Você tem uma programação, que é um processo bioquímico do próprio cérebro, e por isso está cheio de modelos, crenças, conceitos. Você está vivendo a vida a partir dessa programação, dessas diferentes perspectivas, em torno de muitas crenças. É necessário que tudo isso desapareça, mas isso não é algo fácil.
Todo esse processo no próprio cérebro é parte da estrutura da mente egoica. Você está preso a uma rotina, a uma programação, a diversos hábitos e, assim, vive como uma “pessoa”, como “alguém”. Essa “pessoa”, esse “alguém”, está dentro de uma “caixa”, pensando, repensando, agindo, reagindo. Então, viver nesse modelo é como repetir sempre a mesma programação, a mesma motivação pessoal.
A minha fala para você não é de convencimento ou de crenças. Eu apenas lhe trago uma nova perspectiva, uma nova visão. Você vem a mim, diz que perdeu a “chave do seu carro” e me pede para ajudar a encontrá-la. Você já procurou pela “casa inteira”, já tirou tudo do lugar procurando essa “chave”. Então, dou a você uma nova alternativa, quando pergunto: “Você já procurou a ‘chave’ dentro do ‘carro’?” Você pode continuar insistindo que é impossível essa “chave” estar lá e não aceitar a minha sugestão ou, simplesmente, pode confiar nisso, nessa possibilidade de olhar, de “abrir o carro” e conferir. Quando faz isso, você descobre que “a chave já estava na ignição”. Ela já estava lá, você apenas havia se esquecido disso e estava há muito tempo desesperado, sofrendo por uma “chave” que supostamente estava perdida.
Então, essa programação da mente egoica é uma questão de esquecimento. Você não perdeu sua Natureza Real, somente se esqueceu Dela. Você está preso, identificado com a ilusão do sentido de “alguém”, de um “eu”, de uma “pessoa”. Assim, todo o seu sofrimento e desespero está na ilusão de não saber quem de fato Você É, de acreditar que “perdeu a chave do carro”, a Verdade sobre Si Mesmo.
Autoinvestigação, Real Meditação e entrega constituem o trabalho em direção ao fim da ilusão desse “si mesmo”, do sentido de separação, trazem a quebra desse modelo cerebral de condicionamento. O fim de tudo isso é a direta e simples percepção da Verdade de que a “chave” sempre esteve no mesmo lugar, nunca esteve perdida! Aquilo que Você É nunca deixou de Ser! A Verdade de Deus, da Consciência, não é algo que você alcança; é algo que você constata aqui e agora! Ela não é algo que está perdido, mas que foi, aparentemente, esquecido. Se o seu olhar está na direção contrária, você não pode ver isso de forma direta. É preciso olhar diretamente para poder ver!
Em Satsang, apenas digo a você: “Olhe na direção correta! Olhe para si mesmo! Olhe para dentro! Abra a ‘porta do carro’ e olhe se a ‘chave’ está dentro dele próprio!” Porém, enquanto você continuar se confundindo com esse movimento da mente egoica, com essa aparição do cérebro, com esses pensamentos, sentimentos, emoções, sensações, com essa história do personagem, e continuar sustentando isso, essa busca continuará e as coisas irão se mostrar, cada vez mais, fora do lugar. Dessa forma, você não só não vai encontrar o que está procurando, como continuará bagunçando todo seu ambiente. Você está indo para fora, está procurando externamente! Essa sua “casa”, onde você procura essa “chave”, é o mundo ‒ o mundo de coisas, pessoas, lugares, ideias, crenças, práticas espirituais e religiosas ‒, e isso só está criando mais confusão, mais bagunça.
Contudo, a “chave” está no lugar dela, o lugar de onde ela nunca saiu! Aqui está o segredo desse Despertar, dessa Realização Divina! Voltar-se para essa Consciência é se voltar para a Realização de Deus! Isso implica que você não mais continuará olhando para fora, procurando externamente e se envolvendo com a mente egoica, com esse mundo subjetivo, com essa ilusão. Por isso é que o convite, em Satsang, é sempre para a Meditação, para a autoinvestigação, para a entrega!
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 04 de Fevereiro de 2020 – Para informações sobre os encontros online e instruções de como participar, clique aqui.
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