quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Precisamos descobrir Deus | Confusão, desordem e sofrimento | A Realização de Deus | O fim do ego

O que, na verdade, nós estamos buscando? O que, na verdade, nós estamos procurando? Nós vivemos em um mundo onde há confusão, desordem, sofrimento, então há, inegavelmente, uma busca, há uma procura. Mas eu quero investigar com você aqui se essa procura é pela Verdade, é pela Realidade ou se é a busca, a procura por alguma forma de satisfação, de realização que nos traga um nível novo de preenchimento, já que temos experimentado alguns momentos de satisfação, temos experimentado algumas formas de preenchimentos em diversos momentos em nossas vidas. Mas me parece que nenhuma dessas satisfações, preenchimentos ou realizações se tornaram, de verdade, algo permanente.

Então, o que é que, na verdade, estamos procurando? O que é que, na verdade, estamos buscando? Pode-se procurar a Verdade, pode-se procurar a Realidade, pode-se procurar a Verdade de Deus? Me parece que não é esse o nosso propósito nessa busca, nessa procura.

Assim sendo, o ser humano não está nessa busca ou nessa procura pela Verdade, pela Realidade, não está nessa procura por Deus. Nós estamos, sim, numa busca, numa procura por um nível qualquer de realização e de satisfação que seja permanente. Nessa procura nós estamos mudando de uma religião para outra religião, de um sistema filosófico para outro, de uma ideologia espiritualista para outra. Então, não é verdade essa procura por Deus, pela Verdade. É a procura por uma satisfação, por algo que nos preencha de uma forma permanente. Já que as realizações externas parecem que todas falharam, agora estamos em busca de algo, assim chamado, “espiritual”, mas não é a busca ou a procura pela Verdade, é a procura por uma satisfação dentro daquilo que nós chamamos de espiritualidade.

Então, seria interessante nós investigarmos algumas coisas aqui. A primeira delas é: pode-se encontrar a Verdade? É possível encontrar a Felicidade? É possível encontrar Deus? Veja, nós podemos buscar algo que nos dê uma realização, um preenchimento, uma satisfação permanente, mas existe, na verdade, também, tal coisa? Então repare que situação delicada é essa daquele que busca, daquele que procura.

A primeira é que nós não podemos encontrar algo que, de verdade, seja permanente com o nome de Felicidade, com o nome de Verdade, com o nome de Deus. Não é possível encontrar isso que nós projetamos como algo permanente. Então, essa, assim chamada, “satisfação” ou “realização” que projetamos numa ideia, numa imagem que fazemos sobre Deus, sobre a Verdade, sobre a Realidade, se é isso que o ser humano está, de verdade, procurando dentro da espiritualidade, ele não irá encontrar. E por que podemos afirmar isso, que nós não podemos encontrar algo de permanente? Porque não há permanência em nenhuma realização, em nenhum nível de preenchimento, em nenhum nível de satisfação. Isso porque é a natureza de uma realização, de um preenchimento ou de uma satisfação, é da natureza disso a impermanência. Então, esse é o primeiro ponto.

O segundo ponto é que essa Verdade, Realidade ou Deus não é algo passivo de ser encontrado. Não podemos encontrar Deus. Não podemos encontrar a Realidade. Não podemos encontrar a Verdade. O que se torna possível é a constatação da Realidade, a constatação de Deus, a constatação da Verdade. No entanto, para que isso se torne possível, nós precisamos descobrir quem é esse que busca. Reparem que coisa importante nós temos aqui para ver com você.

Nós precisamos, antes de partir para uma busca de preenchimento em satisfação, em realização, em algum nível – já que tentamos materialmente e ainda não deu certo, e agora estamos procurando espiritualmente –, nós precisamos primeiro perguntar quem é esse que busca, quem é esse que está nessa busca de algo que seja permanente, seja na realização, no preenchimento ou na satisfação. Aqui também temos que perguntar quem é esse que está nessa busca ou nessa procura pela Verdade, por Deus ou pela Realidade.

Então, nós temos ideias sobre o que é essa busca, e podemos estar numa ideia, nessa busca, colocando a nomeação dessa busca como a busca pela Verdade, por Deus, pela Realidade e, no entanto, estamos numa busca de um preenchimento permanente, numa realização permanente, numa satisfação permanente. É isso que o ser humano está procurando. Mas aqui nós nos deparamos com uma dificuldade enorme, que é a não compreensão da verdade sobre esse que está nessa busca. É por isso que podemos ter vários nomes para essa busca, e podemos ter diversos sentimentos sobre isso. Tanto os sentimentos quanto os nomes não estarão dizendo absolutamente nada, porque a base dessa busca não foi compreendida. Qual é a base dessa busca? É aquele que busca. Quem é esse que busca?

Sem antes termos uma compreensão sobre nós mesmos – e a verdade é que nós desconhecemos quem somos, desconhecemos aquilo que se processa aqui, dentro de cada um de nós, não conhecemos o movimento do pensamento, do sentimento, da emoção, do modo de perceber, dessa forma de sentir a vida, tudo o que nos rodeia, aquilo que está dentro e aquilo que está fora –, a não compreensão de nós mesmos, a não visão a respeito daquilo que somos é a ignorância, é a base de toda essa busca; uma busca que se assenta dentro dessa ignorância.

Nossa insatisfação tem produzido em nós essa busca, essa procura. Então, nessa nossa procura, assentada nessa ignorância pela satisfação, nós podemos ter momentos de satisfação. Então, é assim que temos nos empenhado nessa busca. Nós não sabemos, na verdade, o que estamos buscando, porque nós não sabemos a verdade sobre quem nós somos. Então, assentados nessa ilusão, nesse desconhecimento sobre nós mesmos, nós temos assentado sobre isso essa busca, essa procura.

Assim, nós desconhecemos a verdade de quem somos e, naturalmente, a natureza verdadeira dessa insatisfação; uma insatisfação que está em busca de um preenchimento, de uma realização que seja permanente. É isso que nós precisamos ver aqui juntos. Nós precisamos descobrir a Verdade, precisamos descobrir a Realidade, precisamos descobrir Deus, mas não podemos encontrar isso dentro desse projeto, dessa idealização, desse movimento nessa busca que tem por princípio essa insatisfação; uma insatisfação da qual queremos nos livrar querendo encontrar algo que nos realize e nos preencha de forma permanente. Não podemos chegar a isso sem antes termos uma compreensão da Verdade sobre quem nós somos.

Então, é isso que estamos propondo aqui para você. Então, nós precisamos descobrir a Verdade sobre quem nós somos. Conhecer a nós mesmos, conhecer esse “eu”, esse “mim”, essa pessoa que está nessa busca. A Realização de Deus, a Realização da Verdade, essa Realização da Realidade, isso representa o fim para essa insatisfação, isso é o fim para essa continuidade, nessa procura por se livrar dessa insatisfação realizando uma satisfação, um preenchimento, uma realização.

O que é esse algo que estamos querendo encontrar nessa satisfação, realização? Queremos encontrar a Felicidade. No entanto, notem, a Felicidade não é algo encontrável, assim como a Verdade, Deus ou a Realidade. Isso não é algo encontrável. Aqui nós estamos estudando a Verdade sobre quem somos, a compreensão desse modo de sentir, de pensar, de agir, de se mover no mundo. Estudar a si mesmo é o que temos de mais próximo, de mais realista para uma aproximação de Deus, da Verdade e, portanto, da Felicidade, que não é um projeto que se realiza quando se busca um preenchimento permanente, uma realização permanente, uma satisfação permanente.

A Realidade d’Aquilo que somos quando isso que demonstramos ser, que expressamos ser nesse momento em nossas relações, o fim para essa condição daquilo que demonstramos ser e expressamos ser dentro de nossas relações – relações com as pessoas, relações com nós mesmos, relações com a vida –, o fim dessa velha condição, dessa ilusória identidade como nós nos mostramos ser nesse momento, o fim para isso é o surgimento de Algo novo, de Algo indescritível, que é a Realidade d’Aquilo que somos quando isso que mostramos ser, que demonstramos ser, que parecemos ser, que somos dentro dessa condição ilusória, não está mais presente.

Então, qual é a verdade da nossa procura, da nossa busca? A verdade sobre isso é que estamos à procura da Realidade, da Verdade, de Deus, que é Real Felicidade, mas isso reside nesse encontro com a Verdade d’Aquilo que somos quando aquilo que demonstramos ser, quando aquilo que parecemos ser, quando aquilo que apresentamos ser não está mais presente. Então essa Realidade Divina se mostra. Então, é uma grande ilusão a ideia de “alguém” para encontrar. Aquele que procura é uma ilusão. O que pode essa ilusão, que é esse que procura, encontrar outra coisa? Aquele que procura, esse “eu” que está nessa procura, é apenas um movimento de pensamento, de imaginação, de condicionamento, se projetando numa ideação, numa imaginação.

Aqui o convite está em descobrirmos como olhar para nós mesmos. Assim sendo, toda essa ideia de algo permanente para ser encontrado dentro dessa imaginação, que é a imaginação desse “eu” se projetando em suas ideias, é uma ilusão. O seu trabalho consiste em tomar ciência daquilo que é você, compreender a si mesmo, se compreender na vida, perceber a ilusão desse sentido de alguém presente que se separa do viver, que se separa da vida, que se separa desse movimento extraordinário, que é esse movimento da Existência; tomar ciência desse elemento que é o “eu”, o ego, esse “mim” que se separa e que se projeta numa ideia, numa crença, num conceito de algo para ser encontrado, de algo para ser adquirido para si mesmo.

Então, conhecer a si mesmo é a base para irmos além dessa ilusão, é aquilo que se faz fundamental, é a única coisa, é ter esse encontro. A Felicidade não é encontrável, mas a constatação da verdade dessa ilusão que parecemos ser nos mostra a Realidade dessa Felicidade, que não é encontrável porque você não pode encontrá-la no tempo. Mas nós temos a Visão, a Revelação da Felicidade que se mostra aqui, nesse instante, quando esse sentido do “eu”, do ego, não está mais presente.

Isso não é uma satisfação permanente, isso é o fim desse sentido de um “eu”, de um ego, de uma identidade ilusória que vive dentro de uma insatisfação, vive dentro de uma condição de incompletude porque se vê como uma entidade separada da vida e, portanto, carregada de medo. Onde há esse sentido de separação, a presença dessa dualidade nessa ideia “eu e a Existência”, “eu e a Vida”, “eu e o viver”, “eu e o outro”, “eu e a Realidade”, “eu e Deus”, “eu e a Felicidade”, quando isso está presente, temos a presença do medo. Então, nesse nível de existência egoica, de qualidade de vida egoica, está presente a insatisfação.

A Realidade d’Aquilo que é Deus, a Realidade d’Aquilo que é Você em seu Ser não é algo dentro do tempo, não é algo dentro desse movimento de se tornar, de alcançar, de realizar – realizar amanhã, se tornar amanhã, alcançar amanhã. Então, estamos tratando de algo aqui com você que representa o fim do sofrimento, o fim da ilusão, o fim desse “eu”, desse ego. Então nos deparamos com a Realidade da Felicidade agora, não algo para ser encontrado amanhã. E, assim, nos deparamos com a Verdade agora, com a Felicidade agora, nesse instante. Essa é a Natureza do seu Ser. Isso está presente quando não há mais busca, quando não há mais procura, quando não há mais nenhum movimento nessa ideia de alcançar.

Janeiro de 2024
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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Atenção Plena. Condicionamento cerebral. Plena Atenção. Como lidar com pensamentos? Real Meditação.

Aqui você sabe que estamos lidando com assuntos envolvidos com essa questão do “eu”, do ego. O nosso propósito é trabalharmos com você o fim dessa psicológica condição, que é a condição da identidade que, por se ver separada da experiência, naturalmente está em conflito com aquela dada experiência.

O nosso propósito aqui é eliminarmos esse sentido de separação, essa dualidade; é descobrirmos um Estado Natural, livre do sentido de identidade egoica, de identidade presente sendo o “eu”, o ego, o experimentador que se separa sempre da experiência e, naturalmente, cria problemas.

Então, eu quero investigar com você aqui essa questão dos pensamentos acelerados. Como lidar com os pensamentos acelerados? Ou como lidar com os pensamentos ansiosos? Veja, estamos tratando exatamente da mesma coisa.

Nós não sabemos lidar com o pensamento porque nós desconhecemos como o pensamento se processa. Nós vivemos dentro desse processo do pensamento, sendo alguém dentro da vida, do viver, dentro da experiência, se separando, naturalmente, da experiência. Sendo uma entidade que se vê longe, separada dessa experiência, seja ela qual for.

Mas nós não sabemos como o pensamento se processa, o que é lidar com o pensamento. Isso requer a compreensão do movimento que é o movimento do “eu”, do movimento que é o movimento do ego. O movimento do ego, o movimento do “eu” é, naturalmente, o movimento do pensamento; ele não é só acelerado.

Então, nós temos o pensamento tagarela, o pensamento obsessivo, o pensamento ansioso e o pensamento acelerado. Essa é a experiência para esse que se separa da experiência, que é o “eu”, o pensador. Então, eu quero investigar com você aqui a estrutura desse pensador.

Qual é a verdade desse pensador? Qual é a natureza desse pensador? Do que se constitui esse pensador? É muito simples: de experiências passadas. Se eu lhe apresento um objeto que você nunca viu, você não tem um nome para aquilo. Se eu lhe digo o nome daquele objeto, você já vai identificá-lo pelo nome. Isso será um conhecimento agora em seu cérebro, uma experiência guardada em seu cérebro, registrada. Quando eu lhe perguntar o nome daquele objeto, você irá me dizer o nome, um pensamento será expresso.

Então, o que é o pensamento? Uma memória, uma reação de memória, uma resposta de memória. Assim, os nossos pensamentos estão funcionando dentro de cada um de nós como respostas de memória. O cérebro está funcionando desta forma, tendo essas respostas, tendo essas reações. Isso ocorre de uma forma automática, mecânica, inconsciente.

Como lidar com o cérebro? É como lidar com a mente: tomando ciência do movimento do pensamento, porque enquanto a inconsciência estiver presente, a mecanicidade estará em operação. Então, é muito importante compreendermos a arte da desidentificação com o movimento do pensamento, algo que se torna possível quando o pensamento é observado e não colocamos um elemento dentro do pensamento para orientar o pensamento, nortear o pensamento, rejeitar o pensamento, se confundir com o pensamento, se identificar com o pensamento. Então, assim ocorre uma quebra de identidade nesse modelo que é o modelo do pensamento. É quando o pensamento, sendo a experiência, perde o valor, perde a importância, porque não há um experimentador por detrás disso.

Percebam como é simples isso. Você quer desacelerar os pensamentos, você quer se livrar dos pensamentos obsessivos, dos pensamentos repetitivos, dos pensamentos ansiosos. Esse querer, essa vontade, coloca presente dentro da experiência o experimentador, o pensador. O que isso faz? Isso fortalece o sentido do experimentador na experiência.

Quando você quer se livrar de um pensamento, você está fortalecendo o pensamento. Se aqui eu digo para você: “Não pense na morte. Não pense em cenas de morte”, quando eu digo isso para você, a primeira coisa que surge é um caixão, um sepultamento ou um velório. O cérebro, naturalmente, vai em busca daquilo que ele quer rejeitar. Então, o movimento da rejeição é do cérebro e o movimento do encontro da memória, a produção da memória, tudo isso faz parte do movimento do cérebro para confirmar a sua experiência que ele quer rejeitar.

Na verdade, tudo que o pensamento pode fazer nesse modelo de condicionamento cerebral é manter sua continuidade, sendo esse pensamento apenas uma reação da mecânica do cérebro. Então, toda essa vontade, esse desejo, essa volição ainda fazem parte do próprio movimento do cérebro. É assim que o cérebro condicionado funciona.

Nós não nos livramos do pensamento querendo nos livrar dele. A libertação dos pensamentos implica a ciência do movimento do pensamento. Tomar ciência do movimento do pensamento sem reagir a ele é algo que o cérebro não tem qualquer disposição de fazer. Toda a disposição do cérebro é de reagir, isso é parte do condicionamento, é parte da inconsciência, é parte da mecânica de como o cérebro funciona, de como o pensamento funciona.

Note que, se estamos dispostos a nos livrarmos do modelo do pensamento – que é o modelo do “eu”, do ego –, a única coisa que importa aqui, neste instante, é a presença da Consciência. Essa Consciência está presente quando há Atenção sobre esse movimento. No entanto, essa Atenção sobre esse movimento só é possível quando há uma aproximação do próprio movimento, e não um afastamento.

Se você rejeita a experiência – que, no caso, é um pensamento acelerado –, você está fortalecendo o próprio movimento do pensamento. Se você se confunde com o modelo do pensamento acelerado, você está fortalecendo-o. Mas se há uma aproximação para apenas olhar, constatar, nesta proximidade, nesta comunhão direta, sem uma identificação e sem uma rejeição, há uma plena Atenção sobre o movimento. Essa Plena Atenção é a presença da Consciência.

Então, colocamos Real Consciência quando há esta Atenção. Isso determina, de imediato, o fim para essa experiência, para esse movimento do pensamento acelerado, de pensamento obsessivo, de pensamento tagarela, porque não há o elemento pensador, não há o experimentador, não temos o fortalecimento da inconsciência. Isso é uma quebra do hábito, do vício, do modelo, do padrão de inquietude cerebral. Então o cérebro se aquieta, um espaço se abre, um espaço de Silêncio. Neste instante, um vazio se mostra dentro dessa Quietude, então há uma quebra dessa continuidade, desse antigo e inconsciente modelo de pensamento obsessivo, tagarela, acelerado, porque há essa Atenção.

Atenção é a Natureza da Consciência. Tudo o que se faz necessário é essa Quietude interna, que ocorre naturalmente quando temos uma aproximação do movimento do pensamento. Temos uma aproximação da experiência sem colocarmos o pensador, sem colocarmos o experimentador. Essa forma de nos aproximarmos é, em si, a visão de como nós funcionamos, de como a mente funciona.

Nós precisamos aprender como o cérebro funciona, como a mente funciona, como esse “eu” funciona. Com essa aproximação, temos, de imediato, um desligamento desse modelo de inquietude psicológica, de inquietude cerebral, de inquietude mental. Assim, nos aproximamos da arte do Autoconhecimento, desse aprender sobre nós mesmos, de aprender como nós funcionamos. Isso é Meditação aqui e agora, neste instante, momento a momento, é tomar ciência de cada pensamento, emoção, sentimento. Percepção sem o percebedor. Pensamento sem o pensador. Sensação sem aquele que está envolvido na sensação.

Tomar ciência disso, ter uma aproximação da verdade desse “mim”, desse “eu” requer um cérebro que se aquietou, uma mente que silenciou. Veja, ela não foi silenciada, o cérebro não foi aquietado à base de uma disciplina, de uma técnica, de uma prática meditativa. Isso é outra coisa.

As pessoas procuram práticas, técnicas de meditação e, de uma certa forma, elas conseguem um certo silêncio, uma certa quietude cerebral durante a prática. Mas elas não podem viver na prática, elas precisam sair, ir para o trabalho, dirigir o carro, levar a criança ao colégio, cuidar de assuntos, cuidar de negócios, trabalhar, e é nesse instante que nós precisamos da ciência da arte de Ser, que é Meditação.

Então, a Real Meditação ocorre neste momento. Você está dirigindo o seu carro, você está trabalhando, conversando com pessoas, lidando com situações e, nesse momento, esse Estado de Ciência, de Presença, de Consciência está. Então, essa é a Verdade desta Atenção Plena, neste momento, sobre todo esse movimento de inquietude, sobre todo esse movimento interno do “eu”.

A Ciência, a Consciência, a Visão da Verdade sobre isso é Aquilo que está presente quando nós colocamos Atenção sobre este instante, sobre este momento. Então, essa Atenção sobre este momento é o fim para essa ilusão, para esse movimento de inquietude psicológica quando o sentido do “eu”, do ego, desse “mim” é visto, é constatado.

Esse “mim”, o “eu”, o ego não é outra coisa a não ser essa inquietude, esse movimento interno. Então, aquilo que funciona para movimento de pensamento, funciona para movimento de sentimento, de emoção, de modo de perceber a vida. Dessa forma, quebramos a continuidade desse movimento, que é o movimento egoico, porque trazemos para este instante a ciência de Ser, que é a Meditação.

Compreendam a importância disso. Na vida, neste instante, a Realidade presente é esta Verdade de Ser, Consciência, Felicidade, Paz, Amor. No entanto, isso não está presente quando o sentido do ego, do “eu”, nesse movimento de pensamento inquieto, tagarela, acelerado, está presente. Isso explica porque nossos estados internos psicológicos são de ansiedade, angústia, depressão, medo, ciúme, inveja, ambição, conflito de desejos.

Então, a nossa condição psicológica de ser alguém na vida, no viver, na experiência sem esta Realização da Verdade, deste Silêncio, desta Quietude, desta ausência do “eu”, é de sofrimento. Assim, nós estamos trabalhando com você aqui a visão da Verdade do Autoconhecimento. Não se trata de uma técnica para amenizar, para suavizar, para tranquilizar esse sentido do “eu”, do ego. Aqui se trata do fim desta condição, que é a condição do “eu”, desse “mim”, desse ego.

Aqui se trata desta Realização da Natureza do seu Ser, desta Verdade que está presente quando tudo aquilo que está dentro do conhecido, desse movimento egoico, já não está mais presente. Assim, esse encontro com a Constatação d’Aquilo que somos requer uma aproximação daquilo que está aqui. Temos que eliminar toda forma de fuga, de distração, de afastamento. Temos que aprender a arte de nos aproximarmos de nós mesmos, de estudarmos a nós mesmos, de compreendermos a nós próprios dentro deste instante, deste momento presente.

O que quer que esteja se passando dentro de nós, ter um contato próximo, ter um contato direto sem fugir disso, sem se identificar com isso, tomando ciência disso, trazendo ciência para este instante, trazendo essa Atenção Plena para este momento é a forma Real de nos aproximarmos do fim do “eu”, do fim do ego e, portanto, do fim desta psicológica e complicada condição de ser alguém nesse peso, nessa ansiedade, nessa depressão, nessa angústia, nesse medo e nesse sofrimento.

Janeiro de 2024
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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Como a mente funciona? | A Verdade do Autoconhecimento | Ação livre do ego | Livre do experimentador

Aqui, se as nossas ações nascem do pensamento – notem isso – que é como, em geral, acontece, então nós temos uma ideia, um pensamento. Um pensamento, uma ideia, é só uma lembrança, mas isso já é o suficiente para nos impulsionar a uma determinada ação. Esta ação que procede do pensamento, por detrás desse pensamento, há uma intenção, uma motivação, um desejo, uma preocupação, um medo… tudo isso surge por detrás do pensamento e nos impulsiona à ação. Então, nós temos três elementos dentro de nossas ações, acontecendo. Vejam como é importante investigarmos esta questão da ação, porque nossas vidas, toda ela, acontece dentro da ação. Nossa vida é um movimento de ação. Qual é a natureza dessa ação?

Nós, hoje, temos uma vida, e ela, hoje, apresenta nossas ações realizadas. Então, todo o resultado da vida que temos hoje está presente em razão de ações. Algumas ações aconteceram, algumas ações foram tomadas. A vida é esse movimento, o movimento de ação. Nós não compreendemos o que é a ação e a importância da ação em nossas vidas. O ponto é que esse tipo de ação, como até então têm sido nossas ações, são ações que nascem a partir de um centro, que é o “eu”. Esse “eu” é o experimentador, aquele que está envolvido nesse movimento de pensamento, que tem por detrás desse pensamento um sentimento, uma emoção, uma sensação, um plano, um projeto, um desejo, uma preocupação, uma forma de medo.

Nossas ações são ações egocêntricas. Em algum nível nem tudo foi completo, foi pleno, foi integral em nossas vidas, porque nossas ações que nascem do ego – essa é uma forma de atender ao desafio daquilo que se mostra neste instante, como o desafio para uma ação a ser tomada – essa ação não é a ação da Verdade. Reparem que coisa interessante é a questão da ação: a cada momento estamos sendo desafiados para a ação. Ou nós respondemos a essa ação a partir da Inteligência, da Compreensão, da Visão da Realidade, ou nós respondemos a partir deste centro, que é o “eu”, o ego. A partir deste ego, nossas ações baseadas no pensamento, essas ações estão baseadas no experimentador. O experimentador é o passado em nós, o passado é essa pessoa, o ego é o passado.

Então, notem que coisa interessante essa questão da ação: se as nossas ações elas nascem desse fundo que é o “eu”, o ego, o experimentador, são ações que nascem desse pensamento, sentimento, emoção, modo de perceber, medo, desejo. Essa qualidade de ação é a tentativa de ajustarmos este momento presente a uma ideia, a um modelo pré-determinado pelo experimentador, que é o ego, o “eu”. Assim, essa qualidade de ação é a que produz conflito, sofrimento, contradição, problema em nossas vidas. Precisamos descobrir uma ação livre do “eu”, do ego, portanto livre do experimentador, livre desse modelo de pensamento. Então, o que nós temos presente na ação incompleta, nesse atender a este instante, porque este instante é um instante onde a ação está sendo solicitada – sempre é assim, a vida é um desafio, ela pede uma ação nesse momento – mas esta ação quando nasce desse pensador que é o “eu”, o ego, é uma ação inadequada, uma ação que não é Real.

O que nós estamos vendo aqui, juntos, é a possibilidade de uma ação para este dado momento, para este instante, que seja uma ação completa e, portanto, uma ação livre deste fundo, deste “eu”, deste ego, uma vez que a ação deste instante requer um movimento Vivo, Real, capaz de atender a este momento a partir desta visão da Realidade agora, aqui, e não do passado. No entanto, nossas ações estão vindo do passado, porque elas estão vindo deste centro que é o “eu”, o experimentador, o ego. Assim, nossas ações estão sempre produzindo uma ou outra forma de complicação, de sofrimento, de problema. Problemas não só em nossas vidas, mas na vida das pessoas à nossa volta, porque são ações egocêntricas, são ações centradas no ego. O ego é esse modelo de separação, de dualidade, onde existe esse “eu” e o outro, “eu” e a vida; e esse “eu” tudo faz dentro de um autocentramento, de um auto-interesse, de uma busca de resultados pessoais, com base – repito – no desejo, no medo, em todas as diversas intenções desta identidade egocêntrica.

Então, nós estamos aqui, neste canal, investigando este assunto com você. O que é uma vida livre do ego? Isso requer a presença da Verdade do Autoconhecimento para uma vida livre do ego. A Verdade do Autoconhecimento e a ação livre do ego são algo fundamental para uma vida em Sabedoria, em Amor, onde há essa Inteligência. A presença dessa Inteligência é a presença da Paz, é a presença da Liberdade, da Felicidade. Nós temos uma playlist aqui no canal: essa questão da Verdade do Autoconhecimento e da ação livre do ego. Nessa playlist estamos aprofundando este assunto aqui, com você. Há uma outra playlist que eu quero indicar para você: a questão do Autoconhecimento, a Verdade do Autoconhecimento e da Real Meditação de uma forma prática – tomar ciência de como você funciona, de como essa mente funciona.

Observe, nossa mente é a mente humana. Essa mente é a base desta consciência, que é a consciência do “eu”. Então, tudo que nós conhecemos está dentro desta consciência do “eu”. Todo o nosso funcionamento está em cima desta mente egoica, desta mente condicionada, desta mente já programada para esse padrão, para esse modelo. Então, nossas ações são ações egocêntricas, meras atividades egoicas, produzindo problemas. Precisamos descobrir a Verdade de uma Ação completamente diferente desta ação. Atender a este instante, a este momento presente, a partir de uma visão livre do “eu”, do ego. Aqui temos uma Ação onde não há qualquer separação entre esta compreensão do que aqui está sendo solicitado e a própria ação.

A Verdade do Despertar da Consciência em nós traz essa Inteligência, um novo modo para esse cérebro funcionar, a presença de uma nova mente. Aqui a expressão “nova mente” ou “mente nova” se refere à Verdade de um estado interno onde não há qualquer separação entre a ação sendo solicitada e a resposta sendo dada. Então estamos diante de um único movimento, que é o movimento da própria vida, quando o ego não está presente. A Verdade desta ação é a presença do Amor, da Compaixão, da Inteligência. A Ação livre do ego, livre do “eu” é aquela que não traz mais conflito, problema, nenhuma desordem, nenhum tipo de sofrimento.

Aqui, esta aproximação que nós temos juntos, é a aproximação da compreensão de como nós funcionamos. Observe que cada pensamento em você é o resultado de uma experiência. Então, nós temos uma experiência, essa experiência nós registramos e ela se transforma num pensamento guardado em você, uma memória. Com base nessa memória nós atuamos realizando ações. Como parte desses pensamentos nós temos os sentimentos, também as emoções e o modo de sentir. Isso tudo faz parte da forma como o cérebro processa essa memória. Então, nós temos a base desse experimentador atuando, então o experimentador é o resultado da experiência. Ao registrarmos aquela dada experiência, isso está presente como memória, lembrança, recordações, sentimentos, emoções… esse é o experimentador! Diante de uma situação nova, esse experimentador que vem do passado procura atuar. É isso que não tem dado certo.

É isso que estamos tratando aqui com você. Será possível eliminarmos de nossas vidas esse experimentador? Esse experimentador é o ego, é o “eu”, é esse que vive registrando para agir a partir desta experiência passada. Notem como é interessante o assunto aqui: a vida está reclamando uma ação, mas uma ação integral, completa, nova. Isso não pode ser o resultado do passado. Tudo que o passado pode fazer é procurar ajustar este momento a algo que ele já compreende, que ele já tem, que ele já entende. É isso que temos feito em nossas vidas. No contato com o outro, nós não olhamos para ele ou para ela com olhos novos. Sempre olhamos através desse experimentador, que são as memórias, as lembranças, os momentos agradáveis ou desagradáveis que “eu tive” com ele ou ela. Isso é algo do passado. Na verdade, estamos sempre diante de algo novo.

Essa ideia de alguém é uma imagem que colocamos aqui e agora. Essa ideia de alguém é a representação de uma imagem que faço dele ou dela e que trago para este momento. Então, nesse contato, nesta relação, nossa ação baseada no passado é uma ação conflituosa. Percebam a verdade implícita aqui nesta colocação: o seu contato com a esposa, com o marido, com o vizinho, com o patrão, com o colega de trabalho, o seu contato com você mesmo, quando se baseia nesse experimentador que é o ego, é um contato onde há esta separação e, portanto, o conflito; onde o que temos presente é a tentativa de um ajustamento diante de algo novo, que é esse contato, nós estamos interpretando com base no passado. Esse é o movimento do ego, esse é o movimento do “eu” em suas relações. Assim, nossas relações são relações conflituosas, problemáticas, onde há medo, onde há desejo, onde há conflito.

Então, como podemos ter uma Ação livre do ego, se esta ação está se assentando no passado, no pensamento, nas imagens que “eu tenho” dele ou dela, que ela ou ele tem “de mim”? Então, o que é esse “eu”, esse “mim”? Tomar ciência desse movimento aqui é Autoconhecimento. Ao colocarmos atenção sobre todo esse movimento interno, sobre esse jogo que o pensamento faz, sobre esse jogo que o experimentador – que é o ego – faz, tomar ciência disso… apenas tomando ciência disso, trazendo ciência para este instante, consciência para este momento… a direta atenção para todo esse jogo que o pensamento sustenta, que o experimentador sustenta, que o ego sustenta para manter a continuidade dele nessas ações – que são meras reações que vêm do passado, que são meras atividades egocêntricas porque são ações centradas nesta ilusão do “eu”, nesta suposta realidade – tomar ciência disso é o fim para essa condição psicológica de ser alguém e de ver o outro como alguém, de ver a vida, as situações, as pessoas, o mundo à volta a partir desse “mim”, desse “eu”.

Então, nós temos a aproximação da Verdade. Assim, quando há Autoconhecimento há uma Ação livre do ego, porque ocorre a presença da Revelação da Meditação, o esvaziamento desse conteúdo, que é o conteúdo do “eu”, conteúdo do experimentador. Esse experimentador é aquele que está carregado com suas lembranças e imagens, esse experimentador é o próprio pensador, esse experimentador é aquele que está observando a partir deste centro e, portanto, se separando. Então, esse experimentador é o pensador, é o observador, é o autor das ações – que são meros ajustamentos para este instante de uma ideia que ele traz do passado.

Assim, este trabalho aqui consiste nesta investigação, nesta aproximação. Uma vez livres desse “eu”, deste ego, temos uma Ação completamente diferente. Esse é o nosso assunto aqui com você dentro deste canal. Nós estamos lhe convidando a investigar isso, a olharmos para isso juntos. Para esse propósito nós temos aqui encontros on-line nos finais de semana. Você encontra aqui, na descrição do vídeo, o nosso link do Whatsapp para participar desses encontros. Além disso, temos encontros presenciais e também retiros. Se isso é algo que faz sentido para você, aproveita, já deixa aqui o seu like, se inscreve no canal e vamos trabalhar isso juntos. Ok? Fica aqui o convite e a gente se vê. Valeu pelo encontro e até a próxima.

Novembro de 2023
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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Qual é a Verdade sobre a Consciência? Ser-Consciência-Felicidade. Vida livre do ego. Mente inquieta.

Muito bem! Uma das coisas que nós estamos vendo aqui juntos com você é que, por mais que estejamos tentando organizar, programar, regularizar as nossas vidas externamente para termos sucesso, para termos realização, para sermos bem sucedidos, toda essa ação externa que nós programamos já, que nós organizamos para ter, notem que sempre estamos internamente, nessas atividades internas, sobrepujando essas ações, esses planos, esses projetos.

O que estamos dizendo aqui, em outras palavras, é que por mais que organizemos nossas vidas externamente, enquanto houver internamente esse modelo de atividade, que é a atividade do “eu”, do ego, a verdade dessas realizações, desses objetivos que nós temos na vida, podemos até ter alguma coisa sendo realizada, mas nada disso irá nos conferir Real Felicidade, Real Amor, Real Paz em nossas vidas. Porque sempre nossas atividades internas, ou seja, toda essa atividade de pensamento, sentimento, emoção e modo de perceber a vida, irá sobrepujar nossos alvos, nossos objetivos, nossos propósitos externos.

Aqui nós estamos lhe convidando para uma vida inteligente. Uma vida inteligente é uma vida livre desse sentido do “eu”, do ego. As pessoas têm alguns objetivos na vida como: “Como ser feliz?”.

Propósitos na vida, propósitos de como realizar a felicidade, por exemplo. Tudo com o objetivo de realizarem o sucesso. “Como alcançar o sucesso?”, “como vencer na vida?”. São alvos, são propósitos que as pessoas se determinam a realizar, a conseguir, a obter. Mas elas não compreendem que internamente, psicologicamente, elas continuarão sendo as mesmas pessoas. E aquilo que nós chamamos de sucesso, ou vencer na vida, não representa Real Felicidade, Real Amor, Real Paz.

Então, as pessoas são bem sucedidas. Elas têm sucesso e elas têm realização na vida, mas internamente elas continuam infelizes, com os diversos problemas internos. Essa é a condição do ser humano. O ser humano é, nesta consciência comum a todos, nesta consciência da humanidade que é a consciência de todos, ele é basicamente infeliz. Ele pode ter conforto, ele pode ter poder, ele pode ter fama, notoriedade, ele pode ter prestígio, aceitação pública, ele pode aparentar sucesso e realização e, no entanto, internamente continuar sendo quem ele sempre foi: apenas uma pessoa carregada de medo, de ambição, de inveja. Carregando esse peso de ansiedade, de depressão.

Então, há essa insatisfação, há esta incompletude. Este quadro de infelicidade psicológica é algo que está presente, apesar de todo o conforto, de toda assim chamada “segurança” física ou aparente segurança, apesar de toda essa assim chamada “estabilidade”, internamente podemos continuar sendo as mesmas pessoas. Então qual é a Verdade sobre quem nós somos? Qual é a Verdade sobre a Consciência? Sem uma clara compreensão da Verdade sobre quem nós somos internamente, psicologicamente, nenhuma realização externa lhe fará feliz, lhe dará Amor, lhe dará Paz, lhe dará Real Felicidade.

Aqui estamos trabalhando com você o fim para essa ideia de alguém presente para alcançar, para obter, para realizar. Porque todo esse movimento desse alguém é um ilusório movimento, que quanto mais se move, maior é a insegurança, a ansiedade, o medo. É sempre esse sentido do “eu” presente a não compreensão do movimento da consciência, de como nós funcionamos. Internamente, psicologicamente, nós estamos programados para ser a pessoa que somos, e aquilo que somos psicologicamente sempre sobrepuja toda e qualquer condição externa em nossas vidas.

Então toda a realização externa que tenhamos, que consigamos realizar, obter, conquistar, fica como que banhada por essa condição psicológica, ainda de pesar, ainda de conflito, ainda de sofrimento, ainda de insegurança e medo. A não compreensão da Verdade da Consciência – e o que é essa Consciência? Acreditamos que nós temos uma consciência individual, esta consciência da individualidade, esta consciência do “eu”, da pessoa. Esta consciência é a consciência humana, e todo o treinamento da humanidade está presente nesta assim chamada consciência “humana” em nós.

Se nós fomos criados, se nós nascemos numa cultura, o nosso condicionamento, a nossa programação, o nosso modo de pensar e sentir, todo ele deriva, vem, desta cultura. Se nós nascemos numa cultura cristã, judaico-cristã, o nosso modo de pensar e sentir e se comportar é dessa forma. Se nascemos numa cultura com outros princípios religiosos ou filosóficos, o nosso modo de pensar e sentir é outro. Então, em países comunistas, ou em países onde a religião é outra, o nosso fundo de condicionamento também é outro. Nós, como seres humanos, psicologicamente, emocionalmente, intelectualmente, culturalmente, religiosamente, estamos condicionados e nos comportamos com base nesse condicionamento.

Essa é a consciência humana, essa é a consciência em cada um de nós. Ela não é a consciência individual, então isso não é uma consciência individual. Então, isso não é uma consciência individual, isso é a consciência humana, é a consciência de toda a humanidade. Então, nós funcionamos como todas as pessoas à nossa volta: carregamos o medo, a ansiedade, a inveja, carregamos a ambição, o ciúme, o peso da insegurança, a dor da solidão, a busca pelo amor, pela paz, pela felicidade. Então, a nossa condição psicológica, interna, a condição dessa consciência humana, que é essa consciência desta mente, que é a consciência do “eu”, vive desta forma. Não compreendemos a Verdade sobre quem nós somos, porque nós não compreendemos a Verdade sobre esta Consciência.

Aqui estamos lhe comunicando algo a respeito da Verdade de sua Real Natureza, de sua Real Essência Divina, que é a Natureza de Deus. Esta Natureza Divina é Ser, Real Ser, é Real Consciência e é, por natureza, Felicidade, Completude, Amor, Paz. Mas isso é algo que não está dentro desta consciência, assim chamada “consciência humana”, que é o resultado da cultura, da história da humanidade. Carregamos dentro de cada um de nós esse senso de identidade presente, dentro dessa ilusão de vontade, querer, poder, controle. Falamos de uma ação livre, falamos muito de um pensamento livre, de um sentimento livre, desta capacidade pessoal e individual de alcançar, de realizar. Tudo isso é algo ilusório.

Carregamos esse sentido de alguém presente, o que não é real. Tudo o que temos é esse movimento da consciência e esse formato programado de pensar e sentir. Nós não gostamos de ouvir isso, mas a verdade é que nós pensamos como todos pensam, nós sentimos o que todos sentem e nós vivemos como todos estão vivendo. São comuns a todos esses quadros internos de conflito e contradições que nós conhecemos em nós mesmos: a violência, desejo, o sofrimento. Isso, por exemplo, é algo comum a todos nós. Todos nós sabemos o que é viver uma vida ainda presa a esse padrão, presa dentro desse modelo de existência.

Então, há uma compreensão Real sobre esta consciência. A forma de nos aproximarmos, investigarmos esse modelo de consciência que é a consciência do “eu”, do ego, que é a consciência humana, é através do Autoconhecimento. Aprender a olhar, a observar esse movimento dentro de cada um de nós. Quando nos tornamos cientes desse movimento, podemos ir além dele. Então, se torna possível a compreensão da Verdade deste Ser, desta Consciência e desta Felicidade que somos, que é a nossa Natureza Verdadeira.

É quando existe agora ordem nessas atividades internas. Então, se há ordem nessas atividades internas desse pensar, sentir, é possível que essa vida externa seja vista de uma outra forma. Então, termina essa ilusão de movimento externo da vida e movimento interno dentro de cada um de nós. É quando esta Presença de Ser – Consciência – Felicidade abarca essa totalidade da vida. É quando esse sentido desta “minha particular vida”, deste “meu particular ‘eu’ ”, destas “minhas particulares coisas” se desfaz, isso tudo desaparece, em razão de uma aproximação da Verdade sobre quem é você, aqui e agora.

Então, há um esvaziamento de todo esse conteúdo, que é o conteúdo desta assim chamada “consciência”, que é o resultado desta programação de cultura, de sociedade, de mundo, onde fomos criados. É o fim para esta consciência que eu tenho chamado de consciência egoica, que é a consciência desse “eu”. Esta mente que faz parte desse modelo de consciência desaparece. Esta mente inquieta, esta mente tagarela, essa mente desordenada, esta mente confusa, esta mente presa a esse modelo de inquietude, se dissolve, desaparece. Ela termina.

A Verdade do seu Ser se mostra aqui e agora. Uma aproximação da Verdade Divina é uma aproximação desse estudo de nós mesmos. Olhar esse movimento da mente, olhar esse movimento desta consciência, tomar ciência disso. Então algo real surge, que está fora desta condição, fora deste padrão, fora deste modelo. É a Realidade deste Ser, é a Realidade de Deus.

Esse é o nosso assunto aqui com você, dentro deste canal. Então, a aproximação disso é algo que se torna possível quando você descobre a arte de observar o próprio movimento da mente, o próprio movimento dessa consciência. Nesse esvaziamento algo novo surge, algo inteiramente desconhecido está presente. Esta é a Realidade Divina, é a Realidade de Deus.

Nós estamos trabalhando isso aqui com você, neste canal e também em encontros on-line nos finais de semana. Quero lhe convidar a conhecer esses encontros, a participar desses encontros conosco. Nos finais de semana nós temos encontros on-line. Você encontra aqui na descrição do vídeo o nosso link do WhatsApp para participar desses encontros. Além disso, temos encontros presenciais e também retiros. Então, fica aqui o convite para você. Se isso é algo que faz sentido para você, aproveita e deixa aí o seu “like”, já se inscreve no canal e deixa no comentário: “Sim, faz sentido.” Ok? E a gente se vê. Valeu pelo encontro e até a próxima.

Setembro de 2023
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terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Ação baseada neste ego | A Presença da Compaixão | Uma vida livre do ego | Ações egocêntricas

Vamos tratar com você, aqui, da importante questão da ação. A ação é um assunto muito importante. Vamos investigar com você, aqui, a importância desta ação Livre. Observe que nossas ações, elas estão determinando a vida, essa assim chamada “minha vida”, essa assim chamada “nossa vida”. A vida consiste de ações. Agora, aqui no momento, este falar é uma ação, esse ouvir aí também é uma ação. Então, neste instante, estamos diante de um desafio: o desafio de uma ação Livre, para que esta fala lhe alcance, e para que você, de fato, tenha uma direta compreensão daquilo que está sendo aqui colocado. Então, notem que neste falar, essa comunicação, ela precisa acontecer dentro de uma simples e direta comunhão, de outra forma, não haverá comunicação, não haverá qualquer Verdade nesse encontro aqui. Então, este aqui é um exemplo de ação acontecendo.

Em geral, nossas ações são ações conflituosas. Elas são ações que entram em contradição, em conflito, porque não há uma disposição interna de comunhão nas ações. Nós temos um modelo de pensamento – que eu tenho chamado de mente condicionada, de cérebro preso a esse padrão de condicionamento – em que as nossas ações, elas nascem de uma vontade, de um desejo, de um querer. E boa parte dessas ações nem sempre estão de acordo com o nosso próprio bom senso. Então, há algo em nós que nos diz que se essa ação for feita, haverá sofrimento, haverá problema dentro dessa ação, durante a ação ou depois dela. E, no entanto, nós insistimos. Então, nós fazemos o que não queremos fazer, mas fazemos porque desejamos fazer, fazemos porque somos impulsionados para fazer.

Esse é um padrão do próprio “eu”, do próprio ego, da pessoa, como nós nos vemos, dentro desse momento, dentro de um estado de contradição. Nós pensamos uma coisa, nós sentimos uma outra coisa e, muitas das vezes, nós fazemos uma terceira coisa que discorda desse sentir e desse pensar. Então, psicologicamente, nós estamos condicionados. Há um condicionamento psicológico presente em nós que nos impede de uma ação Livre. E aqui eu chamo de ação Livre aquilo que eu vou explicar agora, aqui, nos próximos minutos. Uma ação inteligente que nasce desta compreensão direta daquilo que esse momento aqui significa. Perceba bem o que estamos colocando: este momento é um momento de desafio. Acabamos de dar um exemplo aqui: essa comunicação só é possível se houver essa comunhão. Se, por exemplo, ao falar aqui, você internamente fica simplesmente concordando ou discordando, você não está simplesmente acompanhando a fala nessa comunhão, porque você está ouvindo a fala a partir do intelecto. Então não está havendo uma comunhão, porque intelectualmente você está separando, dividindo, dissecando essa fala para ver se concorda ou discorda disso. Esse é um exemplo da ação conflituosa, porque não há comunhão.

A comunhão não é a aceitação da fala, mas também não é a discordância da fala. A comunhão é acompanhar e ver a Verdade daquilo que está sendo colocado, ou a não-Verdade daquilo que está sendo colocado. Mas isso é algo que está além de um intelecto que julga, que compara, que olha a partir de um fundo já de conceito pré-formado, de conceito já pré-estabelecido, do que é verdadeiro e do que é falso. Reparem que estamos diante de algo delicado: a questão da ação Livre. Isso requer que o passado não esteja presente. Então vamos aprofundar agora isso aqui e colocar isso mais claro para você.

Nossas ações neste momento são ações que nascem de um fundo de memória, de lembrança, de reconhecimento, como no exemplo aqui de ouvir uma fala. Nossas ações nascem em qualquer nível, a nível verbal – a nível de fala, a nível de ouvir, a nível de ação, de gestos – tudo isso nasce desse fundo, da memória, da experiência. Passamos por experiências, registramos essas experiências e quando elas se repetem, se repetem nesse formato de ação. Essa é a condição de ação que vem do passado, que vem desse fundo, que vem dessa memória. Acompanhe isso com calma. Do ponto de vista funcional na vida, nós precisamos desse conhecimento guardado, desse registro, dessa experiência passada. Ao ouvir essa fala, as palavras precisam ser compreendidas. Isso tem que estar aí, no fundo da memória. Reconhecer as palavras, ter um conhecimento da língua – da língua portuguesa ou da língua inglesa… – isso é conhecimento adquirido, isso é experiência adquirida. Nesse nível, nós estamos diante de uma ação técnica, de uma ação prática. Então, nesse nível precisamos do conhecimento.

Eu uso sempre o exemplo de dirigir um carro, para ir ficando bem claro para você que acompanha essas falas. Dirigir um carro é um conhecimento que você tem, mas você não tem um conhecimento sobre como pilotar um avião! Então, o avião não vai sair do lugar com você, porque você não tem conhecimento disso. Se não tem conhecimento, você não tem memória, você não tem lembrança, você não tem a experiência, porque nunca viveu a experiência. É uma experiência desconhecida. Se ela é desconhecida, ela não está aí, então não é uma informação técnica que você tem. Nesse nível nós precisamos ter a experiência, temos que ter esse que funciona ali

Então, essa habilidade do cérebro de guardar lembranças, informações, conhecimento, pensamentos, tudo isso é importante nesse nível. O problema é que na vida, a vida, ela não consiste apenas de ações nesse nível, ações técnicas, práticas, objetivas. Nós temos também as ações que requerem a presença de algo além desse lado técnico, prático e objetivo. Por exemplo, o contato com uma outra pessoa, para que esse contato seja um contato Real, sem conflito, sem sofrimento, sem contradição, sem problemas, sem medo, sem desejos, sem inveja, sem ciúmes, sem posse, sem controle… porque tudo isso determina sofrimento em nossas vidas, em nossas relações, porque isso consiste em uma ação baseada neste “eu”, neste ego. Assim, nossas ações são egocêntricas na relação com o outro, na relação com nós mesmos.

Por exemplo, na relação conosco mesmo também sentimos culpa, remorso, arrependimento, angústia, frustração, o sentimento de solidão, de rejeição. Tudo isso está presente nesse ego, nesta pessoa que acreditamos ser. E tudo isso ocorre porque a ação presente é a ação desse ilusório “eu”. É aqui que estamos lhe convidando para uma ação livre do “eu” no contato com o outro, no contato com você mesma, com você mesmo, no contato com a vida… o que representa uma vida livre do ego, o que significa uma vida livre deste “eu” que vive nesse modelo de separação, onde há “eu” e o “não eu”, onde há “eu e ele”, onde existe esse “eu quero”, “eu não quero”; “eu gosto”, “eu não gosto”. Se você me elogia, eu gosto de você, se você me critica, eu não gosto de você ou posso até te odiar. Então, nossas ações centradas nesse ego, neste “eu”, são ações autocentradas, algo que nos coloca numa condição na vida onde há problema, onde há sofrimento. É possível uma vida livre? Isso requer uma ação de outra qualidade nesse contato com o outro, nesse contato com a vida, nesse contato com nós mesmos!

Então, veja: do ponto de vista prático e objetivo, conhecimento técnico para assuntos bem razoáveis, bem funcionais neste sonho de existência, é perfeito. Nesse nível o pensamento se faz necessário, a memória, a lembrança se faz necessária. Mas psicologicamente viver como alguém dentro desse tempo psicológico, trazendo de ontem uma memória de insulto ou de elogio, de gostar ou não gostar do que está aqui, agora, isso é completamente conflituoso.

A condição do “eu” é a condição do conflito, é a condição do sofrimento. Então, a nossa vida é uma vida no ego, de angústia, de ansiedade, de depressão, de medo. Minha relação com tudo à minha volta, com base na ilusão desta pessoa… o que é esta pessoa que eu sou para mim mesmo? Uma ideia! Eu faço de mim mesmo uma imagem, uma ideia, um conceito. Eu faço de você também uma imagem, uma ideia, um conceito. A nossa relação com a esposa, com os filhos, com a família, com o mundo à nossa volta, é sempre uma relação nesta ação sem Liberdade, porque há sempre um centro ilusório que é o “eu”. É possível viver sem criar essas imagens na relação com o outro, sem ter uma imagem de si mesmo? Percebam a beleza disso, o que representa nunca mais ser ferido, magoado, ofendido, para depois ter que perdoar, se reconciliar… ou então agredir o outro e ficar inimigo dele. Viver livre dessa psicológica dependência de querer ser amado, aceito – essa é a vida do ego, é a vida desta autoimagem, que tenho de mim mesmo. Tudo bem?

É isso que estamos trabalhando aqui, colocando isso claro para você: uma ação neste instante, acontecendo neste momento, sem o passado, sem o fundo. É possível viver este momento e não deixar que ele cause dentro desse cérebro um registro que depois possa ficar a serviço desse centro que é o “eu”, dessa falsa identidade que é a pessoa, que é essa imagem que faço de mim mesmo. É possível viver sem registrar o que não for necessário, ficar apenas com aquilo que for importante. O seu nome é algo importante, lembrar o seu rosto é importante. Sua relação com a pessoa mais próxima dentro da sua casa, com aqueles que convivem com você diariamente, a lembrança do nome, do jeito de cada um é importante. Mas posso permanecer livre de qualquer imagem sobre quem ele é, sobre quem ela é, sobre quem eu sou? Aqui estamos dizendo pra você que isso é possível quando o cérebro começa a trabalhar de uma forma inteiramente nova, diferente. Tomar ciência de si mesmo agora, aqui, e perceber como esse mecanismo que é a mente cria imagens e registra essas imagens. Tomar ciência disso é ter uma aproximação da verdade do conhecimento de si mesmo, da compreensão de como você funciona. Então, essa é a Verdade do Autoconhecimento. Conhecer a si mesmo, tomar Ciência do movimento deste “mim”, deste eu e liberar isso de tal forma que você não registre mais essas imagens. Então sua relação com o outro, sem essas imagens, é uma relação de uma outra qualidade. É quando está presente a Verdade do seu Ser, que é a Verdade de Deus.

Então, é a Presença do Amor na relação com a esposa, com o marido, com os filhos, com a família, com o mundo à sua volta. Não essa coisa que chamamos “amor”, carregada de apego, desejo, controle, ciúme, medo. Há muito medo presente dentro de cada um de nós nesse senso do “eu”. O medo de perder, o medo de ser traído, de ser enganado, o medo de não ter mais. Você tem medos, diversos medos, diversos temores. Há também esse mecanismo dentro de cada um de nós, de fuga, quando o medo surge, quando perdemos algo, por exemplo, logo substituímos aquilo por uma outra coisa. Não percebemos que isso é uma forma de fuga da dor, nunca olhamos de perto quem é esse que está na dor – que é esse mecanismo, que é esse centro ilusório que está guardando essa imagem, preservando essa imagem, apegado a essa imagem. Então, estamos sempre nesse movimento, também, de fuga. São diversos os mecanismos de fuga psicológica que nós conhecemos, para escapar, por exemplo, dessa dor.

Assim, o nosso trabalho aqui consiste em investigarmos a natureza deste “eu” e o que é esta ação agora, aqui, sem esse “eu”. Apenas quando há esta ação sem o “eu” temos a Presença do Real Amor. A Presença do Amor é a ausência desse “eu e o outro”, é a Presença da Beleza, é a Presença da Verdade, é a Presença de Deus, é a Presença da Compaixão. O Amor está presente porque a Verdade está presente. Nesta Verdade nós temos esta Natural Inteligência. Percebam a importância desta Natural Inteligência na relação. Precisamos nos aproximar do que é esta Natural Inteligência – aqui eu não me refiro a essa inteligência humana – além desta assim chamada “inteligência humana”, nesta Inteligência de Ser Pura Consciência, que é a Presença do Amor.

Portanto, essa ação que é a ação livre do “eu”, do ego, que é essa Realidade desta ação em Amor, reparem: é uma ação livre do tempo. Não existe mais essa noção de passado, presente e futuro. Não existe mais esse sentido de um “eu” buscando se tornar alguém melhor ou realizar alguma coisa lá fora, porque tudo está aqui neste instante. Esse “lá fora” é a noção do tempo. Entre esse “aqui dentro” e esse “lá fora” existe essa ilusão de separação e, portanto, essa noção de espaço, de tempo. Essa é uma outra coisa: nós vivemos nessa expectativa de alcançar algo amanhã, de realizar algo depois, de ser feliz amanhã, de ter paz amanhã, de ter liberdade amanhã, de aprender a amar amanhã, de aprender a agir de uma forma correta amanhã. Essa ideação, esse projeto, esse conceito, é uma projeção do próprio ego. Esse sentido do “eu” faz isso porque ele busca escapar, ele busca fugir da Verdade, da constatação de que ele é uma fraude, então ele se projeta.

Podemos passar muito tempo de nossas vidas, talvez uma vida inteira nesse ideal de encontrar Deus, de encontrar a paz, de encontrar a felicidade, de encontrar a ação correta. Então a gente vive perguntando o que é a ação correta? Como agir de forma correta? Como amar? Como ser feliz? Como se livrar do medo? Tudo isso implica a ideia do tempo, algo para ser alcançado amanhã. E aqui estamos dizendo para você: está agora aqui! A Verdade da ação livre do “eu” é a ação livre desse centro ilusório, que é a pessoa, que é o ego. É a Presença do seu Ser, onde a Realidade de Deus é a única Verdade presente.

Então, esse é o nosso trabalho aqui com você dentro do canal. Nós também temos encontros on-line nos finais de semana. Fica aqui o convite! Você encontra aqui na descrição do vídeo o nosso link do WhatsApp para aprofundar isso, participar desses encontros. Temos encontros presenciais também, além disso, temos retiros, ok? Se isso, de verdade, faz sentido para você, deixa aí o seu “like” e já se inscreve no canal, ok? E a gente se vê. Valeu pelo encontro e até a próxima.

Outubro de 2023
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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Joel Goldsmith | Vivendo entre dois mundos | A natureza do pensamento | Mestre Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Mais uma vez o Mestre Gualberto se dispôs a estar aqui conosco. Gratidão, Mestre! Mestre, hoje, além de trazer algumas perguntas do pessoal que vem acompanhando os nossos videocasts, eu quero trazer também um trechinho do Joel Goldsmith, do livro chamado “Vivendo entre dois mundos”. Nesse trechinho, Mestre, o Joel fala o seguinte: “Em nossa ignorância, pensamos que há doentes e pecadores, mas não. Eles estão em nosso próprio pensamento. Esse é o único lugar. Eles não existem em outro lugar.” O Mestre pode falar um pouco mais sobre a natureza do pensamento, sobre isso? MG: Interessante a colocação do Joel, né? Ele diz “em nosso pensamento”, “em nossa visão particular”.

É sempre em nossa visão particular que esse mundo é visto nesse formato. É uma visão particular do “eu”, é uma visão particular desse pensamento. Aquilo que nós chamamos de “eu” aqui, esse “mim”, é um conjunto de ideias, de crenças, de memórias, de lembranças, de pensamentos. E é só no pensamento que estamos vendo doentes e pecadores, mas também estamos vendo pessoas saudáveis e esses assim chamados “santos”. Tudo isso são conceitos da própria mente. É na mente que nós estamos vendo tudo isso. Quando estamos além da mente, estamos além do tempo e além dessa noção de espaço, onde aparecem tanto os santos como os pecadores, tanto os saudáveis quanto os doentes. Qual é a Verdade sobre quem somos? É a Verdade de ser Consciência Pura. Então, o mundo é visto como uma aparição fenomênica, como um grande sonho, e não é mais um sonho pessoal. É exatamente nesse sonho pessoal que estamos vendo o mundo e interpretando o mundo através desse modelo de pensamento, que é o pensamento do “eu”, que é o pensamento egoico.

Sem esse modelo, o mundo, ou aquilo que vemos, que percebemos, é um grande sonho, e é só um sonho divino, um sonho de Deus, e, nele, tudo está absolutamente no lugar. É apenas o sentido de um “eu”, de uma identidade separada, que faz essas diferenciações, que se ocupa com essas interpretações. Nossa ênfase aqui, Gilson, é descobrirmos a Verdade do nosso Ser, de nossa Natureza Real, porque é Isso que lhe dá a visão desta vida segundo os olhos da Graça, segundo os olhos de Deus. Nesse olhar, não há separação, não há divisão. Então, toda essa ideia de pecadores e santos, saudáveis e doentes, e toda essa visão particular do mundo, baseada no pensamento, isso se desfaz, isso desaparece. Essa é a beleza do Despertar da Consciência, da Verdadeira Iluminação Espiritual: é que, nesse instante, o sentido ilusório de ser alguém desaparece da experiência. Então, aquilo que fica é o experimentar da Vida, dessa Vida nessa Beleza, nessa Totalidade. Sem o sentido de uma identidade, que é essa identidade do “eu”, tudo está no lugar. É o sentido de um “eu”, de uma identidade separada, que está criando situações e realizando coisas. E, nessa desordem – algo criado pelo próprio pensamento –, esse sentido de um “eu” está sofrendo, esse sentido de uma identidade ilusória está confuso, desorientado, perplexo.

São muito paradoxais estas falas nossas, porque, ao mesmo tempo em que estamos dizendo aqui para você que tudo está no lugar, quando você olha para o mundo, você vê uma tremenda balbúrdia, uma tremenda confusão. Há sofrimento, sim, em toda parte, porque essa é a condição do “eu”, essa é a condição do ego. Então, nesse sonho particular de uma identidade separada, o mundo continua sendo o que o ego tem projetado para ele ser, e, nesse mundo do ego, esse sonho de vida no “eu” – confusa, desorientada, perturbada, sofrida… Aqui, o paradoxal é isso: é descobrir a beleza de ser Pura Consciência e conseguir ver, em meio a todo esse caos, a essa confusão, desordem e sofrimento, a partir deste olhar. Nós não temos um olhar do Sábio, um olhar de um Ser Realizado, para perceber que tudo isso faz parte de um grande jogo divino, onde (nesse jogo) nós temos esses aspectos também de aparente confusão, de aparente sofrimento, de aparente abandono. O ser humano olha e diz: “O mundo está abandonado, Deus não está cuidando disso, porque olha como o mundo está”, e, na verdade, essa é uma condição do próprio “eu”, é uma visão particular do próprio ego. Tentar fazer uma conciliação é impossível. Aqui, o convite é: realize Aquilo que Você é e, a partir desse lugar, olhe para o mundo. Soa muito estranho isso, e não há como, Gilson, intelectualmente, conseguirmos fazer uma conciliação do que está sendo dito aqui, porque, intelectualmente, isso é totalmente contraditório na aparência. Por isso, precisamos ir além desse intelecto condicionado, ir além desse sentido de um “eu” separado, para uma visão fora da dualidade, fora dessa ilusão que o pensamento condicionado tem dado a cada um de nós. Então, isso se desfaz nesta Realização, e a Verdade de Deus é vista como Ela é.

GC: Como eu já comentei em vários videocasts nossos, essas falas do Mestre são revolucionárias, porque não tem como, no intelecto dual desse “pensamento e pensador”, pegar as palavras do Mestre e querer entender, querer encaixar, porque é totalmente fora de uma crença, é totalmente fora de uma visão de um “eu” presente; porque, como bem o Mestre falou, nesse “eu” presente, nessa ilusão de ser alguém, o mundo é uma balbúrdia, é uma chafurda. Agora, como é lindo e sem palavras quando – eu vou falar desse experimentar junto com o Mestre –, em Satsang, nesse com partilhar de Consciência que daqui a pouco, por essa Graça, esse olhar do Mestre se faz presente e a gente vê que, de fato, não existe pecador, não existe santo. E é algo que é sem palavras! Era muito forte aqui, Mestre, a ideia de alguém querendo ajudar o mundo, querendo melhorar isso, contribuir... É um conceito muito forte dentro de uma espiritualidade, mas que é uma completa ilusão de alguém vendo pessoas a serem ajudadas e querendo fazer alguma diferença.

MG: A nossa condição psicológica, nesse sentido de ser alguém, é ver o mundo a partir desse alguém que sentimos que somos. Veja como é bem interessante isso, Gilson. Nós não podemos negar esse sentido de ser alguém quando ele está aqui. Ele não pode ser intelectualmente negado, ele tem que ser, de uma forma direta, constatado. Constatar esse sentido de um “eu”, de uma identidade presente, desse “mim”, desse alguém, constatar isso diretamente, sem colocar identidade nessa experiência... apenas nesse constatar, essa ilusão desse “mim”, desse “alguém”, se desfaz. Mas é esse constatar que torna isso possível.

Não podemos, intelectualmente, falar daquilo que se mostra aqui como sendo esse “eu”, como se, de fato, ele não existisse. Ele existe e a sua finalidade é confusão, é desordem, é sofrimento, porque, no ego, a finalidade de ser alguém é se manter separado da vida, separado da existência, separado de Deus, e isso representa, naturalmente, confusão. Então, no ego, sim, nós somos inveja, medo, ciúme, confusão... todo tipo de luta está presente, todos esses estados internos de infelicidade estão presentes. No entanto, tudo isso está presente na ilusão desse senso de identidade egoica.

Então, é aqui que está o pecador, é aqui que está o doente, é aqui que está a ilusão da separação entre santos e profanos, entre saudáveis e doentes, é aqui que existe a ilusão de ser ajudado e de ajudar. Então, o ego vive dentro dessa condição. Nessa condição ilusória de separação, estamos vivendo as nossas práticas esotéricas, espiritualistas, seguindo religiões organizadas, estamos presos a estudos, a leitura de livros sagrados, a todo tipo de coisa, nessa confusão de ser alguém nesse mundo do “eu”. Essa é a condição da pessoa na procura de algo além disso, além desse peso, além desse sofrimento.

Então, a nossa colocação aqui é que, sim, é possível ir além disso, desde que você descubra a Verdade de sua Natureza Real, de sua Natureza Verdadeira – é quando esse sentido de dualidade desaparece. Quando ele desaparece, desaparece também essas assim chamadas práticas, essas assim chamadas crenças espiritualistas, políticas, religiosas, porque o seu Natural Estado de Ser-Consciência é Completude, é Amor, é Felicidade, está além dessa dualidade, está além desse mundo, desse corpo e dessa mente, está além, Gilson, dessa noção de tempo e espaço.

Percebam o que estamos colocando: estamos sinalizando aqui algo para você além da mente egoica e, naturalmente, além do próprio intelecto. Então, não dá para alcançarmos isso ao nível intelectual. Isso explica, Gilson, por que por mais que leiamos sobre isso, estudemos isso, por mais que estejamos ouvindo palestras e ensinamentos, tudo continua do mesmo jeito: porque o trabalho real não consiste em ouvir palestras, em ler livros, em fazer estudos, e sim em constatar, em nós mesmos, aqui e agora, diretamente, através desse Autoconhecimento, dessa percepção desse movimento do “eu”, tendo uma visão daquilo que eu tenho colocado aqui como Real Meditação, na prática, o fim para tudo isso.

Então, esta Realização é a Ciência do seu Ser se revelando agora aqui. Gilson, não é nem mesmo um resultado a ser alcançado, é uma Realização a ser constatada agora aqui. Eu sei que isso soa louco, soa estranho para esse modelo de intelecto condicionado que nós temos, condicionado religiosamente, filosoficamente, espiritualmente, politicamente e de todas as formas, mas é assim. Tem que haver um esvaziamento de tudo isso, tem que haver um fim para essa continuidade do “eu” e, portanto, dessa condição de identidade egoica, para que essa realidade fora desse tempo e, portanto, fora desse mundo, desse sonho do “eu”, se mostre.

GC: Mestre, dentro desse tema, eu queria que o Mestre falasse um pouco sobre o que se fala muito dentro dos meios espirituais, sobre missão de vida, sobre propósito de vida. E isso está atrelado exatamente ao que o Mestre acabou de falar: a um resultado.

MG: Na nossa ideia, em razão do condicionamento que recebemos já desde a infância, nós temos sempre a ideia do “vir a ser” – escute isso –, do “se tornar”, do “alcançar”, nessa coisa de se ampliar, de melhorar, de realizar propósitos. Todo esse movimento é um movimento no tempo. Na realidade, esse tempo só existe no pensamento. Não existe tal tempo! Do ponto de vista biológico, do ponto de vista histórico, nós temos o tempo: o tempo do calendário e o tempo do crescimento de uma planta até a idade adulta, o tempo de crescimento de uma criança até se tornar um adulto. Esse é o tempo, é o tempo do relógio, é o tempo cronológico, é o tempo do calendário. Esse tempo é razoável. Nós conhecemos esse tempo, e, nesse tempo, você realiza coisas. Você pega um terreno, faz um projeto, chama um engenheiro, idealiza uma casa e, depois de dois anos ou três, a casa está pronta, ou um pouco antes. Então, nesse sentido, o tempo é real, o tempo é fundamental, o tempo tem base.

Então, com base nesse princípio de tempo, nós estamos tentando aplicar aqui, no sentido dessa constatação da Realidade Divina, o mesmo princípio: “Hoje, Deus não está aqui, mas vou encontrá-Lo. Só que, hoje, Ele não está por aqui, eu vou encontrá-Lo amanhã”. Então, para nós, Deus é uma entidade que vive no tempo. Ele não está hoje, mas estará amanhã. “Eu não estou vivendo isso hoje, eu não vivo isso hoje, mas viverei isso amanhã”. Então, estamos tentando aplicar a mesma regra para algo fora do tempo. Deus não é uma realidade a ser alcançada no tempo.

Então, veja que interessante: nós acreditamos que o Amor será encontrado, a Felicidade será encontrada, a Paz será encontrada, e o pior: nós iremos realizar Isso. “Nós” quem? A ideia de um “eu” presente que está em conflito? Ele, em conflito, pode caminhar em direção à Paz? Ele, em sofrimento, pode caminhar em direção à Felicidade? Ele, em desordem emocional, pode caminhar em direção à Liberdade?

O que temos agora, aqui, é esse estado, que é o estado de ser o que somos nesse momento. Se o que somos nesse momento é tristeza, a gente não pode transformar a tristeza em alegria. Tristeza nunca se transforma em alegria, ódio nunca se transforma em amor. Ódio é ódio, amor é amor, tristeza é tristeza. Conflito não é paz, e paz não é conflito. Nós estamos tentando sair de um ponto para outro psicologicamente, emocionalmente, sentimentalmente, no entanto isso não é possível, porque isso pede tempo, e esse tempo não é real.

Não existe esse tempo psicológico, não existe esse tempo emocional, não existe esse tempo sentimental. Só existe o tempo do relógio, o tempo no calendário e o tempo da evolução de uma planta até a idade adulta, de um ser biológico evoluindo nesse tempo, que é o tempo cronológico. Mas, psicologicamente, Gilson, inveja é inveja, isso não muda; ciúme é ciúme, e isso não muda; raiva é raiva, e isso não muda. Carregados desse sentido de um “eu”, nós queremos ser diferentes de quem somos. Esse “eu” se projeta nesse “vir a ser”, nesse “se tornar”, no entanto isso nunca acontece. O “eu” sempre será um “eu”, esse ego sempre será um ego, essa tristeza sempre será tristeza.

A Realidade do seu Ser não está no tempo, mas aquilo que se mostra como sendo você aqui, nessa ideia de ser alguém, é a condição psicológica de um tempo que o pensamento tem criado. Esse tempo que o pensamento tem criado está sustentando você nessa condição de medo, inveja, ciúme, e qualquer movimento que você faça, nesse estado, é só a continuidade desse estado.

Não há qualquer movimento real ocorrendo; é a ilusão desse tempo psicológico. É nele que estamos depositando nossa confiança, acreditando que um dia seremos diferentes: “Hoje não sou feliz, mas amanhã serei feliz. Hoje não tenho paz, mas amanhã terei paz.” E, assim, nós projetamos um ideal de paz com base em conquistas, em realizações, em projetos materiais, emocionais, em projetos físicos, em projetos sentimentais sendo realizados. Isso tudo é um movimento, que é um movimento do próprio “eu”, do próprio “ego”, para se tornar, para conseguir, para realizar algo.

A Verdade sobre Você é que Aquilo que é Você não está no tempo e Aquilo que é Você está completo. É o sentido de um “eu” presente nessa ilusão de um tempo, que ele mesmo está criando – formalizando essa ideia de passado, presente e futuro –, que está nessa ansiedade, nessa busca, nessa procura e em toda essa confusão! A Verdade d'Aquilo que Somos não está no tempo, nesse psicológico tempo que o pensamento tem criado, que ele chama de “futuro”, onde um dia alcançará, um dia realizará, um dia chegará.

Não sei se faz sentido isso para você, mas examine isso de perto, observe em si mesmo e você irá perceber o que estamos colocando. Não existe esse tempo! Esse é um ilusório tempo que o “eu” tem criado, que o “eu” tem sustentado; essa é a ilusão da egoidentidade, que acredita que veio do passado, está aqui agora, no presente, e caminha para o futuro. Tudo isso está nesse tempo psicológico, que é a pura imaginação do “eu”, do ego, nessa ilusória transformação que ele procura. Isso tem que desaparecer! Apenas quando isso termina, a Verdade que está fora desse tempo, que é Amor, que é Paz, que é Completude, que é Deus, se mostra.

GC: Mestre, eu acho extraordinário esse apontar do Mestre, porque o Mestre destrói com toda ideia, com toda crença, com todo conceito. Dentro de uma busca espiritual, dessa ilusão de ser alguém, na religião... daqui a pouco a gente está numa vida material, com conceitos materiais, daqui a pouco vai para uma ideia religiosa ou dentro de uma espiritualidade mais aberta, digamos assim, mas sempre muda de uma crença para outra crença, para outra crença... E sempre, bem como o Mestre falou, sempre no “vir a ser”. Dentro de um conceito espiritual, a gente quer ser melhor, a gente quer ser mais espiritual, ajudar o mundo, e o Mestre simplesmente acaba com todo esse tipo de ideia, com todo esse tipo de crença. E é algo que é aterrador para o ego, porque está exatamente fundamentado nisso, né, Mestre?

O sentido de ser alguém, Gilson, está numa base falsa. Você se vê como alguém porque você acredita no que o pensamento diz sobre quem você é. Todas as ideias que você faz sobre você estão assentadas em memórias, em lembranças, para uma suposta identidade que o pensamento diz que está aqui, que não é feliz hoje, mas será feliz amanhã, que cometeu erros no passado, que está tentando melhorar agora para não cometer novos erros, para amanhã ser uma pessoa melhor, uma pessoa virtuosa.

O que eu estou dizendo, Gilson, é que, por mais que realmente você melhore como pessoa e realize projetos, sonhos, por mais que você caminhe para esse assim chamado “futuro” idealizado pelo pensamento, você continuará sendo a mesma pessoa. Talvez, com um pouco mais de conforto, um pouco menos estressada, mas, internamente, o sentido de separação entre você e a vida, entre você e Deus, continuará presente, e, se isso continua presente, a ilusão continua presente. E nós só terminamos com isso, Gilson, quando o sentido desse tempo psicológico, que é onde esse “eu” vive, desaparece juntamente com ele.

Então, na verdade, precisamos ser verdadeiramente radicais no que diz respeito à Verdade. Não há meio-termo aqui: ou há Verdade, ou há ilusão. E o sentido de um “eu” presente, por mais espiritual, por mais justo, por mais bondoso, por mais feliz que ele pareça ser, ele ainda é, internamente, o que ele é: a ilusão do sentido de uma identidade presente na experiência, e, portanto, isso é sofrimento, isso é a ausência da Realidade do Ser. Isso é um fato! E, se isso não desaparece, a ilusão continua.

Então, não há meio-termo aqui: ou temos a Realidade, que está fora do “eu”, que está fora do tempo, que está fora do mundo, que está fora dessa noção de “vir a ser”, de “se tornar”, e que é, simplesmente é, ou estamos dentro dessa coisa toda. Ou ficamos livres da ilusão, desse senso de uma entidade separada no tempo, vivendo no espaço, e nessa ânsia e nessa procura sempre por alguma coisa... porque essa insatisfação presente está presente em todos. Não importa a condição social, não importa o que alguém já realizou na vida, se ele não realiza o seu Ser, não há Felicidade, não há Completude, não há Paz Real. Nós temos esses momentos de paz que conhecemos, esses momentos de satisfação, de prazer, esse assim chamado “amor”, mas qual é o resultado disso a curto, médio e longo prazo? Isso logo se mostra como mais um engodo, mais uma ilusão, porque o que está presente é o sentido egoico.

O trabalho sobre si mesmo é o fim disso. O reconhecimento dessa ilusão é o fim dessa ilusão. Então, temos presente Aquilo que já é, aqui e agora. Nesse sentido, não há o que evoluir, não há o que crescer, não há onde chegar, não há para onde ir. A Verdade – essa é uma maravilhosa notícia – já está agora e aqui. Deus não chegará amanhã, a Felicidade não é para amanhã, a Paz não é para amanhã, o Despertar não é para amanhã. Esse amanhã só existe psicologicamente, no pensamento. Nós só temos o amanhã do calendário, mas o amanhã do calendário não altera nada em nossas vidas. Daqui a vinte anos, se esse sentido egoico estiver presente, o sofrimento estará presente, a ignorância estará presente, a ausência da Verdade de Deus estará presente. Não importa daqui a vinte anos, daqui a quarenta anos. Compreendem isso?

O seu trabalho é constatar a Realidade agora e se tornar ciente disso. Você nasceu para descobrir que nunca nasceu, que esse sonho é um sonho de Deus. Esse sentido de um “eu” presente aí, que é o ego, interferindo, só está criando confusão. Ouviu, Gilson? (risos) É simplesmente assim. Vamos largar isso.

GC: Gratidão, gratidão, Mestre. Já deu o nosso tempo. Mais uma vez, muito obrigado por mais este videocast. E, pessoal que está acompanhando o vídeo: deixe o seu “like”, faça um comentário... isso ajuda o YouTube a reconhecer que o conteúdo é relevante e distribuir para mais pessoas, e também fica o convite para assistir à playlist com todos os videocasts. E para quem sentir o que está além das palavras, ao olhar nos olhos do Mestre, fica o convite para estar em Satsang, que são os encontros intensivos de final de semana, tanto encontros on-line, quanto encontros presenciais, inclusive retiros.

Gratidão, Mestre, por mais um videocast.

MG: Ok, até a próxima. A gente se vê.

Agosto de 2023
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terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Despertar da Real Consciência | Condicionamento psicológico | Atenção Plena | Uma Nova Consciência

Não parece que compreendemos, ainda, muito bem o que significa uma ação na vida, uma Real ação. Para nós, a ação, necessariamente, requer a presença da luta e do esforço. Assim, não parece que nós compreendemos, ainda, claramente que a vida se torna possível completamente livre de luta, livre de esforço.

Observe que todos os momentos da sua vida onde havia esse perfume de alegria, leveza, harmonia, quietude, silêncio, paz, eram momentos que estavam acontecendo de uma forma natural. Quando eu digo natural é exatamente isso que eu quero dizer, livre da artificialidade desse movimento, que ainda é o movimento do “eu”, do ego, que é o movimento do esforço e da luta. Não há luta, não há esforço quando temos a presença da Realidade, esse é o perfume da Verdade de Deus.

O nosso objetivo na vida é encontrar a Paz, a Felicidade, o Amor. Temos um momento de Silêncio, de Quietude, de Alegria, de ausência de conflito, e nesse momento fica claro a presença desse perfume, o perfume da Realidade de Deus. O problema aqui surge porque nós queremos encontrar isso, então nós temos propósitos, objetivos, sonhos, ideais.

E aqui eu quero lhe dizer algo, que você mesmo já sabe porque já viveu, só que esqueceu disso: esses momentos surgiram na sua vida sem busca. O momento de alegria surge, mas isso não é o resultado de uma busca, de um esforço e de uma luta; o momento de Quietude, de Silêncio, de Paz, onde temos a fragrância do Amor, da Alegria, tudo isso vem sem esforço, sem luta. Quando isso está presente, o sentido desse “mim”, desse “eu” não está, então é assim que temos que aprender a lidar com a vida.

A dificuldade aqui é que esse sentido de um “eu” presente se vê separado da vida. Já que esse sentido de um “eu” presente é um movimento, dentro de cada um de nós, de um pensador cheio de pensamentos de como as coisas deveriam ser, nós estamos sempre rechaçando, tentando nos livrar, tentando anular aquilo que está aqui para encontrar isso que deveria ser. Então, vivemos sempre nesses projetos de idealizações criadas e sustentadas pelo “eu”, que é esse pensador, que é esse que está carregado de pensamentos, de ideias, de conclusões, de avaliações, de crenças.

Nós estamos sempre com uma ilusão presente: a ilusão de que a nossa vida não é como deveria ser. Nós temos a ideia do que deveria ser, então, anulamos aquilo que É por uma ideia do que deveria ser, e nos lançamos nessa busca, nessa procura. Para a maioria de nós, o que deveria ser pode vir a ser um dia se, através do esforço, da luta, do trabalho árduo, alcançarmos. Então, há sempre essa projeção do “eu”, do ego, no futuro, nesse ideal. Isso é parte de todo esse treinamento que recebemos, dessa forma de sentir, de pensar e agir que nós temos. Assim, esse condicionamento da mente, esse condicionamento psicológico está norteando nossa vida dessa forma, nesse modelo. Estudar a nós próprios significa que estamos nos tornando cientes de quem somos. Nós não conhecemos a nós mesmos.

Ao nascermos, nós não recebemos um manual de vida; nós recebemos um legado sobre como viver. Então, o único manual que nós recebemos é o legado da história, da cultura, da sociedade, da humanidade, e nós estamos vivendo dentro desse legado, dentro dessa herança. Nossa vida é tão invejosa, tão ambiciosa, tão ansiosa, tão preocupada, tão aflitiva, tão conflituosa, tão carregada de medo, de desejos e contradições como foram as vidas dos nossos antepassados. Nossas vidas são como a vida deles e dos que chegaram aqui antes deles. Então, nós somos a história da humanidade. Esse é o legado.

Assim, nossas ações são ações que estão assentadas no tempo. O tempo é o passado. Não há tempo sem o passado, sem a ideia de presente, sem a ideia do futuro. Não há história sem passado. Então, o passado se mostra agora como o presente, e irá se mostrar amanhã como o futuro, mas ainda continua sendo o passado. É assim que nós temos vivido, é assim que nós estamos vivendo, foi assim que eles viveram. Esse é o retrato da humanidade.

Então, psicologicamente, nós somos toda a humanidade, todo o ser humano que já pisou nesse planeta, a nossa condição psicológica é a mesma. Psicologicamente falando, nós somos como os homens que estavam aqui há dez mil anos atrás, há cinco mil anos atrás, há dois mil anos atrás. A violência, o medo, o sofrimento, a ignorância, a não compreensão da Verdade sobre quem nós somos aqui, nesse instante, isso também estava com eles ontem ou há dezenas ou centenas de anos atrás.

Nós estamos aqui trabalhando com você o fim da ilusão dessa condição de consciência humana. É isso que nós temos chamado aqui de consciência humana, a consciência do “eu”, toda essa herança psicológica de ser alguém que caminha nesse esforço, nessa luta, nessa tentativa de deixar de ser para Ser. É possível que nós vivenciemos melhoras, que passemos por mudanças, por transformações. Já passamos por algumas transformações ao longo dos séculos, mas são mudanças e transformações no âmbito da ciência, da matemática, da física, da química, no âmbito tecnológico, no entanto, internamente continuamos os mesmos.

Temos vivido em sofrimento, dando continuidade ao sofrimento, porque não resolvemos isso aqui, porque nós não nos conhecemos. Então, há todo esse movimento de luta para nos tornarmos alguém diferente de quem somos. Mas aqui estamos dizendo para você que nós não precisamos ser diferentes de quem somos, nós só precisamos tomar ciência da Verdade de quem somos, disso que demonstramos ser, porque isso que demonstramos ser é a verdade aparente daquilo que somos.

Tomar ciência desse modelo de identidade egoica, de cultura humana, indo além desse sentido do “eu”, do ego, indo além dessa condição de consciência humana para uma nova Consciência, para o Despertar da Vida Real – não dessa condição de ilusória identidade nesse “eu fui”, “eu sou” e “eu serei”. “Não estou feliz com o que sou, nunca estive feliz com o que eu fui, mas um dia serei feliz com o que serei, com aquilo que irei me tornar”, isso tudo está dentro de uma formulação ideológica, algo sustentado por um conjunto de conclusões e crenças, algo firmado pelo pensamento. Pensamento esse que, por sinal, é tudo aquilo que ainda é parte daquilo que vem do passado e, portanto, isso não pode ser real, é apenas mais uma fantasia do pensamento – essa ideia de vir a ser, de se tornar, de alcançar.

Toda a forma de autoaperfeiçoamento, de aprimoramento pessoal, de aperfeiçoamento pessoal, tudo isso ainda faz parte de uma educação ou de um condicionamento velho, é só um ajustamento do velho. Então, nós não temos algo novo quando há uma transformação nesse nível, porque é só um ajustamento. Nós precisamos de algo radical, precisamos do fim do “eu”, do fim do ego, do fim desse senso de separação e, portanto, dessa particular vida nesse princípio de dualidade, onde existe esse “eu e a vida”, “eu e o outro”, “eu e o mundo”, “eu e a cultura humana”, “eu a consciência humana”. Na realidade, “eu a consciência humana” é uma coisa só, “eu e a humanidade” é uma coisa só, “eu e essa – assim chamada – vida”, como o pensamento idealiza, é uma coisa só. É necessário ir além dessa condição de dualidade, de ilusão, de separação.

É isso que estamos propondo aqui para você, uma aproximação da Verdade do Autoconhecimento e da Realização do seu Ser pela Verdade da Real Meditação de uma forma prática. Nós temos uma playlist no nosso canal do Youtube (Mestre Gualberto) esclarecendo o que significa isso, como trabalhar isso, como tornar isso algo real na sua vida nesse momento, para que essa, assim chamada, “minha vida” seja compreendida.

Nesse Real contexto, essa particular vida é uma fraude. Tudo o que temos presente é a Realidade Divina, é a Realidade de Deus, é a Realidade da Verdade, é a Realidade d’Aquilo que está fora do conhecido, e essa dimensão livre do tempo psicológico, que é esse modelo de pensamento, de cultura, de história humana e de vida egoica como nós conhecemos, isso desaparece para essa Real Vida livre desse sentido de dualidade, de separação. Então nós temos a Verdade daquilo que somos quando o sentido desse “eu” que parecemos ser, que demonstramos ser, que é toda essa herança de consciência humana, não está mais presente.

Assim, ter uma aproximação da Verdade do seu Ser é ter uma aproximação da Verdade de quem é o outro, do que é a vida. Isso é o fim dessa condição psicológica de pensar, sentir, agir nesse modelo, nessa inconsciência, nesse programa de insatisfação com aquilo que aqui está, projetando um vir a ser, um se tornar diferente disso. Tomando ciência da Realidade daquilo que É, daquilo que está aqui, é possível o fim para isso.

A compreensão do que É requer uma investigação, um estudar a si mesmo, um compreender a si próprio, um compreender desse movimento, que é o movimento da separação, da dualidade, que é o movimento do “eu". Então, a visão daquilo que É é a compreensão, e quando há essa compreensão, isso que É passa por uma radical, profunda e verdadeira transformação. Não uma parcial mudança superficial como, em geral, o ego se propõe a fazer através de alguma técnica, através de alguma autodisciplina, através de alguma prática, assim chamada, “espiritual". Estamos falando de outra coisa aqui.

Estamos falando dessa ciência do próprio movimento do “eu”. Isso está presente quando há essa Atenção Plena sobre todo esse movimento. Essa Plena Atenção do movimento do “eu” é a ciência daquilo que É agora e aqui. Quando não há essa separação para tentar mudar, alterar ou fazer algo com aquilo que É, quando não há mais esse movimento do futuro, que é só um movimento de projeção do próprio pensamento nessa ideia de um tempo psicológico, se isso não está mais presente, aquilo que É sofre uma radical e profunda alteração. É quando isso se desfaz, então temos a Revelação de Algo novo, fora do tempo, fora do conhecido, fora do “eu”, fora do ego, fora dessa história da consciência humana.

Esse é o Despertar do seu Ser, é o Despertar dessa nova Consciência. Essa nova Consciência é, na realidade, o Despertar da Real Consciência. Nós usamos a expressão “nova Consciência” como sinônimo de Real Consciência. A única Realidade Divina é a Realidade dessa Consciência. Quando essa Consciência está, não existe mais o sentido de um “eu” que se separa do outro, da vida, que carrega todo esse movimento de infelicidade, de inquietude e sofrimento. Então temos a Revelação da Felicidade, do Amor, da Liberdade. Eu tenho chamado isso aqui de o Despertar da Inteligência, é o Despertar desse Ser, dessa Verdade Divina.

Janeiro de 2024
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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Tempo psicológico | A visão do Autoconhecimento | A natureza do pensamento | Autoconhecimento

O que, na verdade, nós estamos procurando: a felicidade ou a satisfação? Parece que a maioria de nós não tem a menor ideia do que a felicidade, de verdade, representa. Nós temos uma projeção, nós temos uma ideação, nós temos uma imaginação a respeito dessa coisa misteriosa chamada felicidade. Eu digo “coisa misteriosa” porque nós não estamos lidando com algo que o pensamento consiga esclarecer, ter uma ideia, uma noção da verdade do que isso representa. Tudo que nós temos feito é idealizar, é pensar a respeito, é imaginar alguma satisfação que nos dê essa coisa chamada felicidade. Assim, qual será a verdade desse encontro? Qual será a verdade dessa constatação?

Primeiro, antes de tudo, vamos ver uma coisa aqui. É possível encontrar a felicidade? É possível encontrar essa “coisa misteriosa” ou o que nós podemos encontrar é apenas satisfação? Ao longo das nossas vidas, nós temos encontrado muitos momentos de satisfação. Em algum nível de preenchimento e realização, nós nos deparamos temporariamente satisfeitos; logo depois essa satisfação desaparece. Mas o ser humano está projetando, idealizando, imaginando uma satisfação que seja permanente, e nós estamos dando nome a esse nível de satisfação de “felicidade”. E aqui estamos dizendo para você que isso não é encontrável. Você não pode encontrar uma satisfação que seja permanente, muito menos pode se deparar com esse encontro com a felicidade, uma vez que fique claro o que a Felicidade, de verdade, significa.

Felicidade é aquilo que está presente agora, aqui. Não é algo dentro do tempo e, portanto, não é algo que você encontra numa busca, numa procura. No entanto, essa Felicidade está presente quando o sentido desse "eu" não está mais. Então, nessa procura ou nessa busca nós não estamos investigando a natureza daquele que busca, daquele que procura. Então, nesse pensamento sobre a felicidade nós não estamos investigando a natureza desse pensador. O pensamento da felicidade, será que isso é algo que se separa desse que pensa, que é o pensador? Há uma separação entre o pensador e o pensamento? Há uma separação entre esse que busca e aquilo que ele idealiza como seu propósito para ser encontrado?

Então, notem, nós não temos uma visão da Verdade sobre nós mesmos. Nós desconhecemos quem somos, desconhecemos esse que busca, desconhecemos esse que pensa, não compreendemos a natureza do pensamento, a estrutura desse pensador. Não conhecemos a natureza daquilo que está sendo procurado ou buscado, que damos o nome de felicidade, e que, na verdade, é a busca da satisfação permanente, que nós estamos dando o nome de felicidade, e não compreendemos a estrutura desse buscador.

Então, o nosso momento aqui é um momento de investigação da Verdade, daquilo que se passa agora, aqui, dentro de cada um de nós. Tomar ciência desse buscador, tomar ciência desse pensador, compreendendo a estrutura desse pensador, desse buscador, compreendendo a natureza desse pensamento, a natureza dessa, assim chamada, “felicidade” para esse "eu", para esse “mim”, é o que estamos fazendo agora, aqui.

Ter uma aproximação de si mesmo, percebendo que esse pensamento está presente em razão desse pensador, e que essa busca está presente em razão daquele que busca, tomando ciência que não há qualquer separação entre a busca e o buscador, entre o pensamento e o pensador, isso nos coloca numa posição nova, aqui, nesse instante. Agora não há mais esse movimento de busca, não há mais esse movimento de pensamento. E quando isso termina, porque ao olharmos para aquilo que está aqui presente nos tornamos cientes dessa divisão, dessa separação, a ciência disso é o fim dessa separação, é o fim dessa divisão entre pensamento e pensador, entre esse buscador e aquilo que ele está buscando. Quando isso ocorre aqui, nesse instante, se revela a visão do Autoconhecimento.

Então, o Autoconhecimento é a única coisa que se faz necessária nesse momento para a compreensão da Verdade de onde se encontra a Felicidade, de onde se encontra a Verdade, de onde Deus se encontra. A Verdade da Felicidade, a Verdade de Deus, a Verdade sobre isso está na constatação de que esse sentido desse "eu", desse “mim”, desse que é o próprio buscador, que é o próprio pensador, o descarte desse sentido do “eu” – notem que coisa importante temos aqui – é o descarte desse movimento que é o movimento do tempo.

O pensador é algo que vem do passado. Observe isso em você: todo pensamento em você é o pensamento que está presente em razão desse pensador. Então, o pensador está produzindo pensamentos – ao menos essa é a ideia que fazemos a respeito de quem nós somos: nós somos o pensador produzindo pensamentos. A realidade sobre isso, a verdade disso é que esse pensamento, que é o "eu", é o próprio pensador. Se não houvesse pensamento agora, se mostrando nesse instante, não haveria qualquer pensador.

Observe isso: quando não há pensamento, não há pensador. Então, o pensamento surge em razão do pensador presente, e o pensador surge em razão do pensamento presente, e eles aparecem nesse instante em razão do passado. Essa é a verdade sobre o "eu", sobre o “mim”, sobre o pensador. Ele é o resultado do passado. Então, é o sentido de “alguém” presente, que vem do passado; esse passado é o movimento do tempo, da experiência guardada, da experiência adquirida. Então, a memória é pensamento. Esse pensamento é o pensador, e isso é o passado. Quando o sentido do “eu” é eliminado, o movimento do passado, que é tempo, desaparece.

Então, a vida é algo que se revela agora, aqui, sempre nesse instante, sem qualquer necessidade de um experimentador que vem do passado, que é um pensador que vem do passado, que é esse “eu” que vem do passado para estar presente nesse instante. Podemos viver uma vida livre desse “eu” e, portanto, desse pensador, desse que guarda essas lembranças, desse que é o próprio movimento do pensamento, que é o próprio pensamento em movimento? Podemos aqui, nesse instante, ter a Revelação da Vida como ela se mostra sem esse sentido de um “eu” presente?

Então, percebam a beleza disso, nós temos o fim para o pensador; e se não há esse pensador, porque o tempo não está presente, não há mais esse movimento do buscador, então essa ideia da felicidade se desfaz, porque esse buscador também não está mais presente. Então, com o que nos deparamos agora? Nos deparamos com a Vida, a Vida como ela, nesse instante, se Revela: sem o tempo, sem esse passado, sem esse “mim”, sem esse pensador, sem esse buscador. Então, nesse instante, a Realidade, que é Deus, se Revela. Veja, não é algo encontrável. É uma Realidade constatável nesse instante. Essa constatação está nesse perceber; perceber a Vida sem o percebedor, sentir a Vida sem esse elemento que é o "eu" nesse sentir.

Então, nós não precisamos desse pensamento, desse movimento de pensamento que vem do passado, que vem da memória, resultado da experiência, algo que deu formação a esse “mim”, algo que sustenta e estabelece esse pensador. Todo movimento do ego é um movimento de continuidade. Para o ego se manter, ele precisa da continuidade, e a continuidade desse ego está na presença desse pensador, e essa continuidade é estabelecida pelo próprio pensamento. Assim sendo, é o pensamento, em sua continuidade de memória, que estabelece sempre a presença desse "eu" nesse instante como sendo uma identidade real, como sendo uma identidade verdadeira, como tendo uma vida própria, pessoal, particular.

Então, aqui nós estamos lhe mostrando como esse "eu", como esse ego, que é o pensador, se sustenta, se mantém. Ele se mantém exatamente nessa busca. Nessa insatisfação, ele carrega essa busca, a busca de uma satisfação permanente naquilo que ele chama de “felicidade”, que ele chama também de “paz”, de “amor”. Ele carrega esse movimento, também, de pensamento para produzir essas imagens, que são os símbolos que esse "eu" tem do que felicidade, amor, paz representam.

Nesse momento estamos eliminando esse elemento, que é o elemento do tempo. Então, nós temos o fim para o tempo. Se temos o fim para o passado, nós temos o fim para o futuro. É muito claro isso, é sempre o passado que se projeta, então, o futuro ainda é o passado se projetando. Esse é o movimento do próprio pensamento para sustentar esse "eu" em sua continuidade. Então, nós temos aqui o fim para o pensamento psicológico, que é esse pensamento de memória egocêntrica, de identidade egocêntrica, de identidade do "eu". Esse é o tempo que nós temos chamado de tempo psicológico, o tempo sustentado por essa identidade, que é o pensador, que para se manter está sempre sustentando o futuro com base no passado.

Então, o que é esse "eu"? O que é o ego? O que é esse pensador? Quem é esse que está presente sendo o experimentador, aquele que está transformando esse momento presente em algo para ele, pessoal? Que está olhando para esse momento presente e vendo nesse momento presente apenas uma oportunidade de novo e de novo e de novo se projetar no futuro, se projetar para o futuro?

Então, a compreensão do sentido do "eu", a compreensão do sentido do ego, desse ilusório estado de identidade de “alguém” presente, o fim disso é o início de algo desconhecido, que é a Realidade Divina, que é a Realidade de Deus. Essa Realidade é a Felicidade, é Aquilo que está presente agora, aqui quando esse tempo psicológico não está, quando o sentido do “eu”, do ego, não está.

Aqui nesse trabalho, nós estamos explorando esse assunto com você, tomando ciência dessa Verdade, que é a Verdade Divina, Algo que está presente agora. É agora, aqui. A Realidade de Deus é a Verdade do Amor, é a Revelação da Felicidade. Então a Vida se Revela com um experimentar livre do “eu”, do ego, livre desse movimento de psicológico tempo que o pensamento está sustentando, tem sustentado.

Janeiro de 2024
Gravatá/PE
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