quinta-feira, 25 de abril de 2024

Amor, Autoconhecimento e Real Meditação | Confusão, desordem, sofrimento | Ego é conflito

Vídeo no trello: Ter (09/04) Amor autoconhecimento e real meditação, confusão desordem sofrimento, ego é conflito

Texto revisado:

A pergunta é: “Onde está o amor?” Observe que nossas perguntas sempre pressupõem a presença, necessariamente, do tempo para se alcançar algo, para se obter algo, para chegar em algum lugar. A ideia central é a presença da necessidade imperiosa do tempo.

Outra pergunta é: “Como encontrar o verdadeiro amor?” Para nós é algo para ser alcançado, porque, olhando de perto, nossas vidas são cansativas, aborrecidas, tediosas, carregadas de contradições, de decepções. Então a questão do amor, por exemplo, é uma coisa que é vista desta forma.

Ao passarmos por experiências na relação afetiva, sentimental, emocional com pessoas, a crença comum é que estamos diante de experiências que podem nos facultar, nos dar, tornar disponível para nós a presença do amor, porque para nós o amor é encontrado ou encontrável dentro de relações com pessoas.

Qual será a verdade do Amor? O que é Real Amor? O que é o encontro com o verdadeiro Amor? Será um encontro com uma relação que traga para “mim” uma satisfação e um preenchimento que seja completo, algo do tipo eterno? Repare que muitas histórias terminam exatamente assim: “... e viveram felizes para sempre”.

Quando temos uma aproximação com alguém, acreditamos que esse “alguém” pode nos dar o que buscamos. Vamos investigar isso aqui juntos com você. Será que “alguém” pode nos dar o que nós buscamos? Será que esta outra pessoa também não está procurando o que nós também estamos procurando? Nós esperamos que ela possa nos dar, mas ela também espera que nós possamos dar a ela. Então o que ocorre nesse encontro, quando duas pessoas carentes se encontram?

A verdade das nossas vidas centradas no “eu”, no ego é que são vidas de carência. No “eu”, no ego, estamos carentes da Paz, da Liberdade, da Felicidade, da Completude e do Amor. Nesse sentido do “eu”, do ego não sabemos o que é Paz, Liberdade, Felicidade e Amor. Tudo o que temos feito é projetar uma ideia do que isso representa, e nos colocarmos em busca disso, à procura disso, e fazermos perguntas desse tipo: “Onde encontrar o amor? Como encontrar o amor verdadeiro?”

No pensamento nós temos uma “pessoa” para um dia ser encontrada, e podemos, sim, ter um contato com “alguém” especial. Especial para quem? Para “mim”, porque ela me preenche, porque ela me satisfaz, porque ela me dá algo – mas nunca a Completude de Ser. A verdade é que ninguém pode lhe dar essa Completude de Ser, isso porque, basicamente, o seu “eu”, o seu ego é, por estrutura e natureza, insuficiência, conflito, contradição e sofrimento.

Assim, nós queremos algo que possa nos completar, mas nós somos o elemento da incompletude, da desordem, da ausência do amor. Assim, a verdadeira resposta para esse encontro com o Amor – com o verdadeiro Amor – está aqui, em nós mesmos.

Tomar ciência desse “eu”, se tornar cônscio do próprio movimento do ego, perceber como ele se movimenta construindo para si mesmo um mundo de confusão, desordem, sofrimento, insatisfação e carência. Uma vez que você se torne ciente de que você é o problema, que o sentido do “eu”, do ego é a incompletude, então se torna possível um trabalho em si mesmo, e esse trabalho é o trabalho do esvaziamento desse “eu”.

Então temos que tocar aqui com você na importância da morte. Não dessa morte física que todos nós conhecemos, estamos falando de um contato com essa morte no sentido psicológico. Morrer para suas satisfações, para suas realizações, para os seus prazeres; morrer para essa busca de preenchimento externo em objetos, em ideias, ideologias, crenças e, principalmente, nessa realização e preenchimento externo em pessoas.

Nesse sentido, temos que nos aproximar dessa questão de deixar, psicologicamente, que essa morte ocorra, a morte da ilusão dessa projeção, dessa idealização. Percebam isso! O contato com a Verdade do Amor é que o Amor está presente agora, aqui.

Nós não temos a ausência do Amor, nós temos a inconsciência da Verdade do Amor, porque estamos nessa consciência do “eu”, do ego. A consciência do “eu”, do ego, essa consciência egoica, essa, assim chamada, “consciência humana”, envolvida em seus projetos, em suas ideias, em suas crenças, em seus sonhos, em suas imaginações, isso é inconsciência. O que nós temos chamado de consciência é, na verdade, inconsciência.

Toda consciência que o ser humano tem é a inconsciência. Assim, essa consciência do “eu”, essa consciência da “pessoa” é inconsciência. Nós não estamos cônscios, cientes de nós mesmos. Tomar ciência dessa inconsciência que é o “eu” é possível quando existe esse contato com o fim do “eu”, dessa condição psicológica de ser “alguém”. Então se torna possível o contato com a Verdade do Amor agora e aqui.

Uma vez que haja essa Liberdade de Ser, que é Amor, na Vida, neste instante, neste encontro será a presença do Amor. Então não existe essa ausência do Amor, o que existe é essa inconsciência da Verdade do Amor. Toda essa projeção de futuro é o que nós temos feito. No ego estamos projetando esse alcançar, esse obter, esse realizar, e nesse ínterim continuamos sem o Amor, sem a Felicidade, sem a Liberdade.

O contato com a Verdade do Amor é o contato com uma relação onde o Amor agora está presente. Não se trata da busca do Amor lá, se trata da constatação do Amor aqui. Em que momento este Amor se Revela? No momento em que você começa a olhar para aquilo que não é agora, aqui, o Amor. Veja, não podemos identificar o que é o Amor, porque quem estaria fazendo isso? O ego. Quais seriam os critérios que o ego teria para identificar a presença do Amor ou a ausência do Amor? O pensamento.

Esse “eu”, esse ego vive no pensamento, vive pelo pensamento. E pensamento, que é conhecimento, é só experiência passada. Experiência passada, que é conhecimento, que é pensamento, só identifica aquilo que ela reconhece, e o que ela reconhece ainda é parte dela mesma, é parte do reconhecível, é parte do tempo, ainda é parte do pensamento. O Amor não é algo que está no pensamento, não é algo que está no tempo, não é algo reconhecível portanto, porque é algo que está fora do descritível, do nominável.

O Amor não carrega pensamento com ele. Observem o que estamos dizendo para você. Eu sei que isso é a quebra de um modelo de pensamento tão comum a todos nós, mas completamente falso, de que você pode pensar na “pessoa amada”. O que você pode ter da “pessoa amada” é uma imagem, é uma lembrança, é uma recordação, mas esta “pessoa amada” é só uma imagem, é só uma lembrança, é só uma recordação. Não há Amor nisso. Repare como é falso tudo isso.

Há milênios o ser humano vem acreditando que o amor é possível na companhia do pensamento, e aqui estamos vendo que pensamento é passado, é memória, é imagem. Isso não tem nada a ver com o Amor. O Amor não requer lembrança, recordação, não tem nada a ver com imagem. O desejo tem a ver com a imagem, prazer tem a ver com a imagem, e isso é recordação, isso é lembrança, isso é memória, no entanto, o Amor não é isso.

O Amor é Algo desconhecido, é Algo que está presente agora, mas que não carrega o passado. Observe, você tem neste instante a presença do Amor com ele, com ela, com uma dada situação; lá está a presença do Amor.

No contato com a natureza, no contato com um pequeno animalzinho de estimação, no contato com uma pessoa, no contato consigo mesma, consigo mesmo, quando o pensamento não está é possível um momento de Silêncio, de Alegria, de Presença indescritível, que podemos chamar de Amor, mas isso não deixa “memória”, não deixa registro.

O registro que se tira dessa experiência é zero. O que temos depois desse momento ocorrido é apenas uma projeção do pensamento imaginando aquilo que ocorreu, mas essa projeção é só uma imaginação, é só uma formação de imagem. Não há Amor no pensamento. O Amor é agora e aqui, quando o “eu”, o ego não está.

Podemos ter uma vida em Amor na relação com o outro. Isso significa que você está livre do passado. Então, esse é o contato com a Verdade, também, da morte. Então, a Verdade da Revelação do Amor é a Verdade da relação da morte. Qual é a Verdade da Revelação da morte, dessa psicológica morte do “eu”? É a Verdade da Revelação do Amor.

Quando o “eu” está presente, não há amor. Quando o “eu” não está presente, o Amor está. Quando o passado não está presente, que é o “eu”, que é o ego, não há memória, não há lembrança, o Amor está. Então, onde encontrar o Amor? Aqui, quando o “eu” não está. Qual é a Verdade do Amor? É a presença da Realidade do seu Ser, desta Realidade de Divina.

Seu Ser é a Verdade de Deus, isso é Amor, então você está em contato com ele, com ela em Amor. A cada momento o Amor está presente nesse contato, porque não há mais esse “eu”. Veja, você não está carregando o passado, você não carrega imagem dele ou dela, de momentos felizes e agradáveis. Você está neste instante em um momento feliz e agradável em Amor, sem o “eu”, sem o passado. Compreendam a beleza disso. Isso está presente e é algo possível em uma vida livre do ego.

Então, todo o nosso trabalho aqui consiste em descobrirmos essa Vida, essa qualidade de Vida onde o “eu”, o ego não está, onde existe essa Completude de Ser, que é Amor. Então, quando há Amor, Ele está presente em nossas relações como um perfume. Esse perfume é o perfume da ciência de Ser Verdadeira Consciência, que é Meditação.

Então como se torna possível a Presença do Amor? Autoconhecimento e a Revelação da Real Meditação de uma forma vivencial. Aqui trabalhamos muito isso com você, sinalizando o que é a Verdade do Autoconhecimento e da Real Meditação de uma forma vivencial, de uma forma prática.

Quando há este perfume da Verdade da Meditação, que é possível quando há Autoconhecimento – e agora acabamos de perceber: o Autoconhecimento é possível quando há o descarte dessa ilusória identidade que é o “eu”, o ego, que representa a morte do passado, a morte do conhecido, a morte do experimentador com suas experiências, com suas memórias, lembranças e imagens –, então temos a Presença da Verdade de Deus, que é a Verdade do Amor.

Março de 2024
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terça-feira, 23 de abril de 2024

A Real Consciência e Kundalini | Como despertar a Kundalini? | O que é o Despertar da Kundalini?

As pessoas perguntam o que é Kundalini, o que é o Despertar da Kundalini. Veja, é importante que nos aproximemos disso de uma forma um tanto diferente do que, em geral, nós temos feito. As pessoas estão à procura desse assunto e a ideia delas é que nesse contato com essa coisa tão conhecida chamada Kundalini, irão adquirir algo especial.

Portanto, a ideia central nessa procura desse assunto é porque o ser humano está em busca de uma experiência. A verdade é que as nossas vidas são muito rotineiras, muito habituais e nós estamos em busca de algo que possa preencher, tomar o lugar dessa condição em que nós nos encontramos.

A procura de uma experiência mais profunda para as suas vidas faz com que elas se envolvam nessa procura pela busca de uma espiritualidade ou de uma espiritualização para elas mesmas, e parte dessa procura está dentro também, incluindo outras coisas, essa busca de saber e experimentar essa coisa chamada Kundalini.

Mas o que é Kundalini? Será isso? Kundalini é uma outra palavra para Presença, Consciência. Kundalini significa uma energia disponível em cada um de nós, fora dessa, assim chamada, “consciência” que nós conhecemos. Então a presença dessa Energia, que é a Energia Divina, quando Ela floresce, quando Ela desponta, quando Ela Desperta, nós temos a presença da Verdade da Real Consciência em nós, que é Kundalini.

Assim, Kundalini é sinônimo de Presença, é sinônimo de Consciência, é sinônimo de Energia, de Inteligência, de Liberdade, de Ser. Portanto, isso é Kundalini. Então Kundalini é a Presença do seu Ser, desta própria Real Consciência em nós. Quando Ela se expressa, aquilo que está presente é uma Energia, que é a Energia Divina, que é a Energia de Deus.

Kundalini não tem nada a ver com uma experiência. Primeiro temos que compreender o que é uma experiência. Uma experiência é algo pelo qual você passa e depois se recorda, depois se lembra. Então, quando você tem a lembrança de algo pelo qual você passou, isso é uma experiência. Mas é algo que já ficou no passado.

As pessoas perguntam: “Minha Kundalini despertou, o que eu faço agora?” Então olha a noção equivocada que nós temos a respeito dessa questão da Kundalini. As pessoas acreditam ter uma Kundalini. Como pessoas, nós temos a ideia de que podemos passar por experiências, e uma dessas experiências é a presença dessa “minha Kundalini”, então falamos: “minha Kundalini despertou”.

A Verdade da Consciência, que é esta Real Consciência da qual tratamos aqui com você, que é Real Kundalini, não é pessoal, não é uma experiência para uma pessoa. É exatamente a presença da Verdade da Consciência a ausência desse “eu”, desse ego, dessa pessoa.

Quando esta Energia floresce, temos a presença da Graça, a presença do Amor, a presença da Liberdade, e isso não é pessoal, isso não é particular, isso não é para “alguém”. Vamos compreender melhor isso aqui. Esse corpo-mente precisa passar por uma mudança, por uma transformação, porque nós estamos vivendo uma vida dentro de um modelo de condicionamento psicológico, de condicionamento de sentimento, de emoção, de pensamento.

A vida no “eu”, no ego, é uma vida programada dentro de um modelo de ações reativas, pensamentos reativos, sentimentos reativos, e tudo isso em razão de experiências passadas. Então, ao passarmos por experiências, nós adquirimos essas experiências, nós as conservamos, e elas se expressam a partir desse centro particular, pessoal, individual, que é o “eu”, o ego.

A expressão desse condicionamento é algo que vem do passado, assim, a condição da pessoa é a condição de uma identidade que está presa ao tempo. Esse tempo é o passado se apresentando nesse momento e caminhando para o futuro. A pessoa, o sentido de “alguém” presente é um condicionamento psicológico.

Aquilo que nós chamamos de mente humana, de mente egoica, é essa consciência do “eu”. O contato com a Verdade do seu Ser, com sua Realidade Divina é o Despertar dessa Energia de pura Presença, que é a Kundalini. Então, quando Isso chega, Algo novo está presente. Esse Algo não é reconhecível ou identificável pelo pensamento.

Observe que todo pensamento em você é algo que vem do passado. O pensamento é aquilo em nós que identifica qualquer experiência acrescentando algo a mais naquilo que acontece aqui, nessa experiência, e transformando essa experiência em algo que é parte dele também.

Tudo que o pensamento faz é reconhecer a experiência e torná-la parte dele mesmo. A condição de modelo de pensamento é sempre de reconhecimento. E aqui, quando tratamos da Vida nesse momento, livre desse centro que é o “eu”, o ego, não há reconhecimento, portanto, não há pensamento.

Então a Verdade da Kundalini, a Verdade da Consciência, a Verdade do seu Ser é a Vida aqui e agora, sem o sentido de uma pessoa presente, que está vindo do passado, que está indo para o futuro. Então Kundalini é a resposta, como sendo esta Real Consciência, para essa questão, que é a questão do ego. A Verdade disso é o fim para o ego.

Assim, qualquer coisa que as pessoas estejam dizendo a respeito dessa, assim conhecida, Kundalini é algo ainda dentro de uma imaginação, dentro de uma ilusão, porque Kundalini não é reconhecível, não é algo que se conhece. Como o seu próprio Ser, como sua própria Presença Divina não é identificável pelo pensamento. Assim, a Realidade d’Aquilo que é Você é o Desconhecido, porque essa é a Realidade de Deus.

Notem como é simples isso. Esse momento agora não é reconhecível, ele está fora da identificação do pensamento, ele está fora do reconhecimento do pensamento, ele está fora do que o pensamento pode explicar, deduzir, concluir, nomear, esse é um instante novo. A Vida sempre é nova, a Vida é isso que está aqui, neste instante, agora.

O que o ego tem feito diante desse momento presente é dar uma interpretação, uma avaliação, fazer comparações, fazer julgamentos a partir do passado, a partir de suas experiências pregressas. Então, na verdade, o sentido do “eu”, do ego, que é a pessoa presente, é uma fraude, é uma ilusão. É isso que explica todo o conflito que temos com a vida como ela é. Temos a vida como ela é neste instante e temos o pensamento como ele pretende ser, como ele idealiza ser, como ele busca ser, como ele acredita ser este momento, este instante, então há conflito.

Então, todo sofrimento em nossas vidas está presente porque não estamos vivendo a Verdade d’Aquilo que somos, que é esta Verdade que não está no tempo, que não está no conhecido, que não vem do passado. Esse contato com a Verdade Divina, esse contato com a Verdade de Deus é o fim do “eu”, é o fim do ego, é o fim do passado.

Assim, a pergunta é: “Como despertar a Kundalini?” Reparem o equívoco dessa pergunta, porque ela já se baseia num princípio equivocado de que Kundalini é algo que podemos lidar com isso, que podemos tornar isso possível, viável e, portanto, podemos controlar, de que há um caminho, há uma forma, há uma fórmula, há uma técnica para esse Despertar. Isso é completamente falso, porque o Despertar da Kundalini é a Revelação da ausência do “eu”, da ausência do ego e, portanto, da ausência de qualquer técnica, fórmula.

Uma técnica, uma fórmula, isso é algo que vem do conhecido, é algo que vem do passado, é um caminho, é um modelo para se chegar a alguma coisa; essa “alguma coisa” é a Kundalini. Então é como se Kundalini estivesse no futuro e através de uma técnica, que é um conhecimento que adquirimos – e se adquirimos é algo que vem do passado –, pudéssemos encontrar a Kundalini, ter uma experiência.

Agora, notem: não é uma experiência. Uma experiência é aquilo pelo qual você passa e é registrado. Kundalini é aquilo que é Consciência agora, aqui, e isso se Revela quando o “eu”, o ego, que é o passado, não está mais presente.

Então a forma Real de uma aproximação do Despertar da Kundalini é ter a compreensão do movimento em nós do passado. Trazer Atenção para esse momento, se tornar ciente do movimento do “eu”, do ego, que é o passado, que é todo esse movimento do conhecido em nós, é Autoconhecimento. Assim, a forma da aproximação da Verdade da Revelação do seu Ser está no descarte desse ego, que é o passado. Isso requer a presença do Autoconhecimento.

Observar o movimento do “eu”, o movimento do ego, esse modelo que vem do passado, que neste instante presente está em conflito com a Vida se revelando, àquilo que aqui está, tomar ciência desse sentido do “eu e a Vida”, que é separação, tomar ciência dessa dualidade, desse “eu”, que é o “mim”, o ego, e o não “eu”, que é a Vida, com o que quer que ela esteja se mostrando aqui, se apresentando aqui, tomar ciência disso é Autoconhecimento. Esta é a forma de nos aproximarmos dessa Atenção. Essa Atenção sobre o movimento do “eu”, que é Autoconhecimento, é o descarte dessa condição do passado.

Assim nos deparamos com a morte desse sentido de identidade egoica. Essa é uma questão fundamental para investigarmos também, a importância da morte desse contato psicológico, com o fim do sentido do “eu”, do ego, desse “mim”. Então neste momento, Algo novo surge nessa Atenção. Então temos essa Energia se tornando disponível.

Primeiro estávamos desperdiçando toda essa Energia nesse centro falso, nesse ego, nesse movimento de pensamento, sentimento, emoção, modo de perceber com base no passado, sempre neste instante com a Vida se mostrando; estávamos sempre lidando com o momento presente com base no centro falso, nesse ego. No entanto, agora temos essa Energia disponível de Atenção sobre esse movimento, que é o movimento do ego. Esta Energia disponível é a Energia da Consciência Real, que é a Energia da Kundalini. Então neste momento temos o instante da Meditação, porque há Autoconhecimento.

Essa Energia se torna disponível para uma mudança psicofísica nesse cérebro, nesse mecanismo, nesse organismo, então nesse corpo-mente ocorre uma mudança. O Despertar da Kundalini é quando essa Energia toma esse corpo e essa mente, realizando uma mudança no corpo, no cérebro, nas células cerebrais. Então Aquilo que está presente agora é Algo desconhecido, é Algo inominável, é a Beleza da Meditação.

Nós podemos passar por tudo na vida, adquirir qualquer coisa na vida, realizar qualquer coisa na vida, mas sem a Realização da Beleza de Ser – que é essa Real Consciência, que é esse Florescer do seu Estado Natural, que também é chamado de Kundalini –, sem a Realização de Deus continuamos na mesma e velha condição de uma egoidentidade, dentro de uma ilusão e, portanto, vivendo uma vida em contradição, em sofrimento, carregada de medo, de toda forma de confusão e desordem psicológica, porque nos falta o fim para esse condicionamento, para esse condicionamento egoico, para esse condicionamento psicológico.

Então a Beleza desse contato com a Verdade Divina é o Florescer do Amor. Assim, a presença da Verdade do seu Ser é a presença do Amor. Onde encontrar o Amor? Aqui, neste instante. Aqui está a presença do Amor quando a Verdade do seu Ser, que é a Consciência, Floresce.

Março de 2024
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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Condicionamento psicológico | O que é o pensamento? | Vida livre da consciência egoica

Eu quero trabalhar com você a questão da ideia central em nós da individualidade. Nós carregamos a ideia dessa consciência individual. Então eu gostaria de colocar para vocês aqui a ciência desta Verdade, a Verdade da ilusão a respeito dessa individual consciência.

Nós temos predileções, temos escolhas, temos gostos e desgostos de ordem individual, de ordem particular, de ordem pessoal, assim como temos também pensamentos bastantes pessoais, particulares, e nós confundimos isso com o sentido de uma individualidade presente. Assim, nós temos uma ilusão: a ilusão dessa consciência individual. Nós não investigamos a natureza da consciência em nós, não investigamos a natureza desse modo de pensar, de sentir e agir na vida, e assim nós acreditamos nessa individual consciência.

Então, qual será a verdade: a consciência coletiva ou a consciência individual? Essa consciência individual é apenas uma ideia, um conceito, uma crença que temos, porque o que prevalece é essa consciência coletiva. Então, essas particulares escolhas nascem de um condicionamento.

Essa, assim chamada, “consciência em nós” é a consciência do “eu”, é a consciência particular de uma identidade que se vê presente dentro da experiência, na vida, fazendo escolhas. Mas isso não determina nenhuma individualidade presente, e sim, a ilusão de uma individualidade. Essa é a consciência do “eu”, essa é a consciência egoica.

Então eu gostaria de explorar isso aqui com você. Seria bastante interessante se nós pudéssemos juntos acompanhar isso que estamos trabalhando aqui. Observe o seu modo de sentir e de pensar e você irá descobrir. O nosso modo particular de sentir e pensar, na verdade, é de um fundo de história humana, de condicionamento humano, de ideia de humanidade.

Nós temos, em razão de nossa criação, “escolhas”, ideias sobre as coisas, conceitos, opiniões, julgamentos e avaliações. A verdade sobre a nossa “vida” nessa condição de identidade do “eu” é que você tem um nome próprio, você tem uma casa própria, você tem um carro próprio, você tem uma família própria, e isso nos dá a sensação ilusória da presença de uma individualidade.

O que temos aqui são particulares coisas para uma particular pessoa, mas nunca investigamos a verdade desta “pessoa”. Nunca nos aproximamos para descobrir qual é o significado dela, o que é essa pessoa, o que ela representa, o que ela, de verdade, é, qual é a verdade de ser alguém. Então o nosso movimento na vida é sempre o movimento particular desta pessoa.

Observe dentro de você todo esse movimento de pensamento e você irá observar que são pensamentos que ocorrem em você, e que ocorrem em todos. Com exceção desses particulares pensamentos ligados a objetos particulares, o nosso modo de pensar é o modo de pensar coletivo. Nossas crenças são as crenças que nós recebemos da nossa cultura, da nossa sociedade, do nosso mundo, da nossa história de família.

Assim, esses pensamentos, sejam eles religiosos, políticos ou sociais, são pensamentos, sim, coletivos. Não existe um modo específico de pensar que seja livre. Nenhum pensamento em nós é livre, e não é livre simplesmente porque todo pensamento tem uma origem; e nós vamos investigar com você isso aqui o que é em nós esse movimento do pensar, então teremos uma dica do que a pessoa representa.

O que é esse modo de pensar em nós? Todo o pensamento em você é algo que vem da memória, assim sendo, é algo que vem do passado, e ele é algo que se repete da mesmíssima forma para todos. Não há qualquer pensamento que seja, de verdade, livre, porque todo pensamento é memória, é algo que vem do passado.

Assim, o pensamento é só uma recordação de uma experiência que se foi, de uma experiência que passou. Então, o que é o pensamento, para descobrir o que é esse pensar em nós? Pensamentos são lembranças. Ao passar por experiências, você guardou essas experiências dentro de si mesmo como lembranças.

Essas lembranças se apresentam nesse momento como pensamentos. Esses pensamentos não são livres, porque nascem dessa memória, dessa experiência passada. Ou seja, o pensamento já nasce agora, aqui, como algo que vem do passado, portanto, algo que não tem vida nesse momento. Assim, não é livre.

A vida que o pensamento recebe nesse momento é a vida da ilusão do pensador, desse experimentador – não é a Real Vida. Repare que nossas ações nascem do pensamento, então elas são respostas neste momento, dadas a este momento pelo passado, ou seja, não são respostas livres, porque nascem de uma experiência que já foi.

Observe sua relação com as pessoas: não há liberdade nessa relação, porque sua relação com ele ou ela é uma relação que se assenta na memória, na lembrança, no passado, no pensamento, recebe vida em razão da ilusão da presença desse pensador. Então, é isso que nós chamamos de pensar.

Nossas relações são relações que se baseiam em quadros, em lembranças, em imagens. Não há liberdade nesse momento na relação, porque o pensamento não é livre. Essas pessoas do seu relacionamento estão em contato com você neste momento tendo de você uma resposta que vem do passado, e vice-versa.

Assim, nossas relações são relações sem liberdade; elas não estão ocorrendo com a Liberdade porque estão ocorrendo dentro da prisão do modelo já do pensamento. É o pensamento que nos diz quem a outra pessoa é. O que é esse pensamento? Um conceito que vem do passado. Nós não sabemos quem é a outra pessoa.

Reparem como é fascinante descobrir isso, observar isso, perceber isso em si mesmo, nesse contato com o outro. Nós convivemos com alguém já há dez anos, há vinte anos. Aquele “alguém” nunca é o mesmo, estamos sempre com uma nova lembrança, um novo quadro, uma nova imagem daquela pessoa quando a encontramos. Mas essa nova imagem, esse novo quadro, essa nova lembrança é algo que vem do passado. Assim, esse nosso contato nunca é um contato novo, é um contato com o passado.

Nós temos a ilusão de que sabemos quem o outro é, e ele tem a ilusão de que também nos conhece. Nós temos dele, sim, o nome, que também é uma memória, o formato do rosto, que também é uma memória, um modelo de comportamento que conhecemos nele ou nela, mas isso tudo vem da memória. Assim são nossas relações.

Então, nossas relações se assentam no passado. Na verdade, toda a nossa vida se assenta no passado, e esse passado é o passado coletivo, é o formato como a consciência coletiva funciona, como essa, assim chamada, “consciência humana” funciona.

Haverá uma qualidade de vida possível nesse momento que esteja livre desse modelo de pensamento? Porque esse modelo de pensamento é a forma de condicionamento, de programação, de formato de pensar que nós conhecemos. Então essa é a condição de pensamento psicológico, de condicionamento psicológico, de movimento cerebral em nós condicionado, de comportamento em nossas relações. Nossas relações com as pessoas são assim; mas observe, nossa relação com nós mesmos é assim.

O que você tem sobre você é um conjunto de imagens, lembranças, quadros. A história da pessoa é isso. Então, o que é a pessoa? É esse conjunto de lembranças que ela tem dela mesmo. Então, nossa relação com o mundo é uma relação de projeção de pensamentos, de conclusões, crenças, opiniões, ideias, posicionamentos. Incluído nisso, nós temos nossas crenças religiosas, espirituais, filosóficas e políticas. Será possível uma vida nesse instante livre desse modelo de consciência humana, de consciência egoica e, portanto, de consciência coletiva, de repetição do passado?

A inveja, o ciúme, o medo, a raiva, toda essa interna confusão que produz em nós sofrimento, aflições, contradições, observe que tudo isso é algo que vem desse movimento, que é o movimento dessa consciência coletiva. Esse é o modelo já programado de cultura, de sociedade e de mundo presente em nós.

Será possível um esvaziamento desse modelo de consciência coletiva para a constatação da Real Presença de Ser Verdadeira Consciência? Então, esta Verdadeira Consciência não é particular, não é pessoal, não é humana, não é coletiva, é a Consciência da Realidade, da Realidade deste Ser que somos.

Esse trabalho aqui nosso consiste na descoberta da constatação da ilusão que trazemos. A ciência dessa ilusão pela auto-observação, tomar ciência do movimento do pensamento em nós, perceber como esse pensamento funciona, como esse jogo de imagens que vêm do passado estão acontecendo, estão funcionando em nossas relações, tomar ciência desse jogo, tomar ciência desse movimento de inconsciência presente em nós, perceber isso, ter a clareza disso é algo Real dentro de uma visão de aproximação do Autoconhecimento.

Olhar para esse movimento de pensamento, sentimento, sensações, percepções, o modo como vejo esse ou aquele, como me relaciono com ele ou ela, como me relaciono comigo mesmo, com esse senso desse “eu”, tomar ciência disso e perceber que estamos diante de um jogo de imagens, de formulações mentais, isso é ter uma aproximação do Autoconhecimento. Percebam, há uma forma de nos aproximarmos disso, e a forma única desta aproximação é trazendo Atenção para esse instante.

Trazer Atenção para este momento é tomar ciência de como nós funcionamos. Perceber que todo esse movimento é o movimento já de repetição, de condicionamento, de movimento do passado, de pensamento onde nele não há esta Liberdade. Olhar para isso, apenas olhar, tomar ciência disso. Não é fazer algo com o que você vê nesse instante, mas apenas se tornar ciente, cônscio de si mesmo aqui, neste momento, na relação com o outro, na relação consigo mesmo, na relação com a vida.

Esse estudar a nós mesmos é aquilo que temos de mais importante na vida. Então temos uma aproximação do nosso Ser, da Revelação d’Aquilo em nós que é indizível, indescritível, que está além daquilo que o pensamento, que o movimento, que é esse movimento de pensamento, jamais pode ter qualquer aproximação disso, uma vez que todo esse pensamento é só memória, e memória é algo que já foi. Estamos diante de algo novo nesse contato com a Realidade d’Aquilo que somos.

Então a vida se revela como um experimentar deste momento, sem esse passado. A vida se mostra neste momento como algo único que está sendo, neste momento, a própria Vida se revelando, sem esse “centro” ilusório que é o “eu”, o ego, que é essa ilusória consciência individual, e que também é o fim para essa consciência coletiva.

É a Consciência deste Ser, desta Liberdade, d’Aquilo que é inominável, indescritível, que é a Verdade deste Ser que somos. A aproximação da Meditação, da arte de Ser é a arte desta Consciência Real de Ser. Então temos aqui algo importantíssimo, que é a aproximação da Verdade da Meditação juntamente com o Autoconhecimento.

Março de 2024
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terça-feira, 16 de abril de 2024

Sofrimento psicológico. Advaita: a Não Dualidade. A Verdade sobre quem nós somos. Tempo psicológico.

O nosso propósito aqui com você é estudar a nós mesmos, é tomarmos ciência da Verdade sobre quem nós somos e, assim, claramente tomar ciência da ilusão da nossa representação nessa, assim chamada, “vida”. Como representamos a vida? O que é essa vida que levamos? O que ela significa? Qual é a verdade desse “mim”, desse “eu”?

Estamos diante de algo aqui que é fascinante. Trata-se da descoberta da ilusão dessa vida como nós a levamos. Essa vida que vivemos, o que ela representa? Nós temos aqui diversas perguntas, uma delas é: por que há tanta confusão no mundo? Observe de perto isso e você irá perceber: a confusão no mundo não é a confusão que está lá fora, é a confusão que está aqui nessa vida, nessa particular vida da pessoa.

Então, compreender a pessoa – não é a outra pessoa, mas, sim, a pessoa que somos –, tomar ciência de como você funciona nessa relação com o outro, com as situações, com os eventos, com os acontecimentos, com tudo aquilo que aparece. Tudo isso é a vida. Reparem, nós temos o termo “minha vida”, a frase “minha vida…” Mas o que é essa “minha vida”? Quem sou eu? O que é essa “pessoa”?

A não compreensão de como você funciona psicologicamente – uma vez que a estrutura de nossa existência humana está assentada nesse modelo psicológico de ser alguém – é ignorância. Nós ignoramos quem somos porque estamos alienados da compreensão desse modelo psicológico de ser alguém. Assim, estudar a nós mesmos é a coisa mais importante na vida.

Como seres humanos, nós temos evoluído em diversas áreas, em diversos aspectos dessa, assim chamada, “história da humanidade”. Evoluímos tecnologicamente, cientificamente, temos meios de transportes rápidos, de comunicação. Estamos tendo hoje, na área da medicina, da tecnologia, diversos progressos, no entanto, psicologicamente nós continuamos em desordem, em sofrimento, infelizes, problemáticos, carregados de medos. Então, psicologicamente, não há qualquer evolução.

A Realidade é que esse modelo psicológico de ser alguém, de se mover como alguém no mundo é o que tem criado confusão. Nossa confusão psicológica está suplantando nossa evolução tecnológica e científica. Assim, nós não temos Felicidade, porque não temos ciência da Verdade d’Aquilo que está além desse movimento interno, que é o movimento psicológico de ser alguém, desconhecemos isso. Essa é a ignorância, essa é a nossa alienação.

Essa condição psicológica confusa é a condição do ego, é a condição do “eu”, dessa identidade que assumimos ser. Vivemos dentro de um sentido de separação onde existe essa vida – essa representativa vida do “eu”, do ego – se opondo a essa Totalidade da Existência, da Real Vida. Desconhecemos a Real Vida. Estamos alienados da ilusão que trazemos a respeito de quem somos, porque nos falta a Verdade do Autoconhecimento. Estamos incientes da Totalidade da Vida, vivendo essa particular vida desse centro ilusório.

Aqui nós estamos vendo a possibilidade de uma vida livre desse modelo egocêntrico de ser, ilusório de viver, nessa representação particular de vida egocêntrica. Tomar ciência da Realidade da Totalidade da Vida, da Beleza da Vida livre desse autocentramento, desse autointeresse, desse movimento de confusão interna onde há todo esse sofrimento psicológico, onde nossa vida está orientada por uma ilusão básica, a ilusão do vir a ser, do se tornar, do alcançar.

Esse movimento psicológico de ser alguém carrega um vazio existencial, e ele busca preencher esse vazio nessa imaginação, nessa ilusão de vir a ser alguém diferente de quem ele é, de alcançar um lugar, uma posição, um resultado diferente do que ele tem, encontrar um lugar diferente do lugar de onde ele se encontra nesse instante.

Então existe esse movimento do tempo que o pensamento, na imaginação, tem construído para alcançar um futuro, para se tornar alguém diferente. Há todo um movimento interno de pensamento psicológico de tempo – que é apenas o tempo psicológico engendrado pelo pensamento, construído pelo pensamento – onde existe essa ilusão de uma vida particular, autocentrada, separada dessa Totalidade da Vida; e essa vida particular autocentrada irá alcançar alguma coisa mais excelente, fora da própria Vida como Ela, em sua Totalidade, representa.

Nós desconhecemos essa Totalidade da Vida. A ciência dessa Totalidade da Vida é a Verdade da Revelação de Deus. Mas nesse centro pessoal, que é o “eu”, o ego, nesse sentido de ser alguém, nesse movimento psicológico de identidade egocêntrica, de identidade egoica, há esse sentimento de separação, há essa ilusão da dualidade, a ideia de ser alguém para vir a ser um outro, um outro alguém melhor, mais amplo, mais feliz, mais completo, um alguém que encontrará o amor, encontrará a paz, a felicidade, a liberdade, um alguém que irá encontrar tudo o que anseia, tudo o que deseja e se sentirá completo nesse dia, então terá esse vazio existencial preenchido.

Assim, nos deparamos com essa dor da solidão. Nós temos colocado aqui para você: há uma grande beleza em estar só. Mas este só, nesse sentido do “eu”, é um isolacionismo egocêntrico e nele há uma grande dor. Nós desconhecemos a beleza desse estar só. E este estar só é livre exatamente desse modelo egocêntrico de isolacionismo onde o “eu” se vê separado do todo, se vê separado da Vida. Este estar só é a própria expressão da Inteligência da Vida, que é esta Real Consciência que está aqui e agora. Se Ela está presente, não existe o isolacionismo.

Então, o verdadeiro estar só não carrega dor. Esse estar só significa estar livre desse modelo de consciência coletiva, onde o seu modo de pensar, de sentir, de agir, de se mover no mundo é completamente egocêntrico, ou seja, a partir de um centro que se separa do outro, se separa nas relações com tudo à sua volta e se vê, naturalmente, carregado com essa dor da solidão, com essa dor desse vazio existencial dentro do seu isolacionismo.

Tomar a ciência da Verdade Divina é encontrar esse estar só, é a ciência da Real Consciência. A Verdade sobre a verdadeira individualidade está nessa Real Consciência de Ser Pura Inteligência. Não é uma individualidade que se separa, não é um só que se separa, estamos diante de Algo inteiramente novo, desconhecido, fora de tudo aquilo que o ego em seu movimento conhecido, conhece. Isso é algo possível quando você aprende a olhar para todo esse movimento de vida centrada no “eu”, de vida centrada nesse “mim”. Tomar ciência disso, aprender a olhar, Olhar, Perceber, ter a clareza desse Ver sem esse centro que é o “eu”.

Quando o “eu” vê algo, ele compara, ele avalia, ele julga, ele aceita, ele rejeita. Esse Ver, esse Olhar, esse Perceber é sem a presença desse “eu”. Então, olhos novos estão presentes quando há essa Atenção dada a si mesmo nesse momento. Como Realizar Isso? Nós temos encontros on-line nos finais de semana para aprofundar isso com você de uma forma bem direta, através de perguntas e respostas.

É necessário Acordar nesta vida, deixar essa condição de inconsciência, de movimento egocêntrico, de vida representativa no “eu”, no ego, onde há toda forma de confusão, desordem e sofrimento, para uma vida beatífica, para uma vida bem aventurada, feliz, livre, acordada. Alguns chamam isso de O Despertar, porque, naturalmente, se refere ao Acordar para uma nova Consciência, para uma nova Vida, para Algo que o pensamento não tem a menor forma de se aproximar disso com suas ideias, com suas crenças, com suas fórmulas de imaginação.

A Verdade sobre isso é que você nasceu para a Vida, a Vida em sua Totalidade, a Vida na sua Verdade, a Vida no que Ela É. Não essa particular vida representativa dessa identidade egoica, dessa ilusória identidade que se separa da Existência e vive nesse princípio de dualidade. Há uma expressão indiana para o fim dessa condição de inconsciência, de sono. A expressão é Advaita, a Não dualidade, a ciência da Verdade.

A Verdade é a Não separação, a Não dualidade. Aqui está a Vida onde há esse “primeiro sem o segundo”. A palavra Advaita significa “o primeiro sem o segundo”, onde não há mais essa ilusão, a ilusão desse ser alguém nessa intenção de vir a ser, porque estamos diante da Beleza da Vida, onde o centro, que é o “eu”, o ego não está mais. Esse é o Real encontro com Deus ou a Real Consciência da Verdade de Deus.

Março de 2024
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quinta-feira, 11 de abril de 2024

Despertar Espiritual. Iluminação Espiritual. Condicionamento psicológico. Advaita: a Não Dualidade.

O ser humano vem ao longo de toda a história da humanidade à procura de alguma coisa além dele mesmo; algo sagrado, algo Divino, algo além dessa condição de vida como nós conhecemos. Então as perguntas que as pessoas fazem é: “Como conhecer Deus? Como encontrar Deus?” Aqui nós precisamos ter alguns esclarecimentos sobre isso. Precisamos ter muito claro o que significa, na verdade, esse “conhecer” ou esse “encontrar”.

O que temos colocado aqui é que esse “encontrar” como nós idealizamos é impossível, e que esse “conhecer” como também idealizamos é impossível. Isso porque nós só podemos conhecer aquilo que possa ser reconhecido por nós, e só podemos encontrar aquilo que é encontrável por nós.

Mas qual é a verdade desse “nós”? Quem sou eu? Qual é a verdade sobre mim? O que é esse “mim”? Repare, nós desconhecemos a Verdade sobre quem somos, mas queremos conhecer a Verdade sobre quem Deus É. Aqui nós temos que ter uma aproximação nova a respeito disso.

Nessa procura ou nessa, o ser humano tem procurado nos exemplos daqueles que encontraram ou que conheceram Deus, então nós vamos para os Livros Sagrados e vemos o que eles têm para nos dizer a respeito desse encontro. Essa é a nossa referência. Mas notem, nós ficamos nisso.

Então as religiões organizadas quando nos falam sobre Deus, elas nos relatam aquilo que os Sábios, os Místicos, os Santos vivenciaram a respeito desta Verdade, que é a Verdade Divina, e nós ficamos no terreno das ideias, dos conceitos, das teorias, das formulações verbais, ficamos nas crenças.

Haverá algo além disso? Além desse testemunho teórico, conceitual, livresco. É possível, de verdade, termos uma aproximação da Realidade de Deus? É possível não nos mantermos dentro dessa condição antiga e já conhecida de repetir o que os Santos, os Sábios disseram, mas ter uma vivência direta com essa Realidade? É possível ter uma ciência de Deus?

Vamos aprofundar um pouquinho isso aqui com você – o nosso assunto principal aqui é esse Despertar Espiritual ou Iluminação Espiritual, que não é outra coisa a não ser a Realização da Verdade de Deus.

Então, o que é essa aproximação? Como ela se torna possível? Primeiro nós temos que investigar a Verdade sobre quem nós somos se descartarmos a ilusão daquilo que somos, daquilo que manifestamos ser, daquilo que apresentamos ser. Quando eu me refiro a essa ilusão daquilo que somos é esse modelo de existência centrada no “eu”, no ego, nesse sentido de uma identidade presente se separando da Vida, se separando da Existência, se separando de Deus. Aqui está a ilusão.

Veja, a Verdade sobre aquilo que somos é a ilusão, essa ilusão é a Verdade disso que somos. Temos que compreender isso que somos agora, aqui, esses aspectos dessa egoidentidade. É por isso que sem a compreensão sobre quem nós somos, sem a Verdade do Autoconhecimento, nós não temos a Verdade da aproximação da Realidade de Deus, porque a Verdade do Autoconhecimento é o descarte dessa ilusão, da ilusão do ego, da ilusão do “eu”.

A “pessoa”, esse sentido de identidade egoica, de egocentramento presente nesse “eu” é, na verdade, o resultado de todo um condicionamento de história de humanidade, de história humana. A Realização da Verdade é o fim desse “eu”, é o fim desse centro ilusório, que é o ego, é o fim desse sentido de separação. Então, sim, temos a Realização de Deus, a Verdade de Deus, a Realidade de Deus aqui, nesse instante.

Então quando tratamos desse “conhecer Deus”, desse “encontrar Deus”, estamos tratando dessa constatação de que a única Realidade presente é a Realidade de Deus. Há uma expressão indiana que é belíssima para isso. A expressão é Advaita. Advaita significa a Não dualidade, a Não separação, significa “o primeiro sem o segundo”.

Então a Verdade é a Verdade da Não dualidade. A única Realidade presente sempre, invariavelmente, é a Realidade de Deus. Só há Ele, tudo mais está fora, dentro desse modelo de sonho de identidade separada, de identidade egoica, que é a ilusão desse “eu”, a ilusão daquilo que manifestamos ser, que não é a Realidade Divina, Real que verdadeiramente nós somos. Descartar essa ilusão é tomar ciência desta Verdade.

Então, o que é conhecer Deus? O que é encontrar Deus? É constatar a Realidade daquilo que está presente quando o “eu”, esse ego, esse modelo de condicionamento psicológico, de programação egoica, de ações egocêntricas, centradas nesse “eu” ilusório não estão mais presentes. Então temos a Realidade da Verdade de Deus. Então o que é esse “conhecer Deus”? O que é esse “constatar Deus”? É algo que se Revela quando há um esvaziamento de todo esse conteúdo psicológico de identidade egoica.

No que é constituída essa identidade egoica? De toda uma programação adquirida ao longo de milhares e milhares de anos, ao longo de toda essa história da humanidade. Esse sentido de identidade egoica é aquilo que o ser humano manifesta ser como um condicionamento.

Então todo esse condicionamento humano nós manifestamos nesse momento nessa crença de que a pessoa, esse “mim”, esse “eu”, é uma realidade, é uma verdade presente, carrega uma identidade que se separa da vida, que se separa do outro, que se separa de Deus. Observem que é exatamente isso que nos mantêm dentro dessa condição de insatisfação, de sofrimento, de confusão, de desordem psicológica, de desordem emocional.

Então o ser humano fala desse “encontrar Deus”, o que na verdade ele está querendo é descobrir alguma coisa que esteja além dessa condição, que é a condição dessa identidade separada, em contradição, em conflito, vivendo esses diversos aspectos de medo, angústia, violência e sofrimento. Tomar ciência da Verdade daquilo que somos é algo que está se revelando quando essa Verdade do Autoconhecimento se aproxima.

O que é esse Autoconhecimento? É ter uma aproximação desse movimento. Na razão em que você se torna ciente do movimento do “eu”, do ego, percebe esse sentido de separação; percebe isso sendo o que de fato é: a ilusão de uma identidade que está presente quando pensamentos estão acontecendo, sentimentos, emoções, percepções, sensações. Perceber a ilusão de uma identidade presente nessa experiência. Quando há este Autoconhecimento, fica claro a ilusão dessa identidade presente.

Notem que coisa interessante ocorre conosco. Se um pensamento está presente, a ideia em nós é de que estamos pensando esse pensamento. Observe que pensamentos são aparições, eles apenas aparecem. Não é verdade essa ideia em nós de que estamos produzindo esses pensamentos, eles apenas estão aparecendo.

Nós não produzimos pensamentos, nós não controlamos pensamentos, nós não dispomos nem nos livramos de pensamento, nós não colocamos eles aqui, nós não os afastamos também, eles apenas surgem. Não existe esse pensador produzindo esses pensamentos, controlando esses pensamentos, se livrando deles quando quer e trazendo eles quando quer.

Observe que os pensamentos são reações da memória. Há um estímulo visual, auditivo. Seja externamente ou internamente, um estímulo surge e um pensamento surge, mas não tem um pensador por detrás desse pensamento e, no entanto, nós temos a crença de que estamos pensando esse pensamento. Observe em você isso. Quando pensamentos aparecem e você quer se livrar deles, você não pode. Na verdade, quanto maior for o esforço para se livrar de um determinado pensamento, mais você o fortalece.

Se você quer se livrar de um pensamento, você pode gritar com ele, pode brigar com ele e ele continua lá. Pensamentos são reações da memória. É algo que aparece sem qualquer controle da sua parte, porque você como sendo o pensador não é real. A ideia do pensador está presente em razão do pensamento presente. Quando há pensamento, existe a ideia de um pensador pensando aquele pensamento, querendo fazer algo com ele, gostando dele ou não gostando dele, querendo mais dele ou querendo se livrar dele.

Então aqui nos deparamos com a ilusão da dualidade pensador e pensamento. Com o sentimento ocorre a mesma coisa, é uma reação a um estímulo. Então, essa reação, que é, na verdade, o resultado de uma experiência que aparece agora em razão de um estímulo que está ocorrendo nesse momento, é uma reação de sentimento que vem do passado; essa reação de emoção vem do passado, de pensamento, vem do passado, e nós colocamos neste pensamento a ideia de um pensador; nesse sentimento, a ideia de alguém sentindo, de uma emoção, alguém emocionado. Assim temos esse princípio da dualidade, da separação.

Então, a ideia de uma identidade presente, que é esse “mim”, esse “eu”, é um conceito, uma crença, um condicionamento psicológico, um modelo de pensar, de sentir e de agir dentro de um princípio de condicionamento. O fim para isso é a Revelação da Realidade Divina, é a Revelação da Realidade de Deus.

Então, o que é a ciência da Realização de Deus? É a ciência da Verdade de que Deus é a única Realidade presente. Isso se revela quando o sentido dessa egoidentidade desaparece. Tomar ciência de si mesmo, olhar para esse movimento do “eu”, esse estudar a si próprio, esse olhar para todo o processo que se passa dentro de você – pensamento, sentimento, emoção, sensação, percepção – sem intervir, sem interferir, então a Verdade da Revelação deste Ser se mostra, porque temos a Meditação, essa Arte de Ser Pura Consciência.

Então há uma quebra de identificação com esse princípio de dualidade, de separação; rompemos com esse movimento, que é o movimento do experimentador, do pensador, daquele que está sustentando pensamentos, emoções, sensações e percepções a partir de um centro. Investigar isso, se aproximar disso é o que temos de mais eficiente para a Realização da Verdade deste conhecer Deus, que, na realidade, é constatar a Realidade, a Realidade deste Ser, a Realidade de Deus.

Março de 2024
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terça-feira, 9 de abril de 2024

Iluminação Espiritual | O pensamento e a memória | A Verdade da Meditação | Real Meditação

A pergunta é: o que é que nós queremos? O que é que a maioria de nós deseja? Em um mundo confuso, em desordem, nessa inquietude que nossa mente tem lidando com as experiências da vida, com as experiências nesse mundo, tendo que se deparar com esses desafios desse caótico e confuso mundo em que nós nos encontramos, o que é que a maioria de nós, de verdade, deseja? Nós desejamos a paz, desejamos a felicidade e desejamos o amor, mas é uma espécie de paz, de felicidade e de amor.

Aqui nós estamos com você explorando essa questão: a questão desse encontro com a Verdade sobre nós mesmos. Não há ciência disso, e para a grande maioria, não há qualquer interesse em descobrir a Verdade sobre isso; e, no entanto, a grande maioria está anelante por uma paz, por uma felicidade, por um amor que eles idealizam, que eles acreditam existir.

Aqui nós estamos trabalhando isso, apresentando pra você a Verdade da possibilidade do Amor, não desse “amor” que a pessoa, nós seres humanos idealizamos. A Verdade da Felicidade, não o idealismo de “felicidade” como as pessoas acreditam poder encontrar. Assim como a Verdade da Paz.

Para nós, paz – dentro desse idealismo que as pessoas fazem sobre a necessidade da paz e o que elas acreditam ser a paz – é simplesmente um momento onde não haja conflito, onde não haja um distúrbio dentro da relação. Naquele momento, há a presença dessa, assim idealizada, “paz”. Não é dessa paz que estamos tratando aqui.

Para as pessoas, a presença do “amor” é quando há afeição, carinho, troca de satisfação, de prazer, na relação, a tudo isso nós chamamos de “amor”. Então, nesse encontro mútuo de satisfação prazerosa, satisfatória, lincada a prazer sentimental, emocional, afetivo, nós estamos dando o nome de “amor”. Então a idealização do encontro com o amor é o encontro com isso. Notem que isso representa mera sensação, uma sensação emocional, uma sensação física. Quando tratamos da Verdade do Amor aqui com você, estamos falando de uma outra coisa; assim como da Verdade da Paz, estamos falando de uma outra coisa.

E quanto à “felicidade”, para a maioria das pessoas, consiste em realizar projetos, sonhos e desejos. Então, a realização lhe dá uma completude temporária, uma satisfação momentânea. A felicidade, em geral, é confundida por satisfação. Então, a verdade sobre a busca da felicidade, para a maioria das pessoas, é só uma busca de satisfação. Quanto ao amor e à paz é, também, a busca de uma satisfação.

Aqui tratamos com você sempre que, uma vez ciente da Verdade deste Ser, desta Realidade Divina que trazemos, estamos diante da ciência do Amor, da Paz e da Felicidade. No entanto, isso não representa nada disso que o pensamento tem construído em torno desse assunto. Na verdade, o pensamento jamais pode se aproximar da Verdade do Amor, porque o pensamento não alcança algo fora dele mesmo.

O pensamento está circunscrito ao seu próprio modelo de vida, ao seu próprio modelo de existência, ao seu próprio modelo de aparição. Tudo que nós conhecemos está dentro desse modelo, que é o modelo construído pelo pensamento. Assim, nossas ideias sobre a Verdade, sobre Deus, assim como nossas ideias sobre a Liberdade, sobre o Amor, sobre a Felicidade, sobre a Paz, tudo isso são ideias dentro desse contexto, que é o contexto do pensamento.

A Realidade que tratamos aqui com você é Algo que está além do pensamento, essa Realidade Divina deste Ser que somos quando não estamos mais presos a esse movimento, que é o movimento do pensamento. Assim, quando o pensamento cessa, há Algo presente que não está dentro desse contexto daquilo que o pensamento formula, não faz parte daquilo que o pensamento conhece.

Quando tratamos do Amor, da Felicidade, da Paz, da Realidade de Deus, da Verdade deste Ser, estamos tocando em Algo que é possível ser constatado por cada um de nós, mas não é possível ser descrito pelo cérebro, pelo pensador, pelo pensamento, pelo experimentador com a sua experiência, por aquele que sente com o seu sentimento.

Observem que, em geral, nossa ideia e sentimento estão atrelados à presença de um pensador, de um experimentador e de alguém presente nesse sentir. Então é sempre pessoal – invariavelmente é assim –, a proposta que recebemos dada pelo pensamento para a realização daquilo que, na verdade, está além do pensamento.

Como encontrar a Felicidade? Como encontrar a Paz? Como realizar a Verdade de Deus? Essas perguntas não podem ser respondidas pelo pensamento. Não é dentro do pensamento que você encontra a solução para o problema, que é o problema da pessoa. O problema da pessoa, que é o problema do “eu”, desse “mim”, desse ego, é exatamente a ausência da Verdade da Paz, da Felicidade, do Amor, da Liberdade.

Esse é o nosso assunto aqui. Estamos trabalhando isso, apontando, sinalizando, mostrando para você. A Verdade d’Aquilo que somos comporta uma qualidade de vida, uma condição inteiramente nova de existência, onde um agir, um sentir, um pensar, um modo novo de se mover na vida está presente. Está presente em razão da Revelação d’Aquilo que é Indescritível, d’Aquilo que é Inominável, d’Aquilo que está além do pensamento.

Portanto, precisamos investigar a natureza da Verdade sobre nós mesmos, a natureza desse “eu”, desse “mim”, desse sentir, desse pensar, desse agir dentro de diversos propósitos, dentro de diversas intenções para, nesta vida, alcançar alguma coisa. Precisamos primeiro compreender a natureza do “eu”, desse que busca, então iremos compreender que essa busca é só um movimento de autoprojeção dele próprio, desse mesmo modelo de identidade que está à procura de algo, mas que é o próprio “eu” em projeção – e tudo o que ele projeta está dentro do pensamento.

Olhe para você e você irá perceber muito claramente isso. Todo o seu modelo de vida está assentado no pensamento. Tudo o que você conhece sobre si mesmo, tudo o que você conhece sobre o outro, tudo o que você conhece sobre a vida é parte daquilo que o pensamento tem estabelecido dentro de você como memória. Assim, todo conhecimento em nós é memória, e toda experiência que podemos relatar, descrever, explicar, tudo aquilo que passamos e podemos colocar como sendo nossa vida conhecida é algo que faz parte do pensamento, da experiência, da memória.

Então, no que se constitui esse “eu”? Esse “eu” é memória. O seu nome é uma memória, a sua história é uma memória; assim são os seus projetos, seus objetivos, sonhos, ideais, suas crenças, suas descrenças, as experiências boas e as experiências ruins, tudo isso está dentro dessa memória, desse modelo conhecido, que é o modelo do pensamento.

Não podemos encontrar aquilo que aqui está presente se situando fora do conhecido, portanto, fora do pensamento. O que é isso que está presente fora do pensamento, fora do conhecido? É a Realidade que está além do tempo. O pensamento em nós, que é memória, é história. A experiência em nós, que é memória, é história. Objetivos, projetos, sonhos em nós são parte do pensamento, que é memória, que é história. Tudo isso está dentro do tempo.

Assim, o ideal da felicidade está dentro do tempo, do amor está dentro do tempo, da paz está dentro do tempo, da liberdade está dentro do tempo. E o que é isso que aqui se encontra, que está fora do tempo, que não pode, portanto, ser encontrado porque já está presente? A Realidade presente, que está fora do tempo, que não pode ser encontrada, é a Realidade de Ser.

Você pode descrever quem você é. Toda a descrição a respeito de quem você é se refere a essa memória que o pensamento formula com base nesse pensador que você acredita ser. Então esse “eu” é constituído de memória, que é pensamento, que é esse pensador, que é essa história, e tudo isso está dentro do tempo. Mas esta não é a Verdade sobre Você, mas, sim, é aquilo que você manifesta ser, que você aparenta ser, que você demonstra ser.

Então, em primeiro lugar, você demonstra ser isso e idealiza ser aquilo. Observe: aquilo que você foi é um pensamento, aquilo que você é é um pensamento, aquilo que você deseja ser é um pensamento. Então o que a maioria das pessoas desejam? O que elas desejam está dentro do modelo da formulação do pensamento. Portanto, tudo isso faz parte desse modelo, que é o modelo do “eu”, que é o modelo do ego, que é o modelo do tempo. Por que tudo isso está dentro do tempo? Porque isso tudo só pode existir como pensamento. Então o pensamento é tempo. É muito simples isso.

Não há nenhum pensamento em você presente nesse instante que não esteja vindo do passado. Então esse passado é tempo, portanto, o pensamento é tempo. É isso que nós temos chamado aqui de tempo psicológico. É no tempo psicológico que a identidade do “eu” reside.

O “eu”, o ego, esse centro, esse “mim”, esse sentido de ser “alguém” reside no tempo, e é no tempo que ele projeta o que ele deseja alcançar. É no tempo que ele projeta aquilo que ele deseja, também, se livrar. Do medo, o ego quer se livrar; do prazer, o ego quer alcançar; do sofrimento, o “eu”, o ego quer se livrar, mas da satisfação, que ele chama de “felicidade”, ele quer alcançar.

Então, é sempre dentro do tempo que todo esse projeto reside. Esse movimento no tempo é um movimento psicológico nesse tempo psicológico.“Eu não sou, mas serei”, “eu não tenho, mas eu terei”, tudo isso reside no tempo, se move no tempo, enquanto que a Realidade está fora do tempo.

Nossa aproximação aqui é da Verdade sobre o Autoconhecimento e de uma visão direta do que é a Meditação, porque quando há esta visão da Verdade daquilo que somos aqui, nesse instante, temos a ciência do Autoconhecimento. E quando há esta ciência do Autoconhecimento, nós temos o fim para essa condição psicológica do tempo, desse “alcançar”, desse “se livrar”. Então o tempo termina, e quando o tempo termina se Revela a ciência de Ser Pura Consciência, então temos a Verdade da Meditação, a Revelação da Meditação.

Estamos aqui interessados em olhar para isso, olhar para o fim dessa condição psicológica de ser “alguém” que reside no tempo, que vive no tempo. Seu nome, sua história, sua identidade, seus desejos, seus sonhos, seus projetos, assim como suas angústias, suas frustrações, seus conflitos, contradições, seus medos, tudo isso faz parte desse “alguém”, desse sentido de ser “alguém”, desse modelo de ser “alguém” dentro do viver, dentro dessa experiência. Isso tudo está dentro desse tempo.

Nesse tempo cronológico, o seu corpo tem envelhecido, e nesse tempo psicológico, o pensamento tem projetado uma identidade. Então o corpo, nesse tempo cronológico, está caminhando para o fim, e esse sentido psicológico de uma identidade que se sustenta no pensamento – me refiro a esse “eu” – é o que busca a continuidade. É algo que está sempre buscando alguma coisa, então há essa insatisfação, essa incompletude, há todo esse sentido de vazio existencial. É isso que explica todos os nossos vínculos de apegos, porque o sentido do “eu”, do ego, busca sua continuidade naquilo que ele adquire psicologicamente.

Então nós temos também essa fantasia da continuidade de uma identidade presente; presente naquilo que possui, naquilo que tem, naquilo que alcançou, naquilo que controla, naquilo que é seu. Tudo isso faz parte da ilusão do “eu”. O fim para tudo isso está na visão da Verdade do seu Ser, na Realização da Verdade Divina. Tomar ciência disso é Realizar Isso nesse instante. A Verdade do seu Ser já é Amor, Paz, Felicidade. Aquilo que Você é não está no tempo, não está no corpo, não está na mente e não está no mundo. A Revelação disso é a Verdade do Despertar da Consciência – alguns chamam de Iluminação Espiritual.

Março de 2024
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quinta-feira, 4 de abril de 2024

Como vencer o medo? Como alcançar a Iluminação Espiritual? Despertar da Consciência. Mente egoica.

As perguntas são “Como conhecer Deus?” ou “Como encontrar Deus?” Notem que coisa interessante são as nossas perguntas no que diz respeito a essa Realidade, a essa coisa Inominável, Indescritível, a essa Verdade que está além de tudo aquilo que o pensamento pode alcançar. Estamos falando dessa Realidade, que é a Realidade Divina, a Realidade de Deus.

Observe as perguntas “Como conhecer Deus?” ou “Como encontrar Deus?” Para encontrarmos algo nós temos que ter o endereço ou dicas de onde aquilo se encontra para termos, de fato, uma aproximação. Então, veja, nós já temos uma ideia sobre Deus, nós só precisamos encontrá-Lo, só precisamos conhecê-Lo. É assim que nós formulamos tudo isso. É assim que nós temos essa questão sendo feita. Qual será a verdade sobre isso?

Notem, nós não conhecemos quem somos, mas queremos conhecer Deus. Nós não sabemos a Verdade sobre nós, mas queremos saber a Verdade sobre Deus. Aqui nós queremos trabalhar isso com você, como ter uma Real aproximação disso. Porque, de fato, o ser humano vem à procura de alguma coisa, há milênios tem sido assim.

O ser humano está procurando algo além dele próprio, além daquilo que ele é. É como se nós desejássemos sair de nós mesmos para alguma coisa além daquilo que nós somos neste momento. Notem, aqui está a Real aproximação dessa questão da Revelação d’Aquilo que Deus É. Aqui nos deparamos com a Verdade da constatação d’Aquilo que Deus É.

Notem isso, aqui não se trata de um “encontrar Deus” ou de um “conhecer Deus” e, sim, de um constatar a Verdade de Deus. A Verdade de Deus não se encontra, não se conhece, não se conhece dentro daquilo que pode ser reconhecido, e não se encontra em algum lugar, em algum espaço. Então a nossa aproximação intelectual desse assunto – também sentimental e emocional – é inteiramente equivocada, porque aqui se trata de uma aproximação da investigação daquilo que se passa aqui conosco.

E o que é que se passa aqui conosco? Por que queremos ir além dessa condição que estamos vivendo? Qual é a razão disso? Reparem que tudo nasce de uma insatisfação, de uma profunda insatisfação. O ser humano não está feliz, não está satisfeito, não está completo. Essa insatisfação tem produzido em nós a busca de alguma coisa. O que há por detrás dessa busca? É a tentativa, realmente, de encontrar algo além desse “mim”, desse ego, desse “eu”. É com isso que estamos insatisfeitos. É aqui, nesse sentido do “eu”, do ego que estamos infelizes.

Então veja, há uma insatisfação e uma procura por uma realidade além dessa insatisfação, então, esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é que, por não sabermos a Verdade de Deus, estamos confundindo esse encontro com a Realidade com um encontro com uma satisfação maior. Repare, o ser humano não está, na verdade, na procura da Realidade Divina. Embora ele carregue dentro de si uma insatisfação que nunca irá ser satisfeita por qualquer outra coisa além da Verdade de Deus, mesmo assim, ele está à procura de uma satisfação maior.

Então essa é a procura do ser humano. Ele está confundindo esse encontro com a Verdade, que é a única Realidade que pode lhe completar, lhe fazer realmente Ser o que ele É, que é Felicidade, que é Amor, que é Paz. Ele está buscando uma satisfação maior para a sua vida. Então o ser humano está em busca de alguma coisa que não é essa Realidade de Deus. É bem paradoxal isso.

Então, há uma procura por uma realização. Na mente egoica, nessa mente confusa que trazemos, estamos confundindo isso com a realização de uma satisfação. O ser humano está procurando amor, procurando paz, procurando liberdade, procurando felicidade, mas ele tem uma ideia do que isso representa. Assim, ele projeta isso dentro daquilo que, na verdade, ele imagina. Assim sendo, é algo ainda dentro do conhecido. Então sua busca é a busca por uma satisfação maior, e não pela Realidade de Deus. No entanto, ele está à procura de alguma coisa que não sabe o que é, porque Isso que é a Realidade de Deus está além do conhecido.

Então, notem, nós não sabemos o que é a Verdade da Completude, da Paz, do Amor, da Felicidade que buscamos, mas estamos em busca de uma ideia sobre isso, de um conceito sobre isso, de uma satisfação para esse modelo de insatisfação que é a vida no ego, que é a vida no “eu”. Eu não sei se isso está muito confuso para você.

Colocando de uma forma muito simples: nós não sabemos a verdade de nossa insatisfação, e a nossa busca de satisfação, porque não sabemos qual é a razão dessa insatisfação em nós, não é a busca pela Verdade, porque não podemos estar em busca da Verdade dentro dessa condição confusa, desorientada, infeliz e complicada em que a mente egoica se encontra. Então, simplificando isso tudo aqui: a Realidade Divina é o Desconhecido, e aquilo que na mente nós estamos buscando, ainda está dentro daquilo que a mente conhece.

O que nós precisamos ver juntos aqui é a possibilidade da Realização da Verdade, desta Verdade de Deus. No entanto, isso só se torna possível – esse assim, “conhecer Deus”, esse assim, “encontrar Deus”, o que, na verdade, é constatar Deus, tomar ciência da Realidade de Deus – quando o sentido do “eu”, do ego não está mais presente.

É necessária a eliminação desse sentido do “eu”, do ego, que é a base real da insatisfação, de toda a contradição, de todo o sofrimento, de toda essa dor existencial humana. Aqui nós podemos colocar dentro desse pacote, todo o tipo de sofrimento que nós conhecemos, o medo, o ciúme, a inveja, tudo aquilo que o ser humano quer se livrar e faz perguntas do tipo “Como vencer o medo? Como vencer a inveja? Como vencer o ciúme? Como vencer essa dor, que é a dor da solidão?” Tudo isso faz parte desse pacote, dessa condição, que é a condição do “eu”, do “mim”, do ego, e quando isso termina, nós temos a Realidade Divina, a Realidade de Deus se mostrando.

Essa Realidade de Deus está presente no fim desse “eu”. Assim, essa é a constatação da Realidade que buscamos. Então, o que, na verdade, estamos querendo? O que, na verdade, estamos ansiando? O que, na verdade, estamos anelando? O que, na verdade, estamos procurando? Procuramos, anelamos e desejamos a Verdade d’Aquilo que, quando está presente, essa insatisfação termina.

Aqui o problema é que nós desconhecemos Isso, e Isso está além do conhecido. Quando Isso está presente, Algo novo está presente, o Desconhecido está presente, é a Realidade do seu Ser. Isso é algo que não nos foi dito e nós estamos dizendo aqui para você, explorando aqui com você esse assunto cuidadosamente.

O que estamos dizendo para você é que, sim, é possível Realizar a Verdade de Deus. A Realização da Verdade de Deus, Realizar Deus é o Real conhecer Deus, é o Real constatar Deus. Não é você tomando ciência de quem Deus É, e sim, a Realidade de Deus assumindo o lugar dela nesse corpo e nessa mente. Essa é a Verdade do seu Ser se Revelando nesta vida, a Verdade da vida livre desse centro que é o “eu”, o ego.

Então a Verdade do Autoconhecimento requer essa ciência da Meditação. Então, Meditação é ciência do Autoconhecimento, e Autoconhecimento é a base para a Revelação desta ciência da arte da Meditação, e é isso que torna possível esta Verdade da revelação, da constatação Divina, de Deus. É a manifestação ou a expressão d’Aquilo que é Inominável, Indescritível, que está presente quando o sentido do “eu”, que é esse sentido de pessoa que nós carregamos, não está mais presente.

Assim, o Despertar da Consciência, a Iluminação Espiritual é essa ciência. É comum a pergunta: “Como alcançar a Iluminação Espiritual?” A ciência desta Revelação do que é Iluminação Espiritual está na constatação da Verdade deste Ser, que é a Natureza de Deus, que é a Natureza de cada um de nós quando esse sentido de separação, de dualidade, não está mais presente.

Esse sentido de dualidade é a afirmação desse centro ilusório, que é o “eu”, o ego, esse pensador dentro de nós que vê o mundo separado dele mesmo. Esse pensador vê os pensamentos como algo que ele está produzindo. Esse pensador vê os sentimentos, que são sentimentos separados dele, então, ele é aquele que sente esses sentimentos, é aquele que lida com essas emoções. Isso é algo ilusório. Isso é uma forma de ver a partir de uma ilusão, de uma identificação equivocada, uma coisa aprendida dentro desse conceito de mundo que nós recebemos, que aqui temos chamado de condicionamento psicológico.

Esse modelo psicológico de pensar é um condicionamento; de sentir é um condicionamento. É isso que tem sustentado essa condição de insatisfação. Assim, o ser humano está procurando realizar algo além de si próprio porque, na verdade, ele está insatisfeito.

A princípio, o ser humano acredita que irá encontrar essa satisfação realizando externamente alguma coisa, que ele dá o nome de “felicidade”, de “amor”, de “paz”; depois ele começa a perceber que não tem funcionado, e aí ele se volta para a vida religiosa ou para a vida espiritual à procura dessa coisa misteriosa, dessa coisa indescritível chamada Deus. Mas ainda, tudo isso dentro desse contexto de insatisfação e nesse programa, ainda, de conhecimento que o pensamento tem, que a mente egoica possuiu. E nós precisamos romper com tudo isso, só então esta Realidade está presente.

Então, essa arte do Autoconhecimento e da Verdade Meditação é o fim para tudo isso. A ciência deste Ser é a ciência da Verdade de Deus. Então esse é o nosso trabalho com você. Aqui nós queremos trazer você para esse convite. Aqui nós queremos lhe propor esse convite, o convite da investigação da Verdade sobre tudo isso.

Março de 2024
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terça-feira, 2 de abril de 2024

Como vencer o medo? Sofrimento psicológico. Real Meditação. Não Dualidade. Como vencer o sofrimento?

É muito interessante quando as pessoas se aproximam e fazem perguntas do tipo: “Como vencer o sofrimento? Como vencer o medo? Como vencer a ansiedade?” Observe que nós queremos vencer, não temos ideia de quem é esse que está dentro dessa condição de medo, de sofrimento, de ansiedade; quem é esse em ansiedade, quem é esse em medo, quem é esse no sofrimento.

Qual é a verdade da vida como ela se mostra aqui, nesse instante? Nós queremos a solução para um problema, sem a compreensão daquele que está no problema, daquele que se encontra no problema. O final para todos os nossos problemas é a compreensão do que o problema representa nesse momento.

O nosso modelo de pensamento a respeito de como lidar com o problema é sempre a ideia de que esse problema, ele pode ser vencido, pode ser superado, de que é possível superar esse problema, vencer esse problema. E a ideia de vencer e superar consiste em algo que você irá fazer para realizar isto depois.

Aqui nós temos uma abordagem diferente. Estamos dizendo para você que é nesse instante, agora, e não depois, o direto contato com a verdade do que é. Qual é a verdade daquilo que aqui se encontra? Esse problema para “nós”, esse problema para “mim”, esse problema para o “eu” está na compreensão desse “mim”, desse “eu”. Então esse “nós” precisa ser compreendido, esse “mim” precisa ser compreendido. Esse “nós” que têm o problema, esse “mim” que carrega o problema, esse “eu” que está vivendo esse problema.

Assim, é agora que nos deparamos com a verdade, com o fato, com a realidade do problema, quando nos deparamos com esse “mim”, com esse centro, com esse “eu”. Como podemos resolver isso? Tendo uma compreensão do que é esse “mim”, do que é esse “eu” nesse instante. É aqui que temos o problema, e é aqui que lidamos com o problema. Não é depois desse instante, não é depois desse momento.

Perceba a beleza disso. O medo está agora, aqui, é uma realidade presente nesse instante, então há esse “eu” no medo. A ansiedade está presente nesse instante, então há esse “eu” na ansiedade. O sofrimento está presente, então há esse “eu” no sofrimento. Esse “eu” no sofrimento é o sofrimento; este sofrimento é o “eu”. No medo, esse “eu” é o medo; este medo é o “eu”. Na ansiedade, esse “eu” é a ansiedade; esta ansiedade é o “eu”.

Aqui, neste instante, você não pode separar o “eu”, que é o sofredor, do sofrimento, o “eu”, que é o medroso, do medo, o “eu”, que é o ansioso, da ansiedade. É sempre nesse momento! É sempre nesse momento que estamos lidando com a Realidade do que é, do que é o problema. A nossa ideia é: “Preciso me livrar. O que farei? O que realizarei? O que preciso fazer?” Assim, nós estamos sempre lidando com algo que se encontra aqui, nesse instante, a partir de um idealismo de futuro.

Quando lidamos com uma experiência, nós não estamos lidando com a possibilidade do tempo, só estamos lidando com a verdade do momento presente, só estamos lidando com a realidade deste agora se mostrando, e não há qualquer separação entre este agora e o medo, o sofrimento ou a ansiedade. Não há nenhuma separação entre esse “eu” e a ansiedade, o medo ou sofrimento. Assim, o “eu” é o sofrimento, é a experiência, e isso está aqui, agora.

É possível eliminarmos essa separação entre o pensador e o pensamento? Porque não há nenhuma separação. Quando o pensamento está, o pensador também está. Se há sofrimento, o sofredor está presente. É possível eliminarmos a separação entre o medo e o medroso, entre a ansiedade e o ansioso?

A nossa visão é a visão ilusória do tempo para resolver isso que está agora, aqui. Notem a ilusão: esse tempo é só uma fantasia, uma imaginação criada pelo pensamento. Não existe esse “depois” do instante presente; não existe esse “amanhã” para resolver o medo agora, o sofrimento agora, a ansiedade agora.

A presença do “eu”, que é o sofredor, que é o medroso, que é o ansioso, está agora se revelando quando esse aspecto da experiência está presente. Não há separação. Mas reparem o truque do ego, desse pensador: ele está idealizando um futuro, está idealizando o amanhã para resolver isso. Esse amanhã está dentro desse tempo psicológico, esse futuro está dentro desse tempo psicológico. É o pensamento que tem produzido essa qualidade de tempo, que só existe sendo o próprio pensamento. Assim, esse pensamento é o tempo.

Então não há separação entre o tempo e o pensamento, e o tempo e o pensamento é uma imaginação. Agora, notem: esse pensador quando está presente, o pensamento está presente, o tempo está presente, a imaginação está presente. Mas se eliminamos esse pensador, esse tempo psicológico desaparece, esse amanhã psicológico desaparece, esse futuro psicológico desaparece. Assim, podemos lidar com esse momento, com a experiência, com o que ela representa nesse instante. Então, estamos lidando com o que é, não com o que deveria ser, com o que poderia ser, com o que será. Estamos lidando com o que é.

Podemos eliminar essa separação? Quando eliminamos o pensador, eliminamos o tempo, e se eliminamos o tempo, eliminamos essa separação, porque não há mais esse sofredor no sofrimento, esse medroso no medo, esse ansioso na ansiedade. Estamos num direto contato com a experiência, e esse direto contato com a experiência é o fim para essa experiência.

Observe isso, investigue isso, se aproxime e olhe diretamente para isso. Não fique nessas palavras, perceba por si mesmo, compreenda por si mesmo o que estamos colocando aqui. Entre em um direto contato com a experiência sem esse centro, sem esse pensador. Entre em um direto contato com a experiência, mas não coloque esse experimentador que dá o nome para a experiência, para essa forma de sofrimento, chamando de medo, de ansiedade, de angústia, de depressão.

Veja, essa é uma forma completamente diferente de nos aproximarmos daquilo que aqui está, porque nós nunca nos aproximamos disso de verdade. Nós nomeamos para controlar, para tentar nos livrar, para tentar fazer algo com isso, ou para explicar para nós mesmos, por isso nós nomeamos a experiência.

Então, reparem: é um grande equívoco nosso, é um grande erro classificarmos, nomearmos, porque a nossa inclinação é de fazer algo com isso. Tudo isso é um grande jogo do próprio ego, desse pensador. Na verdade, o pensador faz tudo isso para se sustentar sendo esse pensador. O pensador faz tudo isso porque isso é a continuidade desse “eu”, desse ego. O resultado disso é que não nos libertamos do sofrimento, ficamos nomeando e procurando controlar isso.

Então, em geral, nós fazemos duas coisas: ou buscamos nos livrar, e por isso perguntamos “como nos livrar” – “como me livrar da inveja”, “como me livrar do medo”, “como me livrar da ansiedade” –, ou procuramos um expediente de fuga, de escape para essa condição psicológica.

Perceba, estamos sendo bem direto com você: quando nos sentimos desconfortáveis, em dor, em razão de um sofrimento, nós procuramos lidar com isso ou tentando nos livrar da experiência – e quando tentamos nos livrar disso estamos confirmando a presença desse ego, desse “eu”, desse pensador, estamos confirmando a presença desse experimentador para se livrar da experiência – ou procuramos fugir disso.

Assim, temos diversos expedientes de fugas psicológicas dessa dor, desse sofrimento. Nós precisamos do tempo que o pensamento constrói para realizar isso. Então, fugindo ou procurando nos livrar, nós precisamos de uma ideia, de um conceito, que o pensamento formula, para lidar com essa experiência. De qualquer forma, não entramos em contato direto com isso. O pensamento pode dizer “amanhã ficarei livre”; ou o pensamento pode encontrar alguma coisa para substituir, para colocar no lugar dessa experiência dolorosa de sofrimento psicológico, então o pensamento diz: “vamos beber”, “vamos assistir um filme”, “vamos passear”, “vamos namorar”.

Assim, há diversas formas de fugas do sofrimento, do medo, da ansiedade. Mas isso vale também para a angústia, para a depressão, para o sentido de solidão – essa dor presente nessa, assim chamada, “solidão”. Então estamos sempre procurando uma forma ou outra de nos livrarmos ou de escaparmos desse sofrimento psicológico.

Ter uma aproximação, um olhar livre desse centro, desse “eu” é algo possível quando há a Verdade da Revelação da compreensão desse processo de separação, de dualidade. A ciência da Realidade deste Ser, da Verdade do seu Real Ser, da Realidade Divina que você traz, que você é quando o “eu”, o ego, não está é a Realidade da Não dualidade. Na Índia, isso é conhecido por Advaita, a Não separação.

A Não separação, esse Natural Estado de Ser, onde a única Realidade é a Realidade Divina, é a Realidade de Deus. Isso na Índia é conhecido por Advaita, “o primeiro sem o segundo”. Essa é a Verdade que somos, essa é a Natureza Divina que trazemos. Ela não carrega nenhum desses quadros de infelicidade psicológica. O ser humano vive dentro dessa condição porque ele não conhece a Verdade sobre ele. O Despertar do seu Ser – alguns chamam isso de Iluminação Espiritual –, o Despertar de sua Natureza Divina é a ciência da Não dualidade, que é Advaita, a Não separação.

O contato direto com a Verdade do seu Ser é algo fundamental. A única coisa na vida é Realizar o fim para toda forma de sofrimento, para toda confusão, para toda desordem. Esse encontro com a Verdade de Deus, com a Verdade do seu Ser é a constatação da Felicidade. Então esse encontro é um constatar da Verdade Divina, que está presente quando Algo fora de tudo aquilo que a mente egoica, que o ego conhece. Quando esta Realidade se mostra, Aquilo que é Desconhecido, que é Inominável, que é Indescritível se apresenta.

Março de 2024
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quinta-feira, 28 de março de 2024

Psicológico pensamento. Iluminação Espiritual. O fim da confusão, desordem e sofrimento. A dualidade

Tudo o que nos interessa aqui é o descobrimento ou a constatação da Verdade sobre nós mesmos. Nós estamos em busca de uma constatação direta. Há uma forma de nos aproximarmos disso e não é, certamente, pela teoria. Não é pelos estudos das palavras, não é por ouvir palavras, não é por ler palavras em livros, mas é pela observação do movimento daquilo que somos neste instante, neste momento.

Nossa ênfase aqui está em estudarmos a nós mesmos e, assim, realizarmos uma direta descoberta disso. Qual é a verdade daquilo que está aqui neste instante sobre mim? Qual é a verdade do que é neste momento? Se queremos descobrir nessa vida o fim da confusão, da desordem e do sofrimento humano, isso só é possível olhando para aquilo que se passa com cada um de nós.

A Verdade sobre você lhe coloca numa condição de existência na vida onde a Vida e aquilo que é Você não se separam. Quando não há essa separação entre a Vida e Você, aquilo que está presente é o Amor, é a Paz, é a Liberdade, é a Felicidade. É isso que alguns chamam de Iluminação Espiritual, é o Despertar de sua Natureza Divina, de sua Natureza Verdadeira.

Assim, nós estamos juntos trabalhando o fim do sofrimento, o fim da confusão, o fim desse movimento interno que nos impulsiona sempre para o futuro, na ilusão de que no futuro nós encontraremos aquilo que estamos buscando. Notem que nós vivemos um estado humano de insatisfação. Essa é a condição do ser humano, ele está, na verdade, na procura ou na busca de alguma coisa em razão da insatisfação que ele carrega.

Como seres humanos, nós estamos insatisfeitos com esse modelo de vida, porque há nele – apesar de alguns momentos de realização e de prazer – desordem, sofrimento, confusão. O fim para tudo isso requer a compreensão daquilo que está presente, mas está presente além disso que está aqui parecendo ser aquilo que nós somos. Eu me refiro a esse elemento pessoal, muito íntimo, bastante conhecido de todos nós, que é o sentimento do “eu”.

Quando nós usamos aqui a expressão “eu”, estamos nos referindo a esse “mim”, e esse sentido de “alguém” como você se vê. Ao olhar para alguém, você está vendo “alguém” lá. Assim como quando você se vê, está se vendo como “alguém” aqui. Isso parece muito razoável, mas essa visão particular, que é a visão centrada do próprio “eu”, do próprio ego, é inteiramente equivocada.

Ao olhar para alguém e lá ver “alguém”, isso é a imagem que você faz de quem você acredita ser e isso que lhe faz ver o “outro” a partir dessa visão particular. Assim, estamos em um mundo onde, na relação com as pessoas, estamos vivendo dentro desta condição de “pessoa para pessoa”.

Há uma Realidade presente além desse centro, desse sentido de alguém presente aqui sendo o experimentador dessa experiência, sendo o centro dessa experiência, sendo aquele que está em contato com o outro. Há uma Realidade presente. Essa é a Realidade de Deus, dessa coisa que chamamos Deus, mas que é Inominável, Indescritível, a Realidade deste Ser Divino que somos quando o sentido desse “eu e você” não está mais, quando essa ideia de “alguém lá e alguém aqui” não está mais.

Assim, nos deparamos com algo desafiador. Esse algo é a compreensão de uma única Realidade presente em toda essa manifestação. O desafio é constatar que essa, assim chamada, “manifestação humana” não passa de um sonho que está sendo visto, vivenciado a partir de um estado interno psicológico de condicionamento, de programação, de particular visão do mundo; algo que se sustenta em toda essa cultura humana, em toda essa visão de civilização de humanidade.

Tudo isso pode soar estranho para você. Ler aqui que a Verdade d’Aquilo que é Você não é esse “alguém”, não é essa “pessoa”, não é esse “eu”, mas, sim, a Realidade d’Aquilo que é Inominável, Indescritível, que é a Verdade de Deus. Não podemos nos aproximar disso pela teoria, não podemos nos aproximar disso ouvindo palestras. Só podemos nos aproximar disso por essa percepção direta.

Olhar para esse movimento interno, que é um movimento do pensamento presente em nós, um movimento de ideias, crenças, conceitos, avaliações, opiniões, julgamentos, tudo aquilo que nos foi dado dentro dessa cultura, que hoje é parte desse movimento interno dentro de cada um de nós, que é esse movimento psicológico; se aproximar e olhar para tudo isso, ver isso neste instante, neste momento presente, apenas tomando ciência disso, porque é isso que aqui se mostra; tomar ciência disso, podendo ir além disso, é o Despertar da Verdade que somos.

Se não podemos tomar ciência disso, vamos estar mantendo essa continuidade. Estaremos mantendo essa perpetuação desse movimento egocêntrico, onde nossas atividades são egocêntricas, o nosso comportamento na relação com o outro, com nós mesmos, com a vida é egocêntrico; assentados na posse, no controle, na violência, no desejo, no medo.

Nossa relação com o mundo tem esse centro particular, que é o experimentador, que é o “eu”. Observem a contradição que tem sido nossas vidas, a confusão que ela tem se tornado em razão de estarmos sempre dentro desse programa, desse modelo, que é o modelo comum a todos, que é o modelo humano. Estar fora disso significa tomar ciência de Algo além de tudo isso que nós conhecemos.

Então, a princípio, pode parecer estranho tudo isso que aqui tratamos com você, mas quando você começa a investigar, observar de perto como você funciona, por exemplo, o que é o pensamento em nós, tomar ciência disso é descobrir que, sim, é possível viver livre desse modelo, que é o modelo do pensamento. Notem como soa estranho, a princípio, ler isso aqui.

Tudo o que nós conhecemos é esse modelo de pensamento presente, o pensamento nos impulsionando para a ação, para o falar, para o sentir. Há sempre o pensamento como um fundo – como se fosse o pano de fundo de todas as experiências humanas. Lá está presente esse padrão, esse modelo, que é o modelo do pensamento.

Nossas ações se repetem, é algo aprendido, guardado, cultivado, memorizado, e isso é pensamento. Assim nós atuamos no mundo. Essa ideia “dele e você”, reparem que isso é uma imagem que o pensamento constrói. Quem é o outro? Quem é você? Uma imagem. A imagem que você tem sobre quem você é.

Tudo o que você pode descrever para mim sobre você é sempre uma imagem, é um conjunto de memórias, lembranças, recordações, é a descrição de uma imagem. Uma imagem que se torna possível em razão de todos os pensamentos guardados, cultivados, presentes aí, sendo esse modelo de pensamentos, esse conjunto de pensamentos o “eu”, o “experimentador”. E é assim que estamos atuando na vida, sempre dentro do programa do pensamento.

Haverá uma forma de viver livre do pensamento? Será que é possível nos utilizarmos da fala, dos gestos, da ação ou de qualquer movimento na vida livre do pensamento? Eu me refiro a essa memória psicológica, o pensamento psicológico em nós. Esse que nos dá uma autoimagem, esse que faz com que nós tenhamos do mundo, também, um quadro, uma imagem. Eu me refiro a esse pensamento que nos faz ter uma relação com a vida a partir de um centro, que é o “eu”, o “mim”, o ego, esse centro pessoal. Se isso está presente, não há Verdade, porque não há comunhão.

Estamos dentro de um princípio de dualidade, de separação e, portanto, de conflito. Onde há separação, onde há essa dualidade nesse movimento de pensamento psicológico que nós cultivamos nesse “eu”, que vive nesse padrão de autoproteção, sempre autointeresseiro, centrado em si mesmo, na busca do seu próprio interesse, na busca de sua própria continuidade, procurando adquirir, possuir, segurar, sustentar.

Observem como é simples termos uma ciência clara disso ao olharmos para nós mesmos: o medo está presente, o desejo está presente, a ambição, a inveja, o controle, a posse, o apego. Tudo isso faz parte desse modelo de pensamento psicológico, de psicológico pensamento em nós.

Será possível uma vida livre desse “eu”, livre do ego e, portanto, livre desse padrão de pensamento? Então, sim, podemos atuar na vida e essa atuação será uma atuação que vem de uma outra região. Não é uma atuação que nasce do pensamento. Então estamos livres de uma atividade egocêntrica, de um padrão de vida egoico.

Nós usamos expressões como “amor”. Nós não sabemos o que é o Amor. Dentro desse modelo, dentro desse contexto, tudo o que nós temos é autointeresse, é posse. Assim, somos criaturas ambiciosas, aquisitivas, vivemos nessa insuficiência psicológica, nessa dor, buscando apreciação. Quando somos apreciados nos sentimos amados.

Para nós ser amado é ser apreciado em algum nível de dependência psicológica em nossas relações. Tudo isso pode nos parecer muito estranho, mas a verdade é que no ego, nessa vida egoica não há essa Presença, esse Perfume, essa Fragrância, a Beleza da presença do Amor. Quando o Amor está presente, o “eu”, o ego não está. Essa é a Verdade d’Aquilo que somos, essa é a Verdade de Deus.

Assim, aqui nós temos como propósito olhar para tudo isso, ir além desse modelo de pensamento psicológico, de pensamento condicionado. Isso representa o fim do tempo psicológico, é onde no ego estamos orientados para viver. Observe que a mente está sempre ligada a um movimento de passado. Os pensamentos em nós são representações de imagens que estão vindo do passado, então nós projetamos o futuro com base no passado, que são memórias, lembranças que cultivamos desse experimentador que é o “eu”, o ego.

Não podemos ter a Presença da Verdade do Amor nesse contexto de tempo psicológico. Podemos ter preenchimento, satisfação, realização pessoal, mas tudo isso faz parte, ainda, dentro de um movimento conhecido e reconhecível da memória, que é o pensamento.

E aqui estamos apontando para algo diferente de tudo isso. Estamos apontando para o fim do “eu”, para o fim do ego, portanto, para o fim desse tempo psicológico, desse movimento, que é o movimento do “eu”. Esse “eu” que veio do passado e está aqui, agora, no presente, centrado nele mesmo, nesse autointeresse, agarrado com o seu mundo e, ainda, se projetando no futuro para manter sua continuidade.

O contato com a Realidade Divina, que é a Realidade deste Ser Real, que não é esse senso de ser o “eu”, uma pessoa, uma identidade que se separa da vida e, sim, uma Realidade que está fora do conhecido, fora do tempo, portanto, fora da mente, o contato com essa Realidade, que é a Verdade de Ser Pura Presença, Pura Consciência, é aquilo que demonstra a Vida como Ela é quando a identidade do “eu”, do ego não está mais presente.

Então nos deparamos com a Beleza, com a Presença da Verdade; essa é a presença do Amor. Então, nesse momento, essa ilusão do “outro” desaparece, porque não há mais essa ideia desse “mim”. Estamos diante de Algo Indescritível, Inominável, que é a Verdade Divina. Esta Realização é a Realização do seu Ser, de sua Natureza Verdadeira.

Assim, nós estamos na vida para a compreensão de que a Vida é a Realidade d’Aquilo que somos. Despertar para tudo isso é a tomada da ciência da verdadeira Sabedoria. A Sabedoria é aquilo que está presente quando há esta Revelação da ciência do seu próprio Ser, isso é Autoconhecimento.

Nesse Autoconhecimento se Revela este Ser Consciência, que é Felicidade. Temos a presença da Verdade da Meditação. E aqui Meditação é esta Verdade se Revelando quando o sentido do “eu”, desse tempo psicológico, desse modelo de pensamento psicológico, que é esse padrão de memória no qual o ego sempre se sustentou, isso não está mais presente. Então, há o Despertar da Inteligência, é o Despertar da Verdade da Sabedoria.

Fevereiro de 2024
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terça-feira, 26 de março de 2024

Ação do condicionamento psicológico | A Verdade do Autoconhecimento | Como fazer a coisa certa?

Nós aqui estamos juntos vendo essa questão da ação. Precisamos descobrir o que é a ação livre do ego, a ação Real, a verdadeira ação. Essa ação é a ação livre de contradição, livre de problemas, livre, portanto, de sofrimento. Nós queremos muito acertar, tanto é assim que fazemos perguntas do tipo: “Como agir sob pressão?”, “Como acertar?” ou “Como fazer a coisa certa?”

Todos nós queremos ter uma inteligente ação, uma sábia ação, mas precisamos saber aqui o que é esta ação, qual é a verdade desta ação. Sem uma compreensão direta, sem uma visão direta, não teórica, conceitual, mas Real sobre a questão da ação, jamais saberemos o que é agir corretamente. Jamais haverá Paz, Liberdade, Amor em nossas vidas, porque nossas ações estarão sendo impulsionadas por esse centro que é o "eu", o ego.

Todos nós já percebemos que nossas ações são ações para ser, alcançar, se livrar, obter, conquistar, então essa ação é, naturalmente, a ação que nasce de uma intenção, de uma ideia, de um propósito e, portanto, é uma ação egocêntrica. No entanto, essa é a única ação que nós conhecemos, a ação centrada no "eu", nesse desejo, nessa motivação ou nesse impulso a partir do medo, para se livrar, para afastar de nós alguma coisa.

Repare que nossa vida consiste de ações, tudo são ações. Quando há o sentido de “alguém” presente, esse é o "eu"; ele está sempre se movendo com algum motivo, com alguma razão. Essa intenção, esse motivo, essa razão que nos impulsiona à ação é o motivo do "eu", do ego. Tudo que nós sabemos na vida é viver uma vida centrada no ego.

Aqui, o propósito aqui é lhe mostrar a possibilidade do Despertar do seu Ser, de sua Natureza Divina, da Real Verdade sobre cada um de nós, que é a Realidade de Deus. Ter ciência disso, tomar ciência disso, compreender isso no viver, esse é o nosso propósito aqui. Então, haverá uma ação de uma outra ordem, uma ação livre das ideias.

Pode parecer muito estranho isso para você, a possibilidade de uma ação livre de ideais, de motivos, de propósitos. Eu me refiro a uma ação livre, espontânea, natural, livre do desejo e do medo, sem esse impulso de se livrar e sem esse impulso ambicioso de alcançar, de adquirir. Essa pessoa que acreditamos ser está se movendo dentro desse programa, dentro desse modelo de ação, assim tem sido em nossas vidas. Investigar a natureza do "eu", estudar a si mesmo, é Autoconhecimento.

É o Autoconhecimento que lhe dá a base para uma ação livre do ego e, portanto, para uma ação Real, onde a Verdade está presente. Só há Verdade na ação quando o "eu" não está. Enquanto o sentido do ego estiver presente, todo o seu movimento será um movimento para alcançar ou se livrar. Então, estamos sempre dentro de um modelo de ação de tempo, um tempo idealizado pelo pensamento, produzido pelo pensamento. É assim que nós, psicologicamente, estamos funcionando.

O movimento do "eu", da pessoa, do ego, é o movimento dentro do tempo, desse tempo psicológico. Esse pensamento é aquele que sustenta esse tempo psicológico. Assim, nossas ações, quando nascem do pensamento, que é memória, lembranças – pensamentos são lembranças, são recordações, são memórias guardadas, experiências pelas quais nós passamos –, é uma ação limitada.

Nós precisamos observar a vida acontecendo. A cada momento nós estamos diante de algo novo e estamos, diante desse novo, nos confrontando com isso, nos deparando com isso, encarando isso a partir do passado. O passado é o pensamento, que é o resultado dessas memórias, lembranças, dessas recordações que temos. Estamos lidando com esse momento presente a partir desse passado. O nosso funcionamento no ego é o funcionamento no tempo psicológico. Então, o pensamento é a estrutura do "eu". Pensamento é a estrutura desse pensador. O pensador é o "eu", o experimentador, aquele que passou por uma experiência, guardou essa experiência, que é memória, e essa memória agora é um pensamento, uma lembrança.

Assim, o experimentador é aquele que dá forma a esse pensador, e esse pensador é aquele que, a partir de uma motivação, de uma intenção, de um desejo, diante do pensamento que ele traz, se coloca para agir. Assim, não há nenhuma verdade na ação do pensador, que é esse experimentador, que é o ego. Assim, todas essas conclusões que nós temos são conclusões do "eu", do ego. É assim que estamos funcionando. Essa é a nossa consciência pessoal produzindo ações de ordem pessoal, ações de ordem egocêntrica, particular, centradas no medo, centradas no desejo, centradas no conflito, centradas dentro dessas conclusões, que são conclusões calculadas.

Acompanhe agora o que estamos colocando aqui para você. A verdade da ação, ela é Real, ela é completa, ela se completa quando ela é só uma resposta dada a esse momento, sem esse movimento psicológico, que é o movimento do "eu", desse pensador, desse experimentador, desse que age a partir de crenças, de conclusões e de ideias.

Estamos sempre nos movendo no mundo a partir da ambição, da inveja, do desejo, do medo. Esse movimento é a ação do "eu", do pensador, é a ação egocêntrica – "eu gosto de você ou não gosto de você", "eu preciso de você ou não quero nada com você". Notem, temos sempre esse "eu" como sendo o centro das ações. Não há um fluir em Liberdade, não conhecemos a Verdade da cooperação, da compreensão, da relação em Liberdade, em Amor, porque há sempre esse sentido do "eu" presente nesse "gostar”, “não gostar", nesse "buscar", nesse "tentar alcançar” ou “tentar se livrar".

O que estamos dizendo aqui é que esse momento pede uma ação. Todo instante é um instante onde algo está acontecendo, ou seja, todo momento é um momento de ação. Não há como estarmos livres da ação. Atender a esse momento é algo que sempre nos aparece como um desafio. A resposta dada a esse desafio a partir desse "eu", desse ego, desse centro de identidade separada é a resposta inadequada, é a ação inadequada, é a ação da contradição, do conflito e, portanto, do sofrimento; enquanto que uma resposta adequada a esse instante, dada por essa Inteligência, nasce dessa compreensão do Silêncio. O Silêncio é a presença desse Estado de Compreensão, o Silêncio é esta Compreensão, esta Compreensão é a Verdade do seu Ser se revelando quando o "eu", o ego, não está. Então uma ação nova está presente. Esta é a ação da própria Vida.

Então, notem o que estamos colocando aqui: ou você tem uma ação a partir desse “mim”, desse ego, desse "eu" ou ocorrerá, de uma forma natural, uma ação livre da presença desse “mim”. Essa é a ação da Realidade, da Verdade de Deus, da Verdade do seu Ser. Tomar ciência na vida da própria Vida é o Despertar da Natureza Divina, da Natureza do seu Ser, então Algo novo está presente. Esse Algo novo atende a tudo aquilo que aqui está de uma forma simples, direta.

Então, nesse Silêncio, que é Compreensão, nessa Compreensão, que é a presença desse Silêncio, há uma ação. Não há nenhuma separação entre este Silêncio, esta Compreensão e a ação acontecendo, quando ela é completa, quando o "eu", o ego, não está envolvido nisso. Tudo isso pode parecer por demais estranho para você, porque tudo que nós temos conhecido até hoje é a ação do condicionamento psicológico, é a ação centrada na vontade, no querer.

Nós temos alguns breves momentos de uma ação livre e não percebemos a beleza desses momentos. Em alguns instantes na sua vida você se vê fora desse movimento, que é o movimento do ego. Por exemplo, no contato com a natureza, quando você está diante de um pôr do sol, quando você está fazendo uma caminhada, quando você está fazendo uma trilha. Existem alguns instantes em que há uma quietude interna, há um espaço de Silêncio que se abre diante de algo como o pôr do sol à tarde, parado diante de um lago, olhando para aquelas águas. Um espaço se abre; nele está a ausência desse pensador, desse experimentador, desse "eu", então estamos diante de uma ação sem “alguém” presente. É um acontecimento, é um evento, é uma ação livre do "eu". Então, nós temos momentos assim.

Podemos descobrir em nossa vida uma vida livre desse ego, para uma resposta não mais baseada nesse centro, que é o ego. É isso que estamos trabalhando aqui com você, lhe mostrando a possibilidade disso. Por exemplo, num contato com o outro, olhar para o outro sem o passado, experimente isso. Sempre quando você olha para alguém, você já tem uma ideia sobre quem ele é, sobre quem ela é: essa ideia é só o passado.

Nós vivemos cultivando esse modelo de pensamento. É esse modelo de pensamento que nos leva à ação, à ação egocêntrica, à ação que não é adequada a esse instante, a esse desafio. Ele ou ela é sempre novo, mas nós estamos sempre absorvendo esse momento, esse novo, esse encontro com o novo com base na memória, no pensamento, na ideia. Então, a ideia não nos permite uma ação livre, então temos o sentido do "eu" presente nesse experimentar agora, aqui, da vida, olhar esse instante, viver esse instante, atender a esse momento, nesse encontro com o novo.

Agora há pouco você estava diante do pôr do sol, isso é o novo, mas o pensamento pode guardar essa imagem, e quando guarda essa imagem e você quer de novo aquele pôr do sol, você não pode tê-lo mais, tudo que você pode ter agora é só uma lembrança, uma memória, é quando o ego absorve o novo no velho. Assim são nossas relações com as pessoas, nós nunca estamos diante de alguém novo, estamos sempre diante da imagem que fazemos dele ou dela. Ou seja, estamos sempre absorvendo esse instante que requer uma ação livre do ego, estamos sempre absorvendo esse momento novo nesse velho modelo, nesse velho "eu", nesse velho ego.

Então não há Amor, não há Liberdade, não há Verdade, não há Inteligência em nossas ações uma vez que essa relação com o outro é ação, uma vez que esse contato com a vida é uma relação, que é uma ação. Nós sempre estamos em relação com lugares, com pessoas, com situações, e estamos sempre trazendo esse passado, que é o "eu", o ego. Então o ego vive nesse movimento, que é o movimento do passado, que é o movimento das recordações, das lembranças, ele não tem ciência da beleza deste instante.

Um outro aspecto do ego é que ele está sempre projetando o futuro a partir desse passado, então nossas ações calculadas, planejadas, objetivadas por esse passado são ações incompletas, que estão sempre produzindo confusão e sofrimento em nossas vidas, porque não há a presença do Amor. Uma ação livre do ego, esse é o convite nesse encontro, tendo a verdade do Autoconhecimento e a Compreensão da Beleza da Real Meditação, a Verdade do Autoconhecimento nesta ação livre do ego.

Fevereiro de 2024
Gravatá/PE
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