quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Joel Goldsmith | A Realização da Unidade | O que é a morte? | A verdade da morte | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast; novamente o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Hoje, eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "A Realização da Unidade". Em um trecho desse livro, o Joel faz o seguinte comentário: "Ninguém realmente teme a dor em si mesma, é apenas que a dor pode levar à morte. É isso que se teme". Mestre, sobre esse assunto da morte, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a morte?

MG: Gilson, de um modo geral, nós não atentamos, como pessoas - veja, a base da nossa vida é a vida de uma pessoa presente; é assim que sentimos ser, que acreditamos ser - em geral, a visão da pessoa é a visão da separação, de alguém que está presente, vivo, separado da própria vida. E, geralmente, essa interna atitude se reflete, o tempo todo, em nossas relações com experiências. E, uma das experiências de grande relevância, de grande importância, que não investigamos, é a experiência da morte. A Verdade da morte, a Realidade da morte, a Ciência da morte. nós nunca entramos em contato direto com essa dada coisa, porque olhamos para essa experiência exatamente a partir de uma separação, de alguém, de uma pessoa, que está lidando com alguma coisa separada dela. Nós precisamos, na vida, tomar ciência da morte, porque não existe uma separação real entre viver e morrer, entre a vida e a morte, entre a experiência - que aqui, no caso, é a experiência da morte - e o experimentador dessa experiência, que é a pessoa, que é o "eu".

Quando tocamos nessa questão da morte, o pensamento em nós tem a preocupação de falar sobre isso em termos de perdas materiais. Quando perdemos alguém, nos vemos como alguém separado daquele que nós perdemos. Perder é algo que, na mente, nós rejeitamos, não aceitamos. Nós temos um modelo de pensamento presente em nós, de mente presente em cada um de nós. Esse é um aspecto da pessoa, da personalidade, do próprio ego em nós, é de aquisição, é de possuir, adquirir e controlar. Nós não nos damos conta ainda, não tomamos ciência, ainda, da verdade sobre nós mesmos. A nossa relação com a experiência, a partir desse experimentador, é de alguém que quer possuir, que quer controlar e que, portanto, se agarra, se prende. Olhando para a vida, nós percebemos que parte da vida - é por isso que não há uma separação entre a vida e a morte - parte da vida é o fato de que tudo vem e vai. Aquilo que está aqui agora, depois desaparece. O sentido do "eu", do ego, que é a presença dessa imagem que o pensamento estabeleceu em nós sobre quem nós somos, o movimento do pensamento presente em nós, desse elemento presente que vem do passado, que está aqui, mas vive segurando e sustentando o passado, a presença desse movimento não aceita que a vida seja exatamente assim.

Portanto, nós temos dois aspectos aqui, no que diz respeito a essa morte. A morte para o ser humano é inevitável, como, na vida, o desaparecimento das coisas é inevitável; a morte do ser humano também. Nós morremos por acidente, velhice, doença. de alguma outra forma, é possível também, mas basicamente, essas três formas estão presentes, são mais comuns: acidente, velhice e doença. Mas qual é a verdade sobre a morte? A verdade sobre a morte só será compreendida quando compreendermos a verdade sobre a vida. Enquanto estivermos mantendo essa psicológica condição de identidade do "eu", de autoimagem, de movimento de aquisição, poder, controle e apego a pessoas, objetos, a posições, a satisfação em prazer, a realização em desejos, enquanto isso estiver presente, haverá a presença do medo e do sofrimento. Isso é algo dentro do próprio "eu", é a presença do "eu", a presença dessa condição, é a presença dessa egoidentidade, a presença desse quadro de infelicidade e sofrimento.

A Realidade da vida se revela quando aceitamos o fim da continuidade do passado, nesse formato de pensamento onde está presente esse experimentador, que está se agarrando, possuindo, controlando. fazendo isso com situações, posições e pessoas. Então, é inevitável a presença do medo quando o pensamento está assumindo todo esse controle psicológico dentro de cada um de nós. O contato com a Realidade da Vida reside na compreensão da morte, mas não dessa morte física ou de perdas materiais, mas a compreensão dessa morte psicológica, do "eu", do ego. Permitir que os pensamentos - que são basicamente imagens que nós temos construído sobre as pessoas, sobre posições e sobre objetos - permitir que esse padrão de pensamento se dissolva, desapareça. Essa é a morte do "eu", essa é a morte do ego. Compreender a Realidade da vida é compreender a beleza dessa psicológica morte do "eu".

Podemos, nesta vida, descobrir a morte antes dessa morte física? Podemos nos desprender psicologicamente do pensamento, para ter uma natural visão de perdas materiais e também uma visão muito clara das pessoas com quem lidamos todos os dias, com quem convivemos, com quem nos relacionamos? Podemos ter uma Real Visão, uma Real Compreensão da Natureza desse Ser para uma relação com essas pessoas sem apegos, sem medos, desejos e controles? Sem essa fixação de preenchimento emocional, sentimental, físico ou sexual com elas? Então, haverá uma compreensão da vida. Nessa compreensão está a visão de que tudo desaparece. Portanto, é a compreensão da vida, a compreensão da morte. Uma vida livre do "eu", livre do ego, é uma vida livre de apegos, de desejos, de medos, de controles.

Então podemos, nesta vida, compreender a morte? Podemos viver com a morte como vivemos com a vida? Podemos compreender. podemos, realmente, compreender isso que não há uma separação? A Verdade sobre isso requer uma vida livre do ego, uma vida livre do "eu". Então está presente a Liberdade, a Felicidade e o Amor. e não há controle, apego, medo, desejos no Amor. Tudo é vida quando o amor está presente. Não há alguém para perder alguma coisa, porque não há alguém, não há essa outra coisa. Evidente que estamos, aqui, tocando em algo que está além da experiência comum, do conhecimento comum dessa mente, na qual nós fomos educados para viver, condicionados para viver. É a presença do Despertar, é a Realização de Deus, a Ciência da Vida, a compreensão da morte. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal, dentro exatamente desse tema da morte. A Nara fez o seguinte comentário e perguntou: "Mestre, perdi alguém que amava muito e sinto um vazio imenso. Como olhar para essa dor sem fugir dela?"

MG: Você pergunta como olhar para esse vazio. Não há uma separação entre esse vazio e você! A ideia de olhar para esse vazio é a ilusão de que há uma separação entre esse vazio e você. Há uma ilusão entre essa dor e você. Não é possível olhar para essa dor, separada do vazio. Não é possível olhar para esse vazio, separado dessa dor. Você fala de um vazio imenso e quer descobrir como olhar para essa dor. Não há uma separação entre esse olhar e essa dor, essa dor e esse vazio imenso. A ideia de poder olhar para o vazio para se livrar dessa dor, ou olhar para essa dor para se livrar desse vazio, é uma ilusão. Isso ainda é parte do jogo do próprio pensamento, criando uma separação. Quando você está triste, não existe você triste. Quando você está preocupada, não existe você preocupada. Quando você está com dor, não existe você e a dor. a dor é você! A preocupação é você, a tristeza é você. Nós não temos uma separação entre esse estado que está presente e alguém presente nesse estado. Esse é o velho jogo, esse é o velho truque, essa é a velha pegadinha da mente. Ela se separa para fazer algo com a experiência, ela cria esse experimentador para aquela experiência. Então, ela diz: "Se livre da experiência e você ficará bem!".

Não há uma separação real entre a dor e alguém na dor, a tristeza e alguém triste, porque não existe esse "eu" e o "não eu". Estamos diante de um único fenômeno! Portanto, olhe a dor, mas não a partir de alguém nesse olhar. Apenas assuma a Realidade desse olhar, a dor na dor - não se separe! E você irá perceber que o pensamento está construindo uma história, uma história de base de memória. Esse próprio pensamento é o próprio pensador. Essa própria experiência de base de memória, que são essas lembranças, é o próprio elemento que se separa para resistir, para lutar, para ficar no que deveria ser, no que poderia ter sido. Esse é o jogo, essa é a pegadinha da mente. Assim, esse estado se mantém, porque ele se sustenta em um elemento que se separa para manter a sua continuidade. A rejeição do que é, é pelo que deveria ser, é pelo que poderia ter sido, é a presença do pensamento no formato desse experimentador, desse pensador, que alimenta essa dor e sustenta esse vazio. Permita que esse vazio, que essa dor, esteja aí; não se separe. Uma profunda aproximação da experiência sem o experimentador é o fim da experiência. Uma coisa muito comum é a ilusão presente em nós, de querer se livrar sem a consciência de que isso está aí, de que isso está presente. Tome ciência do fato, tome ciência da experiência, daquilo que está presente. não assuma a separação, porque ela não é real; não resista a este momento ou estará sustentando essa egoidentidade, essa ilusão de alguém para se livrar.

Em geral, é muito inconsciente esse movimento em nós, de querer se livrar. Até mesmo para olhar, a gente quer olhar para se livrar; e lá está o "eu", lá está o ego. A presença da visão da verdade do que está aqui, liberta. Liberta, porque libera esse estado, porque é um estado que se assenta no passado, na memória, no pensamento. O fim do pensamento é o fim desse sentimento, dessa emoção, dessa sensação, porque o fim do pensamento é o fim dessa separação entre você e a experiência, entre esse pensamento criando esse pensador. Para investigar isso melhor, participe de um encontro on-line. Precisamos nos aproximar da verdade sobre quem nós somos para irmos além desse "eu", para irmos além desse ego.

GC: Mestre, temos outra pergunta, também dentro desse tema da morte, onde o Leonardo faz o seguinte comentário e pergunta: "Quando penso na minha morte, sinto ansiedade, fico mal. Existe uma forma de acolher esse pensamento sem ser dominado por ele?"

MG: Observe bem o que você diz. Você diz: "Quando penso em minha morte, fico mal", e também pergunta como acolher esse pensamento. Observe a presença do medo. Tome ciência da presença do medo e ficará claro que não há medo sem o pensamento. É quando você pensa na sua morte, não é quando o pensamento não está, que você se sente mal - você se sente mal quando o pensamento está. Não há uma separação entre o pensamento da morte e esse estado que você chama de "um estado ruim", "um mau estado". É fundamental nós termos uma compreensão do que é o pensamento. A base para o medo é a presença do pensamento, sem o pensamento não há medo. Você fala em acolher o pensamento. Haverá uma separação entre esse elemento que irá acolher o pensamento e o próprio pensamento? Não será esse elemento para acolher o pensamento o próprio pensador? Não é a pessoa, não é esse "mim", não é esse "eu" que quer acolher o medo? Mas há uma separação entre esse medo e esse "eu"? Há uma separação real entre esse pensamento e esse pensador, entre esse pensamento e esse elemento que quer acolher?

O fato é que a presença do pensamento é a presença do pensador. A presença do pensamento é a presença do medo. Portanto, qual é a resposta para a solução desse problema? Como pôr fim a esse problema? Tome ciência de que não há separação; assuma a verdade de que não existe uma separação, que não existe alguém que possa acolher esse estado que é esse mal-estar, que é esse medo. Não se separe, não busque se livrar, não pense em acolher. Tudo isso faz parte do jogo do próprio pensamento. É ele o fundamento, a base desse estado. É a compreensão da não separação, da não divisão, é o olhar sem o observador, é o perceber sem o percebedor, é estar cônscio sem alguém, sem esse "mim", sem esse "eu", que põe fim a esse estado, a esse medo, a esse pensamento.

Esse contato com a morte, aqui, que faz com que você se sinta mal. repare, você está apenas em um contato com o pensamento! É a ideia sobre a morte, é a imaginação sobre a morte, é o futuro para esse "eu", a presença do medo. Mas o futuro, essa morte, essa imaginação, é a própria presença do "eu". Quando o pensamento surgir, apenas olhe, não reaja, não se envolva. Então não haverá alguém para acolher, não haverá alguém para temer. Quando isso acontece, nós temos o fim para essa condição, nós temos o fim para esse estado, porque o pensamento não se sustenta nessa observação sem o observador. A verdade sobre dessa morte que lhe faz temer é a verdade de um pensamento que se projeta no futuro a partir de um pensador, de um observador, de um experimentador. Essa é a raiz do medo, essa é a raiz desse estado, dessa condição, desse mal-estar.

Aqui, estamos com você trabalhando essa questão do Autoconhecimento, que é nos tornarmos cientes de nossas reações, sem nos envolvermos com elas. Então, o sentido do "eu" termina; dessa ilusão de identidade que pensa, que sente e que faz, termina. A Vida Real é a Vida onde está presente a Realidade além do pensamento e, portanto, além do "eu". Essa é a Vida Real, e nessa Vida Real não existe uma separação entre vida e morte, entre alguém vivo e alguém para morrer, entre alguém vivo e alguém morrendo; porque não há esse alguém, não há esse "mim", não há esse "eu". Portanto, apenas observe suas reações e não se envolva. Não se trata de alguém fazendo algo ou deixando de fazer algo. Se trata, exatamente, dessa ciência de que estamos apenas diante de um movimento que é o movimento do pensamento, e quando ele não recebe a continuidade - porque não há qualquer intenção, motivação, interesse em fazer algo com o pensamento - ele desaparece. Portanto, isso é o fim da continuidade. Ocorre, nesse momento, o fim para essa assim chamada particular "morte" ou essa particular "vida" desse "mim", desse "eu". Ok?

GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais esse videocast. E, para você que está acompanhando o videocast até o final e realmente quer viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros intensivos que o Mestre Gualberto proporciona. Nesses encontros, além de o Mestre responder diretamente às nossas perguntas, acontece algo muito mais poderoso e profundo do que isso. Por o Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha um campo de Presença que é puro Poder e Graça, e, nesses encontros, a gente acaba entrando de carona nesse campo de Energia do Mestre. E, pegando essa carona do Mestre, de maneira natural e espontânea, entramos no estado meditativo, podemos aquietar nossas mentes e ter uma visão e uma compreensão além de toda a limitação do entendimento intelectual. Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. E, mais uma vez, Mestre, gratidão pelo videocast.

Julho de 2025
Gravatá-PE
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