Por que você está aqui? O que o traz a esse encontro? Quando você procura a razão, descobre um sentimento de deficiência, uma espécie de insatisfação ou fome por algo que, a princípio, você não sabe o que é. Isso coloca todos em um movimento de busca, de procura. Seu desejo é pelo fim dessa falta, dessa inadequação, e isso termina trazendo você a Satsang. A coisa mais curiosa é que, ao chegar em Satsang, você descobre que não existe nada faltando, não existe essa deficiência, não existe nada para se obter, nada para se ganhar. No momento em que você percebe isso, a busca termina.
Então, você não está em Satsang para buscar mais, e sim para descansar ‒ descansar em seu Ser, em sua Natureza Divina. Estar em Satsang não representa mais um movimento de busca, mas a alegria de um encontro consigo mesmo. Essa insatisfação, inadequação ou falta é algo periférico. Satsang é um processo de autoinvestigação, de Realização, um encontro com a Verdade que você traz. Aqui, você se torna livre dessa motivação egocêntrica. Como a busca sempre carrega uma motivação egoica, ela não é o caminho real para a Verdade. A busca o afasta, é o próprio afastamento. É por isso que leva algum tempo até você compreender que não há nada a se buscar em Satsang.
Satsang é um processo para que você veja Aquilo que já está aqui e agora, Algo que já é completo e perfeito! É Isso que estou aqui para comunicar a você! Não há sujeito nem objeto, apenas essa Realidade única, essa Consciência, essa Presença, a Verdade de seu Ser. Não há o meditador e a prática de meditação nem o meditador e os objetos . Tudo isso pertence à filosofia. São conceitos, crenças, avaliações…
Então, tudo o que você está aqui para ver é essa Realidade presente, que é a Verdade sobre Si mesmo, essa Consciência que já está aqui e agora. Não há nenhuma necessidade de busca! Na realidade, a busca é um afastamento Disso. A verdade é que você não pode conhecer quem Você é. A palavra “autoconhecimento” é completamente equivocada, porque você não pode conhecer quem Você é. A única coisa possível é Ser quem Você é, e não conhecer. Conhecer pressupõe sujeito e objeto, observador e coisa observada, pressupõe separação. Na separação, o que se vê é a ilusão, o conflito.
Isso não é como conhecer alguma coisa... Você é o Conhecimento, não o conhecido ou o conhecedor! Você é o único Conhecimento, sem “alguém” para saber o que Isso significa. Então, não se trata de busca, de movimento, mas de repouso, de descanso. Satsang é esse descanso, é esse repouso, é o próprio processo de Despertar, de reconhecer a Verdade Divina, a Verdade de Deus aqui e agora.
Se você escutar um professor, ele vai falar sobre um progresso que se alcança através de um processo passo a passo, do passo 1 ao passo 100, ou seja, que você vai “progredir até chegar lá”. Aqui não se trata de “chegar lá”, mas sim de “desaparecer”. Falo do desaparecimento da dualidade sujeito-objeto, conhecedor e coisa conhecida. Apenas o Conhecimento fica, Aquilo que É. Isso transcende a dualidade, essa separação entre o que vê e aquilo que é visto, entre o que conhece e aquilo que é conhecido. Esse é o cerne, o centro da Real Meditação.
Toda experiência pertence ao sujeito, pressupõe memória, conhecimento, passado, mas não estamos interessados na experiência. Lembre-se disso: experiência pressupõe conhecimento, lembrança, memória, passado, o que foi conhecido pelo sujeito, então, pressupõe conhecedor e conhecimento. Nós não estamos interessados em “ser alguém” na experiência, porque isso está dentro de uma referência de passado, memória. O que somos é puro Conhecimento aqui e agora, não é conhecido nem é conhecedor. O que somos não pode ser experimentado, experienciado, e não é possível capturar, alcançar, agarrar a Isso, a Verdade. A Verdade é o seu Ser, é a sua Natureza essencial, atemporal, é Meditação.
Como Isso é visto? Como Isso pode ser percebido sem alguém que percebe? Como Isso pode ser visto sem o observador? Eu tenho uma resposta para isso: você previsa ouvir! Permaneça nesse “ouvir”, onde tudo é escutado! Permaneça escutando o que o pensamento, a emoção, a sensação e a percepção dizem. Não interprete, apenas escute. Se você interpreta, entra de novo no jogo, mas, se apenas escuta, a Verdade se revela. Isso é Meditação!
Meditação não tem nada a ver com um exercício de expulsar pensamentos e forçar a mente a silenciar. Você pode ter uma experiência fazendo isso, da qual vai se lembrar depois. Toda experiência requer memória, passado, sujeito e objeto, onde o objeto é a experiência e o sujeito é o experimentador. Aqui a gente joga tudo isso fora e fica nesse “ouvir” o que se passa interiormente e externamente.
Veja que o tempo todo estou lhe mostrando o que é a Real Meditação. Quando há esse “ouvir”, tudo se revela nesse Conhecimento que Você é. Repare: não é o conhecedor conhecendo, é o Conhecimento se revelando… Esse Conhecimento que é sinônimo de Verdade, de Sabedoria, de Consciência. Não é lindo e real isso?
Há somente uma forma real da Meditação acontecer: “você” não estar lá! A Meditação só acontece quando “você” não está. Quando “você” entra, a Meditação não está; quando “você” não entra, a Meditação está. A Meditação se revela total e completamente nesse “ouvir”. Esse movimento é totalmente diferente de segurar alguma coisa. Você não pode segurar nada, porque não há nada para se segurar.
O problema é que a principal crença dentro de você é a de que existe um tempo para se fazer isso, ou seja, uma condição e um momento oportunos. Você acredita que enquanto está trabalhando não pode fazer isso, que enquanto está desenvolvendo alguma atividade intelectual ou física não pode fazer isso. Isso não é verdade.
“Ouvir” é algo presente enquanto um pensamento, uma fala e um movimento físico acontecem. Enquanto uma atividade está acontecendo, há o “ouvir” dessa atividade. Assim também é com uma fala, um pensamento, uma sensação, uma emoção, uma percepção... Porém, você tem que ser como o pescador, que não controla o peixe nem a água. Ele permanece quieto! Não é assim? É assim! O pescador não controla o peixe nem a corrente marítima, ele fica quieto apenas. Ele joga o anzol na água com a isca e fica quieto, mas fica atento, totalmente atento! Se não ficar atento, ele perde o peixe. Assim, você não tem controle sobre a “água”, não tem controle sobre o “peixe”, mas você pode “ouvir”. “Ouvir” é como essa atenção que o pescador tem. Ele se mantém nesse “ouvir”.
Meditação não tem nada a ver com o que acontece interiormente ou externamente, é completamente independente do que esteja aparecendo ou acontecendo neste instante. Aquilo que é real existe por si mesmo, e nada pode impedi-Lo de estar aqui e agora, de Ser o que é. Então, não se trata de juntar, acumular… Isso não é como o trabalho do cientista ou do estudioso, que vão juntando, acumulando alguma forma de conhecimento. Meditação não tem nada a ver com o acúmulo de nada, e você não aprende nada com Ela! A Real Meditação está presente quando há somente Conhecimento. Na realidade, não há o que conhecer, nem quem conhece, há somente o Conhecimento. Não se trata de aprender nada, de acumular nada, de fazer ou deixar de fazer qualquer coisa. Isso é Meditação!
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 02 de Outubro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online
Perfeito!
ResponderExcluir