quinta-feira, 30 de abril de 2020

Você precisa descobrir o que é Meditação

Afinal, por que é importante estar aqui, em Satsang? O que estamos fazendo aqui? O que é estar aqui? Primeiro, você tem que, inteligentemente, duvidar que exista uma distância real entre você e a Realidade, e essa é a grande dificuldade para a maioria. Você nunca questiona o que é a Realidade, muito menos se existe alguma distância entre você e Ela. Realidade, aqui, é sinônimo de Verdade.
Temos uma percepção do mundo, que é a percepção dos objetos. Afinal, qual é a distância entre essa consciência e os objetos presenciados? Se investigar isso de forma direta, você perceberá que não existe qualquer distância. Pensamentos, sensações e emoções são objetos, porque podem ser constatados nessa consciência. Então, o que nós temos é uma aparente separação entre objeto e consciência.
Tudo que se passa em você, interna ou externamente a esse corpo, ainda é objeto da consciência. É a consciência que toma ciência disso tudo. Repare que, em sono profundo, não existe essa chamada “consciência” e também não há mundo. Nós geralmente atrelamos consciência a percepções, a experiências – “Se não há experiência, não há consciência”. Mas, aqui, entramos num aspecto muito importante.
Geralmente, acredita-se que quando não há essa consciência, não há nada, e isso também não é verdade. Existe Algo além dessa consciência com seus objetos, e esse Algo está presente independentemente de toda e qualquer experiência. Esse Algo não é o nada, mas Aquilo que transcende o que você chama de consciência e seus objetos.
Você está aqui para descobrir a Verdade sobre Si Mesmo. Não existe nenhuma distância entre Você e a Realidade! Essa Realidade é Aquilo que está além dessa consciência de objetos e desses objetos na consciência. A Revelação Disso é Real Meditação!
Essa investigação direta irá lhe mostrar que não existe nenhuma separação, nenhuma distância real entre Você e a Realidade, a qual eu chamaria de Divina Consciência, que não é essa consciência de objetos, que somente aparece mediante uma experiência. Estou falando dessa Consciência que transcende objeto e percepção, ou seja, que transcende a experiência.
A percepção que você tem do mundo é a de pensamentos, emoções, sentimentos, sensações… Tudo isso faz parte da história desse corpo, dessa mente, desse mundo, está dentro dessa dualidade de consciência e objeto. O Despertar é o fim dessa dualidade, dessa separação entre consciência e objeto. Isso significa viver em seu Ser, em sua Natureza Essencial, livre da dependência da ideia de ser alguém no mundo.
Ser alguém no mundo é ter essa dualidade “eu e o não-eu”, “eu pensando e o pensamento”, “eu sentindo e o sentimento”. No ego, você vive na ilusão da história de um personagem, que é parte dos objetos dos quais essa limitada consciência está ciente. Sua Natureza Essencial é Algo além dessa limitada consciência, está além da dualidade de sujeito e objeto, de pensador e pensamento, da história e do personagem. A Meditação é a base da Realização do Ser, da sua Natureza Essencial.
Dualidade significa a ilusória existência de uma consciência como testemunha e de um objeto sendo testemunhado. O objeto é a mente, o corpo, o mundo, mas nada disso é real! Essa é a “realidade” do sonho da mente, criando o sentido de separação. Não existe separação! O pensador é somente uma ideia, mais um pensamento. É muito importante que isso fique claro, pois todos os seus problemas estão baseados nessa dualidade “eu e a experiência”.
Não existe “eu e a experiência” – a experiência está presente nesse “eu”, e esse “eu” está presente dentro dessa experiência. Se você está em seu Ser, você está livre da ilusão desse “eu” na experiência, livre do experimentador, livre da dualidade. Você precisa descobrir o que é Meditação, ou então continuará preso nessa teia da dualidade, da ilusão da separação.
*Transcrito de uma fala ocorrida em 11 de Março de 2020, num encontro aberto online.
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domingo, 26 de abril de 2020

O que significa a devoção?

Devoção é a aliança com a Verdade, com a Realidade. Vocês, às vezes, comentam comigo: “Eu não tenho devoção”. O seu problema não é a falta da devoção, dessa aliança com a Verdade. O seu problema é não examinar a presença da ilusão em si mesmo. Esqueça essa coisa de “aliança com a Verdade”, de “devoção”, e veja em você o que é falso, o que está tomando o lugar dessa aliança com a Verdade.
A devoção não é algo que se alcança subindo uma escada. Se começar a observar o quanto você é desonesto com “ser feliz”, você descobrirá o que está faltando. “Ah, eu não tenho amor a Deus, aliança com a Verdade, devoção... o que faço, Mestre?”. Veja o que os pensamentos estão produzindo na sua cabeça para sustentar, de forma desonesta, essa questão de ser feliz.
Você está seguindo seus pensamentos, está buscando o que o pensamento deseja, não está observando que isso não vai lhe fazer bem. Isso é a base dessa pessoa infeliz que você é. Essa “pessoa infeliz” está se movimentando em busca de alguma coisa e esse movimento está sendo produzido pela infelicidade. Então, observe isso!
A primeira coisa, quanto à devoção, é deixar de ser infeliz. Lembre-se: devoção é aliança com a Verdade e você não está sendo verdadeiro consigo mesmo, está seguindo os pensamentos. Seu contato com você mesmo é o contato com a devoção. Não se preocupe com essa questão de amar a Deus, de fazê-Lo feliz... Ele não está nem aí para isso!
As pessoas escrevem para mim: “Faz de mim um grande devoto!”. É uma coisa que aborrece muito a Deus, encontrar “grandes devotos”. As religiões estão cheias de “grandes devotos”, que até disputam para ver quem será o maior entre eles! Deus não quer que você seja um grande devoto, mas que seja honesto consigo mesmo, que olhe a vida dentro de uma visão inteligente, e você só consegue fazer isso quando observa como seus pensamentos são malucos, que o que estão produzindo em sua vida é só sofrimento.
Então, antes de perguntar o que é devoção, você precisa primeiro descobrir o que é falso em você e descartar isso. Descarte em você seus desejos, seus sonhos, seus objetivos pessoais... Observe e descarte isso! Você ficará sem nada internamente e descobrirá uma Alegria que não precisa de nada do lado de fora! Isso é a devoção que Deus aprecia! Quando você é feliz, você é um devoto! Se está aflito, com medo, preocupado, desejoso, você não sabe o que é devoção. Se há ilusão, não há devoção; se há apego ao “senso de pessoa”, com seus desejos, anseios, objetivos, projetos e medos, não há devoção.
Você pode ir ao templo, levar flores, rezar, fazer caridade, fazer muitas coisas boas, mas se, internamente, está infeliz, é sinal de que você não é um devoto, porque o devoto não é infeliz. O verdadeiro devoto está feliz em Deus, então, ele não tem desejos, não está procurando nada do lado de fora!
Devoto: Mas, aí não é mais um devoto, é um Realizado.
Marcos Gualberto: O verdadeiro devoto é o Sábio. O ponto é esse! O que estou dizendo, Ramana disse também.
Devoto: Não é possível algum nível de devoção antes de ser Sábio?
Marcos Gualberto: Para começar em um nível mais baixo, comece por si mesmo. Abandone seus projetos, sonhos, desejos, pensamentos, crenças em sensações, emoções, experiências... O nível mais baixo para a devoção é abandonar a mente, o sentido do “eu”.
Devoto: Quando fazemos isso, surge uma Alegria simples e não precisamos de mais nada.
Marcos Gualberto: O movimento da mente é de confusão. Quando não há esse movimento, você dá o primeiro e o último passo para compreender o que é devoção.
*Transcrito de uma fala ocorrida em 04 de Abril de 2020, num encontro aberto online.
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quarta-feira, 22 de abril de 2020

O falso centro

A ilusão de confiar que você é uma pessoa carrega sempre o peso da necessidade de pessoas. Vou colocar melhor: o que uma pessoa precisa para ser feliz? Ela precisa de amizade, de gratidão, de reconhecimento... Ela tem um milhão de necessidades!
O corpo é só uma aparência e a ideia de um centro presente na experiência da vida é só uma imaginação que não tem substância, não carrega nenhuma forma de realidade. É um centro aparente dentro de um corpo aparente! O pensamento cria a ideia de uma pessoa presente, e, se “eu” sou uma pessoa, “eu” preciso de coisas que as pessoas precisam. Então, o que as pessoas querem? É o que “eu” quero! De uma forma prática, aqui está a diferença entre estar em Felicidade e viver em miséria.
Enquanto essa ilusão de que você é uma pessoa estiver presente, essa procura por alguma coisa sustentará a miséria. A percepção está presente, mas a ilusão é que tem um centro nela! Por exemplo, neste momento, a sensação aí é a de que existe um centro de percepção ouvindo essa fala. Repare como é muito mágica essa brincadeira divina! Existe aí uma sensação de que há um centro experimentando percepções auditivas, visuais, sensitivas, não é assim? Essa sensação é imaginária, do próprio pensamento, pois esse centro não existe! Esse sentido de pessoa está sustentando esse centro, o qual sustenta o sentido de pessoa, que está em busca de alguma coisa. Repare como acontece essa mágica da egoidentidade! Absolutamente, não existe nenhum centro de experiência aí ou aqui! Não há um centro! Não há alguém falando ou alguém ouvindo, não há um experimentador e uma experiência particular acontecendo! Eu tenho procurado de diversas formas lhe mostrar isso, o truque, toda a magia.
Quando você sonha à noite, a ideia é de que há você ali e um mundo ao seu redor, onde as experiências estão acontecendo. Assim, a ideia é de que aquele mundo é real e você é o personagem central em toda aquela experiência. Esse centro ilusório sustenta a realidade de um mundo externo presente em volta dele. No entanto, quando você acorda, você percebe que não havia nenhum centro de experiência! Todas as aparições no sonho não estavam acontecendo para um centro de experiência presente.
Agora, neste instante, a ideia que você tem é a de que você é um centro vivendo experiências que estão acontecendo. Quando saiu do sonho e acordou de manhã, você percebeu que aquele mundo e você eram uma coisa só. Que diferença havia entre você dentro do sonho e o que estava acontecendo no sonho? Quando você acorda, vê alguma diferença? Você não percebe que tanto aquele que estava vivendo o sonho quanto o próprio sonho eram uma coisa única? Há diferença entre alguém vivendo o sonho e o próprio sonho? Agora que você está acordado, você pode separar o sonhador – aquele personagem com episódios acontecendo em volta dele – do próprio sonho? Você pode separar aquela “pessoa” que você acreditava ser no sonho do próprio sonho em volta? Por exemplo, no sonho você estava caminhando em uma estrada, ouvindo uma música, e agora você acordou. Ao se lembrar do sonho, não vê que ele e você tinham a mesma qualidade? Você, o caminhar e a estrada não eram feitos do mesmo material? Havia ali um centro de experiência ou só uma experiência sem centro? O material da estrada não era o mesmo material daquele corpo, do som escutado e do caminhar? Tudo o que aconteceu no sonho, inclusive sua própria presença nele, não era de um material criado, imaginado e produzido pela própria mente? Então, é possível separar o vento soprando naquela estrada onde você caminhava, o caminhar, você mesmo e o som da música? É possível se dizer que havia um centro que, separadamente, percebia a experiência? Agora, aqui, acordado, você diz que havia um centro percebendo aquilo ou nota que havia um todo, uma imagem, um filme acontecendo?
Devoto: Você tem alguma consciência de um observador no sonho?
Marcos Gualberto: Você tem consciência de um observador agora, aqui? É como acontece no sonho. Agora, o que é esse observador? Ele está separado desta experiência? Você pode separar quem escuta daquilo que escuta? Você pode separar aquilo que é visto daquele que vê? Se não pode, onde está esse centro? Se você tirar o objeto observado, para onde vai o observador? Se você tirar a música de quem escuta, para onde vai esse que escuta? Então, ficou mais fácil agora perceber que não existe um centro de experiência, que somente existe a experiência se houver um experimentador. Não há nenhum centro agora, aqui! Percebe que não existe nenhuma pessoa agora aí? Existem só as sensações físicas, térmicas, auditivas e visuais surgindo e desaparecendo, certo? Se, após esse passo a passo, isso ficou compreendido aí, eu posso entrar naquilo que falei no início: enquanto o sentido de pessoa estiver presente, haverá a necessidade de coisas. Lembra? As coisas da “pessoa”. Mas, o que essa “pessoa” necessita se ela não existe? Perceba que a “pessoa” é a imaginação de um centro vivendo experiências. Perceba que a “pessoa” é uma ficção criada pelo pensamento, vivendo uma vida própria, tendo experiências particulares e precisando de coisas.
Então, qual é o segredo da Meditação? Ver que os sentimentos ou pensamentos acontecendo agora não possuem um centro particular. Compreende isso? O pensamento, o sentimento e a sensação presentes não possuem um centro particular para manejá-los, para gerenciá-los. Então, se você apenas permanece sem esse centro, que é esse controlador, não tem como ser infeliz, como ser miserável. E por que não? Porque você não está mais aí exigindo alguma coisa. Está claro isso? Essa exigência que você tem é o que o torna miserável, porque é isso que sustenta esse “centro” sempre infeliz, sempre insatisfeito. É isso que cria o senso de separação, o ego, que o mantém fora do seu Natural Estado, que é Consciência, que é Ser.
Basta um pensamento sustentado aí como verdade para esse “centro” permanecer miserável. Basta apenas um pensamento! O falso centro está no pensamento que diz “eu”, “mim”, com todos os sentimentos e emoções associados a ele. Vou colocar de forma mais simples ainda: se o pensamento surge, já está subentendido que é para um “centro”, para um “eu”. Se você desacredita, se você não sustenta esse pensamento, esse falso centro não tem como prevalecer e continuar. Não é que primeiro exista o “eu” e depois o pensamento; já está subentendido que o pensamento carrega um “eu” presente, um centro imaginário. O próprio pensamento já vem por esse hábito!
Por que para um Ser Realizado é muito leve permanecer sem pensamentos? Porque isso já não encontra uma sustentação de “centro”, um alimento para um centro ilusório. Então, o que difere o Estado Natural do estado do homem comum, nessa relação com o pensamento? Veja, o pensamento acontece para o homem comum e para o Sábio, mas este carrega uma leveza, por quê? Porque esse centro imaginário já morreu de fome! Ele desapareceu por não ter comida! Ficou tanto tempo sem comer que morreu! Quando o pensamento aparece para o Sábio, é só um fenômeno existencial, mas, para o homem comum, que vive sempre alimentado esse falso centro, isso é a verdade.
Então, o Sábio vive em Felicidade porque ele não tem aquilo que sustenta a busca, a procura constante da “pessoa”. Assim, o pensamento acontece para Ramana, Buda, Jesus e Gualberto? Sim. Mas, esse centro imaginário, em torno do qual e para o qual experiências acontecem, já não existe mais! Dessa forma, os pensamentos são apenas um fenômeno, uma aparição sem importância pessoal, porque não há “pessoa”; sem a importância para um “centro”, porque ele já não está mais presente como imaginação.
*Transcrito de uma fala ocorrida em 25 de Fevereiro de 2020, num retiro na Ilha de Itamaracá/PE.
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domingo, 19 de abril de 2020

A Direta Compreensão

Temos somente este instante para a Real Compreensão do Despertar. A mente está sempre criando o futuro e, também, reproduzindo o passado. Tudo isso são apenas ideias, imaginações! O fundamental aspecto desses encontros é a possibilidade da Direta Compreensão – algo vivencial, experiencial – de que essa Presença que somos não tem limites nem está localizada no espaço. Isso não é um tipo especial de conhecimento, portanto, você não vai perceber Isso através de um treinamento ou de uma educação especial.
Estamos diante de algo que é anterior à mente, ao conhecimento do intelecto. A Verdade é algo bastante óbvio e interno, e, naturalmente, de direto acesso a todos. A Verdade não é algo que a mente possa saber ou não. A mente pode saber ou não saber acerca das coisas dela. Sua Natureza Divina não é parte da mente, não é uma coisa dela, então, não é possível ela saber ou não sobre Isso. Assim, a Verdade se trata de uma vivência ou conhecimento experimental, direto. Ela não é algo que depende dessa inteligência ou capacidade do intelecto.
Outro aspecto, também, é que a Verdade é independente da condição do corpo (se ele é jovem ou velho, se está saudável ou doente). Isso é de fato fascinante! Esse “eu”, que você acredita ser, parece conhecer bastante coisa, porém, tudo o que ele conhece faz parte do corpo e da mente, de suas experiências no mundo. Tudo o que o seu “eu” conhece está dentro do conhecido. Em outras palavras, tudo o que ele conhece é ele mesmo, o que é só uma ideia, uma autoprojeção. Esse “eu” não pode conhecer outra coisa a não ser ele próprio, e o que ele conhece é aquilo que a mente imagina sobre o corpo e o mundo, ou seja, sobre ela mesma.
Portanto, Aquilo que Você é não requer nenhum conhecimento especial, treinamento, imaginação, ideia, crença, e nenhuma experiência mental, física ou emocional. Nenhum conhecimento da mente pode nos aproximar ou afastar Daquilo que somos em nosso próprio Ser! O que acontece é que a mente, através de imaginações, sentimentos, emoções e sensações do corpo, parece ocultar Isso, essa Visão, essa Compreensão direta e experiencial. Isso porque, durante muito tempo, você tem investido no pensamento como sendo a coisa mais importante! Você tem dado muita importância a ele!
Perceba que, sem o pensamento, você não tem referência, conhecimento nem memória. Isso significa que você não tem a ideia do limite da forma, nem de uma identidade presente. Você precisa do pensamento para pensar em termos de idade, nacionalidade, gênero e história. Então, o próprio pensamento cria essa sensação ilusória que faz você se ver como uma identidade, possuindo qualidades boas e ruins, virtudes e vícios, sendo bom ou mau. Essa visão é de limitação! Contudo, você não possui tais qualidades ou limitações, pois os seus desejos e medos, suas virtudes e vícios, sua inteligência e falta dela, tudo isso é pura imaginação! A mente atribui a si mesma essas qualidades e defeitos, e os tem como reais, mas não há nenhuma realidade nisso! A mente adora produzir isso tudo!
A beleza de Satsang é descobrir isso, a Verdade sobre tudo isso! Aqui, temos a chave dessa Liberação! Em seu Ser, você é Felicidade, você é Deus! Esse Despertar, essa Realização, está em descobrir, em si mesmo, o que é esse senso do “eu”, onde ele se localiza. Se você investigar isso, descobrirá que ele não está em lugar nenhum, que é apenas uma ideia, um conceito, uma imaginação. Você tem toda a energia para esse Despertar, esse Descobrimento! Você tem todo o potencial! Estou sempre falando sobre a Verdade, sobre a Realidade do seu Ser, todos os dias!
Tudo o que você precisa é descobrir a Verdade sobre Si mesmo! A mente é mecânica e repetitiva, não há Real Inteligência nela! Ramana é Inteligente! Buda é Inteligente! Jesus é Inteligente! Sua Consciência é Inteligente! Se você está trabalhando o tempo todo através dessa mente mecânica, você não pode ser Inteligente.
Esse mundo da mente não é real, ou seja, o mundo que você vê não é real. Aquilo que é Real está além da mente, do corpo e do mundo. Sua Verdadeira Natureza é Amor, Paz, Beatitude, Alegria! Você deve abandonar essa ideia “eu”, esse sentido de separação, pois é isso que sustenta o sofrimento, a ilusão de “alguém sofrendo”. Tenho dado muita importância a uma questão com você, que é a Meditação. Render-se à Verdade, por meio da autoinvestigação, é a base da Meditação.
Essa é a forma direta para Realizar Deus, para conhecê-Lo, o que significa ir além dessa ilusão, além do senso de dualidade, de separação. Isso é Satsang! Reparem que, sem a referência do pensamento, não temos conhecimento de tempo, espaço, localização, identidade. Então, não há tempo nem espaço! Sem o pensamento, não se pode imaginar dois eventos acontecendo – algo que aconteceu e algo que acontecerá. De fato, esse “eu” precisa do pensamento, pois o “eu” não é anterior ao pensamento.
Voltar-se para Isso, mergulhar no Coração, é Constatar Isso! Quando está presente, Você é Consciência! Quando está perdido no mundo da mente, você é ilusão. Você tem desperdiçado a sua vida confiando no pensamento, por isso, em sua mente, está sempre experimentando a ilusão da projeção de um mundo, de uma existência separada. Nesse Despertar, esse “sonho” desaparece, porque o “sonhador” se vai. Não há mais pensamentos, porque não há mais os “sonhos”. Isso é a Vida, a linda Vida!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 02 de Março de 2020, num encontro aberto online.
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quarta-feira, 15 de abril de 2020

Um mapa do tesouro

Nessa aproximação de Satsang, você é incentivado a observar suas experiências. Antes, você tinha uma forma de tentar validá-las através das conclusões daqueles que estavam à sua volta. Ou seja, você via as experiências da forma comum a todos, com base na ideia “eu e o mundo”, “eu e o outro”. É assim com a maioria! As pessoas expressam suas experiências a partir dessa formulação.
Você está aqui sendo incentivado a duvidar disso, a abandonar essas conclusões. Essa forma de procurar validar essas formulações é algo de pura programação, de puro condicionamento. Aqui, estamos tentando explorar a Natureza da Verdade, da Consciência, Daquilo que está presente, aqui e agora, como Experiência. Afinal, o que é a Consciência? O que é essa Experiência aqui e agora?
Os Sábios realizaram essa Compreensão, chegaram a essa Descoberta da Natureza da Verdade, da Natureza da Consciência. Eles expressaram Isso de muitas formas! Na realidade, a única coisa que acontece em volta Deles é esse movimento interno de expressão dessa Verdade. Em todas as grandes tradições espirituais, a descoberta essencial é da Natureza da Consciência, da Verdade sobre a Real Experiência, aqui e agora.
Consciência é tudo, é a Verdade Daquilo que Você é, o Conhecimento que está além da mente, algo presente em cada Real e Autêntica Experiência. Não falo de uma mera experiência, mas de uma Real e Verdadeira Experiência, que é sem condicionamento, programação, formulação, conclusão… É a Verdade, a mais Pura e Cristalina Verdade!
Isso aqui não é uma fala intelectual, teórica, filosófica ou espiritualista. Ela explora O que É, Isso que é a Natureza da Experiência. Essa é a beleza de estar em Satsang! Então, essas falas são como um mapa do tesouro. Nós estamos investigando e olhando para o mapa, e o propósito é descobrir o tesouro. O significado das palavras não está nas próprias palavras, mas na Visão, na Contemplação da Verdade. Eu falo desse Espaço do qual Ela nasce…
Portanto, nós vamos nos aproximando mais e mais do objetivo nessa investigação, e isso significa o fim das conclusões, das antigas formulações, das ideias convencionais, dos conceitos de dualidade: certo e errado, bom e mau. Uma vez que isso tudo seja desenraizado ou abandonado, a Verdade se mostra presente, tendo o mapa cumprido o seu propósito. Então, Realização é Isso – encontrar o tesouro, tomar ciência dele.
Em outras palavras, é necessário que a ilusão seja desmontada. Você está aprendendo a olhar na direção correta, fora da mente, da convenção, da formulação comum. Então, você está diante Daquilo que é o mais próximo, o mais íntimo. Essa Presença, essa Consciência, essa Verdade, esse Tesouro é a base de tudo! Não é necessário se acrescentar algo novo a Isso, porque Isso já é completo! Essa Verdade está presente e tudo está acontecendo Nela!
A Verdade é o conteúdo de toda expressão, manifestação, evento ou acontecimento, e nada A afeta! Todas as palavras aqui pronunciadas estão acontecendo nessa Verdade, nessa Consciência, que permanece desconhecida, mas presente, e, portanto, disponível a todos. Isso é Algo imensamente claro, óbvio, singular! É tão íntimo, tão real! Essa Presença é a Verdade Incondicional, Divina, Amorosa, que contém tudo dentro Dela! É tão lindo Isso, tão perfeito! Isso é Algo tão amplo e aberto que recebe tudo!
Deus é repleto de Amor! Todas as coisas possíveis estão, incondicionalmente, contidas dentro Dele! Esse é o grande Oceano do Desconhecido! A intelectual compreensão é inútil aqui. É necessário um mergulho real Nisso! A Consciência é esse Desconhecido aberto! Ele é tão aberto e íntimo, que toda experiência, seja minúscula ou vasta, está cheia dessa Presença!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 09 de Março de 2020, num encontro aberto online.
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segunda-feira, 6 de abril de 2020

Aqui está o segredo desse Despertar

Você tem uma programação, que é um processo bioquímico do próprio cérebro, e por isso está cheio de modelos, crenças, conceitos. Você está vivendo a vida a partir dessa programação, dessas diferentes perspectivas, em torno de muitas crenças. É necessário que tudo isso desapareça, mas isso não é algo fácil.
Todo esse processo no próprio cérebro é parte da estrutura da mente egoica. Você está preso a uma rotina, a uma programação, a diversos hábitos e, assim, vive como uma “pessoa”, como “alguém”. Essa “pessoa”, esse “alguém”, está dentro de uma “caixa”, pensando, repensando, agindo, reagindo. Então, viver nesse modelo é como repetir sempre a mesma programação, a mesma motivação pessoal.
A minha fala para você não é de convencimento ou de crenças. Eu apenas lhe trago uma nova perspectiva, uma nova visão. Você vem a mim, diz que perdeu a “chave do seu carro” e me pede para ajudar a encontrá-la. Você já procurou pela “casa inteira”, já tirou tudo do lugar procurando essa “chave”. Então, dou a você uma nova alternativa, quando pergunto: “Você já procurou a ‘chave’ dentro do ‘carro’?” Você pode continuar insistindo que é impossível essa “chave” estar lá e não aceitar a minha sugestão ou, simplesmente, pode confiar nisso, nessa possibilidade de olhar, de “abrir o carro” e conferir. Quando faz isso, você descobre que “a chave já estava na ignição”. Ela já estava lá, você apenas havia se esquecido disso e estava há muito tempo desesperado, sofrendo por uma “chave” que supostamente estava perdida.
Então, essa programação da mente egoica é uma questão de esquecimento. Você não perdeu sua Natureza Real, somente se esqueceu Dela. Você está preso, identificado com a ilusão do sentido de “alguém”, de um “eu”, de uma “pessoa”. Assim, todo o seu sofrimento e desespero está na ilusão de não saber quem de fato Você É, de acreditar que “perdeu a chave do carro”, a Verdade sobre Si Mesmo.
Autoinvestigação, Real Meditação e entrega constituem o trabalho em direção ao fim da ilusão desse “si mesmo”, do sentido de separação, trazem a quebra desse modelo cerebral de condicionamento. O fim de tudo isso é a direta e simples percepção da Verdade de que a “chave” sempre esteve no mesmo lugar, nunca esteve perdida! Aquilo que Você É nunca deixou de Ser! A Verdade de Deus, da Consciência, não é algo que você alcança; é algo que você constata aqui e agora! Ela não é algo que está perdido, mas que foi, aparentemente, esquecido. Se o seu olhar está na direção contrária, você não pode ver isso de forma direta. É preciso olhar diretamente para poder ver!
Em Satsang, apenas digo a você: “Olhe na direção correta! Olhe para si mesmo! Olhe para dentro! Abra a ‘porta do carro’ e olhe se a ‘chave’ está dentro dele próprio!” Porém, enquanto você continuar se confundindo com esse movimento da mente egoica, com essa aparição do cérebro, com esses pensamentos, sentimentos, emoções, sensações, com essa história do personagem, e continuar sustentando isso, essa busca continuará e as coisas irão se mostrar, cada vez mais, fora do lugar. Dessa forma, você não só não vai encontrar o que está procurando, como continuará bagunçando todo seu ambiente. Você está indo para fora, está procurando externamente! Essa sua “casa”, onde você procura essa “chave”, é o mundo ‒ o mundo de coisas, pessoas, lugares, ideias, crenças, práticas espirituais e religiosas ‒, e isso só está criando mais confusão, mais bagunça.
Contudo, a “chave” está no lugar dela, o lugar de onde ela nunca saiu! Aqui está o segredo desse Despertar, dessa Realização Divina! Voltar-se para essa Consciência é se voltar para a Realização de Deus! Isso implica que você não mais continuará olhando para fora, procurando externamente e se envolvendo com a mente egoica, com esse mundo subjetivo, com essa ilusão. Por isso é que o convite, em Satsang, é sempre para a Meditação, para a autoinvestigação, para a entrega!
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 04 de Fevereiro de 2020 – Para informações sobre os encontros online e instruções de como participar, clique aqui.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

O esforço é ou não necessário?

Alguns dizem que nenhum esforço precisa ser feito para a Realização da Verdade, pelo fato de que você já é aquilo que busca. Parece bastante lógico isso! Se você já é aquilo que busca, a sua busca não é necessária.
Outros dizem que a busca é necessária e, portanto, o esforço é necessário. Para esses, aquele que busca deve ser aplicado, precisa se qualificar para essa Realização.
Na minha perspectiva, os dois lados estão corretos. Existe a ilusória a aparência de um “eu”, mas ele está sofrendo e buscando uma saída para o fim do sofrimento. Dentro dessa Realização, você sabe que isso não é real, mas esse aparente “eu”, esse aparente sofredor, não sente assim. Ele sente que tudo é muito real!
Há só a ideia de um “eu” sofrendo, de uma “pessoa” presente sofrendo, mas para aquele que se sente assim, acreditar que não é uma pessoa, mesmo se sentindo uma, não resolve nada. Então, nessa minha perspectiva, o trabalho de investigação da natureza da mente é importante. Quando existe esse trabalho, existe a possibilidade do descobrimento da ilusão dessa identidade. Porém, sem esse trabalho, não existe a menor possibilidade dessa constatação.
Nesse sentido, o esforço é importante e necessário. Esse não é o trabalho de um “eu”, é a investigação da ilusão de um “eu”. Esse é um trabalho da Graça, da própria Consciência, é a Consciência se autorrevelando, se autodescobrindo. Isso é algo que soa paradoxal, porque Ela não está oculta de Si Mesma, no entanto, Ela se constata, se descobre.
A Verdade já está presente, mas, até que Ela seja vista, esse aparente buscador deve fazer alguma coisa. Isso inclui autoinvestigação, entrega, Meditação e milhares de outras coisas, até que ele descubra que nenhum esforço é necessário. Porém, até que se descubra isso, o esforço é bastante importante e necessário. Isso porque, na verdade, você sempre carrega a ideia de “alguém” que sofre, que precisa de algo. Então, até essa ideia ser removida, todo movimento tem o seu lugar.
Contudo, chegará o momento em que você descobrirá que a Verdade está presente, e que nunca deixou de estar. A única coisa que desaparece é a ilusão! Mas, se ela nunca esteve aí, como pode ter desaparecido? Você já é essa Verdade, já está livre agora, e essa Liberdade é ser Nada!
Para alguns, a busca se dá por meio da filosofia. Para outros, ela acontece através da experiência religiosa. Há também aqueles que buscam realização nas diversas experiências do mundo. De toda forma, sempre há uma busca interna.
Se você está aqui, existe um buscador aí presente, buscando algo fora dessa condição de vida comum. Há uma sede, uma insatisfação, uma inquietude. Então, o seu trabalho é descobrir a Verdade! Se você está neste encontro, é porque, de alguma forma, algo já bateu aí, você já foi tocado pela necessidade de descobrir a Verdade sobre Si Mesmo.
Você já estudou, leu, ouviu, aprendeu, tem agora um intelecto aguçado, já explorou a filosofia, a religião, a vida mundana... Quando o meu Mestre apareceu foi como bater contra um muro de pedras! Eu já havia lido bastante a Bíblia, aprendido vários rituais da igreja, várias doutrinas, e, ao me deparar com a visão do Sábio, do Guru, isso foi como bater com a cabeça em um muro de pedras!
Quando isso acontece, você se levanta sangrando, semiconsciente, e vê que todas as bugigangas que você carregava, todos esses brinquedos da prática da espiritualidade, de repente, não fazem o menor sentido! Então, toda a busca se mostra sem o menor sentido, algo até vergonhoso! Você se depara com algo inteiramente diferente de tudo isso! Você estava olhando para o futuro, buscando uma mudança, procurando algo especial, mas, de repente, descobre que não é nada disso!
Alguns de vocês estão tendo exatamente esse tipo de sensação dentro desses encontros chamados Satsang. Toda sua crença e busca, toda sua visão de um futuro, sua procura por algo seguro, essa procura de “alguém” por alguma coisa, não estão fazendo mais o menor sentido! Essas bugigangas, crenças, ideias sobre a vida, sobre si mesmo, sobre Deus e tudo mais, não estão fazendo o menor sentido! Isso porque, agora, você se deparou com a Verdade de que o que você está procurando já está aqui: Você! Você não está no futuro, então, não tem nada a ser alcançado lá! Tudo que Você é, é o Nada! Aqui está a Realização: descobrir a Verdade sobre Si Mesmo, sobre esse Absoluto Nada que é a Consciência, que é a ausência do buscador.
Esse Reconhecimento da Verdade sobre Si Mesmo é o que eu tenho chamado de Inteligência. Não é a sua inteligência, não é a inteligência da “pessoa”, é somente a Inteligência! Na verdade, essa Inteligência Real é o fim dessa “pessoa”, o fim desse buscador e de todas essas crenças religiosas, filosóficas ou mundanas. Não se trata do conteúdo do “saber” – “eu sei isso” ou “eu conheço aquilo” –, porque isso é adquirido e, portanto, ainda faz parte da ignorância, ainda é conceitual. Todo esse material ainda faz parte das bugigangas, desse fundo de condicionamento, de crenças, ideias que se aprendem, que são somente palavras.
Estou falando de uma Inteligência que é Puro Reconhecimento, e não um acúmulo de informações, de ideias, de crenças. Ela não é um “saber” maior, é a Inteligência na Inteligência, é a Consciência livre do seu conteúdo, do peso da memória, das ideias, das imaginações, das crenças espiritualistas, filosóficas, mundanas, de todos os tipos! Você é Consciência, e Consciência é Nada! Esse é o fim da identificação com o corpo e a mente, é o fim dessa suposição completamente falsa de que existe uma entidade separada da Vida; é o fim da crença em uma “pessoa”, em um “eu” preso dentro de um corpo e de uma mente.
Reconhecer isso, não intelectualmente, não verbalmente, mas como um fato, é Inteligência! Isso é ver sem qualquer filtro, que cria uma espécie de névoa, feita de suposições, teorias, ideias, conceitos. Então, é uma abertura para a Verdade, e toda crença se desfaz nesta abertura. Quando toda a névoa se desfaz nessa abertura, há completa Inteligência. Isso é o fim da busca!
Assim, fica claro que não se trata de alcançar ou se tornar alguma coisa, nem de um entendimento intelectual. É somente essa Inteligência de reconhecer a Verdade, que é Liberdade, Amor, Paz, o fim do conflito, do sofrimento.
Então, a busca termina, clara e inequivocamente, não porque todas as respostas são encontradas ou descobertas, mas porque o “buscador” é visto como falso, uma ficção, uma imaginação, um inexistente “eu”. Assim, você fica com a percepção de que nunca aconteceu “alguém” nessa ou naquela experiência.
Estamos falando do fim da ilusão, do ego, da “pessoa”, do sentido do “eu”. Isso é Liberação!
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 30 de Janeiro de 2020 – Para informações sobre os encontros online e instruções de como participar, clique aqui.

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