quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Natureza do Ser | Real Felicidade | O Despertar da Consciência | Dependência emocional

A pergunta é: como ser feliz? Aqui estamos diante de uma pergunta bem interessante. Afinal, o que representa para você a felicidade? Nós temos um ideal, um conceito, uma ideia sobre o que é ser feliz, e para a maioria das pessoas ser feliz é ter momentos de prazer, de satisfação, de realização em algum nível.

Assim, quando nós tocamos aqui no assunto da felicidade, talvez nós estejamos falando uma outra coisa. Estamos aqui sinalizando, apontando para você Aquilo que consideramos Real Felicidade, e Real Felicidade não são momentos felizes.

Para a maioria das pessoas, ser feliz ou conhecer a felicidade é ter momentos de prazer, de satisfação, de preenchimento, de gratificação, de realização em algum nível. Então, no momento desta realização, há essa, assim chamada, “felicidade”. Para a maioria das pessoas, a felicidade consiste em momentos felizes, por isso perguntam: “Como ser feliz?” Elas identificam a felicidade com esses momentos.

Aqui nós estamos trabalhando com você o fim da ilusão desse sentido de “alguém” presente, o que representa algo inteiramente diferente desse “ser feliz”. Isso representa o fim do sofrimento, do psicológico sofrimento, do egoico sofrimento, da identidade de um “eu” presente no sofrimento. Então, o fim do sofrimento é o fim do “eu”. A meu ver, isso é Real Felicidade. Não é algo que vem e vai, não é algo que aparece agora, aqui e depois logo vai embora – como acontece com os momentos felizes.

Você, sim, é feliz no dia do casamento. Sim, você é feliz quando nasce o seu primeiro filho, você é feliz quando compra o seu primeiro carro, você é feliz quando ganha no jogo, na loteria; quando você se torna um milionário, você é feliz. Agora, em nenhum momento como esses você tem a Realidade da Felicidade, exatamente porque nesses momentos, você é feliz, e no momento seguinte, você já não é feliz.

Felicidade é a Natureza do Ser, é a Natureza de sua Verdadeira Consciência. A sua Real Consciência é a Felicidade. Então, como é que os Sábios lidam com isso? Como é que os Sábios tratam dessa questão da Felicidade? Na visão dos Sábios, Felicidade não é um estado que vem e vai, é a Natureza do Ser que está além desses estados que nós conhecemos.

Os estados que nós conhecemos estão dentro – todos eles – do conhecido, dentro da experiência para aquele que experimenta. Enquanto esse que experimenta está presente nessa dada experiência, se ela é de prazer, se ela é de alegria, se ela é de preenchimento, de satisfação, de realização, então há, sim, nesse instante um momento feliz. Mas estamos lidando com algo conhecido, algo dentro do tempo, um tempo já reconhecido pelo experimentador.

Notem que a procura por desejos se assenta na busca dessa, assim chamada, “felicidade", dessa “ordinária felicidade”, dessa “comum felicidade”. Então as pessoas estão numa procura, que é a procura da felicidade, tanto que elas perguntam também: “Como encontrar a felicidade?”, porque, para elas, é algo que poderão encontrar, é só uma questão de tempo, de planejamento, esforço e trabalho e realizarão isso em algum momento.

Assim, estamos sempre lidando com o aspecto daquilo que é conhecido, que é a felicidade que o experimentador – que é o “eu” – pode reconhecer, e estamos sempre lidando com esse fator, que é o fator do tempo para a realização disso, para a execução disso. Esse é sempre o sentido de um “eu” presente na experiência dessa, assim chamada, “felicidade”.

O ser humano está à procura de algo, em busca de algo além dessa condição de rotina, de repetição, de tédio, de continuidade que é a sua vida. No entanto, ele está à procura disso dentro de sensações, dentro de novas experiências – experiências de prazer, experiências de preenchimento.

Aqui é que nós deparamos com um equívoco, porque por maiores que sejam essas realizações, essas satisfações ou prazeres que advêm dessas experiências, é algo para esse “eu”, que é o experimentador, que é o ego; algo encontrado e reconhecido por ele mesmo, assim sendo, é algo que faz parte daquilo que ele já traz dentro dele como um projeto de preenchimento pessoal. Então, isso não pode ser a felicidade, isso apenas resulta em momentos de prazer, em momentos felizes.

Qual é a verdade sobre a Felicidade? A Felicidade é Aquilo que é, por natureza, imutável. Assim, não estamos falando mais de prazer, de sensação, de experiência, não pode ser algo no tempo, não pode ser algo que seja reconhecido por esse “eu”, por esse experimentador. Então para a pergunta “Como ser feliz?”, nós precisamos compreender antes de tudo o que significa Ser. Porque, se a nossa ideia é ser feliz em estados onde o “eu” está, o experimentador está, nós vamos sempre estar dentro dessa condição de viver experiências de prazer, de satisfação e de realização.

Um outro aspecto interessante dessa, assim chamada, “felicidade” que o “eu” conhece, que o experimentador conhece é que isso carrega um outro lado. Toda a realização, todo o preenchimento, todo o prazer, como são algo acontecendo no tempo, e são algo buscado pelo “eu”, ocultam ainda uma insatisfação, uma incompletude, uma ausência, uma carência, então nós buscamos isso em razão do desejo, que é sofrimento.

Um outro aspecto presente nesse encontro com essa, assim chamada, “felicidade” é que o outro lado desse prazer é a dor que já trazemos juntos para essa experiência. Então esse “eu”, esse ego em sua insatisfação, encontra a satisfação; esse “eu”, esse ego em sua dor, encontra o prazer; no seu estado de inquietude, encontra algo que momentaneamente o tranquiliza, mas é algo buscado pelo “eu”, algo buscado pelo próprio ego, então isso não pode ser Real.

Esse prazer ainda carrega o oposto, o contrário dele, que é a dor. Esse preenchimento ainda carrega o oposto, o contrário dele, que é essa falta. Então percebam como é simples isso. Jamais haverá satisfação plena no ego porque ele é a insatisfação da experiência na própria satisfação. Jamais haverá prazer eterno no “eu”, no ego porque ele é a dor do experimentador, do prazer na experiência. Tudo isso precisa ser investigado, compreendido.

Então, podemos descobrir a Natureza do Ser, a Natureza da Verdade sobre quem somos e, assim realizar a Real Felicidade. Assim, o nosso objetivo aqui juntos é aprofundarmos isso com você. Só podemos constatar a Verdade da Felicidade quando temos uma base correta para isso, e a base correta é a Revelação da Verdade desse que quer ser feliz, que está à procura da felicidade e que está perguntando como encontrar a felicidade.

Uma outra palavra que pode muito bem substituir a palavra “felicidade”, uma vez que nós compreendamos o significado real dela, é a palavra “amor”. Reparem que nós também não sabemos o que é o Amor.

Em nossas relações, temos satisfação, temos prazer, temos carinho, temos cuidado, temos afeição, tudo isso está presente em nossas relações com a “pessoa amada”, mas a “pessoa amada” está aqui como um ideal que buscamos, que nós em algum momento procuramos, e aquilo que nós procuramos e que nós encontramos como sendo um ideal nosso, desse próprio “eu”, ainda é parte desse sentido de egoidentidade, ainda é parte desse sentido de separação.

Nesse encontro, nós chamamos de “amor”, porque é o nome que conhecemos para essa afeição, para esse carinho, para esse cuidado, mas isso carrega, juntamente com todas essas palavras, a dependência, a carência, o sofrimento de não poder ter mais, ver mais e sentir mais o outro, sua presença, sua atenção e, também, o seu carinho de lá para cá, o seu cuidado de lá para cá.

Então há esse jogo, na verdade, de mútua dependência emocional, sentimental, psicológica, e isso nós estamos dando o nome de “amor”. É isso que nós conhecemos em nossas relações humanas, é isso que nós conhecemos nesses instantes preciosos que chamamos de “amor”.

Fazemos poesias, escrevemos livros, compomos letras de música, colocamos música nessas letras, tudo falando desse “amor” que sinto por ele ou por ela. Não percebemos o jogo oculto nisso. O sentido de um “eu” presente que se preenche nesse contato, que depende desse contato, que sofre se esse contato o despreza, o ignora, não dá relevância para isso.

Então o que nós temos dentro desse, assim chamado, “amor” é mútua dependência. Quando há o engano, quando há alguma forma de mentira – que é algo que ocorre com muita facilidade nas relações entre egos, entre pessoas –, aí surge o ciúme, o despeito, o medo, a agressão, a violência, a violência mental, a violência verbal e até mesmo a violência física. Esse, assim chamado, “amor” está embebido no conflito.

Então, nesse, assim chamado, “amor" temos a presença do sofrimento. O sofrimento prevalece nesse “amor”, então, isso não é Amor. A verdade é que nós não sabemos o que é Felicidade e, também, não sabemos o que é o Amor, e estamos procurando do nosso jeito, do nosso modo, externamente, do lado de fora. Sem uma direta compreensão da Verdade sobre quem nós somos, acreditamos poder encontrar Isso do lado de fora.

Então, o que estamos vendo aqui juntos? Estamos investigando aqui a Natureza da Verdade sobre quem nós somos, que é a Natureza de Deus, que é a Natureza da Felicidade, que é a Natureza do Amor. Se isso é encontrado aqui, na relação com o outro, o Amor está presente, mas não há mais dependência mútua, não há mais apego, não há mais medo, não há mais sofrimento.

Se o Amor é encontrado aqui, sua vida tem essa fragrância, esse perfume, essa beleza. Se a Felicidade é encontrada aqui, ela não depende mais de situações, de circunstâncias, não é Algo que muda, não é Algo que acontece em razão de uma realização externa, de um encontro com algo do lado de fora. A Felicidade é Algo presente agora. Não é mais a busca do prazer, do preenchimento e da satisfação.

Esse é o assunto que trabalhamos aqui com você. Isso é possível quando há o Despertar da Consciência ou a Iluminação Espiritual. O nome que as pessoas dão para Isso são diversos, mas se trata do fim do “eu”, da Realização do seu Ser, da Realização de Deus.

Agosto de 2023
Gravatá/PE
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terça-feira, 26 de setembro de 2023

Vida Religiosa. Liberdade Psicológica. Como realizar Deus? A Verdade Divina. A Verdade da Sabedoria.

Nós estamos descobrindo a Verdade do desaprender. É isso, do desaprender! Nós estamos aprendendo a desaprender. Precisamos ter uma aproximação da Verdade daquilo que somos, não disso que acreditamos ser. É isso que, em geral, nós temos por aquilo que sabemos. Então, nós sabemos quem é o outro, nós sabemos quem nós somos, nós sabemos o que é a vida. A ideia que nós trazemos é a desse saber.

Aqui nestes encontros, nós estamos desaprendendo esse saber. Estamos tendo uma aproximação da Verdade, da Compreensão sobre quem nós somos. Estudar a nós mesmos requer desaprender aquilo que acreditamos ser, que acreditamos que o outro é, que acreditamos que a vida seja. Então, nós estamos aqui nos aproximando de uma Visão, de uma Revelação da Verdade da Sabedoria, da Verdade Divina, da Verdade de Deus. Isso se torna possível quando nós descobrimos a arte de ser Presença, de ser Consciência. Isso requer esse desaprender.

Olhe para a vida à sua volta e você irá perceber que tudo o que você tem do outro, do mundo e de si mesmo, nessa relação com essa existência, são crenças, são conceitos, são ideias. É isso que nós acreditamos saber. Então, nós precisamos desaprender, desaprender esse saber. Precisamos descobrir a Verdade sobre esse assim chamado “saber”, e nós descobrimos isso quando nos despimos desse saber, desse conjunto de opiniões, de crenças, de ideias, de conceitos, de preconceitos sobre a vida, sobre o outro, sobre nós mesmos.

Então, o trabalho aqui consiste na descoberta da Verdade Divina, desse encontro com a Real Verdade do Ser, que é Felicidade, que é Amor, que é Verdade, que é Graça, que é Beleza. As pessoas usam a expressão “comunhão com Deus”. Se você não compreende a Verdade sobre quem você é, você não tem uma verdadeira aproximação da Verdade sobre Deus. Tudo que você tem sobre Deus é aquilo que você também tem sobre o outro, sobre a vida e sobre o mundo: ideias, um conjunto de opiniões, formulações, conclusões e crenças. É isso que nós temos do outro, da vida, do mundo, de nós mesmos e de Deus.

Assim, esse contato com a Verdade do nosso Ser é aquilo que revela esta Graça, esta Beleza, esta Liberdade, esta Real Felicidade. Quando nós nos aproximamos de uma forma muito clara… é que, em geral, nós não temos essa clareza para essa aproximação, nós não temos essa autenticidade para essa aproximação, uma verdadeira honestidade para essa aproximação. Por menor que seja esse momento de clareza que, em alguns momentos, nós temos, e de honestidade que, em alguns momentos, nós temos nesse contato com o outro, percebemos que não há Beleza, não há Liberdade. Aquilo que está presente, sempre, é o conflito, a divergência, as opiniões, as crenças, as conclusões, os ideais pessoais particulares. Isso nos separa, nos divide, isso nos afasta uns dos outros, isso nos coloca em divisão, isso nos coloca em contradição e, portanto, em conflito em nossas relações. Não há Amor, não há Compaixão.

Aqui, nós estamos trabalhando com você o fim para essa condição, dizendo que uma vida Real não é uma vida pessoal. A vida Real é a verdadeira vida Religiosa, compreendendo que vida Religiosa não é a vida de práticas religiosas. Em geral, nós confundimos vida Religiosa com frequentar igrejas, templos, mesquitas, espaços assim chamados “religiosos”, onde há cerimônias, rituais, onde há ensinamentos, doutrinas. Acreditamos que o contato com a vida Religiosa, o contato com o Sagrado é o contato com cerimônias, com rituais, com doutrinas, com livros sagrados, com práticas de rezas, orações e cânticos.

A vida religiosa Real é aquela onde a Verdade do seu Ser se revela agora, aqui, como sendo a Realidade Divina, a Realidade de Deus. Essa é a Presença da vida Real em Deus. Não é essa ideia que nós temos: “eu com Deus”, “eu e Deus”. Não há esse “eu e Deus”! A Realidade é a Realidade Divina, a única Realidade em tudo é a Realidade de Deus. Esse sentido de um “eu” é o sentido de uma pessoa na busca ou na procura dessa assim chamada “comunhão”. Mas o que é essa pessoa? O que é esse “eu”? Qual é a verdade desse “eu”?

Esse “eu” está centrado em si próprio, auto-interessado em si mesmo, na procura por alguma coisa para obter, para conseguir, para alcançar, para realizar alguma coisa para si próprio. Esse movimento do “eu” é sempre um movimento pessoal, centrado nesse sentido de separação do outro, da vida e de Deus. O que é esse “eu”? Qual é a verdade sobre esse “mim”? Um conjunto de imagens, memórias, lembranças… resultado de uma propaganda política, espiritualista, também filosófica e religiosa. Esse é o “eu”, o resultado de uma tradição, de herança de humanidade, de cultura humana, de condicionamento psicológico. Esse sentido de um “eu” está presente carregado de medo.

Essa sua busca, essa sua procura, essa sua tentativa de alcançar, de encontrar Deus… qual é a razão por detrás disso? Ele está entediado, ele está sofrendo. Ele está carregado – além de todo esse movimento egocêntrico tão comum nesse centro ilusório que é o “eu”, o ego – ele está carregado de medo. Isso lhe impulsiona a essa assim chamada “procura pela Verdade”. Tudo que nós queremos no ego é nos livrarmos do sofrimento, da confusão, da desordem psicológica, dessa angústia, desse vazio existencial, dessa solidão e desse medo e, por isso, nos aplicamos a rituais, cerimônias, a práticas religiosas, mas o interesse é sempre pessoal, egocêntrico. Tudo isso se sustenta no egocentrismo, se sustenta no medo.

Aqui estamos trabalhando com você o fim da ilusão do “eu”, nesse contato com o outro, com a vida e com Deus, no qual esse “eu” não está presente. Então, essa Realidade de Deus, que é a Verdade Divina do seu Ser, tem o outro, tem o mundo, tem a vida. Essa é a real vida Religiosa, a verdadeira vida Religiosa é a ausência desse “eu” e, portanto, desse movimento egocêntrico de ser alguém. Quando há verdadeira religião, quando há uma verdadeira vida Religiosa, não há medo, não há sofrimento, não há autointeresse, não há egocentrismo, não há confusão, não há desordem.

Não se trata mais de continuar uma vida em contradição, onde você é um em casa, é outro no trabalho e outro na igreja, ou no seu espaço religioso. Não se trata desse aspecto externo de religiosidade, esse aspecto aparente de vida religiosa, mas um estado interno de Liberdade psicológica, onde a Presença de Ser que é Consciência, é Meditação.

A Meditação é a ausência de alguém presente neste instante, neste momento, neste viver. Isso dispensa rituais, práticas, cerimônias, isso dispensa todo esse aspecto externo, todo esse aparato externo de religiosidade. É algo que está presente quando esta vida não carrega mais nenhuma contradição entre o pensar, o sentir e o agir. Então, não há mais contradição. A Verdade do seu Ser é a Verdade de Deus. Isso é vida Religiosa. Não é mais a vida do “eu”, a vida do ego, a vida da pessoa que nesse medo, nessa ilusão, nessa presunção de ser alguém, está à procura de alguma coisa para temporariamente se ver aliviado de todo esse peso, de todo esse sofrimento.

Olhar para esse movimento do pensamento dentro de você, assim como dos sentimentos, das emoções, desse seu modo bem particular de se relacionar com aquele que está mais próximo de você. Tomar ciência das palavras, dos gestos, do que lhe move a dizer. O que é esse movimento interno de sentir e o que lhe move a fazer nesse contato com o outro, com aqueles que estão à sua volta. Estar ciente desse movimento do “eu”, estar ciente desse movimento do ego, desse sentido de uma identidade que se separa do outro, da vida, da Verdade, que se separa de Deus. Tomar ciência desse “eu”, ter uma aproximação desse estudo de si mesmo, desse olhar direto com clareza real, com genuína intenção para observar esse movimento e pôr fim a esse sentido de uma egoidentidade presente neste instante, neste momento. É realmente uma aproximação da vida Religiosa, da vida Divina, da vida em Deus.

É isso que estamos trabalhando aqui com você, lhe propondo dentro deste canal. A Ciência da Realidade do seu Ser, que é a Realidade de Deus, é a resposta para perguntas do tipo: “Como me livrar do medo?”, “Como se livrar da ansiedade?”, “Como se livrar da inveja?”, “Como se livrar do egoísmo?”, “Como realizar Deus?” A resposta para tudo isso é algo que está dentro desta Realização daquilo que é você em seu Ser, quando há um esvaziamento de todo esse conteúdo psicológico de ser alguém dentro deste instante, dentro deste momento.

Abandonamos, assim, todo esse aspecto teórico, intelectual, verbal e aparente, de aparência de vida moral, de vida ética, de vida assim chamada “espiritual” ou “religiosa”, para uma vida profundamente Religiosa, onde há esta Verdade do Ser, que é Amor. E quando o Amor está presente, a Verdade está presente. Aquilo que é algo além dessa ilusória postura aparentemente ética, moral e religiosa que o ego dissimula, tudo isso desaparece quando esta vida, uma vida Real, é uma vida Livre desse senso de separação, livre do ego. Estamos juntos?

Como nos aproximamos disso? Olhando para esse movimento da mente, nesse pensar, nesse sentir. Observar a si próprio – apenas observar, se tornar ciente desse movimento, que é o movimento do “eu” – isso anula esta condição de identidade que se repete nesse modelo de continuidade egoica. Então, a revelação do Autoconhecimento desfaz esta condição de centramento egoico. Isso desfaz esse senso do “eu”. Quando há essa aproximação da Verdade do Autoconhecimento, você tem uma atenção neste instante sobre si mesmo. Então, esse modelo interno de pensar, de sentir, de agir, sofre uma radical transformação, uma radical mudança. Essa é a arte de aprender sobre si mesmo, de descobrir a Verdade do seu Ser, de tomar ciência de que a única Realidade presente é a Realidade do Amor, da Compaixão, da Verdade. A única Realidade é a Realidade de Deus, então não há mais você e o outro.

Isso é verdadeira vida Religiosa. Uma mente Religiosa, um coração Religioso, um sentir, um pensar e um mover na vida em Graça, em Compaixão e Beleza. Esse é o nosso assunto aqui dentro do canal. Alguns chamam isso de “o Despertar da Consciência”, ou “a Iluminação Espiritual”, ou “o Despertar Espiritual”. Se isso é algo que faz sentido para você, eu quero lhe convidar: nós temos aqui na descrição do vídeo o nosso link do Whatsapp. Nós temos encontros on-line nos finais de semana. Você pode entrar em nosso grupo e se aproximar desses encontros. Além disso, nós temos encontros presenciais e também retiros. Faz sentido para você? Então, deixa aí o seu “like”, se inscreve no canal e já deixa um comentário: “Sim, faz sentido.” Ok? Valeu pelo encontro e até a próxima.

Setembro de 2023
Gravatá-PE
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quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Joel Goldsmith | A Arte de curar pelo Espírito | O Verdadeiro Conhecimento | Mestre Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Mais uma vez, o Mestre Gualberto se dispôs a estar aqui conosco para responder às perguntas e para trazer comentários de trechos de livros do Joel que eu leio aqui. Gratidão, Mestre, por mais esta oportunidade. Mestre, eu quero ler um trecho hoje do livro do Joel, um dos principais livros do Joel, que é “A Arte de Curar pelo Espírito”. Num pequeno trecho, Joel fala o seguinte: “Agora tenho um só problema: conhecer a Deus em Verdade, porque conhecê-Lo é possuir a vida eterna. Uma vez que eu conheça a Deus, adeus todos os problemas.” Pode falar um pouco para nós sobre [isso], Mestre?

MG: Existe uma coisa aqui, Gilson, que a gente tem que esclarecer para vocês. Conhecer a Deus... A ideia em nós é essa de conhecer a Deus, precisamos conhecer Deus. No entanto, nós não sabemos quem somos, mas queremos conhecer Deus. Como podemos conhecer Deus sem antes termos a Verdade sobre quem nós somos? Nós não sabemos quem somos porque o que nós temos sobre nós é uma ideia. Nós não sabemos a Verdade sobre nós mesmos e queremos conhecer a Verdade sobre Deus, sobre quem é Deus. O resultado disso é que, na razão dessa incompreensão sobre quem nós somos, nós sustentamos dentro de nós toda forma de crença sobre quem Deus é.

A incompreensão sobre quem somos é a crença sobre quem nós somos, sobre quem nós acreditamos ser. Então, nós temos essa crença sobre nós. Em cima dessa crença sobre nós – e é esse o problema aqui –, nós projetamos um ideal, que é o ideal divino, que é o ideal de Deus. Então, precisamos conhecer a Deus.

Então, nós precisamos investigar isso, compreender isso, esclarecer isso. A verdade é: “Quem sou eu?” Sem termos uma compreensão sobre quem nós somos, o que vamos sustentar sempre, dentro de nós, é uma ilusão.

A crença sobre Deus é uma ideia, é um conceito intelectual, é uma imagem que nós formulamos. Essa imagem é uma imagem que nós aprendemos em nossa cultura, em nosso mundo, onde nós nascemos e fomos criados, no nosso país ou em alguns países onde existe essa crença em Deus. Em cima dessa crença em Deus, nós estamos tentando descobrir onde Ele está, mas não nos disseram a coisa mais importante com relação a essa descoberta, dessa assim chamada Verdade, que é a Verdade de Deus. Não nos disseram que, antes, nós precisamos conhecer a nós mesmos. É a compreensão sobre quem Você é, ou o descarte da ilusão sobre quem você acredita ser, que vai, de verdade, lhe dar uma Visão da Realidade Deus.

Então, aqui, conhecer Deus é descobrir a Verdade sobre quem nós somos. Nessa descoberta sobre quem nós somos, esta Realidade se mostra, e esta Realidade não é um conhecimento, no sentido intelectual da palavra; é uma visão de Realidade, onde aquilo que é essa Realidade que nós chamamos de Deus se mostra como sendo essa Realidade que nós somos. Então, a Verdade sobre Deus é a Verdade sobre quem nós somos.

A descoberta da Verdade sobre o nosso próprio Ser é a Constatação da Realidade de Deus, porque não existe esse “eu”, não existe esse “Deus” que esse “eu” projeta. Só há uma Realidade Presente. Essa Realidade nós temos chamado de Deus, mas essa é a única Realidade. Não existe esse “eu” separado desta Realidade, não existe esse “eu” e Deus, só há esta Realidade, que é a Verdade Divina, que nós chamamos de Deus.

A Ciência de Deus é o fim para essa ilusão de um “eu”, que se vê como uma entidade separada, que se vê como alguém que precisa conhecer Deus. Não existe essa dualidade, não existe esse “eu” e Deus, não existe esse conhecedor tomando ciência daquilo que é conhecido – sendo esse conhecido “Deus” e esse conhecedor o “eu”. Isso é uma ilusão, essa é uma formulação do intelecto.

O nosso intelecto, Gilson, é um intelecto condicionado a padrões de crenças e uma dessas crenças é a crença em Deus. É necessário tomar ciência desta Realidade, e não continuarmos nessa crença, carregando esse sentido de uma identidade, sempre na procura de Deus ou sempre tentando descobrir Deus.

Um outro ponto aqui colocado pelo Joel – e a gente tem que rever isso – é que o fim desse problema, desse “eu”, é a Realidade de que só há Deus. Então, não se trata de ter a solução de problemas, se trata da Ciência da Verdade de que não há problema nenhum, a Ciência da Verdade de que Deus é a única Realidade presente e, nessa Realidade, não há contradição, não há conflito, não há sofrimento, não há medo, não há problema. Então, o Verdadeiro Conhecimento de Deus é a Ciência do Desconhecido, mas essa Ciência do Desconhecido não é a ciência desse “eu”, é a Revelação desse Mistério, quando o sentido de um “eu” não está presente.

A verdade disso é que nós não podemos alcançar Isso intelectualmente. É possível tomarmos ciência desta Realidade de que só há Deus, mas Aquilo que toma essa ciência é o próprio Deus. Quando Deus assume a realidade desse corpo-mente, Aquilo que fica presente é esta Ciência: a Ciência do Desconhecido.

Então, nós temos um contato com Isso pela Meditação. Na prática da meditação, nós reafirmamos a existência de uma entidade separada na procura de Deus, tentando diminuir o volume de pensamentos, tentando controlar os pensamentos, tentando fazer algo para se livrar dos pensamentos, para alcançar, assim, um contato com Deus. Nessa ilusão dessa assim chamada “prática de meditação”, como as pessoas praticam, nós temos ainda sempre essa separação desse “eu”, que é o conhecedor, na procura desse que ele está procurando conhecer, que é o conhecido, que é Deus. Isso não pode ser real!

O que o “eu” faz é projetar um ideal de Deus e procurar através da oração, através da meditação ou de algum outro expediente, como uma cerimônia, um ritual, ter um contato e, assim, um conhecimento d’Aquilo que é essa Realidade que está fora do conhecido, que é a Realidade de Deus, e isso é inviável, isso é impossível.

A Verdadeira Meditação, a Real Meditação, como eu tenho chamado, a correta Meditação, é a ciência da ausência daquele que medita, então esta Verdade Divina se mostra, se apresenta. Isso é a Ciência de Deus!

Então, não se trata de conhecer Deus, se trata de Deus assumir o lugar d’Ele, quando esse “eu” não está mais presente, como ocorre na Real Meditação, como nós temos colocado dentro do canal. Precisamos dessa arte de ser Presença, de ser Consciência. Essa arte é a arte da Real Meditação, de uma forma vivencial, e é isso que lhe dá a Revelação de Deus, mas não dá essa Revelação para esse “eu”.

Aqui, é que nos deparamos com esse paradoxo: essa Verdade se revela quando esse “eu” não está mais presente, porque a Verdade de Deus é o fim desse “eu”. Então, não há mais essa dualidade.

Toda essa linguagem nossa é muito complicada, porque nós usamos e fazemos uso de uma linguagem dualista para falar de algo fora da dualidade, e essa é a confusão que intelectualmente fazemos quando estamos lendo livros, quando estamos estudando as escrituras, quando estamos ouvindo uma palestra... Nós precisamos descartar tudo isso e entrar em um direto contato com esta Verdade, que é a Verdade da Real Meditação. É isso que revela que só há Deus. Isso se revela e, quando Isso está presente, não há mais sofrimento, não há mais problema, não há mais conflito, não há mais qualquer forma de ilusão. Esse é o ponto!

GC: Mestre, é muito complexo para uma pessoa, alguém nesse intelecto – e falando de mim mesmo, que venho numa busca, querendo intelectualizar as coisas –, é uma perplexidade ver que realmente é algo possível esse “sumir do eu”, como aconteceu com o Mestre, porque o Mestre fala desse Estado Natural. Olhando com os olhos humanos, muitas pessoas podem pensar que aí tem uma pessoa chamada Marcos Gualberto, que está falando, que conhece… mas, como eu venho nessa proximidade com o Mestre, eu vejo que realmente é algo… é esse fluir da vida, e isso… [a partir] desses conceitos das palavras, a mente consegue só, realmente, botar um novo conceito – de que só há Deus, de que tudo é ilusão –, e ela se alimenta daquilo e se mantém com aquilo.

Agora, poder presenciar e ver que é real, é possível realmente ter uma vida completamente livre, como o Mestre tem, porque o Mestre não é mais uma pessoa com essa identidade ego-intelecto, isso aí é realmente indescritível, Mestre, é algo que o humano não tem nenhuma comparação. E é uma Graça poder ter essa proximidade contigo, poder ter essa oportunidade de estar em Satsang e estar nos encontros, porque é algo que realmente é possível ter uma vida livre, livre desse senso de um “eu”.

MG: A verdade sobre isso, Gilson, é que não existe alguém agora, por exemplo, aqui. Você fala de uma forma como se Isso fosse uma coisa, assim, muito especial, e, na realidade, Isso é algo muito natural e já está acontecendo. Agora mesmo, você está ouvindo esta fala, só que você acredita que está aqui nessa experiência, neste “ouvir”. É aqui que está toda a ilusão, é aqui que reside essa ilusão. É isso que um trabalho de autoinquirição, de autoinvestigação, de Real Meditação, lhe mostra: que não existe isso, que essa ideia de alguém presente neste “ouvir”, ou nesta experiência de estar agora aqui, é uma fraude, é uma ilusão.

Então, não é nada especial, é algo natural! É que nós deixamos Isso, que é tão natural, e ficamos com a artificialidade de um intelecto condicionado, onde (nesse intelecto) existe a ilusão de um “eu” que se separa, nessa ideia de “estou ouvindo isso, estou falando, estou vendo”. Essa separação entre aquele que fala e o som é uma ideia, uma crença. Aquele que escuta e o som é uma ideia. Essa separação é só um conceito intelectual, um condicionamento intelectual.

Então, nós fomos condicionados dentro desse sentido de dualidade, onde existe “eu e a experiência”, “eu falando e você ouvindo”, “eu” ouvindo, “eu” falando, “eu” sentindo, “eu” fazendo... É sempre esse “eu” nesse movimento.

Essa dualidade não é real, só existe a Vida agora aqui acontecendo, mas existe esse movimento que vem do passado, que é uma crença, que é um condicionamento, que diz “eu penso”, “eu falo”, “eu escuto”, “eu sinto”... É um condicionamento! Só há esta Verdade fluindo agora, aqui, e nela não existe esse “eu” se separando do momento presente. Ele se separa do momento presente quando ele olha para este momento e interpreta, dizendo: “Eu estou pensando”, “Eu estou sentindo”, “Eu estou fazendo”. É o sentido de uma egoidentidade, de uma identidade que se separa da experiência. Isso é um condicionamento psicológico, é um movimento ilusório de separação, onde você se vê separado do outro, separado da experiência, separado da vida, separado de Deus.

O problema com isso é que, nessa condição, você está em conflito, você está em sofrimento, você está tentando mudar, moldar, ajustar a vida a uma proposta, que é a proposta desse “eu”, que é o resultado de um condicionamento que vem do passado, que, ao se deparar com este momento presente, está julgando, avaliando, rejeitando, tentando mudar… e, quando isso está presente, o conflito se estabelece, o sofrimento se estabelece. Esse é o sentido de uma egoidentidade.

Então, Gilson, esta Realidade de ser o que Você é já está presente. Você precisa tomar ciência disso, descartando esse condicionamento de fundo, que é esse movimento de uma ilusória identidade presente, que julga, critica, condena, avalia, rejeita, ou quer fazer alguma coisa com o que está aqui e agora. Isso é o fim do ego, isso é o fim desse “eu”, isso é o fim da ilusão de uma dualidade. Nesse instante, Aquilo que está presente é a Verdade do seu próprio Ser, que é a Verdade de Deus. Isso é a Real Revelação do que é Deus! Não se trata de conhecer Deus, se trata de ficar quieto e permitir que Deus se revele como Ele é, aqui e agora, quando esse “eu”, esse sentido de uma identidade que vem do passado, não está mais presente agora aqui. É isso.

GC: Mestre, é pura Graça! É realmente além de todo conceito, além de toda ideia. Mestre, dentro desse assunto, tem uma pergunta aqui da Nadir da Rocha Correia. Ela pergunta o seguinte: “Meu ego entende tudo que você fala, mas por que não consigo sair dessa ilusão?”

MG: Mais uma vez, aqui, estamos dentro daquele grande equívoco, quando você diz: “Meu ego entende tudo o que você fala”. Essa compreensão intelectual de uma fala como esta só nos mostra que já tivemos, em algum momento, algum contato intelectual com isso, então fica simples ter um entendimento intelectual de um assunto que nós já trazemos, que nós já conhecemos. Mas aqui o ponto é que nós não precisamos ter um entendimento intelectual desse assunto. Tudo o que nós precisamos é Reconhecer a Verdade d’Aquilo que nós somos, e Isso não é intelectual.

Então, não basta uma visão intelectual deste assunto. No máximo nós podemos, dentro dessa visão intelectual, concordar com isso, ou intelectualmente discordar disso que está sendo colocado aqui. E o assunto que estamos tratando aqui com você é algo para ser investigado e compreendido, e não intelectualizado. Assim sendo, uma compreensão lhe mostra a Verdade daquilo que está sendo aqui colocado. A compreensão vai lhe mostrar a Realidade disso ou não. Quando há compreensão fica claro que não estamos aqui lidando com ideias, com crenças, mas com uma Realidade que está além do intelecto. Então, quando há esta visão que não é intelectual, fica clara essa compreensão não verbal.

Então, não se trata de entender o assunto. Concordar com ele ou olhar para o assunto e discordar dele. Aqui, se trata de tomar ciência de uma Compreensão Direta d'Aquilo que está sendo apontado aqui como uma Realidade que está fora da mente, fora do intelecto, fora desse movimento intelectual em nós.

Então, uma aproximação deste encontro aqui requer um trabalho em si mesmo. Algo lhe toca num nível fora do intelecto, então esta Compreensão surge, e, nesta Compreensão, fica clara a Verdade vivencial d'Isto aqui. Não fica espaço para crença ou descrença, para certeza ou dúvida de um assunto como este.

É interessante dizer isso, Gilson. As pessoas querem ter uma aproximação de um assunto que está fora da mente, fora do intelecto, através da mente e do intelecto. É por isso que as pessoas passam anos de suas vidas lendo livros, estudando, aprendendo, e elas sabem intelectualmente tudo, só que, na verdade, não sabem absolutamente nada de uma forma vivencial e direta, porque Isso não está no campo das ideias, no campo das palavras, no campo dos pensamentos, Isso não está no terreno do intelecto, no terreno da mente. Isso requer uma percepção fora do intelecto, fora da mente.

Então, não se trata de algo que você possa, aqui, alcançar estudando, lendo livros... Você vai ler todos os livros do mundo, como você vai usar todas as técnicas ou práticas de ordem mental, intelectual – e isso é algo puramente mecânico... Você continuará dentro desse tempo, que eu tenho chamado de “tempo psicológico”, que é o tempo do próprio ego, do próprio “eu”, do próprio intelecto, da própria mente, da própria egoidentidade.

É necessário algo novo surgir na sua vida, que é a presença da Constatação do seu Ser, algo possível quando há essa aproximação da Verdade do Autoconhecimento e da Real Meditação de uma forma vivencial, que é o que temos proposto dentro destes encontros que nós chamamos de Satsang, que é uma palavra em sânscrito para “encontro com a Verdade”. Ok?

GC: Mestre, agora eu vejo o quanto é engraçado, mas eu mesmo, ao me aproximar do Mestre, a única possibilidade que existia de uma compreensão não era uma compreensão, era uma ideia. Ou seja, querer entender, querer encaixar no que eu já conhecia, inclusive. E aí, através dessa proximidade com o Mestre, com Satsang, com esses encontros intensivos, essa Graça Divina vai acontecendo, se desdobrando, e a gente – falo por mim – vai realmente tendo uma compreensão que não está no entender – “ah, eu entendi que só há Deus!” ou “entendi que eu sou uma ilusão” –, mas, sim, como o Mestre tanto nos traz, nessa autoinvestigação, olhando para si mesmo, constatando essa ilusão. O Mestre pode falar um pouco mais sobre essa autoinvestigação para nós?

MG: A nossa ênfase, Gilson, aqui, está não em encontrar a Verdade, porque não se trata de um movimento daqui para lá, se trata de uma Constatação aqui. Não se trata de encontrar Deus, encontrar a Verdade, encontrar a Luz, se trata de constatar o que está aqui, neste instante. Tudo o que você precisa é tomar ciência daquilo que se passa com você agora aqui, investigar a natureza da mente, a natureza do “eu”, a natureza dessa dor, desse sofrimento, desse medo, desse conflito, desse conflito, dessa contradição, desse sentido de separação entre você e o outro.

Observar a si mesmo, estudar a si mesmo, é limpar o terreno para que esta Verdade, para que Deus, para que esta Luz, que já está aqui e agora, se revele. Se você tem uma casa fechada, portas e janelas fechadas, não tem luz, mas, se você abre a porta e abre a janela, você descobre que a sala fica iluminada, a casa fica iluminada. O que ocorreu? O problema estava na ausência da luz ou na casa fechada, com as portas fechadas e a janela fechada? Se as janelas estão fechadas e a porta está fechada, não há luz, mas, se a janela for aberta e a porta for aberta, a luz que já está presente se revela, porque a Luz deste Sol desta Realidade Divina já está presente.

Não está faltando Deus na sua vida, não está faltando Verdade na sua vida, não está faltando Luz na sua vida. É que essa “sua vida”, nessa ideia de particular vida desse “eu”, é uma casa com a janela fechada e a porta fechada. Então, não se trata de encontrar Deus, se trata de ficar quieto e não mais se confundir com a ilusão de uma identidade separada, criando conflito para si mesmo.

Então, com o fim dessa ilusão de uma egoidentidade, que é esse “eu”, esse sentido de separação, – e isso é possível quando há esse “investigar a si mesmo”, “estudar a si mesmo” –, essa Realidade que é a Luz, Deus, a Verdade, se revela. Isso já está aqui, mas não se mostra aqui e agora porque o que se mostra aqui e agora é essa identificação ilusória com esse falso “eu”, com essa falsa identidade, com essa ilusão de alguém tendo uma vida pessoal, particular, no controle dela e fazendo tudo do jeito que, nessa ilusão, tem determinado fazer. Tudo isso termina e essa Realidade se mostra. Então, aqui se trata de tomar ciência de si mesmo, de estudar a si mesmo e de constatar a Verdade aqui e agora. É isso.

GC: Mestre, namastê. Já deu o nosso tempo. Gratidão por mais este encontro, mais este videocast, mais este Satsang, esse encontro com a Verdade. Para vocês que estão assistindo ao vídeo, já deixem o “like”, façam um comentário, podem trazer perguntas aqui, que a gente vai trazendo nos próximos videocasts, e, também, fica o convite para quem quiser um aprofundamento nessa autoinvestigação, através dos encontros Satsangs, que são esses intensivos de final de semana com o Mestre e também retiros. É uma oportunidade extraordinária para esse aprofundamento. Inclusive, aqui no primeiro comentário, fixado, vai estar o link do grupo do WhatsApp de informações sobre o Satsang.

Gratidão, Mestre, gratidão.

MG: Ok, até a próxima.

Agosto de 2023
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terça-feira, 19 de setembro de 2023

Felicidade do Ser, desta Real Consciência | O que é a mente humana? | A ilusão da ignorância

O nosso assunto aqui é a investigação da natureza da mente. O que é a mente humana? Como ela funciona? Colocando de uma outra forma: como você funciona? Qual é a verdade sobre você? Uma outra pergunta, que é a mesma, é: quem sou eu? É o mesmo que perguntar: como funciono? O que é essa mente, a mente do "eu", a mente desse “mim", dessa “pessoa”?

No nosso encontro aqui, estamos trabalhando isso com você. É importante que se diga: nós não podemos nos aproximar de um assunto como esse de uma forma vaga, desinteressada, sem uma aplicação honesta, profunda. Isso porque estamos tratando das nossas vidas.

Isso é como você vindo em uma estrada com o seu carro e, de repente, ele dá um problema. Se você é um mecânico, você tem um problema, sim, mas é um problema que você pode chamar apenas de desafio, que é fazer o carro voltar a andar novamente. Se você é um mecânico, isso, na verdade, não é um problema para você, é um desafio, porque você tem o conhecimento necessário. Mas se você não é um mecânico e está numa estrada e se, em especial, ela está escura, você está sozinho e é uma estrada deserta, você está em apuros.

Na vida nós temos uma estrada, e nessa forma como funcionamos, nós somos o carro e o motorista. No entanto, nós não temos o conhecimento de mecânica, nem as peças sobressalentes e nem as ferramentas. Então reparem a situação delicada em que nós nos encontramos quando não compreendemos a Verdade sobre quem nós somos, que é a Verdade dessa mente humana, que é a mente do "eu". Talvez você diga assim: “Mas essa sua ilustração é um pouco exagerada”. Será que é exagerada?

Como é que você lida com os próprios sentimentos, com as suas emoções, com os seus pensamentos? Como é que você lida com as imagens que surgem dentro de você? Quando elas são agradáveis, quando os pensamentos, os sentimentos, as emoções e as imagens são agradáveis, a ilusão é de que o seu carro está indo bem, indo para algum lugar e está funcionando bem, mas repare de perto isso. Quando essas imagens surgem e essas imagens não são as imagens que você espera, que você quer ter, que você busca ter, que você precisa ter – as imagens que surgem dentro de você, os sentimentos, as emoções, os pensamentos –, o que ocorre com esse veículo?

Reparem que a nossa vida – a história de nossa vida nessa estrada da existência – é algo muito complexo. Nós estamos sempre, a todo momento, nos deparando com problemas. Mesmo aquilo que não parece ser um problema, em razão da inconsciência em nós, a curto, médio e a longo prazo, se mostra um problema. Então as nossas ações que nascem dos pensamentos, que nascem das emoções, que nascem dos sentimentos, que aparentemente parecem serem inofensivas, ações que irão produzir frutos maravilhosos para nós, a curto, médio e a longo prazo nos mostram claramente que são ações que estão, agora, se mostrando conflituosas, problemáticas, difíceis.

Então esse nosso “veículo” está em apuros. Nós não sabemos como funcionamos e estamos a todo momento nos deparando com situações nessa estrada da existência, da vida, com problemas. Nós temos inúmeros problemas, de toda ordem, problemas emocionais, sentimentais, de imagens, de memórias, de lembranças, de pensamentos.

A nossa vida consiste de problemas. Sim, nós temos alguns momentos onde olhamos pela janela do carro e vemos paisagens lindas e maravilhosas passando, são os momentos agradáveis, onde tudo parece bem, onde tudo parece que está bem, onde tudo parece que está transcorrendo maravilhosamente bem. Nesses momentos temos uma sensação quando olhamos para fora da janela, para as paisagens e o carro parece funcionar perfeitamente bem, estamos tendo alegria, prazer, satisfação, reconhecimento público, sucesso. Um momento em família maravilhoso, um jantar, o dia do casamento, o nascimento do primeiro filho, todo esse tipo de coisa, parece que tudo está maravilhosamente bem. Mas há em meio a tudo isso tensão, medo, também preocupação, ansiedade, a busca de segurança, a tentativa e a busca de que tudo isso continue nesse formato lindo e maravilhoso. Mas não é assim que acontece.

A nossa vida consiste, do berço ao túmulo, de problemas. De alguns momentos, sim, maravilhosos, lindos, que queremos que eles continuem, que eles nunca terminem, só que eles terminam e, quando terminam, estamos de volta a essa continuidade desse "eu" com os seus problemas, a essa continuidade dessa existência na vida, onde temos um “veículo” que parece estar nos levando para algum lugar, mas nós não sabemos nada a respeito de como ele funciona.

Nós não sabemos o que é a mente, o que é essa mente humana e como nós funcionamos. Então eu quero aqui com você trabalhar um pouco isso. Nós estamos estudando a nós mesmos, estamos nos tornando cientes da Verdade sobre quem nós somos, estamos descobrindo o que é ter essa habilidade de lidar com aquilo que se mostra aqui e agora. Atender a esse momento sem a ilusão de “alguém” presente – que é o "eu", o ego, esse “mim”, que é essa ignorância de como funcionamos – significa atender ao momento presente sem conflito, sem sofrimento, sem confusão, então tudo transcorre de uma forma completamente nova, desconhecida.

O que eu estou dizendo pra você aqui é que a vida consiste em Amor, Beleza, Verdade, uma belíssima viagem, uma viagem em direção ao Inominável, ao Desconhecido, em direção à Verdade do seu próprio Ser, que é Beleza, que é Felicidade, que é Paz, que é Liberdade. Você nasceu para assumir Isso, para tomar ciência d’Isso, para Realizar Isso nesta vida. Alguns chamam essa condição nova de o Despertar da Consciência.

Assim, o Despertar da Consciência, a Iluminação Espiritual, a Verdade do seu Ser se revelando aqui e agora sem esse elemento, que é o elemento "eu". Esse elemento "eu" é essa condição de mente egoica, de mente humana, quando nós não sabemos como funcionamos, qual é a Verdade sobre quem somos. Nós somos essa mente humana, somos essa mente egoica sem qualquer ciência da Verdade, do nosso próprio Ser, sobre a nossa Natureza Divina, sobre a nossa Verdadeira Identidade.

Nossa Verdadeira Identidade, nossa Natureza Divina, a Natureza do nosso Ser não é Algo pessoal. É a Verdade Una, é a Verdade de Deus. Só há essa Realidade de Deus, quando esse sentido do "eu" não está, quando essa mente humana não está. Quando essa ignorância sobre como funcionamos não está, estamos diante da Felicidade, do Ser, dessa Real Consciência.

Qual é essa condição dessa mente humana? Uma condição de mente adquirida, uma herança, Todo padrão, toda repetição, toda continuidade de história humana… é assim que nós nessa, assim chamada, “mente humana” funcionamos. Nós carregamos todo esse contexto de condicionamento, de cultura, de humanidade, esse movimento de condicionamento interno de padrão, de repetição, onde o que vemos dentro da humanidade é aquilo que estamos vendo dentro de nós mesmos.

Nós somos o que a humanidade é: somos inveja, ciúme, medo. Essa batalha constante para alcançar, para obter, para realizar, tudo isso faz parte desses estados internos de contradição e conflito presentes, de confusão presente dentro dessa, assim chamada, “mente humana”. Uma herança de cultura, uma herança de humanidade.

Nessa condição de sonho de existência humana, estamos dentro dessa viagem. Temos breves momentos de alegria, de satisfação, de realização, de prazer, mas a maior parte dessa viagem transcorre nesta confusão, nesse sofrimento, nesse peso, nessa ansiedade, nesse desespero.

Então, uma viagem que começa no berço e vai até o túmulo dentro dessa condição, nessa ignorância, sem a Verdade da compreensão de quem somos, sem a Verdade da compreensão sobre nós mesmos, sem a Verdade do Autoconhecimento, sem a Verdade da compreensão de nossa Natureza Divina, que é a Natureza de Deus. Nessa vida particular que é a vida do "eu", nessa mente particular que é a mente egoica, nessa vida e nessa mente nós não conhecemos a Liberdade, não conhecemos a Verdade, não nos tornamos cientes de quem verdadeiramente nós somos.

Assim, o que é a mente humana? A mente humana é a confusão, é a desordem, a mente humana é a ilusão da ignorância. Então nós carregamos uma ignorância sobre quem somos com base em uma ilusão: a ilusão da ignorância. Estar identificado com o movimento do pensamento, com esse movimento de história egoica, de história de memória, de condicionamento cultural, religioso, filosófico, espiritual, psicológico, humanístico, estar identificado com esse padrão é viver na ilusão da ignorância.

E por que ilusão da ignorância? Ignoramos essa ilusão. Não estamos cientes de que esse padrão de existência está presente exatamente em razão dessa ignorância. A ignorância está presente em razão de estarmos nos identificando com essa ilusão. Essa é a ilusão sobre a ignorância.

Aqui nós estamos lhe convidando a uma visão da Verdade sobre o seu Ser, isso representa o fim para a ilusão. Isso é, naturalmente, o fim dessa ignorância, é a Revelação da Verdade que já está presente aqui e agora, que é a Verdade do seu Ser. A aproximação disso é pelo Autoconhecimento, a aproximação disso é pela vivência direta da Real Meditação.

A compreensão do Autoconhecimento é aquilo que lhe mostra a maestria do viver, a compreensão de como esse sentido de um "eu", de um ego, de uma ilusória identidade funciona. A compreensão disso é a ciência da verdade de como essa mente funciona, de como essa mente egoica, de como esta mente do "eu" funciona. E quando isso acontece, não há mais problemas, isso é o fim dos problemas.

Então a habilidade de lidar com o “veículo”, a Liberdade, a Paz e a Felicidade dessa viagem estão presentes quando não há mais a ilusão sobre esse "eu", quando há essa ciência sobre como esse sentido de um "eu", de uma mente egoica, dessa “mente humana” funciona. Isso é o descarte dessa velha mente, que é a mente do "eu", que é a mente humana. Então o surgimento de uma nova mente nesse aparecimento dessa Real Consciência. É a Verdade sobre o seu Ser, sobre sua Natureza Divina se revelando aqui e agora.

O trabalho sobre si mesmo lhe dá esse Despertar, lhe dá, portanto, o fim para os problemas, o fim para esse "eu", para esse ego, a ciência de sua Natureza Verdadeira, Aquilo que você nasceu para Ser. Então a visão nessa existência é a visão da Realidade Divina, que é a Realidade de Deus, que é a Realidade do seu Ser, sem qualquer separação entre você e a vida, entre você e o outro, entre você e Deus. Essa é a Liberdade de Ser. Isso é Consciência. Isso é Amor. Isso é Paz. Isso é Felicidade.

Esse é o assunto aqui. A compreensão de sua Natureza Real é o surgimento de uma nova mente, desse Real sentido de Ser, que é Pura Consciência. Isso é Libertação, isso é Iluminação Espiritual, isso é o Despertar da Consciência.

Agosto de 2023
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quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Ser-Consciência-Felicidade | A energia e o Despertar da Kundalini | A energia da Consciência

Essa energia presente é essa energia da Consciência. Nós estamos falando da Liberdade de lidar com a experiência, seja ela qual for, sem atritar, sem conflitar, sem se ver separado dela. Eu tenho usado muito a expressão “a consciência comum a todos”, consciência egoica, a consciência mental, mas eu quero falar sobre essa Real Consciência. Essa consciência de percepção de mundo, por exemplo, é uma consciência mental, tem você e aquela cadeira.

A diferença entre o ser humano e um animal é que o ser humano tem muito claramente consciência de si e um animal tem essa consciência externa. O ser humano tem consciência de si. Essa “consciência de si” eu tenho chamado de autocentramento ou autoconsciência. Essa autoconsciência, que a gente chama de “consciência de si mesmo”, é apenas um pensamento sobre “quem sou” – nesse sentido parece que a psicologia ainda não entrou ou não tem isso ainda muito clara.

A consciência desse “eu”, desse “mim”, é chamada de autoconsciência. Essa autoconsciência não passa de uma ideia do pensamento sobre a existência de um “eu” dentro dessa experiência corpo em percepção, em sensação, em experimentação. Até aí é o que nós conhecemos no mundo por autoconsciência ou consciência. Isso eu tenho chamado de consciência egoica, consciência do “eu”, consciência mental ou egoconsciência. E o que é essa Real Consciência? O que é essa Verdade da Consciência? É o que eu tenho chamado de Consciência Pura.

Agora, nesse momento, o que temos presente não é esse elemento “eu” se separando da experiência da percepção, da visão, do tato ou do paladar. O que nós temos presente é essa Consciência, mas não é a consciência de objetos separados do sujeito, é a Consciência. Essa Consciência não é a consciência do “eu”, é a Consciência que não se separa do que quer que esteja surgindo para se ver como um elemento separado dela.

Para ficar simples isso: quando você olha para uma árvore, para um pássaro ou para uma nuvem – são exemplos assim bem simples –, é impossível você ter algum resultado de ordem pessoal, você particularizar aquela experiência e colocar dentro do seu mundo, a não ser que você seja um pintor que esteja pintando um quadro, olhando uma paisagem e transferindo aquela imagem para um quadro ou um fotógrafo fotografando um pássaro, uma árvore ou um conjunto de montanhas, porque aí nesse momento você está capturando dentro da sua experiência muito particular e pessoal aquele momento ou procurando capturar. Fora isso, quando você olha para um pássaro, para uma árvore ou para uma cadeia de montanhas, é só um olhar livre de uma identidade presente.

Nesse olhar não existe interesse pessoal, não existe esse autocentramento, não existe essa autoconsciência, é só a Consciência do ver sem “alguém”, do olhar sem “alguém” olhando. Notem que esses momentos na sua vida são os momentos mais preciosos, são os momentos da ausência do “eu”. Uma cadeia de montanhas não tem nada para te dar a não ser sua presença. As nuvens também, aquele pássaro cantando naquela árvore também. Nesse momento, o sentido de “alguém” presente autocentrado não está. Então, esse é um exemplo do que aqui eu tenho chamado de Consciência Pura.

Quando o sentido de um “eu” não está presente, Aquilo que está presente é a Vida. É tão simples, natural e real esse momento que não há qualquer ideia, imagem ou lembrança de “si mesmo” na experiência. Nem mesmo você consegue dizer “Estou vendo, estou sentindo, estou vivendo isso” porque, de fato, não tem o “eu”, não há “alguém".

Nós apreciamos esses momentos de tal forma que viajamos para estar em lugares novos, para estar em uma trilha, para estar à beira de um lago sentado sem fazer nada, sem buscar nada. Não há nenhum pensamento, você nem pensa em coisas materiais, nem em coisas espirituais, neste momento não tem o “eu”. É nesse momento que a Realidade da vida está e “você” não está. Isso é Ser-Consciência-Felicidade. Todos apreciam a ausência do “eu” e todos vivem Isso, então não é algo estranho esse apontar que temos aqui.

Nós queremos que você descubra essa qualidade de Consciência de Ser Felicidade no viver, no dia a dia, falando com as pessoas, olhando para as pessoas, se relacionando com negócios, com o mundo, com a vida. Então esse momento é assim quando o sentido do “eu” não está. Não importa se você está dirigindo se “você” não está, se você está falando se “você” não está, se você está ouvindo e “você” não está, há um escutar, há um ver, há um falar, há um fazer sem o “eu”.

Essa é a Realidade do Buda, é a Realidade do Cristo, é a Realidade de Ramana Maharshi, a Presença de sua Natureza Essencial livre do tempo psicológico. Compreendem o que eu chamo de tempo psicológico? É esse autocentramento, é essa identidade, é a história de um personagem que é um conjunto de memórias, de lembranças com a qual você se confunde, e esse personagem – o “eu” – está traduzindo, interpretando tudo do jeito que ele deseja, o que é completamente falso.

Então, o que é essa Realidade de Ser-Consciência-Felicidade? É Aquilo que está presente agora, aqui. “Ah, mas eu sinto raiva, eu sinto medo, eu sinto desejo”. O que você sente é um sentir e esse sentir é uma forma de energia presente no corpo, se expressando nesse modelo. Acompanhem isso. A raiva é uma energia presente no corpo. O medo é uma energia se expressando no corpo de uma forma, é uma emoção, está no corpo. Nós rejeitamos isso, rejeitamos a raiva, rejeitamos o medo, rejeitamos o desejo ou nos identificamos com o desejo, nos identificamos com a raiva e aí temos um prazer de expressar a raiva – isso é uma forma de se identificar com a raiva, não é de rejeitar. A busca da sensação do medo pode ser para rejeitarmos ou pode ser para buscarmos a sensação.

É difícil reconhecermos o quanto apreciamos, também, a sensação do medo em alguns momentos bem particulares. Não é só a rejeição. A rejeição ou aceitação disso é a intervenção ilusória desse autocentramento, dessa autoconsciência, da consciência do “eu”, isso é energia. Quando você rejeita ou se identifica com essa experiência, você coloca uma identidade presente. Quando você faz isso, quando dá identidade à experiência, o sentido de autocentramento egoico aparece e há uma completa alienação da vida como ela é, é quando você se separa como sendo o “eu”, o ego, e aí toda essa percepção de Realidade, de Pura Consciência, Felicidade desaparece. Mas a presença em si da experiência a nível emocional é só uma energia presente quando o sentido do “eu” não está.

Assim, se aproximar do que quer que se passe externamente ou internamente – no mundo externo, naquela cadeia de montanhas, as nuvens, a natureza, a vida, as pessoas – e perceber que há apenas uma ilusória identidade aparecendo nesse formato de fundo de condicionamento psicológico – que é o modo como nós reagimos às experiências –, olhar isso, ver isso, tomar ciência disso basta para esse “eu” não conseguir a continuidade que ele busca. Basta isso. Você não reage, você apenas olha. Quando você olha, essa energia que antes tinha essa apresentação de raiva, de medo, de ciúme, de inveja produzindo esse conflito de separação, essa dor de separação, esse sofrimento, essa infelicidade, não tem como continuar se sustentando quando esse olhar está presente, quando há essa quebra de identificação com a experiência da emoção, da sensação ou da percepção.

É fácil a gente olhar assim para uma cadeia de montanhas, mas é difícil quando alguém diz: “Seu idiota, pare com isso, seu burro”, porque isso suscita de dentro de nós uma reação muito rápida a nível mental, psicológico, neurofisiológico de raiva. Essa raiva é a mesma energia da percepção da Consciência que vê e contempla a cadeia de montanhas, o pássaro cantando e aquelas nuvens no céu. É a mesma energia. Só há uma energia presente, é a energia dessa Consciência Pura. É que quando ela se perde temporariamente nessa identificação que é o “eu”, aí o sofrimento surge.

Vamos descobrir aqui como desmontar esse mecanismo, ok? Vamos descobrir aqui como nos livrar dessa mecânica, desse mau funcionamento, dessa desordem psicológica. Vamos realizar Deus, realizar a Verdade do seu Ser.

Então a pessoa te chama de idiota, aí você escuta, você coloca atenção nisso. Nessa atenção, se algo surge, só pode estar surgindo de um condicionamento. Você olha para isso que surge e agora aquilo que tem que ser visto é essa reação. Quando essa reação surge, ela surge com um conjunto de pensamentos, como: “Idiota é você”. Isso é tão rápido, é tão veloz que na raiva, você está tomado de raiva e isso é expresso, mas isso levou um segundo para se formar uma resposta.

O momento “Idiota! Seu idiota” é de pura energia, não tem o “eu”. Ele tem que levar um ou dois segundos para ter uma resposta reativa, para sentir a dor e querer chorar. Ou você reage chorando: “Eu não mereço…” ou você reage jogando para ele de volta: “Idiota é você, pá, pá, pá…” e algumas palavras daquelas bem “amáveis” – “filho da melancia, do abacaxi”. Isso é muito rápido, veloz, mas levou um segundo para se formar. Mas o instante da raiva é de energia pura, uma coisa se processando no corpo em razão, sim, de um condicionamento psicológico. Não dá para você atingir Ramana, um Ser Realizado, chamando ele de idiota, não vai surgir isso, lhe garanto que não vai surgir, porque não há mais um condicionamento na máquina para responder assim.

Quando você olha para essa energia sem colocar uma identidade para se defender, você está ouvindo só em uma Atenção Plena. O pessoal usa a expressão “atenção plena” sem saber o que significa. Atenção Plena é estar cônscio do instante e isso não vem com uma prática, com um sistema ou com um método, isso vem com uma Atenção Plena. Isso não se aprende, não há técnica, não há cursos.

O pessoal faz cursos de “atenção plena” e depois saem de lá desatentos. Atenção é Consciência, é Presença e isso não se aprende. Você tem Atenção Plena olhando para uma cadeia de montanhas, isso não te magoa, não te ofende, não te aborrece, não te entristece, não mexe no seu “eu”, no seu ego. O que você precisa é de Atenção Plena agora, porque ele te chamou de idiota. Como, em geral, não sabemos o que é isso porque desde criança estamos sempre reagindo às experiências, completamente inscientes do momento, do que elas representam e significam, essa resposta inconsciente está se processando o tempo todo.

Mas, quando você olha para isso sem colocar esse elemento “eu”, que é essa consciência egoica, essa autoconsciência, essa identidade pessoal se separando daquela energia que está assumindo essa… “raiva”. Não tem nome, é uma experiência no corpo, e é tão interessante essa coisa da raiva, por exemplo, que ela não é pessoal.

A energia em si, o movimento que ela faz na máquina não tem nada de pessoal. Ela só se torna pessoal e com o nome de raiva quando você entra para dizer para alguém o que aconteceu, porque no momento que acontece não tem “alguém”. Em nenhuma experiência nesse momento fica ”alguém”, ele leva um, dois segundos para particularizar, personificar a experiência para depois contar para outros, para xingar, reagir e depois dizer: “Estava com tanta raiva”.

Mas é uma experiência emocional da máquina, é uma coisa física, é energia. Você coloca agora Consciência nesse momento, Atenção Plena e ao escutar “Idiota”, você escuta. Esse escutar Real requer a Presença da Consciência Verdadeira para ouvir “Idiota”. É uma palavra, não atinge ninguém uma palavra. Então você particulariza a experiência, se você lê isso em um livro, você não se ofende.

Então é muito importante essa arte de Ser Consciência, que é a Atenção Plena, porque você vai descobrir como viver momento a momento sem estar presente na experiência sendo uma pessoa, olhando, na verdade, para todo esse movimento interno do “eu” surgindo quando ele é desafiado, sem colocar uma identidade presente. Isso é possível quando você está plenamente atento a todo o movimento interno do “eu” em si mesmo.

Essa energia, que é a energia da Consciência, começa a trabalhar na máquina, no corpo de uma forma inteiramente nova. Agora você não precisa de uma cadeia de montanhas, não precisa de uma viagem, você não precisa estar caminhando em um bosque. Você está no seu viver, no dia a dia atento a si mesmo, observando todo o movimento do “eu” dentro de si mesmo e na relação com o outro, sem colocar uma identidade presente nessa experiência. Essa energia começa a trabalhar no corpo, começa a assumir um lugar inteiramente novo e desconhecido, que é o Despertar da Kundalini.

A palavra Kundalini é Consciência. Não é uma experiência esotérica, mística, algo que você teve e depois conta para todo mundo, não é isso. É a simples constatação da ausência de uma identidade presente aqui e agora, no olhar a cadeia de montanhas, as nuvens, aquele pássaro e, também, ao olhar para uma pessoa sem uma imagem. Olhar, um olhar livre desse sentido do “eu”, do ego; ouvir sem o sentido do ego, então as pessoas falam o que quiserem falar e você escuta, percebe que são ideias, são conceitos, são opiniões. Elas têm todo o direito de ter o conceito, as opiniões, as ideias, gesticularem como querem e você só as olha, sem o sentido de “alguém” que as condena, as critica, as julga, porque elas são o que são. Essa Presença, essa Consciência, a Verdade daquilo que é você é essa energia de Atenção Plena, de Plena Constatação sem aquele que constata.

Então, percebam a diferença entre “estar consciente” e Ser Consciência. “Estar consciente” é estar consciente que você é “alguém” e eu sou “alguém”; “estar consciente” que aquilo ali é uma cadeira, aquilo ali é uma mesa, aquilo ali é um pássaro e eu vou dando nomes para tudo, vou tendo minhas ideias, minhas opiniões, meus julgamentos, minhas comparações para tudo – isso é “estar consciente”.

Essa é a condição da vida comum a todos nesse “estar consciente”. Isso é viver dentro de um desperdício de energia constante que quando há essa Atenção Plena – e isso é parte do Autoconhecimento, isso é parte da Real Meditação na prática – realiza uma mudança nesse corpo e mente. Na verdade, o cérebro passa por uma mudança, o corpo passa por uma mudança, esse mecanismo, esse corpo passa a ser, de verdade, a expressão dessa Consciência Pura, seu Estado Natural que alguém chama de Iluminação, Despertar e Realização de Deus.

Esse é o assunto e aí fica para vocês olharem para isso, se aproximarem disso vivencialmente.

Agosto de 2023
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terça-feira, 12 de setembro de 2023

Relações profundamente egocentradas | Como praticar Atenção Plena? | A ação livre do ego

O que é essa ação livre do “eu"? O que é uma ação completamente livre da contradição, do conflito, desse impulso que se baseia, em geral, no desejo ou no medo? O que é uma ação livre do ego? Esse assunto compreende a questão da Atenção. Esse Natural Estado de Atenção sobre si mesmo é algo que elimina o sentido de um “eu” presente dentro dessa experiência. Alguns chamam isso de “atenção plena” e interpretam isso de uma forma muito equivocada, porque colocam essa expressão como algo que você pode fazer, algo que através de uma técnica, de uma prática, de uma disciplina, você pode realizar.

O seu Natural Estado de Presença, de Consciência, de ver livre do observador, de sentir livre desse elemento “eu” presente nesse sentir, de pensamento livre desse elemento que é a ideia, a convicção, a crença de um pensador presente nesse pensamento, esse é o Natural Estado de Atenção Plena. Nesse Natural Estado de Atenção Plena não há esse elemento “eu”. Nós vamos, nesses poucos minutos aqui, aprofundar isso com você.

Nossas respostas a este momento, a este instante – há algo surgindo, há algo aparecendo aqui neste momento em nossas vidas –, em geral, nossas ações são ações que respondem a esse momento e têm por base o pensamento por trás delas, então são ações que nascem do pensamento.

Nós temos que compreender, se queremos realmente descobrir o que é essa Real Atenção Plena – como eu tenho chamado aqui no canal – ou como praticar a Atenção Plena – porque essa é uma questão para muitos –, temos que compreender algumas coisas.

A expressão “como praticar” é porque as pessoas estão à procura de uma técnica, à procura de uma prática, à procura de um sistema para implementar em suas vidas para terem essa Atenção Plena. Como as pessoas têm falado muito dessa expressão “atenção plena” no sentido de algo que o “eu” faz, o ego faz, a pessoa faz, temos a ideia de uma técnica, de uma prática, de um sistema. Aqui, quando eu me refiro a essa Atenção Plena, estou falando desse Natural Estado de Atenção Plena ou a Plena Atenção livre, naturalmente, do “eu”, do ego e, portanto, livre desse elemento que é o pensamento, que é o pensador.

A verdade dessa Atenção Plena é a presença da Consciência Pura, do ver Puro, do sentir Puro, desse pensar Puro, e o que é Isso? O que é esse ver, esse sentir, esse pensar que aqui eu chamo de Puro, Consciência Pura? Algo livre do sentido de uma identidade presente. A consciência como nós conhecemos é a consciência mental e, portanto, é a consciência que tem por base uma estrutura de pensamento. Quando ela está presente, não há essa Verdade dessa Atenção, dessa Plena Atenção; quando ela está presente, nós temos um movimento corriqueiro, comum, habitual do pensamento dando uma resposta a esse momento através de uma ação, de uma fala ou de algum movimento ainda centrado nesse “eu”. Assim, dentro desse sentido de um ego presente, esse estado de inconsciência é o que geralmente nós chamamos de consciência, porque o sentido de um “eu” presente, de um ego presente, esse movimento que responde a este instante com base no pensamento é um movimento de inconsciência ou, como eu tenho chamado aqui no canal, de consciência mental. Então nossas respostas são em desatenção; essa desatenção é esse movimento dessa consciência mental, dessa consciência egoica e isso é ausência dessa Atenção Plena.

As pessoas têm alguns vislumbres desse Estado de Atenção Plena e elas querem se voltar a descobrir uma técnica ou uma prática para, temporariamente, se verem livres desse sentido do “eu” nessa Atenção. Aqui nós estamos trabalhando com você algo diferente disso. Aqui, quando eu me refiro a essa Atenção Plena, estou me referindo a algo que nasce muito naturalmente quando há Real Meditação. Essa Real Meditação é a ciência da Verdade d’Aquilo que está aqui e agora, e essa Verdade é Aquilo que se revela quando o pensamento não está presente. O nosso pensamento tem por princípio uma lembrança, uma memória, algo vindo do passado. O ser humano vive numa condição psicológica interna e nessa relação externa com o mundo assentada nesse princípio de identidade pessoal, de identidade do “eu”, dessa inconsciência, dessa ausência da Verdade do seu Ser. Então nossas respostas a este momento sempre são respostas conflituosas.

Nossas respostas a este momento presente, dentro dessa condição que é a condição do “eu”, é sempre uma resposta inadequada, porque é uma resposta inconsciente, uma resposta que tem por princípio o modelo que é um modelo comum da consciência egoica. Nós estamos sempre numa relação, por exemplo, com o outro, e a base dessa relação é a ideia que fazemos dele ou dela e que ela ou ele faz de nós. Então nossas relações ocorrem dentro dessa inconsciência, desse formato dessa identidade pessoal presente, o que representa inconsciência completa ou o que eu tenho chamado de consciência egoica. Não há uma resposta para este momento sem o elemento do pensamento, sem o elemento dessas imagens que eu formo dele e que ele forma de mim, que ela forma de mim e que eu formo dela. Toda a nossa relação com o mundo, toda a nossa relação com o outro, toda a nossa relação com a vida, ocorrendo nesse formato, dessa forma, é uma relação, naturalmente, conflituosa, não há Presença, não há Consciência. E por que a presença do conflito está presente? Está presente exatamente porque existe a ilusão de um “eu” se separando da experiência, e nessa separação, a relação é, naturalmente, inadequada, não tem uma fluidez, uma beleza, que é a Beleza Natural da Presença, da Consciência, desse Puro Ser, dessa Pura Presença, dessa Pura Consciência, dessa ação livre de separação.

Acompanhem isso. O nosso contato com o outro é na base de que “eu estou aqui e ele está lá”, esse “eu” é um conjunto de imagens que tenho sobre quem sou e “ele”, para mim, é apenas uma ideia, uma imagem que também tenho dele ou dela, e nesse nível de relação não pode haver outra coisa a não ser alguma forma de conflito. Não há um contato real com a Realidade da vida como ela É quando esse elemento de separação, que é o “eu”, tem o outro com uma imagem presente. O que eu quero que vocês compreendam é que nossa vida, quando consiste nessa ilusão de “alguém” presente dentro da experiência, o mundo está presente para esse “eu”, que é o experimentador e isto é ausência dessa Verdade do Ser, dessa Pura Presença, dessa Pura Consciência, então, neste instante, não existe essa Atenção.

O pensamento se move produzindo essa separação, produzindo essa ilusão, criando essa noção de “alguém” presente. Nosso trabalho juntos é descobrir a Verdade sobre quem somos, a Realidade do seu Ser, a Realidade de sua Natureza Essencial, de sua Natureza Divina, esse descobrimento é a Atenção agora, aqui. Olhar para esse movimento do pensamento, da sensação ou do sentimento, olhar para essa experiência externa ou interna surgindo sem colocar esse elemento que compara, julga, avalia, analisa, essa comparação, essa análise, esse julgamento é algo que vem do modelo do pensamento, portanto, algo que vem do passado. Se isso está presente, temos, naturalmente, o conflito, porque não há essa fluidez, não há essa Liberdade de ciência do que É.

Nossas relações são relações conflituosas porque são relações que têm esse autocentramento do “eu”, a razão por detrás dessas relações são profundamente egocentradas, não há Amor em nossas relações, não há Paz em nossas relações, não há Liberdade em nossas relações, há essa negociação, essa troca, essa visão particular desse “eu”, desse “mim” com o outro. Então, o sentido de uma identidade presente está produzindo toda essa desordem, toda essa confusão, toda essa ausência de compreensão, de verdade em nossas relações.

O que é esse estado interno completamente livre desse sentido do “eu” e, portanto, dessa imagem do outro? É o seu Natural Estado Pleno, de Consciência Pura, é isso que eu tenho chamado de Atenção Plena. Portanto, não se trata de uma prática, de uma técnica, de um sistema para, temporariamente, você encontrar um certo alívio desse estado egoico, dessa pressão criada por esse sentido de um “eu”, que nessa relação com o outro está sempre centrado, ele aqui, esse “eu”, esse ego, em si mesmo, preso ao seu pequeno mundo e, portanto, em conflito com ele próprio e com o outro porque não há Amor, não há Paz, não há Liberdade.

O nosso trabalho é para nos desvencilharmos dessa ilusão desse “eu”, então não se trata de uma técnica ou uma prática para, temporariamente, nos vermos livres desse estado egoico. Tudo isso é parte dessa aproximação do Autoconhecimento. Sem a Verdade do Autoconhecimento, e aqui no canal eu tenho falado sobre esse Autoconhecimento, a Verdade sobre o Autoconhecimento – nós temos uma playlist aqui no canal trabalhando isso –, essa aproximação do Autoconhecimento é aquilo que lhe aproxima de uma visão livre desse sentido egoico. E quando o ego não está, o sentido do “eu” não está, essa Atenção é a Verdade da revelação pura d’Aquilo que aqui está presente quando não há esse “eu”, essa autoimagem, esse autocentramento, essa ego identidade.

Assim, o trabalho dessa aproximação da observação do movimento do “eu”, essa observação do movimento dessa egoidentidade, desse sentido de um “eu” presente, a observação desse próprio movimento, quando aprendemos a olhar para esse movimento, e esse olhar requer essa Atenção, é essa consciência, é esse estar cônscio de si, é esse ver sem o “eu”, é esse sentir sem o “eu”. Quando não há julgamento ou comparação, quando não queremos nos livrar do que estamos vendo ou nos agarrar aquilo que estamos vendo em nós próprios, em nós mesmos, isso requer essa Atenção completa sobre si mesmo, essa Atenção completa sobre esse movimento, que é o movimento da mente; isso não requer esforço, isso não requer qualquer volição ou desejo desse elemento “eu”, isso requer, simplesmente, essa intenção real, esse interesse real para observar a si mesmo, observar suas reações quando o medo surge, o desejo surge, o pensamento surge, a sensação, a emoção, o que quer que esteja surgindo é visto nessa Atenção Real sobre si mesmo, nessa Plena Atenção sobre si próprio.

Quando há esse interesse profundo, essa intenção, essa alegria de se aproximar desse olhar, não há essa questão da emoção ou da sensação, é apenas a simples constatação, o fascinante interesse de olhar para isso. O que acabo de chamar de “alegria de se aproximar”, não me refiro a uma emoção presente, a uma sensação ou a um sentimento presente, mas, sim, estar nesse observar a si mesmo nesse interesse, de olhar para si próprio agora, aqui . Essa forma de aproximação é a aproximação da Real Meditação. Olhar para todo o movimento do “eu”, olhar para todo o movimento da mente de uma forma vivencial, neste instante, é quando esse olhar está presente, essa Pura Consciência está presente, então se revela Algo fora desse “eu”, desse ego, fora desse pensamento.

Esse é o nosso assunto aqui com você dentro do canal. Nós temos algumas playlists aprofundando isso aqui com você. Nós temos falado aqui no canal sobre essa Atenção Plena, sobre essa Real Atenção Plena, assim como essa Real e Verdadeira aproximação do Autoconhecimento e da Real Meditação na prática. Se isso é algo que faz sentido para você, deixe o seu like e se inscreva no canal. Nós temos encontros online, encontros presenciais e, também, retiros, onde estamos trabalhando isso com aqueles que se aproximam.

A gente se vê no próximo, ok? Valeu pelo encontro!

Junho de 2023
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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

A Verdade do Autoconhecimento | Mente egoica | Ilusória consciência | Mente condicionada | Turiya

Aqui no canal nós estamos trabalhando com você o fim da ilusão desse “eu”, dessa ideia que trazemos sobre quem nós somos. Portanto, aqui estamos trabalhando com você o Autoconhecimento, a Verdade do Autoconhecimento e o florescer do Despertar da Consciência. Então nós temos aqui como proposta lhe mostrar que essa condição de mente que temos, essa condição de visão particular de mundo que trazemos é algo totalmente equivocado porque se baseia em uma consciência que é a consciência desse próprio “eu”.

O que é essa consciência do “eu"? Um conjunto de memórias, lembranças, conhecimentos passados e experiências adquiridas da humanidade através da história humana. Isso é algo que hoje nós trazemos, isso é hoje parte dessa formação dessa consciência do “eu” em nós. Esse “eu” – aquilo que nós chamamos de autoconsciência – está formado dentro dessa condição. Nós somos o resultado de um condicionamento milenar de cultura, de sociedade e de mundo. Esse é o sentido de um “eu” que nós temos presente agora, aqui. Por exemplo, pode soar estranho para você, bastante inusitado o fato de dizer que você não é quem acredita ser. Toda a ideia, toda formação que você tem sobre você é simplesmente memória, recordação, lembrança.

Quando você se refere a esse corpo – perceba isso claramente –, esse corpo é o resultado dos seus pais, então tudo nesse corpo, por exemplo, é a memória deles. Tudo que você tem nesse corpo é uma memória fisiológica deles, é uma herança deles e, psicologicamente, tudo o que nós temos nessa nossa, assim chamada, “mente” é um condicionamento de história, de cultura, de civilização, de história particular do nosso mundo onde nascemos e fomos criados. É isso que nós chamamos de “eu”, essa é a consciência do “eu”.

As nossas ações são ações que nascem dessa consciência do “eu”, então nós falamos muito da capacidade de fazer, de agir, de sentir, de pensar, nós acreditamos que carregamos isso. Na verdade, tudo isso é o resultado de um condicionamento, tudo isso é parte de uma memória gravada em nosso corpo e em nossa mente. O cérebro é parte dessa mente e todo esse movimento de ação em nós é resultado dessa memória, também nessa máquina, nesse corpo, nesse mecanismo, a isso nós damos o nome de “eu”. No entanto, aqui eu quero lhe dizer algo que pode soar um pouco estranho para você: neste momento existe o ouvir, assim como existe o falar, existe o ver, mas não há alguém aí vendo, não há alguém aí ouvindo, como não há alguém aqui falando. Esse é o movimento da vida, é o movimento da existência, isso é algo que acontece de uma forma natural, de uma forma existencial, no entanto, não existe esse elemento, um elemento que se separa dessa experiência para usar esse pronome “eu” – “eu” penso, “eu” sinto, “eu” falo, “eu” escuto, “eu” faço; isso consiste em uma crença, a crença de existir como uma entidade separada, a crença de existir como sendo um “eu” agora, aqui.

Então, o sentido de uma pessoa presente é o ilusório sentido de uma identidade no tempo, no espaço, dentro do corpo, falando, pensando, agindo, sentindo. Isso, na verdade, consiste em um condicionamento mental. Nós temos uma mente condicionada para pensar assim, para sentir assim. Nós não sabemos a verdade sobre quem nós somos, não há Autoconhecimento, então não há uma legítima, uma real, uma verdadeira apreciação da vida como ela é, porque esse condicionamento nos faz ter uma percepção completamente equivocada do que é a vida, do que é o outro, de quem nós somos. Esse modo particular de ver a Vida, de ver os outros, de ver a si mesmo nos coloca numa condição de contradição interna e dentro de um movimento equivocado de ação reativa baseada nesse condicionamento.

Percebam o que estamos colocando aqui dentro do canal e trabalhando isso aqui com vocês: a vida consiste em algo novo agora, aqui acontecendo, uma totalidade onde nada se separa; há algo acontecendo aqui de uma forma única, singular, sem qualquer separação, sem qualquer movimento de separação e, no entanto, um elemento aparece nesse cenário, que é esse “eu”, essa consciência do “eu”, essa mente condicionada, esse sentido de uma existência separada surge. Na verdade, estamos nos deparando com uma ilusão, a ilusão de uma identidade presente se separando do viver, se separando da vida. Então há essa ação motivada por essa ilusão, pela ilusão desse senso de separação. Essa ação é uma ação que entra em conflito com a vida porque é a ação que nasce de um fundo ilusório, que é o “eu”. Como há essa separação entre esse “eu” e a vida, há naturalmente o conflito.

É bem interessante essa procura do ser humano por algo além de toda essa confusão, de todo esse sofrimento, de todo esse medo, de toda essa insatisfação que ele carrega, porque apesar de como pessoas realizarmos coisas na vida ou carregarmos essa sensação de que estamos realizando coisas na vida, nos sentimos no fundo, dentro de nós mesmos, internamente, infelizes, então nada nos satisfaz. Então há uma procura constante de satisfação, de realização e de preenchimento, mas é essa procura de um “eu”, de uma identidade ilusória que se vê separada da vida, que se vê separada da existência, que se vê separada da Fonte, da única Realidade presente, que é a Realidade Divina, que é a Realidade de Deus.

Então o que nós temos agora, aqui? Uma ilusão, uma entidade que é o “eu”, o sentido de ser “alguém” presente na ação, no falar, no ouvir, no sentir, no pensar. Um “eu” insatisfeito. Por maiores que sejam suas realizações, você se sente internamente na busca ou na procura de alguma coisa além de tudo aquilo que você já realizou. Por que há esse sentido de insatisfação? Por que há essa dor de separação? Na verdade, a dor é a dor da solidão, é o vazio existencial. Nós nem mesmo temos noção do que é uma dor de separação entre “eu” e Deus, entre “eu” e a vida, entre “eu” e o outro. Então nós aqui estamos trabalhando com você o fim da ilusão do “eu” e o início de algo Real, de algo Verdadeiro, a ciência da Realidade presente.

Repare, por exemplo, nossas ações, são ações que nascem de uma intenção, de uma motivação, de um projeto, de um desejo, de uma volição; nasce dentro de nós algo a partir desse pensamento. Essa intenção nos move a uma ação, a um querer, a um buscar, a um procurar alguma coisa. Essa ação sempre nasce de um impulso interno, de um fundo de condicionamento, de consciência, que é essa consciência do “eu”, então nasce desse sentido de separação. E essa ação sempre se mostra conflituosa, contraditória, insatisfatória quando os resultados acontecem, quando eles chegam. Então, na verdade, somos impulsionados por um fundo de condicionamento psicológico. Essas ações nascem dentro de nossa cultura, resultado da propaganda, daquilo que dizem pra nós que nos fará felizes, que nos deixará realizados, que estaremos completos depois que realizarmos isso, aquilo ou aquilo outro. São sempre ações impulsionadas pelo desejo, e nessa busca pelo desejo, na verdade, como isso nasce de uma insatisfação, está nascendo de uma fuga, de uma dor existencial. Então, na verdade, essa qualidade de ação nasce do medo de olharmos para aquilo que se passa aqui, nesse instante, com cada um de nós, então não compreendemos essa insatisfação, não compreendemos essa dor, não compreendemos esse sofrimento, não compreendemos esse medo e ele nos impulsiona. Então o nosso desejo, na realidade, é medo; a nossa busca é, na realidade, uma fuga e tudo isso se encontra nesse “eu”, nesse “mim”.

O que estamos fazendo juntos aqui nesse canal? Estamos investigando a natureza do “eu”, a natureza dessa ilusória identidade que nós acreditamos que somos quando falamos, quando pensamos, quando agimos, quando sentimos, e aqui eu quero olhar isso com você, e aqui nós estamos olhando isso com você, estamos nos aproximando disso com você a cada encontro, a cada vídeo, a cada encontro online – nós temos encontros online nos finais de semana, aqui na descrição do vídeo tem o link do nosso WhatsApp para você participar.

O que temos feito nesses encontros? O que estamos fazendo juntos? Explorando isso, investigando o que é essa vida, quem somos nós. Estamos aqui descobrindo com você a possibilidade de uma vida livre do sofrimento, livre da ilusão do “eu”, do ego, desse “mim”, dessa pessoa que acredita que está ouvindo, sentindo, pensando, falando, agindo e que um dia será feliz realizando alguma coisa.

As pessoas passam uma vida inteira, do nascimento à morte, do berço ao túmulo, procurando algo como a paz, a felicidade, o amor, a liberdade. Na verdade, elas não estão à procura disso, elas estão fugindo da insatisfação que têm se tornado suas vidas em razão dessa condição de ignorância sobre elas mesmas, de identidade egoica, de ignorância a respeito desse “eu”. Então nós estamos dando esse tipo de nome àquilo que nós projetamos como sendo o amor, a paz, a liberdade, a felicidade. Na verdade, é a procura de algo que o pensamento tem projetado, tem idealizado para colocar no lugar dessa insatisfação, desse sofrimento, dessa ignorância.

Então nós aqui estamos trabalhando com você o fim da ilusão do “eu” e, portanto, a verdadeira compreensão do que é o Amor, a Liberdade, a Felicidade, do que é a Paz. O fato é que tudo isso se encontra na Realização do seu Ser, que é a Realização de Deus. Deus é a Verdade presente agora, aqui. Deus é a única Realidade presente agora e aqui. Não há essa ilusão desse “eu” presente. O fato de estarmos nos identificando constantemente com essa ilusão, a ilusão dessa identidade separada que é o “eu”, nessa confiança que se dá a esse conjunto de crenças, lembranças, memórias, de condicionamento interno, que é o condicionamento da mente – nossas mentes estão condicionadas –, tudo isso é o condicionamento psicológico em nós, algo presente. É aqui que se situa essa consciência do “eu”, uma ilusória consciência que se vê como uma entidade separada, e enquanto isso persiste, não temos ciência da Verdade sobre quem somos, a Verdade daquilo que ultrapassa e está além desse corpo, dessa mente, desse sentido de um “eu” presente.

Assim, o nosso trabalho aqui consiste em nos tornarmos cientes disso, uma aproximação da Verdade do nosso próprio Ser, de nossa Real Consciência – não mais essa consciência do “eu” –, da Verdade da mente livre, da mente nova, da mente em seu Natural Estado meditativo. Então nós temos a Natureza do Ser, a Natureza da Verdade, a Realidade d’Aquilo que verdadeiramente nós somos. Isso ocorre quando há esse descondicionamento da mente, quando há o fim para essa ilusão desse senso de separação, o fim para essa dualidade. Nos deparamos, então, com a Não dualidade, com a Verdade do seu Ser, com a Verdade de Deus. O nosso trabalho aqui consiste numa investigação da natureza da ilusão, qual é a estrutura, qual é a natureza, qual é a verdade da ilusão.

Percebam, não entramos em direto contato com a Verdade do nosso Ser, nós investigamos a natureza daquilo que não é essa Verdade. O ser humano às vezes projeta a Realidade Divina, a Realidade de Deus, mas isso é, ainda, uma projeção dessa própria consciência do “eu”. Então a mente, dentro daquilo que ela conhece, de suas formulações, pode idealizar um encontro com Deus, uma revelação de Deus, e até passar por alguma experiência mística, assim chamada, “espiritual”, mas tudo isso ainda está dentro dessa consciência do “eu”, não é, ainda, a Realidade do seu Ser se revelando. É necessário o descarte da ilusão desse “eu”.

Então nós aqui investigamos a natureza desse “eu” ilusório, a estrutura e a natureza dessa confusão que é a mente egoica, que é a mente condicionada. É interessante quando as pessoas usam a expressão “expansão da consciência”. Percebam o que vamos colocar para você aqui: aquilo que nós chamamos de “consciência”, aquilo que é reconhecido como consciência, nessa autoconsciência é, ainda, essa consciência do “eu”. Então ela pode, sim, passar por algumas experiências psicológicas, assim chamadas, “espirituais” ou “místicas” e depois disso, ainda dentro da própria mente você acredita que algo extraordinário aconteceu e, na realidade, ainda estamos dentro dessa condição de condicionamento do “eu”, apenas essa mente condicionada ou essa consciência do “eu” passou por uma experiência.

A Realidade do seu Ser, que é Real Consciência, dentro da visão daqueles que realizaram a Verdade, isso é muito, muito claro: essa Real Consciência não se expande, Ela é a Natureza de Deus presente agora, aqui, é a Natureza do Ser. Qualquer coisa que possa sofrer uma alteração, mudança ou expansão estará dentro, ainda e sempre, de uma limitação. Aquilo que passa por uma expansão pode continuar se expandindo e isso é limitação. Isso é algo, ainda, dentro do tempo. É apenas no tempo que você pode passar por experiências, se lembrar de experiências, relatar experiências e sofrer mudanças em razão da experiência, isso é algo que ocorre sempre dentro do tempo. A Realidade do seu Ser, a Realidade de Deus, a Real Consciência não está no tempo. Então, a Verdade sobre o Despertar da Consciência é o fim dessa consciência do “eu”. Não se trata de uma expansão da consciência, não se trata de uma mudança na qualidade dessa consciência mental, dessa mente.

Aqui estamos falando com você d’Aquilo que os Sábios chamam de Samadhi ou o Estado de Turiya. Nós temos aqui no canal vídeos sobre esse Estado de Turiya, onde lhe é apresentada claramente a diferença entre o estado de vigília, o estado de sonho e o estado de sono profundo; o quarto estado possível para cada um de nós é Turiya, é um estado além da vigília, do sonho e do sono profundo. Esse Estado de Turiya é Samadhi. Não é uma experiência, não é uma expansão de consciência, é a Real Consciência, é o fim da ilusão de uma identidade egoica.

Assim, o nosso trabalho aqui consiste em nos aproximarmos de nós mesmos pelo Autoconhecimento, pela Real Meditação. Aqui, Real Meditação é a correta meditação. Não é a prática da meditação que pode trazer experiências, sensações, percepções, pode lhe dar estados alterados de consciência. Não é disso que estamos falando. Estamos falando de ir além desse “eu”, isso significa a transcendência do tempo, o fim desse tempo, o fim desse “eu”, o fim dessa mente, o descondicionamento dessa mente. Isso é o fim do tempo, é o fim do espaço, é o fim da ilusória identidade nesse pensar, sentir, agir, falar, ouvir.

Aqui estamos colocando um estado possível, que é Samadhi, que é o Estado de Turiya. Não vamos aprofundar isso aqui, nós temos vídeo aqui no canal sobre esse quarto estado, o Estado de Turiya. Recomendo a você conhecer, se aprofundar numa outra playlist aqui presente, que é a playlist dessa aproximação do Autoconhecimento, é a Verdade do Autoconhecimento e a Real Meditação de uma forma prática. Essa Real Meditação não é nada daquilo que nós conhecemos aí fora como meditação. Aqui eu me refiro à Real, à verdadeira, à correta Meditação para esse Despertar da Consciência. E aqui um outro assunto é esse Estado de Turiya. São assuntos que complementam essa fala.

Esse é o nosso enfoque aqui nesse encontro. Estamos trabalhando com você o Despertar da Consciência e a Iluminação Espiritual. Na realidade, estamos falando da mesma coisa com palavras diferentes. Real Meditação e o Despertar da Consciência também em um sentido diferente do que, em geral, as pessoas têm colocado aí fora – aqui no canal nós temos playlists também sobre esse assunto.

Então esse é o assunto aqui dentro desse canal. Se isso é algo que faz sentido para você, deixe aí o seu like e já se inscreva no canal. Alguns de vocês assistem esses vídeos e se esquecem de se inscrever no canal. Aproveite e se inscreva no canal agora. Quero lembrar, também, a você: nós temos aqui na descrição do vídeo o nosso grupo no Whatsapp para esses encontros semanais online. Além disso, temos encontros presenciais e retiros, e você pode tomar ciência disso. Ok? Valeu pelo encontro e a gente se vê. Até a próxima!

Agosto de 2023
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terça-feira, 5 de setembro de 2023

Joel Goldsmith | Um Parêntese na Eternidade | Insatisfação interna | Mestre Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Mais uma vez o Mestre Gualberto nos dá a oportunidade de estar aqui respondendo às perguntas, trazendo um aprofundamento nesses estudos sobre a Iluminação Espiritual. Gratidão, Marcos, gratidão, Mestre, por mais essa oportunidade.

Hoje eu vou trazer um trecho bem interessante do livro “Um Parêntese na Eternidade”, do Joel Goldsmith, onde o Joel fala o seguinte: “Não é somente tentando mudar a nós mesmos para humanos melhores que nos preparamos para a aceitação de nossa identidade espiritual. Ser humanamente bom não tem qualquer relação com morrer diariamente. Morrer diariamente é uma percepção de que estamos insatisfeitos com o nosso atual estilo de vida, insatisfeitos mesmo se temos suficiência econômica, boa saúde ou uma família feliz. Ainda assim há uma insatisfação, uma sensação de algo faltando em nós, uma inquietação interna, uma falta de paz, um descontentamento interior. Sem essa fome e esse impulso interior, não há ‘morrer’.” Mestre, poderia falar um pouco mais sobre essa inquietação interior, sobre esse desejo, que queima no coração, por Deus?

MG: OK, vamos lá, então! Essa inquietude ou inquietação interna – o que é, na verdade, isso? Em geral, Gilson, as pessoas estão conformadas com a condição de vida em que elas se encontram. Há uma certa “satisfação insatisfeita” dentro das pessoas, da qual elas não têm a menor consciência. Elas estão satisfeitas, não têm consciência real da insatisfação presente. Há insatisfação presente nelas, dentro dessa satisfação. É muito curioso o comportamento do ser humano, ele parece que está à procura, na verdade, de alguma coisa além dessa condição comum a todos.

Primeiro, quando a gente cresce, a gente cria objetivos na vida: profissional, casamento, família… e, aos poucos, isso começa a acontecer. Mas juntamente com isso há, dentro do ser humano – e essa é a grande verdade da qual nós não temos ciência, até que tenhamos mesmo... há dentro do ser humano uma insatisfação, um vazio existencial, algo que nenhuma coisa do lado de fora, externamente, pode preencher. No entanto, a condição da mente humana é de tal forma constituída que, aos poucos, nós nos habituamos, ou nos acostumamos, ou nos conformamos a essa falta interna. E não tomamos ciência dessa falta, porque com o passar do tempo nós vamos nos conformando com as realizações externas.

Então, na verdade, a maioria das pessoas carrega essa dor, essa insatisfação interna, esse vazio existencial; a maioria das pessoas carrega isso de uma forma muito inconsciente. E elas têm muitas coisas no lugar desse vazio ocupando, aparentemente, esse vazio. Então, elas não tomam consciência, até que algumas delas tenham uma perda muito grande, uma dor muito grande, que é quando, nesse momento, elas se dão conta de que tem algo que não está bem na vida delas. Mas, em geral, a maioria das pessoas passa uma vida inteira sem qualquer ciência do seu estado de infelicidade interno, porque elas estão tão cheias de coisas externas ocupando o lugar dessa infelicidade que elas nem tomam ciência do quanto são infelizes.

O que eu tenho percebido é que, às vezes, eu digo para as pessoas: “Você já percebeu a infelicidade? Você percebe o quanto é infeliz?” Elas olham para mim assim admiradas. Elas dizem: “Não, mas eu sou feliz! Eu tenho um bom casamento, minha filha está fazendo faculdade...”, e elas começam a descrever o mundo externo delas, como se isso fosse realmente a felicidade para elas. Elas nem se dão conta dessa dor, desse vazio existencial presente. Até que, para alguns, em razão de que esse sonho dessa aparente felicidade se altera – eles têm uma perda de um ente querido, uma situação difícil –, eles começam a se dar conta de que precisam se voltar para algo fora desse mundo, para essa procura de algo fora, além desse conhecido. É quando começa o processo dessa procura.

Se você está aqui nesse canal, provavelmente algo já começou a acontecer com você. Uma atração por algo fora desse mundo. Há um natural desinteresse por essas realizações externas e você nem sabe por que não tem tanto interesse como as pessoas à sua volta por essas coisas externas. Você nem sabe por que você tem essa inclinação tão grande por algo interno, mesmo que você aparentemente não sinta tanto essa dor, tanto esse vazio, mas há uma alegria maior em você na procura por algo fora do conhecido.

Eu estou falando a partir da minha experiência. Eu não carregava essa dor de depressão, de nada disso quando era criança, mas eu tinha uma alegria muito grande de me envolver com as coisas de Deus. Então, eu sentia, quando criança, que tinha algo fora de simplesmente casar, ter filhos e tudo o mais – embora tudo isso tenha acontecido também aqui na história do Gualberto, mas havia essa inclinação maior por essa busca pelo Divino. E nós precisamos dessa busca. Sem isso, se não estivermos queimando de verdade por Isso, seremos, com certeza, distraídos por todo tipo de coisas externas e não será possível essa Realização nesta vida.

É tão simples assim, Gilson. Sendo realista, a Realização de Deus, que é a Realização da Verdade, requer esta energia muito, muito, muito aplicada – essa energia de Vida, de Existência, de Consciência –, toda a energia do seu Ser voltada para esta Realização. Se você não estiver, de verdade, queimando por Isso, Isso não irá te queimar, Isso não irá volatizar esse sentido do ego, ele sempre terá alguma coisa para se preencher externamente e continuar nesse inconsciente sofrimento, sem a consciência do quanto ele vive na mentira e na ilusão. E essa tem sido a vida da maioria das pessoas.

Então, é preciso queimar por Deus, é necessário ter esse fogo queimando aí dentro, até que esse fogo venha consumir a ilusão desse falso “eu”, que é a pessoa que você acredita ser, com as coisas que você acredita ter, ou que pode ainda vir a ter ou que pode perder, ou que sonha, ou que idealiza, ou que tenta segurar. Tudo isso dentro do ego precisa desaparecer juntamente com ele. E somente o fogo dessa Presença aí dentro queimando e essa energia disponível para essa entrega à Verdade, para esse envolvimento total com Isso, para que essa Realidade se mostre, essa Realidade do seu Ser, essa Realidade de Deus.

Então, sem queimar por Deus, você não está no momento de realmente ir além desse mundo, desse sonho, dessa ilusão, desse falso “eu” com os seus problemas. E o problema maior dele é o próprio sentido de identidade separada de Deus, nesse vazio, nessa dor existencial. E, repito, a maioria não tem nem ciência da dor que trazem até que começam a perder as coisas e perceber... e começam a perceber que não há qualquer segurança psicológica em realização em objetos, em pessoas, em ideias e crenças. Quando isso começa a se mostrar [como] uma areia movediça para esse ego, aí realmente a busca ou a procura de algo além disso começou a acontecer. É bem isso.

GC: Mestre, esse vazio existencial, essa dor, eu lembro que desde a infância tinha momentos em que vinha esse vazio. Só que, o que aconteceu dentro desta história – e é o comum dessa atividade humana – [foi] fugir. Vem a dor, a gente foge na busca pelo prazer; e aí vem a dor, a gente foge na busca do prazer. A gente foge da dor e busca o prazer. E aí a dor, esse vazio, fica camuflado, e a vida vai seguindo. Só que tem um momento em que, como o Mestre acabou de dizer, a coisa aperta um pouco mais, e aí a gente vê que realmente no mundo, no mundo humano, como o próprio Joel comenta e o Mestre também, não tem nada, nenhuma realização externa que vá trazer essa Real Felicidade. E aí a gente vê que, realmente, só indo além deste mundo. E aí, pela Graça, eu encontrei o Mestre, e o Mestre traz, dá essa direção: não fugir da dor, mas se aproximar dela, desse vazio existencial. O Mestre poderia falar um pouco sobre essa aproximação com o que se apresenta? Por exemplo, quando apresenta esse vazio existencial.

MG: Nós temos várias formas de nos aproximarmos dessa questão da aproximação da dor. O porquê dessa aproximação? Nós não compreendemos aquilo do qual nós não temos ciência muito clara para nós mesmos. Nós não podemos compreender algo que se passa conosco do qual nós não temos ciência. Nós precisamos tomar ciência daquilo que se passa conosco agora aqui para, de verdade, percebermos a ilusão ou verdade disso. Sem entrarmos num contato direto com isso, é impossível.

Então, o que ocorre, em geral, Gilson, é que o nosso condicionamento – e isso é desde a infância – é de não viver a dor. Então, desde pequeno... quando uma criança cai, o pai ou a mãe, quem estiver muito próximo, vai lá e levanta a criança e começa a fazer carinho para a criança não chorar, tenta consolar a criança para evitar ela sentir essa dor da queda. Gente, compreendam isso: as crianças caem! Quando elas estão aprendendo a andar, elas têm que cair e levantar. É assim que elas irão aprender a andar. Então, nós temos uma ideia muito ilusória a respeito do que é compaixão, cuidado, apreciação, carinho.

E o pior: essas palavras que eu acabei de usar, a gente ainda faz com que elas se identifiquem ilusoriamente com uma ideia imaginária que nós chamamos de amor. Então, para nós “amor” é exatamente isso: carinho, cuidado, proteção. Só que esse tipo de proteção da dor não tem nada a ver com a Realidade do Amor, tem a ver com a nossa concepção do que é amor, porque quando você protege uma criança de chorar, você não está deixando-a entrar em contato com a sua própria experiência de dor, de aprendizado no cair e levantar.

Eu estou usando esse exemplo aqui, fisicamente, mas psicologicamente a coisa é muito mais grave. Nós não fomos ensinados, Gilson, desde criança, a nos aproximarmos da experiência da dor psicológica, da dor da frustração, da dor de perder a apreciação ou de não ter essa apreciação, ou da rejeição… Tentaram nos blindar, nos poupar da experiência psicológica desse “eu” frustrado, sofrido, em contradição, em sofrimento, e vieram sempre nos consolar. E isso nos fez criaturinhas muito viciadas na busca de consolo, conforto, e fez com que nos tornássemos pessoazinhas muito necessitadas de não sofrer. Com isso, nós aprendemos a fugir da dor sem olhar para ela.

O sofrimento o coloca em contato com a experiência de uma identidade presente no sofrer. Gente, isso é algo maravilhoso: você perceber que é uma identidade presente nesse sofrer e essa identidade presente é uma produção de autoimagem, criada pelo próprio ilusório “eu”; perceber que esse ilusório “eu”, que está sempre se economizando ou se poupando do sofrimento, procurando abrigo em apreciações externas – o que na realidade só dá continuidade a mais sofrimento, a curto, médio e longo prazo, para esse “eu”... Enquanto nós não percebermos que o contato com a experiência do sofrer nos mostra que é o sentido de alguém presente com a imagem ferida, psicologicamente falando... Quando você, por exemplo, não é apreciado, quando você não é elogiado, quando você não é aplaudido quando faz as coisas certas, isso lhe produz um sofrimento, porque o seu ego está sempre buscando essa apreciação.

Nós nos tornamos criaturas psicologicamente, emocionalmente, totalmente dependentes dessa autoimagem que fazemos de nós mesmos, e queremos que os outros reconheçam essa imagem e estejam sempre aplaudindo os nossos bons feitos e fazendo vistas grossas para os nossos maus feitos. E o pior ainda: a nossa própria autoimagem está sempre procurando se proteger dessa dor para nós mesmos, sobre o que pensamos que somos ou sobre o que nós achamos que devemos ser e sobre o que as pessoas pensam sobre nós.

Nós não entramos num contato direto com a experiência desse ego, desse “eu”, e nada como a dor para tornar isso possível. Mas como nós vamos entrar em contato com essa dor se não nos ensinaram desde pequenos que olhar para aquilo que se passa aqui agora, sem essa autoimagem, sem essa autocomplacência, sem essa autocompaixão, nos liberta do ego? Nunca ensinaram isso para a gente. Muito pelo contrário, eles continuam tentando nos proteger da queda para não chorarmos. Eu digo “eles”, o mundo inteiro.

Nós temos um comportamento de profunda dependência psicológica da opinião dos outros, do que as pessoas pensam, dizem, sentem sobre nós, além do que nós mesmos pensamos, sentimos e acreditamos sobre nós próprios. Isso tudo está em cima dessa egoidentidade, da ilusão de uma identidade, que é o “eu” – uma personalidade, uma identidade completamente falsa, completamente ilusória, o resultado de um condicionamento psicológico que é resultado de milênios na humanidade e que está agora há decênios em nós. Se eu tenho trinta anos, quarenta, cinquenta, são cinquenta anos identificado com tudo o que existe nessa complicada, aflitiva, sofrida, infeliz humanidade: inveja, ciúme, raiva, medo, desejos, aflições incríveis, diversas formas de sofrimento. Isso está presente nesse sentido do ego, dessa ilusória entidade que se vê separada do outro, do mundo e de Deus.

Então, se não entrarmos em contato com essa dor desse “eu” – porque é esse “eu” a razão dessa dor –, não nos tornaremos cônscios da mentira que é viver nessa ilusória identidade. Então, ter um contato direto com aquilo que sou agora aqui, sem fugir, é fundamental para descobrirmos algo além disso, fora desse “eu”, desse “ego”. Há algo em você que não está no mundo, não está nesse modelo de cultura humana, de ilusão, de sofrimento. Há algo em você fora do medo, da raiva, da inveja, do ciúme, da ambição, do desejo de conquistar, do desejo de possuir, do medo de sofrer, desses diversos temores que temos.

Temos temores diversos, Gilson. O estado de infelicidade psicológica no ser humano é terrível! Nós temos medo de tudo! É medo da velhice, é medo da doença, é medo do marido, medo dos filhos... Medo de tudo! Vivemos psicologicamente presos à ilusão de uma segurança que o ego busca em coisas, pessoas, objetos, crenças… e nada disso resolve! Para piorar, tem as crenças religiosas, a busca de uma proteção. Então, tudo isso tem a ver com a ilusão de “alguém”, que é o ego com medo, e esse ego não é real. A única Realidade presente é a Realidade Divina, e Ela não carrega nada disso; é o sentido do ego que carrega. E se não olharmos para isso, não podemos ir além disso. Se não nos aproximarmos para descobrir isso, aqui e agora, esse sentido de separação, de ilusão e o que isso representa... sem esse Autoconhecimento, não dá.

Por isso que as práticas diversas de meditação que são feitas não funcionam. Porque você está meditando, mas quem é que está meditando? Sua Meditação Real é se tornar ciente da ilusão desse “eu” aqui e agora, naquilo que ocorre, naquilo que acontece, e ir além dessa ilusão, dessa mente presa a esse modelo de crença, de autoimagem e de tudo o mais. Tudo bem? É isso.

GC: Mestre, você tocou num ponto que é bem interessante. Como o humano é inconsciente de todo o sofrimento que ele carrega, de toda a contradição! Porque eu lembro que quando eu, pela Graça, encontrei o Mestre, e o Mestre nessas falas – porque a fala do Mestre vai se repetindo de maneiras diferentes –, falando dessa aproximação com o sofrimento, com a contradição… e essa safadeza desse ego assim: “Não, mas não tem muita contradição, não tem muitos problemas”. Eu acho que o termo até que o Mestre usava era “problema”. E aí numa completa inconsciência de toda a chafurda que a mente, que o ego faz… cheio de conflito! Daí eu me lembro que em um Satsang o Mestre falou: “Quando eu falo ‘conflito’, eu não estou falando lá da guerra, eu estou falando de um conflito de estar pensando algo e querer pensar outra coisa”. Então, eu me lembro que, logo que me aproximei desse trabalho com o Mestre – meu Deus! –, toda essa chafurda que é a mente humana, pela Graça do Mestre, passei a ver toda essa confusão, toda essa desordem, que era de maneira sorrateira ocultada pelas práticas, pela leitura, pelos estudos. Toda essa contradição ficava meio de pano de fundo, não era vista. E aí pela Graça do Mestre… é hilária a contradição, porque a mente está sempre jogando pensamento e julgamento... E poder observar isso, é como o Mestre fala, é ver a ilusão presente, e aí é não fazer nada, simplesmente ver, esse “olhar”.

E até nesse ponto, Mestre, quero pegar uma pergunta aqui do Augusto Moreno Viena Pestana, que fala bem nesse viés: “O que é olhar para o movimento do pensamento?” Se o Mestre puder falar um pouco sobre...

MG: Olhar para esse movimento do pensamento – que é, na realidade, um movimento da mente –, olhar para isso, Gilson, é algo fundamental. E eu vou explicar por quê. Ao olhar para o movimento do pensamento, nós temos aqui uma chave que abre uma porta extraordinária para você, porque, ao olhar para o movimento do pensamento, você se torna ciente da ilusão do observador. O que é isso? O que é que eu tenho chamado de “observador”? Eu chamo de “observador” a ilusão de que você é alguém que pensa, você é alguém que pensa o pensamento; o pensamento é uma experiência e você é alguém que está produzindo essa experiência chamada “pensamento”. Então, existe uma ilusão aqui: a ilusão “eu-pensador” produzindo o pensamento como uma experiência.

Gente, compreendam isso: quando você está nessa condição, que é a condição do ego, você está preso àquilo que eu tenho chamado de tempo psicológico.

Deixa eu colocar isso direitinho para você aqui. A noção de alguém presente dentro do pensamento... Note: o pensamento é resultado do passado. Você não tem um só pensamento que não seja memória. Me mostre um pensamento aí que não seja memória. Todo pensamento é só lembrança, e esse pensamento, por ser lembrança, é uma experiência vivida no passado, registrada no cérebro e agora incorporada a essa consciência que eu chamo de consciência egoica ou consciência mental. Então, quando esse pensamento surge e você coloca uma identidade, que é a crença de uma identidade pensando isso – você acha que está pensando esse pensamento –, você está introduzindo uma ilusão na sua existência: a ilusão do tempo psicológico. Essa ilusão do tempo psicológico na sua existência é a ilusão do “eu”, do ego, porque você é aquele que está pensando esse pensamento. Então, você é o observador da coisa que está sendo observada, que é o pensamento.

Aqui está a presença do tempo psicológico: é a presença exatamente do observador, é a presença exatamente do pensador, que é a presença do “eu”. Se você tirar, eliminar, a presença do observador da experiência do pensamento – escute isso, estou lhe dando aqui o segredo da Meditação –, se você eliminar a presença do pensador na experiência do pensamento, eliminar a experiência do observador que está observando o pensamento... se você elimina o observador, elimina o pensador, elimina o experimentador da experiência, você fica só com o pensamento, só com a experiência e isso não implica tempo. Isso é algo agora aqui!

Você só coloca o tempo quando coloca o pensador, que diz “não gosto disso”, ou então ele diz “eu gosto disso”, “não, eu quero pensar mais sobre isso”, “não, mas eu não quero pensar sobre isso”. Quando isso ocorre, entrou o pensador. Quando entra o pensador, entra a ilusão do tempo psicológico. É aqui que o ego vive. Seu ego, a pessoa que você acredita ser, ou ela está no passado, ou ela está no futuro, e esse presente só interessa para ela para se ocupar com o passado ou com o futuro. Esse é o ponto-chave.

O ego, Gilson, não é outra coisa a não ser uma ilusão criada pelo próprio pensamento, que se separa como pensador, cria uma identidade e diz: “Eu”. Não tem “eu”! Não existe nenhum “eu”, a não ser o pensamento usando o pronome “eu” para se denominar alguém dentro da experiência, que é o próprio pensamento. É uma grande jogada do pensamento para continuar no tempo psicológico, porque ele é o criador do tempo psicológico. Ele criou o “eu” para dizer: “Não gosto disso” ou “Eu gosto disso”. Então, nós vivemos, Gilson, como criaturas humanas identificadas com esse pensador, esse “eu”, esse observador. Nós vivemos como criaturas humanas presas a essa ideia de se tornar alguém. “Eu não estou feliz como sou, preciso ser feliz”. E “serei feliz” quando? No tempo, amanhã! “Eu fui aquilo, sou isso hoje e amanhã serei outra coisa”. Tudo isso está na ilusão de uma identidade psicológica presente agora aqui, o que é uma fraude. Essa é a presença do ego, essa é a presença do “eu”. Se você sustenta a ilusão dessa identidade, você não morre.

Eu tenho falado, Gilson, da importância de aceitar a morte, a morte dessa ilusão, que é ilusão de uma identidade psicológica. Se você aceita a morte desse “eu” dentro das experiências, esse “eu” desaparece. Você fica com a experiência pura sem a ilusão de alguém nela, então não há mais separação. Se surge um pensamento, um sentimento, uma emoção, uma sensação sem o “eu”, não há tempo psicológico. Você está agora aqui, e esse “Você” é a própria Realidade da Consciência Real. É aqui que eu chamo de Consciência Real o seu Ser, Aquilo que é Você. OK?

GC: Gratidão, gratidão, Mestre! Gratidão... Já chegou o nosso tempo aí. Só vou comentar rapidamente. Eu acho que até em algum outro videocast eu comentei também, em um Satsang intensivo de final de semana, online inclusive, acho que foi o quinto ou sexto... eu já venho participando há um bom tempo. Só sei que o Mestre, apontando para essa realidade de que pensamento e pensador são um pensamento... e daqui a pouco algo ficou muito nítido: como esse “eu”, que se julga “eu”, é um pensamento. É uma escravidão, o humano é escravo de um pensamento, meu Deus do céu! Então, é estar próximo do Mestre para essa Graça ir limpando toda essa mentira de pensamento e poder estar olhando para isso tudo.

Então, fica o convite para quem vem acompanhando os videocasts, vem acompanhando o canal do Mestre: aproveita e se inscreve no canal, se não é inscrito ainda, deixa o “like”, faz um comentário trazendo perguntas. E quem sentir algo além do que está sendo dito pelo Mestre Gualberto, fica o convite aí para essa aproximação nessa investigação profunda que se dá através dos Satsangs presenciais (muito mais) e também online intensivo de final de semana.

Então, Mestre, gratidão... gratidão por mais essa oportunidade que você nos dá. Grande abraço!

MG: OK, pessoal, até a próxima!

Maio de 2023
Gravatá-PE
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