quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

O que Buda descobriu?

Vamos lá! A pergunta é: "O que Buda descobriu?".

O que Buda descobriu? Buda descobriu a Verdade! A direta, natural e simples Verdade do seu próprio Ser! Isso foi o que Buda descobriu! Você está aqui também para esse Descobrimento.

Então, a aventura de Buda, essa aventura de Autodescoberta, é a sua aventura. Portanto, abandone o seu interesse por Buda, coloque o seu foco, o seu interesse real, em Si mesmo.

Você não pode encontrar algo além do que Buda encontrou quando você encontra a Si mesmo.

Então, é importante você focar nisto, focar nessa Verdade, na Verdade do seu Autoencontro. Esse Autoencontro é a Constatação do que Você é, portanto não se trata de algo que você irá realizar estudando a vida de Buda, ou estudando a vida de Ramana, ou estudando a vida de Jesus. Aqui, se trata de você "estudar a si mesmo". Esse "estudar a si mesmo" é investigar a Verdade daquilo que se passa aqui e agora dentro de si próprio. E, quando você olhar para dentro, vai conseguir ver, a princípio, aquilo que Buda, a princípio, viu nele mesmo: um movimento de inquietude, um movimento interno de perturbação psicológica. A mente vive nessa condição, essa é a condição da mente egoica.

Então, quando você olha para dentro de si mesmo, o que você percebe é essa desordem psicológica, é essa confusão psicológica, é esse movimento de inquietude, é esse movimento de pensamento. Com esse movimento, você se confunde, se identifica e se perturba. Então, é importante você, primeiro, olhar e ver em si mesmo isso, aquilo que se passa agora, aqui. Enquanto não houver silêncio interno, quietude interna, não haverá Verdade! E o movimento da mente é, todo ele, de inquietude; é, todo ele, de conflito. Essa é a natureza da mente egoica.

A nossa ênfase na importância da Meditação – e foi esse o caminho de Buda – é essencial! É necessário descobrir o que é Meditação. Meditação carrega uma beleza, nela mesma, extraordinária! A Meditação lhe dá uma Visão Real de Si próprio. Essa Visão Real de Si mesmo é a Visão de Buda, é a Visão do Cristo, é a Visão de Ramana. Então, para essa pergunta "o que Buda descobriu?", a única resposta é a resposta dessa Autodescoberta. Se você descobre, em Si mesmo, a Verdade, você sabe o que Cristo veio revelar, o que Ramana veio revelar e o que Buda veio revelar.

Então, o seu trabalho é o trabalho da Constatação dessa Quietude, desse Silêncio, da ausência desse falso centro. Reparem, Buda não tocava na palavra "Deus", diferentemente de Ramana, de Cristo... Mas todos eles apontavam sempre para a mesma direção, para a direção da Verdade. A própria palavra não é a Verdade. A palavra "Verdade", a própria palavra, não é a Verdade. A palavra "Deus" não é Deus. Então, a resposta a isso está na Revelação do seu próprio Ser, Naquilo que seu próprio Ser revela. Então, essa Revelação é a Revelação de Ramana, é a Revelação de Buda, é a Revelação de Cristo e é a sua Revelação.

Então, nossa ênfase nesses encontros é lhe mostrar que a Felicidade é possível nessa Realização, e apenas nessa Realização, na Realização da Verdade, da Verdade que Você é, da Verdade que Você traz agora, aqui.

Então, esse é um encontro Consigo mesmo, portanto a figura do Guru é só uma figura. A Realidade do seu Ser é a Realidade Divina, é a Realidade de Deus, é a Realidade da Verdade, ou qualquer nome que você queira dar para Isso.

O ponto é: encontre o que Ramana encontrou, o que Buda encontrou e o que Cristo encontrou. Então, você terá a Revelação da Verdade, e essa Verdade é o fim da confusão, é o fim do sofrimento. Essa Verdade é a única! Essa Verdade é a Verdade Divina!

Dezembro de 2021
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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Como sair do sofrimento?

Alguns têm feito a pergunta "como sair do sofrimento?", "como ir além do sofrimento?", "como parar de sofrer?".

Veja, o sofrimento tem muitos aspectos. Há diversas formas de sofrimento, e, basicamente, o sofrimento é conflito. Toda forma de conflito se apresenta como sofrimento.

Agora, há uma diferença entre a dor, aquela dor que é física, e o sofrimento em si mesmo. Nós não podemos confundir dor com sofrimento. Aquela dor psicológica, sim, é sofrimento, mas essa dor física, ligada ao corpo, não é necessariamente sofrimento; é apenas dor.

Se estamos falando, aqui, de sofrimento, estamos falando dessa característica psicológica, daquilo que envolve essa identidade separada, esse senso pessoal de uma identidade presente, esse "eu". Então, quando falamos de sofrimento, estamos falando do sofrimento do "eu", do sofrimento desse "mim", dessa "pessoa".

Então, aqui a questão é: quem é você? O que é, basicamente, essa "pessoa"?. Se nós queremos encontrar o fim para o sofrimento, precisamos descobrir que verdade existe na "pessoa", qual é a realidade da "pessoa", o que é a "pessoa", basicamente.

Na verdade, a "pessoa" é um conjunto de memórias, um conjunto de lembranças. Com uma boa dosagem de imaginação, você tem a assim chamada "pessoa".

Esse "sentido de pessoa" é uma ilusão, e a base do sofrimento é essa ilusão da "pessoa". Se estamos trabalhando para o fim do sofrimento em nós mesmos, precisamos descobrir qual é a Verdade sobre quem somos. Uma vez que você perceba que esse "eu" é um conjunto de imagens, um conjunto de memórias, algo baseado numa autoimagem, uma imagem engendrada pelo pensamento, é possível um trabalho de desconstrução dessa falsa autoimagem baseada no pensamento.

Isso acontece por um trabalho de autoinvestigação, de rendição, de desistência dessa ilusão. É aqui que o trabalho de autoinvestigação, meditação e rendição acontece.

Então, o trabalho de Realização da Verdade sobre quem Você é representa o fim dessa complexidade psicológica, dessa ilusão da autoimagem, com todas as suas lembranças, memórias. Isso é o fim para o sofrimento!

Então, como ir além do sofrimento? Simplesmente, abandonando a ilusão dessa falsa identidade, deixando isso cair, deixando isso desparecer. Para que isso seja possível, para que isso aconteça, essa Consciência precisa estar presente, essa Atenção precisa estar presente. Então, o trabalho de autoconhecimento – e, aqui, a palavra "autoconhecimento" não é no sentido de conhecer o "eu", mas sim no sentido de tomar ciência do que representa esse "eu" – é algo fundamental.

O seu trabalho de Autorrealização é o trabalho de descarte dessa ilusão, da ilusão desse sentido de uma identidade separada resolvendo, fazendo escolhas, decidindo, apegada, se confundindo com experiências de pensamentos, de sentimentos, de sensações, de percepções... O abandono dessa falsa identidade é o abandono do sofrimento, é o abandono desse "eu", desse "mim", dessa ilusão, da ilusão da separatividade. Isso é o fim para o sofrimento! Essa é a forma de liquidarmos essa questão, de forma definitiva, completa.

Dezembro de 2021
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sábado, 25 de dezembro de 2021

O Reconhecimento da Verdade

A pergunta muito comum… essa é uma pergunta que as pessoas fazem: "Quem é Deus?".

Veja, o reconhecimento do seu próprio Ser é o reconhecimento da Verdade de Deus! Não há qualquer separação entre Você e a Realidade. Seu Ser é a Realidade Divina, seu Ser é essa Realidade de Deus.

Então, o que tem acontecido é que, por um longo tempo, você vem se identificando com uma imagem que você traz de si mesmo. Uma imagem que cresceu com você. Então, desde a infância, você vem trazendo essa imagem, você vem cultivando essa imagem. É a imagem da pessoa que você acredita ser.

Então, você tem uma ideia sobre quem você é, do que é o mundo, do que é a vida, e também faz uma ideia de quem é Deus.

Não é possível o reconhecimento da Verdade, dessa Verdade de Deus, sem esse claro reconhecimento da Verdade sobre quem Você é. Então, o ponto aqui é "quem sou eu?" e não "quem é Deus?".

A pergunta "onde Deus está?" é respondida quando você se encontra. Se você reconhece a Verdade sobre Si mesmo, sobre Si mesma, você tem a Verdade de onde Deus está. Por isso, é necessário um trabalho nessa direção. Esse trabalho é o trabalho de Autoconhecimento, de Autorrealização. Apenas esse trabalho lhe dá essa Visão: a Visão de Deus, que é a Visão de Si mesma, de Si mesmo, quando você está inteiramente livre dessa presunção – porque é uma presunção isso – de uma identidade separada, de ser alguém em toda essa manifestação, alguém separado, alguém único, alguém exclusivo, alguém particular.

A Vida é um Todo, é uma Totalidade, e, nessa Totalidade, Aquilo que prevalece é a Realidade Divina, que é a Realidade de Deus. Essa é a Realidade do seu Ser!

O seu sofrimento, toda a sua miséria, toda a sua complicação de vida está assentada nessa arrogância, nessa identificação equivocada com esse falso centro, com esse falso "eu", com essa imagem que você tem de si mesmo, de si mesma. Isso não é real, isso não é Você, essa não é a Realidade Divina!

Então, a resposta à pergunta "quem é Deus?" se encontra na resposta à pergunta "quem sou eu?".

Ramana Maharshi apresentou essa pergunta ao mundo, nos mostrando que essa é a resposta que podemos ter a respeito de onde Deus está. Então, Deus está onde nós Somos O que Somos; é onde Deus pode ser encontrado! Essa é a Verdade sobre Mim, essa é a Verdade sobre Deus, essa é a Verdade sobre Você, essa é a Verdade sobre Ramana Maharshi, essa é a Verdade sobre a Vida!

Dezembro de 2021
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quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Tudo é impermanente

O que nós estamos querendo lhe propor, em Satsang, é a vivência do seu Estado Divino, a vivência do seu Estado Real. Esse Estado Real, eu tenho chamado de Estado Natural.

Veja, tudo o que você experimenta é impermanente. Não há permanência alguma em nenhuma parte. Não existe nada permanente! Tudo é impermanente! Os estados que você vivencia são impermanentes, então isso não pode ser parte de sua Natureza Verdadeira, de sua Natureza Real.

Tudo aquilo que você vivencia em sua experiência, como um entidade separada, se mostra impermanente. Naturalmente, porque nenhuma dessas experiências faz parte do que Você é.

Sua Natureza Real é imutável! Os estados que você experimenta são mutáveis. As sensações, as percepções, as experiências, todas elas são mutáveis, enquanto que o seu Ser permanece sem ser tocado pela mudança.

O trabalho de Autorrealização é o trabalho da Constatação da Verdade imutável do seu Ser, da Realidade inatingível do seu Ser. Então, quando tratamos com Aquilo que somos, estamos lidando com Aquilo que é imutável, e quando estamos tratando com experiências, com sensações, com estados e percepções, estamos lidando com aquilo que muda, com aquilo que é mutável, com aquilo que é impermanente, com aquilo que não tem permanência.

Então, esse convite a esse trabalho interno é o convite à Constatação da sua Natureza Divina, de sua Natureza Real, de sua Natureza Imutável, porque somente esta Natureza Divina, que Você é, permanece quando tudo desaparece. Então, permaneça Naquilo que Você é. Permaneça Naquilo que não pode ser tocado pela mudança.

O pensamento é tocado pela mudança, o sentimento é tocado pela mudança, os estados – tristeza, alegria, prazer, dor – tudo isso é tocado pela mudança. Agora, Aquilo que Você é não muda, aquilo que Você é permanece imutável. Essa é a sua Natureza Verdadeira, essa é a sua Natureza Divina.

Permanecer nesse Espaço é permanecer no Silêncio do seu Ser. Essa é a Verdade de Deus sobre Você, sobre quem Você é.

Na Índia, eles chamam de Sat-Chit-Ananda – Ser, Consciência e Felicidade. Essa é a sua Natureza Divina! Permanecer aí é permanecer Naquilo que não muda. Tudo o mais é impermanente, apenas Isso permanece imutável!

Dezembro de 2021
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sábado, 18 de dezembro de 2021

A Presença de Ramana Maharshi

Aqui, nós nos deparamos com uma questão que eu gostaria de tratar com vocês. A questão é: quem é Deus? Isso para mim sempre foi uma questão, uma pergunta, sempre houve aqui dentro de mim um interesse muito profundo por isso.

Então, a Presença de Ramana Maharshi foi algo determinante para a resposta desta pergunta.

Uma coisa que todos nós vivemos é esse movimento interno de pensamentos acontecendo. Eles acontecem e você não tem qualquer controle sobre isso.

Algo que você não percebe, por falta dessa atenção sobre si mesmo, é que essa pergunta "quem é Deus?" ou "onde Ele está?" é respondida de uma forma direta, de uma forma objetiva, quando esse próprio movimento de pensamento é anulado, quando essa própria frequência de pensamento correndo dentro de você é constatada.

Em geral, nós funcionamos baseados em pensamentos. A nossa diretriz de personalidade está, toda ela, centrada no pensamento. Não há qualquer espaço para essa Constatação da Verdade, não há qualquer espaço para essa resposta "quem é Deus?".

Se por alguns momentos, por alguns instantes, nos livramos desse movimento, nós teremos essa direta resposta, porque a Verdade de quem é Deus é a Verdade de que nós somos.

Ramana Maharshi sempre propôs a pergunta "quem sou eu?". Então, quando aqueles que o procuravam em seu tempo e traziam questões, dilemas, conflitos, problemas, a pergunta que ele sempre fazia era essa: "Quem é você? Investigue, interrogue 'quem sou eu?'".

Isso porque, na resposta desse "quem sou eu?" você encontra a Verdade de Deus.

Deus é o seu Ser, Deus é a sua Natureza Divina.

Identificado com o movimento do pensamento, confundido com o movimento do pensamento, embolado com esse movimento do pensamento, você não se torna cônscio de Si, cônscio da Verdade que Você traz. Essa Verdade que Você traz é a Verdade impessoal, é a Verdade atemporal, é a Verdade intraduzível, indescritível, é a Verdade de Deus.

Então, a resposta para a pergunta "quem sou eu?" é a mesma resposta para a pergunta "quem é Deus?", e isso representa o fim de todo o conflito, de todo o sofrimento, de toda essa ilusão desse "eu" imaginário, desse "eu" como identidade separada.

Então, a Presença de Ramana Maharshi foi essencial. Ela tem sido essencial para aqueles que procuram a Verdade sobre Si mesmos.

Então, o Mestre é aquele que representa o fim de sua busca. Na Índia, eles chamam de Guru: é Aquele que vive completamente em seu Ser, diferente dessa vida egoica, dessa vida identificada com pensamentos, onde você está totalmente ocupado com expectativas sobre eventos futuros que, na verdade, podem acontecer ou não; preocupado e ocupado com lembranças e memórias do que aparentemente aconteceu a uma identidade particular e pessoal: esse "mim", esse "eu", o que não é real.

Não existe nenhuma identidade presente nessa experiência, na experiência da vida. Isso são crenças, nas quais nós fomos educados, nós fomos moldados, e estar preso a isso é estar aparentemente longe da Verdade de Deus, longe da Verdade de Si mesmo.

O que a Presença de Ramana, do Guru, lhe mostra, o que Ela o faz perceber, é que Você é um com a Vida, é que Você é um com a Realidade, é que Você é um com Deus. Então, sua visão é completamente alterada, esse modelo antigo é completamente destruído.

Falando particularmente do que aconteceu aqui, no momento em que você percebe que a ilusão de uma identidade não está mais, essa própria impressão de um "eu" desaparece. Então, não há mais esse "eu", não há mais esse experimentador, não há mais esse pensador, e isso representa uma unicidade com tudo, eu diria uma unidade com tudo. Isso é algo avassalador, isso é algo que transforma completamente toda essa visão. Essa particular visão cai e a Visão da Realidade se mostra.

Então, vem uma compreensão total de que tudo é uma só Realidade, e essa Realidade é a Realidade de Deus, essa Realidade é a Realidade do seu próprio Ser!

Nesse sentido, não há diferença entre Você e a Presença do Mestre, Você e a Presença de Ramana, você e a Presença de Deus.

Estamos diante de algo revolucionário! A compreensão de que se assentar na grama é algo que é parte de tudo o que está à sua volta, e de que esse se assentar na grama é a Vida, é toda a Vida, é toda a manifestação da Vida, é toda esta Presença da Vida, é toda esta Presença de Deus, é algo intraduzível, é algo que a palavra não comunica.

Assim, a resposta à pergunta "quem sou eu?", ou a resposta à pergunta "quem é Deus?" ou "onde Ele está?", é encontrada nesse momento, no momento em que esse assentar na grama acontece. Então, se abre algo inteiramente novo, algo, de fato, intraduzível.

Isso é o fim da ilusão de alguém presente que nasceu, de alguém presente que irá morrer.

Isso é o fim desse movimento interno de projeções com relação ao futuro, ou à ideia de se livrar de um passado.

Então, estamos diante Daquilo que nós poderíamos chamar de Amor, de Verdade, de Liberdade, de Paz. Então, estamos diante do Divino, diante de Deus, diante da Vida!

*Dezembro de 2021
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quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Torne-se ciente de si mesmo

Existe algo que eu considero interessante, de bastante importância para todos nós, aqui. Se você der um pouco mais de atenção a si mesmo, você irá observar isso: a mente é algo que está sempre ocupada. Na verdade, ela vive totalmente ocupada, ela vive carregada de expectativas.

São expectativas com relação a eventos futuros – na verdade, eventos que podem ou não acontecer–, e ela está sempre ocupada com o antigo movimento da memória. Isso é algo muito, muito comum.

O ponto é que não percebemos isso, não é algo com o qual entramos em contato direto, porque não estamos atentos a nós mesmos, não há essa auto-observação, essa observação desse movimento. Então, ficamos sempre prisioneiros dessas projeções: as projeções com relação a esse futuro imaginário e a esse passado, que também é imaginário. Então, o movimento da mente é sempre esse, é andar ocupada, é estar ocupada.

Neste trabalho de Autorrealização, aqui, é fundamental o reconhecimento dessa Verdade que Você é. Isso é algo que está fora desse antigo e velho movimento da mente, esse movimento de projeção do futuro e imaginação do passado. Então, é importante que você esteja se tornando ciente de Si mesmo, cônscio de Si mesmo, acerca de Si próprio. Esse é o objetivo!

A mente está sempre criando situações, ela está e estará sempre criando suas projeções. Isso é algo muito, muito comum. Todo movimento da mente é entre esse futuro desconhecido, imaginário, e esse passado aparentemente conhecido, mas que é só um peso de memória, de lembranças, que também é algo imaginário.

A única Verdade, a única Realidade, é o seu próprio Ser, o seu próprio Ser agora, aqui, mas você não toma ciência Disso, em razão de estar completamente absorvido por essas imagens, que são imagens que o pensamento está, o tempo inteiro, produzindo dentro de você.

Essa condição é de identificação, dessa egoidentificação. O que estamos procurando lhe mostrar nesses encontros é algo, na verdade, além de toda a descrição, além de todas as palavras. Portanto, é algo além de todo esse movimento da mente.

Estamos sinalizando, para você, a Verdade do seu Ser, a Verdade de sua Natureza Divina, e, enquanto essa identificação com esse movimento do pensamento permanece, você não tem ciência Disso, você não tem ciência dessa Verdade do seu Ser.

Então, essa visão que você faz de si mesma, que você faz de si mesmo, nessa relação com o mundo à sua volta, com outros, se toda ela está baseada nesse movimento, que é o movimento do pensamento, que é o movimento egoico, você não pode descobrir a Verdade do seu Ser, a Felicidade do seu Ser. Isso porque você está identificado, ou se identificando, constantemente com uma falsa identidade, com um falso personagem que o pensamento está produzindo, que o pensamento está dizendo que é você.

Portanto, a pergunta é: quem é você? É, na realidade, a mesma pergunta: "Quem sou eu?". Porque não estamos falando de um personagem, estamos falando de nossa Natureza Essencial, estamos falando da Verdade que somos.

Cada pessoa tem suas características, cada pessoa carrega sua personalidade, mas essa personalidade faz parte dessa memória, faz parte dessas imagens, faz parte dessas imaginações, faz parte dessas projeções. Então, passado e futuro são projeções dentro desse personagem, não é a sua Natureza Divina, não é a sua Natureza Real, essa não é a sua Identidade Real.

É disso que estamos tratando sempre em Satsang. Estamos sinalizando, para você, a importância do descobrimento da Verdade que Você é. Isso está além de um pensador, de um experimentador, está além da própria ideia de um observador ou de um fazedor.

Talvez, a sua pergunta seja: "Como isso se torna possível? Como é possível nos tornarmos cônscios Disso, cônscios dessa Verdade que somos, dessa Verdade que trazemos?".

O elemento que você tem aqui é esta atenção. Você não pode controlar isso que surge, mas pode se tornar atento a esse movimento. Essa atenção desmonta todo esse movimento. Essa atenção sobre si lhe mostra sua Natureza Verdadeira, desidentificada desse movimento, e, quando isso acontece, você está livre; livre dessa ideia que você tem de si mesma, de si mesmo; livre dessas imagens que você tem a respeito de si própria, de si mesmo. Uma vez que você esteja livre disso, você está livre de toda essa relação conflituosa com esse mundo que o pensamento tem produzido.

Veja, o problema não está no mundo, não está nas relações que você tem com a vida. O problema está na ilusão de alguém presente nisso, nessa ideia desse "mim", desse "eu". Porque essa relação com a vida é a própria vida com ela mesma. Não há esse "mim", esse "eu". Então, esse movimento, todo ele baseado no pensamento, é completamente ilusório, é algo que sempre coloca você numa condição de ilusão de tempo: é o passado ou é o futuro.

Então, há sempre essas ideias, há sempre essas crenças. Há sempre esse medo predominando, essa ansiedade, esse desejo, essa aflição de se tornar alguém, de se tornar alguma coisa diferente, de fazer algo, de construir algo, de se livrar de algo, e tudo isso são ideias, tudo isso são crenças, tudo isso são projeções do pensamento, é o pensamento se projetando, são ideias, dentro desse movimento, criando toda essa condição artificial.

Essa é a causa da miséria, essa é a causa de todo conflito interno, de todo sofrimento.

Você está aqui para descobrir a Verdade sobre quem Você é, a Verdade do seu próprio Ser, a Realidade Divina que Você traz, e isso é algo possível quando esse movimento é completamente desconstruído, quando essa dependência psicológica é desfeita. Quando isso é desfeito, a Verdade se manifesta. Então, a sua Liberdade é a Liberdade da constatação desse movimento. A constatação desse movimento é o fim dele.

Dezembro de 2021
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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

A ilusão do fazedor

A compreensão de que só há a Vontade Divina operando é extraordinariamente libertadora. Uma vez que você consiga acessar isso aí dentro de você, uma profunda aceitação da vida acontece, um profundo acolhimento de não resistência à vida acontece.

Não há uma pessoa fazendo as coisas. As coisas estão acontecendo em razão de um número grande de situações que se encaixam, e ali, entre essas situações, existe um elemento presente que pode parecer ser o responsável pelos acontecimentos, mas, na realidade, ele é só mais um dentro de todo um conjunto de incidentes e eventos que tornaram aquele acontecimento possível.

A Vida é maior do que a "pessoa", e é Ela que determina o que acontece. Você não pôde controlar o que aconteceu e não pode controlar o que está acontecendo e o que irá acontecer. Essa falsa identidade está presente porque se apoia e se sustenta numa base falsa: o pensamento.

Mas se você buscar a Origem do pensamento, se o seu olhar se dirigir à Fonte do pensamento, você verá que não existe uma entidade. Essa Fonte é a ausência dessa entidade. Então, essa falsa identidade, que se apoia em pensamentos, se sustenta numa base falsa, porque o pensamento mesmo não tem nenhuma base. O pensamento desaparece na Fonte. A Fonte é a Realidade, é a Verdade Suprema dos acontecimentos.

Essa Fonte é o Vazio, então a ação nasce desse Vazio. Então, toda ação é essa Vontade Divina, porque toda ação é esse Vazio em expressão. Agora, esse Vazio em expressão representa ações que o pensamento não consegue explicar.

O próprio pensamento, que cria a ilusão de uma identidade que é capaz de fazer ou não, é incapaz de explicar como as coisas acontecem. Então, você pode atribuir a si mesmo o poder de fazer as coisas, mas repare a ilusão disso: você não consegue ter o controle do resultado dessas ações. Você pode dizer "farei isso", e ainda que isso de fato aconteça, quando você olhar de perto, vai perceber que não é exatamente o que o pensamento tinha projetado.

Então, mesmo a ilusão de ser o autor das ações não dá a você a certeza dos resultados que o pensamento idealiza para aquilo.

Essa respiração, assim como o próximo pensamento que irá surgir para você, não está no seu controle, e qualquer ação que aparentemente você esteja fazendo não irá determinar o resultado que você espera; ela terá o resultado dela. Dentro desse jogo, você é só mais uma peça.

É muito desconfortável ouvir isso, que você não tem controle.

Nesses encontros, nós estamos aqui sempre mostrando que você pode, de verdade, descansar nessa rendição, nessa entrega, nessa confiança, até porque não há outra coisa que você possa fazer.

Você está sempre sendo, e sempre será, uma peça dentro desse grande jogo, com essa fantasia de poder fazer, de poder resolver, de poder acertar, de poder controlar.

Quando você entra aqui nessa sala, não são essas palavras que fazem algo funcionar para você, isso funciona em razão dessa Consciência, e não há alguém fazendo isso funcionar!

Como tudo na vida, tudo aqui é natural. O que a gente chama de ações são meras reações conduzidas e orientadas pela ilusão do pensamento. Então, essas ações que você acredita fazer e sobre as quais acredita ter controle são constituídas de meras reações condicionadas, meros condicionamentos.

A mulher faz uma maquiagem no rosto e sai… Você sabe, a maquiagem é uma forma de artificializar um pouco aquilo que está ali. O que está ali, como a própria palavra diz, é maquiado. Aquilo que é natural não pode ser visto quando foi maquiado, ou seja, foi mascarado. O que é a maquiagem? É uma máscara que se coloca no rosto para esconder defeitos. As suas ações, no ego, são algo parecido com isso. Você carrega a ilusão de que está fazendo algo enquanto O que é Real está por detrás disso.

Essas chamadas ações são maquiagens, todas nascidas dessa programação, desse condicionamento, desse pensamento. São como maquiagens que parecem esconder aquilo que é real. Então, todas as suas ações e reações, o que você faz, o que você sente, o que você pensa, o que você fala, o seu proceder, tudo é uma grande mentira. Não tem "você" nisso! O que está por detrás disso é uma ação dessa Inteligência, dessa Consciência. Você é uma fraude! Isso deixa alguns irritados, aborrecidos.

O problema com isso é a autolimitação. A Vida não carrega nenhuma limitação, mas essa mascaração, essa maquiagem, carrega. Parece ser a coisa mais natural, mas quando a mulher lava o rosto, aparecem todas aquelas marcas de expressão, está tudo lá. As ações da "pessoa" são algo assim, uma mascaração, uma maquiagem. Só há Deus por detrás de tudo! Só Deus é a Realidade e não há nada que você possa fazer que possa esconder isso.

Tem até uma expressão de Jesus no Evangelho, em que ele diz algo assim: "Tudo aquilo que é dito às escondidas, um dia será dito em cima de um telhado bem alto para todos ouvirem". Não há nada que esteja oculto que não venha a se revelar.

Nossas assim chamadas ações são maquiagens. Nossos bisavós, nossos avós, todos eles sofreram muito. Eles viveram como os pais deles, como os avós deles e agora é nosso tempo aqui, é a nossa geração. Total inconsciência, total identificação com a mente egoica, o velho modelo de uma falsa identidade, de um projeto de maquiagem, uma vida enraizada na mentira, no falso. A questão para você aqui é esta: é possível ir além disso?

*Transcrição de uma fala ocorrida em 19 de setembro de 2021, num encontro online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

sábado, 11 de dezembro de 2021

O segredo é testemunhar

Você sabe qual é o segredo? Testemunhar. Isso é algo muito simples, mas não é tão fácil. Você vai continuar sempre se confundindo com estados que surgem. Quando você se der conta, já terá sido capturado. Mas agora você tem essa base de trabalho, então, quando perceber que foi capturado, volte a testemunhar. Comece a olhar para si mesmo.

Você vai se embolar, se desembolar e se embolar… vai passar um dia inteiro embolado, aí à noite, antes de dormir, vai observar que está embolado e dirá "uau! Estou embolado!", então já começará a se desembolar.

Testemunhar! Testemunhar é o segredo! Se você não puder testemunhar a si mesmo, quem fará isso? Você é a única testemunha de um crime secreto. Se você não conseguir testemunhar o crime, ninguém vai testemunhar em seu lugar.

Meditação é uma coisa maravilhosa, porque não tem fraude aí, não tem como você usar de fraude para pôr fim a essa fraude do "eu". O que a minha experiência mostrou é que quanto mais identificado você está com o corpo e a mente, mais esses estados egoicos o controlam, e quanto mais você se desidentifica do corpo e da mente, mais esses estados perdem o poder de controlá-lo. Ou seja, a confusão é a identificação com a mente e o desconforto é a identificação com o corpo.

Momentos de desconforto são interessantes para você observar o corpo. Quando você sente uma dor física, também. Essa observação é uma ferramenta extraordinária para você trabalhar essa desidentificação. Eu descobri que quando você se identifica com o corpo, o desconforto aumenta, e quando você se desidentifica, ele diminui. O que vale para o corpo também vale para a mente.

Então, quando você se embola com pensamentos desconfortáveis, a confusão se instala. A identificação com a mente é confusão, e confusão é sofrimento. Identificação com o corpo é desconforto, e desconforto é sofrimento – esse é um psicológico desconforto que a mente traz para o corpo. Assim, o desconforto do corpo pode chegar a sofrimento mesmo, e isso é psicológico.

Você não é o corpo, você não é a mente! É quando isso tem uma valorização na experiência que se torna uma fraude. Foi muito tempo se embolando com o corpo e com a mente, foi muito tempo sem testemunhar os estados, se embolando com os estados, se confundindo com o corpo, se confundindo com a mente.

É por isso que as pessoas chegam num desespero psicológico interno extraordinário na hora da morte: tudo o que elas têm sobre quem são, sobre quem acreditam ser, é o corpo e a mente.

Ninguém testemunha isso! O ego vive numa dispersividade total, embolado com sensações. É um bom conhaque, um bom charuto, um bom uísque, uma boa sensação, um pedaço de chocolate na boca... é sempre alguma coisa! É uma identificação completa com estados de prazer e de dor que o corpo experimenta, e isso nunca é testemunhado.

É por isso que você se apega a sensações com facilidade. Você não desfruta das sensações, você se apega a elas. Você se agarra àquilo para que faça parte do repertório desse centro falso, desse falso "eu". Você fica apegado à sensação, não a deixa ir embora, e isso lhe dá uma identidade falsa.

Então, as pessoas ficam viciadas em chocolate, em sexo, em cocaína, em uísque, em comida, em bebida… Elas são o corpo – é assim que elas se veem, é assim que elas sentem sobre quem elas são, e isso é desesperador na hora da morte. Elas passaram a vida inteira pensando e sentindo, e agora se veem na iminência de perder isso tudo. O ego pressente que isso tudo vai desaparecer e ele se desespera. Tudo por quê? Porque essas pessoas não aprenderam a testemunhar a si mesmas durante a vida, a testemunhar o "crime", esse "crime" de se identificar com o que não são, vivendo em constantes estados mutáveis de ansiedade, estresse, nervosismo, cansaço, preocupação, medo, desejo, ansiedade, depressão...

Como não aprenderam a testemunhar esse "crime", esse personagem, essa falsa identidade, passaram a vida inteira se confundindo com o que não são, e isso é tudo que elas, como pessoas, têm.

Então, o que eu descobri foi isso, que quanto maior a sua identificação com a experiência "eu sou o corpo, eu sou a mente", maior o sofrimento, maior a confusão, maior o desconforto psicológico, emocional e físico também.

Uma coisa é você deixar o corpo cuidar dele, outra coisa é você colocar no corpo uma atenção desnecessária. Quando o corpo sente calor, ele se move; quando ele sente frio, ele se move. Se você ficar sentado por muito tempo, o corpo vai se sentir desconfortável e vai começar a se mexer, é só uma questão de você observar que o corpo vai buscar o caminho dele para o conforto, isso é natural.

Quando você está dormindo, o corpo se movimenta e você não está ali. Pergunte aos médicos e eles vão explicar para você por que isso acontece. Se o corpo ficar numa posição por muito tempo, ele queima, aquelas partes do corpo que ficam em contato com a superfície queimam, então o corpo sozinho vai buscar novas posições. A não ser que o corpo esteja sedado ou incapacitado, ele vai buscar posições para não se queimar, para não se machucar, para se autoproteger.

Então, uma coisa é o corpo buscar algo. Ele naturalmente tem esse movimento. Se ele sente frio, fome, calor, dor, ele naturalmente começa a buscar algo para encontrar alívio. Outra coisa é você dar psicologicamente uma identidade ao corpo, e é isso que acontece na identificação "eu sou o corpo".

Assim, quanto menor sua identificação com essa ideia "eu sou o corpo", mais o corpo busca o seu próprio caminho e menos sofrimento psicológico está presente aí, porque menor é a identificação com um centro falso, com esse falso "eu".

Nós não aceitamos que o corpo esteja sofrendo mudanças e esteja, de fato, caminhando para o fim. No ego, você está sempre tentando alguma coisa, interferindo, intervindo. Você faz isso com o uso de drogas, de substâncias químicas, de substâncias de excitação... É um misto de sofrimento psicológico e desconforto físico que o ego está sempre buscando diminuir, ignorar. Isso é sofrimento.

Fome, frio, calor, dor, prazer, tudo isso é inerente ao corpo. Você passou muito tempo acreditando que é o corpo e agora está tendo problemas. O problema agora é se desconectar dessa crença, soltar isso.

Na mente, acontece a mesma coisa. Você diz para si mesmo "fulano não gosta de mim". Você passou muito tempo com pensamentos desse tipo, esperando apreciação, sendo depreciado, sendo rejeitado. É uma coisa imaginária, mas é difícil se livrar da imaginação, porque na hora que ela acontece, ela se torna muito real, e a mente sempre busca algo para confirmar essa imaginação. É uma crença que não está só dentro de você, ela está no mundo à sua volta, então o mundo vai confirmar essa sua crença. Aí vem a rejeição, a tristeza, a depressão, o medo…

Então, se livrar disso é um trabalho. Esses estados mentais estão sendo criados e fortalecidos pelo pensamento, e você confia nisso. A questão toda é essa: você confia nisso! Isso é uma questão de condicionamento. Você foi educado, treinado, você tem prática nisso, em confiar em pensamentos. Você é bom nisso! Você é bom em acreditar no que o pensamento diz, mas é muito fraco em testemunhar.

*Transcrição de uma fala ocorrida em 08 de setembro de 2021, num encontro online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

sábado, 4 de dezembro de 2021

Você é imutável!

Participante: Mestre, você sempre diz que o "eu", a "pessoa", é uma fraude. O que isso quer dizer? Que tipo de fraude é essa?

Marcos Gualberto: O que quero dizer é que você não deixa nunca de experimentar estados, mas Você não é nenhum desses estados. A fraude acontece quando você se confunde com um desses estados. É isso que quero dizer quando digo que você é uma fraude. Eu não estou falando do que Você é, estou falando do que você acredita.

Quando tratamos aqui da Autorrealização, estamos falando da Realização de sua Natureza Imutável, algo completamente diferente dos estados que você experimenta.

O que você experimenta não é imutável, está mudando o tempo todo, então isso não é a sua Natureza, não é sua Essência, sua Verdade. A única Verdade é imutável, e essa é a Verdade que é Você. Repare em seu corpo, ele está sempre mudando de posição, mas qual é a posição real dele? Não é uma boa pergunta? Uma hora você está em pé, em outra hora está deitado ou inclinado; uma hora está com a mão na cabeça, em outra hora com a mão sobre as pernas; em outro momento está com o braço estendido, com o braço encolhido, com a mão fechada, com a mão aberta, enfim… mas qual é a posição real do seu corpo?

Mesmo durante o sono, o corpo está mudando de posição. Não é isso que acontece? E a mente? Ela muda ou não muda de posições? Qual é a posição real da mente? Você não sabe a do corpo, mas deve saber a da mente. Esse é o ponto! Não há posição real para o corpo, assim como não há posição real para a mente.

A mente e o corpo mudam o tempo todo, então isso não pode ser Você. Você deve ser algo que não muda, e é isso o que os Sábios afirmam. Aqueles que Realizaram a Verdade sobre si mesmos dizem que Você é imutável, então não pode ser o corpo e também não pode ser a mente.

Então, vamos nos aproximar do que eu chamaria de Meditação. Meditação é o toque da imutabilidade do seu Ser. Com essa colocação, fica claro que eu não estou falando que o corpo entra em Meditação, que a mente entra em Meditação, estou falando que você Realiza a Meditação. Por isso que é impossível a Realização com qualquer técnica, porque técnica diz respeito a posturas.

Você aprende a respirar de uma determinada forma, você aprende a silenciar a mente... Você consegue até mesmo ordenar suas emoções pela respiração. Então, a postura da mente muda, a postura do corpo muda, mas Aquilo que Você é não muda. Meditação é Isso.

Então, quando eu digo "você é uma fraude", eu me refiro a qualquer ideia que você tenha sobre si mesmo, sobre si mesma, porque isso não trata Daquilo que é imutável, e sim daquilo que está mudando o tempo todo.

A mente está mudando de posição. Quando ela descansa, assim como o corpo, você está tranquilo; quando ela não descansa, você está estressado, está ansioso. Quando a mente está tensa, você experiencia o medo. Quando os pensamentos estão embaralhados, isso é um estado; é o estado no qual você experiencia a confusão mental.

Então, a mente está mudando de posição, e aí está a fraude. É esse "você" que é a fraude, aquilo que muda é a fraude. Uma hora a mente está cansada, outra hora está estressada, outra hora está ansiosa, outra hora está eufórica, no momento seguinte está com medo, no outro está confusa, no outro está sonhando, imaginando coisas boas, coisas ruins...

Quando você está psicologicamente em descanso, você diz "estou em paz", só que é uma paz que vai logo desaparecer, porque é a paz da mente, é só uma posição provisória até um novo telefonema, até um novo recado no WhatsApp, aí lá se vai a paz. É assim que a "pessoa" funciona, então ela é uma ilusão, isso não é Você.

Você pode testemunhar isso. Se você pode testemunhar essa mudança do corpo e da mente, então pode parar de se confundir com isso. Mas, se não faz isso, você se embola o tempo inteiro com esses estados, então não tem como Realizar seu Natural e Imutável Estado, além do corpo e da mente.

*Transcrição de uma fala ocorrida em 08 de setembro de 2021, num encontro online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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