segunda-feira, 29 de junho de 2020

3º - Nossa mente, uma ilusão!

Ouvi dizer: uma criancinha estava visitando seus avós. Ela tinha apenas quatro anos de idade. A noite havia chegado e sua avó a levou para o quarto de visitas em sua casa, era hora de dormir. Deitou a criança na cama, tentando fazê-la dormir, deu-lhe um beijo no rosto, apagou a luz e já ia saindo do quarto, quando, de repente, a criança começou a chorar e gritar:
— Eu quero ir para casa, vovó! Estou com medo, estou com medo do escuro!
A avó ficou realmente curiosa e, ao olhar para o seu pequeno neto, disse:
— Mas, meu filho... Eu sei muito bem que você, em sua casa, também dorme no escuro. Afinal, qual é o problema? Por que você está com medo aqui?
O menino olhou para ela e disse:
— Sim, é verdade, mas aquela é uma escuridão que eu conheço, enquanto que essa é totalmente estranha para mim.
É exatamente assim que nos comportamos na vida: “Esta é a minha escuridão. Pode ser muito assustadora, criar muitos tormentos, mas, mesmo assim, é minha! Eu tenho alguma coisa para segurar!”
Não temos olhado suficientemente para nós mesmos, para descobrirmos esse quarto escuro de ilusão que seguramos como algo conhecido, essa falsa segurança que encontramos no padrão conhecido e repetitivo de vida que levamos, cheia de conflitos, contradições e variadas formas de sofrimento. Agarramo-nos a isso, afinal, esse é o padrão.
É verdade que nos habituamos a buscar um certo alívio dessa dor em novas conquistas e realizações emocionais, intelectuais e físicas, mas não encontramos nada que possa verdadeiramente nos libertar definitivamente dessa ilusão, a ilusão do pequeno e escuro quarto conhecido de nossas mentes, que nada mais é que um feixe de lembranças passadas, que tortura, amedronta e assusta.
É assim o nosso condicionamento psicológico, a nossa limitada capacidade de lidar com a vida e seus desafios. Entretanto, não há nenhuma necessidade de vivermos assim, presos a um perpétuo sofrimento, nessa cela escura de nossas mentes, nesse quarto escuro de nossas ilusões. Todos podemos descobrir, através da autoinvestigação, quem realmente somos; o Amor, a Paz, e a Liberdade que já temos.
No entanto, é preciso despertarmos desse sono comum que nos leva a uma procura que nunca termina, por uma liberdade e felicidade que nunca são encontradas, porque a mente não é o lugar do nosso descanso, e sim o nosso Coração. Ali está a nossa Verdadeira Mente, que é a Mente de Cristo, a Mente de Deus.
*Este texto, escrito pelo Mestre Marcos Gualberto, compartilhando a visão do Sábio sobre a vida, foi veiculado pela primeira vez em 03 de outubro de 2010. Trata-se da terceira publicação deste blog, fazendo parte do acervo relativo aos primeiros anos deste trabalho, cujos textos, após terem sido mantidos offline nos últimos anos, serão republicados em série, de forma comemorativa pelos dez anos de criação deste blog, este que foi o primeiro canal da internet através do qual este trabalho se tornou público. Para maiores informações, acesse o nosso site, clique aqui.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

2º - A felicidade que buscamos

Não há nada comparado Àquilo que somos. Toda busca humana por felicidade e liberdade, nesses caminhos criados pelo pensamento, é simplesmente inútil e desnecessária, pois é uma fuga da Realidade.
Não olhar diretamente a Vida como Ela é, ou como se apresenta a cada um de nós, é algo sem propósito, que carrega um enorme peso de dor e sofrimento. Isso faz com que fiquemos girando dentro do habitual círculo do sofrimento, o qual nos mantém nessa interminável busca de felicidade, nessa procura de alguma coisa, de alguém ou de uma situação que nos ofereça aquilo que nos tornará felizes.
Assim, temos confundido a procura do prazer, da realização e da satisfação pessoal com a busca de um Encontro Real com a Felicidade. Isso porque acreditamos que a Felicidade é uma conquista, pela qual precisamos lutar.
Nessa busca por pessoas, coisas e situações, nós encontramos algum conforto e preenchimento, mas, mesmo assim, nos falta a mais simples compreensão de que não existe nada que possa nos fazer plena e eternamente felizes, porque não existe nada que possa ser encontrado e não ser perdido. Essa é a natureza efêmera do desejo e, portanto, de toda forma de busca ou procura.
Então, podemos desfrutar do prazer por algum tempo, mas tudo aquilo que surge no tempo não tem a marca Daquilo que é verdadeiramente Eterno e, portanto, também desaparecerá com o tempo. Estamos continuamente nesse vai e vem de insegurança e frustração. Aqui está o prazer da realização que, ilusoriamente, chamamos de “felicidade”, e logo temos a dor da perda disso.
Nessas postagens, nós falaremos da Real Felicidade, que não é alguma coisa para ser alcançada, conquistada, adquirida, mas algo que nasce muito naturalmente, sem esforço, luta, busca ou procura, através do pleno Reconhecimento de quem realmente somos. Essa Real Felicidade é algo tão eterno e imutável como a Natureza do nosso Ser.
*Este texto, escrito pelo Mestre Marcos Gualberto, compartilhando a visão do Sábio sobre a vida, foi veiculado pela primeira vez em 2 de outubro de 2010. Trata-se da segunda publicação deste blog, fazendo parte do acervo relativo aos primeiros anos deste trabalho, cujos textos, após terem sido mantidos offline nos últimos anos, serão republicados em série, de forma comemorativa, neste que foi o primeiro canal da internet através do qual este trabalho se tornou público. Para maiores informações, acesse o nosso site, clique aqui.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Nada do que acontece é Você!

Estamos tratando aqui Daquilo que não está limitado por um conjunto de crenças, ideias. Eu sei que deve ser um pouco complicado se deparar com essa visão. Pode parecer bastante complexo aceitar que qualquer limitação é apenas um conceito dentro dessa Ilimitada Consciência, Ilimitada Presença.
Há um Espaço presente, aqui e agora, que podemos chamar de Presença ou Consciência. Tudo está ocorrendo nesse Espaço! É algo que não tem textura, cor, forma, aparência... O reconhecimento desse Espaço, a habilidade de olhar para Isso sem a limitação do pensamento, pode não parecer algo simples, porque a mente torna isso muito complexo.
O trabalho de investigação que fazemos juntos é para que você constate a Realidade desse Espaço e vá além da limitação da mente. Tudo que você está vivenciando neste momento está dentro desse Espaço – o som da voz chegando até você, toda e qualquer percepção sensorial... Ou seja, tudo que está acontecendo está dentro Disso, porém, nada do que acontece é Você!
Quando está dirigindo o seu carro, por exemplo, você vê também outros carros na estrada, passando por você. Você olha pelo retrovisor e vê alguns atrás, outros que já passaram, outros na frente e a própria estrada. Nesse momento, você tem muito claro que está dentro do carro, que você não é esse carro nem os que estão à sua volta, e que, também, não é a estrada. Então, você se depara com a consciência dessa experiência, mas você sabe que não é o próprio carro nem essa experiência de outros carros passando na estrada.
Da mesma forma, você precisa descobrir a sua Natureza Verdadeira aqui e agora. Você não é esse corpo, essa mente e toda essa experiência externa e interna – pensamentos, sentimentos, sensações no corpo, emoções – que está vivenciando. Tudo isso está acontecendo, mas nada disso é Você.
Então, esse é o seu trabalho aqui comigo: tomar ciência desse Espaço, aqui e agora, ou seja, desidentificar-se da experiência e ter a visão da Verdade Daquilo onde ela acontece. É o que ocorre quando você dirige seu carro: você está ciente de que está apenas manipulando um mecanismo e que ele não é você.
Do mesmo modo, você está agora descobrindo como manejar ou dirigir esse mecanismo chamado “corpo-mente”, sem se confundir com a experiência, com a ilusória ideia de que tem “alguém” envolvido nisso. Nessa ilusão de que você é esse corpo, você é o que sente, os pensamentos são seus, as emoções são suas, as sensações também. Contudo, tudo isso é quebrado por essa investigação da Verdade sobre Si mesmo.
Então, esse trabalho é a constatação da Realidade desse Espaço, não importando o que esteja acontecendo Nele. Você se mantém cônscio da experiência, mas, por não se importar, não dá realidade a ela.
Vejam, por exemplo, todo o problema atual com relação a essa pandemia assolando o planeta. Se você carrega o sentido de “pessoa” nessa experiência, o medo, o sofrimento e o conflito estão presentes. Aqui, estamos falando sobre permanecer livre dessa identificação com toda essa experiência externa. O corpo tem suas sensações, seus sentimentos, e a mente tem seus pensamentos, suas imagens, porém, tudo isso são aparições, como numa estrada, em que há carros passando, mas você não se importa com o destino deles.
O hábito, nessa egoidentidade, é estar sempre se ocupando e se preocupando com a experiência de sensações, sentimentos, pensamentos, emoções e todo tipo de crença. Agora, tem o coronavírus aí, assustando todo mundo. Há muita imaginação, muita crença, muito medo, muita história, muito drama, muita fantasia. O ego adora viver nisso, pois essa é a vida dele!
A solidão é outra imagem que essa identidade tem, a imagem de estar só, cheia de pensamentos, cheia de passado... O ego está sempre acompanhado de imagens, como essa da falta de algo, da falta de alguém, o que é chamado de “dor de solidão”.
Então, todos os pensamentos, sentimentos e percepções estão apenas flutuando nesse Espaço, mas não há nenhuma identidade nisso. Uma vez que esse Espaço seja reconhecido como sendo a única Realidade, o que surge dentro Dele não tem importância mais. Esse é o real convite à Meditação: permanecer desidentificado daquilo que o pensamento constrói e o sentimento produz. De outra forma, a mente estará sempre na expectativa de alguma coisa, de que algo acontecerá para ela. Essa expectativa é, na verdade, um escape, uma forma de se isolar no “seu mundo particular” de identidade, de história do personagem.
Essa expectativa de que algo precisa acontecer, ou de que não pode acontecer, é sempre uma forma desse “eu” sobreviver, de ele se manter no seu medo, nos seus conflitos e dilemas de ordem imaginária. Isso é um escape da Realidade, do que está presente aqui e agora, dessa situação corrente, do que se apresenta.
Participante: Essa expectativa é a preocupação com o futuro?
Mestre Gualberto: Sim. A preocupação com o futuro ou a espera de algum bom resultado é sempre uma fuga dessa Realidade presente.
A mente sempre carrega essa sensação de falta. Ainda que seja uma desgraça, uma contaminação pelo vírus, alguma coisa sempre está faltando! Isso é algo muito, muito comum. Portanto, todas as vezes que você sentir que as coisas não são como deveriam ser, pode ter certeza que aí está a imaginação, na forma de uma “identidade” sentindo falta de algo.
O detalhe complexo é que essa “falta” não ocorre só no âmbito do pensamento, mas também do sentimento e da sensação no corpo. É isso que torna muito mais complexa a liberação dessa falsa identidade. O fato é que não existe nada fora do lugar, nem nada faltando. A Vida está se manifestando da sua forma misteriosa e belíssima, como Ela é, embora não pareça nada tão encantador para a mente assustada, para a mente cheia de expectativas, imaginações e crenças.
Então, nosso trabalho aqui é de grande beleza! A pergunta é: onde você está, que não deveria estar? Esse receio, esse medo, essa expectativa negativa ou pessimista, nada disso irá matar você. Todo meu trabalho é para que você encontre um interesse verdadeiro em descobrir a ilusão que é esse sentido de separação, que faz você se sentir miserável. Assim, é muito importante descobrir isso.
Não há como fugir da Realidade do que Você é! Nem mesmo essa imaginação toda consegue ocultar por completo essa Presença Divina que está aqui e agora. Esse reconhecimento não é parte da mente. Essa Consciência, essa Presença, não depende da mente, em nada, para ser constatada. Quando você justifica uma dificuldade de perceber a Verdade sobre Si mesmo, dizendo que não consegue, eu lhe pergunto: quem é esse que não consegue? Em geral, a mente está dizendo “eu não posso, não consigo”, mas ela não é um fator para Isso. Essa Consciência, essa Presença, não depende da mente para se expressar, para se revelar!
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 20 de Abril de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

1º - Como Ser Feliz

Ser Feliz é descobrir quem Você é. Não existe mais nada a ser alcançado e, portanto, mais nada a ser procurado. Por que viajamos tanto e queremos estar em lugares bonitos? Por que tiramos tantas fotos desses lugares e as conservarmos conosco para vê-las novamente? A beleza, onde quer que ela seja encontrada, consegue despertar em nós a Verdade de Deus que trazemos e somos.
Nós já somos completos, por isso basta fazermos uma única viagem – a viagem para dentro de nós mesmos. Esse é o “Lugar” mais belo de todos, na verdade. Quando encontramos esse “Lugar”, não precisamos mais viajar à procura de lugares bonitos, para que eles nos façam felizes, ainda que por um breve instante, pois agora podemos ver a Beleza em qualquer parte.
Deus é visto em toda parte quando temos os olhos Dele para enxergá-Lo. Esses são os olhos que brilham em nós quando sabemos quem realmente somos. Durante muitos anos de nossas vidas, carregamos a insatisfação de não sabermos quem somos, vivendo na superfície, sem conhecermos a riqueza que trazemos dentro de nós mesmos, em nossa profundidade. Ali é o lugar do infinito, é o centro sem circunferência e a circunferência sem centro. Eu sei que essas são palavras que não fazem sentido, mas assim é a experiência direta de Deus: algo além das palavras.
Entrar ali é se encontrar, ou se perder no Oceano sem praias da Felicidade Suprema! Esse é o objetivo da vida humana: viver além dos limites da vida humana, que está cheia de conflitos, dilemas, problemas e todos os sofrimentos de uma existência separada. Tal separação é criada pela mente, que está sempre dividindo, comparando, julgando, distorcendo, construindo um mundo falso. São sete bilhões de seres humanos vivendo neste planeta, ou seja, são sete bilhões de “mundos”. Todos estão carregando a certeza do que são e vivendo o “seu próprio mundo”. Mas, existe um mundo? Onde está ele? Aquele que realiza Deus descobre quem realmente Ele é, ou o que realmente Ele é.
Felicidade é a arte simples de sermos quem realmente somos. Não haverá Felicidade enquanto for mantida essa falsa identificação com sentimentos, pensamentos, emoções, e essa terrível e amedrontadora identificação com o corpo.
Confundir a Consciência Pura, que não conhece limites, com a chamada mente, limitada por seus condicionamentos de emoções, pensamentos e sentimentos, produz uma ilusão de identificação com um falso “eu”. Assim, nessa identificação, essa Consciência sem limites parece dormir, o que significa que, mergulhado nisso tudo, você está inconsciente de quem Você é.
Dessa maneira, você vive sem a verdadeira percepção da Realidade, ou seja, vendo como realidade aquilo que lhe acontece e não Aquilo que Você é, o seu Ser, que é sempre livre e intocável, pois está além do sofrimento, do medo e do desespero. Para Ele, só existe o que é, não o que deveria ou poderia ser.
*Este texto, escrito pelo Mestre Marcos Gualberto, compartilhando a visão do Sábio sobre a vida, foi veiculado pela primeira vez em 2 de outubro de 2010. Trata-se da publicação inaugural deste blog, fazendo parte do acervo relativo aos primeiros anos deste trabalho, cujos textos, após terem sido mantidos offline nos últimos anos, serão republicados em série, de forma comemorativa, neste que foi o primeiro canal da internet através do qual este trabalho se tornou público. Para maiores informações, acesse o nosso site, clicando aqui.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

A importância da Verdadeira Meditação

Alguns têm jeito com as palavras e outros não, mas isso é algo irrelevante num encontro deste tipo. Numa sala de conferência é importante alguém que tenha uma boa habilidade com a fala, porque é uma sala de explanação de ideias, conceitos. O que diferencia um encontro como este aqui é exatamente a não necessidade de palavras.
Aqui, nós estamos trabalhando algo além da fala, e se você conseguir compreender que não são as palavras que têm importância aqui, mas a Visão Direta, pronto − o trabalho está feito! Esses encontros lembram um sino daqueles antigos, de igrejas góticas. Talvez, você ainda encontre esse tipo de sino em muitas igrejas, porque sempre foi uma tradição a igreja ter um enorme sino soando, dando a indicação de que alguma coisa estava para acontecer. Assim, esses encontros são como sinos sinalizando alguma coisa. Quando você escuta um sino, não tenta entender o que ele está dizendo, mas o que está indicando. Um sino badalando não está dizendo alguma coisa, mas ele pode estar indicando algo.
Então, essas falas são como um desses enormes sinos, badalando e indicando algo para você. A dificuldade em ouvir é quando se tenta entender. Aqui você pode descobrir Aquilo que esse som está sinalizando, mas não entender. São coisas distintas, bem diferentes. Esse assunto aqui não é para entendimento. Você pode ler muito, ouvir muitas falas sobre esse assunto e continuar apenas entendendo, sem perceber o que está sendo indicado. É como ouvir o som do sino e não compreender que não se trata de entender, mas de perceber que esse som está indicando alguma coisa.
Sabedoria é algo assim. Você não aprende sobre Isso, você Desperta para Isso ou não. Muitos têm um intelecto brilhante, mas isso não serve aqui, pois não é necessário um grande potencial de compreensão de palavras, uma facilidade para entender bem, guardar informações, nada disso. Antes de tentar entender – e aqui já vai a primeira indicação desse “sino” –, Você já é a Verdade; Você é Aquilo que busca, que tenta encontrar; Isso já é O que Você é!
O olhar intelectual, conceitual, mental, só afasta você dessa Visão Direta. É para esse “Lugar” que estamos apontando. O que você pode ter é um maior aprofundamento dessa Percepção Direta. Não é um conhecimento mais amplo, um entendimento maior, mas uma Percepção mais profunda, mais direta. No começo, isso é bastante conceitual, teórico e verbal, pois você fica preso apenas à fala, às palavras, tentando decifrar alguma coisa. Por isso que você lê, escuta e guarda palavras, mas, depois, isso perde a importância. No início, para muitos, isso é bastante conceitual.
Aqui, se trata do Despertar da Inteligência e não desse aparato intelectual. Intelectualidade e Inteligência são coisas bem distintas. Compreensão intelectual, entendimento e Sabedoria são coisas bem distintas. Então, aqui a primeira coisa é: Você é Aquilo que procura, que busca. Você é essa Presença, essa Consciência. Portanto, seja direto e simples quanto a isso. Entendimento é uma coisa que pode estar presente ou não, mas essa Consciência não é algo assim. Consciência é algo que está aqui e agora, sempre presente, e não há como você mudar isso.
Então, vamos lá! Quando nós falamos do corpo e da mente, estamos falando de uma imagem que o pensamento cria. A palavra “corpo” é apenas um pensamento sobre uma coleção de percepções sensoriais, e identificamos as ideias sobre essas percepções como algo presente nesse corpo. Assim, quando falamos de “corpo” e “mente”, estamos tratando de uma coleção de percepções transitórias, de rótulos, ou seja, estamos rotulando um mecanismo de percepção. A ideia de estar presente nesse corpo, de ser alguém dentro desse corpo, é uma crença. Você acredita ser alguém fazendo escolhas, tendo pensamentos, sensações e percepções pessoais. Isso não é real, porque é uma coisa transitória.
Real é essa Consciência ciente desse processo. Essa experiência do corpo e da mente é só uma experiência transitória, vem e vai. Você está aqui para ter essa Visão Direta – não a compreensão intelectual – dessa Consciência, que é a sua Identidade Verdadeira, que não é o corpo nem a mente.
Acompanham isso ou está meio confuso?
Estou dizendo que “corpo” e “mente” representam somente um processo transitório de experiência. A Consciência é Aquilo que está ciente desse processo. A Consciência é Real, enquanto esse processo transitório não tem nenhuma identidade verdadeira. Em outras palavras, não tem ninguém aí, presente nessa experiência “corpo-mente”.
Assim, estou sinalizando, o sino está batendo. Estou sinalizando a possibilidade dessa Visão Direta, sem intermediação do intelecto, do entendimento de palavras. Eu tenho chamado Isso de Meditação, que é esse Ver Diretamente, sem essas implicações das explicações do intelecto, e perceber que “corpo” e “mente” são rótulos para esse mecanismo de experiência. Então, o objetivo é reconhecer sua Natureza Essencial, sua Natureza Fundamental. O corpo vem e vai, a mente vem e vai, as experiências estão mudando, recebendo nomes, sendo rotuladas...
Uma coisa muito comum, também, é o desejo de se livrar da mente. Isso é outra armadilha da própria mente, pois seria como o desejo de se livrar do corpo. O “corpo-mente” é apenas um processo transitório. Você não precisa se livrar de nada, de nenhuma experiência. Você só precisa tomar Consciência de sua Natureza Essencial, Fundamental. Assim, você percebe que esse movimento do corpo e da mente é apenas um mecanismo recebendo rotulações de experiências. Esse reconhecimento de sua Natureza Divina, que é a sua Natureza Fundamental, é a Visão Direta de que a mente vem e vai, de que o corpo vem e vai, as experiências aparecem e desaparecem, são transitórias, recebendo nomes, rótulos, mas Você continua sendo essa Presença de pura Consciência, que está tomando, o tempo todo, ciência desse movimento do corpo, da mente e tudo mais.
Então, não se trata de vencer a mente, destruí-la, pois seria como acabar com o corpo. Isso aqui não é sobre a mente, nem sobre o corpo. Aqui, trata-se apenas desse esclarecimento real sobre sua Identidade Verdadeira, presente e constante. É tão lindo isso! Seu Ser não está no futuro para que, através do entendimento intelectual, você possa alcançá-Lo. Sua Natureza Essencial não será realizada amanhã. Você já é Isso, aqui e agora! Essa Presença, essa Consciência que Você já é, aqui e agora, é Tudo! Eu tenho substituído a palavra Consciência por Existência, Presença, Verdade, Deus... O fato é que você não precisa fazer nada a esse respeito. Essa fala não é para levar você a um Conhecimento Direto, porque ela não pode fazer isso. Esse “sino” está sinalizando a possibilidade dessa Visão Direta, que não é um entendimento ou conhecimento sobre Isso. Essa Verdade não conceitual já está presente. Escute com muita clareza isso!
A minha ênfase está na importância da Verdadeira Meditação. É o que eu tenho indicado nessas falas, colocado em outras palavras. Não empurre Isso para o futuro ou, em outras palavras, não imagine que Isso já não esteja presente! A Meditação é a Visão Direta Disso, uma Visão Imediata. O que você está procurando, buscando, já está aqui, então, não se trata de buscar. Por isso que você precisa descobrir o que é a Meditação, aqui e agora, pois, de outra forma, você vai continuar sempre procurando o que nunca perdeu.
Quem estará nesse movimento de busca? Será esse próprio processo transitório, repetitivo, essa falsa entidade, esse eterno buscador, que não tem uma identidade, um centro específico, real, verdadeiro. Essa falsa identidade é esse processo de construção de imaginação, o tempo todo. Para esse processo, que é esse falso “eu”, a Verdade – que é simples, porém, sutil – parece muito distante, inacessível, difícil, pois não há resposta na mente para Isso. E por quê? Porque Você é anterior à mente, a esse processo. Você pode colocar o coração Nisso, de verdade? Como é? Quando você entra em contato com Isso, consegue dormir e acordar “queimando”, de verdade, por Isso?
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 15 de Abril de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Realização é a Sua Natureza Verdadeira!

Enquanto estiver esperando algo além daquilo que se mostra, você está na ilusão. Essa é a única coisa que se descobre nesse tipo de encontro. Aceitar isso é uma grande benção. Você está esperando alguma coisa da vida, pois quer encontrar mais do que já encontrou, quer ser mais feliz do que já é, ter mais paz do que já tem. Esse “mais” é somente um conceito, uma imaginação sobre o que você deveria encontrar, que acredita não ter encontrado. Você tem a imaginação da felicidade e da paz, como algo que ainda irá acontecer.
Contudo, o que o Sábio reconhece é que não existe nada para ser encontrado, conquistado ou realizado no futuro. Assim sendo, enquanto você se mantiver na procura, na expectativa, esperando alguma coisa, você jamais conhecerá a Felicidade, a Paz, a Verdade. Essa é a única coisa que o Sábio sabe – que não há nada além do que a Vida é, como Ela é aqui e agora. Ela é encontrada como uma revelação presente neste instante; não existe nenhum futuro para Isso. A Vida não lhe oferece sofrimento, conflito ou confusão. Tudo isso acontece em razão dessa desordem, dessa imaginação, dessa fantasia da mente. É uma fantasia acreditar que o Universo esteja contra você, assim como acreditar que o Universo possa cooperar com você em algum momento. A Vida não está a seu favor, nem contra você – isso é uma ficção, uma coisa da imaginação. O que se oculta por detrás de frases, como “o Universo coopera a seu favor”, é apenas o medo, a imaginação.
Então, toda essa ideia de positivismo é algo muito infantil. A procura da autoajuda é algo bem próprio da mente, em sua ingenuidade, fantasia e imaginação. A natureza da mente é sempre a dualidade, e, se algo está a seu favor, algo pode estar contra você, também. É uma moeda com dois lados, e isso chama-se “mente egoica”. Nunca haverá o bem sem o mal, a justiça sem a injustiça, o prazer sem a dor. Você não pode esperar alguma coisa da Vida! Todo esse seu movimento de esperança é um movimento dentro da própria mente, portanto, baseado no medo. Você não pode esperar alguma coisa do mundo, da Vida, muito menos alguma coisa que seja permanente, como amor, paz e felicidade. Sucesso e fracasso são ideias na mente, pois é o processo comum dela, em sua imaginação. A Real Felicidade não é algo que vem da mente, mas do seu próprio Ser, como sua própria Natureza Verdadeira.
Vocês acreditam nisso tudo em razão de um condicionamento cultural. Tudo que você tem recebido da cultura vem da mente. Cultura é mente, e mente é dualidade, a dual experiência da imaginação. É na mente que existe essa estrutura do bem e do mal, do verdadeiro e do falso, do prazer e da dor, da chamada “felicidade” e da infelicidade. Não existe Verdade na mente! Não há Sabedoria na mente! A mente carrega muito conhecimento, mas todo conhecimento dela é puro condicionamento, dentro dessa limitação de experiência, dessa dualidade – positivo e negativo, certo ou errado, bem e mal. Por isso, eu tenho dado sempre essa recomendação àqueles que vêm a Satsang: vá além da cultura, do mundo, da mente, do conhecimento, da imaginação, das crenças, das ideias, dos princípios, dos valores conhecidos, pois, assim, a Verdadeira Felicidade, que é Paz, Inteligência, Liberdade, é possível.
Essa Real Felicidade, que é Paz, Liberdade e Inteligência, não é uma coisa cultural. Você não pode receber Isso da cultura, pois Isso está fora dela. Você tem que estar fora da mente, daquilo que é cultural, para conhecer a Felicidade, a Liberdade, o Amor, a Inteligência, e ter a Consciência da Verdade de Deus, da Verdade Divina. Por quê? Porque Isso está além da mente e, portanto, além da experiência comum da dualidade, além dessa visão de opostos. Eu tenho falado a vocês a respeito da Natureza da Verdade, e feito isso de uma forma indireta, porque diretamente a gente não pode se aproximar Disso, já que está fora da imaginação. Então, a maneira que uso para falar a você sobre a Natureza da Verdade é descartando a ilusão, a confusão, a limitação da mente.
Por isso que tenho falado sobre Meditação, Autoinvestigação e Real Entrega. Meditação é o acesso a essa Verdade fora do tempo, do conhecido, da imaginação, da mente. Satsang é um espaço único, porque aqui conseguimos investigar a Verdade descartando a ilusão (aquilo que é o movimento do conhecido), percebendo a Vida como Ela é (Aquilo que está além desse movimento). Essa não dual Verdade, Consciência, Sabedoria, é Felicidade, e Isso é Meditação. Quero convidar você a ir além da mente, e esse “ir” não é um movimento para se chegar a um lugar; é um encontro, aqui e agora, com o que Você é, porque Você está além da mente.
Satsang é esse grande momento no qual você tem essa grande e extraordinária oportunidade de descobrir a mente em seu movimento, que é pura limitação, conflito e medo. Nossos encontros têm essa aproximação através de um profundo discernimento. Somente assim você pode parar de viver no engano, nesse autoengano criado pela mente. Isso é algo que requer um real trabalho em si mesmo, uma profunda investigação da natureza da própria mente, de como ela se movimenta aí, nesse particular mecanismo, organismo. Para isso é fundamental uma clareza de propósito, uma paixão pela Verdade, uma intenção determinada, um foco unidirecional, um profundo interesse.
Realização é a Sua Natureza Verdadeira! Quando Isso se estabelece como seu Natural Estado de Ser, porque é Você, não há mais sofrimento, conflito, ilusão. Então, eu recomendo que você seja bastante focado, honesto e sincero nessa direção. A segunda recomendação é que você seja bastante sincero, focado e determinado nessa direção; a terceira, é que você seja bastante focado, determinado e sincero dentro desse propósito. Ainda tenho a quarta e última recomendação: mantenha-se direcionado, sincero e bastante focado dentro desse objetivo, desse propósito.
É necessário abandonar essa ilusão da escolha, essa ilusão da autoidentidade, da personalidade. O contato com meu Mestre me mostrou isso. Eu tinha 24 anos quando Ele me encontrou, e já começou a ficar claro, aqui, a importância dessa sinceridade, desse foco, dessa direção determinada. Comece a observar suas reações, o que se passa aí dentro, todos os pensamentos, sensações, emoções, percepções, pois isso é algo íntimo. Ninguém pode fazer isso em seu lugar, não há ninguém melhor que você para fazer isso, porque diz respeito a você! Somente você pode realmente saber o que se passa aí, e essa é uma boa notícia. Ninguém pode impedi-lo de descobrir suas loucuras, imaginações, fantasias, crenças, dilemas, conflitos, medos e desejos. Essa é a sua vida, não é a vida do outro, e você tem que descobrir a Verdade sobre Si mesmo e não a “verdade” sobre o outro. Isso significa ir além da ilusão, do sentido do “eu”, da dualidade. Faz algum sentido isso ou não?
O que estou dizendo é que Você é quem assume essa Liberdade aí, não é outro em seu lugar. Essa Realização é o resultado de um real trabalho que acontece em você, com você, através de você, nessa rendição, nessa entrega a esse Poder, que é o Poder da Graça, o Poder Divino, o Poder da Consciência. Não confie na mente para fazer isso, porque seu ego não tem honestidade, sinceridade, foco, nem real interesse Nisso. Esse movimento interno de condicionamento cultural, psicológico, de crenças, ideologias, conceitos, não tem qualquer interesse em ser demolido, destruído, desaparecer. Isso vai continuar sempre insistindo em se manter da mesma forma.
Participante: Para que serve o ego?
Mestre Gualberto: Para criar confusão. Só serve para se imaginar como uma entidade real no tempo e no espaço, resolvendo, fazendo, realizando coisas. Agora, o que é basicamente o ego? É apenas esse conjunto de crenças, condicionamentos, programações, ideias, que a mente faz dela mesma nesse mecanismo, nesse organismo aí. Ou seja, não existe nenhuma entidade real chamada “ego”. O ego apenas acredita existir, é a imaginação de uma entidade. Se você visitar um hospício, vai ver pessoas ali acreditando serem famosos personagens da história. Você encontrará “Adolph Hitler”, “Mussolini”, “Pedro Álvares Cabral”, “Napoleão”, “Princesa Isabel”, dentre outros. Então, essa imaginação é uma trapaça, e esse trapaceiro não é real.
Renda-se à Verdade Divina, à Realidade de Deus, e isso revelará a Verdade sobre Você. O Coração de Deus se revelará! Existe algo em você, aí dentro, que pode lhe mostrar o que Você verdadeiramente é. Renda-se a Isso! Renda-se ao seu Ser, à sua Verdadeira Natureza, ao seu Real Guru!
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 20 de Janeiro de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

domingo, 7 de junho de 2020

A Compreensão Real

Aqui, estamos investigando a imaginação. Existe somente a Verdade, essa única Realidade, no entanto, a ilusão de uma diferenciação acontece, o que chamamos de “sentido de separação”. Como a ilusão é muito persuasiva, convincente, você pode ficar descuidado quanto a isso e passar uma vida inteira assim, dentro dessa ilusão, dessa aparência de separação entre você e a Realidade, você e Deus, você e o outro, você e o mundo. Essa é a diferenciação que a ilusão cria ou é a ilusão da diferenciação.
Este trabalho, em Satsang, é singular, porque lhe convida a investigar isso, a descobrir que há apenas uma Verdade presente, que é a Verdade do Ser, da Consciência; a sua Verdade Divina. Alguns estão prontos para ver Isso − no sentido de já terem percebido que há algo errado, ou fora do lugar, nessa forma de olhar para si mesmo e para o mundo à sua volta. Porém, outros estão completamente apáticos, indiferentes, frios, quanto a Isso. Estar nesses encontros é algo que mantém você próximo desse “calor” da investigação. Na mente, você tem a tendência de estar absorvido por suas impressões, que são impressões dentro dessa ilusão.
Satsang é o encontro com a Realidade, com a Verdade. A Verdade é que há somente essa Substância Real, essa singular Presença, singular Realidade. Você não pode se aquecer separado do fogo. Você precisa ter olhos para ver o que alguns têm chamado de “o sono”, “o sono da separação”, “o sono da separatividade”. Você não pode ir além desse “sono” e do “sonho”, se continuar sem investigar isso. Essa sua confiança na “miragem”, faz com que você continue acreditando que está no “deserto”. Você tem a percepção da “miragem”, mas essa é uma percepção da ilusão. Isso faz com que você acredite que está em um “deserto”, nesse “deserto” do mundo, do sonho, da separação.
É necessário investigar isso. Assim como você não pode se manter aquecido separado do fogo, você deixa de perceber a Verdade sobre Aquilo que Você é ao se separar desse “calor” da autoinvestigação. Você não é aquilo que acredita ser, não está em um “deserto”, vendo “miragens”, e não está em um “sonho”, dentro de um “sono”.
Na Índia, há a utilização da seguinte expressão metafórica: “O mundo está sendo visto pelos olhos de Shiva. Apenas Shiva tem olhos para ver o mundo”. Então, a única possibilidade que você tem de enxergar a “miragem”, ver que ela é uma ilusão, assim como o “deserto” onde ela está aparecendo, é através dos olhos de Shiva. Assim, se você tem os olhos de Shiva, pode perceber a ilusão da “miragem”, do “sonho” e do sentido de separação, nessa ideia de um mundo separado desse “eu”. Há muito conflito, medo, sofrimento, na imaginação, na “miragem”, no “sonho”, no mundo, e apenas os olhos de Shiva podem ver isso. Essa fala e esses encontros têm o propósito de fazer você ver o mundo através dos olhos de Shiva.
É necessário que você compreenda a beleza do Vazio, Daquilo que está além desse véu da separação, que é a “miragem”, o “sonho”, essa visão equivocada do mundo, da vida. Então, você precisa investigar e explorar essas questões comigo. Veja que o medo é algo presente dentro desse contexto de “miragem”, de “sonho”, de separatividade, de dualidade. Há muito medo em toda parte, mas isso é algo da mente. Por isso, o melhor que você pode fazer é estar presente em Satsang.
Você não é aquilo que pode morrer ou desaparecer. Você precisa ir além dessa visão equivocada que a mente tem produzido acerca da vida, da morte, desse existir; além do que ela tem produzido nesse “sonho de vida humana”. Por isso é muito importante essa Compreensão Real, que nasce do Descobrimento de quem Você é. A sua identificação com o corpo está produzindo toda essa confusão, todo esse pavor, terror e medo. Se a ilusão for removida, nada permanece.
Esse “Nada” é a essência de Tudo, é a base de toda manifestação, de todo universo. Os “tijolos” desse Universo, dessa manifestação, são o Nada. Na mente, você foi capturado pela ilusão da separatividade e ela sustenta esse medo da morte. Então, quando você fala de si mesmo e usa a expressão “eu”, se você não sabe o que isso significa, o medo se sustenta, se mantém. Assim, esse “eu” imaginário permanece, por uma vida inteira, produzindo toda forma de conflito.
O nosso interesse aqui está nesse “eu”, em investigá-lo. Você não é ele! A investigação da ilusão põe fim à “miragem” e, também, ao “deserto”; põe fim ao “sonho” e, também, ao “sono”. Ou seja, essa investigação da ilusão põe fim à ilusão do mundo, como sendo uma realidade separada Daquilo que Você é, em essência. Essa investigação está nesse olhar de Shiva, nesse modo como Shiva vê o mundo. Você não é uma “pessoa”! Essa profunda Compreensão de Si mesmo é a Verdade da Sabedoria!
Todo esse Universo está construído com esses “tijolos”. O Nada são esses “tijolos” da construção de toda a manifestação, e somente Shiva pode ver a estrutura dessa construção. Somente Shiva tem olhos para o Nada, que podemos chamar de Consciência, que não é aquilo que comumente chamamos de “consciência”, ou seja, a percepção do mundo através dos sentidos, pois isso é algo que está dentro da mente, que é parte do “sonho”, do “deserto”.
Para finalizar, eu quero fazer uma recomendação, aqui, para você: volte-se para o Silêncio, para essa Consciência; volte-se, de todo coração, para este trabalho.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 20 de Março de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Aquilo que é Imutável nunca nasceu

A questão é: onde você tem falhado? A sua falha está na falta do direto reconhecimento de seu próprio Ser, em se imaginar localizado no corpo e na mente. Você tem essa crença de uma maneira muito forte! Assim, acredita que compartilha dessas qualidades de pensamentos, sentimentos, imagens e sensações. Você acredita que isso é você, a sua realidade, a realidade da sua vida. Você carrega essa convicção! Em razão de um sentimento, de alguma dor emocional, você acredita ser essa própria dor. Em razão do sentimento de tristeza, por exemplo, você acredita que está triste.
Isso acontece também em razão de qualquer sensação que você tenha no corpo. Se você sente frio, calor ou fome, não atribui isso ao corpo, mas a si mesmo, assim como quando o corpo está passando por algum problema de enfermidade, como uma dor muito intensa. Existe uma convicção psicológica de que essa dor, esse frio, esse calor ou fome é algo que está acontecendo a você. Um sentimento de tristeza ou infelicidade tem o mesmo resultado.
Dessa forma, existe uma convicção de autolimitação criada pelo esquecimento de sua Natureza Verdadeira. Esse é o principal e mais contundente esquecimento. Você esqueceu a sua Identidade Essencial de Pura Consciência, além de todas as qualidades e definições. A maioria das pessoas vive nesse estado de completa amnésia. Essa Consciência da Verdade sobre Si Mesmo é algo que está eclipsado, oculto pelos pensamentos, sentimentos e sensações. Por isso, você tem se imaginado como um “eu”, uma entidade separada e frágil, pensando, sentindo, decidindo, escolhendo.
O curioso é que, embora não seja uma verdade, isso é sentido como sendo a sua única verdade. Mas, esse é apenas o ponto de vista da mente, então, não é a Verdade! Seu Ser Essencial nunca foi ou será obscurecido pela mente – pensamentos, sentimentos, sensações ou percepções. No entanto, esse esquecimento cria essa sensação, essa forte convicção. Como quase todas as pessoas passam boa parte da vida e, às vezes, uma vida inteira, sem um trabalho direto em si mesmas, elas vivem dentro desse esquecimento. Em Satsang, estamos questionando isso tudo. Estamos lhe dando a oportunidade de perceber que tudo são só aparências.
Nós vivemos experimentando aparições e desaparições de pensamentos, de percepções, de sentimentos, de sensações no corpo. Isso nos mostra que há Algo aqui que é imutável, que permanece presente como a Natureza dessas percepções. Isso nunca aparece ou desaparece, é algo que se mantém sem mudança. Então, quando estamos em Satsang, temos essa oportunidade de olhar para essa experiência corpo-mente como sendo algo que está mudando o tempo todo, enquanto há Algo presente que não muda. Isso que não muda é Aquilo que está sempre presente agora, mas não é uma experiência. Isso não é como o corpo, com suas sensações que mudam, ou como a mente, que tem percepções que também estão mudando o tempo todo. Isso é muito importante, porque é a grande chave dessa Realização — saber que há Algo presente que não muda.
Você vê a mudança de todo esse conhecimento da mente e do corpo — o corpo com suas sensações e a mente com suas percepções. Tudo isso aparece e logo depois desaparece, mas há Algo presente capaz de perceber essa mudança. Você pode observar que o tempo é algo simplesmente mental, que varia em razão do movimento dos pensamentos, por exemplo. Então, a noção de tempo é algo que muda, é somente uma forma de perceber que a mente tem.
O pensamento imagina uma série de imagens ou eventos e, assim, cria essa noção de tempo. O corpo experimenta diversas sensações, e, dessa forma, a mente cria a ideia de ser uma “entidade presente”. Mas, reparem que tudo está mudando: essa multiplicidade, essa grande diversidade de coisas, tanto de percepções como sensações e experiências. Diante de tudo isso, há Algo presente capaz de perceber essas mudanças, e é Isso que chamamos de Consciência, Presença, Realidade. Essa é a Verdade do seu Ser.
A Meditação é o que revela, muito claramente, Aquilo que está presente e é imutável. Então, você observa de perto que pensamentos, sentimentos, sensações, imagens, memórias e percepções não são o que Você é, eles acontecem sempre ao corpo e à mente. Seu Ser é Aquilo que conhece ou toma ciência dessas experiências. Enquanto tudo isso muda, seu Ser, essa Presença, Consciência, não muda. Então, essa série de sensações e percepções experimentadas não são Você. Essa Realidade que Você é conhece todas essas sensações e percepções.
Há cinco anos, essa Realidade Presente teve suas percepções, sensações e experiências, assim como há quinze anos. O corpo mudou, a mente mudou, tudo mudou, mas há Algo presente, sempre presente, e Isso não muda. Esse é o nosso Ser, essa Presença, Consciência. Essa Consciência estava presente e sempre se manteve presente. Quando esse corpo apareceu e anteriormente a esse aparecimento, lá estava Ela. Agora, aqui, está Ela. Nesse esquecimento, você se vê como uma “entidade presente”, ligada à idade do corpo e às experiências deste momento, às experiências da mente, a essas percepções e sensações. Isso é somente uma crença, um pensamento.
Assim, você acredita que nasceu e, pela mesma razão, acredita que morrerá um dia. Na verdade, Aquilo que é Imutável nunca nasceu. Pode parecer estranho você ouvir isso, mas, na realidade (e agora vou dizer algo diferente do que acabei de dizer), você nunca esteve presente no nascimento do corpo, nem estará presente na morte dele – isso é um assunto do corpo, não é um assunto de sua Natureza Essencial, dessa Consciência. Essa Consciência não está nesse estado de sonho, apenas a mente está, e, nele, a ideia é de nascimento e morte.
Reparem que essas falas soam de forma bastante paradoxal. Não dá para ajustá-la a uma base intelectual, para depois você terminar dizendo “entendi tudo”. Não é um assunto para entendimento, porque Isso está fora da mente. Na verdade, todas as crenças, que são somente o que o intelecto pode ter, terminam sendo responsáveis pelo medo, porque o intelecto não alcança Aquilo que está fora dele. Tudo o que ele conhece é julgamento, comparação, separação, divisão, ou seja, o intelecto ainda faz parte desse princípio de egoidentidade.
Você precisa ir além do intelecto, descobrir sua Essencial Natureza! Nós somos Pura Consciência! O que você está sentindo, exatamente agora, no corpo e na mente, diz respeito ao corpo e à mente. Então, não é verdade que você nasceu quando o corpo nasceu, nem que você irá morrer quando o corpo parar de respirar. Repare que, quando seu corpo-mente desaparece durante o sono, há Algo que permanece, mas Isso está fora do conhecido, fora da ideia de “nascer” e “morrer”.
Então, o que é Isso que não desaparece, quando o corpo, o mundo e a mente desaparecem? A ideia de que nascemos e estamos mudando, de que crescemos, estamos envelhecendo e iremos morrer, é simplesmente uma crença – a crença da maior parte da humanidade. Ela é algo presente dentro da religião e da cultura. Normalmente, pensamos que nascemos, mudamos, evoluímos, crescemos, envelhecemos e que, logo, morreremos. Essa crença está presente, porque não há essa Realização da Verdade.
É evidente que o corpo e a mente aparecem e desaparecem, nascem e morrem. Toda experiência é assim! Essa crença na morte é uma presunção. Esse medo de desaparecer, ou morrer, é uma emoção bastante primária, algo profundamente imaginário nessa entidade ilusória, criada exclusivamente por essa associação com o corpo, com o pensamento “eu sou o corpo”.
Então, é essencial a Libertação da ilusão dessa identificação com o corpo e a mente. Sem isso não há Liberação! Essa vivencial, direta e não intelectual Compreensão do nosso próprio Ser é essencial. Portanto, antes de conhecermos qualquer coisa, precisamos conhecer a Verdade de nosso próprio Ser. Qualquer conhecimento, antes desse Conhecimento, é apenas ignorância, algo completamente inútil. Pode ter até alguma utilidade nesse sonho chamado “vida humana”, mas é inútil do ponto de vista da Felicidade.
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 29 de Fevereiro de 2020 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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