Aqui, o importante é você fazer suas descobertas. O que eu posso fazer é lhe dar algumas dicas do que, com certeza, você irá descobrir dentro desse processo de investigação. Essas dicas são, na verdade, revelações, e, quando você descobre por si mesmo, vê presente a confirmação dessa Realidade.
Uma coisa importante que eu posso lhe adiantar, dentro desse trabalho de descoberta, é que o pensamento não é o instrumento que você precisa. Ele não é o instrumento que vai poder ajudar você a viver em harmonia com a vida, porque, na verdade, o pensamento dentro de você é completamente caótico, contraditório e imaginativo.
Até agora você tem confiado muito no pensamento, de tal forma que sua vida se baseia quase totalmente nele. Sua confiança no pensamento é muito grande, o que explica porque todos esses problemas estão presentes em sua vida e, curiosamente, presentes no planeta. Então, você termina acreditando (e esse também é só um pensamento) que colocou o planeta em perigo. O planeta não está em perigo. Embora se tenha criado toda essa confusão, não é o planeta que está em perigo. Você está em perigo!
O pensamento é algo morto e ele não pode tocar a Realidade. Ele fala de um “eu”, de um espírito, de uma alma, de uma mente, de uma criação, de um Deus... O pensamento diz muitas coisas. Ele cria os problemas e depois vai em busca da solução para eles. As ideias que você tem sobre si mesmo, sobre o outro, o mundo, o planeta e a vida são apenas pensamentos contraditórios, imaginativos e problemáticos. Então, essa é uma descoberta que você precisa fazer: confiar em pensamentos é uma ilusão.
Por isso que continuo dizendo para você que o pensamento não é o instrumento que vai poder ajudá-lo. É ele que tem criado nossa cultura e sustenta essa velha estrutura filosófica, espiritual, política e tudo o mais. O que quero dizer é que o pensamento não pode tocar a Realidade, porque ele é o próprio afastamento Dela. Se você quer descobrir a Verdade, precisa estar fora do pensamento, além dele, e, assim, você estará além da imaginação, da contradição, das crenças, das ideias. Então, acontece o toque da Realidade Presente, que se mantém livre do pensamento.
Nós fomos ensinados que Deus criou o Universo. Se você admite a existência de Deus, o Ser que criou o Universo, então, não pode negar que Ele é algo anterior ao Universo, além do Universo, algo além do tempo e do espaço. Toda percepção que você tem de si mesmo e do mundo, baseada no pensamento, está dentro do tempo e do espaço, e, sendo assim, ela é incapaz de alcançar Aquilo que está além do tempo e do espaço. Se Deus é uma Realidade anterior a toda essa manifestação, tem que haver uma faculdade em você capaz de reconhecê-La, faculdade essa que precisa estar necessariamente fora do tempo e do espaço.
Há Algo em você além do tempo e do espaço, anterior à criação, e somente Isso pode visualizar a Verdade de Deus, a Verdade Divina. Somente essa Consciência, que é atemporal, não espacial, que está além do pensamento, do corpo, da mente e do mundo, pode visualizar a Verdade Divina, pode constatar a Verdade de Deus.
Portanto, antes dessa Compreensão da Verdade sobre Si Mesmo, da Realização, falar sobre Felicidade, Verdade, Amor, Deus, não tem realidade, são somente palavras, mais ideias, mais crenças, mais pensamentos. Quando você tenta visualizar a absoluta Realidade, Aquilo que é atemporal, através de conceitos, crenças, práticas espirituais e toda forma de estudo, você está apenas em mais uma ilusão. Mas, quando alcança ou constata essa Consciência, a Natureza do seu Ser, você tem essa visualização Daquilo que é atemporal, que é anterior a nomes e formas, anterior a toda manifestação, a todo o Universo.
Na Índia, eles chamam de “Realização de Deus” essa Realização da Verdade sobre Si mesmo. É quando todo senso de dualidade, de separação, é perdido, e fica claro que Você é esse Princípio, que há somente esse Princípio – Ele é a Única Realidade! É nessa Realidade que toda manifestação surge, todo o Universo surge, bem como toda a noção de tempo e espaço, com os pensamentos e ideias.
Porém, enquanto você estiver absorvido pela crença de ser o protagonista de seu mundo de história, por essa ideia de ser o personagem principal, essa pessoa importante em torno da qual toda história acontece, nada do que você acabou de ouvir aqui será possível. Esse é o antigo e velho modelo do sentido do “eu”, em dualidade, em separação, com seus desejos e medos, dilemas, conflitos, problemas.
Satsang é o final disso tudo! Essa Realidade que Você é, está além dessa história, desse conhecido e do desconhecido, além do passado, do futuro e do que você chama de presente momento. Ela é algo inominável, indescritível. Essa Consciência é a própria Verdade Nela mesma.
O que estou dizendo aqui para você pode parecer bastante estranho, porque você está condicionado a aceitar como sendo real toda essa história – a história desse personagem, desse “alguém”. No entanto, não existe “alguém” sem essa história. Sem ela, tudo que você conhece sobre si mesmo desaparece. Aquele que acredita em si mesmo como sendo uma “pessoa”, acredita em si mesmo como sendo o corpo e a mente, e faz isso porque ignora completamente o fator mais importante de sua existência, que é essa Consciência.
A experiência do Sábio nessa relação com o mundo, com o corpo, é completamente diferente. Ele vê tudo isso não como um objeto, mas como a própria Consciência, assumindo uma forma temporária, momentânea, que logo irá desaparecer. Então, enquanto o homem comum enfatiza os objetos, o Sábio enfatiza a Consciência. Assim, os pensamentos, bem como os sentimentos, não são problemas, porque a ênfase está na Consciência. Também, não são problemas as sensações, os sentidos, as percepções, os objetos, o mundo, o corpo… A ênfase sempre está na Consciência.
Os Sábios sabem que tudo é Consciência, então, não há nenhum problema. Não tem nada que se separe dessa Consciência! Não há espaço para medo, desejo, conflito, frustração. Não há espaço para isso tudo, porque não há divisão, separação, dualidade, e não há diferença entre a manifestação e a Consciência.
No entanto, o que você acabou de ouvir é algo que precisa ser constatado. Por isso eu disse no início que estou lhe dando uma dica de algo que você precisa descobrir por si mesmo. Somente então Isso será Real, Verdadeiro. Sem essa Verdade, você está apenas diante de palavras, novas crenças, novos conceitos, o que não serve para nada. Isso logo irá se tornar uma mundana interpretação da Verdade (e todos têm feito assim). Essa mundana interpretação da Verdade é o que as pessoas têm chamado de espiritualidade, que é uma forma de ignorância perfumada, bonita, louvável e prazerosa de se ouvir, mas que ainda continua sendo ignorância, uma ilusão.
"Há Algo em você além do tempo e do espaço, anterior à criação, e somente Isso pode visualizar a Verdade de Deus, a Verdade Divina."
Então, nós temos que fazer uso dessa faculdade, dessa habilidade, dessa capacidade da Consciência. A Consciência é essa imutável Verdade que somos e esse é o Real Princípio do Ser, da Vida. Sem Isso, é impossível falarmos sobre Felicidade, Amor, Paz, Liberdade... é impossível falarmos sobre Compaixão e Sabedoria. Então, Satsang é um momento de constatação, de uma revelação. Estou lhe trazendo uma revelação, uma dica, uma informação que assume uma posição de Real Constatação, quando você Realiza Isso.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 04 de Setembro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas as 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.
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