Temos mais essa bela oportunidade de estarmos juntos neste encontro, dentro desta Presença, desta Visão, deste Fundamento necessário, onde todas as coisas acontecem, tanto a ausência quanto a presença de consciência, tanto o acordar quanto o dormir e sonhar. O Fundamento de toda experiência é a sua Verdadeira Natureza, que é a Natureza Divina de toda manifestação.
Estamos aqui diante desse único, real e necessário Fundamento, que alguns chamam de Consciência, onde reside a Liberdade. Na mente, temos a prisão de uma falsa identidade, de um personagem ilusório − um prisioneiro de uma prisão, também, imaginária. Entretanto, temos o Fundamento de tudo, e é Nele que a Liberdade reside. Sua Natureza Real é Consciência! Esse é o Fundamento!
Vocês não são essa aparência, por exemplo, de um metro e sessenta e cinco, um metro e setenta e cinco, um metro e oitenta e dois, um metro e cinquenta, etc. Você é Aquele para quem as aparências surgem, e olhar isso de perto é algo fascinante! Vendo isso, você pode soltar todas essas rotulações que faz de si mesmo, como de uma “boa pessoa”, uma “pessoa ruim”, uma “pessoa traumatizada”, uma “pessoa infeliz”, uma “pessoa inteligente”, dentre outras. Então, vendo isso, você pode soltar todos esses rótulos, que são ideias, imagens, crenças, conceitos. A mente está cheia de conceitos! Você é Aquilo onde tudo isso aparece! Esse termo “Consciência” é um belo indicador do seu Estado Natural, porém, como temos falado em nossos encontros, você não pode confundir Consciência com estar consciente.
Algumas vezes, você pode estar consciente, outras vezes não, por isso não pode confundir esse estado com Consciência. Algumas vezes, você confunde estar consciente com estar identificado com imagens que o pensamento produz, e isso é estar em uma forma sutil de “sonho”, em devaneio, o que significa estar muito longe da Consciência. Quando está em devaneio, você está nessa flutuação da imaginação, em um “estado de sonho” sutil, no qual o corpo está acordado, mas a mente está produzindo esse “sonho”. Esses estados são todos da mente, os quais chamamos de “estados de consciência”, mas a Consciência real não conhece nenhum estado.
Essa Consciência, às vezes, é chamada de “Eu”. Assim, quando usamos a expressão “Eu Sou”, podemos estar nos referindo a essa Presença, entretanto, quando você faz essa afirmação, pode estar confundindo isso com um estado da mente. Também é assim quando você diz: “Estou dormindo”, “Estou sonhando”, “Estou imaginando”, “Estou sentindo isso”. Então, essa realidade da Consciência, que é o real “Eu Sou”, e o ego, que é o sentido de “pessoa”, não são a mesma coisa. O ego é essa noção de ser uma pessoa, uma entidade baseada nessa identificação de si mesmo com o corpo e a mente, ou com essa personalidade e seus vários rótulos (“pessoa boa”, “pessoa má”, “pessoa infeliz”, “pessoa feliz”) . Enquanto isso, esse “Eu Sou” − sua Condição Real, Natural − é algo anterior a essa imaginação de ser “alguém”.
No fundo, você sabe que pode testemunhar o que se passa em sua cabeça sem, necessariamente, identificar-se com isso. Portanto, essa identificação não é uma condição necessária, é apenas habitual, viciada, algo que vem da prática repetitiva de se identificar com histórias mentais, com pensamentos. Você pode se desidentificar de uma imagem, mas o ego é muito sutil e se segura em outra imagem, ou seja, troca uma imagem por outra, somente. Viver nessa condição de identificação com o que a mente produz não é algo fundamentalmente essencial, necessário; é algo dispensável. Você pode descobrir como dispensar essa identificação com a falsa identidade, e trabalhar isso é o propósito desses encontros.
Sua Condição Natural é de Amor, Paz, Liberdade e Suprema Inteligência. Isso significa não estar se identificando com estados mentais, com imagens que o pensamento produz, com uma identidade que o pensamento cria com base nessas imagens.
Contudo, para isso você precisa estar consciente desses estados mentais, desses movimentos da mente, do movimento dessas imagens. Há trinta, quarenta, cinquenta ou sessenta anos, você está preso dentro desse movimento, e agora é o momento de começar a não confiar mais no que o pensamento produz, a duvidar do que sente, pensa e fala, pois tudo isso é produzido por uma reação do pensamento.
O movimento da mente, do pensamento, é basicamente inconsciência. Você precisa dar um passo atrás. Uma vez capturado por esse movimento, não é difícil observar o pensamento, é impossível! Tudo o que a mente conhece é o seu próprio movimento, que é inconsciência. Por isso que a base, o fundamento dessa Liberação é simples. Agora, para se acolher essa Liberação é preciso um trabalho de rendição, de entrega, de Meditação.
A Realidade dessa Consciência, dessa Presença, é absoluta, incondicionada, indefinível, indescritível. Já esse mundo de experiências, esses estados mentais, no dia a dia, é algo conhecido da mente, sendo para ela mais fácil e habitual lidar com isso. Assim, para a mente, essa Realidade absoluta, incondicionada e indefinível é inatingível, inalcançável, por estar fora das suas experiências cotidianas. Percebam aí que a real dificuldade é a impossibilidade de a mente alcançar Aquilo que está fora dela.
Então, esse “passo atrás” é você mesmo quem precisa dar. Quero lembrá-lo de que você é essa Absoluta Consciência, porém, apesar disso, esse movimento da mente precisa ser constatado. Embolar-se com esse movimento é o que tenho chamado de “estar identificado” − identificado com pensamentos, sensações, sentimentos, imagens, crenças e tudo o mais, que é parte desse conhecido cotidiano da mente. Portanto, você precisa descobrir como viver em seu Natural Estado, sem essa identificação com o que o pensamento produz. Esse trabalho deve acontecer agora, aqui. Quantos pensamentos, sentimentos ou experiências você poderia ter sem essa Presença, essa Consciência Real, que Você é?
A Consciência é a Base, é o Fundamento desses pensamentos, sentimentos e experiências. Assim, vá para esse Fundamento, volte-se para Ele, para essa Base. Acorde! Acordar é sair dessa condição de identificação com tudo o que a mente produz. Então, para se experimentar qualquer uma dessas coisas, requer-se Consciência, porque Ela é o Fundamento, a Base.
Esse é um ponto simples, básico, mas geralmente esquecido. Você esquece que é Consciência, e se confunde com aquilo que o pensamento está produzindo, com as histórias que ele está produzindo sobre quem você é, sobre o que o outro é, o que o mundo é. No entanto, o outro, a mente e o mundo são somente aparições. Porém, quando se identifica com o corpo, você fica com medo de ser “assassinado” pelo Coronavírus, porque a mente produz histórias sobre a morte. Na realidade, isso somente irá tocá-lo, se você assim estiver destinado a passar por isso, mas a mente não trabalha com a realidade, e sim com ficção, imaginação. Então, ela produz o que sabe produzir bem: imaginações; sobretudo, imaginações de dor, sofrimento, perdas, conflitos, pois ela é especialista nisso, em ser miserável. Então, esse ponto simples é sempre negligenciado, esquecido. O ponto simples é: Você é Algo anterior ao corpo, à mente, ao mundo, aos pensamentos, sentimentos, experiências e objetos!
Quando tinha quinze anos, você vivia cercado por objetos diferentes dos que estão exatamente agora, aí, na sala da sua casa, no quarto, ou onde quer que você esteja, e tinha um corpo, completamente diferente desse corpo que você tem agora. Então, o “seu mundo” quando você tinha quinze anos e o “seu mundo” agora são completamente diferentes, mas você continua sempre sendo essa Consciência que testemunha isso. Ela testemunhou aquele mundo (dos seus quinze anos) e testemunha este.
Psicologicamente, é a mesma coisa. O adolescente de quinze anos tem pensamentos, experiências psicológicas, diferentes de um adulto de trinta e cinco anos ou de alguém de meia-idade, com os seus cinquenta ou sessenta anos. Assim, a configuração de um mundo psicológico, todo baseado em pensamento, é bem diferente. Então, tanto o seu mundo externo quanto o seu mundo interno, psicológico, mudam, mas você continua sempre sendo uma testemunha, essa Consciência − esse é o único Fator continuamente presente em toda experiência.
O mundo, a mente, o corpo, tudo muda, e ignorar essa posição real de ser Pura Consciência é todo o seu problema. Quando ignora essa posição real da Verdade sobre Si mesmo, você se confunde com uma história que o pensamento produz sobre esse corpo aí, de trinta e cinco, quarenta ou cinquenta anos. Você é Aquilo que Você é, e Isso não é o corpo, não é a mente, nem está no mundo; não nasceu e não morre; não tem filho nem neto; não foi ontem, não será amanhã, não é hoje. O seu mundo externo agora é um, aquele aos quinze anos era outro, os modelos de pensamentos e crenças eram uns e hoje são outros. Tudo isso são ilusões, aparências fugazes, não substanciais, sem Verdade.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 1º de Maio de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.
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