terça-feira, 12 de agosto de 2025

O que é o pensamento? Se auto-observar. Nossa autoimagem. O sentido de dualidade. Mente dualista.

Aqui, com você, nós estamos investigando como nos libertarmos desse sentido do "eu", desse sentido egoico. Essa é uma libertação de toda essa estrutura, que é a estrutura psicológica do mundo, essa estrutura psicológica da mente humana, do condicionamento mental; essa é a estrutura psicológica da sociedade, dos valores do mundo. A não ser que tenhamos essa libertação, essa liberação, o fim para essa condição, nós continuaremos presos a esse velho modelo desse sentido do "eu".

Primeiro, antes de tudo, o que é esse "eu"? Nos antigos teatros, aquela máscara usada pelos atores eram chamadas de persona. Persona é uma palavra em latim para pessoa. Assim, a pessoa que nós somos é, na verdade, essa personagem. Essa personalidade em você não é a Realidade do seu Ser, é a verdade sobre você como uma pessoa, como uma máscara. Assim, com o tempo, a palavra persona assumiu o lugar da pessoa.

A pessoa é a persona; a Realidade deste Ser não é essa persona, não é essa pessoa. Essa pessoa, essa persona é o "eu", é esse "mim", é esse "ego". Quando nós nos orgulhamos da pessoa que nós somos, o nosso orgulho é o orgulho que o pensamento sustenta sobre a imagem que ele faz dele próprio - esse é o orgulho. Estamos diante de algo que é ilusório, que se assenta apenas em uma imaginação, em um movimento de imagem, construída pelo pensamento.

A não ser que nos libertemos dessa psicológica condição da pessoa, desse "eu", dessa autoimagem, jamais conheceremos a Verdade de Deus, a Verdade deste Ser. Não há uma separação real entre aquilo que é a Verdade, a Realidade e este Ser. Assim, nós temos a verdade da pessoa, a verdade da vida da pessoa, desse personagem, dessa máscara, e temos a Realidade da Vida Divina. Descobrir a ciência do seu Ser é se deparar com a Realidade de Deus.

Toda a resposta que temos para a vida a partir da pessoa que somos, que demonstramos ser, que parecemos ser, que, na verdade, expressamos sendo aqui, nesse instante, a verdade sobre isso é contradição, é conflito, é desordem. Nós somos criaturas violentas, agressivas, possessivas, dominadoras, ambiciosas. Nós vivemos dentro de um modelo de separação, de dualidade. O sentido de dualidade está presente nessa mente dualista.

A mente em dualidade é a mente que tem criado a separação entre esse pensador e o pensamento, entre esse experimentador e as experiências, entre esse que vê e aquilo que ele vê, que é o observador e a coisa observada, nessa mente dualista, nessa mente em dualidade, que é a pessoa. A Vida não é dual. Não há algo que possa se separar da Vida. Sendo a Vida a única Realidade, tudo nela é ela mesma. Não existe esse "eu" e o "não eu", esse "eu" e o outro, esse "eu" e a Vida.

Esse "eu" é um centro falso, é uma construção do pensamento. O pensamento construiu isso com base em memória. Repare como isso é importante ser compreendido aqui, porque isso envolve a questão do pensamento, da verdade sobre o pensamento, da questão sobre o que é o pensamento. Reparem como é importante compreender isso.

Quando você tem experiências, essas experiências são guardadas no cérebro, registradas no cérebro como memórias. Ao passar por experiências, você tem memórias delas, lembranças, recordações sobre elas. Essas recordações, lembranças, são imagens estabelecidas no cérebro sobre o que aconteceu. Aqui temos a presença do pensamento. Então, o que é o pensamento? O pensamento são essas lembranças, essas recordações.

Quando eu me encontro com você, eu guardo o seu nome e também o seu rosto. No próximo encontro, eu posso lhe reconhecer; esse reconhecimento é um reconhecimento de memória. Apenas o cérebro está nesse reconhecimento, em razão desse processo de trazer de volta a lembrança. Então, o pensamento é basicamente isso: é apenas a memória, é a lembrança.

Nós não sabemos lidar com o pensamento de uma forma real, porque o pensamento não fica apenas nesse nível; ele vai para uma outra base, para uma outra linha, para um outro nível, que é o nível de sustentação psicológica de uma entidade presente nessa lembrança. Essa entidade na lembrança é uma imaginação do pensamento. Por que quem é a pessoa que está se lembrando? Não existe pessoa se lembrando, existe apenas a lembrança. Mas o pensamento criou uma pessoa, criou esse "eu", esse mim: essa é a nossa autoimagem.

Nós precisamos compreender essa questão da autoimagem, porque essa autoimagem é um elemento fictício, criado pelo pensamento, e tudo que o pensamento faz a partir dessa auto imagem é dar uma formação cada vez maior a essa autoimagem, acumulando ela de maiores experiências, conhecimentos e lembranças. Essa autoimagem é a presença do experimentador, é a presença do pensador; é esse o elemento na mente, que está presente sustentando essa separação. Esse elemento é o "eu".

O modo como você lida com as experiências a partir desse "eu" é um modo onde esse "eu" é o elemento mais importante naquele momento. Assim, há esse autocentramento. Como há essa separação, nessa separação se estabelece a contradição, a violência, o medo, a agressão, esse sofrimento de ansiedade, esse sofrimento de angústia, esse desejo de possuir, esse desejo de se livrar. Tudo isso está presente com a presença desse "eu".

Esse é um comportamento típico nesse egocentrismo, nesse sentido de pessoa. No entanto, essa pessoa não é real, assume essa verdade de ser a partir dessa autoimagem. Nós não estamos lidando com a Realidade, estamos lidando com a imaginação, com a fantasia, com o movimento de uma máscara, de um personagem que está no centro do momento, no centro da experiência, no centro desse sentir, desse pensar, desse atuar, desse agir na vida. Essa é a estrutura do "eu", é a estrutura do "ego".

Podemos romper com isso? Pôr fim a essa continuidade de imaginária vida? Porque essa é a vida do personagem, essa é a vida da pessoa. O meu contato com você é como o seu contato comigo: um contato entre imagens. O modo como represento a vida à minha volta, represento a vida a partir dos símbolos que tenho, das memórias, lembranças, recordações que tenho em mim, nesse "eu".

Não estou em contato com a vida, estou em contato com a ideia sobre a vida, estou em contato com o pensamento sobre a vida. Então, há uma separação entre a vida como ela está acontecendo e a representação que tenho dela, a partir do pensamento que tenho, que está em mim. Esse pensamento é o passado presente. Temos o instante e temos, nesse momento, presente o passado.

O meu contato com pessoas são contatos de abstrações. Nossas relações na vida são relações ilusórias, são relações de abstrações mentais, são relações nessa mente dualista, nessa mente egoica. A Verdade da Felicidade é desconhecida, a Verdade do Amor é desconhecida, a Verdade da Paz é desconhecida. Olhando para o mundo, percebemos que não existe tal coisa nas relações humanas; isso porque essas relações humanas são relações mentais, são relações entre pessoas, são relações no pensamento.

O pensamento é o elemento que assumiu a vida, a vida do "eu", a vida dessa entidade egoica, que vive em seu isolacionismo, que em sua autodefesa, construiu essa autoimagem, e tudo faz em torno de conseguir para essa autoimagem maior crescimento, maior ampliação, puro egocentrismo. É assim que temos nos situado na vida: temos a vida como ela é e temos a ideia da vida sobre como ela precisa ser para mim.

Assim, as divisões entre as pessoas, a confusão dentro das relações, o sofrimento psíquico presente nesse "eu", é algo típico dessa consciência psicológica social, dessa consciência psicológica do mundo. Olhar para tudo isso, tomar ciência de tudo o que acontece psicologicamente e se desvencilhar desse modelo psicológico de existir, de ser, de se situar na vida como alguém, como uma pessoa, esse é o nosso propósito.

Nós precisamos de uma nova consciência. A consciência que temos, a consciência que conhecemos é essa consciência dessa mente egoica, dessa mente separatista, dessa mente, que é a mente do "eu".

Quando aprendemos a olhar para isso, quando aprendemos o que é trazer para esse instante um olhar novo para todo esse processo, que é o processo do pensamento, que tem dado formação a tudo isso, podemos, então, nesse instante, liberarmos o pensamento de nós mesmos. Então, esse pensamento cessa, essa qualidade de pensamento para de sustentar a sua continuidade, quando aprendemos sobre nós mesmos, quando descobrimos o que é se conhecer, o que é se constatar, se perceber, se auto-observar.

Sim, a base para essa Atenção sobre todo esse movimento do pensamento, que permite com que esse pensamento se dissolva, que permite com que esse pensamento perca a sua importância, o seu valor e desapareça, consiste em se auto-observar. Nós não sabemos o que é olhar para nós mesmos, o que é se tornar ciente de nossas reações, ciente de um pensamento aqui, de um sentimento aqui, de uma sensação, de uma emoção. Colocar ciência sobre isso é se auto-observar. Então, esse conteúdo psicológico sofre uma mudança.

A verdade é que todo esse conteúdo é completamente esvaziado de sua importância, de sua autovalorização, quando colocamos Atenção sobre as reações do "eu", do pensador, do experimentador, desse elemento que olha e observa a partir do passado. Aprender a olhar, a se auto-observar, é abandonar o observador, o pensador, o experimentador, é abandonar esse "eu". É esse contato com o Autoconhecimento que lhe aproxima da Verdade da Real Meditação na prática.

O que é Real Meditação? A Meditação na prática. É assim que nos aproximamos da verdade do esvaziamento de todo esse psicológico conteúdo, é assim que nos libertamos desse psicológico modelo de consciência, comum a todos, para algo novo, para essa Real Consciência, para essa Divina Consciência.

Assim, esses encontros que nós temos aqui, também online nos finais de semana - nós temos dois dias juntos, sábado e domingo -, estamos aprofundando essas questões. Fora esses encontros, temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso que você acaba de ouvir é algo que faz algum sentido para você, já fica aqui um convite.

Abril de 2025
Gravatá-PE
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