Olá, pessoal! Hoje nós estamos aqui no terraço do hotel, de onde vemos uma das entradas do templo principal daqui de Tiruvannamalai. Essa é a cidade em que Ramana Maharshi veio morar quando tinha 17 anos de idade, após o Despertar.
Ouvindo uma conversa entre os seus parentes, ele descobriu que a montanha de Arunachala estava nesta cidade. O nome ficava voltando para ele, até que ele descobriu que esse nome se tratava exatamente desta montanha. Ele achava que era um lugar celestial, que não havia esse lugar na Terra. E, agora, nós estamos aqui na Índia, visitando todos os dias esta montanha. É uma montanha sagrada! Essa montanha é um desses espaços geográficos misteriosos. Por que a Graça faz assim? Ninguém sabe. A Graça separou esse lugar, onde muitos, por vários anos, têm realizado Deus. E aqui estamos nós, nesse mesmo espaço, visitando o Ramanashram e os edifícios construídos à sua volta, tendo sua maior parte sido construída após Ramana ter deixado a forma física.
Aqueles que têm a oportunidade, concedida pela Graça, de vir a esse lugar, são trazidos por Shiva, pela Presença de Deus. Há algo em você que é Arunachala; há algo em você que é essa Presença; há algo em você que reconhece essa Presença.
Há uma inquietude em todos, que só termina quando essa Realização se assenta. Essa procura pelo Divino, essa busca por Deus, é uma coisa paradoxal. Todos têm um movimento de busca, mas alguns estão buscando Isso no prazer, em toda forma de realização pessoal: no dinheiro, no conforto material, no sexo e tudo o mais que vocês conhecem. Porém, tudo isso ainda é uma busca por Deus, é uma busca pelo Divino, porque é uma busca pela Felicidade, pelo Descanso, pela Liberdade, pela Paz, pelo Silêncio, pela Consciência. Ainda é uma busca por Deus, pois só Deus traz Quietude, só Deus traz Descanso. Só a Verdade é Silêncio, é Paz, é Felicidade.
Mas a mente não aceita isso, então ela vai buscar Deus nas coisas do lado de fora. Ela vai buscar a Verdade no conhecimento; vai buscar a Alegria no prazer; vai buscar Realização no sucesso econômico, no sucesso financeiro; vai buscar o Amor nos relacionamentos. Então, a mente faz tudo do jeito dela. O problema não está na busca, o problema está no equívoco da ilusão de alguém na busca. Esse “alguém” é a ilusão de uma identidade presente, que acredita ser capaz de realizar Isso. Mas a busca é algo natural; não há nenhum problema nela.
A questão é: quem está nessa busca? Quando você vem a Satsang, eu lhe mostro que a busca não é necessária. A busca mantém, sustenta, estabiliza, fortalece a ideia de um buscador. Então, a busca não é necessária. É necessário que a busca termine! Acabei de dizer que a busca não é o problema e agora estou dizendo que a busca é um sério problema. Compreendem isso? Deixem-me tentar tornar isso mais claro.
A minha proposta a você é para que permaneça quieto, para que pare de buscar. Contudo, se você parar de buscar e não ficar verdadeiramente quieto, e, mesmo assim, acreditar que a busca tenha terminado, a sua situação será bem pior do que a situação daquele que ainda estiver buscando. Compreendem a diferença? Eu posso simplesmente ouvir que a busca não é necessária e achar isso muito bonito, porque eu escuto os sábios todos dizendo isso... Eles dizem: “Pare de buscar!” Aí, eu paro completamente. Não quero mais saber de ir ao templo, de rezar, não quero mais saber de guru, de sadhana, não quero receber upadesa… Agora, eu digo: “Eu não preciso mais disso. Eu não preciso de nada disso. Eu sou a Consciência, eu sou a Verdade, eu sou o Buda”. Mas é o ego dizendo isso. Ainda é a velha mente dizendo: “Eu não preciso de mais nada”. Aí, eu começo a citar Buda: “Buda um dia disse: 'Seja uma luz para si mesmo'. Não dependa de nada! Não dependa de ninguém!” Buda é um mestre antigo, que disse essa coisa. Então, eu deixo ele de lado e cito um mestre mais recente – um mestre que faz a figurinha de mestre dizendo que você não precisa de mestre, e, no entanto, ele mesmo está ensinando. Aí, ele diz: “Eu não sou um mestre. Não siga nenhum mestre, mas eu estou aqui. Todas as vezes que você entrar por essas portas, você vai ouvir a minha fala. Eu não sou um mestre, mas tenho muita coisa para lhe dizer”.
Compreendem o que eu quero dizer? Compreendem o truque? Uma grande brincadeira divina. Não estou dizendo que isso está certo nem que isso está errado. Eu estou dizendo que Deus está brincando, brincando com vocês, brincando com todos nós.
Portanto, se eu repito como um papagaio a não necessidade da busca, a não necessidade do guru, porque eu aprendi isso, porque eu decorei isso, então isso, agora, é apenas parte de um condicionamento novo. Tudo continua da mesma forma. “Eu não necessito de um guru; eu não necessito de um ensino; eu não necessito de busca...” E agora? O que acontece? Nada. Absolutamente nada. Essa é uma outra ilusão, uma ilusão nova… se é que existe ilusão nova. O que é que vocês vão fazer para sair disso? Essa fala explica. Ela diz: “Não faça nada!” Aí, você não faz nada. E quando você não faz nada, o que acontece? Também não acontece nada.
Um dia desses, alguém falou comigo que tinha descoberto que não era necessário guru. Ele esteve em alguns dos nossos encontros e depois descobriu que não era necessário mais. Eu perguntei para ele: “O que aconteceu?” Ele disse: “Eu não necessito mais”. Então, indaguei: “E agora?” Ele respondeu: “Agora está tudo bem!” Eu disse: “Tudo bem como?” Ele disse: “Estou apenas aguardando”. Eu disse: “Aguardando?” E ele: “É... Eu aprendi que isso é como um raio. Isso vem e atinge a sua cabeça, e eu não posso fazer nada”. Então, eu disse: “Ok. Compreendo”.
Assim, esse menino está aguardando o raio. Enquanto aguarda o raio, ele continua na sua antiga vida, no seu antigo modelo, nas suas antigas práticas. Não quer saber da autoinvestigação, não quer saber dessa entrega ao divino, e continua tocando o seu violão. Ele é músico. Enquanto toca o violão, aguarda o raio da iluminação atingi-lo. Esse menino aprendeu muito bem. Ele tem na ponta da língua todo o ensinamento que diz que não é preciso fazer nada. Então, se você vai ouvi-lo, ele olha para você e você percebe que seus olhos estão opacos, sua mente está agitada... Ele não gosta da palavra Deus, não suporta a ideia de um guru e detesta tudo aquilo que é sagrado. Se falarmos para ele de uma montanha que é a manifestação da Graça numa forma de rocha, ou de rochas, árvores, macacos e cobras, ele vai rir. Compreendem o que eu quero dizer?
O próprio Ramana Maharshi disse que essa montanha era Deus para ele! Era o Guru para ele! Ele considerava sagrado cada palmo e cada pedra dessa montanha. E esse menino com o seu violão, carregando todos os conflitos da ilusão da separatividade, diz que Ramana estava errado; não só Ramana, mas milhares e milhares de homens e mulheres que realizaram Deus e terminaram os seus dias livres do sentido de separação, livres do sofrimento, livres da ilusão de uma identidade separada. Isso para mim é muito engraçado (risos). A mente é muito estúpida, em sua arrogância, em sua vaidade, em sua presunção de saber.
Assim, eu tenho algo pra lhe dizer nesse encontro: sem humildade é impossível. Se você já sabe, há uma muralha na sua frente. Eu lhe recomendo ter uma real aproximação: olhar sem preconceito, olhar sem medo, olhar sem conclusões. Você pode recusar tudo e se fechar para tudo, mas isso não passará de um comportamento estúpido.
Vou lhe contar uma coisa, como ilustração:
Dizem que um homem vinha descendo uma ladeira dirigindo o seu carro, quando, de repente, na outra mão, uma mulher passa, também em seu carro, abre o vidro, olha para ele e grita bem forte: “PORCO!” Ele olha para aquela mulher e diz: “Mas como pode? O que é que eu fiz?” Naquele momento, ele é tomado pela ira. Aquela mulher o chamou de porco e ele não fez nada! Ele fica muito irritado e começa a xingar. Ele agora está com raiva e continua descendo. Lá na frente, ele pega uma próxima curva, e, quando sai dela, se depara com um enorme porco na sua pista e, aí, não tem mais tempo... Ele se acaba no porco! Isso se chama reatividade. Mente reativa.
Se você está fechado, há uma muralha. Não dá para realizar Deus assim, sem humildade. Eu não uso muito essa palavra. A minha palavra predileta para isso é simplicidade. Humildade pode ser uma coisa cultivada e não é disso que estou tratando; estou falando de simplicidade: viver sem reatividade, sem uma mente reativa, sem preconceitos, sem conclusões, sem opiniões formadas, permanecendo aberto, com o coração aberto para ouvir, para ser ensinado, para descobrir, para investigar.
Ok? Vamos ficar por aqui? Valeu pelo encontro. Namastê!
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Que fala linda! Como é possível tanta sabedoria?!De onde Isso tudo vem??
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