quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Realização de Deus | Egoica mente | Psicológica ordem | Tagarelice psicológica | Totalidade da Vida

A questão da ordem interna. Vamos falar sobre isso. Nós queremos ter uma vida externa em ordem, equilibrada, tranquila, em paz. No entanto, não há ordem interna, equilíbrio interno, paz interna. Qual é a importância dessa psicológica ordem dentro de nós. O que é ordem psicológica? E qual é a importância disso?

É necessário ordenar internamente a si mesmo, carregar essa autoridade interna de Liberdade psicológica. Temos uma mente inquieta, não temos uma mente em ordem, não há Silêncio dentro de nós. Não há nada tão importante quanto o Silêncio. Como lidamos com o pensamento? O que é o pensamento em cada um de nós? Não temos um cérebro silencioso. Assim, nós precisamos descobrir como funcionamos, precisamos dessa ordem interna, precisamos descobrir como o pensamento se processa dentro de cada um de nós.

Notem que o pensamento é inquieto. Percebam que o pensamento está num movimento de inquietude interna, ele está sempre saindo de um assunto para outro, ele está sempre se movimentando dentro de você, e com ele você se confunde, com ele você se identifica. Então, você não se separa dele, você sente ser ele, e se ele muda de um assunto para o outro, você internamente está o tempo inteiro mudando de um assunto para o outro, de um estado para o outro, de um sentimento para o outro, de uma emoção para a outra. Assim como o pensamento muda, o sentimento muda, e nós não temos ciência de como funcionamos.

Nós não percebemos que entre um pensamento e outro há um espaço, e é estranho você ouvir isso. Alguns de nós – na verdade, a maioria – nem mesmo tem ciência do que estamos falando aqui, de que há um espaço entre um pensamento e outro, Você nunca vê esse espaço, você nunca percebe que entre um sentimento e outro há um espaço, entre uma emoção e outra emoção há um espaço, entre uma sensação e outra sensação há um espaço. Em geral, nós não percebemos isso. Isso requer uma certa atenção sobre si mesmo, uma certa observação sobre como você funciona.

Em geral, o ser humano não dá atenção a si mesmo. Ele tem que trabalhar, ele tem que ganhar dinheiro, ele tem que pagar suas contas, ele tem que levar os filhos no colégio, ele tem que realizar muita coisa fora de si mesmo. E todos os pensamentos que giram em torno do ser humano, giram dentro desse propósito, que é o propósito de ordenar e colocar a vida externa de uma certa forma que haja preenchimento e satisfação para ele.

Então, nós passamos pela vida, depois de quarenta, setenta anos, constituímos família, criamos filhos, já temos netos, mas nunca observamos a nós mesmos, como nós funcionamos. E porque não observamos a nós mesmos, não sabemos o que é Consciência. Nós estamos sempre conscientes das coisas, mas é esse “eu” consciente daquilo que está à sua volta, é esse “eu” se preenchendo nas coisas que estão à sua volta. Isso é inteira inconsciência. Nós não temos consciência sobre nós mesmos, nós não conseguimos enxergar esse espaço entre um pensamento e outro, entre um sentimento e outro, entre uma emoção e outra emoção. Não há Silêncio, não há Quietude, não há Liberdade, não há Verdade em nossas vidas. Então nós caminhamos para o túmulo de uma forma totalmente inconsciente.

Quando você vem a esses encontros, nós estamos aqui olhando para algo diferente. A vida está acontecendo lá fora e você está se tornando ciente do movimento interno do “eu”. Você está se tornando ciente do movimento do pensamento, do sentimento, da emoção, você está investigando a si próprio, você está estudando a si mesmo, você está encontrando essa psicológica ordem, está descobrindo a verdade sobre você, está entrando em contato com Algo fora do conhecido, está entrando em contato com a Realidade. Cada um dá um certo nome para essa Realidade, mas os nomes não importam, o que importa é a Verdade dessa Realidade se revelando. Isso é a ciência sobre quem Você é. Então agora há Paz, então agora há Liberdade, então agora há Verdade, então agora existe compreensão em sua vida, porque existe ordem psicológica, ordem física, ordem emocional, sentimental. Você está vivendo a Verdade porque tem ciência da Verdade sobre quem é Você.

Então, nesses encontros – Satsangs – nós estamos estudando isso, estudando a nós mesmos, compreendendo como nós funcionamos, percebendo o que é isso, o que é essa desordem, o que é essa confusão, por que que a vida tem sido assim. Então, a aproximação dessa psicológica ordem, dessa ordem emocional, sentimental, dessa ordem de vida requer a aproximação da investigação da desordem, dessa desordem interna. O que é o pensamento? O que é a emoção? O que é o sentimento? O que é isso que ocorre em nossas relações? Por que estou magoado, ofendido, aborrecido? O que é essa raiva? O que é esse medo? O que é essa tagarelice interna? Por que toda essa agitação? Por que essa coisa de sair de um pensamento para outro? E nem mesmo ciência de que isso está acontecendo eu tenho. Por que isso tudo?

Então, essa aproximação desse olhar para si mesmo é a Verdade de se conhecer. Então, se conhecer é se aproximar da Meditação. Olhar para aquilo que se passa dentro de você é Autoconhecimento. Então, a Verdade desse Autoconhecimento lhe aproxima da Meditação, e a Meditação é se tornar ciente desse espaço, do que representa esse intervalo entre um pensamento e outro, entre um sentimento e outro, uma sensação e outra, uma emoção e outra. Meditação é estar desidentificado da mente e do corpo, numa ciência da Verdade d’Aquilo que está nesse Desconhecido, nesse espaço que se abre dentro dessa Atenção onde é encontrado esse intervalo.

Notem como isso é interessante. Quando você olha para uma partitura musical, você acha que está diante do som, mas uma partitura musical tem o desenho de espaços de silêncio que representam tempo de quietude. Então, entre um som e outro, você se depara com esse espaço de silêncio, com esse tempo de silêncio. Então, aquelas figuras mostram um tempo de silêncio. Então, o som faz sentido, um belíssimo sentido. Mas, quando há esse espaço, é o espaço de silêncio entre uma nota e outra que determina a beleza do som, a beleza da música. A totalidade da música está no som e no silêncio. Então, as pausas de silêncio são tão importantes quanto as notas musicais. As notas têm um tempo e as pausas têm um tempo, então você tem a totalidade da música. Em nossa vida só haverá Beleza, só haverá Verdade, só haverá Amor quando estivermos nessa Totalidade da Vida, e não há Totalidade da Vida se você está nessa mente, nessa psicológica mente, nessa inquieta mente, nesta egoica mente, nessa condição de desordem psicológica. Não há Totalidade da Vida se não há Silêncio, se você não tem ciência do Silêncio.

Quando você realiza a Verdade do seu Ser é a partir do Silêncio o falar, é a partir do Silêncio o olhar e é a partir do Silêncio o pensar. Notem que você não sabe pensar. Você não sabe o que é pensar. É uma grande ilusão essa de que você pensa. Em você se processam pensamentos, mas é exatamente como colocamos agora há pouco: um pensamento que se associa a outro, que se associa a outro, que se associa a outro. Não há qualquer ciência do espaço entre um pensamento e outro. Isso ocorre no seu cérebro de uma forma automática, mecânica, inconsciente, sem nenhuma ciência do que está ocorrendo com você. Então, você não pensa. Não há “você” nesse pensamento, há só o pensamento, há só essa inconsciência, mecanicidade, inquietude, há só essa interna tagarelice. Essa é a desordem psicológica em nós.

Então, nós não sabemos o que é a Totalidade da Vida porque não compreendemos como funcionamos, não sabemos o que é o pensamento, como ele se processa e o que é o pensar. Não há esse pensar a partir do Silêncio, não há esse olhar a partir do Silêncio, não temos uma vida muito clara, objetiva, lúcida, Real. Não vivemos essa Totalidade de Ser quem somos, não conhecemos a música. Fazemos muito barulho, mas é uma coisa desordenada. Não é uma harmonia. Eles chamam de cacofonia – é aquela barulheira toda. Não é uma orquestra. É uma balbúrdia, é uma confusão. É assim que nós funcionamos. O “eu” funciona assim, o ego é isso.

Então nos falta essa Totalidade da Vida, essa Beleza da Vida, porque não há ordem psicológica, não há ordem emocional, não há ordem de sentimentos, não há ordem de pensamentos. Não há ordem. A compreensão sobre quem somos, o fim de toda essa confusão, de toda essa desordem de som, de toda essa barulheira, essa orquestração interna – o que eu chamei agora há pouco de ordenar a si mesmo –, estar ciente d’Aquilo que é Você, ciente da Verdade do seu Ser. Então, o que nós temos agora? A Realização de Deus, a Realização da Verdade, a Realização do seu Natural Estado de Ser. Isso é ordem, Isso é música, Isso é Silêncio.

Então, o que fazemos aqui juntos? Estamos estudando aquilo que somos, estudando aquilo que se passa dentro de cada um de nós, estamos olhando como funcionamos, tomando ciência disso. Se isso não está presente, estamos em confusão, estamos em sofrimento, estamos com todos esses quadros de infelicidade interna, porque não há ordem psicológica, não há Liberdade, não há Ser, não há Consciência, não há música. Essa infelicidade nós conhecemos. Ansiedade, a angústia, o tédio, a solidão, o medo, diversos temores que temos, todo tipo de estado interno de sofrimento é algo presente quando você não compreende a Verdade do seu Ser, quando você não assume Isso.

Novembro de 2023
Gravatá/PE
Mais informações

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário

Compartilhe com outros corações