quinta-feira, 15 de junho de 2023

O Eu Místico | Joel Goldsmith | União Consciente com Deus | Mestre Gualberto

Olá, pessoal! Estamos aqui no canal Luz do Despertar para mais um vídeo, um vídeo de entrevista, e esse vídeo também vai estar no canal do Mestre Gualberto, que está aqui conosco. Só tenho, primeiramente, Mestre, a agradecer a tua Presença e a tua disponibilidade para esses bate-papos.

É uma verdadeira graça estar podendo ter contato – esse contato direto – com alguém que vive essa Realidade que tanto a gente traz aqui para o canal com essas leituras do Joel, essa Realidade de Realização de Deus, de União Consciente com Deus.

Para quem não conhece o Mestre Gualberto, o Marcos Gualberto, eu o conheci há alguns meses atrás. Venho em uma busca espiritual de preenchimento, de me entender, há muitos anos e, nesses últimos meses, como até já relatei em outros vídeos, me encontrei.

A Graça, essa Divina Presença, me trouxe um vídeo do Marcos Gualberto, do canal dele, que trata, especificamente, desse assunto de Iluminação Espiritual, desse Despertar da Consciência. E, aí, olhei um vídeo, algo me chamou atenção, não soube explicar o quê, não soube entender, não soube entender o quê, mas vi que tinha encontros presenciais e encontros on-line, onde o Marcos compartilha dessa Verdade que ele vive.

E, aí, participei de um intensivo de final de semana e algo, que é sem palavras, que é sem compreensão intelectual, tocou muito forte a consciência aqui, porque pude entender que o Marcos, depois de um trabalho de muitos anos (vinte e um anos de um trabalho muito forte de autoinvestigação), através da Graça do seu Mestre, o Ramana, teve esse Despertar dessa Consciência, desse Estado Natural de Ser.

E, durante esse intensivo de final de semana que eu participei com ele, eu pude sentir o que está além das palavras, esse compartilhar de Consciência, e, nesse olhar do Marcos, algo tocou aqui dentro do meu coração, porque eu fui tomado por um estado de silêncio, de quietude, e aquilo ali me chamou muito a atenção.

E, devido a isso, venho nesses últimos meses muito próximo a esse trabalho, e tem sido algo sem palavras, porque, como todos que acompanham o canal… Joel muito enfatiza a prática da meditação, a prática de uma vida contemplativa, mas, para mim, como também já comentei em outros videocasts – inclusive, tem a playlist dos videocasts anteriores que tu podes assistir também a eles –, eu não conseguia entender o que é essa vida contemplativa, o que é estar em meditação, não apenas em determinados momentos da minha rotina, alguns minutos da manhã ou à tarde ou à noite, mas, sim, estar a cada momento presente, a cada momento consciente do que a vida me apresenta. E o Joel traz esse tema como uma vida contemplativa – contemplando a Vida e a perfeição dessa Criação Divina.

E, aí, com essa aproximação, eu posso estar agora, um pouco, vivendo isso, e isso tem sido transformador, porque essa identidade egoica, esse ego… eu tenho percebido com essa proximidade contigo, Marcos, o quanto ele é uma ideia, é um pensamento, e daqui a pouco… Posso até ter lido isso em algum livro, mas era só uma informação intelectual. Agora, com esse trabalho próximo contigo, participando principalmente dos encontros on-line e presenciais, por esse teu compartilhar de Consciência, eu tenho tido pequenos vislumbres do que é essa Realidade Unidade, essa Realidade Una, esse “Todo Somos Um”, essa Não Dualidade, e eu só tenho a agradecer a ti.

E, dentro desses encontros que a gente tem feito, desse bate-papo, onde eu faço perguntas, leio perguntas que vocês fazem aqui no canal, para o Marcos trazer muito mais do que palavras, mas trazer a vivência do que é Isso…

E, hoje, Marcos, eu tenho a pergunta aqui da Andreia, que ela fala bem assim: “Tenho uma pergunta: estar nessa Presença quando paro minhas atividades é mais fácil para mim, mas quando estou em uma atividade, nas minhas atividades diárias, essa Presença me escapa e depois sinto culpa, fico ansiosa, nervosa… Então, eu tenho que sentir que isso é natural?” – ela pergunta. “Pois eu já sei que a Presença está sempre comigo, mas dói por ter me esquecido d’Ela, por ter me esquecido de Deus. Gratidão. Parabéns por todo o trabalho. Namastê.”

Mestre, dentro dessa pergunta, passo a palavra para você falar um pouco para o pessoal que acompanha o canal, dentro das tuas falas, o que é essa Meditação Real, conforme a Andreia comenta, e é o que também acontecia comigo. A palavra é contigo, Mestre.

OK. Então, vamos lá. A situação é a seguinte: nós temos que nos deparar com a vida como ela é, sempre. Nós não podemos idealizar Aquilo que nós chamamos de Estado de Consciência ou de Presença. Nós temos que ficar com o que se mostra. Se nós realmente queremos nos aproximar da Verdade sobre quem nós somos, nós precisamos estar com o que se mostra agora aqui, neste instante.

O que é isso que se mostra? O que é isso que se apresenta? O que é isso que é, agora, aqui? Essa aproximação abre a porta para a Realidade que transcende isso que é. Esse é o contato com a Verdadeira Presença, com a Verdadeira Consciência.

Então, a gente não idealiza Isso. Nós somos muito da imaginação, da crença, da conceituação. Eu tenho enfocado muito na importância de vivenciarmos Isso, e, quando você vivencia, você dispensa as palavras, tanto as palavras do Gualberto quanto as palavras do Joel e as suas próprias palavras, porque você está vivenciando Algo que transcende a palavra, transcende a fala.

Aqui, eu me refiro a essa Presença, essa Consciência, e você só tem acesso real a essa Consciência, a essa Presença, nesse contato com o que se mostra agora aqui.

Então, eu tenho falado sobre a Real Meditação na prática. Essa Real Meditação na prática é estar cônscio de si mesmo agora. Por exemplo: ela acabou de citar que, quando não está no estado, sente culpa e dói. Esse momento de dor e de culpa é a porta. Então, se culpar... quem é esse que se culpa? E o que é essa dor? É nesse momento que você coloca Consciência para o próprio estado.

Então, se queremos acessar a Verdade d’Aquilo que transcende essa limitação de identidade egoica, nós só temos acesso a Isso através da auto-observação e desse Autoconhecimento – daquilo que está agora aqui, e não de uma ideia de como deveria ser essa Presença ou essa Consciência. Então, nós temos que aprofundar isso vivencialmente.

Quando você acessa essa dor da culpa ou essa dor do medo ou da raiva, ou quando você acessa o estado e não se separa desse estado, mas, pelo contrário, você se aproxima para observá-lo de perto, você se encontra com a porta, que eu vou aqui chamar de “a porta do que é”. Isso é o que é, e essa é a porta.

Se você se aproxima e não se separa para julgar, para tentar se livrar, para tentar corrigir isso através de ideias e crenças; se você apenas fica com isso e não se separa da própria experiência colocando um “eu” idealizado para se livrar da experiência; se você quebra essa separação, se você se desfaz dessa dualidade, entre esse “eu” e o estado, você tem a oportunidade de estar em contato direto com o que é. Isso é a porta para que esse sentido do “eu” desapareça nessa experiência e, quando isso desaparece, a experiência se desfaz e você realmente cruza esse portal, cruza essa porta.

Então, você está diante, agora, da Realidade que transcende essa limitação, que é a limitação do que é; ou do que parece ser, colocando de uma forma mais precisa, porque esse estado é um estado de identidade egoica e, portanto, um estado ilusório.

Então, quando falamos aqui para você sobre a Meditação Real ou a Real Meditação na prática, é estar agora aqui, momento a momento, cônscio de si mesmo, de qualquer pensamento, de qualquer sentimento, de qualquer emoção, de qualquer sensação, sem se separar disso.

Percebam a beleza do que estamos colocando aqui para vocês. O problema, Gilson, que eu percebo, é que colocando isso… é até suave ou intrigante de ouvir, mas eu quero que as pessoas coloquem isso em ação… coloquem em ação e observem o que estamos dizendo.

Quando você coloca em ação isso, quando você, de verdade, efetiva isso na prática e não se separa da experiência, seja ela dolorosa, aflitiva, preocupante, enfim, não importa o estado que esteja se mostrando aqui, esse é o momento…

Notem o que estamos dizendo. A Realidade da Consciência ou da Presença, que foi a expressão que ela usou e que nós usamos… essa Realidade nunca está ausente, não importa a experiência que esteja presente: é raiva, é medo, é tristeza, é dor, é ansiedade... Não importa! Essa experiência é uma experiência que está presente porque existe um experimentador dentro dessa experiência.

Se você se aproxima trazendo luz, consciência, ciência disso, e não se separa da experiência, você se desfaz do experimentador e, quando você se desfaz do experimentador, a experiência definha, ela não pode persistir. Isso porque, Gilson, não há medo sem o medroso, não há ansiedade sem o ansioso, não há depressão sem o depressivo, não há pensamento sem o pensador.

Mestre, o Joel traz esse “eu” como um “eu” ilusório, um “eu humano”, e é esse “eu” que precisa “morrer”, que precisa desaparecer, que é só uma ideia do pensamento.

Mas, aqui, nos deparamos com uma dificuldade: quando você acredita nisso, isso não funciona! “Ah, esse ‘eu’ tem que morrer”, “ele precisa desaparecer”... Essas expressões estão sempre dentro da dualidade. O que você precisa é se tornar cônscio dele.

Se você se torna cônscio dele, de fato, ele definha e desaparece, ou “morre”, como você queira chamar, mas isso não pode ser uma ideação, não pode ser uma ideia: “tenho que me livrar desse ‘eu’ humano”, “tenho que me livrar desse ego”. Nada disso! Como: “tenho que me livrar dessa experiência”. Quem é esse que tem que se livrar? Então, já colocamos de volta o sentido de separação, o sentido de dualidade, e, assim, estamos nos afastando da Real Meditação na prática.

Então, quando você reserva um momento para meditar, você se senta, a mente já sabe: “Olha, é a hora de ficar quieta”. E, com o passar do tempo, ela vai ficando tão dócil… e, naquele momento, ela se aquieta e, aí, você sente a Presença. Só que, depois que você diz para si mesmo “acabou a meditação”, quem é que está dizendo? É o próprio sentido de separação, é o próprio “eu”. E, aí, quando ele diz “acabou a meditação”, é o mesmo que está dizendo “agora eu posso me soltar, posso voltar à minha rotina”, e, aí, tudo se processa do mesmo jeito.

Por isso que eu nunca recomendo às pessoas se sentarem para meditar; eu recomendo às pessoas olharem para si agora aqui. Tem um momento melhor para meditar do que o momento presente? Aliás, existe algum outro momento fora deste momento presente? Não há nenhum outro momento! É só ideológico qualquer outro momento fora deste instante. Fora deste instante, não existe nenhum outro momento!

Então, você, neste instante, é a Realidade da Consciência, é a Realidade da Meditação. Agora, não idealize a Meditação ou a Consciência como algo separado daquilo que está aqui. A gente se aproxima é do que está aqui! “Ah, mas eu estou tão ansioso!” – é o que você tem, meu filho! “Ah, mas eu estou tão preocupado” – é o que você tem. “Mas eu estou com raiva” – você é a raiva, você não está com raiva; você não está ansioso, você é a ansiedade; você não está preocupado, você é a preocupação. Assuma isso, se torne cônscio disso agora aqui! Porque, quando você coloca “estou”, você se separa. Isso é muito sutil, muito sutil, muito sutil.

É sempre um “eu” que está sentindo essa ansiedade e não quer sentir. Então, existe “eu” e existe a ansiedade, e [ele] quer se livrar dela. Deu! Separação!

Exatamente!

Dualidade!

Exatamente! Isso reforça o sentido de separação e, naturalmente, o estado. Quando as pessoas vêm a mim e dizem: “Olha, o que eu faço para me livrar de pensamentos repetitivos?” Não brigue com eles! Porque quem estaria brigando com os pensamentos repetitivos senão aquele que está angustiado na repetição, que é o próprio movimento do pensamento?

O problema, Gilson, é que, na nossa educação, nós aprendemos, desde crianças, que nós existimos. Então, “eu existo”, então “eu penso”...

E queremos ser alguém… e queremos ser alguém na vida, queremos “ganhar a vida”, né?

Mas é com essa base que nós queremos ser alguém, porque acreditamos que existimos e que temos que evoluir, temos que realizar, temos que fazer... Nós não percebemos que a vida está acontecendo, e ela já está acontecendo por esta Presença que faz tudo; não tem você!

Então, desde pequenos, nós fomos ensinados dentro desse modelo: “eu existo, então eu sinto, eu penso, eu me preocupo, eu me aflijo, eu faço, eu tenho…”. É sempre “eu”: “eu tenho”, “eu faço”, “eu e o meu corpo”, “eu e a minha mãe”...

“Eu sou assim”, “eu sou assado”.

“Eu sou assim”, “eu sou assado”, “eu não quero”, “eu quero”... Então, para efeitos práticos, objetivos, na vida, o pronome “eu” é funcional: “preciso escrever essa carta”; “eu preciso embarcar nesse voo”; “essa casa é minha”. Então, para efeitos práticos, OK. Mas, psicologicamente, quando colocamos esse sentido de um “eu” presente na experiência psicológica, estamos reafirmando uma fraude, uma ilusão, porque esse próprio movimento psicológico é um movimento ilusório de uma identidade, assumindo um posto, uma posição.

Todo sofrimento psicológico em nós, em qualquer nível, está sempre ao nível de um ”eu” para sentir, para viver, para experimentar aquilo e dizer “é a minha ansiedade”, “é a minha solidão”, “é a minha preocupação”, “é o meu medo”.

Mestre, é interessante como, mesmo na própria caminhada espiritual, é muito fácil cair nessa armadilha dessa separação. Inclusive, eu quero ler um trechinho, Mestre, de um livro do Joel, em que o Joel fala disso, nesse contexto espiritual mesmo, inclusive com uma fala de Jesus. Posso ler aqui, Mestre?

Sim, vamos lá. Ótimo!

No livro “O Eu Místico”, no Capítulo 3, o Joel fala: “Tudo o que existe para você é esse Eu, não no sentido limitado do “eu” que você normalmente tem e que costuma admitir para si mesmo, mas o Eu que você realmente é, o Filho de Deus, Um com o Pai. Provavelmente, o próprio fato de que o Mestre Jesus fosse hebreu ajudou a estabelecer essa separação entre Pai e sua individualização, porque Jesus usou o imaginário hebraico do pai e do filho, e isso sempre nos faz pensar em um grande pai sábio e uma pequena criança imatura: uma dualidade!

Na verdade, não podemos conceber um pai e uma criança como uma unidade. Vemos o pai e a criança, e sabemos que são dois. Mesmo quando a criança está sendo carregada no ventre da mãe, a criança e a mãe ainda são dois, a criança é algo separado da mãe. Assim, essa imagem que foi usada no antigo ensino hebraico pode ser uma barreira, e, às vezes, é necessário nos afastarmos dessa imagem de pai e filho e aderirmos apenas ao Eu; Eu e somente Eu. Eu e a Verdade somos Um, Eu e a Vida somos Um.”

Aí, ele dá essa ênfase: como na questão espiritual ainda se tem “eu e o Pai”? Mas, aí, ele frisa “é Eu, apenas Eu”.

Sim, a gente aqui se depara com a dificuldade das palavras. A nossa linguagem, toda ela, é dualista. Não há como a gente usar a expressão “eu” sem colocar algo separado desse “eu”. Se tem o “eu”, tem o “não eu”. Então, você vê: ele termina falando de “eu e a vida”. Quer dizer, a gente coloca de volta, sempre, não tem como… a gente está sempre colocando a dualidade na expressão.

Por isso que hoje compartilho com aqueles que se aproximam a partir desta visão direta, e eu tenho encontrado minha própria linguagem para colocar isso e tenho visto a dificuldade que nós temos, porque, quando você escuta alguém falando, tem alguém dizendo e você ouvindo. Então, nós vivemos dentro desse princípio de separação, dentro desse princípio de dualidade.

Como eu disse agora há pouco, ao nível físico, ao nível prático, a gente faz uso, não tem como. A gente está num sonho de mundo, onde tudo acontece nessa dualidade aparente, mas o problema é internamente, psicologicamente; esse é o problema! A Realização d’Aquilo que Você é, é o fim desse “eu” psicológico, com esse tempo psicológico, com esses valores de princípios, de dualidade. Tudo isso é psicológico, e é isso que se desfaz na Realização.

Você continua tendo um corpo e usando o pronome “eu” após a Realização, só que você não se confunde mais com o corpo e nem coloca nesse “eu” o poder de se separar da experiência para ser o dono de qualquer coisa: dono da tristeza, dono da ansiedade, dono do medo, dono do desejo ou dono de coisas materiais. Isso desaparece quando você se torna cônscio de que a Única Realidade… e isso não é teórico.

Notem, isso não pode estar na teoria, Gilson, não pode estar no conceitual, isso tem que estar assentado. Os seus olhos têm que olhar sem o sentido de separação; o pensamento, quando aparece, tem que ser visto sem alguém pensando; o sentimento, quando surge, é o sentimento direto, como ele é nesse corpo, nesse mecanismo, sem alguém: isso é estar assentado em seu Natural Estado, que alguns chamam de Iluminação Espiritual ou Despertar Espiritual.

Talvez, você pergunte: “E qual é o treinamento para isso?” Real Meditação na prática! Comecem a colocar, de forma efetiva, no viver, momento a momento, isso. Quando alguém lhe elogiar, observe o elogio, mas não entre na experiência do elogiado. Se alguém te dá um elogio, você observa o elogio, meneia a cabeça… até agradeça pelo elogio, mas não coloque uma identidade presente se inflando, se separando do elogio, criando esse elogiado em você, [ou] você vai se sentir especial, o sentido do “eu” vai estar presente – isso é ausência da atenção sobre si neste instante, ausência da Meditação.

Isso vale para um elogio ou para uma crítica. Então, quando alguém xinga você, a quem ele está xingando? Tem alguém para receber o xingamento, para receber a crítica? Então, ser elogiado ou ser criticado não faz a menor diferença se há a consciência de que não há esse elemento “eu” na experiência. Continue, por favor, vamos lá…

Eu me lembro exatamente disso, Mestre, que, em um vídeo seu, você fez esse mesmo exemplo: quem é esse “eu” que está se sentindo lisonjeado com um elogio ou está se sentindo diminuído com uma crítica? Quem é esse “eu”?

Sim.

É o ego! Rápido vem a resposta: é óbvio que é o ego.

Agora, eu te pergunto: não é o melhor momento da Meditação?

Pois é! É o agora, né? É neste instante.

Não é agora? Não é nesse desafio com o momento presente que você se desafia com a Verdade do que é, que se mostra?

Exatamente.

Se você está no seu quarto meditando, com uma luz suave, com uma musicazinha, não tem isso! Tem que estar no viver, no dia a dia, tem que se encontrar no dia a dia.

Essa auto-observação, Mestre, como eu comentei em outro videocast, como é interessante… Para mim, falando de mim, como existia uma inconsciência muito grande! Porque é o tempo inteiro o ego dando pitaco, julgando “isso é bom”, julgando “isso é mau”. Quem é esse que julga que isso é bom ou mau? É essa ilusão de uma identidade presente que quer isso ou não quer aquilo, e isso acontece a todo instante! E, antes, eu não percebia, eu não percebia!

Sim, sim.

Agora, eu vejo essa atividade e…

E você sabe por que você não percebia? Porque você já tinha o hábito de ter o momento da meditação. Você sabia que, no momento da meditação, você tinha que estar livre disso. Quando nós chegamos, agora, e colocamos para você: “Gilson, por que você não se torna ciente agora aqui?”, aí você disse: “É mesmo!”

Então, veja que é só uma questão de a gente se aproximar, ter uma aproximação muito real do que estamos apresentando aqui para você. Coloquem na prática isso. É no viver, é quando o seu “eu”, esse “mim”, esse ego, está frustrado, com raiva, arrependido, preocupado, se sentido vítima; é quando esse “eu” é tocado.

A vida é maravilhosa, porque ela vai – não se preocupe –, momento a momento, o desafiar a esse encontro com o que é. Você vai perder isso muitas vezes, por falta de uma habilidade que vai vir com o exercício, que é a habilidade de estar olhando para si. Então, o exercício entra nesse sentido. Não é algo mecânico, por isso é que você vai perder muitas vezes. O seu estado de consciência vai ter que ser… ele vai se aprofundando para lhe trazer isso de uma forma consciente, e não de uma forma mecânica, de uma forma habitual.

Meditação é Consciência. Quanto mais você se rende a essa Presença, a esse exercício, mais essa Consciência vai assumindo o lugar d’Ela e lhe trazendo isso de uma forma presencial, em Pura Consciência; não é automático, não é mecânico. “Ah, mas eu caio muitas vezes”. Não tem problema! Você vai cair muitas vezes! Você só se levanta de novo e olha de novo para isso.

Mestre, é engraçado, porque, nesses meses acompanhando… no início, quando eu comecei a exercitar isso, eventualmente eu me dava conta, quando era uma coisa mais forte, assim… sentia uma raiva, algo mais forte, eu me dava conta: “Opa, passou”; “Opa, foi”. E eu: “Não, mas vai ter oportunidade. Daqui a pouco, vai ter outra oportunidade”. Daqui a pouco, vinha mais uma oportunidade, sempre quando era algo mais palpável, mais forte. E, agora, eu percebo que, mesmo em coisas bem sutis... já percebo aquele conflito, já percebo aquele desejo… e quem é que está desejando? É esse “eu” humano, essa identidade. Então, fica muito mais sensível essa percepção.

Sim, sim. Sabe por que fica mais sensível? Porque a dor da contradição do conflito fica mais visível. Porque, a princípio, somos muito embotados, somos muito insensíveis. O estado de conflito psicológico que o ser humano vive é de tal teor de inconsciência que ele nem percebe o quanto ele está sofrendo e o quanto ele está produzindo sofrimento à sua volta.

Na razão em que você se aproxima disso, você vai ficando sensível a essa dor dentro, porque você vai se tornando cônscio de si, presente, consciente, esta Consciência vai se aprofundando, Ela vai tendo espaço para assumir esse corpo-mente.

E, aqui, a gente entra já em outros pormenores; é quando começa a acontecer o Despertar dessa Energia que é a Kundalini. Isso é um assunto dentro desse contexto, que eu tenho falado também no canal. De outra forma, não tem nada de Kundalini. O pessoal faz uma “viagem” por aí: “Ah, eu tive uma experiência, eu vi não sei o quê, eu senti isso, senti aquilo”. Não tem nada a ver com Kundalini.

Kundalini é o Despertar da Consciência, da sensibilidade desta Presença, não tem nada a ver com experiência mística, esotérica; não tem nada a ver com sensações, com calor, com nada disso; é outra coisa, embora o corpo possa até passar por algum processo, mas isso não deve ser considerado como o objetivo, como o alvo, como... porque isso é muito particular de cada organismo, de cada mecanismo.

O ponto comum do Despertar da Kundalini é o despertar da sensibilidade, da inteligência para não conflitar com o que é. Isso é o ponto comum do Despertar da Kundalini em qualquer ser humano. Agora, essas “diferençazinhas” de alguns sintomas, de algumas coisinhas que podem aparecer no corpo, até alguns assim chamados fenômenos psíquicos, isso aí é irrelevante, não tem relevância nenhuma! Isso a gente deve abandonar, não tem que se prender a isso, nem dizer que isso é a base ou o fundamento do Despertar da Kundalini, absolutamente. O Despertar da Kundalini é o Despertar desta Verdade, da Inteligência de não sofrer, de não ser “alguém” na experiência. Isso é a base Real do Despertar da Consciência, que é a Kundalini.

Como eu já compartilhei, tinha uma circunstância na minha vida, de vinte anos, acarretando sofrimento, acarretando sofrimento… e “melhorou”, tinha “melhorado” já, e, agora, nessa aproximação desse trabalho contigo, algo está consciente dessas imagens do pensamento, que acabavam gerando sofrimento, e sentindo essa dor, quando vem a dor, sem querer fugir dela, como eu já relatei. Hoje, simplesmente, quando aparece aquele padrão de pensamento que geraria um sofrimento, não existe mais a identificação. É uma coisa engraçada, porque existe aquilo ali, mas não cola mais, não tenho mais a identidade que era o sofredor com aquela imagem que gerava isso e aquilo, então só aparece e vai embora.

Então, onde está o sofrimento?

Estava só nessa identidade.

Exatamente! A identidade do “eu” é o sofrimento. Essa é a proposta do Despertar da Consciência ou da Iluminação Espiritual.

Gratidão! Gratidão, Mestre! Gratidão por mais esse encontro, mais esse “maná” que cai do céu, que é essa Graça que flui através de palavras, só que é muito mais que palavras, é esse compartilhar de Consciência, esse olhar que não é um olhar que julga, que não é um olhar que condena, é um olhar onde a gente pode se ver… ver o que está além da forma, ver essa Consciência. Então, só tenho a agradecer. Gratidão!

Pessoal, curtam aí o vídeo, comentem, podem trazer perguntas para a gente ir trazendo-as nos próximos encontros… Aqui, na descrição do vídeo, vai estar o link da playlist com os outros encontros, então acesse aí para ver os outros encontros a que você ainda não assistiu…

Gratidão, Mestre Gualberto! Muito obrigado.

Dezembro de 2022
Gravatá-PE
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