não pode chegar mais perto dessa Realidade, dessa Consciência, do que já está. Então, para onde ir?
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 18 de Outubro de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Sobre o Real Conhecimento de Si Mesmo

Podemos começar perguntando para você: para onde ir? A partir desse Lugar, desse Espaço onde Você se encontra, para onde ir? Essa ação, essa atividade de fazer, de se direcionar, sempre acontecerá enquanto você se imaginar como um “eu” separado, como uma entidade no tempo e no espaço, passível de se mover. Isso é, na realidade, um movimento muito habitual de todos. Trata-se de um movimento de afastamento Daquilo que está presente, Daquilo que nunca está ausente, desta Consciência presente agora, então é sempre imaginário.
Tudo que tem sido feito é esse afastamento, esse “eu” imaginário nesse movimento de vir a ser, de chegar, de alcançar um objetivo. Sabem o resultado disso? É o afastamento da Felicidade presente. A Felicidade não se encontra em conquistas, em realizações, em um alvo, um objetivo alcançado, dentro do movimento do tempo, que esse “eu” imagina existir para ele. Então, o resultado disso é o afastamento da singela Beleza, que é a Paz, a Felicidade que está aqui e agora.
Então, como poderíamos fazer uma definição verbal daquilo que eu considero a coisa mais importante: a Meditação? Poderíamos definir como a beleza de não se afastar, imaginariamente, Daquilo que já está aqui, que é a Felicidade. Esse “eu” imaginário, separado, não é nada além do que esse simples movimento imaginário encobrindo a Paz, a Felicidade, o Natural Estado de Meditação, seu Estado Divino, seu Estado Natural.
Por que você quer ir a algum lugar? Porque você imagina! É bem simples! Você imagina outro lugar fora desse Lugar, que é esse Espaço onde Você, como Consciência, Verdade, Paz, Felicidade, reside. Você imagina não ter encontrado O que já está aqui. Esse é o movimento do pensamento, é o movimento imaginário, o movimento desse falso “eu”. Só porque você imagina, acredita poder se mover, mas o que se move é apenas a mente, procurando por uma paz ou por um objeto que flutua em algum lugar distante – é a busca de uma situação futura, num tempo imaginário. Você não pode chegar mais perto da Paz se movendo! Tudo que você faz com isso é se distanciar Dela.
Minha ênfase na Meditação é porque a essência Dela está na compreensão de que não existe nada como o chamado “futuro”. Quem é que poderia se afastar ou se aproximar dessa Consciência, dessa Felicidade, dessa Beleza, dessa Graça, dessa Divina Presença? Apenas uma pessoa imaginária poderia se mover, um falso “eu”, algo totalmente inexistente. Não existe nada em sua experiência que esteja afastado ou longe Daquilo que Você é em Essência. Não existe nada em sua experiência que esteja acontecendo longe da Verdade do seu Ser; só a imaginação.
Você imagina um mundo no qual há pessoas que precisam ser amadas ou esquecidas, das quais precisa se afastar ou se aproximar, pessoas com quem você se preocupa, se ocupa, das quais quer resolver problemas... Tudo imaginação! Há uma pessoa principal nisso tudo que é “você”, com problemas também para resolver. Tudo isso é imaginação!
Se o seu corpo está doente, isso é um problema do corpo, não é um problema seu. É seu quando você acredita ser o corpo. Não é seu quando você deixa as crenças. O corpo é um problema para a medicina, para a ciência médica. Ela estuda há milênios como cuidar dele! É assim também com os problemas psicológicos – eles são problemas para a ciência psicológica e não para você.
Talvez, um dia a ciência psicológica descubra que o que pertence à ciência não pertence à Consciência. Colocando de uma forma diferente: aquilo que pertence à mente não diz respeito à Consciência. A Consciência permanece livre quando a mente ou o corpo estão doentes. Assim como o corpo não pode atingir a Consciência, a mente também não pode. Então, é possível que chegue um tempo em que a ciência reconheça que ela é limitada, e sempre será. Da mesma forma, é possível que chegue um momento para você – e eu espero que seja agora – em que compreenda que, quando estiver fisicamente doente, isso será um assunto do corpo e, portanto, da ciência médica que trata da fisiologia do corpo. Assim como, quando você sentir tristeza, isso será um problema para a mente e para ciência psicológica, e não para você.
É quando você se identifica com a mente que a tristeza é um problema para você. Da mesma forma, quando você se identifica com o corpo, a doença se torna um problema para você. Nosso propósito, nessa Arte do Real, do Real Conhecimento de Si Mesmo, é o fim da identificação com o corpo e com a mente e, portanto, o reconhecimento de que sua Natureza Essencial está fora da ciência. Isso é Liberdade!
A questão toda é que é muito íntima essa relação entre corpo, mente e Consciência, e você precisa da Habilidade, do Real Conhecimento de Si Mesmo, para quebrar essa identificação. A atenção sobre o movimento da mente pode quebrar essa identificação com a experiência de sensações ou de qualquer reação natural do corpo, assim como essa identificação com a experiência psicológica de tristeza, como falei há pouco, ou com qualquer outra reação psicológica. Essa atenção é tudo o que você precisa para não confundir mais essa íntima relação entre corpo, mente e Consciência. Aqui, se identificar é estar embolado. Você não é o corpo, você não é a mente... Você é Consciência! É nessa Consciência que o corpo e a mente aparecem, assim como essas reações presentes.
Então, a Meditação é a arte de se distanciar, com plena Consciência, dessa comum e habitual identificação com o corpo e com a mente. Assim, essa “viagem” que se faz para o futuro não tem lugar. A Felicidade, a Liberdade e a Paz estão presentes agora, quando você não é o corpo e a mente. Isso significa que a pessoa que está aí assentada ouvindo não é real. O que está presente nesta sala, neste encontro, é apenas a Presença. A Presença é a única Realidade presente! Essa “pessoa” aí, com sua história, é uma fantasia, é apenas um “eu” imaginário.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 18 de Outubro de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

O reinado da ilusão

O ego nos coloca no centro do universo. Depois que o ego se instala, você fica escravizado pelo tempo, porque você passa a residir em uma história. Gostariam de ouvir sobre isso? Essa é a minha especialidade: mostrar-lhe o que o ego tem feito, o que ele vem fazendo na história humana, na sua história. Aliás, só há história no ego.
Essa centralização de uma entidade é um trabalho da ilusão. A falsa identidade se centraliza em um universo que ela mesma fabrica. O ego se instala no centro desse universo imaginário, separado de tudo e escravizado pelo tempo – ele cria o tempo e constrói uma história. Esse é o seu condicionamento: mágoas, ressentimentos, rancores, frustrações, desesperança... O lado positivo também: entusiasmo, animação, esperança... Essa personalidade vive em seus sonhos, medos, desejos e pressões de todos os tipos.
O ego cria uma torrente constante, um volume enorme, extraordinário, de estruturas mentais. No centro dessa estrutura, ele se senta como um rei e se denomina “eu sou”. O primeiro nome é “eu”, o segundo “sou”. Aí, depois desse “eu sou”, o ego assume vários pseudônimos: “eu posso”, “eu tenho”, “eu quero”, “eu faço”, "eu controlo”, “eu realizo”... São pseudônimos desse “eu sou”.
Esse condicionamento vem desde a infância. O resultado é você aqui, assentado, tendo uma grande dificuldade de acompanhar uma fala como esta, resistindo, interpretando, julgando, avaliando, vendo se está certo ou errado, se isso se ajusta ao seu programa, ao seu fundo de condicionamento, se dá para aceitar ou rejeitar isso…
A verdade é que esse “eu sou”, esse rei, assume essa posição desde a infância, e nós ficamos tão envolvidos nisso! Assumimos isso como real de forma tão estreita e medíocre! Assim, “ele é quem somos”. Essa é uma suposição insidiosa, e ficamos apaixonados por isso! Ele pega o lugar de honra, se orgulha, fala em nosso nome, sente em nosso nome, pretende em nosso nome... Aliás, não sabemos qual é o nosso nome, mas essa falsa identidade já assumiu o “eu sou” e se passa por nós.
Desde a infância já estamos envolvidos, apaixonados e crescendo com esse arsenal bélico para nos defender dos ataques do inimigo. Um arsenal de autodefesa para nos defender dos inimigos imaginários. O ego, sem questionar, assume que ele é quem somos. Então, ele pega o lugar de honra, pensando, sentindo, falando, agindo, escolhendo, resolvendo, crescendo, depois namorando, casando, procriando... Ele adora procriar, adora dar continuidade à sua prole. Ele adota uma voz, um jeito, uma aparência e começa a tomar decisões e a se proteger. Ele tem um arsenal para se defender contra-atacando os inimigos imaginários que a vida apresenta. Para ele, a vida é hostil, a existência é muito hostil. O ego se sente hostilizado, mas ele tem um arsenal de autodefesa enorme! Ele vai desenvolvendo, a cada dia, novos planos e novas formas de autodefesa e contra-ataque, para se proteger da hostilidade em que vive.
Você descobre na existência, no viver, como essa estrutura se move, como se molda e como se constrói. Descobre, também, como se livra dela. A gente não aprende isso com outros, a gente aprende isso observando a nós mesmos, nos investigando momento a momento. Até porque, você é o resultado de milênios de “evolução da consciência humana”.
Não escutem essa fala de forma passiva. Vão ouvindo e observando essa paixão de infância que vocês carregam.
O ego adota mesmo essa voz e se coloca no ponto mais alto, de onde começa a tomar decisões. Aliás, ele descobriu: “eu posso pensar”, “eu posso fazer”, “eu posso realizar”. O seu ego não se importa com o que ele mesmo produz em forma de pensamento. Ele diz que vai fazer uma coisa apenas de forma verbal; é apenas um pensamento sendo expresso. Mas o controle dele é tão soberano que ele não respeita nenhum pensamento que ele mesmo produziu, e logo você se pega na força do hábito. “Vou parar de sofrer” - isso é só um pensamento. A força do hábito de sofrer não respeita o pensamento “vou parar de sofrer”.
Esse pretenso rei sentado no trono está controlando esse universo. Controle total! Ele não tem o poder real que se atribui, mas ele assume, tem força para assumir. O pensamento diz “não sentirei mais culpa”, “não sentirei mais saudade”. É como dizer “eu vou emagrecer” ou “eu não vou mais beber”. Isso é só um pensamento. Esse falso rei, com um selo falso, governa, e está forte contra os seus inimigos, tem um arsenal de autodefesa extraordinário.
Olhe para você, olhe para o que o pensamento cria dentro de você, olhe a riqueza de imagens que o pensamento constrói, produzindo todo tipo de conflito e sofrimento, dos quais você não se livra por uma simples decisão de pensamento. Sabe por quê? Porque esse falso rei vem dominando, vem controlando, vem reinando sobre esse universo que ele mesmo construiu. Desde a infância tem sido assim.
Você tem milhares de pensamentos todos os dias. Sua mão não se importa com o que sua mente pensa. Sua boca não se importa com o que seu pensamento diz sobre o efeito da macarronada ou do excesso de carboidrato. Esse rei não leva o selo real, nem tem o poder que se atribui, mas assume um poder extraordinário que você não pode jamais subestimar.
Que sutileza é essa? Que habilidade é essa? Que poder é esse? Por que o ego assume tanto controle? Porque esse lugar está ocupado! Um lugar que não é facilmente visível. Ele está no controle!
Os seus pensamentos, as suas emoções, as suas experiências sensoriais estão acontecendo e sendo determinadas ou controladas por essa forte e imperiosa vontade – a vontade do “eu”. E por que esse lugar não é visto? Porque ele fica invisível. O ego, o “eu”, reside no lugar invisível, no nosso lugar. O que se pode ver nesse lugar é um rei tirano, ditador, usurpador de trono, construindo e sustentando uma história.
O lugar da Realidade, da Consciência, é invisível, ou melhor, não é facilmente visível, porque essa vontade, aí, está sendo governada, desde a infância, por esse usurpador de trono, esse falso rei. O ego reside nesse lugar invisível. Você não sabe quem Você é porque não enxerga o seu lugar. Então, não há uma Verdade imperando; há somente uma vontade tirana de um rei usurpador de trono no poder.
O pensamento diz “eu vou” e se disfarça como sendo a fonte da Inteligência, da Sabedoria, da Consciência. Ele assume esse lugar dizendo “eu vou”, “eu quero”, “eu não quero”, “eu gosto”, “eu não gosto”. Uma aberração! O ego é uma aberração dentro de uma referência totalmente equivocada.
Nosso Verdadeiro Eu, nosso Verdadeiro Ser, nossa Verdadeira Consciência, não age pela vontade. Há uma Inteligência tão excelente e de uma qualidade tão misteriosa, que tudo acontece sem qualquer esforço, sem qualquer volição, sem qualquer intenção, sem qualquer desejo ou medo. Seu Ser carrega essa Beleza, mas essa aberração, não! Essa aberração só cria confusão, desordem, bagunça tudo, falsifica tudo, falsifica os mais belos sentimentos, as mais belas expressões do pensamento dentro dessa Inteligência.
Essa aberração falsifica tudo, nos torna seres medíocres, infelizes, complexados, traumatizados, sintomáticos, miseráveis, fazendo uso desse arsenal de autodefesa, atacando o tempo todo e se defendendo de um ou vários inimigos imaginários, em uma vida hostil, em uma existência que é só sofrimento. Tudo isso está nessa postura ou nessa atitude da “pessoa”. Essa Inteligência, essa Beleza, é usurpada pelo ego, então o que há é uma aberração de inteligência, uma aberração de beleza, uma aberração de consciência. O ego é uma autorreferência falsa trabalhando com pretensões, sempre se escondendo, se defendendo, resistindo.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 27 de Setembro de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

A coisa fundamental é Realizar essa Verdade

Descobrir Aquilo que Você é, a Verdade sobre Si mesmo, é a coisa de maior importância na sua vida!
Você tem muitas crenças, muitas ideias a respeito de si mesmo. Aqui, através do contato com essa fala, você termina perguntando a si mesmo: “Afinal, qual é a distância entre aquilo que eu sou (ou acredito ser) e a Verdade?”. “Talvez essa crença que eu tenha a respeito de mim mesmo não seja real. Afinal, qual é a distância entre a Verdade daquilo que sou e todas essas ideias que tenho sobre mim mesmo?”.
Nós estamos sempre olhando através de crenças, ideias, aquilo que está acontecendo. Então, ficamos dentro do conflito comum, olhando para a vida com perplexidade. Como, na verdade, não sabemos quem somos, não conseguimos perceber o que é a Vida! O que é a Vida, se nós nem sabemos quem somos? As ideias que você tem sobre si mesmo não lhe dão nenhuma resposta verdadeira, porque o conflito não termina. Já se tornou até algo muito comum viver em luta, em meio a todo esse conflito.
O ser humano vive em conflito porque essa é a natureza da mente. O pensamento, em suas crenças, tenta compreender ou se ajustar à Vida, e isso não funciona, não dá certo. Todos os problemas são resultados disso! Todos os seus problemas surgem da ideia de que você tem uma vida particular, e ela nunca é satisfatória! Essa “sua vida”, realmente, é cheia de conflito, dilemas, dramas e problemas.
Assim, você tem a ideia de que tem uma vida particular acontecendo, a “vida de alguém”, um “alguém” capaz de fazer escolhas, realizar desejos e se livrar dos problemas, algo que nunca acontece! Alguns desejos são realizados, mas eles estão sempre acompanhados de conflitos. Na verdade, essas realizações estão apenas acontecendo! Se olhar de perto, você vai perceber que é um acontecimento da própria Vida.
O que temos é a Vida aparecendo nesse ou naquele formato e a mente presente “discutindo” com Isso. A mente procura encontrar uma solução para todos os problemas que surgem, mas ela está confusa! Na verdade, é ela que está sustentando o problema, tudo porque você não sabe nada sobre Si mesmo, sobre quem Você é. Como não sabe quem é, você não sabe o que é importante, de verdade, para você.
A mente está abarrotada de conceitos, crenças, motivações e desejos. Você se confunde com ela e segue por esse caminho, buscando muitas coisas. Você não sabe, de fato, o que é importante para você, porque não sabe quem Você é.
Nesses encontros, eu tenho apontado para você a importância de saber o que é importante, que é reconhecer seu Estado Divino, seu Estado Natural, seu Estado Verdadeiro, que está livre de toda essa confusão que a mente tem produzido nessa chamada “sua vida”. Uma mente em conflito, uma vida em conflito. O importante é Reconhecer a Si mesmo! Então, esses desejos e toda essa procura por algo para fazê-lo feliz desaparecem, porque a Felicidade, a Liberdade, é algo inato, já é a sua própria e verdadeira Natureza, a sua Natureza Divina!
Dessa forma, Satsang é algo bastante importante, porque aponta para essa direção, para o fim dessa ilusão de uma vida pessoal, particular, própria, de uma entidade separada, desse “eu” que você acredita ser.
Após cada realização sua, você termina descobrindo que ela não lhe deu paz, não lhe deu felicidade. Isso porque você, nessa confusão, perdido na mente, vem acreditando já há muito tempo que será feliz ou estará em paz quando realizar alguma coisa, algo que deseja, que sonha.
Satsang lhe dá uma amostragem dessa Paz, dessa Felicidade, dessa Liberdade, que você já tem dentro de si mesmo. Então, pela primeira vez, você descobre que Isso não está fora, não é algo que uma nova conquista, uma nova realização ou uma nova condição vai lhe dar. Isso tudo está dentro da ilusão da mente egoica, dessa mente voltada para a exterioridade. Essa mente egoica é separatista, ilusória e está sempre andando em círculos.
Eu quero dizer que, aqui e agora, neste instante, e para além deste instante, em seu próprio Ser, está a Natureza da Verdade. Mas, enquanto está buscando algo do lado de fora, você está se esquecendo do que está aqui e agora, já presente, aí dentro.
Toda a nossa educação, todo o nosso aprendizado, todo o treinamento que tivemos, ao longo de todos esses anos, foi para que encontrássemos do lado de fora uma felicidade, uma paz, uma liberdade, que nunca encontramos e que ninguém, jamais, encontrou. No entanto, todos continuam procurando! Isso é um condicionamento mental.
Você tem certa educação, certa formação, certa cultura, certa capacidade, já tem algumas conquistas, realizou muitas coisas, mas, dentro, você ainda continua seco, endurecido, sofrido, em conflito. Isso tudo porque você não sabe a Verdade sobre Si mesmo e não recebeu um alerta quanto a isso. Ninguém à sua volta se questiona: “Quem sou eu?”. Então, falta Profundidade, falta Beleza, falta Graça.
Se a Vida aí dentro, a Realidade que é, a sua Natureza Essencial, não tem essa Liberdade de expressão, não há Beleza, não há Graça, não há Profundidade. Fica essa coisa seca, dura, conflituosa, que você chama de “vida”. Eu falo da Vida Real, fora dessa “vida”. Há uma Vida Real em Você e há uma ideia que você tem do que é a vida, que é essa coisa seca.
Há algo em Você clamando por Algo além disso tudo, que sente falta de Algo que você mesmo não sabe o que é. Você não vê a Si mesmo, só tem ideias sobre quem é. Você não vê a Vida, apenas faz ideia sobre o que a vida seja.
Dedicar seus dias, os anos que você ainda tem por aqui, para investigar Isso com profundidade, para mergulhar fundo em Si mesmo e descobrir uma Qualidade Real de Vida fora dessa “vida” que você acredita ter, que você acredita viver, é uma grande possibilidade.
A coisa fundamental é Realizar essa Verdade, olhar para aquilo que está acontecendo, neste momento, sem interpretar, sem julgar, sem desejar alterar, sem alguma forma de medo por detrás desse olhar, sem nenhum apelo romântico, sentimental, sem nenhuma forma de crença. Vê como isso é importante? Ter o coração livre do peso da mente, viver sem a mente...
Tudo isso é fruto da Meditação. Meditação é o Despontar desse Estado Verdadeiro, desse Estado Natural, Aquilo que eu acabei de chamar de “a coisa mais importante”.
Realize a Verdade sobre Si mesmo e descubra essa Paz, essa Liberdade, essa Felicidade da qual estou falando. Depois, olhe para o mundo e veja o que está acontecendo com ele. Você terá um olhar completamente diferente a partir desse “Lugar”. Quando você é infeliz, acredita que está no mundo para torná-lo feliz, para fazer uma grande diferença nele. Quando Realiza seu Estado Natural, você descobre que o mundo não precisa de você para ser feliz, que você não pode torná-lo feliz, que não existe nenhum mundo. O mundo é algo que está dentro da sua cabeça!
Se você é infeliz, quer tornar o mundo feliz, mas isso é parte da infelicidade. Você sente o mundo infeliz, vê o mundo miserável, porque internamente você está em miséria. Quando você Realiza O que é, a Verdade sobre Si mesmo, descobre a Natureza Real do mundo, a Realidade subjacente a todas as aparições, a toda a manifestação. Não existe nada fora do lugar ou errado, precisando da sua ajuda.
Você está aqui para Realizar Isso, para Constatar que não existe nenhum mundo. Essa Realização Divina é a Liberação do mundo, a Felicidade do mundo, que é quando você Realiza a Felicidade em Si mesmo. Só então você carrega o Silêncio, a Paz, a Inteligência, a Compaixão, para compartilhar com o mundo Aquilo que Você é. Isso acontece dentro de um processo muito natural, sem qualquer esforço egoico da sua parte.
Se é Feliz, você Realiza a Felicidade do mundo; se está nessa dimensão de Paz, você leva Paz para aqueles que estão à sua volta, e pode Despertar neles essa mesma Paz que tem dentro de você. Então, não se preocupe em salvar o mundo, o mundo não precisa da sua ajuda! Você não está aqui para isso, mas sim para descobrir que não existe nenhum mundo! Realize o que Você é e Deus tomará conta de tudo.
Então, meu convite é para que você “desapareça”, para que apenas essa Consciência Divina possa brilhar. Esse “sentido do eu” precisa desaparecer. Aqui, quando você não é nada, você é tudo! Aqui, quando você não tem nada, você tem tudo! Quando tem tudo, na verdade, você não tem nada. Quando é “alguém”, na verdade, você não faz a menor diferença, porque esse “alguém” é só conflito, é só confusão.
Quando compreende a necessidade de investigar isso, você fica aberto para Si mesmo. Então, se abre uma porta, uma oportunidade de você ir além de toda essa confusão, de toda essa mediocridade, de todo esse senso de insatisfação e sofrimento humano, para uma Vida Divina, para uma Vida Sagrada, para uma Vida em Deus, para uma Vida na Verdade!
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 27 de Julho de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Consciência: A luz de toda manifestação

A Verdade é a própria Luz de toda manifestação, e sempre falo da Verdade como sinônimo de Consciência. Quando há Consciência, a Verdade está presente, e Consciência é muito mais do que estar consciente. Para alguns, essa noção de Consciência é a de estar consciente, em oposição ao estado de desmaio ou de sono profundo, por exemplo, os quais chamamos de “estados de inconsciência”. Não é nesse sentido que uso essa palavra. Consciência, para mim, é a Luz de toda manifestação, e isso está além de estar consciente ou inconsciente.
Vocês acreditam que alguém em sono profundo, ou em desmaio, está inconsciente porque lhe falta Consciência, mas isso não é verdade. Essa Consciência é anterior a “estar consciente” e, naturalmente, anterior a “estar inconsciente”. É bastante difícil aceitar, na mente, que não existe inconsciência. Há somente essa Consciência! Quando a mente não tem ciência de algo, você chama isso de inconsciência. Isso é um assunto bastante interessante... Em sono profundo, o que você chama de “estar inconsciente” é a mente estando não ciente da experiência do mundo. Contudo, a Consciência sempre está presente, além dessa ciência ou não ciência do mundo.
Toda a manifestação é a expressão dessa Consciência, mas Ela é anterior à percepção dessa manifestação. Noutras palavras, a Verdade nunca deixa de ser O que Ela é. Ela nunca desaparece no desmaio, no sono profundo ou na morte. Ela nunca deixa de ser O que é: Consciência. Então, vocês precisam parar de se assustar com essa noção sobre a morte, com o desaparecimento do corpo ou da noção do mundo, acreditando que tudo acabou, pois, nessa Consciência, que é a Verdade, nada teve início e nada termina.
Essa Consciência, a Verdade que Você é, é imutável, não está sujeita a mudança. Apenas a experiência da mente é de mudança, e é isso que você chama de “estar consciente”, mas não tem nada a ver com a Verdade. Quando você acorda pela manhã, esse “estar consciente” amanhece, mas essa Consciência não precisa do “estar consciente”. Essa Verdade que Você é, está além desses estados de vigília, sono, sono profundo, inconsciência ou consciência (nesse sentido de “estar consciente”).
Quando você acorda pela manhã, tem esse estado chamado de "consciência", que é quando você percebe o corpo, o mundo, a mente. Porém, isso tudo são apenas aparências nessa experiência mental, onde os sentidos (audição, visão, tato, olfato, paladar) estão a serviço da mente. Esses sentidos também fazem parte da mente, do sonho, assim como esse mundo que você percebe, mas repito: isso são apenas aparências, nada disso é Você, o que Você é. Identificar-se com qualquer uma dessas experiências termina dando essa noção, essa sensação, de uma identidade individual, separada, que é a base do medo, de toda busca, todo sofrimento, toda confusão, e esse é o estado da mente egoica. É tão claro isso que ninguém, em sono profundo, tem qualquer preocupação de deixar de estar vivo, da possibilidade de perder a vida, morrer. Não há medo em sono profundo, porque não existe o “sonho” criado por esse sentido de separação, em que há essa ilusão de uma identidade presente.
Essa é mais uma fala para ver se você consegue soltar essa preocupação psicológica com essa identidade tão apavorada, assustada. Quando você está sob efeito de uma anestesia, toda essa experiência de “ser alguém” começa a diminuir, diminuir, até desaparecer completamente e, depois disso, não há nenhuma falta, não há nada assustador, preocupante. Isso mostra que essa chamada “consciência” é algo muito transitório, vem e vai com a mente. Quando a mente está presente, os sentidos estão trabalhando bem, e aí está o que você chama de “vida consciente”. Quando isso é interrompido pela anestesia, desmaio ou sono profundo, fica tudo em paz.
Todo esse senso de existência é somente uma aparência. Quando você sai do sono profundo, do desmaio ou da anestesia, que aqui é se tornar consciente do corpo, da mente e do mundo, fica muito claro que algo existia antes, estava lá, antes dessa experiência de estar consciente, senão isso não seria possível. Ou seja, não seria possível você estar consciente agora se antes já não houvesse uma Consciência. Isso é muito básico: você está voltando e, se está voltando, é porque estava em algum lugar.
Participante: E onde estávamos?
Marcos Gualberto: Você é O que é, e é aqui que você esteve, está e estará. É apenas a presença da mente que está chegando e partindo, não Você. Isso é fascinante, de grande beleza! Por isso que eu disse que essa Consciência é a Luz da manifestação. Agora ficou mais claro. A Consciência, que é a Verdade, é anterior a toda manifestação, é a Luz dessa própria manifestação. É belíssima a Compreensão disso! Mesmo acompanhar isso de uma forma intelectual é bastante interessante. Você não pode deixar de ser O que Você é, assim como Você não vem a ser o que não é. Noutras palavras, Você nunca nasceu, portanto não pode morrer. É tremendo isso tudo, é algo de grande beleza!
Participante: Quando a gente toma anestesia, não tem nada, desaparece tudo. Como você vive nesse mundo, se relaciona, toma decisões, sendo esse Nada?
Marcos Gualberto: A partir dessa Natureza Essencial, dessa Fonte, que é Algo não conceitual. Esse senso de presença consciente surge, essa sensação de ser e de experimentar surge, e é isso que, por si só, funciona no mundo. Não é necessária a ilusão de uma identidade presente para que essa presença consciente e essa sensação de ser estejam aí trabalhando, funcionando. Então, aqui, nessa descoberta da Meditação, de sua Essencial Natureza, que é essa Consciência e a Luz de toda a manifestação, quando Isso está presente, essa ilusão do sentido de separação fica dispensada.
Você, como Consciência Absoluta, como Real e Verdadeira Luz dessa manifestação, é anterior a ser e a não ser, anterior ao corpo e ao mundo, ao manifesto e ao não manifesto, da dualidade e da não dualidade. Vocês acham que o Sol conhece a sua própria luz? O Sol é luz absoluta, mas ele não conhece sua própria luz. Essa Consciência Absoluta é Absoluta Realidade. Aqui, estou usando o Sol como figura de linguagem, mas somente no sentido de que ele não necessita de sua própria luz e não tem ciência dela. Essa Consciência Absoluta está além do conhecer e do não conhecer, e é nesse sentido que eu comparei essa questão da luz do Sol, não no sentido de estar consciente ou não, mas no sentido de não necessitar de luz, porque ele já é pura luz.
Você em seu Ser, como Consciência Absoluta, é a pura Luz, é a Luz da própria manifestação, então é imperecível. São apenas o corpo e o mundo que desaparecem; é a mente, a ideia “eu sou”, que desaparece. Você é, e isso é a Luz de toda a manifestação, a Consciência não conceitual. Essa Realidade está além de todas as características, expressões, definições. Despertar para essa Natureza Essencial, que é essa Identidade Essencial, é se descobrir se movendo no Reino do Absoluto, onde os fenômenos não têm toda essa importância que a mente egoica procura dar.
Sua Natureza Essencial é anterior a essa “consciência de ser”. Simplificando a coisa: há Algo em você que conhece essa sensação de estar consciente, de estar presente, mas o que Você é, está além dessa sensação, e é isso que estou dizendo. Esse Algo é sempre incognoscível, indefinível, indescritível, inominável. Então, há uma certa tentação de acreditar que esse Natural Estado de Ser é um estado de paz e felicidade, que aqui é o contrário de conflito e guerra, do ponto de vista da mente, mas o Estado Natural está além dessa “paz” e dessa “felicidade” que a mente imagina. Tudo que a mente conhece é por contraste e experiência. Se ela imagina a paz, a felicidade, é com base na sua experiência de conflito e guerra, então isso ainda não é a Verdade. Essa não é a Paz, a Felicidade, e assim vale para o Amor, pois o que a mente conhece como “amor” é sensação, prazer.
O que a mente conhece é sensação, e todos esses estados são objetivos, vêm e vão, aparecem e desaparecem. Por exemplo, você está feliz hoje e amanhã já estará triste; está em paz agora, mas daqui a pouco acontecerá algo e você perderá isso rapidamente. Isso é tudo o que você conhece. Contudo, O que Você é, está, evidentemente, além de tudo isso, além desses estados. Em algum momento, em Satsang, pode haver uma ressonância, algo apontando para essa Dimensão, porque existe um certo contato, mas logo a mente volta e ocupa de novo o espaço dela, então começa a traduzir, interpretar tudo, de forma objetiva e subjetiva. Isso é automático e tudo que a mente sabe fazer é viver de experiências.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 27 de Abril de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Um belíssimo jogo

A vida é um belíssimo jogo! Se você vê isso com clareza, é assim que ela parece: uma grande peça, um grande jogo, onde a Consciência desempenha todos os papéis. Aqui, o fato é que “você” desempenha papéis e está nesse jogo sem conhecer a sua Identidade Verdadeira, então ele se mantém oculto. Às vezes, como parte dessa grande peça, existe um Reconhecimento de sua Natureza Verdadeira, e estar em Satsang é a grande oportunidade para Isso.
Agora mesmo, estamos vivendo uma problemática mundial, pois estamos numa verdadeira guerra, na nossa “Terceira Guerra Mundial”, contra um exército invisível de vírus. Essa é uma problemática de saúde do planeta, mas não conseguimos encarar isso como um jogo, uma peça, uma representação divina. Na mente, você vê isso como um terrível drama, porém, quando o Show é visto, não é essa a visão. Quando o Show não é visto, tudo isso é encarado como um drama, e por quê? Porque você costuma desempenhar papéis sem conhecer sua Natureza Verdadeira, sua Real identidade.
Quando esse envolvimento com os papéis acontece e não se sabe que isso é um Show, isso tudo é levado muito a sério, então temos o drama, o pesado drama da vida. O seu envolvimento como um personagem nessa peça, ou nesse Show, sem o Reconhecimento da Verdade, é algo levado muito a sério. Todos os dramas da vida parecem surgir da falta desse Reconhecimento, ou seja, todo o seu problema é somente da “pessoa”. Em outras palavras, a ideia da “pessoa” é a inconsciência sobre o Show.
Quando se percebe o personagem, ele não desaparece, é apenas reconhecido como tal; não acontece um flash de luz e ele desaparece. Alguns imaginam a Iluminação como algo assim, um flash de luz, e é por isso que existe essa “iluminação” em massa acontecendo ao redor do planeta. É claro que aqui estou sendo irônico, porque isso é somente parte do drama da egoidentidade, pois o ego não se ilumina, mas pode se ver, se imaginar, “iluminado”. Por exemplo, há pessoas que vestem trajes laranja, ou colocam algum tipo de roupa especial, carregam na mão um japamala, que é uma espécie de terço de contas, deixam a barba crescer ou raspam a cabeça por completo, e “se iluminam”. Como isso está acontecendo ao redor do mundo, essas pessoas começam, também, a fazer discípulos e a ensinar a eles as “verdades espirituais” que elas conhecem. Isso, também, é parte de um papel que o personagem pode representar, sem ter a mínima consciência de que está numa representação e completamente inconsciente de Si mesmo.
Existe, porém, um outro aspecto desse Show, que é quando há um claro Reconhecimento da Verdade sobre Si mesmo, e é provável que esse aparente personagem continue a levar o que parece ser uma “vida comum”. Não é necessário que esse aparente personagem conte a outros que não existe nenhum personagem real e que esse Show também não é real, mas somente uma representação teatral, uma grande brincadeira divina. No entanto, há também a probabilidade de ele começar a comunicar Isso. Agora, estamos falando do Sábio, do Ser Realizado, não mais daquele que está se enganando e, naturalmente, enganando outros, sem nenhuma consciência dessa inconsciência.
Todos acompanham isso? Está claro? Então, a Liberdade é Algo singular, é o Reconhecimento do Show. A Consciência se reconhece como parte do Show e como a produtora dele todo, nesse ou naquele mecanismo humano − esse é o Real Despertar. O Desperto, o Ser Realizado, o Sábio, pode comunicar Isso a outros, ou não, e se esses outros recebem de verdade essa comunicação, também podem chegar a esse Reconhecimento, a esse mesmo Despertar.
Outro ponto aqui sobre essa peça, esse jogo, é que isso tudo está acontecendo sem um propósito espiritual ou evolutivo, como a mente gosta de fazer parecer. Para a mente, tudo tem que acontecer dentro de um propósito evolutivo, espiritual, ou de qualquer outro propósito que ela queira criar. Contudo, essa peça não tem propósito, é somente um entretenimento cósmico, uma festa sagrada, divina! A Consciência Suprema, a Verdade Divina, Deus, ou outro nome que você queira dar para o Autor de tudo isso, está em um entretenimento cósmico, um entretenimento fenomênico, autoproduzido.
Nesses dias, chamei isso de “uma piada cósmica que Deus está contando para Si mesmo”, mas só não lhe disse como é que Ele acha graça disso... Ele acha graça quando você pode rir disso! Então, é um entretenimento para fazê-lo rir, mas você pode rir somente se Acorda e vê o jogo, a peça, ou seja, quando consegue ver o entretenimento divino acontecendo. Se isso não acontece, no lugar disso você vê um drama. É difícil você aceitar a realidade disso tudo, porque não tem os olhos da Consciência para ver o que acontece. Na mente, o que chamamos agora há pouco de “Terceira Guerra Mundial” é encarado como um horror, mas não é visto assim sob os olhos da Verdade.
Há somente Deus fazendo tudo, quer sua mente compreenda isso e aceite ou não. Não há nada fora dessa Consciência, ou, em outras palavras, não existe nada acontecendo fora dessa Vontade Divina − essa é a visão do Sábio, do Ser Realizado. O fato é que tudo isso é um grande jogo divino, sendo que Você é esse jogo e não existe nenhuma existência separada Disso que Você é, de sua Natureza Verdadeira, Real. A beleza desse encontro chamado Satsang, que significa encontro com a Realidade, com a Verdade, é a possibilidade de conseguir perceber o jogo, o que está por trás, e a beleza de tudo isso. É um jogo fascinante! Nascer e morrer faz parte dele, mas é difícil perceber isso.
Estamos tratando em Satsang da Vida como Ela é, não como você, em sua mente, acredita que deveria ser. A Vida é sem todo esse conteúdo de pensamentos, é algo além de todos os conceitos, crenças, ideias, julgamentos, opiniões, de toda essa noção de justiça e injustiça, de verdade ou ilusão. O Florescimento da Verdade sobre Si mesmo, a Constatação da Realidade, do Show, do jogo, os Sábios chamam de Liberação. Isso é o fim da ilusão desse sentido de dualidade “eu e o mundo”, “eu e o outro”, “eu e a vida”, “eu e o divino”, porque isso não tem espaço na Realidade, é apenas um espaço de representação, de teatro, de Show, o que, em última instância, não é real.
É difícil acolher isso como sendo real, porque sua perspectiva de realidade é a da experiência da mente. Porém, a Vida está além do pensamento, da imaginação e de todos os conceitos que a mente possa produzir. Identificar-se ilusoriamente com um personagem é se confundir com uma crença, pois esse “eu” é um senso psicológico imaginário, apenas uma aparência, uma aparição na Consciência. Sua vida ilusória está assentada nessa base falsa, na crença desse “eu” psicológico, dessa identidade psicológica, dessa fantasia. Estar se identificando com esse “eu”, com esse senso psicológico de uma identidade, é estar se confundindo com uma imaginação.
Eu quero convidar você a permitir a Vida ser O que Ela é. Então, ao invés desse esforço para se livrar desse drama, que aqui é essa ideia de que você pode morrer contaminado pelo coronavírus, quero convidá-lo a se livrar desse esforço, livrando-se da ilusão de que você é “alguém”, que tem qualquer poder para controlar alguma coisa, como a vida ou a morte. Quando você está completamente livre do sentido do “eu”, da ilusão dessa identidade na experiência do viver, Você é um ser Realizado, Desperto, livre do sentido de separação.
Reparem que não estou falando de uma experiência. Agora há pouco, eu disse para você que alguns personagens podem se imaginar livres da ideia de serem “personagens”, mas continuar sentindo-se como tais. Você pode até ter um vislumbre de que não existe nenhum personagem presente, nenhuma identidade presente nessa experiência, mas toda experiência desse tipo vem e vai. Quando essa experiência, o vislumbre, está presente, surge a imaginação de se estar liberto, mas depois esse antigo “eu” volta e, nesse momento, fica claro que isso era somente uma crença também, mais uma experiência, e não é disso que estou falando.
Estou falando de Algo Real, que se assenta aí como seu Natural Estado de Ser, aqui e agora, não da “sensação de iluminação”, da “experiência de iluminação”, não da percepção temporária de que tudo isso é um grande Show, sem alguém presente aqui e agora. Não estou falando de uma experiência, mas sim de um mergulho irreversível, sem volta, onde o mergulhador desaparece no Oceano da Realidade.
Portanto, não se trata de um esforço para se livrar do pensamento ou da imaginação “eu sou alguém”, ou para se tornar “alguém iluminado”. Na realidade, é algo bastante perigoso o esforço para se “iluminar”, porque, ao se esforçar em direção a isso, você termina “se iluminando” mesmo. Ou seja, você cai noutra armadilha, pois antes era uma “pessoa sem iluminação” e, agora, é uma “pessoa iluminada” e continua inconsciente do Show, do jogo, porque ainda se confunde com um experimentador, com “alguém” presente aí. A Iluminação é o fim da ilusão de “alguém” presente, é a Consciência na Consciência, pela Consciência, em seu entretenimento divino, sua peça, seu jogo, onde não tem ninguém.
Então, Iluminação é permitir a Vida como Ela é, sem “alguém” dentro do Show, da peça, sem todo esse esforço para se livrar do “eu”, ou alcançar alguma coisa, sem esse estado que alguém chama de “iluminação”. É disso que estamos tratando em Satsang. Agora, neste momento de reclusão, cada um em sua quarentena, é uma oportunidade para se observar isso.
Esse descanso, ou essa rendição, essa entrega à Vida como Ela é, não acaba com a vida do corpo. A Vida continua a acontecer, mas ela não fica mais sobrecarregada pela complicação da imaginação, do pensamento. Eu chamo Isso de Estado Natural de Felicidade – a Vida, aqui e agora, sem toda essa representação imaginária que o pensamento produz, criando uma sobrecarga enorme de uma identidade falsa, ilusória, que é chamada de “eu”.
Nesse Estado Natural, não há mais a busca por algo, como paz, amor, felicidade, porque Paz, Amor, Felicidade e Consciência já estão aqui e agora, como a própria Vida! Estou falando de Você e de sua Natureza Verdadeira. Você é Isso, é Consciência, seja qual for sua aparência. Você pode ser gordo, magro, alto, baixo, não faz a menor diferença. Aqui, não estou falando daquilo que é aparente, mas Daquilo que está além das aparências. Você é Consciência!
As aparências podem aumentar, diminuir, mudar, se transformar, podem aparecer e desaparecer. Por exemplo, aparecem quando as crianças nascem e desaparecem quando as pessoas morrem, mas são somente aparências. As formas estão desaparecendo naquilo que chamamos de “morte”, nessa coisa que denominamos “guerra contra o vírus”, mas tudo se desenrola dentro dessa Consciência, dessa Realidade Suprema, e tudo isso é simplesmente a história da peça, do Show. Vou terminar dizendo isso: tudo o que você está vendo, tudo o que acontece, é apenas parte da história do Show, do jogo.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 27 de Março de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

sábado, 21 de novembro de 2020

O Seu Coração é Deus

Não é a fala que importa em Satsang. A fala é uma forma de termos uma aproximação Daquilo que, de fato, importa neste encontro, que é esta Presença, esta Consciência, que não fala português, inglês ou qualquer outro idioma; sua linguagem é do Coração, do Silêncio.
Há algo presente em todos vocês que precisa estar em contato com a Realidade, e esse “algo presente” é o Coração. Quando, no Coração, esse contato não está presente, há uma dor. Todos vocês estão neste encontro porque há uma dor presente, há uma busca por esse contato com a Realidade. Sua Natureza Verdadeira é Felicidade, e é Isso que todos anseiam. Não existe nada que consiga colocar fim a essa dor a não ser o contato com a Realidade, que é o contato com a Felicidade.
O sentido de separatividade é a causa dessa dor. A falta desse contato com Aquilo que Você é, é a causa da dor presente, a dor da separatividade, a dor da ignorância. A mente egoica carrega essa dor e não consegue se livrar dela. Enquanto você mantém esse sentido de afastamento de Deus, da Verdade que você traz em seu próprio Coração, essa dor continua.
Você tem feito de tudo para abafar essa dor, para fazê-la desaparecer, mas isso jamais dará certo. Não adianta se casar, conseguir um marido, uma esposa, filhos, uma casa bonita, porque nenhuma realização externa pode colocar fim a essa “dor no Coração”. Somente Deus pode fazer isso! Por isso, alguns chamam essa Realização de “sua Verdadeira Natureza”, que é a Consciência da Realização de Deus.
Realizar O que Você é, essa Consciência, essa Presença... só Isso Apazígua, traz Quietude e Amor ao Coração, porque Isso é o fim da dualidade. A dor está toda no sentido de separação. Enquanto houver o sentido de separação, haverá alguma forma de medo – medo de perder o que ganhou, medo de perder a vida que você acha que é sua, e isso é sofrimento.
Esse imaginário "eu" está sempre procurando Paz, Felicidade e Amor do lado de fora, em objetos, em pessoas, em situações, em viagens, no entanto Isso jamais será encontrado nesse sentido de existência separada. A própria busca de Paz, Felicidade e Amor é o sofrimento.
Não há Sabedoria alguma em viver na mente. Viver na mente é muito estúpido! Não assumir a Verdade de sua Natureza Real é muito estúpido! Você está aqui, neste momento, para ser Sábio, para viver o Amor, a Liberdade e a Felicidade, e isso é sinal de Sabedoria. O estresse, a ansiedade, a segurança em objetos, em pessoas, em realizações externas, nada disso é sinal de Sabedoria, porque não há real segurança no lado de fora. A Vida é esse movimento de grande beleza, mas Nela não há nenhuma segurança. A mente estúpida, a mente egoica, está na procura dessa segurança e, por isso, tem esse movimento para fora. Isso é tudo o que ela conhece.
Nesse “sentido de separação”, não existe fim para essa busca, então o sofrimento permanece, também, sem um fim. Portanto, é necessário que aconteça o final dessa busca, e, quando isso ocorre, a mente retorna para a Fonte, que é o Coração, então essa Presença, essa Consciência, se apresenta como Real Inteligência e não há mais estupidez. Agora, não há mais medo, não há mais ignorância, não há mais dor. Essa busca de Paz, Felicidade e Amor no lado de fora, em objetos, em pessoas, no mundo, não está mais presente. O único lugar onde você repousa, descansa, em que você é real, é em Si mesmo, no Coração. O único Espaço onde você se reconhece como pura Realidade, pura Liberdade, como Aquilo que é Eterno, é no Coração.
Quando não há mais essa crença, quando o sentido de separação se dissolve, quando esse sentido de distância desaparece, o Amor está presente, a Verdade está presente, a Beleza está presente. Você está aqui para Realizar Isso! Você está aqui para ir além desse sentido de separação, dessa crença, dessa distância fictícia, dessa ilusória distância entre “eu e Deus”. O seu Coração é Deus, Ele não está no céu! Você nasceu para a Felicidade, nasceu para a Liberdade, nasceu para conhecer Deus, e conhecer Deus é se conhecer Nele!
A Revelação ou a Compreensão dessa Verdade produz o colapso da ilusão do sofrimento. Todos os conflitos dentro de você se projetam para fora, num mundo criado pelo pensamento. Todos os conflitos entre indivíduos, nações, comunidades, pessoas, tudo isso está assentado nessa ilusão do sentido de “alguém” presente, esse "eu", esse "mim". Não existe isso! Todos os conflitos estão dentro desse sonho chamado "sentido de separação". O sofrimento dessa aparente entidade presente se reflete em um aparente mundo externo – esse é o sonho, todo o pesadelo dessa egoidentidade, essa “dor no Coração”.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 15 de Maio de 2017 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Tudo é um grande jogo

Para mim, tudo é um grande jogo. Se a Vida é vista com clareza, você pode ver esse grande e maravilhoso jogo divino, e todas as representações, todos os papéis, fazem parte dele. Se você conhece e percebe Isso, todo sofrimento termina.
Porém, se não existe uma Compreensão direta do seu próprio Ser, de sua Natureza Real, esse jogo toma uma seriedade muito grande, que é quando há o envolvimento desse personagem que você acredita ser. Todos os dramas que você tem na sua vida possuem base nessa ignorância, nessa falta de reconhecimento do seu Ser Real. Então, se o jogo não é visto como ele é, você se vê como uma entidade separada, vivendo o drama da vida, dessa complexa existência. É assim que a mente encara a vida − um grande drama.
Os Sábios chamam isso de “ilusão da ignorância”. Ou seja, não falta a Compreensão, mas existe uma ilusão de se ignorar Isso. Se você ignora o Conhecimento, a Verdade, que é a pura Compreensão, você está vivendo na ilusão da ignorância, na ilusão desse desconhecimento, desse não reconhecimento. Por isso que podemos chamar isso de “ilusão da ignorância”, pois não há nenhuma ignorância.
É nessa ilusão da ignorância que o sentido de separação vive os dramas que ele mesmo produz, e é tudo imaginação, fantasia, falso. Isso não é real porque a sua Natureza Essencial é Sabedoria, Compreensão, Consciência, e esse é o maravilhoso jogo Divino – a Consciência “inconsciente de Si mesma”. A Consciência não pode estar inconsciente de Si mesma, no entanto, parece ser assim. É por isso que eu chamo isso de “jogo maravilhoso”. Essa é a visão do Sábio sobre isso tudo.
Então, você vem parar em Satsang para descobrir que Satsang já é a sua Natureza Real, mas você roda muito, caminha muito, até parar, e aqui está a brincadeira, está o jogo. Por isso a Verdade soa de forma paradoxal: não há o que ser encontrado, nada para se buscar, no entanto você não pode partir de uma crença desse tipo, porque acreditar nisso ainda faz parte da ilusão da ignorância. Não adianta você acreditar no que os Sábios dizem, pois isso será somente mais uma crença nessa ilusão da ignorância. É preciso investigação; uma cuidadosa, paciente e dedicada investigação disso tudo.
Essa investigação é mais que uma averiguação intelectual, é uma descoberta de todo esse truque, de todo esse jogo, dentro de si mesmo. Quando você descobre o jogo e sabe que tudo isso é ele, não há mais drama. Contudo, se você não o descobre, não há nenhum jogo, então tudo continua sendo somente um drama, pois, para a mente egoica, tudo é um grande drama, tudo é contraditório, difícil e doloroso. Então, quando sua Natureza Verdadeira se torna óbvia, clara, esse personagem, que você acredita ser, desaparece.
Algumas pessoas ao redor do mundo colocam aquelas roupas laranjas, praticam diversas formas de exercícios, que eu chamo de práticas espirituais, mas isso é apenas um personagem vestido de laranja e, agora, fazendo alguma coisa. Ou seja, um personagem continua presente. Não dá para se livrar da ilusão da ignorância através de práticas esotéricas, místicas ou espiritualistas, ou através de muita leitura, muitos estudos, já que dessa forma o personagem continua presente. Se esse personagem não é visto, o jogo não é reconhecido, então ele não desaparece, apenas modifica seu modo de trabalho, de operação. Assim, antes ele tinha uma vida ordinária, comum, mundana, e agora ele tem uma vida espiritual, santa, envolvida com as práticas, com as virtudes, com a espiritualidade.
Essa fala não se trata de um ataque às práticas da espiritualidade, estou apenas dizendo que isso não é suficiente. Aliás, isso pode se tornar um grande impedimento, porque uma coisa é o “ego viciado”, outra coisa é o “ego virtuoso”. Então, assim como existe o “ego viciado” e o “ego virtuoso”, existe o “ego mundano” e o “ego espiritualizado”, e o jogo continua. Ou seja, você é o seu jogo! Toda essa “história de sua vida” termina acontecendo dentro desse jogo, ou ele próprio é essa “história de vida”. Dessa forma, a Vida não pode ser O que Ela é, porque há sempre resistência, há sempre uma ilusão presente, tentando mudar, moldar, alterar, modificar, rejeitar a Vida, o que se apresenta. Então, nunca há um descanso. Você nunca descansa na Vida como Ela é.
Você é Consciência, e o que quer que esteja presente, aparecendo nessa Consciência, é apenas o jogo Divino, e Isso é O que é, e está perfeito. Porém, o ego não encara dessa forma, a mente não vê dessa maneira. Então, como isso tudo pode ser visto? Não é possível reconhecer diretamente isso sem uma desidentificação desse movimento interno da mente, dessas ilusões que o pensamento cria. Sem essa desidentificação, você não pode ter esse reconhecimento do seu Ser Real.
Então, a vida mundana ou a chamada “vida espiritual” não têm relevância para essa Clareza, para esse Despertar, porque ainda são parte do jogo. Se a presunção é sempre de uma individualidade presente, mesmo que ela esteja melhorando, aperfeiçoando-se, tornando-se mais pacífica, mais humilde, mais virtuosa, a ilusão continua. Portanto, não adianta se espiritualizar, embora eu saiba que, no fundo, alguns de vocês tinham o sonho de se tornarem uma pessoa espiritualizada.
Lembro que, há mais de quarenta anos, havia essa ideia aqui também. Quando eu estava com dezessete ou dezoito anos, havia uma crença presente e um “eu” dentro dela. Eu acreditava que estava faltando espiritualidade ou espiritualização. Meu Guru apareceu cinco ou seis anos depois e aí ficou claro que não se tratava de me espiritualizar, de ser mais espiritual, pois eu já era bastante espiritual nessa época. Ser espiritual não é complicado, bastam alguns anos de prática.
Quando você nasce numa família religiosa, cresce aprendendo, desde o berço, como se tornar uma pessoa melhor, uma boa pessoa, que não fuma, não bebe, não tem vícios, então foge ou se separa do mundo, mas a questão não é essa. A vida espiritual termina impondo muitas condições, começa a mostrar o que é puro e o que é impuro, mas sempre para essa entidade separada. Então, ela se apropria de procedimentos, de algumas dietas, de cerimônias, de uma conduta sexual não reprovável, numa luta para alcançar o silêncio e a rendição ao Divino, a Deus. No caso, Deus pode ser muito bom, mas não resolve.
Depois você parte para a espiritualidade “mais avançada”: dieta vegetariana; celibato, sexualidade tântrica, práticas de meditação (meditação na luz azul, na chama violeta, etc.), contato com seres elevados, de outras esferas... Alguns gostam de astrologia, outros do tarô, de outros tipos de coisas, e tudo isso parece ser de elevada estatura espiritual. Alguns se dedicam ao mundo espiritual através da viagem astral ou do contato com outros planos, contatos de terceiro, quarto ou quinto grau, e por aí vai.
Tudo isso ainda é parte desse jogo e alguns passam a vida inteira ligados a isso, encantados com isso. Você compreende? Isso faz algum sentido para você? Nada disso resolve! Você precisa mesmo é de um mergulho em si mesmo, para um descarte da ilusão desse “eu”, seja ele mundano ou espiritual, viciado ou virtuoso, profano, pecador ou santo, de fala mansa e aparência religiosa.
Olhe para isso, ok? Vamos ficar por aqui!
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 25 de Junho de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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