GC: Olá, pessoal, estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Mestre, hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "A Interpretação Espiritual das Escrituras". Num trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "Do Advaita, da Índia: 'Eu sou meu próprio espírito'". O Joel cita esse trecho da Advaita. Sobre esse assunto, o Mestre pode compartilhar o que é Advaita?
MG: Gilson, Advaita é uma expressão indiana para a não separação, não dualidade; significa "o primeiro sem o segundo". Os antigos sábios indianos, aqueles que realizaram a Verdade, deixaram isso escrito lá nos Vedas. Essa expressão vem dos Vedas, é a Verdade de que a Vida, n'Ela, não existe tal coisa como uma divisão, uma separação. Há uma única Realidade presente, há uma única Verdade presente. Podemos dar diversos nomes para essa Realidade presente, mas nenhum desses nomes, como uma palavra, uma expressão - como todas as palavras são -, como uma expressão do pensamento, pode explicar o significado disso.
Então, essa Realidade Divina que nós chamamos de Deus, de Verdade, de Ser, é a única Realidade da Vida. Isso é Advaita. Essa Realidade Divina, de Deus, que é Advaita, a não separação, é a Realidade do seu Ser, é a Realidade sobre você. Uma vez que esse Despertar esteja presente, essa visão que fica da vida é a visão da não separação. Não existe esse "eu" e a vida, essa vida e Deus; esse "eu", a vida, Deus e o outro. Há uma Realidade Presente. Ela está presente nessa manifestação, mas também além de tudo aquilo que chamamos aqui de "manifestação". Então, estamos diante de algo indescritível, inominável. Nenhum termo, nenhuma palavra, explica isso.
A boa notícia é que a Realização do seu Ser é a Realização de Deus, é a Realização da Advaita. A Verdade disso é o fim da ignorância, é o fim da ilusão, é o fim do sofrimento. Se aproximar da vida é se aproximar de Deus. E se aproximar de Deus, que é se aproximar da vida, é descobrir como descartar esse sentido do "eu", desse "mim". Todo esse movimento do "eu", do "mim", dessa "pessoa" em nós, tendo por princípio o modelo do pensamento como nós conhecemos, nos coloca em uma condição de ignorância, de ilusão, de separação. Se está presente essa separação em razão da ignorância, em razão da ilusão, está presente a confusão, o conflito, a desordem, o sofrimento.
Na vida, todos nós estamos aqui para tomarmos ciência de que há apenas uma Realidade aqui. Isso é o Despertar! Sem isso, essa vida, nesse sentido de separação, de dualidade, é um caos, é uma confusão enorme. O ser humano vive inquieto, desorientado, psicologicamente perturbado. Há uma inquietude interna, ele não sabe a Verdade sobre ele mesmo, ele se confunde com o modelo que o pensamento tem estabelecido como regra, como padrão. Essa regra, esse padrão, é o modelo que nós temos chamado aqui de "condicionamento mental". Nós estamos sempre atendendo à vida a partir desse elemento que se vê separado dela. Essa forma de atender é inadequada.
Quando, por exemplo, você lida com pessoas, lida com pessoas a partir da ideia de ser, também, uma pessoa. Você não a vê como de fato ela é. Mas, como poderia ser diferente? Se você não consegue tomar ciência da Verdade sobre si mesmo, como teria a Verdade sobre ele ou ela? Assim, a particular visão do "eu" é a visão que o pensamento tem estabelecido como sendo verdadeira, como sendo real, sobre a vida, sobre o outro, sobre ele mesmo. Então, essa condição é algo que o pensamento está estabelecendo como padrão, como regra. Esse é o princípio equivocado de separação, de dualidade. Foi o pensamento que criou a ideia desse "eu" e o não "eu", desse "eu" e a vida, desse "eu" e Deus. Se aproximar de um encontro como este aqui é se aproximar da possibilidade da averiguação, do investigar, do aprofundar essa questão.
A questão é: "O que eu sou?" Qual será a verdade desse "quem sou eu"?
Esse "quem sou eu" é uma construção do próprio pensamento. Ter uma aproximação daquilo que "eu sou", é a aproximação do Autoconhecimento, exatamente para o descarte dessa ideia sobre "quem sou eu". Não existe esse "eu", não existe esse "quem". Há uma Realidade aqui, e você constata essa Realidade além do "eu". Esse "você", nessa constatação, é a própria Realidade Divina cônscia d'Ela mesma. Não existe qualquer separação entre você, Deus e a vida. Você é Deus em sua Natureza Real, mas no pensamento você é uma pessoa. No modelo de se comportar, agir, sentir e viver, algo que o pensamento está produzindo dentro de uma resposta de condicionamento de pensamento, algo comum a todos, você é uma pessoa, e uma pessoa está em apuros, uma pessoa tem problemas, uma pessoa está alienada da Verdade - exatamente por ser uma pessoa -, alienada da Realidade, da Verdade, da Vida.
Então, o que é Advaita? É a Verdade do seu Ser, é a Verdade de Deus, é a Verdade da Vida, quando não há mais essa ilusão, quando não há mais esse modelo do pensamento.
GC: Mestre, nós temos uma pergunta de um inscrito aqui no canal. O Pedro faz o seguinte comentário e pergunta: "O que faz surgir, gerar pensamentos? Qual é a causa primária desse fenômeno?"
MG: Então, Gilson, a causa primeira do pensamento - veja, isso tem uma base muito simples. a causa primeira do pensamento é memória. Todo pensamento presente é uma recordação do passado. Ao passar por uma experiência, isso é registrado no cérebro. Esse registro aparece nesse formato de pensamento. Como isso se processa? Com base em um estímulo, em uma resposta a um desafio. Quando você vê uma cena, aquilo lhe traz uma lembrança, veja, essa lembrança surgiu em razão desse estímulo, desse desafio. Essa é a mecânica do cérebro, é assim que o cérebro trabalha: ele produz pensamentos. Mas essa produção de pensamento, na verdade, é só a memória surgindo. Ele não traz o pensamento do nada, ele traz o pensamento do passado e da memória. Assim como o nosso coração físico bate em razão de estímulos elétricos que vêm do cérebro, o nosso cérebro reage a estímulos, a desafios, e produz pensamentos. Mas não é que ele produza pensamento do nada, ele reproduz pensamentos em razão do pensamento, da memória, da lembrança que ele tem. É um registro nele que está respondendo. Esse é o fenômeno do pensamento.
Agora, vamos aprofundar um pouquinho mais isso aqui com você. O problema não está em ter pensamentos. O problema é que o ser humano, como ele funciona - eu me refiro à massa, à humanidade. o ser humano comum não tem ciência do pensamento. Ele está vitimado de uma condição de inquietude interna, de tagarelice interna, de desordem psicológica, em razão desse movimento, desse movimento de pensar, do cérebro. Aqui, precisamos compreender isso: essa condição psicológica de vida não é natural. Isso é algo comum a esse modelo de cérebro condicionado, de mente condicionada, que o ser humano conhece. Assim, o problema com o pensamento é que, no ser humano, ele funciona de uma forma inconsciente, mecânica, repetitiva, tagarela, produzindo, juntamente com esses pensamentos, estados internos de sentimentos, de emoções, de conflito, de desordem e sofrimento.
Nós não temos, nesse sentido do "eu", do ego, dessa mente condicionada, dessa mente egoica, desse cérebro condicionado, quietude, silêncio, ausência de pensamento. O cérebro está constantemente produzindo pensamentos, ou seja, se ligando, a cada momento, a todo tipo de estímulo e desafio, e produzindo a ilusão de uma identidade dentro dessa experiência, que é a experiência do pensar. Veja, isso não é natural. Isso ocorre porque o ser humano não conhece a Verdade d'Aquilo que ele é fora desse condicionamento. Tudo que o ser humano sabe sobre ele mesmo é aquilo que o pensamento está dizendo, e ele está se confundindo com o pensamento, se identificando com essas reações e vivendo nessa inquietude, nessa tagarelice. Assim, o cérebro no ser humano está funcionando de uma forma equivocada, caótica. Não existe essa liberdade dessa ciência da ausência desse tempo psicológico. O ser humano vive no pensamento, nessa psicológica condição do pensamento. Assim, estamos constantemente entre o passado e o futuro, e esse movimento do presente é a inquietude entre o que foi e o que será.
Podemos romper com isso, para uma qualidade de mente nova, de cérebro novo, onde o pensamento seja funcional, para que apenas quando se fizer necessário, ele esteja presente, e não esteja, assim, ocupando, o tempo todo, todo esse espaço? Quando ele está ocupando todo esse espaço. esse espaço o tempo todo ocupado é aquilo que nós temos chamado aqui de consciência egoica, de consciência do "eu". Podemos conhecer, na vida, a Liberdade, ou seja, o fim para essa consciência do "eu", para essa consciência do ego? Isso requer a presença do Autoconhecimento, a presença da Meditação, a presença desse Espaço que se revela quando o cérebro se aquieta, quando a mente silencia. Então, se revela algo além da mente, além do cérebro, além do "eu", além do ego.
É isso que estamos juntos trabalhando aqui com você, lhe mostrando que, nesta vida, o Despertar da Inteligência requer a presença do Silêncio, de um novo modo de pensar, de sentir, de agir na vida. E isso só se torna possível quando temos o fim para essa psicológica condição que acabamos de colocar aqui para você, onde o cérebro está o tempo inteiro ocupado. Repare, você está almoçando ou trabalhando em alguma atividade, mas internamente o cérebro está ativo, tagarelando, dizendo coisas, colocando esse sentimento e pensamento aí, localizando aí uma entidade presente, que é esse "mim", no passado ou no futuro. Nós não temos ciência deste instante, ciência do agora, porque não há espaço, não há quietude, não há silêncio. E aqui estamos dizendo para você que isso não é natural. Isso é comum, mas é porque o ser humano está em desordem psicológica. A grande verdade sobre isso é que o ser humano é neurótico, ele está construindo exageros, ele está exagerando. O modelo do pensamento é de exagerar.
Então, essa disfunção interna, essa confusão psicológica, esse movimento de pensamento é a continuidade desse ego, desse "eu", desse "mim". Quando isso termina, algo novo está presente, e é isso que estamos trabalhando aqui, com você. A única coisa na vida é realizar a Vida, a Ciência da Vida, a Beleza da Vida, o Amor que é a Vida. Então, temos a presença da Inteligência, a presença da Liberdade, dentro das nossas relações com o outro, com nós mesmos, com as experiências. É quando os pensamentos estão apenas ocupando o espaço real deles, e não esse espaço psicológico, como ocorre com a presença do ego. A forma como psicologicamente nós, seres humanos, estamos funcionando é um problema, é algo para ser descartado!
Então, o Florescer do seu Ser é a Ciência da Realidade, d'Aquilo que está além do "eu", além desse cérebro, além dessa mente, além desse ego. O que torna isso possível é um trabalho de Autoconhecimento, de Meditação, em razão do Poder dessa Presença, que é o Poder dessa Graça Divina.
GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de um outro inscrito aqui no canal. A Tânia faz o seguinte comentário, perguntando: "Mestre, então só depois da investigação sem o ego é que se chega à Verdade?"
MG: Você pergunta: "Só depois da investigação sem o ego é que a Verdade se revela?" Repare na sua pergunta. A verdade da aproximação, da autoinvestigação, da investigação do "eu", é a investigação do próprio ego, é a ciência desse olhar para essas reações. Então, vamos corrigir um pouquinho aqui essa questão da pergunta. Nós precisamos ter uma aproximação de nossas reações, mas essa aproximação requer um olhar, um olhar livre do próprio movimento do "eu", mas esse olhar compreende uma visão clara desse movimento.
Nós temos que descobrir, aqui, o que é observar essas reações. Esse observar requer, sim, a presença da ausência desse observador, desse pensador, desse experimentador, mas não se trata de alcançar a Verdade. A ciência dessa pura observação revela algo fora do conhecido. A Verdade já está presente, é Aquilo que já está presente, mas que, de fato, só se revela quando nos damos conta dessa ciência do Autoconhecimento. Assim, aprender a observar nossas reações sem o observador, aprender a tomar ciência daquilo que se passa aqui e agora, sem se confundir com esse elemento que é o experimentador se separando da experiência, o observador se separando daquilo que observa, aquele que escuta se separando daquilo que ele está escutando. Tomar ciência disso é ter a real aproximação da visão da Meditação. Isso está dentro dessa aproximação do Autoconhecimento.
Aqui, essa Atenção sobre as nossas reações requer um olhar livre desse elemento que se separa para interferir, que vive dentro de um movimento de gostar e não gostar, ou de querer alterar ou mudar, que julga, avalia, compara. Assim, a base para essa auto-observação, para essa autoinvestigação, é trazer para este instante essa Atenção, uma Atenção livre de escolha, livre de alternativas, livre de ideias, conclusões, crenças, avaliações, julgamentos e todo tipo de resposta que venha do passado, que possa surgir do passado. É apenas olhar, é apenas constatar, se dar conta daquilo que se passa aqui e agora. Quando você olha um pensamento, sua inclinação, em geral, quando você olha, é de gostar ou não dele. Quando um sentimento surge, você gosta dele ou não gosta. Então, em geral, estamos sempre aceitando ou rejeitando aquilo que se passa dentro de nós e aquilo que se passa externamente nessa relação com o outro. Estamos sempre nos aproximando da vida, deste instante, deste momento, a partir desse experimentador, desse pensador, desse observador, enquanto que aqui estamos colocando para você que há uma nova forma de nos aproximarmos deste instante. Essa nova forma requer a presença dessa Atenção, exatamente, sobre essas reações. Essa Atenção não interfere, ela não se envolve. Essa Atenção é que nos dá a base do Autoconhecimento, e com a base do Autoconhecimento, nos aproximamos da Meditação. Então, há uma qualidade nova de ação que surge quando o "eu" não está, quando esse experimentador, esse observador, esse elemento que se separa, que julga, avalia, não está mais presente.
Assim, qual é a real aproximação da vida? A real aproximação da vida é a real aproximação da verdade sobre nós mesmos. Sem esse constatar aquilo que se passa aqui e agora em você, com você, não há como romper com essa velha condição, para essa Realidade se mostrar, para essa Verdade florescer. É disso que estamos nos aproximando aqui nestes encontros.
GC: Gratidão, Mestre, já chegou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast.
E, para você que está acompanhando o videocast até o final e realmente quer viver esses ensinamentos e ter essa visão em Liberdade como o Mestre tem, fica o convite para participar dos encontros intensivos que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros intensivos de final de semana no formato on-line e existem encontros presenciais e retiros. Nesses encontros, o Mestre Gualberto, além de responder diretamente às nossas perguntas, por já viver nesse Estado Desperto de Consciência, compartilha um Campo de Energia que é um Poder, uma Graça, que nos ajuda demais nessa compreensão de nós mesmos, porque a gente acaba entrando de carona nesse Campo de Energia do Mestre. E isso realmente facilita muito para podermos entrar de forma espontânea no estado meditativo, silenciarmos nossas mentes. Então, fica o convite.
No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros.
E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.
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