sexta-feira, 31 de maio de 2019

O reconhecimento Disso é a Felicidade

Dentro desse trabalho, estamos trazendo para você a direta observação de que há algo que permanece presente, algo aberto ao Desconhecido. É disso que tratamos em Satsang. Alguns chamam essa Realidade presente aqui e agora, aberta ao Desconhecido, de Consciência, outros de Presença. É Nisso que toda experiência é escrita, que toda experiência aparece. Estamos falando da Realidade do seu Ser, da Realidade de sua Natureza Divina.
Esse trabalho tem o propósito de aproximá-lo dessa Visão acerca de quem Você verdadeiramente é. Na verdade, Isso já é algo tão próximo, tão evidente, que, para a grande maioria, passa desapercebido. É algo tão próximo que não pode ser conhecido como um objeto; é tão íntimo, tão real, que é a Verdade de cada um de nós, a única Verdade sobre você. O reconhecimento Disso é a Felicidade; o não reconhecimento é a confusão, o sofrimento, o medo.
A mente o coloca numa posição de alienação sobre quem você é, e esse estado é confusão, sofrimento e medo. A Realização da Verdade sobre si mesmo é essa recordação de sua Real e Verdadeira Identidade. Não é uma identidade particular, pessoal, individual, é algo que se revela como o Todo, ou como o Nada.
Nesse trabalho, você descobre a beleza da Meditação, que é o caminho direto para essa Constatação. Meditação, Autoinvestigação, entrega... Parece que estamos falando de três coisas, enquanto que, na verdade, estamos falando de uma coisa só. A Verdade sobre você é algo completamente natural, sem esforço. É algo que está brilhando, constantemente, em toda e qualquer experiência, além da mente, além dessa limitação da autoimagem, que é a ideia que você tem sobre si mesmo.
O que estou dizendo é que essa Realidade é algo sempre presente, no entanto, está fora do tempo, além desse sentido do “agora”; é algo atemporal. Tudo o mais na sua vida vem e vai. Algumas coisas já vieram e foram embora, outras coisas virão e também irão embora, mas Isso permanece imutável.
"O que estou dizendo é que essa Realidade é algo sempre presente, no entanto, está fora do tempo, além desse sentido do 'agora'; é algo atemporal."
Reparem que estamos apontando para algo que não tem variação. Sua experiência pessoal, particular, nessa egoidentidade, é sempre uma experiência em variação. Aquilo que hoje está lhe dando alegria, prazer, satisfação, amanhã vai lhe trazer preocupação, sofrimento e ansiedade. Algumas coisas estão lhe dando “felicidade” agora, mas amanhã essas mesmas coisas lhe darão preocupação, infelicidade, alguma forma de sofrimento. Essa é a experiência da mente, que dá identidade àquilo que aparece neste instante, colocando-se como o agente. Então, você se torna ativo ou passivo diante da experiência, nessa crença de ser uma identidade presente vivendo isso.
Nosso trabalho, em Satsang, é para que você aprimore sua visão, tenha um reconhecimento dessa Consciência atemporal, dessa Presença que está fora da mente, que está fora da imagem de um experimentador presente. É quando você pode descobrir que, em seu Ser, em sua Natureza Real, você não é um experimentador, e isso é a libertação da tentativa de segurar, de se agarrar, de se apegar àquilo que vem e vai.
Nós temos negligenciado isso, porque estamos nos apegando à ilusão de um experimentador em sua experiência, em seu modelo de vida centrado nessa egoidentidade. Você está dando muita ênfase à mente, ao modelo egocentrado da ilusão dessa identidade separada. O que estou dizendo é que a resposta para a verdadeira Liberdade, Felicidade, não está aí. Isso criou a ilusão da ideia de alguém capaz de realizar algo e de estar no controle. A ideia do agente, de forma ativa ou passiva, no controle, é um condicionamento muito forte nesse estado mental de confusão. Isso é algo comum a todos. Entretanto, você não está controlando nada!
Repito: a resposta não está nesse modelo. Há um “portão aberto” que aponta para a Liberdade, mas ele está em outra direção. O sol continua brilhando, mas ele está acima das nuvens da mente, com suas crenças, conceitos, ideologias, sonhos, projeções.
A Verdade, a Realidade, está além do conhecido e, naturalmente, além da mente e de tudo que faz parte dela, além do seu campo imaginário. Se o sol pode brilhar acima das nuvens, ele não se preocupa com elas. Ele está acima, não depende delas para nada. Essa Consciência, essa Presença, nunca é incomodada por sentimentos, pensamentos, emoções, sensações e experiências. O problema com esse “sentido de pessoa” é que ele está negligenciando a Verdade do seu próprio Ser, pois seus interesses estão atrelados aos assuntos da mente.
Na mente, não é possível enxergar esse “portão” e ver a real direção da Liberdade, da Felicidade. Dentro dessas nuvens, não é possível ter a dimensão da realidade do sol, que está muito além delas.
Quando você vem a Satsang, nós trabalhamos o reconhecimento direto desse “portão”, que está nessa outra direção, que é a direção da Liberdade, do reconhecimento direto dessa Luz, desse Amor presente no Sol da Verdade, além da limitação da mente.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 25 de março de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

terça-feira, 28 de maio de 2019

O seu mundo é uma ilusão

Como são importantes esses encontros que nós temos aqui! Estamos olhando de perto, pesquisando, investigando a insanidade humana. Quando você vive na mente, vive na insanidade, e estamos investigando isso. Por que vivemos dessa forma?
Quando eu era criança, com sete anos, perguntei ao meu pai por que os pensamentos não paravam dentro da minha cabeça, por que eu não podia parar esses pensamentos. Esse é um grande dilema humano que se torna, no fundo, um grande problema. As pessoas acreditam nos pensamentos que passam em suas cabeças, como se elas estivessem produzindo-os, como se fossem responsáveis por eles.
Quando perguntei isso ao meu pai, ele respondeu: “Todo mundo é assim”. Eu achei muito estranho, porque acreditava que aquilo acontecia só com crianças, mas, segundo meu pai, os adultos também eram assim. A partir daí, fiquei observando. Vi que os adultos acreditavam em seus pensamentos, mas, como os meus eram muito estranhos, achei que não deviam acreditar em pensamentos do tipo que eu tinha. E continuei observando... Depois de algum tempo, descobri que eles estavam acreditando nesses pensamentos estranhos também! Então, havia algo errado ou fora do lugar, porque eles acreditavam nos pensamentos!
A criança vai crescendo e percebendo que tem algo fora do lugar, pois o mundo dos adultos é um mundo perturbado, e eles têm problemas ‒ esse foi o meu primeiro insight, minha primeira percepção de que eu não era feliz. Então, comecei a procurar alguém feliz. Fui crescendo, e, enquanto eu crescia, procurava alguém, um adulto, que fosse feliz, mas percebia que eu encontrava somente pessoas muito respeitáveis. No ambiente religioso, você encontra pessoas muito boas, que só fazem o bem, que cantam para Deus, que ajudam o próximo, ou seja, são pessoas muito respeitáveis, boas pessoas. Assim, eu fui encontrando muitas pessoas religiosas, profundamente religiosas, mas elas também acreditavam em pensamentos.
Com o passar do tempo, percebi que eu não estava bem e que ninguém está bem, mesmo sendo uma boa pessoa. Então, o que é isso? Por que as pessoas sofrem, se elas são boas pessoas? Por que elas carregam inveja, ciúmes, desejos e medos? E aí, quanto mais tempo passava, mais eu percebia que o problema era todo criado pelas imagens que o pensamento formula dentro da cabeça. Essa é a causa do sofrimento, a base da insanidade.
Tive meus primeiros momentos de silêncio e meditação, e comecei a perceber a diferença entre estar em silêncio e estar ocupado com pensamentos. Chegou a época da escola, quando se começa a pegar em livros e a ler, aí são mais pensamentos ainda na cabeça. Então, eu não gostava de estudar, porque tinha que ficar ocupado com pensamentos, lembrando de fórmulas matemáticas, da história do Brasil, ficar guardando nomes e datas, e era tão bom estar desocupado dos pensamentos...
A lembrança de pessoas traz sentimentos bons e ruins, e isso são pensamentos, imagens. Quando você está livre dos pensamentos, está livre do peso dos sentimentos. Parece que os pensamentos que trazem sentimentos bons deixam uma marca, um sinal, uma porta aberta para sentimentos ruins depois. Isso é como uma programação. Desde pequeno, você é programado para acreditar em pensamentos e se alimentar deles. Uma coisa interessante é que você não acredita que o pensamento é do outro, mas, sim, que é seu. Isso é interessante porque você acredita que é uma “entidade”, “alguém” pensando aquilo, exclusivamente; pensa que os pensamentos são seus e que é você quem os está fabricando, e, portanto, é o responsável. Então, isso cria a ilusão de uma identidade presente, pensando ‒ “Eu estou pensando essas coisas, não é alguém em meu lugar, não está na cabeça do outro; está na minha cabeça. Sou eu que estou sentindo isso, então, isso é meu, isso sou eu” ‒ e, assim, surge o sentido de separação.
Desde criança, você acredita que é uma pessoa, que pensa, que sente, que escolhe, que resolve, que decide, que pode fazer o bem, que pode fazer o mal, e isso é insanidade, uma loucura aprendida, mas é mantida como algo natural. Com o passar do tempo, você vai se tornando cada vez mais apaixonado por esse tipo de comportamento, viciado no pensamento. Quanto mais sentimental, quanto mais intelectual, mais confiança há em imagens mentais, e, quanto mais confiança em imagens mentais, mais imaginação. Então, as pessoas vivem a insanidade do mundo imaginário do pensamento. Esse é o sentido de uma entidade separada, no qual não há Presença; o corpo está aqui, mas esse movimento interno e imaginário do pensamento está rolando como um programa que não para.
Os grandes Santos e Sábios da história humana chamam isso de “o mundo dos sonhos”, que é o mundo dessa falsa identidade pensando; o “seu mundo”. O seu mundo é uma ilusão, porque você está “sonhando”, ou seja, todo modo de representação que você faz da vida tem uma cobertura de imagens. Então, o sofrimento humano é o dilema desse aprisionamento às imagens que o pensamento produz; é o dilema do “sonho”, do sentido de separação, autossustentado por ideias, crenças, imagens, ou seja, por pensamentos.
O entendimento genuíno dessa questão do “sonho”, a profunda compreensão desse mundo imaginário criado por essa programação, é o fim do sofrimento. Quando nós acreditamos que somos o que pensamos, estamos dentro de um “sonho” imaginário de um “eu” falso. Quando acreditamos nos pensamentos, nesse instante começamos a viver num mundo de sonho, fora da realidade, fora da vida como ela se mostra, se apresenta, porque, quando o sentido do “eu” surge, nessa imaginação, ele distorce a realidade, e isso é inconsciência.
"O entendimento genuíno dessa questão do 'sonho', a profunda compreensão desse mundo imaginário criado por essa programação, é o fim do sofrimento."
Dessa forma, você não está diante da vida, está diante de um “sonho”, onde você nasce, cresce, torna-se adulto, envelhece, adoece e morre, ou pode morrer antes de envelhecer. Há sempre a ideia de que você está vivendo esta experiência humana, que é a experiência imaginária de uma pessoa no mundo, separada da vida, nesse desespero enorme para encontrar-se com Deus, para ver se esse sofrimento termina. Isso, também, é parte do “sonho”, pois, é um Deus imaginário, produzido pelo pensamento. Você constrói templos para Deus, reza e canta para Ele, se apaixona por Ele, mas é uma questão imaginária do pensamento, porque nada disso representa uma real quebra dessa ilusão do sentido de separação. Isso porque a confiança no pensamento ainda está aí e, dessa forma, você continua como uma criatura romântica, sentimental, emocional, intelectual… Isso não é nada Real.
Você está aqui para descobrir o que significa ficar com a vida como ela se mostra, e não como o pensamento deseja que ela seja. Por isso que a expressão, aqui, é Acordar, que significa o fim dessa insanidade, o fim dessa falsa identidade, pensando, sentindo, experimentando, vivendo. Quando os Sábios, que realizaram a Verdade sobre Si mesmos, falam que você está vivendo um “sonho”, eles estão dizendo que você está vivendo no mundo que a mente constrói, com base em imagens sobre quem você é, quem o outro é, o que o mundo é, o que Deus é, o que a vida é... Está claro isso? Esse é o “sonho” dos tolos.
Eu não estou falando dessa capacidade de se utilizar da linguagem, porque aqui estamos nos utilizando de palavras, que são somente expressões de imagens e pensamentos também. Então, estamos dentro do “sonho”, falando para você de Algo fora dele. Sua Realidade está fora desse “sonho”, e seu Ser está fora da mente, da linguagem, das imagens, da história, da experiência. Pessoas, primariamente, vivem em “seus mundos”, os quais, na verdade, são esse único mundo do “sonho”, da crença, da separação.
Por isso que Satsang é algo muito precioso. Todo esse mundo de “sonho” é algo dentro dos pensamentos, e todos eles, sejam bons, maus, amáveis ou de ódio, ocorrem dentro de Algo misterioso, de um Espaço misterioso, que está além do pensamento, além do “sonho”. Esse “sonho” vem com os pensamentos e desaparece com eles, enquanto esse Espaço permanece. Em Satsang, estamos apontando para esse Espaço, para essa Realidade fora da mente. Despertar, Acordar, é a própria Vida, sem o sentido do “sonho”, de separação, do “eu”, como esse Puro Espaço, misterioso e indescritível. Alguns chamam esse Espaço de Consciência, Presença, Ser, Verdade.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 05 de abril de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

A felicidade nasce da real inteligência

Todos esperam encontrar uma vida livre de problemas, de sofrimentos e, naturalmente, de toda forma de conflito. É isso que todos buscam. A procura da paz, da liberdade, da felicidade é a procura de uma vida livre de conflitos, dilemas e problemas. A Realização é essa possibilidade. A Realização da Verdade sobre Si mesmo é o Despertar da Real Inteligência. Inteligência é algo que não tem nada a ver com os pensamentos, e essa é a primeira coisa a ser vista. É necessário compreender isso muito claramente. Pensamento é um elemento de limitação, de restrição, portanto, do ponto de vista psicológico, um elemento de conflito.
Vou falar um pouquinho com você sobre essa questão da inteligência e a relação direta que ela tem com a Real Felicidade. O que posso lhe dizer sobre isso é que é impossível a Felicidade sem a Real inteligência, e é impossível haver Inteligência enquanto a mente egoica estiver presente. Mente egoica é a ilusão de uma mente pessoal, particular, separada da Consciência. A Verdade presente é sempre Consciência, enquanto a mente é essa limitação formada por um conjunto enorme de pensamentos que passam dentro de você. Na mente, você está sempre projetando alguma coisa. Assim, você não é uma realidade presente nessa experiência de pensamentos.
O pensamento é um movimento automático e condicionado. Ele cria a ilusão de que você está presente nessa experiência dele, projetando o futuro ou tentando se livrar de algum peso, de alguma memória, de alguma lembrança do passado. O problema é que você acredita que está lidando com o passado ou com um futuro possível. Você acredita que a memória é uma coisa sua e que as lembranças, aquilo que vem do passado, é uma realidade que você controla. Da mesma forma, você acredita que está manejando as ideias sobre o que pode vir a acontecer, que é o futuro. Na verdade, você nunca se move; nem com o passado, nem com o futuro. O pensamento não é um elemento com o qual você se move, por isso você não pode se mover para o passado e nem para o futuro.
Eu resolvi falar com você, neste momento, sobre a beleza da Inteligência. Repare a verdade disso: a Inteligência não tem nenhuma relação com o pensamento. Assim, não pode haver Inteligência na imaginação. O pensamento não faz parte da Inteligência e não pode haver Inteligência na memória. Portanto, você não pode conhecê-La se acredita que pode se mover com base em pensamentos. Pensamentos são abstrações, conceitos, crenças. Dessa forma, o passado e o futuro são formas de crença. Você pode imaginar o passado e futuro, mas não pode vivê-los. Essa imaginação é um movimento do pensamento, e você nunca está presente dentro disso. Esse é, basicamente, o movimento dessa ilusão da egoidentidade.
Acompanhe com atenção! Quando as pessoas dizem que estão preocupadas, elas estão com medo do passado ou estão ansiosas quanto ao futuro ‒ aqui está um exemplo de não inteligência. Isso não é você no seu Estado Real, Natural. Portanto, aqui está a ilusão do senso de separação.
Eu estou falando com você, hoje, sobre a importância da Felicidade. A beleza da Realização, que é Felicidade, não pode ser encontrada no pensamento. Quando o pensamento não está, Você já é Aquilo que está buscando. Você não pode ser outra coisa, a não ser essa Realidade, que é Consciência, e Ela não se move, não pode ser encontrada no movimento, não pode ser encontrada na mente. É necessário que a mente —esse movimento de memória e de imaginação do futuro — desapareça. É aqui que está a causa de todos os seus problemas: o movimento da mente, do pensamento, e a ausência dessa Inteligência, que é Você em seu Estado Real, Natural. A Real Inteligência é a presença dessa Consciência livre da mente.
"A Real Inteligência é a presença dessa Consciência livre da mente."
Assim, qual é a causa de seus problemas?
Quando você tem um olhar para os seus problemas, o que vê? Todos eles se iniciam a partir de crenças, e isso é algo possível somente no sentido de separatividade. Quando não há Consciência, os problemas estão presentes, ou seja, a presença da mente egoica, desse movimento, é a ausência dessa Natural Consciência. É bastante estranho dizer isso, porque, para mim, é muito claro que a Consciência jamais está ausente. Quando a mente está ocupando esse espaço, que é quando você está preso, identificado com a ilusão desse “alguém” no movimento do pensamento, é como se essa Consciência, de fato, não existisse mais.
Uma criança pequena, de um ano, diante de um espelho, será capaz de ver a sua imagem refletida nele e o quanto essa imagem se parece com ela. É possível que a criança brinque e se divirta com aquela imagem, mas, com essa idade, ainda não está claro para ela essa autoconsciência, a consciência do “eu”, porque não lhe disseram que “ela é aquele corpo”. O que está faltando? A crença, a ideia, o pensamento.
Assim, a ideia “eu” é só um pensamento, uma coisa que você aprende. Se a criança com a idade de apenas um ano brinca e se diverte com sua imagem, há uma perfeita consciência, uma completa experiência acontecendo, mas ela não a particulariza. Ela não diz: “Eu”. A Consciência está presente, mas a ilusão da separação não. Aquele que vive em seu Estado Natural, o Estado Real de Ser, como essa criança, vive em pura Consciência também, sem o sentido de separação. Seu Estado Natural é de Inteligência absoluta! É quando a ideia “eu” surge que o sentido de separação aparece; sem essa ilusão do “eu”, não existe sentido de separação.
Então, qual é a causa real de seus problemas? O pensamento, a ideia sobre como a vida deve ser, como as coisas devem e precisam ser para “você”. Então, tem “você” e a vida; não há Consciência. Sua preocupação particular, pessoal, egoica, é sempre de autoconsciência. A Consciência está presente, mas é como se Ela não estivesse. Assim, a sua preocupação não é com a Consciência, mas com a autoconsciência, em estar sempre presente na experiência, experimentando a vida como ela se expressa, como se manifesta. Então, aí está o sentido de dualidade, de separatividade, o sentido do “eu”.
O que estou dizendo é que não existe nenhum “eu”, que isso é parte da imaginação do pensamento, é parte do condicionamento, é uma crença. Tudo que está presente é essa Inteligência, que faz tudo. Seus cabelos e unhas crescem, o coração bate, a respiração acontece... As células do seu corpo estão vivas, fazem a digestão e o corpo assimila calorias. Tudo está acontecendo nessa Inteligência! Assim, aquilo que você chama de “meu corpo” é uma manifestação dessa Inteligência.
Não é necessário esse “eu”. Tudo o que temos presente aqui é uma criança diante do espelho ‒ não há problemas, porque não há o senso do “eu”. Olhe para os seus pensamentos... Eles não são “seus”, fazem parte da cultura. Não existe nenhum pensamento original, tudo é somente cópia, da cópia, da cópia... A Vida está acontecendo como pura Consciência, que é a sua Natureza Verdadeira. Você é pura Inteligência! Em Você, não há razão para sofrimento nem espaço para a miséria. Tudo isso é criado somente pela ilusão da separatividade, que é quando a criança assume a ilusão da autoconsciência e acha que está no controle, passando a se ver como uma entidade separada do próprio espelho.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 22 de abril de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

O Despertar é a Verdade de sua Natureza Essencial

Quanto mais você se torna ciente do processo do pensamento, mais percebe que você não é a mente e que esses pensamentos não são seus. Você não tem propriedade sobre eles. Quando começa a olhar claramente a experiência do pensar e do sentir, isso começa a ficar muito claro. Depois de algum tempo, você começa a perceber, também, que as ações são automáticas, algo que faz parte da memória mecânica do corpo.
A princípio, é algo bastante revolucionário ouvir isso, porque o seu condicionamento é de aceitar a existência de “alguém” presente em tudo isso, no controle, fazendo tudo acontecer. Na realidade, são dois fenômenos presentes. O primeiro fenômeno é a aparição do movimento da mente, no qual estão incluídos os pensamentos, crenças, imagens, opiniões, comparações, ideias... O outro fenômeno presente é a consciência desse movimento, o qual é bastante raro.
A mente tem um poder hipnótico, de transe, de sonho e, por isso, esse primeiro fenômeno é algo que prevalece na grande maioria das pessoas. Elas estão inconscientes do movimento da mente. Então, para essas pessoas, o segundo fenômeno é algo inexistente, elas não têm consciência da mente e vivem nesse estado de transe, de inconsciência, de hipnose, de sono.
A mente tem essa poderosa habilidade de colocar essa consciência como que adormecida. Então, você pode passar uma vida inteira (70, 80 anos, se conseguir chegar lá) nesse estado perdido, em transe – esse é o estado comum do ser humano. É isso que eu tenho chamado de inconsciência ou consciência egoica, e tratado, também, como a “ilusão do experimentador”. É como se houvesse um experimentador dentro da experiência do pensar, do sentir, do fazer, mas isso é somente um estado de sono, de inconsciência. A mente tem esse grande poder.
Ego não é nada mais do que isso: sentimentos, emoções, crenças, imagens e ideias que você tem sobre si mesmo. Esse é o estado de inconsciência. Quando você dorme e se encontra em estado de sono profundo, a mente perde esse poder, mas ela é tão hábil nisso que encontra um modo de escapar e voltar ao seu estado de transe criando o estado de sonho. Então, enquanto a mente está descansando, livre do seu estado de transe, em sono profundo, você desfruta da Paz, do Silêncio, da ausência dessa inconsciência egoica, do estado de mente egoica.
"Ego não é nada mais do que isso: sentimentos, emoções, crenças, imagens e ideias que você tem sobre si mesmo."
O que é bastante irônico é você pensar que tem qualquer controle sobre a mente, pois, tão logo que é capturado por um condicionamento mental, você fica aprisionado a ele. Isso acontece dentro do estado de vigília, que é o estado no qual você experimenta frustração, insatisfação, desejo, medo, muito barulho interno, muita tagarelice, onde o que predomina sempre é a memória, a imaginação do passado. Dessa forma, aquilo que se expressa nesse presente momento é sempre esse fundo de condicionamento, esse estado de transe, essa inconsciência. Porém, quando você começa a se tornar ciente desse movimento da mente, a quebra disso torna-se possível.
Assim, essa inconsciência egoica é apenas um fenômeno mental do qual você não tem consciência. Você está desatento a isso. O Despertar é a Verdade de sua Natureza Essencial, Total e completamente Livre desse transe, da ilusão do “experimentador”. Não há nenhum “experimentador”! Não há nenhum “pensador”! Não há “alguém” no sentir, no fazer ou no pensar! A Meditação é a base para essa Libertação. Então, todo esse conteúdo pode ser visto, esse condicionamento pode ser quebrado, esse transe pode ser desfeito.
Em razão do condicionamento presente, dessa inconsciência, esse conteúdo está produzindo constantemente imagens, crenças, sentimentos. Assim, nessa ilusão, você experimenta o sentido de um “eu” em tristeza, em depressão, em ansiedade, em medo, e assim por diante. Esse estado do falso “eu” é de pura inconsciência, de hipnose, de transe, de sono; é uma condição de grande miséria, profunda limitação. Ou seja, seu Ser está, aparentemente, dormindo, enquanto o ilusório estado do movimento egoico está, aparentemente, se manifestando.
A resposta para isso tudo é Acordar, Despertar!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 08 de abril de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Um contato direto com a Realidade

Se você está buscando a Verdade, a Realidade, Deus, qualquer que seja o nome que você dê para Isso, eu quero lhe dizer que você já precisa começar com um contato direto com Isso. Você não pode partir de uma fantasia, de uma imaginação. O que é absolutamente certo é que essa Verdade, essa Realidade, ou Deus, é o seu próprio Ser. Não importa a circunstância, o que esteja acontecendo naquilo que você chama de “sua vida”, você não pode negar o fato de que a Verdade não pode ser algo ausente daquilo que está aqui e agora, e a única certeza aqui e agora é a do seu próprio Ser. Então, se a sua busca é pela Verdade, é preciso começar com o fato de que Ela está presente aqui e agora, como Aquilo que Você é.
Não estou falando a respeito de uma crença, de um pensamento ou ideia. Você pode continuar fazendo afirmações a respeito da Verdade, mas vivendo completamente perdido na identificação com todo o tipo de crença. Você pode afirmar “Eu Sou” e junto a isso afirmar o medo… “Eu sou esse medo”, “eu sou essa depressão”, “eu sou o corpo”, “eu sou a mente”... Junto a isso, você pode, ainda, acreditar que tem coisas: “eu tenho problemas”, “eu tenho preocupações”, “eu tenho essa ou aquela doença”; “eu tenho essa ansiedade”, “eu tenho esse medo”, “eu tenho depressão”... Todas essas afirmações são baseadas em pensamentos ou sentimentos com os quais você se identifica, e isso é um afastamento completo da Verdade, dessa Realidade sobre Você.
Então, você quer encontrar Deus, a Verdade, a Realidade, ao mesmo tempo que está se confundindo com o corpo e a mente, com emoções, pensamentos e sentimentos. É por isso que as pessoas terminam buscando essa Verdade do lado de fora, nas religiões, nas práticas esotéricas, no misticismo, no esoterismo. Se você quer, de fato, encontrar essa Verdade, deparar-se com essa Realidade, que é Deus, a base é tornar-se cônscio de sua Verdadeira Natureza. É necessário saber a Verdade sobre si mesmo, conhecer esse sentido Real de Presença, a Presença de sua Natureza Essencial. Isso só é possível quando você está além desse sentido de identidade separada, no qual está vivendo essas experiências, pensamentos, sentimentos e emoções.
Se você se confunde com a experiência do medo, da ansiedade, da preocupação ou dessa sensação ilusória de um experimentador, identificando-se com o corpo e a mente, não está verdadeiramente cônscio dessa Presença de sua Essencial Natureza. Esta Presença Real do seu Ser não é particular, não é pessoal, nem está identificada com o corpo ou uma mente particular. Então, estar cônscio Disso, de seu Estado Natural de Meditação, é estar desidentificado do corpo, da mente e de toda experiência vinculada a pensamentos, dentro dessa ideia de mundo.
"Se você se confunde com a experiência do medo, da ansiedade, da preocupação ou dessa sensação ilusória de um experimentador, identificando-se com o corpo e a mente, não está verdadeiramente cônscio dessa Presença de sua Essencial Natureza."
O que estou dizendo para você é o que todas as antigas tradições, que trataram dessa questão do encontro com a Realidade, disseram. Por exemplo, no hinduísmo, eles dizem que Deus é essa Realidade não dual, sem uma segunda coisa, separada ou à parte Dele. No budismo, eles dizem que a Verdade não conceitual é uma Realidade sempre nova e presente, aqui e agora. Então, estamos tratando de uma Realidade onipresente, onipotente e onisciente, que a tradição judaico-cristã, também, assim considera. Assim, aquilo que estou compartilhando aqui com você não é uma questão sobre o que a religião disse, mas a Verdade de sua Essencial Natureza, algo que pode e precisa ser vivenciado por cada um de vocês. É disso que tratamos em Satsang.
Então, todas as tradições, em qualquer parte, estão apontando para Aquilo que eu tenho apontado para vocês. Entretanto, minha fala não nasce do estudo de religiões e tradições, mas da vivência direta dessa Realidade, dessa Verdade. Aqui, estou apenas fazendo uma observação para você, dizendo que é exatamente a mesma coisa, ou seja, estamos tratando de uma só Realidade, Verdade ou Deus. Não existe nada além Disso. A busca se torna um problema quando ela é externa, voltada para práticas religiosas, espiritualistas ou filosóficas. Aqui, trata-se de autoinvestigação, Meditação e real entrega à Verdade, e isso acontece aqui e agora em você. Não existe nenhum outro elemento externo, nada a ser encontrado do lado de fora. Nenhuma prática, experiência esotérica ou mística pode lhe dar Isso.
A busca se torna um grande problema porque ela implica a crença de que você está indo alcançar alguma coisa, algo que não se encontra neste instante, algo que você ainda não conseguiu ou não tem, porém, isso não é verdade. Aqui, trata-se da descoberta da Verdade sobre Si mesmo e não da conquista de alguma coisa, de algo que chegará algum dia para você. Você está pensando em algum momento futuro, no qual você será capaz de conseguir Isso, e não existe futuro Nisso. Isso é onipresente e é somente aqui e agora, é a sua Real Presença, é algo muito simples e muito belo. É por isso que toda busca se torna um grande problema, um afastamento Disso. Você precisa descobrir, aqui e agora, essa Realidade Presente, abandonando a ilusão.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 15 de abril de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

terça-feira, 14 de maio de 2019

Existe somente Consciência

É essa sensação de insatisfação que o motiva a se associar a uma religião, a buscar um professor e livros para ler. Uma única coisa faz isso tudo acontecer: essa sensação de que algo está incompleto. Por isso, há milhares de religiões e um consultório psiquiátrico para cada dez pessoas no mundo. Então, termina-se buscando diversos caminhos, métodos, crenças, toda forma de ajuda possível, para escapar do sofrimento, desse estado insatisfatório de ser. Esses são os caminhos comuns.
Para onde quer que você olhe, vai enxergar alguém sofrendo. Então, você busca na ioga, na religião, na filosofia, na psicologia, na psicanálise, na análise, na hipnose, nas terapias alternativas, até que chega um momento em que você começa a perceber que nada dá certo. A princípio, você fica muito fascinado e entusiasmado com alguma técnica nova que surge trazendo essa promessa, mas quando há o reconhecimento consciente de que toda essa motivação dirigida para fora não funciona, o convite de Satsang chega até você.
Satsang é a única possibilidade do Despertar da Real Compreensão. Quando você reconhece o valor Disso, você está pronto. Tudo acontece em razão desse sentido de separação. Por ele estar presente, o sofrimento também está, então, essa busca acontece. O sofrimento impulsiona a busca, mas ela não traz compreensão. Você passa a maior parte da vida nesse processo da busca, saindo de uma alternativa para a outra, de uma religião para a outra, de uma filosofia para outra, de uma técnica para outra ou de um método para outro, até que chega o momento da Compreensão, do Despertar da Compreensão. Você percebe que todo esse movimento é para fora e que ele produz mais sofrimento.
Então, esse convite para o Despertar, para a Real Compreensão, significa se assentar em Satsang. Isso traz essa radical Compreensão. A Realização Disso é a Divina União, que no budismo é chamada de “Nirvana”, no cristianismo de “Reino dos Céus”, no hinduísmo de "Moksha" (Liberação), mas Isso é, simplesmente, Consciência, Compreensão, o Despertar da Compreensão. Não existe nada além dessa Consciência; não há nada anterior a Isso, nem além Disso!
Você não é um pedaço de Deus. Você não é como uma fagulha de um grande e único fogo. Isso é mais um conceito mental que você aprendeu na religião. Não existe nenhum pedaço de Deus dentro do corpo. Não existe nenhum corpo como uma expressão de um pedaço de Deus, ou uma pequena fagulha buscando o grande fogo. Você não é uma fatia, não é um pedaço. Existe somente Consciência! Não existe uma entidade aí presente na busca de Deus. Só há Deus completo, não um pedaço reconhecendo a si mesmo nessa Compreensão de sua Natureza, de sua Totalidade. A Natureza, a Fonte, é uma só: essa única Consciência, sem forma, sem nome, sem partes. A identidade é uma ideia, a “pessoa” é uma crença, as formas e os nomes são imaginações. O que você tem é uma imaginação de uma entidade presente aqui, neste momento, dentro do corpo, falando, pensando, agindo, com um nome, uma data de nascimento e uma história. Então, essa ilusão criou essa identidade e essa ideia de ser um pedaço que quer unir-se ao todo, uma parte que quer completar-se na totalidade, uma fagulha que se desligou da chama e agora quer voltar para ela. Quando você está em Satsang, nesse espaço da Compreensão, do Real Despertar, o sofrimento ‒ causado pela ilusão desse sentido de individualidade, de separação, que o faz pensar, agir e sentir nessa ilusão de “ser alguém” ‒ termina.
Seus pensamentos giram em torno dessa suposta entidade que você acredita ser. Então, você tem preocupações, sentimentos, problemas e conflitos pessoais; tem uma busca pessoal e um sofrimento particular. Isso não é real, é uma ilusão sustentada pela crença na história de uma “pessoa”, na qual incluem-se “outras pessoas”. Não há uma única “pessoa”! Não existe um “você”. Então, essa ilusão não apenas cria esse “você”, mas uma história na qual várias outras pessoas são incluídas, a quem chamamos de família, amigos, inimigos, e assim por diante. A mente diz que tais pessoas são reais também, ou seja, ela vê um mundo cheio de pessoas em torno de uma única pessoa: “eu”.
A Real Compreensão é o fim disso, pois essa contração imaginária do sentido do “eu” se desfaz. Quando não há mais essa contração, o sentido de “pessoa” vai embora e o mundo termina ‒ o mundo da dualidade, da separação, da busca, portanto, o mundo do sofrimento. Assim, não há nada do lado de fora, nem do lado de dentro. Essa Realização é o fim da ilusão dos pedaços, das fagulhas, das centelhas, das partes. Tudo é essa Consciência! Isso é Real Compreensão, é Realização!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 12 de abril de 2019. Encontros online todas as segundas, quartas e sextas, às 22h (exceto em períodos de retiro). Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Sua única missão na vida

Em Satsang, estamos falando de algo a partir de uma experiência, de uma vivência direta. Assim, não estamos tratando de uma teoria. Eu só posso lhe falar de minha própria experiência e, para mim, essa Realização representa Felicidade. Tudo o que falamos aqui é sobre essa questão da Felicidade. Para mim, essa é a grande e única coisa que importa.
Sua única missão na vida é realizar seu Estado Natural, que é Felicidade... é descobrir sua Felicidade. Essa é a única coisa que importa! Satsang é algo revelador e você está aqui para descobrir Isso. Então, tudo o que posso tratar com você, nesses encontros, é a partir de uma visão direta, de minha própria experiência.
A busca de todos é pela Felicidade. Há uma grande dor presente em todos, que é a dor do sentido de separação, a dor do não reconhecimento da Verdade sobre si mesmo. Então, não importa quantas coisas você já tenha realizado em sua vida ou quantas coisas ainda pretende realizar. Sem o reconhecimento da Verdade sobre si mesmo, não há Felicidade.
Esses são encontros de Revelação do Silêncio, da Verdade e da Paz, algo inerente ao seu Estado Natural. Essa é a sua missão de vida! Sua missão de vida é a própria Vida! Entretanto, você permanece em sofrimento em meio a toda satisfação, realização, prazer e conquista. Dentro desse sentido de separação, de distância da Verdade, algo que o pensamento tem produzido aí, você se mantém em sofrimento.
Uma coisa interessante é que o sofrimento, em si, não é o problema; ele é a indicação de que o sentido de separação está presente. Assim sendo, o sofrimento é um sinalizador de que esse sentido de separação não é o seu Estado Natural. As tradições religiosas (Budismo, Cristianismo, Hinduísmo, ou qualquer outra tradição) têm tentado cuidar desse assunto, mostrando a importância da união com o Divino, com a Verdade.
O problema é que, enquanto houver o sentido de um “eu” presente, essa Unicidade é impossível. Na verdade, esse próprio “eu” é a ilusão da separação, da dualidade, e enquanto houver dualidade, haverá sofrimento. Essa própria busca pela Felicidade ainda é parte do sofrimento. Eu quero repetir mais uma vez isso: o sofrimento não é o problema, é uma boa coisa, porque ele lhe mostra, lhe dá um sinal desse sentido de separação.
Então, toda essa dor psicológica, essa dor de separação, está sinalizando que você não está em seu Estado Real, em seu Estado Natural. Assim, quando falamos de Felicidade, estamos falando de algo completamente livre e independente das situações externas. É algo que precisa ser claramente compreendido.
"Então, toda essa dor psicológica, essa dor de separação, está sinalizando que você não está em seu Estado Real, em seu Estado Natural."
Felicidade é algo que flui de sua Verdadeira Natureza, algo completamente independente de qualquer situação externa, inclusive da condição do próprio corpo. Uma coisa é a dor física causada por uma enfermidade, outra coisa é essa dor psicológica causada pelo sentido de um “eu” com suas exigências, escolhas, desejos e tudo mais. A dor física acontece nessa estrutura corpo-mente, enquanto que a dor psicológica ocorre no imaginário senso de uma entidade separada – esse é o real sofrimento.
Assim, é possível haver dor sem qualquer sofrimento. A dor é algo neural, fisiológico, é algo nessa estrutura, nesse organismo, mas, psicologicamente, a dor tem um significado completamente diferente; é a dor da separação. Se você ainda não teve uma dor física, não se preocupe, você terá. Enquanto houver corpo, haverá uma forma de dor. Isso é algo inevitável.
Esse tipo de sofrimento é a ausência do acolhimento da vida como ela se mostra, como ela se apresenta; é quando há um conflito na relação com o que se apresenta neste instante. Isso é algo completamente psicológico, sem nenhuma realidade, pura imaginação. Conseguem ver isso?
A mente egoica vive nesse modelo, dentro dessa programação. Todos à sua volta estão vivendo dentro dessa programação. Não existe aquele que tenha coragem de renunciar ao sofrimento, porque o fim do sofrimento é o fim da ilusão de uma identidade presente, é o fim do sofredor. Nesse sentido, todos amam o inferno. Se você escolhe viver nesse “senso de dualidade”, nesse “senso de separação”, você ama o inferno. Esse é o problema.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 27 de março de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Satsang é algo diretamente vivencial

Essas falas colocam, de uma forma direta, algo fundamental. Embora alguns dos termos usados possam parecer ligados à espiritualidade, não estamos tratando disso nesses encontros. Espiritualidade não tem nada a ver com a Verdade. As pessoas são muito ligadas à busca pela espiritualidade. As diversas crenças, dentro da espiritualidade, são muito atraentes para a mente. Há um forte orgulho interno quando as pessoas declaram que são espirituais.
Na verdade, Aquilo que Você é não tem nada a ver com essa conhecida espiritualidade, com religiosidade, ou com qualquer coisa. Aquilo que você é não é material, não é espiritual, não pode ser colocado dentro de qualquer classificação. A mente está sempre buscando analisar, conceituar. Isso pode ser até útil para a sobrevivência desse organismo, desse mecanismo, desse corpo-mente, mas analisar e conceituar não tem qualquer utilidade dentro da Realização da Verdade, da Verdade sobre você. Então, essa é uma visão equivocada, ou uma cegueira completa.
Assim, basear-se em conceitos, em análises, firmar a sua visão com base em crenças, é completa cegueira. Você está completamente cego quando acredita, através de conceitos, de análises e de crenças, poder compreender a Realidade. Por que isso não é possível? Porque a Verdade está além da mente, além da religiosidade, além da espiritualidade, além das crenças, das análises e dos conceitos.
Assim sendo, a primeira coisa aqui é perder a esperança. Isso mesmo! A Verdade não se revela pela esperança. Esperança é uma forma de crença. Embora seja uma crença otimista, positiva, ainda é uma crença. Esperança é algo que faz de você alguém positivo, alguém proativo, mas ainda é uma forma de crença. A Verdade é tão singular e tão plena em Si própria, que não precisa de nenhuma outra base para se sustentar. Ela não precisa da crença, não precisa da esperança; Ela se revela na Constatação! Tudo o que você precisa é constatá-La por si mesmo. Nesse sentido, nenhum guru fará isso por você, porque nenhum guru pode fazer isso em seu lugar. É uma Constatação sua, a sua Realização. Então, não se trata de aceitar isso de forma cega, analisando e prendendo-se a conceitos ou a qualquer forma de crença. A verdade é que você não precisa da esperança. Você só tem a crença que lhe dá essa esperança porque você não tem a Constatação direta. Quando você pode constatar diretamente, não precisa da crença. Precisamos da habilidade, da capacidade, da graça de ver Isso diretamente por nós mesmos. Esse é sempre o meu trabalho com você em Satsang. É necessário que você constate diretamente, que tenha a sua própria visão, algo que nasça dessa direta Constatação, e só a Meditação pode dar isso.
Assim sendo, Satsang é algo diretamente vivencial, é onde você vivencia diretamente a Realidade da Meditação. Então, você não precisa da crença, da esperança, de conceitos, de análises intelectuais… A Verdade que você é não pode ser representada intelectualmente por conceitos, explicada de forma analítica. Coloque de lado todos os conceitos, preconceitos, crenças, toda forma de aproximação, mesmo que positiva, que é aquela baseada na esperança.
Então, Satsang é algo experimental, vivencial. Você vivencia, sabe e vê diretamente. Não se trata de uma busca; esse é outro ponto. O tempo, aqui, não é um fator importante, mas a entrega sim. Nós estamos falando da importância dessa rendição, dessa entrega. Rendição ou entrega à Verdade é a base que lhe possibilita ver Isso diretamente. A Sabedoria nasce do Estado Natural de Ser, é o florescer dessa Constatação da Verdade que Você é! Não há nenhum mapa que possa representar Isso, não é possível fazer uma fotografia da Verdade.
O que eu estou dizendo é que Você é essa Realidade, já é Aquilo que busca. Você não precisa de um mapa, porque nenhum mapa, nenhuma fotografia pode ser a representação fiel dessa Realidade que Você é. Repito: não se trata de esperança, de uma crença, nem de ideias, conceitos… Nenhuma forma de análise vai ajudar. Ao contrário, só irá atrapalhar. Então, você deve iniciar com o fato de que não existe nada para encontrar, nada para ganhar.
O que Você verdadeiramente é não tem nada para fazer. Se existe um sincero, intenso e fervoroso anelo pela Verdade, você vai colocar de lado todas as coisas, toda essa espiritualidade, essas crenças, esses conceitos, porque tudo isso é parte da ilusão, na qual o sentido de separação se sustenta, se mantém. Quando as pessoas se aproximam, logo demonstram que não estão dispostas a deixar tudo isso, e a vida dessa identidade separada está se mantendo justamente nisso. Então, o convite, em Satsang, é: abandone tudo isso!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 04 de julho de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

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