quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Você não está no mundo

Estamos diante de uma palavra direta! Não é o significado das palavras que nos interessa em encontros como esse. Palavras você encontra com muita facilidade em uma conferência, lendo um livro… Nosso propósito, aqui, não é compartilhar ensinamentos; nós estamos apenas fazendo investigações. O propósito é que você compreenda, de uma forma direta, em sua própria experiência, para onde estamos apontando. Aqui, se trata de saber ou sentir diretamente, e isso cria uma mudança de perspectiva extraordinária. Isso pode lhe trazer uma nova maneira de viver, de experimentar a vida. Então, Satsang aponta para essa possibilidade – esse é o propósito dos nossos encontros.
Uma das coisas importantes a serem compreendidas sobre isso é que não é possível você ter essa Visão Real da Vida, de Si mesmo e, ao mesmo tempo, continuar tendo a visão de si mesmo e da vida nesse formato que você vem tendo. Isso é algo que pode, literalmente, virar do avesso sua perspectiva. A Realização é algo que destrói o seu mundo!
Você não está no mundo! O mundo está presente em Você, mas você não está nele! Alguns de vocês não têm investigado isso com profundidade. Então, você acorda pela manhã, se dirige para o trabalho e está vivo, mas o Universo está morto. No Despertar, algo diferente acontece: você acorda pela manhã, toma seu banho, vai para o trabalho e tudo está acontecendo, mas agora está acontecendo com ninguém e para ninguém. O Universo está vivo e “você” está morto. Há o funcionamento natural do Universo, e Isso é o Real Você; não esse “você” antigo, esse “você” da velha perspectiva, do modo antigo de ver a vida e a si mesmo, esse “você” que se vê como uma pessoa, vivendo dentro de um corpo, com questões diversas e uma quantidade inumerável de problemas (problemas emocionais, psicológicos, sociais e até políticos).
Esses problemas só estão aí porque “você” está vivo e o Universo está morto. Você, em sua Natureza Verdadeira, é a Vida, o próprio Universo, e não carrega essa miséria. Esse seu “mundinho” é pequeno, carregado, pesado, difícil, de dor e sofrimento, sem Paz, com relacionamentos quebrados, casamento infeliz, falta de propósito, confusão e conflito com a família, com os pais, com a política do país, com toda a situação externa acontecendo no mundo. Isso é “você” vivo e o Universo morto! “Você” com o seu “mundinho”.
O mundo do “eu” é sempre um mundo de problemas, conflitos, dilemas, sofrimento, medo, raiva, e tudo mais. Isso está aí devido à crença nessa “pessoa” separada, por falta de uma autoinvestigação com profundidade. Você precisa ter uma intenção fervorosa, zelosa, aplicada, então poderá ver a Si mesmo, a Vida, o Universo Vivo. De outra forma, continuará em seu “mundinho”, cheio de questões que jamais se resolvem, jamais têm solução. Reparem que vocês jamais conseguirão mudar alguma coisa do lado de fora. O mundo é assim desde que ele é mundo. Logo você vai embora e tudo continuará do mesmo jeito. É um trabalho constante em vão; uma atividade psicológica de conflito, dor e contradição.
A Realidade é Absoluta, além de todas as ideias, crenças e características. Existe algo em você que conhece sua Real Natureza, além de “ser” e “não ser”, além da chamada “consciência” ou “inconsciência”, da “vida” ou “morte”. Assim, é mergulhando em Si mesmo que você conhece a Real Meditação, a Verdadeira Natureza do Ser, da Verdade, desse Universo Vivo. Então, todo o mundo – não o seu “mundinho” – pode aparecer nessa Luz da Suprema Consciência – não no que você chama de “consciência”.
A Realidade é não conceitual, não é uma ideia, não é uma crença. Quando você desperta pela manhã, essa Suprema Consciência está presente. Na verdade, antes de você despertar pela manhã, essa Suprema Consciência já estava presente. Nesse Estado de Ser, Consciência, você percebe o corpo, a mente, o mundo, esse Universo Vivo, sem o “eu”, sem o sentido de “alguém” se levantando, tomando café, indo para o trabalho... Essa é uma posição fundamental! Você pode achar muito bonito ouvir tudo isso, mas essa é só a “melodia da canção”. Não fique apenas ouvindo a “melodia da canção”! É necessário ouvir, celebrar, dançar, viver a “canção”!
Isso é como o Sol... Nenhum outro objeto faz o Sol brilhar mais ou perder seu brilho. Você é o Sol brilhando no Espaço! Você está presente e brilhando, mas, todas as vezes que se confunde com a mente, com as crenças que surgem, você termina ficando limitado.
Agora, você é uma pessoa acordando pela manhã, tomando seu banho, seu café, indo para o trabalho... Você faz isso por quarenta, cinquenta, sessenta, setenta anos, e depois morre. Você só pode morrer porque não é o Universo Vivo, mas uma “pessoa”. Você carrega sempre essa ilusão do “sentido de pessoa”, e esse é o seu medo.
A sua Essência é pura não dualidade, não separação. Quando o corpo, a mente e os objetos são percebidos nessa Consciência, é como o Sol brilhando no Espaço. Nem o corpo, nem a mente, nem o mundo, nem os objetos, nem as experiências podem ofuscar, alterar, para mais ou pra menos, o brilho desse Sol. Essa é sua Condição Natural, mesmo agora. Quando você se identifica com a mente, se perde na identidade pessoal, começa a emitir opiniões, julgamentos, a tirar conclusões, então colide, novamente, com seu pequeno mundo.
Em sua Natureza Real, Você está além de todos os estados, experiências, crenças, conceitos, acordos e desacordos. Em seu Ser, Você é a Felicidade, não pode estar revoltado, infeliz, insatisfeito, se sentir miserável. Mas, quando você colide com seu pequeno mundo, toda essa Clareza desaparece, toda essa Visão da Realidade se vai.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 25 de Março de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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