É bom estarmos juntos aqui. O que estamos trabalhando juntos é o fim da crença em uma existência separada. Há uma Realidade presente, e Ela não conhece a separação. É necessário esquecer completamente todos os conceitos, livrar-se de toda forma de crença. A vivência Disso é algo direto. Você vive diretamente Isso, não acredita ou deixa de acreditar Nisso; não se trata de crença nem de descrença. Por isso, nós chamamos Isso de “o fim da ilusão”, mas é necessário se livrar até mesmo do conceito de ilusão, pois ainda é uma crença.
Se você realmente estiver cansado da identificação com a história de um mundo externo, a partir desse momento você fica pronto para Realizar a Verdade sobre Si mesmo. Então, o primeiro passo é esse. Enquanto você estiver ainda muito encantado pelo mundo – e, aqui, me refiro a esse mundo psicológico, onde toda sua vida está centrada em uma falsa identidade – o conflito, o sofrimento e a ilusão permanecerão.
Então, se você esquece esse mundo psicológico, esquece também todas as crenças e descrenças, pois é isso que ele representa. Quando falamos de mundo, estamos falando de pensamento cultural, através do qual você foi educado. Aqui, esse esquecimento do mundo significa estar cansado da ilusão. O completo esquecimento da ilusão significa que nada é, nada existe, e isso é o que podemos chamar de Realização, a Realização de sua Natureza Divina, Essencial. É preciso tomar ciência de sua Natureza Essencial, não desse “você” que acredita estar aí ouvindo essa fala. Quando alguém o chama pelo nome, você responde: “Sim, eu estou aqui”. Porém, aí está a ilusão, porque Você está presente mesmo antes de alguém lembrar o nome dado a esse corpo, a essa forma. Você está presente mesmo antes de saber que está presente! Percebam como isso é interessantíssimo − a Realidade do seu Ser é anterior à ideia de ser “alguém”, à ideia de estar presente.
Você acha que está aí porque sabe responder “estou aqui”. Quando alguém chama seu nome, um pensamento surge, que é: “eu”. Alguém chama você e você diz “sim, eu estou aqui”, mas esse pensamento “eu” é a ilusão, porque Você é anterior a essa ideia “eu”. Acho que agora está bem claro para você o que chamei de “falsa identidade”, de “sentido do ‘eu’”. Repare que o sentido do “eu” é a ilusão de estar presente. Sem essa ilusão, Você já é essa Presença presente, mas não essa “pessoa” que você chama de “eu”.
Assim, a investigação sobre si mesmo tem que ter essa base, esse princípio. Ela tem que partir da aceitação do que está fora daquilo que a mente pode concluir, idealizar, acreditar. O que é seu, por exemplo, é somente uma crença − a crença de “alguém” presente. Por sinal, esse “eu”, a crença de “alguém” presente, é somente confusão, não conhece o Silêncio e a Paz. Assim, quando você diz “estou aqui”, está tratando de uma ilusão, ou seja, tudo o que você pensa, vê e percebe não é a Realidade. Contudo, tudo que você pensa, percebe e vê é devido à Realidade, que é anterior a isso. É simples e profundo... A Realidade é a base de tudo que existe!
Essa autoinvestigação não é a investigação do “eu”; é somente a autoinvestigação, a investigação da Realidade do não-eu. Essa autoinvestigação traz para você a descoberta de que não existe nenhum “eu” presente na experiência de ver, perceber, sentir, ouvir, falar, ou seja, em toda e qualquer experiência. Nossa ênfase está na Verdadeira Meditação, não no que a grande parte das pessoas chama de meditação. Você pode até passar por algumas fases preliminares do que você chamaria de meditação, até chegar a esse momento aqui.
Estamos tratando de algo muito sutil. Quando essa Verdade floresce, não há mais espaço para a ignorância, nem para a ilusão. Aqui, se descarta ignorância, ilusão e, pasmem, conhecimento também. Na Realidade, conhecimento e ignorância partem de um princípio de compreensão meramente intelectual, e isso não funciona aqui. É realmente difícil de compreender, mas, se você realmente investigar, inquirir, você vai obter Isso, esse Estado sem estado. Você experiencia sua existência em objetos e pensamentos, os quais estão dentro dessa percepção de “sonho”. Você, em seu Ser, está antes desses objetos e pensamentos, porque Você é a Realidade em Si mesma.
Para conhecer a si mesmo, você precisa de um espelho. Externamente, para ver sua face, como está seu rosto e como você vai aparecer para o outro, você precisa de um espelho. Então, você vai se conhecer pela aparência do seu rosto e verá o que isso representa para todos à sua volta. Esse espelho serve somente para isso – saber como você vai parecer ao outro. Assim, esses pensamentos, sentimentos, sensações e percepções, dentro de você, são apenas um “espelho”, para que você saiba um pouco sobre como se sente, como se parece para si mesmo e para o mundo externo, mas isso não é a Verdade. A Verdade é anterior a esse “espelho”, a essa aparência.
Você está aqui para descobrir Aquilo que Você é antes daquilo que o pensamento diz sobre o que são você, o mundo e o outro; antes que o espelho diga o que você é ou o que você parece ser. Esse é o Despertar da Inteligência, e Ela existe somente quando há essa Liberdade de estar fora do circuito da mente, porque a mente é essa limitação, essa aparência, esse “espelho”. Então, o seu interesse pela Verdade deve ser o de descobrir Aquilo que está além do que o “espelho” diz, além do que a mente diz, além da aparência, de toda ideia que você faz sobre si, de tudo que você tem e pode ter psicologicamente, porque são apenas ideias, conceitos, crenças.
Vou repetir para você: conhecimento, ignorância e ilusão desaparecem nesse não condicionado Estado, que é livre de todos os estados. Não se trata de intelectualmente compreender isso. Você precisa receber Isso fora do intelecto. A Real Liberdade, Paz, Felicidade e Inteligência estão dentro de Você, não do lado de fora. Então, você precisa esquecer toda experiência que tem de mundo e descobrir Aquilo que está em Você. Isso está fora dessa experiência psicológica do mundo. Portanto, o objetivo é descobrir o que é viver fora da mente, do modelo do conhecido, e lidar com tudo isso com a Liberdade dessa Inteligência, que não confronta, não entra em conflito, não está em atrito, não está lutando contra a Vida como Ela é.
Não importa o que esteja se apresentando no mundo, na vida, em seu corpo ou em sua mente. Descobrir e vivenciar algo fora dessa limitação é a Realização. Assim, a Realidade é a base de tudo. Então, agora, a partir daí, você não se impressiona mais com os objetos, com as percepções, com os pensamentos, com as sensações, porque Você sabe que a base de tudo é a Realidade, e não há mais medo! O medo permanece enquanto a mente permanece, com suas crenças, seus conflitos, seu futuro e passado imaginários − sempre a psicológica ideia de tempo, de prever o que pode ou não acontecer. A mente não tem controle sobre isso, o pensamento não sabe nada sobre o futuro, pois o que ele faz é criar a imaginação do amanhã.
A mente não controla nada, absolutamente nada! Nada é seguro, nada é certo, e essa é a Beleza da Vida! Essa Beleza é viver e acolher essa imprevisibilidade, sair do limite do conhecido, dessa condição psicológica de vida, dessa vida de aparência no espelho, da ideia de um experimentador presente, da ideia de “alguém” nessa autoimportância, nessa ilusão do controle. Tudo isso produz medo e o sustenta. Isso é a ilusão! Reparem que essa ilusão não tem realidade, isso é ignorância! Porém, essa ignorância também não tem realidade, pois está somente no imaginário da mente; é ela produzindo isso. Como eu disse agora há pouco: nem conhecimento, nem ignorância, nem ilusão se sustentam diante da Realidade. Essa dimensão de existência é viver na Consciência, não na mente, e Você é essa Realidade em Si mesma. Não existe nada fora dessa Realidade, somente Ela é! Há somente Consciência, Verdade, Deus!
Vocês conhecem a flor de lótus? Ela vive na água, mas não a toca, fica na superfície. Quando cai sobre ela, a água escorre e não se acumula. Então, parece que ela não suporta viver imersa, suas pétalas permanecem sempre fora da água. A água cai sobre ela e termina rolando… A flor, em si, não se deixa tocar pela água, não fica mergulhada nela. Quando você olha para flor de lótus, vê todo o corpo dela imerso, mas a flor, em si, fica sobre a água. Sempre que a água sobe, a flor cresce um pouco mais para não ficar imersa. Se o nível da água sobe um pouco, ela também cresce um pouco mais, para acompanhar o ritmo do lago, pois ela precisa estar sobre a água.
Ficou claro o que eu quis dizer? Viver nesse mundo sem a ilusão de estar vivo nele é Sabedoria, e Isso é Liberdade, é Felicidade. Porém, acreditar que está vivendo nesse mundo, que você é dele e que somente ele é a realidade, isso é esquecer a sua Natureza Verdadeira. Parece que a flor de lótus não esquece: ela está sempre fora da água, embora na água.
Se você realmente estiver cansado da identificação com a história de um mundo externo, a partir desse momento você fica pronto para Realizar a Verdade sobre Si mesmo. Então, o primeiro passo é esse. Enquanto você estiver ainda muito encantado pelo mundo – e, aqui, me refiro a esse mundo psicológico, onde toda sua vida está centrada em uma falsa identidade – o conflito, o sofrimento e a ilusão permanecerão.
Então, se você esquece esse mundo psicológico, esquece também todas as crenças e descrenças, pois é isso que ele representa. Quando falamos de mundo, estamos falando de pensamento cultural, através do qual você foi educado. Aqui, esse esquecimento do mundo significa estar cansado da ilusão. O completo esquecimento da ilusão significa que nada é, nada existe, e isso é o que podemos chamar de Realização, a Realização de sua Natureza Divina, Essencial. É preciso tomar ciência de sua Natureza Essencial, não desse “você” que acredita estar aí ouvindo essa fala. Quando alguém o chama pelo nome, você responde: “Sim, eu estou aqui”. Porém, aí está a ilusão, porque Você está presente mesmo antes de alguém lembrar o nome dado a esse corpo, a essa forma. Você está presente mesmo antes de saber que está presente! Percebam como isso é interessantíssimo − a Realidade do seu Ser é anterior à ideia de ser “alguém”, à ideia de estar presente.
Você acha que está aí porque sabe responder “estou aqui”. Quando alguém chama seu nome, um pensamento surge, que é: “eu”. Alguém chama você e você diz “sim, eu estou aqui”, mas esse pensamento “eu” é a ilusão, porque Você é anterior a essa ideia “eu”. Acho que agora está bem claro para você o que chamei de “falsa identidade”, de “sentido do ‘eu’”. Repare que o sentido do “eu” é a ilusão de estar presente. Sem essa ilusão, Você já é essa Presença presente, mas não essa “pessoa” que você chama de “eu”.
Assim, a investigação sobre si mesmo tem que ter essa base, esse princípio. Ela tem que partir da aceitação do que está fora daquilo que a mente pode concluir, idealizar, acreditar. O que é seu, por exemplo, é somente uma crença − a crença de “alguém” presente. Por sinal, esse “eu”, a crença de “alguém” presente, é somente confusão, não conhece o Silêncio e a Paz. Assim, quando você diz “estou aqui”, está tratando de uma ilusão, ou seja, tudo o que você pensa, vê e percebe não é a Realidade. Contudo, tudo que você pensa, percebe e vê é devido à Realidade, que é anterior a isso. É simples e profundo... A Realidade é a base de tudo que existe!
Essa autoinvestigação não é a investigação do “eu”; é somente a autoinvestigação, a investigação da Realidade do não-eu. Essa autoinvestigação traz para você a descoberta de que não existe nenhum “eu” presente na experiência de ver, perceber, sentir, ouvir, falar, ou seja, em toda e qualquer experiência. Nossa ênfase está na Verdadeira Meditação, não no que a grande parte das pessoas chama de meditação. Você pode até passar por algumas fases preliminares do que você chamaria de meditação, até chegar a esse momento aqui.
Estamos tratando de algo muito sutil. Quando essa Verdade floresce, não há mais espaço para a ignorância, nem para a ilusão. Aqui, se descarta ignorância, ilusão e, pasmem, conhecimento também. Na Realidade, conhecimento e ignorância partem de um princípio de compreensão meramente intelectual, e isso não funciona aqui. É realmente difícil de compreender, mas, se você realmente investigar, inquirir, você vai obter Isso, esse Estado sem estado. Você experiencia sua existência em objetos e pensamentos, os quais estão dentro dessa percepção de “sonho”. Você, em seu Ser, está antes desses objetos e pensamentos, porque Você é a Realidade em Si mesma.
Para conhecer a si mesmo, você precisa de um espelho. Externamente, para ver sua face, como está seu rosto e como você vai aparecer para o outro, você precisa de um espelho. Então, você vai se conhecer pela aparência do seu rosto e verá o que isso representa para todos à sua volta. Esse espelho serve somente para isso – saber como você vai parecer ao outro. Assim, esses pensamentos, sentimentos, sensações e percepções, dentro de você, são apenas um “espelho”, para que você saiba um pouco sobre como se sente, como se parece para si mesmo e para o mundo externo, mas isso não é a Verdade. A Verdade é anterior a esse “espelho”, a essa aparência.
Você está aqui para descobrir Aquilo que Você é antes daquilo que o pensamento diz sobre o que são você, o mundo e o outro; antes que o espelho diga o que você é ou o que você parece ser. Esse é o Despertar da Inteligência, e Ela existe somente quando há essa Liberdade de estar fora do circuito da mente, porque a mente é essa limitação, essa aparência, esse “espelho”. Então, o seu interesse pela Verdade deve ser o de descobrir Aquilo que está além do que o “espelho” diz, além do que a mente diz, além da aparência, de toda ideia que você faz sobre si, de tudo que você tem e pode ter psicologicamente, porque são apenas ideias, conceitos, crenças.
Vou repetir para você: conhecimento, ignorância e ilusão desaparecem nesse não condicionado Estado, que é livre de todos os estados. Não se trata de intelectualmente compreender isso. Você precisa receber Isso fora do intelecto. A Real Liberdade, Paz, Felicidade e Inteligência estão dentro de Você, não do lado de fora. Então, você precisa esquecer toda experiência que tem de mundo e descobrir Aquilo que está em Você. Isso está fora dessa experiência psicológica do mundo. Portanto, o objetivo é descobrir o que é viver fora da mente, do modelo do conhecido, e lidar com tudo isso com a Liberdade dessa Inteligência, que não confronta, não entra em conflito, não está em atrito, não está lutando contra a Vida como Ela é.
Não importa o que esteja se apresentando no mundo, na vida, em seu corpo ou em sua mente. Descobrir e vivenciar algo fora dessa limitação é a Realização. Assim, a Realidade é a base de tudo. Então, agora, a partir daí, você não se impressiona mais com os objetos, com as percepções, com os pensamentos, com as sensações, porque Você sabe que a base de tudo é a Realidade, e não há mais medo! O medo permanece enquanto a mente permanece, com suas crenças, seus conflitos, seu futuro e passado imaginários − sempre a psicológica ideia de tempo, de prever o que pode ou não acontecer. A mente não tem controle sobre isso, o pensamento não sabe nada sobre o futuro, pois o que ele faz é criar a imaginação do amanhã.
A mente não controla nada, absolutamente nada! Nada é seguro, nada é certo, e essa é a Beleza da Vida! Essa Beleza é viver e acolher essa imprevisibilidade, sair do limite do conhecido, dessa condição psicológica de vida, dessa vida de aparência no espelho, da ideia de um experimentador presente, da ideia de “alguém” nessa autoimportância, nessa ilusão do controle. Tudo isso produz medo e o sustenta. Isso é a ilusão! Reparem que essa ilusão não tem realidade, isso é ignorância! Porém, essa ignorância também não tem realidade, pois está somente no imaginário da mente; é ela produzindo isso. Como eu disse agora há pouco: nem conhecimento, nem ignorância, nem ilusão se sustentam diante da Realidade. Essa dimensão de existência é viver na Consciência, não na mente, e Você é essa Realidade em Si mesma. Não existe nada fora dessa Realidade, somente Ela é! Há somente Consciência, Verdade, Deus!
Vocês conhecem a flor de lótus? Ela vive na água, mas não a toca, fica na superfície. Quando cai sobre ela, a água escorre e não se acumula. Então, parece que ela não suporta viver imersa, suas pétalas permanecem sempre fora da água. A água cai sobre ela e termina rolando… A flor, em si, não se deixa tocar pela água, não fica mergulhada nela. Quando você olha para flor de lótus, vê todo o corpo dela imerso, mas a flor, em si, fica sobre a água. Sempre que a água sobe, a flor cresce um pouco mais para não ficar imersa. Se o nível da água sobe um pouco, ela também cresce um pouco mais, para acompanhar o ritmo do lago, pois ela precisa estar sobre a água.
Ficou claro o que eu quis dizer? Viver nesse mundo sem a ilusão de estar vivo nele é Sabedoria, e Isso é Liberdade, é Felicidade. Porém, acreditar que está vivendo nesse mundo, que você é dele e que somente ele é a realidade, isso é esquecer a sua Natureza Verdadeira. Parece que a flor de lótus não esquece: ela está sempre fora da água, embora na água.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 20 de Maio de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário