Você sabe andar de bicicleta? Para aprender, você começa com duas rodinhas atrás ou com alguém segurando você, porque senão você cai. Não é assim? Aquelas duas rodinhas têm que lhe dar esse apoio, porque você não tem equilíbrio ainda, nem pedalada suficiente. Andar de bicicleta é assim: zero velocidade, você cai; e velocidade requer pedaladas.
A dificuldade é pedalar quando você não tem equilíbrio. Sem pedalar, você não tem velocidade e, sem velocidade, você não tem equilíbrio, mas se você pedala sem equilíbrio você cai. Como o cérebro ainda não tem um registro da velocidade suficiente e da forma correta de pedalar, você tem que aprender a andar de bicicleta e, para isso, tem o apoio de alguém segurando ou daquelas duas rodinhas. Pode levar meia hora, duas horas, ou dois dias, mas dá para andar de bicicleta sem esforço, sem rodinha e sem ninguém segurando. O que isso tem a ver com Realização de Deus? É possível não cair mais nessa mente egoica, sem esforço, sem ninguém ou nada segurando, sem nenhum suporte.
Não podemos aprender a “andar na bicicleta” dessa Consciência plena e não dual sem rodinhas. Em geral, não podemos, porque nem todo mundo nasce como Ramana Maharshi. Quando nasce, a grande maioria de nós não é tão dotada de liberdade interna, de desapego de desejos, medos, a ponto de tocar nessa Dimensão. Não temos inclinação para isso. Não temos essa nostalgia, essa sede, esse anelo pela Liberdade. Mesmo que você tenha alguns vislumbres de alguma coisa fora da mente egoica, sua predisposição vai sempre afundá-lo novamente nesse “piloto automático”, e o seu “aviãozinho” continuará voando rasteiro, no mundo dos nomes, das formas, dos desejos, das imaginações, da ansiedade, da depressão, da ilusão.
Então, precisamos de rodinhas em nossa bicicleta, de um apoio nos segurando, enquanto aprendemos a dar as primeiras pedaladas, até que tenhamos coragem de acelerar. Em geral, apesar de toda essa segurança, há o medo de pedalar. Depois a coragem vem, mas as rodinhas ainda estão lá, ou tem alguém atrás para dar suporte. Colocando isso para você de uma forma muito simples: estar nessa Consciência não dual, desfrutar dessa Liberdade de não sofrer por não mais se iludir com invencionices dessa egoidentidade, não é uma coisa fácil, simples e natural para a grande maioria de nós, porque logo o “piloto automático” assume o “aviãozinho”.
A visão do Sábio, do Santo, o qual é extremamente raro, é clara, e é ela que nos inspira à Verdade. O Santo é aquele que tem o gosto da impessoalidade, da Consciência não dual, de viver sem a história e, com ele, “a bicicleta segue sem cair”. Os Santos ficam invisíveis, porque é algo extremamente raro reconhecê-los. O Santo é aquele que tem o gosto do Natural Estado, livre da “pessoa”, e é extremamente raro reconhecer a beleza desse Estado em alguém assim, porque ele fica invisível. Compreendem a dificuldade? Você pode viver por 30, 40, 50, 60 anos com um Santo morando dentro da sua casa, aquele que tem provado do gosto da impessoalidade, e, mesmo assim, não ser capaz de reconhecê-lo, de apreciá-lo.
Geralmente, nossas inclinações são para o mundo, então nos importa muito o fabricante do carro, o tamanho da casa, da piscina, a posição que assumimos, o destaque que conseguimos, a “pessoa” que somos. Então, o Santo, aquele que tem o gosto da Consciência, é extremamente raro. A grande maioria de nós não é tão dotada de Inteligência, precisamos de “rodinhas”, e parece que a nossa “pequena bicicleta” tem que “dar muitas voltas no quarteirão”, antes de ficar livre dessas “rodinhas”. Entretanto, isso não é realmente necessário, porque, segundo os Sábios, todo caminho, ou toda essa volta que se dá, gira em torno de entrar, residir, morar nessa Percepção de Pura Consciência. Isso não é estar em um carro importado, ou morar em uma casa muito grande, ou ser uma figura ilustre e importante dentro da sociedade, mas residir Lá, nessa Pura Consciência, onde o que se vê e aquele que vê estão desaparecidos.
Nessa Consciência Única, não existe um centro com uma circunferência, não existe um sujeito numa relação com coisas. Se não há centro, não há periferia, não existe nada para se ver, nem “alguém” para ver. Não há nenhum ego com uma estrutura tão organizada, preparada, assustada, complexa e difícil. O ego é um avião no piloto automático, sempre voando, fazendo sempre o mesmo voo de insatisfação, conflitos, dilemas, problemas, exigências e insatisfações eternas.
Voltando à bicicleta, quando não há mais a necessidade das rodinhas, desse suporte atrás, que é o ego, como uma estrutura organizada, ele se revela como uma construção falsa, vazia, ilusória, então ela é desmontada. Vocês têm muito medo desse Estado Natural porque acreditam que essa “construção” é a base da sanidade, e é bem típico dessa egoidentidade se sentir em sanidade. O ego tem medo de que essa estrutura entre em colapso. Em outras palavras, a “criança tem medo de perder as rodinhas”. Por isso há tanta resistência em você, pois não só não existe o risco de você ficar insano quando essa estrutura desabar, como descobre que a insanidade é exatamente essa estrutura de pé. No entanto, quando essa estrutura egoica entra em colapso, a Consciência Real, sem qualquer distração, dilema ou problema, aparece de forma autêntica, verdadeira. Insanidade é como se vive dentro dessa velha e antiga estrutura, quando não se sabe “andar de bicicleta”, quando se tem medo de “pedalar”.
Eu sei que alguns de vocês dizem para mim que já entenderam isso. Não! Você está vendo alguém “andar de bicicleta sem as rodinhas”, mas não significa que você entendeu isso. É como você ver alguém tocando um instrumento ou realizando uma representação cênica e, ao olhar, você diz “eu posso”, “eu já sei”, “eu faço”, “eu entendi como se faz”. Todos vocês sabem do que estou falando, de como rapidamente a mente assume posições de conclusão a partir de uma consideração superficial. Quando a mente vê algo sendo feito, ela diz “eu também sei”, mas, quando você coloca o candidato para fazer, na prática ele descobre que não sabe, porque foi iludido pelo entusiasmo, pelo desejo, pela simplificação.
Sim, é simples! Andar de bicicleta é simples, mas somente depois que se sabe. Antes, o seu cérebro não consegue fazer isso, ele não tem coordenação motora, nem a técnica e a habilidade. O ego é cheio de imaginação, por isso ele simplifica o que não é tão simples e diz “eu sei”, mas não sabe, porque não basta ver alguém fazendo e, de imediato, acreditar que pode porque deseja.
Aqui, comigo, você escuta isso e diz: “É tão simples o que ele diz, é tão real isso. Eu já entendi”. Não é verdade?
A dificuldade é pedalar quando você não tem equilíbrio. Sem pedalar, você não tem velocidade e, sem velocidade, você não tem equilíbrio, mas se você pedala sem equilíbrio você cai. Como o cérebro ainda não tem um registro da velocidade suficiente e da forma correta de pedalar, você tem que aprender a andar de bicicleta e, para isso, tem o apoio de alguém segurando ou daquelas duas rodinhas. Pode levar meia hora, duas horas, ou dois dias, mas dá para andar de bicicleta sem esforço, sem rodinha e sem ninguém segurando. O que isso tem a ver com Realização de Deus? É possível não cair mais nessa mente egoica, sem esforço, sem ninguém ou nada segurando, sem nenhum suporte.
Não podemos aprender a “andar na bicicleta” dessa Consciência plena e não dual sem rodinhas. Em geral, não podemos, porque nem todo mundo nasce como Ramana Maharshi. Quando nasce, a grande maioria de nós não é tão dotada de liberdade interna, de desapego de desejos, medos, a ponto de tocar nessa Dimensão. Não temos inclinação para isso. Não temos essa nostalgia, essa sede, esse anelo pela Liberdade. Mesmo que você tenha alguns vislumbres de alguma coisa fora da mente egoica, sua predisposição vai sempre afundá-lo novamente nesse “piloto automático”, e o seu “aviãozinho” continuará voando rasteiro, no mundo dos nomes, das formas, dos desejos, das imaginações, da ansiedade, da depressão, da ilusão.
Então, precisamos de rodinhas em nossa bicicleta, de um apoio nos segurando, enquanto aprendemos a dar as primeiras pedaladas, até que tenhamos coragem de acelerar. Em geral, apesar de toda essa segurança, há o medo de pedalar. Depois a coragem vem, mas as rodinhas ainda estão lá, ou tem alguém atrás para dar suporte. Colocando isso para você de uma forma muito simples: estar nessa Consciência não dual, desfrutar dessa Liberdade de não sofrer por não mais se iludir com invencionices dessa egoidentidade, não é uma coisa fácil, simples e natural para a grande maioria de nós, porque logo o “piloto automático” assume o “aviãozinho”.
A visão do Sábio, do Santo, o qual é extremamente raro, é clara, e é ela que nos inspira à Verdade. O Santo é aquele que tem o gosto da impessoalidade, da Consciência não dual, de viver sem a história e, com ele, “a bicicleta segue sem cair”. Os Santos ficam invisíveis, porque é algo extremamente raro reconhecê-los. O Santo é aquele que tem o gosto do Natural Estado, livre da “pessoa”, e é extremamente raro reconhecer a beleza desse Estado em alguém assim, porque ele fica invisível. Compreendem a dificuldade? Você pode viver por 30, 40, 50, 60 anos com um Santo morando dentro da sua casa, aquele que tem provado do gosto da impessoalidade, e, mesmo assim, não ser capaz de reconhecê-lo, de apreciá-lo.
Geralmente, nossas inclinações são para o mundo, então nos importa muito o fabricante do carro, o tamanho da casa, da piscina, a posição que assumimos, o destaque que conseguimos, a “pessoa” que somos. Então, o Santo, aquele que tem o gosto da Consciência, é extremamente raro. A grande maioria de nós não é tão dotada de Inteligência, precisamos de “rodinhas”, e parece que a nossa “pequena bicicleta” tem que “dar muitas voltas no quarteirão”, antes de ficar livre dessas “rodinhas”. Entretanto, isso não é realmente necessário, porque, segundo os Sábios, todo caminho, ou toda essa volta que se dá, gira em torno de entrar, residir, morar nessa Percepção de Pura Consciência. Isso não é estar em um carro importado, ou morar em uma casa muito grande, ou ser uma figura ilustre e importante dentro da sociedade, mas residir Lá, nessa Pura Consciência, onde o que se vê e aquele que vê estão desaparecidos.
Nessa Consciência Única, não existe um centro com uma circunferência, não existe um sujeito numa relação com coisas. Se não há centro, não há periferia, não existe nada para se ver, nem “alguém” para ver. Não há nenhum ego com uma estrutura tão organizada, preparada, assustada, complexa e difícil. O ego é um avião no piloto automático, sempre voando, fazendo sempre o mesmo voo de insatisfação, conflitos, dilemas, problemas, exigências e insatisfações eternas.
Voltando à bicicleta, quando não há mais a necessidade das rodinhas, desse suporte atrás, que é o ego, como uma estrutura organizada, ele se revela como uma construção falsa, vazia, ilusória, então ela é desmontada. Vocês têm muito medo desse Estado Natural porque acreditam que essa “construção” é a base da sanidade, e é bem típico dessa egoidentidade se sentir em sanidade. O ego tem medo de que essa estrutura entre em colapso. Em outras palavras, a “criança tem medo de perder as rodinhas”. Por isso há tanta resistência em você, pois não só não existe o risco de você ficar insano quando essa estrutura desabar, como descobre que a insanidade é exatamente essa estrutura de pé. No entanto, quando essa estrutura egoica entra em colapso, a Consciência Real, sem qualquer distração, dilema ou problema, aparece de forma autêntica, verdadeira. Insanidade é como se vive dentro dessa velha e antiga estrutura, quando não se sabe “andar de bicicleta”, quando se tem medo de “pedalar”.
Eu sei que alguns de vocês dizem para mim que já entenderam isso. Não! Você está vendo alguém “andar de bicicleta sem as rodinhas”, mas não significa que você entendeu isso. É como você ver alguém tocando um instrumento ou realizando uma representação cênica e, ao olhar, você diz “eu posso”, “eu já sei”, “eu faço”, “eu entendi como se faz”. Todos vocês sabem do que estou falando, de como rapidamente a mente assume posições de conclusão a partir de uma consideração superficial. Quando a mente vê algo sendo feito, ela diz “eu também sei”, mas, quando você coloca o candidato para fazer, na prática ele descobre que não sabe, porque foi iludido pelo entusiasmo, pelo desejo, pela simplificação.
Sim, é simples! Andar de bicicleta é simples, mas somente depois que se sabe. Antes, o seu cérebro não consegue fazer isso, ele não tem coordenação motora, nem a técnica e a habilidade. O ego é cheio de imaginação, por isso ele simplifica o que não é tão simples e diz “eu sei”, mas não sabe, porque não basta ver alguém fazendo e, de imediato, acreditar que pode porque deseja.
Aqui, comigo, você escuta isso e diz: “É tão simples o que ele diz, é tão real isso. Eu já entendi”. Não é verdade?
*Transcrição de uma fala realizada em um encontro intensivo on-line, através do aplicativo Zoom no dia 26 de Setembro de 2020 – Acesse a nossa agenda e se programe para estar conosco, clique aqui.
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