quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

A questão do esforço

Você sabe que, nesses encontros, não estamos tratando com você de espiritualidade. Essas falas não se baseiam na Advaita Vedanta ou em alguma outra tradição religiosa ou filosófica. Então, não estamos tratando aqui com você de alguma forma de sistema, crença religiosa ou algum tipo de filosofia. Esses termos não se aplicam a esta fala.
O que Você é não tem nada a ver com filosofia, sistema, método de crença, essa ou aquela forma de conceito. Não é nenhuma dessas coisas! Então, não podemos nos aproximar Daquilo que Você é através de algum desses expedientes. O que tratamos nesses encontros é algo que está além da mente e, assim, além das palavras. Você não vai encontrar nada sobre a Verdade de Si mesmo em algum sistema, prática, escritura ou livro.
Você pode se munir de um arsenal de crenças, armar-se e conseguir muita munição na filosofia, em métodos de análise, autoanálise, mas, mesmo assim, continuará distante da Verdade sobre Si mesmo. Você continuará cego! Permanecer cego significa aceitar que algo do lado de fora pode lhe dar a visão Daquilo que Você é, porque isso é só uma crença, ou seja, tem na própria base a ilusão. O ponto é que todas as crenças são falsas! Então, aqui colocamos de lado todos os conceitos, todas as teorias, toda forma de conhecimento, todas as crenças.
A Verdade que Você é não dá para ser explicada, analisada ou alcançada por nada disso. Por quê? Porque, basicamente, Você é aquilo que está buscando, mas está fazendo isso indo para fora. Não há nada para ser encontrado, nada para se ganhar, realizar! Você precisa constatar isso! De outra forma, a mente continuará buscando e, naturalmente, se afastando da simplicidade desse encontro que acontece quando você olha para dentro de si mesmo.
Se você tem sinceridade e intensidade ‒ verdadeira honestidade e intensidade de desejo ‒ para realmente investigar a Verdade sobre Si Mesmo, a busca, esse movimento de pesquisa e estudo externo, de escrituras, livros e toda forma de conhecimento, terá que cessar. Essa sincera intenção ou esse desejo honesto para Realizar a Verdade, o Ser, Deus ou O que Você é, é algo que requer que toda busca cesse. Dessa forma, damos início a algo inteiramente novo, que eu tenho chamado de “Meditação”. Essa é a forma real de você se aproximar do seu Estado Natural de não separação, não dualidade. Você pode chamar isso de Advaita ou de Estado Não Dual, mas isso não tem a menor importância.
Outro aspecto interessante aqui é que alguns dizem que nenhum esforço é necessário, que todo esforço é somente uma ilusão, e outros dizem que o esforço é definitivamente importante, algo que é requerido. A minha visão disso é que os dois lados estão corretos, e já tenho falado sobre isso com você. Uma aproximação dedicada, aplicada e esforçada é fundamental! Por outro lado, uma entrega e uma certeza profunda de que não é pelo “fazer”, não é pela simples vontade ou dedicação pessoal que Isso pode ser realizado, é essencial. É evidente que esse aparente “eu” não pode obter Isso pelo esforço, mas fica muito evidente que, também, se não houver uma dedicada intenção para investigar o movimento desse “eu”, nada será possível.
Então, o esforço não pode lhe dar Isso, porque Isso já está presente! Por isso, é uma ilusão acreditar que pelo esforço você alcança Isso. Porém, você também permanece na ilusão ao acreditar que, se não fizer qualquer movimento nessa direção da autoinvestigação, Isso vai se revelar por si só, baseando-se apenas na ideia de que Isso já está presente. Não é assim que acontece! Isso está presente como a Única Realidade, mas assumir a consciência disso requer uma intenção, uma aplicação fervorosa nessa direção.
Mais uma vez a gente se depara com algo que parece paradoxal. Então, vamos repassar isso: Aquilo que está presente não é, pelo esforço, alcançado, realizado ou obtido, porque já está presente, mas Aquilo que está presente, sem aplicação, dedicação ou esforço, não poderá ser constatado, continuará invisível, “não existente”. Portanto, essa ideia do “eu” é uma ideia muito convincente para desaparecer simplesmente pela não aceitação intelectual de que isso não é real. Essa é só mais uma forma de crença.
Então, inicialmente há a ideia de um “eu” que está sofrendo e necessita encontrar a Liberação ou o fim desse sofrimento. Contudo, essa Liberação não é alguma coisa que nós não temos ou não somos agora, não é algo que iremos alcançar ou nos tornar. Então, aí estamos diante de um paradoxo. Você não vai se tornar Liberado, ou Realizado, ou Iluminado! Você não é uma identidade separada que vai se unir ao Todo e deixar de ser separada. A Verdade é que Você já é Livre aqui e agora, mas essa é a Verdade que é Você, não é uma “verdade” que a mente conhece. Tudo que a mente conhece é o que não é Você, é a ilusão do sentido de um “eu” como uma entidade separada.
Sua Verdadeira Natureza não é algo que você vai alcançar, mas a ilusão da Verdade sobre Si Mesmo pode ser descartada por essa autoinvestigação, e isso requer uma boa quantidade de energia. Então, esse personagem, que parece tão verdadeiro, só é assim no seu sonho de existir, ao viver o seu próprio e particular sentido de separação, contando histórias.
Portanto, o claro e completo reconhecimento dessa ilusão por essa autoinvestigação, que é o esforço real, torna possível a Visão da Verdade de que não há ninguém nisso, não há “alguém” aí. A Verdade sobre a Iluminação é a de que não existe ninguém Nela! Não há “alguém” para se tornar, realizar, alcançar ou obter Isso! Assim, essa ideia da Iluminação cai, pois Você está além dessa ideia. Ou seja, essa história de “ganhar a Iluminação” também termina.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 04 de Novembro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online

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