terça-feira, 13 de abril de 2021

O seu Real Ideal é o encontro com o Silêncio

O Ser é algo que requer uma forma de aproximação inteiramente diferente da que, em geral, você está acostumado. Quando entramos em uma reunião para ouvir alguém, nós esperamos sempre aprender alguma coisa ali. Esse não é o objetivo deste encontro. Não tenho nada para lhe ensinar aqui, mas você pode fazer comigo um trabalho de investigação sobre a sua vida, sobre como anda a sua vida, o que está acontecendo com você.

Então, o propósito não é lhe ensinar alguma coisa, mas investigar com você algo, o que eu considero de suma importância. Satsang é algo que pode trazer uma profunda mudança, algo que pode representar um tremendo significado. Estamos falando de uma mudança em seu modo de se ver na vida. Você não estaria neste encontro se não estivesse buscando algo além dessa vida comum que todos estão vivendo. Se realmente não houvesse uma procura aí, você não estaria aqui.

O ser humano tem vivido em conflito, e isso tem sido assim já há milênios! O ser humano vive neste planeta em conflito: em conflito consigo mesmo, com o outro, com tudo à sua volta. Ele está em busca de paz e criando guerra.

Então, o que temos para dizer para você num encontro como este não é algo que, na verdade, você já não esteja sabendo. Saber, você até sabe. O que você não sabe é o que fazer com isso. O que fazer com esses conflitos internos? Como se livrar do sofrimento? Como descobrir uma qualidade de vida em que você esteja em descanso, em um verdadeiro repouso interno? Como viver em paz? Como viver inteligentemente? Como viver com esse perfume da Liberdade, do Amor, que é viver uma vida sem conflito?

Nós estamos propondo que você investigue isso e pergunte a si mesmo se isso é algo possível ou se estamos realmente condenados a viver até o resto dos nossos dias procurando aquilo que nos faça feliz. Talvez, alguns já estejam condenados a viver assim até o final dos seus dias, exatamente porque estão fazendo a coisa que não precisa ser feita. Eles estão equivocados. A grande maioria está assim: radicalmente equivocada. Por isso há tanto conflito, tanto sofrimento, tanto desespero, não há Paz, não há Liberdade, e palavras como “inteligência”, “amor”, “felicidade”, “liberdade” são interpretadas de uma forma muito superficial, porque ninguém sabe o que é isso. As pessoas não sabem o que isso representa porque elas estão dentro dessa condenação, dessa condição de uma procura eterna por algo lá fora. Elas estão olhando para fora, porque foram criadas, educadas, incentivadas a fazer isso. Essas pessoas somos nós.

Aqueles que representam a humanidade vivem assim. Quando eu era pequeno, eu fui também de uma certa forma incentivado nessa direção, mas havia algo aqui dentro dizendo que havia outra coisa. Então, quando eu uso a expressão “nós”, eu me incluo, mas, na realidade, tudo está diferente aqui. Não vejo nada dessa forma. Não mais. Para mim, as palavras “inteligência”, “liberdade”, “felicidade”, “amor” e “consciência” têm um sentido totalmente diferente do que eu vejo as pessoas empregando ao fazerem uso dessas palavras.

Você não pode continuar dependendo psicologicamente, internamente, do que outros pensam, do que eles aceitam ou rejeitam pelo modo tradicional de verem a si mesmos, de verem a vida, o mundo à sua volta. Alguns têm usado a expressão “Despertar”, palavra que já está muito esvaziada de um conteúdo significativo, real, profundo; já foi também banalizada. No entanto, é Disso que o ser humano precisa! Quando eu digo “ser humano”, eu me refiro a você que está aqui nesta sala.

Todo seu conflito é com você mesmo, e seu desejo é a base dele, pois é ele que gera dependência, que sustenta o medo nas relações, que o faz depender do outro – e aqui o outro é qualquer coisa do lado de fora. O que lhe falta é o Silêncio, o Silêncio do seu Real Estado de Ser, do seu Divino Estado Natural de Ser. Tudo que você precisa é encontrar esse encanto pela Verdade que você traz dentro de si mesmo. Precisa ter um contato com Isso, ou então estará se movendo sempre nesse mundo, que é o mundo do desejo, sempre buscando algo do lado de fora. Qualquer coisa! Pessoas também são coisas, nada mais são que imagens, imagens de coisas especiais: especiais para mais são as que nós amamos; para menos, são aquelas que nós não amamos tanto. Elas são especiais também para nos aborrecerem, nos entristecerem, nos fazerem infelizes.

Essa profunda dor do desejo sustenta essa dependência de objetos, que são imagens, imagens dessas assim chamadas “pessoas”, com as quais estamos em constante contato. Aparentemente, elas nos fazem felizes ou nos fazem sofredores. Digo “aparentemente” porque isso não é verdade. O problema nunca está do lado de fora! O problema surge quando você confia no que o pensamento diz sobre o que as pessoas estão dizendo sobre você e sobre elas mesmas. É sempre o pensamento dentro de você.

Eu tenho enfatizado muito isso para as pessoas que se aproximam deste trabalho. Elas vivem no pensamento, então têm certeza das conclusões que tiram. Isso é tão infantil, porque quando você confia nisso, você sofre, se afasta de si mesmo, do seu Real Ideal. O seu Real Ideal é o encontro com o Silêncio, com o Amor de sua própria Natureza Divina. Você se afasta de sua Natureza Verdadeira quando acredita no que o pensamento diz, no que a mente diz, nessa relação que ela tem com esses objetos.

Você nasceu para a Inteligência, para a Liberdade, para a Consciência, para a Verdade, para o Amor e para a Felicidade. Essa é a Natureza do Ser!

*Transcrito de uma fala ocorrida em 24 de fevereiro de 2021, num encontro aberto online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário

Compartilhe com outros corações