quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Um encontro com a Sabedoria

Não há Verdade na mente e você jamais conhecerá a Sabedoria sem a Verdade. Em outras palavras: na mente, você jamais será Sábio.

A Realização da Verdade sobre si mesmo é a base da Sabedoria, mas você tem que desaprender tudo, tudo que aprendeu sobre amor, paz, Deus, felicidade; sobre você, o outro, a vida, o mundo; sobre o lado difícil e pesado desse sonho chamado vida humana… Você tem que desaprender tudo isso!

Essa é uma questão de visão, de visão de vida, não é uma questão de entendimento intelectual, e essa visão só nasce fora da mente, não nasce dentro do condicionamento da mente. Então, você não vai descobrir Isso estudando; você vai descobrir Isso se revelando dentro de você.

Sabedoria é um florescimento de dentro, não é uma coisa que se aprende. Você já é Sábio o suficiente, só que não está olhando para a direção verdadeira, então essa Revelação de dentro não ocorre.

O meu Mestre dizia: "Descubra o Sábio que você é". Aí, quando perguntavam "como se faz isso?", ele dizia: "Desaprendendo tudo o que você já sabe". Ramana dizia isso.

A Verdade é algo que está dentro, não está nos livros, não está no intelecto. Do livro, você adquire coisas que irão lhe dar uma informação meramente intelectual, mas isso não serve para a vida, porque quando a sua mulher vai embora com o namorado novo que ela arrumou, todo seu conhecimento emprestado sobre desapego desce pelo ralo.

Quando bate a realidade, quando a realidade surge, a teoria não serve para nada. Diante da perda de alguma coisa, diante da dor, toda teoria não serve para nada. Você achava que não choraria por aquela coisa e terminou chorando. Mas você sabia tudo sobre não chorar, e como é que chorou? Por que chorou? Porque a Verdade não é teórica, é vivencial, ou então não é a Verdade, é só mais um condicionamento, mais uma crença.

Satsang é um encontro com a investigação da Verdade sobre O que você é, não é um encontro onde a gente fica estudando. Não tem nada para se estudar aqui, eu não sou um professor.

Quando olham para mim, dizem "mestre", mas inventaram isso, eu só sou o que sou. Até digo para eles "coloquem Marcos Gualberto só", aí eles colocam "Mestre" e, se duvidar, colocam "Bhagavan". Entendeu? [Risos].

Eu só sou o que sou. Não sou aqui um professor ensinando nada! Na verdade, aqui eu vou duvidar do que você sabe. Eu não só não vou lhe ensinar algo mais como vou duvidar do que você sabe e vou tornar esse muito que você sabe em pouco, quase nada, até desaparecer. Quando desaparecer, eu saberei que então estaremos bem, que tudo já estará resolvido.

Portanto, aqui não se trata de aprender, mas de desaprender; esse é o ponto! Esses dias, alguém entrou na sala e perguntou: "O que nós precisamos saber?" Eu disse "você já sabe muito. Você só tem que saber desaprender, porque você já sabe muito e já vai me dar muito trabalho aqui por isso".

A princípio, quando você chega aqui, você está como um buscador nessa aproximação, vendo um professor. É quase inevitável isso! E o professor geralmente é uma "pessoa", para começar. Daqui a pouco, você vai começar a perceber que está diante de um Vácuo, de um Vazio silencioso, que não tem ninguém presente nessa sala – é quando essa projeção do buscador começa a perder o suporte, a sustentação, aí você realmente está se aproximando de um Buda, de um Mestre vivo.

Então brota, de uma forma natural, uma Inteligência que nasce do Coração, que une o devoto ao seu Amado, o aspirante à Realização de Deus ao próprio Deus. Eu estou falando da minha vivência com o meu Mestre; é assim que acontece. O Mestre não é mais visto como um professor, como uma "pessoa"; ele é visto como uma Presença de Inteligência Divina, como um Sábio.

Você nunca está lidando com uma pessoa quando está lidando com o Vazio. Você está lidando com uma "pessoa" quando está lidando com alguém instruído, com alguém que aprendeu, que estudou os livros sagrados, mas quando você escuta a partir da própria autoridade interna, você está diante de um Vazio.

Esse é o antigo sentido de Guru na Índia, no Japão, no Tibete, no Oriente, o real sentido do contato com um Buda, com um Mestre vivo. Isso ocorre em um outro nível, não é no nível de professor e aluno, daquele que sabe e outro que não sabe. Não é isso! É uma comunhão de Presença, de Coração.

A relação dos discípulos de Cristo com Cristo, de Buda com Buda, de Ramana com Ramana tem outro nível de qualidade, é algo que ultrapassa o tempo, o espaço, as dimensões do pensamento e as diretrizes da personalidade. Não é, de fato, uma relação em dualidade; não é uma relação! Eu chamaria isso de comunhão, uma coisa no Coração, que acontece quando você é tocado por aquele Coração.

Esse encontro é em nível de Consciência, não de intelecto. Pela primeira vez, você conhece o que é um contato de Consciência. Amor é isso! A resposta que vem do Sábio não vem de um professor se dirigindo a um aluno, ela é direcionada à Consciência pela Consciência, que é a Verdadeira Natureza do aspirante, do buscador. Portanto, é um movimento de dentro.

Então, pela primeira vez você se depara não com um instrutor, não com um professor, mas com a Consciência, com a Inteligência, com o Divino, com a Sabedoria, com a Verdade, com Deus, com a Fonte, com Você mesmo.

*Transcrição de uma fala ocorrida em 23 de abril de 2020, num encontro online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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