Aqui nós temos um único propósito, e esse propósito é a ciência da Verdade Divina. No entanto, nós não começamos falando aqui sobre Deus, começamos falando sobre o sentido do “eu”. É bem interessante isso porque, em geral, as pessoas querem ouvir falar sobre Deus, sobretudo quando querem superar dificuldades, obstáculos e situações fora do controle delas. Mas, reparem, a ideia é superar dificuldades, como, por exemplo, o medo da morte.
A pergunta é: “Como superar o medo da morte?” Esse é um exemplo de pergunta. O medo está presente, é algo que surge, é algo que aparece, assim como a morte também é algo que surge, que aparece. Nós temos um modo de nos aproximarmos da vida como ela acontece a partir de ideias, de conceitos, de avaliações, de opiniões e, também, de crenças. Então nós também acreditamos que uma aproximação de Deus irá nos ajudar a superar o medo.
Eu tenho algo para lhe dizer: a Verdade Divina revelada, a ciência dessa Revelação, daquilo que é a Verdade de Deus é o fim do medo. Porque onde se assenta o medo? O medo é um elemento em você que se assenta, basicamente, no futuro. Você só tem medo do futuro. Observem bem isso. Todos os seus medos são do que possa acontecer, porque agora, aqui, nesse momento, não há medo.
Nós temos o medo de adoecer, o medo de envelhecer, temos o medo de que algo que aconteceu no passado volte a acontecer, temos o medo da morte, temos o medo de sermos abandonados. Repare, todos os nossos temores são algo que dizem respeito ao futuro. Agora eu lhe pergunto: onde está o futuro?
Aqui a pergunta é: onde está o futuro? Já que todo o medo é do futuro, procure em você algum medo que não seja do futuro. Me fale de um medo que não seja do futuro. O medo é algo ligado a esse amanhã, a esse depois, a esse daqui a pouco, é aquilo que pode acontecer, poderá acontecer, talvez aconteça. Repare, é basicamente aquilo que o pensamento fala do futuro.
Assim, o que nós temos na presença do medo? O futuro, o que o pensamento diz sobre o que virá, sobre o que acontecerá, sobre o que poderá surgir. O medo é isso, o medo é o futuro, e o futuro é o pensamento. O que nós temos de futuro é o pensamento. Então nós temos aqui já três coisas que, na realidade, são uma só: nós temos o futuro, temos o pensamento e temos o medo.
Quando as pessoas perguntam como lidar com o medo, eu costumo perguntar para elas de que medo elas estão falando, e elas não conseguem me mostrar nenhum medo separado do futuro. Você não pode me falar de um medo agora; você pode me falar de algo para acontecer com relação a uma situação aqui, agora. Então há uma situação presente, essa situação é o que é, é o que que acontece, e não há nessa situação outra coisa a não ser um fato presente que surge, que está aqui, mas o pensamento constrói uma ideia sobre esse fato, sobre isso que está aqui.
Então, como se aproximar da verdade do medo? Tomando ciência da ideia que é o pensamento, porque o fato do medo é a ideia do pensamento. Portanto, o medo tem essa característica presente em cada um de nós, ele tem a presença da ideia, do conceito, da crença. Então, como podemos lidar com o medo? Tomando ciência do pensamento, porque o único fato do medo é o pensamento.
Mas o pensamento é uma abstração. O pensamento é um símbolo de imagem, de representação, algo que vem do passado representando o futuro, aparece aqui e agora em razão de uma situação presente como uma imagem, como uma representação do passado para o futuro.
Como podemos superar o medo da morte? Descobrindo a realidade do fim agora e aqui. Veja, o fato está aqui, mas a ideia está no futuro. Se dar conta da ideia, tomar plena ciência da ideia é terminar com a ideia. Isso é o fim para essa ideia da morte, porque é só uma ideia.
Então, como superar o medo da morte? Tome ciência de que você está lidando com um pensamento e não com um fato. O fato é o que está aqui. Reparem como é importante isso. Se a morte acontece nesse instante, nesse instante, nesse único segundo que aqui está, não há medo.
Alguém em uma doença terminal pode temer a morte quando o pensamento sobre o que irá acontecer no momento final ou no pós morte aparecer. Apenas quando um pensamento está presente, o medo está presente. Se não há pensamento, não há medo. Veja como é fascinante essa compreensão. Isso não é algo intelectual, não é algo teórico, não é algo conceitual, isso é um fato. Um fato não é uma ideia.
Um fato é aquilo que está aqui se mostrando exatamente como é, e estamos lidando com um fato. O fato é. A ideia não é a coisa, a ideia é uma abstração, é um conceito, é uma imagem. Podemos ir além da ideia, do conceito e da imagem? A resposta para isso é muito clara. A ciência de que estamos diante de uma ideia é o fim do valor dessa ideia. A continuidade dessa ideia é o movimento que o pensamento sustenta.
Então, onde se estabelece, de verdade, esse sofrimento do medo da morte? Na sustentação de uma ideia sobre o que poderá acontecer, ou deverá acontecer, ou acontecerá. A continuidade do pensamento é a manutenção do estado. A ciência do pensamento é o fim do pensamento e, naturalmente, o fim do estado. Então, o que nós temos agora, aqui? Nós temos a presença do estado em razão da presença do pensamento. Sem o pensamento, sem o estado.
Onde está esse elemento no medo, com medo? Esse elemento é o pensamento. É esse pensamento que tem criado, nessa imagem que ele constrói, uma entidade presente nessa dor, nesse conflito, nesse sofrimento, nesse problema.
Então, o que eu posso lhe recomendar nesse instante? Tome ciência desse elemento. Não reaja, não lute, não faça qualquer coisa com esse elemento quando essa dor estiver presente, quando esse quadro estiver presente: tome ciência dele, se aproxime e olhe. Toda a resistência, toda a luta, toda tentativa de resistir a esse pensamento é manter a continuidade dele e, portanto, a continuidade do estado.
Então, como podemos lidar com o pensamento? Se torne ciente dele, dê plena ciência, dê plena presença, completa presença, a ele. Se torne cônscio, olhe, observe, escute, perceba. Apenas isso. Qualquer envolvimento que você tenha com o pensamento irá sustentar um elemento presente no pensamento.
Esse elemento é o pensador, é o experimentador. Esse experimentador é o medroso, esse pensador é a continuidade desse elemento nesta dor. O que estamos descobrindo juntos aqui é como ter desse momento uma aproximação sem alguém nele, sem esse pensador, sem esse experimentador, sem esse sofredor, sem esse atemorizado, sem esse na dor.
Repare como é básico isso, mas nós temos uma inclinação, e eu já tenho colocado isso outras vezes aqui para vocês: ou nós simplificamos demais colocando uma conclusão intelectual sobre o assunto e definindo aquilo como uma conclusão meramente verbal, de palavras, intelectual, e dizemos “sim, entendi, compreendi”, ou nós complicamos demasiadamente e tornamos muito complexo, e dizemos “não, isso não dá para compreender, é muito difícil, não consigo, não consigo compreender isso.”
Veja, aqui estamos lhe convidando apenas a escutar. Isso requer um momento interno de silêncio para apenas escutar essa fala, escutar o que estamos colocando aqui. Então fica claro o que estamos dizendo, sem esse exagero de simplificação ou esse exagero de complicação.
Nós estamos diante de algo para ser visto sem o observador, percebido sem o percebedor, compreendido sem esse elemento que intelectualiza o assunto. Então escute. Diante de uma experiência, se aproxime dela, seja ela qual for, apenas para olhar, perceber, se dar conta, mas não se envolva.
Veja, aqui tocamos com você na beleza desse encontro com esse aprender sobre o Autoconhecimento. Como podemos aprender sobre nós mesmos? Se dando conta de suas reações, descobrindo como você funciona, uma vez que, psicologicamente, toda essa estrutura do “eu” consiste de pensamentos, e pensamentos são essas representações que sustentam em nós o passado, a ideia de alguém que viveu e que não quer viver mais aquilo, passou por algo e não quer que aquilo se repita, ou esse alguém que tem ideia sobre o que acontecerá.
Notem, esse alguém é o “eu”, é o ego, e ele vive dentro desse contexto psicológico de pensamento, de abstração: o passado, o presente e o futuro. No entanto, esse passado, presente e futuro é só uma construção do pensamento, assim ele constrói o medo. Então, todos esses estados internos, quadros lincados ao pensamento estão presentes em razão desse modelo de ser alguém, algo presente quando não existe esse estudar a verdade sobre quem nós somos.
Nós passamos uma vida inteira nessa confusão da ilusão de alguém presente na vida, e esse alguém presente é esse elemento que veio do passado, está no presente e caminhando para o futuro. Então ele tem medo, mas ele também tem desejos. Não é o assunto dessa fala, mas, na realidade, o medo e o desejo estão dentro desse movimento de insatisfação para essa suposta entidade presente. Essa também é a questão do desejo.
O ser humano carrega uma insatisfação que sustenta nele o desejo e o medo, e nós achamos que são coisas diferentes. Na realidade, estamos lidando com o mesmo fenômeno. O seu medo da morte é o seu desejo de não morrer. O seu desejo de ganhar é, na realidade, o medo de não conseguir.
Assim, psicologicamente, nós estamos vivendo no medo e no desejo, e tudo isso está dentro desse movimento, que é o movimento do pensamento, que é essa qualidade de vida psíquica nessa abstração. Porque a vida é o que acontece aqui e agora, enquanto que o pensamento é essa ideia do que deveria ser, ou do que poderia ser, ou do que foi ou daquilo que não foi.
Então, a vida consiste na Realidade daquilo que está presente. Uma vida livre do ego é uma vida que evidencia fatos, não lida com ideias, é uma vida que não está presa a ideais, a ideais positivos ou ideias negativos, a propostas boas ou propostas ruins. Aqui estamos rompendo essa qualidade de vida fictícia, ilusória, centrada nesse movimento de tempo, onde está presente todos esses estados internos de desordem e sofrimento psíquico.
É por isso que o ser humano sofre de ansiedade, depressão, raiva, culpa, arrependimento, decepção, insegurança. Toda essa qualidade de vida é a qualidade que se sustenta nesse modelo psíquico de identidade do “eu”, de identidade egoica.
Aqui estamos lhe convidando para o fim de tudo isso, para uma Vida Real, para uma Vida Divina, estamos lhe convidando para o fim do medo, para o fim do ego, para o fim do “eu”. Portanto, se trata dessa Liberdade, da Liberdade de como lidar, não só como lidar com o medo, mas como lidar com a vida como ela acontece.
Esse é o nosso assunto aqui. Sábado e domingo estamos juntos, em encontros online, trabalhando com você esses assuntos. Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros.
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