Nesses encontros, estamos tratando de apenas uma coisa: a importância do Silêncio! Se a sua vida é superficial, que é a vida no mundo da mente, não há maturidade, não há Silêncio. Nessa superficialidade, se você observar bem, o que existe é uma profunda falta ou desconforto e uma constante perseguição de alguma forma de preenchimento. Se você realmente tem essa percepção, sem qualquer justificativa, ideia ou conceito, isso se torna um convite para algo inteiramente novo e desconhecido. Devido ao estado da mente ser muito repetitivo, esse modelo de estar disperso, tentando orquestrar ou trazer uma ordem para essa vida mental, é algo muito cansativo.
Assim, a única coisa que realmente importa é o Silêncio de sua Natureza Real, onde todas essas projeções da mente que criam o seu mundo podem desaparecer. Na realidade, elas desaparecem completamente quando há esse Espaço, esse Silêncio de sua Essencial Natureza. Enquanto você estiver envolvido com a mente, continuará preso nessa dimensão do conhecido, vivendo no tempo.
A mente se divide em sujeito e objeto, criando, de uma forma imaginária, um mundo para ela viver. Um mundo produzido pela mente, por ideias, por crenças, por conceitos, é um mundo tedioso, superficial, de imagens, onde a própria mente egoica se projeta.
Na realidade, há somente uma Verdade presente, que é a Verdade desse Silêncio de sua Natureza Real. Qualquer outra coisa é parte da produção da mente, com essa divisão entre sujeito e objeto. Enquanto isso se mantém, não há Verdade, Paz, Beleza… não há a Consciência da Presença da Graça. Assim, a mente vive buscando respostas para as questões que ela mesma cria.
Outro aspecto também presente é a permanência dessa dor psicológica, que é como um alarme. Esse sentimento repetitivo de que algo está faltando toma um formato tedioso. Embora você tente encontrar um escape, como a busca por uma interpretação psicológica, filosófica ou espiritual para essa dor, isso termina não funcionando. Na realidade, você está nessa aproximação de Satsang porque essa dor foi sinalizada. Todos estão vivendo essa dor, pois é a dor do sentido de separação, da vida mental, da vida desse falso “eu”, com um mundo objetivo projetado por ele, mas você está presente aqui porque ela lhe foi sinalizada de alguma forma.
Eu não estou falando de uma dor como uma ideia, como mais uma crença ou imaginação da própria mente, mas como um alarme muito notório. Assim, quando falo que o sofrimento é uma ilusão, não estou querendo dizer que a dor não esteja presente para aquele que a sente. Pode parecer a mesma coisa, mas, na verdade, não é. O sofrimento é uma ilusão, mas, enquanto você não percebe o que existe por detrás dele (falo de uma percepção direta, e não de mais uma ideia), essa dor continua. A verdade é que, se essa ilusão desaparece, essa dor não pode permanecer, porém, não se pode falar do fim da ilusão tendo uma mera compreensão intelectual ou uma outra crença sobre isso.
Então, não estou falando da dor como um conceito, mas como uma percepção, uma sensação direta. Ela é muito real até que não tenha nenhuma realidade. Uma vez que você tenha compreendido a Verdade sobre Si Mesmo, o sofrimento não pode permanecer presente, e essa dor também desaparece. Dessa forma, toda aquela energia previamente localizada nessa dor é completamente liberada e se dissolve, desaparece na Fonte de tudo. Nós estamos trabalhando isso dentro desses encontros! A mente deve desaparecer nesse Silêncio, tornar-se completamente livre do seu movimento de imagens, dos seus medos e crenças.
É importante que se diga, também, que isso não é possível através de um processo de repressão. Parece que as disciplinas espirituais trabalham muito com essa coisa da repressão, e as diversas formas de disciplinas aplicadas à mente estão, em geral, nessa direção. Então, não é pela repressão que se torna possível o Silêncio, mas pela observação. A observação é a base dessa investigação, desse olhar sem crenças, opiniões, julgamentos e comparações. Você precisa observar cada pensamento, sentimento e reação que surgem sem qualificá-los, condená-los, julgá-los, sem fazer qualquer coisa com isso.
Esse é um estado de atenção desmotivado. Toda e qualquer motivação é somente mais um movimento da mente, portanto, mais um movimento de desatenção. Quando há plena Atenção, não há motivação, há somente a própria Atenção, que está presente quando o ego não está. Ego é sinônimo de mente, e mente é sinônimo de interesse, de intenção. Uma das coisas básicas nesse Despertar é descobrir a beleza de viver sem intenções, sem interesses, livre de toda forma de ambição. Então, quando há essa Atenção, ela realiza naturalmente o desaparecimento desse falso “eu”, dessa ilusão da mente que se divide em sujeito e objeto.
Assim, você pode assistir despretensiosamente cada pensamento, descontentamento, inquietude, imagem, sentimento e pensamento que surgem. Nisso, aparece uma Percepção de Totalidade, e como não há mais esse jogo de interesse, esse movimento ainda sutil do ego, toda forma de conflito desaparece. Como soa isso para você? Você somente vai compreender Isso realizando Isso, observando tudo com completa Atenção.
Isso precisa se tornar seu real modelo de vida. Não pode ser um simples hábito, precisa ser a sua respiração! Você precisa se tornar cônscio de si mesmo, perceber-se, até que somente essa Atenção permaneça, e Ela é a própria Consciência agora! Somente assim faz sentido a palavra “Silêncio”, que, como eu disse no início, é a única coisa que importa. Agora você sabe que, quando há somente Silêncio, não existem observador e coisa observada, sujeito e objeto, nem um pensador com o seu pensamento. Esse Silêncio Real, que está presente quando não há nenhum senso de um experimentador com a sua experiência, é Meditação.
O Natural Estado do Ser é Meditação! Meditação é o Ser em seu Estado Natural! Então, está presente essa Inteligência, essa Liberdade, essa Verdade última, Aquilo que está fora do tempo, da mente, essa “Coisa” sem nome. Essa é a Verdade de Deus! É uma completa Transformação, sem qualquer decisão, escolha e resolução da sua parte.
A Vida não está acontecendo com base no pensamento, mas como um Mistério. Quando há essa Constatação, você deixa de se importar em compreender o que acontece, porque você não está mais aí para se ocupar com isso. Não há separação entre Você e esse Mistério, essa Manifestação do Desconhecido, essa Realidade de Deus! Esse é o fim dessa vida de superficialidade, de falta, desconforto, tédio… É o fim desse modelo mental!
Então, sem esse Natural Estado de Silêncio, de Verdade, de Consciência, nada faz sentido, e, depois que há esse completo Silêncio, essa Verdade e esse Sentido de Totalidade, mais uma vez, nada faz o menor sentido. Reparem que parece ser igual ‒ antes, a vida não fazia nenhum sentido e hoje ela continua sem qualquer sentido ou significado. Contudo, algo mudou agora: as lembranças e os pensamentos podem surgir, mas você sabe que há somente Consciência, e Ela está presente permeando tudo! É um Estado de não-estado, completamente livre de qualquer fardo, peso e direção. Aí está o Mistério, a Verdade!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 11 de Outubro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/agenda-satsang
Xeque Mate!
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