sexta-feira, 17 de julho de 2020

Desidentifique-se da mente!

Este encontro é mais uma oportunidade para a autoinvestigação. Trata-se de um convite da Consciência para a Consciência. Não é um convite para a mente, pois ela não pode conhecer nada.
Nós temos um tipo de consciência objetiva e, mesmo ela, não é a mente conhecendo alguma coisa. Como a mente não pode conhecer nada, ela não pode se convidar para essa investigação, pois ela é somente mais um objeto. Então, o que nós chamamos de “consciência objetiva” é apenas uma percepção dessa Consciência, que não pode ser definida ou limitada. A mente, sim, está dentro desse limite do conhecimento e da experiência. O que nós investigamos, nesses encontros, nesse convite da Consciência, é o movimento da mente.
Portanto, esse convite é da Consciência, na Consciência e para a Consciência. Tudo aquilo que pode ser, aparentemente, conhecido pela mente é um conhecimento nessa Consciência. A mente é apenas um elemento de percepção, e tudo que ela pode fazer é perceber sua limitação, o que ocorre através dessa investigação da Consciência. Então, na verdade, essa Consciência traz para a mente a percepção de que ela é limitada.
O que podemos dizer é que a mente pode explorar a sua limitação, e é isso que acontece nessa autoinvestigação: você percebe o quanto, na mente, esse sentido do “eu” é limitado, o quanto essa percepção e esse conhecimento são limitados. Então, isso é a única coisa que você pode descobrir dentro dessa autoinvestigação. Eu vejo isso de uma forma muito simples. Não sei se você consegue ver o quanto é simples a mente perceber sua própria autolimitação, suas crenças, imagens, seus conceitos, sua noção de futuro e passado.
Toda experiência do campo da mente é de percepção, porém, a sua Natureza Verdadeira, que é Consciência, está além da mente e de sua percepção. Essa constatação, por meio da autoinvestigação, consegue fazer com que a mente seja desconectada desse movimento de identificação com a experiência, da imaginação de ser uma “identidade”.
Durante toda essa percepção da mente, há algo além dela: a Realidade, que não precisa ser esquecida, mas é o que acontece quando não há atenção sobre esse movimento da mente. O homem comum está dentro desse autoesquecimento, porque está nessa identificação com a mente e com o que ela percebe. Então, isso passa a ser ele, sem ser, e essa Consciência fica travestida de pessoa. Agora, essa Clareza, o Despertar ou a completa Visão da Verdade é sempre um Mistério.
Isso é como você se olhar no espelho e dizer: “Sou eu!”. Agora, esse “sou eu” tem um significado inteiramente diferente do que a mente conhece, é algo inteiramente desconhecido, um grande Mistério. Esse Autorreconhecimento é chamado de Despertar ou Iluminação, que é a Compreensão de que a experiência e a ação não são suas, de que o pensamento, o corpo e o mundo não são seus, nem são O que Você é. Nós permanecemos Naquilo que somos quando a mente, o corpo e o mundo não têm mais importância. Em seu Natural Estado de Ser, que é Meditação, você simplesmente se permite pensar, sentir, perceber e experimentar, momento a momento, sem a ilusão de que “você” está aí, controlando, movendo, mudando e fazendo isso acontecer. Tudo isso apenas está acontecendo.
Quando não há um trabalho sobre si mesmo, você se confunde com esse pensar, sentir e perceber aparecendo, que você chama de “eu” − aqui está a sua identificação com uma imaginação. Você imagina uma sala, pessoas nessa sala, situações e coisas acontecendo, e isso sendo percebido, visto, analisado e entendido por uma “testemunha”. A mente diz que você é essa “testemunha”, mas isso é um truque, é somente uma percepção da própria mente, pois não há nenhuma testemunha aí. Há apenas esse movimento, biológico e funcional do cérebro, do corpo e dos sentidos nessa experiência. É muito fascinante isso!
A Consciência não participa disso, dessa ilusão. A participação Dela é como a base de tudo, mas não tem aí uma “pessoa”, uma “testemunha”. Ela é somente a base desse fenômeno impessoal. Tudo que aparece é somente um fenômeno impessoal dessa Consciência, nessa Consciência, para a Consciência. Então, mesmo a experiência que você chama de “medo” não está acontecendo para a “pessoa”, mas sim para um padrão de condicionamento psicológico. A sua Natureza Essencial não vivencia o medo, e sim a mente. Como você se confunde com a mente, nessa imaginação, aí está “você” com medo.
Existem pessoas inteligentes, não inteligentes, saudáveis, doentes, felizes, infelizes, altas, baixas, gordas, magras, mas isso é somente um fenômeno impessoal da Consciência, pois essas pessoas, essas formas, não carregam identidades separadas. Pessoas de todos os tipos estão dentro de uma sala, mas não tem nenhuma “pessoa” ali, porque tudo é somente um fenômeno nessa Consciência.
Consciência é O que nós somos. Assumir a sua Natureza Verdadeira é desfrutar do Amor, da Paz e da Felicidade, e não mais se confundir com o corpo, com a mente e com o mundo. Esse é o objetivo! Assim, nós permitimos tudo ser como é. Quando você permite tudo ser o que é, Você é O que é! Quando você se confunde com a mente, briga e não permite tudo ser o que é, as coisas serem como são, você está identificado com a ilusão de um falso “eu”, então, você é miserável, infeliz.
Você, em seu Ser, não pode ser infeliz! Fora do seu Ser, você sempre será miserável, haverá sempre essa luta contra a Verdade presente, aqui e agora, essa Verdade impessoal, na qual não existe “você” para controlar, opinar, julgar, comparar, avaliar, aceitar ou rejeitar.
Porém, a mente é teimosa, o ego é muito teimoso. É isso que diferencia o Sábio do tolo, o homem Realizado daqueles que não assumiram a Verdade sobre si mesmos: o tolo acredita existir e possuir o controle; o Sábio sabe que ele não está ali, não há o que controlar e “alguém” que possa controlar qualquer coisa. Então, um está relaxado em seu Ser e Feliz, e o outro está em sua mente, tenso e miserável.
E você? Onde você está nisso? Como você pode relaxar na Felicidade, na Paz e na Liberdade presentes aqui e agora se está no movimento de revolta contra o que a Vida apresenta, aquilo que Ela mostra, que é implacável, inexorável?
Então, a mente é essa série de conceitos e crenças aparecendo e assumindo um falso lugar. Olhe para isso de perto e se desidentifique da mente! Valeu pelo encontro! Namastê!
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 23 de Março de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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