terça-feira, 5 de julho de 2016

A Alegria da liberdade, da paz, do silêncio e dessa beatitude

A mente egoica jamais vai desistir de seu movimento. É necessário que um elemento novo se apresente aí; esse elemento novo é uma alegria maior que esse prazer. A diferença entre prazer e alegria é que o prazer faz estardalhaço, enquanto a alegria, da qual estamos falando, não é essa alegria eufórica, que ainda é da mente prazerosa e da mente egoica; ela é uma alegria sutil, suave, silenciosa. O elemento que torna possível o seu coração inclinar-se para essa alegria silenciosa é o elemento da própria Consciência. A Graça é esse elemento da Consciência.
Enquanto não é tocado pela Graça, você não tem a mínima condição de ir além da mente egoica. É possível que o mecanismo da dor, do conflito, do sofrimento, torne possível isso, quando o seu coração, já impulsionado pela própria Graça, voltar-se para essa Consciência. Então, a Graça é o elemento que torna possível você abdicar, abrir mão da mente egoica em sua busca do prazer. Esse elemento, que é a Graça, é o elemento da Consciência na consciência.
A natureza do Ser é inclinar-se para aquilo que lhe dá maior felicidade. O Ser inclina-se sempre para aquilo que lhe dá maior felicidade, e isto é aquilo que lembra Aquilo que Ele é – a sua Real Natureza. O Ser inclina-se para aquilo que lembra a sua Real Natureza! Essa alegria silenciosa, sem estardalhaço, natural, a alegria da Liberdade, da Paz, do Silêncio e dessa Beatitude é aquilo que lembra o Ser, aquilo que ele é: Felicidade.
Como o ego é muito grosseiro, a dificuldade que se tem de inclinar-se para essa alegria é porque ela não é o prazer que o ego conhece. Tudo o que ele conhece é essa grosseria do prazer – o prazer grosseiro dos sentidos. Comer dá prazer, dormir dá prazer, diversão sensorial dá prazer, sexo dá prazer, e tudo o que o ego aprecia muito é o prazer grosseiro dessa satisfação da suposta entidade separada. O apego da mente egoica a isso é muito forte, já está aí há milênios, e o ego não vai abrir mão disso, jamais, porque é onde ele se situa como sendo "alguém". Sendo consciente dele, de ser uma entidade, de ser "alguém", ele não vai abrir mão disso.
Enquanto se está imaturo para Isso, não há nenhuma possibilidade, nenhuma chance. Você está em Satsang porque você já tem uma maturidade, a de perceber a ilusão que é viver nesta dualidade – prazer e dor, prazer e dor – nessa coisa grosseira, que é a alegria eufórica que o ego conhece a partir de suas realizações. Em razão dessa maturidade aconteceu um chamado da Graça, e esse chamado colocou você em Satsang. Quando chega em Satsang, você percebe o quanto isso faz sentido; não faz sentido para a mente egoica, mas faz sentido para o seu coração... O quanto isso tudo faz sentido!
Essa alegria silenciosa, graciosa, fora da mente, fora do prazer e da dor, fora dessa dualidade... O quanto isso faz sentido nessa coisa chamada Satsang! Então, acontece a Alegria da Meditação, da investigação; acontece a Alegria da devoção, de voltar-se para Deus, para a Verdade, a Felicidade, a Liberdade e para o Amor.
Vocês estão indo além da dualidade, além dessa coisa grosseira, que é a busca constante do prazer sensorial. Tomar um banho de mar, tomar sol, comer, tudo isso é prazer físico, sensorial, então, tanto a questão do prazer, quanto da própria dor, começam a não ter muita importância, porque o corpo passa a não ter muita importância.
O corpo tem muita importância, na inconsciência, para essa ego-identidade e suposta ideia: "eu sou o corpo". Então, nessa ideia "eu sou o corpo", o corpo tem importância, e quando ele tem importância estar numa praia é melhor que estar em outro lugar, ou o outro lugar é melhor que estar na praia, ou estar com alguém é melhor do que estar com outra pessoa. Começa a ter essas diferenças: é melhor estar com fulano do que com beltrano, estar num lugar do que em outro... Isto porque é muito grande a importância que o corpo dá a seu preenchimento, além da importância que o ego dá a esse corpo, nessa ilusão de "ser o corpo", e a um específico preenchimento. Então, o corpo está sempre em busca de sensações.
Sensação é a vida egoica, seja ela sentimental, emocional ou fisiológica, e na Consciência, no Ser, isso não tem importância, é só mais uma coisa. Isso é como vários pratos, vários alimentos numa mesa, e todos têm o mesmo peso de importância para você; não tem um que é especial. Assim, as experiências sensoriais, todas elas, passam a ter importância, mas elas não assumem essa importância desmedida que antes o ego dava – alguma coisa em detrimento de outra.
Em razão disso, depois de muito insistir, essa continuidade do ego na busca do prazer, que carrega com esse prazer uma dor embutida (dor que sempre acompanha essa coisa consistente de "prazer e dor"... "prazer e dor"... "prazer e dor"...), permanece até que por uma ação da Graça, desta Presença, você é tocado por um elemento inteiramente novo, que é essa alegria sutil, silenciosa. Não é algo grosseiro com esse peso da dor do outro lado – prazer e dor. Tocado por essa alegria, aí, o coração inclina-se, porque isso é o Ser lembrando-se da sua Real Natureza. Aí existe a possibilidade de estar acontecendo um chamado divino para essa realização de Deus.
*Transcrito de uma fala ocorrida num encontro presencial, na cidade de João Pessoa/PB. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

3 comentários:

  1. Essa Graça é o Mestre, o Guru! Gratidão Mestre Gualberto.

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  2. Na mente,a busca por satisfação,por preenchimento é tão grande que nos torna neuróticos.Enquanto isso não for visto a coisa continua.

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  3. Eu quero, eu preciso,sem isso não posso viver.
    Pobres mortais.
    Deus põe, Deus dispõe!
    Seja feita a sua vontade!
    Espiritualidade é sinônimo de Consciência

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