Olá, pessoal! Sejam bem-vindos a mais um encontro aqui em nosso canal.
A pergunta é: como alcançar o Despertar Espiritual? As pessoas às vezes comentam, elas perguntam por que é tão difícil, é tão complicado isso, ou por que já estão numa prática já há um bom tempo e isso ainda não aconteceu.
Há uma história muito interessante, dentro do zen, do monge Baso e o seu mestre Nagaju. Você deve conhecer essa história.
Baso estava dentro desse processo para o Despertar Espiritual, dentro desse processo da prática, e um dia o seu mestre o encontra assentado na prática do zazen (nós vamos falar um pouco sobre essa prática do zazen).
Ele está em sua prática do zazen e o mestre se aproxima e diz: “É bem interessante sua prática, mas qual é o propósito?”
Ele olha para o mestre e diz: “Naturalmente, o Despertar Espiritual ou a Iluminação Espiritual”. Essa é sua resposta.
Naquele momento, o Mestre pega uma telha e começa a esfregar essa telha numa rocha. Quando Baso presencia aquela cena, pergunta ao seu mestre Nagaju: “Mestre, o que você está fazendo?”
E o mestre responde: “Eu preciso de um espelho. Estou transformando essa telha em um espelho. Vou polir até eu ter um espelho”.
Baso ao ouvir isso começa a rir e diz: “Mestre, isso será impossível! Não é possível o senhor transformar uma telha num espelho polindo, fazendo esse trabalho.
A isso, o mestre responde para Baso: “Assim é a sua prática do zazen para alcançar o Despertar Espiritual ou a Iluminação Espiritual”.
É interessante essa história.
A prática da meditação, ou a prática do zazen, não é para se obter a Realização ou a Iluminação. Não há um propósito a ser realizado por uma prática, no que diz respeito ao Despertar Espiritual, a Iluminação Espiritual.
A Iluminação Espiritual, o Despertar Espiritual, é algo que já está aqui, nesse instante presente. O seu trabalho de prática não é para o Despertar Espiritual. Ele deve prosseguir, mas o seu trabalho de prática, a prática de se assentar em zazen é a própria Iluminação, é o próprio Despertar. Não há qualquer separação entre se sentar sem a mente – e é isso que significa a palavra zazen, é apenas se assentar sem a mente – e a Iluminação Espiritual ou Despertar Espiritual.
Então, a Meditação, como eu tenho colocado aqui em nossos encontros, eu chamo de Real Meditação Prática, não se separa da Iluminação Espiritual. Essa Iluminação Espiritual é a prática da Meditação. Eu prefiro chamar de Meditação Prática.
Em geral, as pessoas ficam frustradas quando elas praticam a meditação, porque quando elas saem da meditação, elas percebem que o sentido egoico, o sentido da mente, está presente ali mais uma vez. Elas querem realizar a meditação com esse propósito da Iluminação. A prática da Real Meditação, como eu tenho colocado aqui dentro desse canal, é permanecer livre da identificação com a mente. Isso não é um processo para se fazer em momentos específicos do dia, num lugar preparado para isso, silencioso, quieto, em que você consiga parar a mente, parar com esse processo de identificação com a mente, através de uma prática.
Eu preconizo aqui a Meditação Real, a Real Meditação. Ela é algo presente agora, aqui. Nesse Estado de Presença, nesse Estado de Consciência, está presente a Meditação Prática. Essa Meditação Prática é o zazen – se assentar sem a mente, se assentar sem o movimento do pensamento, sem se confundir com o pensamento.
Então, a verdade sobre a Real Meditação é a verdade sobre alcançar a Iluminação ou alcançar o Despertar Espiritual.
E a verdade é que não existe como alcançar aquilo que já está aqui e agora. Alcançar pressupõe futuro, pressupõe um movimento no tempo, pressupõe um objetivo, um propósito a ser realizado, enquanto Realização é a Constatação do seu Ser agora, aqui.
Isso fica muito paradoxal no sentido prático, porque Você é Isso e, no entanto, percebe que ainda está se identificando com todo esse movimento da mente egoica. Então, de uma forma real, Isso está presente, mas não de uma forma existencial. E é aqui que não se deve parar a prática, mesmo que a prática não vá lhe dar esse resultado. Eu diria que a prática lhe predispõe a se tornar cônscio Daquilo que já está aqui; é basicamente isso.
Esse trabalho de Autorreconhecimento é tudo que se faz necessário. Não se trata de alcançar o Despertar Espiritual, mas de Constatar a Verdade do seu próprio Ser, aqui e agora.
Então, o zazen não é uma prática ritual, uma prática cerimonial. Zazen é simplesmente estar presente agora, aqui… se assentar sem a mente. Isso pode significar literalmente se assentar em um lugar e ali permanecer livre dessa identificação com esse movimento do pensamento.
Nesta auto-observação é possível haver uma quebra dessa identificação com esse movimento egoico. Mas também zazen, como é permanecer em seu Ser, assentado em seu Ser, como eu tenho dito dentro dessas falas aqui, em nossos encontros, tanto aqui em nosso canal como dentro de encontros presenciais e on-line, caminhando você pratica o zazen, dirigindo o seu carro você pratica o zazen, assistindo à TV você pratica o zazen.
É por isso que no zen é imperdoável se separar a prática da Meditação da própria Iluminação. Não se pode separar Iluminação da Meditação. Para o zen, Iluminação é Meditação, não há separação, não há distância.
Então, nossos encontros, nosso trabalho juntos, é lhe mostrar que é possível o Despertar Espiritual, mas o Despertar Espiritual é a Constatação do seu Ser agora, aqui. Isso é Iluminação! Portanto, se trata de uma Constatação e não de uma conquista, se trata de uma Percepção direta desse Natural Estado de Ser, livre da mente egoica. Essa mente vive nessa dualidade. A ilusão consiste nesse sentido de dualidade internalizado no corpo e na mente pelo pensamento.
Outro ponto importante aqui que eu tenho enfatizado e, em geral, eu não tenho percebido isso mesmo por aqueles que compartilham essa possibilidade do Despertar, é que não há possibilidade alguma desse Despertar Espiritual sem um trabalho nesse mecanismo, nesse organismo, nesse corpo-mente.
E esse é o trabalho da Consciência, trazendo o Despertar, trazendo a Percepção da Realidade Daquilo que Você é, e o que Você é transcende o corpo e a mente. Então, se não houver um trabalho de desidentificação da mente e do corpo, não haverá o Despertar Espiritual, a Iluminação Espiritual.
Você poderá acreditar Nisso, estudar muito, ler muito sobre Isso, aprender muito sobre Isso e, de uma forma existencial, não acontecerá o Despertar Espiritual, porque, sem uma mudança nesse mecanismo, Isso não acontece. Eu me refiro a essa Constatação – Ela não se mostra. Ela se apresenta quando há essa quebra de identificação com o corpo e com a mente, e esse é um trabalho do Despertar desta Energia, que está em estado potencial no corpo, pronta para Florescer, pronta para Despertar, em prontidão para se Manifestar nesse mecanismo, nesse corpo. Eu me refiro a esse Poder da Kundalini, que é o Poder da própria Consciência nesse corpo.
Portanto, a Constatação da Verdade do seu Ser pressupõe a atualização desse Potencial Divino, que é o Potencial da Kundalini. Eu nunca dissocio o Despertar da Kundalini com o processo do Despertar Espiritual ou da Iluminação Espiritual; é algo que anda de mãos dadas, é algo que acontece simultaneamente, e é nesse organismo, é nesse mecanismo, que acontece essa Constatação.
Então, todo esse processo da prática deve prosseguir – e aqui eu me refiro à Real Prática. A Real Prática está na Meditação. É necessário descobrir a arte da Meditação. Você pode também continuar dentro de uma assim chamada “prática meditativa” ou “prática de meditação” por 10.000 anos, e o que eu estou dizendo para você tem perfeita base dentro do princípio do Despertar, segundo a Yoga.
A Meditação requer Consciência, Presença. Não se trata daquilo que é assim conhecido por meditação aí fora – uma meditação para acalmar, uma meditação para desestressar, uma meditação para um propósito terapêutico. Isso é algo maravilhoso, mas isso não pode lhe trazer essa Constatação da Verdade do seu Ser. Isso requer a desidentificação com a mente egoica, requer a quebra desse sentido de dualidade internalizada nessa suposta mente egoica, nesse suposto “eu”.
Enquanto houver esse sentido de mente egoica, que é esse sentido de uma identidade, que é o “eu”, haverá o mundo lá fora. Então, essa internalização da dualidade precisa ser quebrada, essa ilusão entre observador e a coisa observada, entre pensamento e pensador, entre experiência e experimentador. A Realidade é Aquilo que está agora, aqui. Não há esse “eu” pensando. O pensamento aparece, mas não tem “alguém”. Essa dualidade precisa ser desfeita, essa ilusão precisa ser quebrada. No sentir, há o sentir, mas não “alguém” sentindo; na emoção, existe a emoção, mas não “alguém” na emoção; no pensamento, há o pensamento surgindo, mas não “alguém” pensando.
Portanto, é importante uma base real, e a base real está na Real Meditação Prática. Aqui em nosso canal, eu tenho uma playlist sobre isso. Nessa Real Meditação Prática, é possível haver uma quebra dessa identificação com essa ilusão, que é a ilusão da mente egoica, que é a ilusão desse falso centro, desse falso “eu”. Eu chamo de mente egoica esse estado de consciência mental para essa suposta identidade presente agora, aqui. Isso não é real.
Assim, os nossos encontros são para a investigação da Verdade desse falso “eu”, desse falso centro; os nossos encontros são para a quebra dessa ilusão da dualidade, para a Percepção direta da Não Dualidade. A Não Dualidade é o seu Ser, é esta Consciência Real. Constatar Isso ocorre em razão desse trabalho da Real Meditação. Isso é possível quando há Autoconhecimento. Então, a mera prática da meditação, sem Autoconhecimento, não irá representar uma transformação, uma mudança, não irá representar o Despertar desse Poder Divino. Então, não há como esse movimento interno que é o Despertar da Kundalini, que é o Florescer da Consciência, assumir esse corpo e essa mente.
Então, acontece essa Constatação, a Constatação de que Aquilo que Você é já é aqui e agora. No entanto, um processo se faz necessário nesse corpo, nessa mente, e é por isso que a Prática Real se faz necessária – e aqui se refere à Prática Real. É necessário descobrir o que é o Real Zazen ou a Real Meditação.
Então, esse é o assunto aqui para vocês. No seu viver, no seu dia a dia, você coloca isso em evidência pela auto-observação. A observação do movimento da mente quebra essa identificação com esse movimento da mente egoica. Então, aqui, a arte da Meditação é a arte da auto-observação, que Ramana Maharshi chamava “Atma Vichara”, a auto-observação. A auto-observação é a Atma Vichara, e essa é a Verdadeira Meditação Prática.
Então, esta Realização é a Realização do Zazen, que é Iluminação, que é o Despertar Espiritual, que é o Despertar na Consciência, que é o seu Ser constatado, livre da ilusão de todo o sofrimento psicológico, de toda essa confusão que a mente egoica representa. Isso é Amor, Isso é Paz, Isso é Liberdade, Isso é Felicidade.
Se isso é algo que lhe toca e você ainda não se inscreveu no canal, aproveita agora, se inscreve no canal, deixa o seu “like”... Lembrando que nós temos encontros presenciais, temos encontros também on-line. Se isso é algo que lhe toca, vamos trabalhar isso juntos! Ok?
Valeu pelo encontro.
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