terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Sobre o Real Conhecimento de Si Mesmo

Podemos começar perguntando para você: para onde ir? A partir desse Lugar, desse Espaço onde Você se encontra, para onde ir? Essa ação, essa atividade de fazer, de se direcionar, sempre acontecerá enquanto você se imaginar como um “eu” separado, como uma entidade no tempo e no espaço, passível de se mover. Isso é, na realidade, um movimento muito habitual de todos. Trata-se de um movimento de afastamento Daquilo que está presente, Daquilo que nunca está ausente, desta Consciência presente agora, então é sempre imaginário.
Tudo que tem sido feito é esse afastamento, esse “eu” imaginário nesse movimento de vir a ser, de chegar, de alcançar um objetivo. Sabem o resultado disso? É o afastamento da Felicidade presente. A Felicidade não se encontra em conquistas, em realizações, em um alvo, um objetivo alcançado, dentro do movimento do tempo, que esse “eu” imagina existir para ele. Então, o resultado disso é o afastamento da singela Beleza, que é a Paz, a Felicidade que está aqui e agora.
Então, como poderíamos fazer uma definição verbal daquilo que eu considero a coisa mais importante: a Meditação? Poderíamos definir como a beleza de não se afastar, imaginariamente, Daquilo que já está aqui, que é a Felicidade. Esse “eu” imaginário, separado, não é nada além do que esse simples movimento imaginário encobrindo a Paz, a Felicidade, o Natural Estado de Meditação, seu Estado Divino, seu Estado Natural.
Por que você quer ir a algum lugar? Porque você imagina! É bem simples! Você imagina outro lugar fora desse Lugar, que é esse Espaço onde Você, como Consciência, Verdade, Paz, Felicidade, reside. Você imagina não ter encontrado O que já está aqui. Esse é o movimento do pensamento, é o movimento imaginário, o movimento desse falso “eu”. Só porque você imagina, acredita poder se mover, mas o que se move é apenas a mente, procurando por uma paz ou por um objeto que flutua em algum lugar distante – é a busca de uma situação futura, num tempo imaginário. Você não pode chegar mais perto da Paz se movendo! Tudo que você faz com isso é se distanciar Dela.
Minha ênfase na Meditação é porque a essência Dela está na compreensão de que não existe nada como o chamado “futuro”. Quem é que poderia se afastar ou se aproximar dessa Consciência, dessa Felicidade, dessa Beleza, dessa Graça, dessa Divina Presença? Apenas uma pessoa imaginária poderia se mover, um falso “eu”, algo totalmente inexistente. Não existe nada em sua experiência que esteja afastado ou longe Daquilo que Você é em Essência. Não existe nada em sua experiência que esteja acontecendo longe da Verdade do seu Ser; só a imaginação.
Você imagina um mundo no qual há pessoas que precisam ser amadas ou esquecidas, das quais precisa se afastar ou se aproximar, pessoas com quem você se preocupa, se ocupa, das quais quer resolver problemas... Tudo imaginação! Há uma pessoa principal nisso tudo que é “você”, com problemas também para resolver. Tudo isso é imaginação!
Se o seu corpo está doente, isso é um problema do corpo, não é um problema seu. É seu quando você acredita ser o corpo. Não é seu quando você deixa as crenças. O corpo é um problema para a medicina, para a ciência médica. Ela estuda há milênios como cuidar dele! É assim também com os problemas psicológicos – eles são problemas para a ciência psicológica e não para você.
Talvez, um dia a ciência psicológica descubra que o que pertence à ciência não pertence à Consciência. Colocando de uma forma diferente: aquilo que pertence à mente não diz respeito à Consciência. A Consciência permanece livre quando a mente ou o corpo estão doentes. Assim como o corpo não pode atingir a Consciência, a mente também não pode. Então, é possível que chegue um tempo em que a ciência reconheça que ela é limitada, e sempre será. Da mesma forma, é possível que chegue um momento para você – e eu espero que seja agora – em que compreenda que, quando estiver fisicamente doente, isso será um assunto do corpo e, portanto, da ciência médica que trata da fisiologia do corpo. Assim como, quando você sentir tristeza, isso será um problema para a mente e para ciência psicológica, e não para você.
É quando você se identifica com a mente que a tristeza é um problema para você. Da mesma forma, quando você se identifica com o corpo, a doença se torna um problema para você. Nosso propósito, nessa Arte do Real, do Real Conhecimento de Si Mesmo, é o fim da identificação com o corpo e com a mente e, portanto, o reconhecimento de que sua Natureza Essencial está fora da ciência. Isso é Liberdade!
A questão toda é que é muito íntima essa relação entre corpo, mente e Consciência, e você precisa da Habilidade, do Real Conhecimento de Si Mesmo, para quebrar essa identificação. A atenção sobre o movimento da mente pode quebrar essa identificação com a experiência de sensações ou de qualquer reação natural do corpo, assim como essa identificação com a experiência psicológica de tristeza, como falei há pouco, ou com qualquer outra reação psicológica. Essa atenção é tudo o que você precisa para não confundir mais essa íntima relação entre corpo, mente e Consciência. Aqui, se identificar é estar embolado. Você não é o corpo, você não é a mente... Você é Consciência! É nessa Consciência que o corpo e a mente aparecem, assim como essas reações presentes.
Então, a Meditação é a arte de se distanciar, com plena Consciência, dessa comum e habitual identificação com o corpo e com a mente. Assim, essa “viagem” que se faz para o futuro não tem lugar. A Felicidade, a Liberdade e a Paz estão presentes agora, quando você não é o corpo e a mente. Isso significa que a pessoa que está aí assentada ouvindo não é real. O que está presente nesta sala, neste encontro, é apenas a Presença. A Presença é a única Realidade presente! Essa “pessoa” aí, com sua história, é uma fantasia, é apenas um “eu” imaginário.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 18 de Outubro de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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