Aqui a pergunta é: “Como vencer o medo da morte?” A compreensão disso requer uma aproximação da verdade daquilo que a morte representa. Veja, aqui não se trata de uma aproximação com base em crenças.
As pessoas têm procurado estudar esse assunto e, em razão disso, em razão de todo o aprendizado dentro da espiritualidade ou desse movimento de vida religiosa, elas hoje carregam todo tipo de crenças a respeito do pós-morte. E isso lhes garante um certo consolo, um certo conforto, uma certa intelectual certeza. Mas isso não é o fim do medo.
O sentido de alguém presente, que é o “eu”, o ego, que tem suas coisas, ele não quer se ver livre dessas coisas. Isso é um fato, isso é uma realidade. Então, não importa a quantidade de crenças que você tenha a respeito do pós-morte ou da não verdade da morte. O fato é que, quando a morte chega, muda tudo. Muda tudo porque tudo que você tem desaparece, tudo que você é desaparece. E esse é um contato com o desconhecido.
Então, repare: esse contato com a vida, sem a compreensão do que ela é, lhe coloca numa condição onde você está preso a experiências de todos os tipos, e dando uma identidade a todo tipo de situação à sua volta e dentro de você, que você chama de “minha vida". Então, tudo que você sabe é isso que você conhece sobre você, sobre essa, assim chamada, “vida”. Qualquer coisa fora disso é o desconhecido.
Então, a verdade é que uma crença é um conceito, é uma ideia, é um pensamento. Conceito, crença, ideia, pensamento, tudo isso é algo que faz parte ainda de uma abstração. Então, a realidade da morte é compreendida quando o sentido do “eu”, do ego, com tudo que ele representa, desaparece. Repare: não é fisicamente, mas, sim, psicologicamente.
Esse sentido do “eu”, do ego, tem uma visão desse seu mundo físico a partir do seu imaginário mundo psicológico. Então, é aqui que está o problema. O ser humano não tem exatamente medo da morte, porque a morte é algo desconhecido. O medo do ser humano é o medo de perder sua segurança no que ele conhece.
O seu medo não é exatamente do desconhecido, mas é o medo de perder a segurança dentro do que ele conhece, dentro do que ele sabe. E o que ele sabe é aquilo que sua identidade egoica, esse sentido do “eu”, que é o ego em cada um de nós, carrega. Aqui está a questão do medo.
O medo está presente, e é o medo de perder tudo o que ele representa. Quando algo que é seu lhe é tirado, há uma dor envolvida nisso. E por que essa dor está presente? Em razão da vinculação psicológica, sentimental, emocional e física de apego àquele objeto, àquela pessoa, àquela dada situação, ao próprio corpo. Então, o seu medo é o apego ao conhecido. Essa é a experiência do “eu”, é a vida do “eu”, é a vida do ego.
Então, como vencer o medo da morte? Repare, tudo que você vence, tem que continuar vencendo. Mas quem é esse que está vencendo? Não é o “eu”? O que é que ele está vencendo? A verdade sobre isso é que sim, é possível o fim do medo. É isso que temos falado com você, estudado com você, explorado com você aqui.
Aqui estamos trabalhando com você essa questão do Despertar Espiritual, porque as pessoas também perguntam: “O que é o Despertar Espiritual?” Veja, o Despertar Espiritual é a ciência da Verdade Divina, do seu Real Ser – pelo é nesse sentido que colocamos essa expressão aqui.
A Realização d’Aquilo que é Você, que é a Verdade Divina, é o Despertar Espiritual ou Iluminação Espiritual. E se Isto está presente, nós temos o fim do medo. Veja, não se trata de vencer o medo. Não existe nada que você consiga vencer que não tenha que vencer de novo, e de novo, e de novo. Aqui estamos falando de uma vitória definitiva. Mas uma vitória definitiva não significa a partir de uma luta entre você e essas coisas chamadas medo e medo da morte.
Aqui estamos falando do fim para o medo e, portanto, o fim desse “eu”, porque é assim que essa Realidade do fim do medo acontece. Enquanto houver o sentido de um “eu” presente, que é o ego, com suas coisas, se ele tem suas coisas, ele é essas coisas.
Pode parecer muito estranho você ouvir isso, mas tudo que faz parte desse centro, que é o “eu”, o ego, tudo que faz parte dele é aquilo que ele tem. Tudo que ele tem faz parte dele. É aqui que se encontra essa ilusória identidade.
O “eu” não passa de uma memória, ele não é nada além de uma ideia, de uma crença, de um conjunto de coisas que ele imagina ser, que ele imagina ter. Quando você diz “minha casa”, repare, isso é uma ilusão. Você não pode ter uma casa. Isso é uma projeção do pensamento a partir de um centro ilusório de uma autoimagem, que é o “eu”.
Veja, você tem uma imagem sobre quem é você e um pensamento, uma imaginação do que você tem. Você é só um pensamento, essa autoimagem é um pensamento. A história que você tem sobre você é uma ideia criada pelo pensamento, sustentada pelo pensamento, contada pelo pensamento, porque tudo isso faz parte de uma memória de passado que esse corpo e mente viveram.
Então, as experiências passadas que esse corpo e mente viveram, todas essas experiências fazem parte da história do “eu”. Mas esse corpo e essa mente não são a Realidade do seu Ser. Esse “eu" é um conjunto de memórias, um conjunto de lembranças, uma imagem que você faz sobre quem você é.
Essa imagem tem uma casa, tem um carro, tem uma esposa, tem uma família, tem filhos, e tudo isso desaparece na morte. Notem: tudo isso se vai. Quando essa coisa extraordinária chamada morte chega, ela não avisa, ela não negocia com você. Você não pode argumentar com ela, bater um papo com ela. Você é um conjunto de imagens, memórias, lembranças. Então, a crença está exatamente aí, na ideia de ser alguém que tem coisas. Na verdade, essas coisas fazem parte dessa autoimagem.
Não temos só o medo da morte, nós temos o medo de envelhecer, o medo de adoecer, o medo de empobrecer, o medo de não enriquecer, o medo de ser enganado, de ser traído, de ser abandonado, o medo da doença, o medo da velhice, o medo de perder o que nós conseguimos.. Há tantas formas de medo presente em cada um de nós. Por que esse medo está presente? Porque esse medo é a condição da identidade do próprio “eu”.
O medo não é algo separado do “eu”. O “eu” é o medo. Veja como é fascinante termos uma compreensão disso e como é fundamental para essa Realização Divina, que é o Despertar para Aquilo que está além de tudo isso, dessa condição humana de identidade egoica, nessa identidade do “eu”. Reparem como isso é fundamental.
Um pensamento em você está presente, então você está presente. Se não há nenhum pensamento, não existe você presente. Se, por exemplo, a casa que você tem – o pensamento “casa” –, com todos os móveis ali, onde ela se situa, a cidade, o bairro, tudo isso está dentro do pensamento. Se o pensamento está presente, você tem essa casa. Mas você está presente nessa lembrança, essa lembrança está presente nesse você: isso não se separa.
A lembrança é você, você é a lembrança. Se você não tem a lembrança, você não está presente. Então, o pensamento é o pensador. Ter, aqui, uma aproximação disso é fundamental. Todo pensamento em nós é a presença do pensador. Livre do pensamento, livre do pensador. E, se não há o pensador, porque não há o pensamento, não há casa, não há história, não há medo.
Aqui se trata da Realização d’Aquilo que é Você e seu Ser, além do “eu”, além do pensador, além da mente egoica. Isso é o fim do medo, é o fim do medo da morte, porque neste momento não há mais a continuidade do “eu”, ele já se foi.
Então, como viver a vida livre do medo da morte? Assumindo a Realidade da vida, sem o centro, que é o “eu”, o ego, o pensador, o movimento da mente egoica, com tudo que ela possui. Isso é estar livre dessa vinculação de imagens que sustenta o apego.
Repare: você está num contato direto com todas as experiências da vida, com família, com negócios, com os bens móveis e imóveis, mas sem o sentido do “eu”, do ego, desse movimento psicológico de ser alguém preso, agarrado, nessa vinculação de imagens, de apego a tudo isso, não há medo, não há sofrimento. Isso é o Despertar da Realidade do seu Ser.
Uma vida livre do ego é uma vida livre do medo, de toda forma de medo, porque nesse momento a vida está acontecendo sem o sentido de alguém nessa particular vida desse centro, que é o ego, que é o “eu”, com tudo o que ele tem, com tudo o que ele possui, com tudo o que ele é.
Nós estamos trabalhando com você aqui exatamente essa visão da Realidade da Vida, que é a Realidade do seu Ser. É nesse sentido que nós usamos aqui a expressão “o Despertar Espiritual”. Veja, em nenhum momento entrou aqui experiências místicas, extrafísicas, o contato com extraterrestres ou algo que a pessoa viveu e pode contar a respeito. Não é isso! Não é nesse sentido que investigamos isso aqui com você, não é nesse sentido que colocamos essa expressão aqui.
O Despertar do seu Ser é o verdadeiro Despertar de Deus, é o Despertar Espiritual, Iluminação Espiritual, é o fim do “eu”, é o fim do ego. Isso é o fim dessa condição ilusória de ser alguém. Isso se torna possível quando você descobre o que é Meditação, a aproximação da verdade da Meditação.
Aprender a olhar todo esse movimento do pensamento, do sentimento, da emoção, da sensação, da percepção, nesse contato com pessoas, lugares, objetos, sem colocar uma identidade presente, que é o “eu”: isso é Meditação.
A verdade da Meditação é a ciência de Ser pura Consciência, neste instante. Então, mais uma vez, temos uma palavra aqui que nós temos colocado de uma forma muito clara para você: Meditação. Não é uma prática, não é se sentar, fechar os olhos, fazer uma visualização, repetir um mantra ou respirar de uma certa forma.
A verdade da Meditação é a desidentificação com todo esse conteúdo psicológico do “eu”, um esvaziamento de todo esse conteúdo para a simples ciência de Ser, onde não há separação, onde não há essa dualidade entre o pensamento e o pensador, a experiência e o experimentador, aquele que está presente e a presença dessa dada coisa, aqui e agora. Compreender melhor isso requer uma aproximação deste trabalho.
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