sexta-feira, 16 de novembro de 2018

O Supremo Conhecimento

Nesses encontros, estamos descobrindo como constatar e não perder de vista a Verdadeira Identidade de cada um de nós.
Se examinar bem, você vai descobrir que isso, basicamente, é Meditação. Não perder de vista sua Verdadeira Natureza é Meditação. O único equívoco é você ter essa identidade física e mental como sendo sua realidade, sua naturalidade, sua natureza verdadeira. Essa identidade física e mental não deve ter lugar aí, porque ela não é real. Você se confunde com a mente e com o corpo, então, tem medo da doença, da velhice e, naturalmente, da morte. A morte fica mais próxima com a velhice, mas ela alcança a todos, inclusive os mais novos e mais saudáveis.
Identificado com o corpo, você tem muito medo da vida, porque, para você, “vida” representa toda forma de preenchimento e sustentação dessa identidade no corpo. As pessoas não amam a vida, elas amam a continuidade da forma, dessa forma física e mental. Quando eu digo que elas “amam”, quero dizer, na verdade, que estão apegadas a esse modelo de existência, cheio de desejos e medos, em que o apego é muito forte. Isso acontece porque o ser humano não tem a visão da Verdade sobre si mesmo. Quando você percebe sua Consciência, sua Verdadeira Natureza como Deus, o apego a esse modelo de existência, a essa chamada “vida”, termina. Essa sua Consciência, que é a sua Natureza Real, é a prova de que Deus É. Essa Consciência lhe dá a visão dessa grandiosidade. Isso é algo possível quando você está fora dessa identificação “eu sou o corpo”.
Então, não esqueça isso: seu trabalho é assumir essa "Lembrança". Aquele que reconhece a sua Natureza Real, que não perde de vista a sua Identidade Verdadeira, não tem medo da morte. Assim, ele pode deixar a forma de uma maneira beatífica e em Felicidade, não importa como o corpo esteja sendo abandonado.
A madeira de uma árvore pode se transformar em um belo móvel, em uma bela mobília, ou apenas em lenha seca queimar numa lareira. Assim é o corpo daquele que realizou a Verdade, pois não importa como ele vai perecer, como vai desaparecer. Um homem como Ramana Maharshi ou Nisargadatta Maharaj pode ter o seu corpo sendo destruído, “comido”, por células cancerígenas. Para o Sábio, não importa se o seu corpo é destruído por um câncer.
O que estou dizendo é que os Sábios abandonam a forma em um Estado Beatífico, em Estado de Suprema Felicidade, sem qualquer peso, apego e medo. O homem comum não é assim, mesmo que ele morra dormindo. A diferença é que o Sábio já está “morto” e o, assim chamado, “morto” ainda permanece vivo ‒ vivo para os seus desejos, medos e apegos.
Assim, percebam a beleza desse encontro onde estamos descobrindo a verdadeira Felicidade, que não está nesse mundo, que é o mundo da mente, dos desejos, medos e apegos, e que não está na ilusão dessa identidade física/mental. Nesse mundo, temos o prazer de realizar coisas, há uma profunda satisfação egoica nisso, mas o fato é que o risco do fracasso e o medo acompanham isso o tempo todo. Então, o prazer de realizar é permeado de medo ‒ medo do fracasso, depois o medo de perder tudo que conquistou e o maior medo, que é o da morte, porque na morte fica tudo.
Os egípcios, quando seus faraós morriam, colocavam junto deles suas riquezas, para que estas os acompanhassem para o outro lado da morte, e, assim, pudessem desfrutá-las de alguma forma. Hoje em dia, as pessoas não fazem isso porque o caixão é muito pequeno, não dá para colocar o carro, a esposa, o marido, os filhos, o apartamento, a casa de praia, as joias, os brincos, os sapatos, e assim por diante.
Aqui, você tem que descobrir o que é isso que nós chamamos de vida. É necessário descobrir que você é essa Consciência, sem forma, sem nome, sem história, sem corpo, sem mente. Você não é um homem nem uma mulher, portanto, não é pai, não é mãe, não é filho, não tem carro, não tem casa, não tem joias, não tem crédito e, também, não tem dívidas. Não é isso? Tudo isso é maya [palavra sânscrita que significa “ilusão”]. Maya lhe deu isso tudo.
Quando você encontra o seu Mestre, o Satguru, que é o Ser, a Consciência na forma, ele lhe dá esse Despertar; ele lhe mostra sua Consciência Real, sua Natureza Verdadeira. Antes, você era o “conhecedor” do mundo, da história, do nome, da forma, das experiências e, agora, com o Despertar, tudo isso desaparece, porque nada disso tem mais valor. Percebam a beleza disso! Antes você era “conhecedor” disso tudo, agora você não está mais interessado em nada disso, porque lhe foi revelado, por essa Consciência, sua Natureza, que é a própria Consciência.
"Quando você encontra o seu Mestre, o Satguru, que é o Ser, a Consciência na forma, ele lhe dá esse Despertar; ele lhe mostra sua Consciência Real, sua Natureza Verdadeira."
Então, a Consciência, na forma do Satguru, revela para você sua Consciência Verdadeira. Na Índia, eles chamam Isso de Parabrahma, que significa “além de Deus”, “além de Brahma”, além do fenomênico, da manifestação. Parabrahma, sua Realidade Divina, é o que torna Deus real. Deus é real porque Você está aí; o mundo é real porque Você está aí; a existência se manifesta porque Você está aí! Você é anterior a toda manifestação! Você é Parabrahma ‒ esta é a Revelação! Você está além de maya.
Maya está presente em razão dos cinco sentidos: visão, tato, audição, paladar e olfato. Os cinco sentidos estão presentes, então, maya se apresenta como toda essa manifestação, que é a própria Consciência assumindo aparentes nomes e formas. Contudo, você é anterior a essa aparição. Você é Parabrahma! Esse é o supremo Conhecimento do Jnani, do Sábio, por isso, para ele, não há morte nem apego. O devoto é aquele que vê o Guru como sendo essa Realidade infinita. Assim, quando ele percebe, na forma do Guru, Aquilo que está além da forma do Guru, que é Parabrahma, essa Realidade, ele percebe a Si próprio e Realiza o Ser, a Verdade, sua Natureza Real.
Então, o verdadeiro Conhecimento, a verdadeira Revelação é essa Constatação. Estados como vigília, sonho, sono profundo e o que aparece neles não têm a menor importância para o Ser realizado. Isso porque ele não tem mais nome nem forma, embora ainda apareça tendo uma forma, que pode estar sendo destruída por células do câncer ou por alguma outra enfermidade ou situação, como um acidente ou mesmo uma crucificação.
Então, nós temos que perceber o que está além do corpo, além da própria experiência de consciência objetiva, que ocorre através da percepção dos sentidos (visão, tato, olfato, paladar, audição). O que estou dizendo é que Você está além dessa identidade que todos reconhecem com um nome, uma forma e uma história.
Esse mundo mental acontece assim: quando você nasce, o seu nascimento é comemorado pelos seus pais e, quando esse corpo morre, sua morte é lamentada pelos que ainda estão, aparentemente, vivos, mas nada disso é real. Esse nascimento aconteceu num sonho e sua morte vai acontecer num sonho, enquanto que sua Natureza Divina, Real, é anterior a toda experiência dos sentidos, da mente, do corpo e do mundo. Sua Natureza Real não dorme, não acorda, não nasce, não morre. Aquele que sabe isso está liberto em vida!
Não existem tais coisas como esse aparecimento, desaparecimento e a percepção dos sentidos, que é a percepção de maya. Nós, de fato, não experimentamos o nascimento e a morte. A essencial Substância dessas percepções nunca aparece e desaparece; todas essas percepções estão presentes em nosso Ser.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 12 de Setembro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

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