Aqui, estamos investigando a imaginação. Existe somente a Verdade, essa única Realidade, no entanto, a ilusão de uma diferenciação acontece, o que chamamos de “sentido de separação”. Como a ilusão é muito persuasiva, convincente, você pode ficar descuidado quanto a isso e passar uma vida inteira assim, dentro dessa ilusão, dessa aparência de separação entre você e a Realidade, você e Deus, você e o outro, você e o mundo. Essa é a diferenciação que a ilusão cria ou é a ilusão da diferenciação.
Este trabalho, em Satsang, é singular, porque lhe convida a investigar isso, a descobrir que há apenas uma Verdade presente, que é a Verdade do Ser, da Consciência; a sua Verdade Divina. Alguns estão prontos para ver Isso − no sentido de já terem percebido que há algo errado, ou fora do lugar, nessa forma de olhar para si mesmo e para o mundo à sua volta. Porém, outros estão completamente apáticos, indiferentes, frios, quanto a Isso. Estar nesses encontros é algo que mantém você próximo desse “calor” da investigação. Na mente, você tem a tendência de estar absorvido por suas impressões, que são impressões dentro dessa ilusão.
Satsang é o encontro com a Realidade, com a Verdade. A Verdade é que há somente essa Substância Real, essa singular Presença, singular Realidade. Você não pode se aquecer separado do fogo. Você precisa ter olhos para ver o que alguns têm chamado de “o sono”, “o sono da separação”, “o sono da separatividade”. Você não pode ir além desse “sono” e do “sonho”, se continuar sem investigar isso. Essa sua confiança na “miragem”, faz com que você continue acreditando que está no “deserto”. Você tem a percepção da “miragem”, mas essa é uma percepção da ilusão. Isso faz com que você acredite que está em um “deserto”, nesse “deserto” do mundo, do sonho, da separação.
É necessário investigar isso. Assim como você não pode se manter aquecido separado do fogo, você deixa de perceber a Verdade sobre Aquilo que Você é ao se separar desse “calor” da autoinvestigação. Você não é aquilo que acredita ser, não está em um “deserto”, vendo “miragens”, e não está em um “sonho”, dentro de um “sono”.
Na Índia, há a utilização da seguinte expressão metafórica: “O mundo está sendo visto pelos olhos de Shiva. Apenas Shiva tem olhos para ver o mundo”. Então, a única possibilidade que você tem de enxergar a “miragem”, ver que ela é uma ilusão, assim como o “deserto” onde ela está aparecendo, é através dos olhos de Shiva. Assim, se você tem os olhos de Shiva, pode perceber a ilusão da “miragem”, do “sonho” e do sentido de separação, nessa ideia de um mundo separado desse “eu”. Há muito conflito, medo, sofrimento, na imaginação, na “miragem”, no “sonho”, no mundo, e apenas os olhos de Shiva podem ver isso. Essa fala e esses encontros têm o propósito de fazer você ver o mundo através dos olhos de Shiva.
É necessário que você compreenda a beleza do Vazio, Daquilo que está além desse véu da separação, que é a “miragem”, o “sonho”, essa visão equivocada do mundo, da vida. Então, você precisa investigar e explorar essas questões comigo. Veja que o medo é algo presente dentro desse contexto de “miragem”, de “sonho”, de separatividade, de dualidade. Há muito medo em toda parte, mas isso é algo da mente. Por isso, o melhor que você pode fazer é estar presente em Satsang.
Você não é aquilo que pode morrer ou desaparecer. Você precisa ir além dessa visão equivocada que a mente tem produzido acerca da vida, da morte, desse existir; além do que ela tem produzido nesse “sonho de vida humana”. Por isso é muito importante essa Compreensão Real, que nasce do Descobrimento de quem Você é. A sua identificação com o corpo está produzindo toda essa confusão, todo esse pavor, terror e medo. Se a ilusão for removida, nada permanece.
Esse “Nada” é a essência de Tudo, é a base de toda manifestação, de todo universo. Os “tijolos” desse Universo, dessa manifestação, são o Nada. Na mente, você foi capturado pela ilusão da separatividade e ela sustenta esse medo da morte. Então, quando você fala de si mesmo e usa a expressão “eu”, se você não sabe o que isso significa, o medo se sustenta, se mantém. Assim, esse “eu” imaginário permanece, por uma vida inteira, produzindo toda forma de conflito.
O nosso interesse aqui está nesse “eu”, em investigá-lo. Você não é ele! A investigação da ilusão põe fim à “miragem” e, também, ao “deserto”; põe fim ao “sonho” e, também, ao “sono”. Ou seja, essa investigação da ilusão põe fim à ilusão do mundo, como sendo uma realidade separada Daquilo que Você é, em essência. Essa investigação está nesse olhar de Shiva, nesse modo como Shiva vê o mundo. Você não é uma “pessoa”! Essa profunda Compreensão de Si mesmo é a Verdade da Sabedoria!
Todo esse Universo está construído com esses “tijolos”. O Nada são esses “tijolos” da construção de toda a manifestação, e somente Shiva pode ver a estrutura dessa construção. Somente Shiva tem olhos para o Nada, que podemos chamar de Consciência, que não é aquilo que comumente chamamos de “consciência”, ou seja, a percepção do mundo através dos sentidos, pois isso é algo que está dentro da mente, que é parte do “sonho”, do “deserto”.
Para finalizar, eu quero fazer uma recomendação, aqui, para você: volte-se para o Silêncio, para essa Consciência; volte-se, de todo coração, para este trabalho.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 20 de Março de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.
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