quarta-feira, 13 de março de 2019

O encontro com a Vida

O que nós temos neste momento é Satsang, que é Vida. E o que é a Vida? A Vida é algo de uma simplicidade que a mente não alcança, algo que significa apenas este momento. Assim, quando falamos em Satsang estamos falando da Vida, investigando essa questão do viver.

Outra coisa bastante peculiar na Vida é que Ela não acontece para duas pessoas, ou seja, não é um momento que pode ser compartilhado entre duas pessoas. A Vida é algo acontecendo neste momento, mas não é possível duas pessoas compartilharem este mesmo momento. Este momento é exclusivo, único. E no que consiste este momento? Ele consiste na Vida, como Ela se apresenta, se mostra. Não há duas pessoas, nem um momento compartilhável entre duas pessoas. Outro ponto é que a Vida não é algo acontecendo para você. Na verdade, Você é a Vida.

Quando o pensamento surge, ele vem como um elemento de separação, de divisão, de tempo. É o pensamento que cria a ideia do futuro, do passado e do presente, e a ilusão de pessoas compartilhando este mesmo momento. Essa é uma forma, talvez bastante nova para alguns de vocês, de se ter uma aproximação daquilo que eu chamo de Satsang ‒ o encontro com O que É, o encontro com a Vida. O que colocamos até agora explica toda essa confusão, balbúrdia, conflito, que é viver na ilusão da separatividade ‒ "eu e o mundo"; "eu e a vida". Não há mundo, não há "eu"; há somente a Vida. Isso é Consciência, Presença.

Na mente egoica, você quer manejar este "presente momento", há uma resistência a ele. E como é que você tenta manejar? Sua forma de tentar manejar isso é na ilusão de que você pode controlar o que está presente, o que está acontecendo. Assim, o conflito, a miséria e o sofrimento surgem. Quero convidar você para algo além da aceitação ou da rejeição daquilo que está presente neste momento, aqui e agora. Então, você descobre que este momento é simplesmente a Vida, e a Vida é Amor, Paz. Há somente Amor, Paz, nada mais. O fundo daquilo que está presente como uma experiência acontecendo, é este momento se revelando como vida, é Amor e Paz.

A mente tem criado um véu ilusório de separação, de dualidade, de aceitação ou rejeição da Vida como se apresenta, e é isso que tem ocultado o Amor e a Paz presentes neste instante. A mente está criando toda essa confusão, esse véu da ignorância cobrindo a Verdade. Quando esse véu é removido, tudo que permanece é a realidade da Vida. Essa é a sua Identidade Real, sua Verdadeira Natureza Divina, sua Liberdade.

Não há razão para sofrer. Sofrimento é uma produção independente, particular, uma restrição que a mente se autoimpõe. A mente é esse véu, a causa de toda essa confusão. Assim, a remoção desse véu é o descobrimento desta "Coisa", que é a Verdade. Quando o movimento da mente surge, o véu da ignorância está presente e, com ele, a falsa identidade criando toda a confusão ‒ aí a ilusão do "eu" no presente, no passado ou no futuro, no imaginário mundo do pensamento. Então, essa procura da felicidade, que é a procura do amor e da paz na mente, nesse movimento para fora e no tempo, é uma ilusão. A Paz, o Amor e a Felicidade não estão no tempo, não são encontrados. Isso é algo aqui e agora, quando a ilusão (esse véu) é removida. Esse é o real sentido do Despertar.

"Não há razão para sofrer. Sofrimento é uma produção independente, particular, uma restrição que a mente se autoimpõe. A mente é esse véu, a causa de toda essa confusão. Assim, a remoção desse véu é o descobrimento desta 'Coisa', que é a Verdade. Então, o Amor e a Paz estão presentes, e Isso é a Natural Felicidade, a Felicidade de Ser, que é Vida, que é este momento."

Despertar significa estar acordado para a Vida, para este momento, para essa Paz, esse Amor, que é Felicidade. Assim, é fundamental abandonar toda a confiança que vocês têm dado aos conceitos mentais, às crenças, às ideias, aos pensamentos, pois são eles que sustentam esse véu. Os pensamentos que sustentam esse véu cobrem a Realidade deste momento, a Realidade da Vida, a Verdade sobre você, inerente à sua Identidade Verdadeira.

Portanto, você não pode continuar vivendo nesse tempo psicológico, alienado deste momento, que é a Vida. Quando o fundamento do que você chama de "vida" está assentado nesse tempo psicológico, nesse tempo mental, que é a história construída pelo pensamento em torno de um personagem com um nome e um corpo, você está na ilusão de uma vida irreal, a vida desse falso "eu".

Você tem que descobrir o que significa se manter nessa Consciência. Somente essa Consciência é a visão deste momento, que é a Vida. A mente não lhe dá a visão deste momento. Ela sempre transita entre o presente, o passado (memórias, recordações, lembranças) e o futuro (aspirações, desejos e sonhos).

Reparem que tratei somente de um assunto aqui: a Real Meditação. Meditação é a Consciência desta Vida, que se mostra neste momento. Vou repetir: não há duas pessoas no planeta capazes de viver este momento, porque é um momento único, exclusivo, real. Em outras palavras: não é possível alguém magoá-lo, feri-lo, ofendê-lo, entristecê-lo, aborrecê-lo, porque não há "você", não há ninguém.

*Transcrição de uma fala em um encontro online na noite do dia 06 de fevereiro de 2019 – Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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