quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

A Verdade do Autoconhecimento e a ação livre do ego | Condicionamento psicológico | A ação livre

As questões da vida. É necessário que você compreenda que essas questões da vida são questões que ainda se mantêm como questões porque nós não temos uma visão, uma compreensão direta da Verdade sobre quem nós somos. O propósito aqui é investigar isso. Assim sendo, aqui não será aqui apresentado para você uma simples, teórica, conceitual, intelectual resposta para essas questões. Nós estamos juntos para investigar, para explorar isso, para estudar isso. Não podemos estudar isso com alguém, não podemos estudar isso em livros.

Só há uma forma de nos aproximarmos da Verdade da Sabedoria, da Verdade dessa clareza de percepção de Realidade, de visão integral da Vida: é pelo Autoconhecimento. Apenas quando há uma aproximação da Verdade sobre quem você é é que isso se torna possível, e essa é uma descoberta que você faz. A compreensão de si mesmo, que tem por princípio o Autoconhecimento, que tem por base o Autoconhecimento, é a base Real para a Sabedoria, para a solução final dessas questões da vida.

Nós temos inúmeras questões. Uma dessas questões é a questão da ação livre. Nós precisamos descobrir o que é uma ação que represente, de fato, para as nossas vidas uma ação livre, inteligente, uma ação onde haja essa Presença, essa Ciência, essa Realidade Divina. Apenas quando temos a ciência da Realidade de Deus na ação, temos a Verdade da Inteligência, temos a Real Inteligência, então se torna possível uma vida livre de contradições, de dilemas, de conflitos, de problemas.

Reparem que é muito comum essa tentativa nossa de acertar. Nós estamos tentando acertar, então nós temos perguntas do tipo: “Como fazer a coisa certa?” Ou: “Como agir sob pressão?” A nossa tentativa é de atender à vida, de atender a esse momento presente com uma ação que não produza sofrimento, uma ação que produza, de fato, resultados. Mas nós precisamos investigar claramente essa questão da ação.

O que é a ação livre? O que é a ação inteligente? O que é a ação verdadeira? O que eu tenho dito aqui é que nossas ações não são ações reais, elas são ações falseadas pelo pensamento. Assim, quando nós temos ações que são impulsionadas pelo pensamento, nós temos ações conflituosas. Nossas ações são, basicamente, egocêntricas porque são ações que se baseiam no pensamento. Haverá uma outra qualidade de ação, que não se baseia no pensamento?

Nossas ações têm sempre por detrás delas uma motivação, uma intenção, um desejo, um medo, uma apreensão. Há sempre o sentido de um "eu" presente em um movimento autocentrado, autointeresseiro, que se move com base no medo, com base no desejo, com base em escolhas. Tudo isso algo determinado pelo pensamento. Então, nós temos primeiro o pensamento, temos esse objetivo, que está centrado no próprio "eu", e depois temos a ação. Essa é a qualidade de ação que nós conhecemos, a ação centrada no pensamento, baseada no pensamento.

Então, temos que investigar a natureza desse que age, desse que se move, desse que está sendo o fazedor das coisas, que é o "eu", o ego. A “pessoa”, como nós nos vemos, é aquela que está se movendo no mundo a partir do pensamento. A vida está a todo momento nos trazendo situações novas, novos desafios. Tudo na vida se constitui num movimento; esse movimento é a ação. Não há como, nessa vida, estarmos livres da ação.

A todo momento nós estamos dentro de um movimento; esse movimento é a ação. O falar é uma ação, o gesticular é uma ação. Da manhã até à noite, desde que você sai da cama até a hora de dormir, você está sempre no movimento, e esse movimento é ação. Então, a todo momento nós estamos atendendo às solicitações da vida, na vida. A vida é esse desafio. A questão é como estamos atendendo a isso.

O que tenho dito aqui – e você pode investigar isso, não apenas ficar nessas palavras concordando ou tendo uma inclinação para ler e discordar – é que nossas ações são egocêntricas, e por serem egocêntricas, por estarem centradas em uma identidade egoica que se vê separada do outro, da vida, das situações, nossa relação com tudo isso é uma relação de separação, de dualidade. E onde há separação, onde há dualidade, nessa noção "eu e o mundo", "eu e o outro", “eu e essa ou aquela situação", há, naturalmente, conflito, sofrimento, desejo, medo, autointeresse.

A nossa vida no ego é uma vida nesse princípio de separação, dentro dessa dualidade. Nesta dualidade, nessa separação, há conflito. Assim, nossas ações são ações centradas no "eu", no ego. Aqui, nós precisamos investigar a natureza desse ego, desse "eu". O que é o “eu”? Quem sou eu? Então, qual é a verdade desse “eu”?

Observe que esse “eu”, esse sentido do “eu” é um conjunto de lembranças, memórias, imagens. Se eu lhe perguntar: quem é você? Você vai dizer o seu nome e contar a sua história. Nós estamos identificados com a história que trazemos e com o nome que nós conhecemos a respeito de quem somos, porque nos identificamos com essa história, com esse corpo, com essa mente. Então, essa é a descrição desse “eu”.

Esse “eu”, portanto, é um conjunto de lembranças, imagens, recordações, memórias, história – a história da família, a história da sociedade, a história do mundo. Tudo isso faz parte desse “eu”. A educação que recebemos, a religião onde fomos criados, o sistema político onde fomos educados. A sociedade nos educou, a cultura nos deu essa formação, e tudo isso é hoje parte desse movimento interno de memórias, de lembranças, de recordações, algo guardado nesse cérebro. Então, nós vivemos como uma entidade presente no mundo com um cérebro condicionado, numa vida já programada fisicamente, psicologicamente.

Assim, nossa atuação no mundo, nossa atuação na ação, na relação com o outro, com nós mesmos, com objetos, com situações são ações programadas pelo pensamento; esse movimento é o movimento do "eu", do ego. Será essa a Verdade sobre quem realmente somos? Isso é o que realmente apresentamos ser, o que demonstramos ser, o que parecemos ser, o que a sociedade, a cultura, o mundo, a família, a história humana nos faz ser. Haverá alguma coisa além disso?

Enquanto nós não descobrirmos a Real Verdade desse Ser que trazemos, nossas ações serão ações centradas no "eu", no ego, nessa “pessoa”. O ego é essa ignorância, a pessoa é essa ignorância. Esse "eu" vive nessa ignorância, com base num condicionamento psicológico, se movendo no mundo e agindo. Nós estamos criando problemas, vivendo com sofrimento, vivendo em problemas, produzindo problemas. Olhe para a situação do mundo, o caos em que nós nos encontramos, porque, na realidade, esse mundo externo é só uma expressão externa de nossa confusão interna.

Vivemos, psicologicamente, nesse "eu", nesse ego presos à inveja, ciúmes, conflitos; há essa contradição entre os desejos dentro de cada um de nós, e isso se reflete nessa relação também com o outro. O estado psicológico do ser humano é de confusão, é de desordem, é de sofrimento, estresse, ansiedade, depressão, angústia, a dor da solidão, esse egocentrismo sendo expresso em atividades egocêntricas a cada momento.

Então, a nossa forma de atender a esse desafio, que é a Vida acontecendo nesse instante, com base nesse pensamento, nesse modelo que vem do passado, nesse condicionamento que é o resultado de toda essa cultura, algo que vem do passado, uma ação desse tipo está criando confusão para nós, para o outro, no mundo. Aqui nós estamos descobrindo a arte de Ser Consciência, esse é o nosso trabalho com você. Estamos trabalhando com você o Despertar desse Ser Real que somos, que é o Despertar da Real Consciência.

Nós conhecemos essa consciência comum. Temos falado muito disso aqui , da diferença entre essa consciência como nós nos vemos, como nós nos conhecemos, centrados dentro dessa mente condicionada, e de uma Realidade além disso: é essa Real Consciência. E nós estamos trabalhando com você aqui o Despertar dessa Real Consciência, desse Ser Real que somos. Alguns chamam isso de o Despertar Espiritual, a Iluminação Espiritual; é a ciência do seu Ser se revelando.

A verdadeira ação é a ação da Inteligência, que nasce dessa visão da Realidade. Não há qualquer separação nesta ação. Nossa ação, quando nasce do pensamento, está carregada de uma intenção egoica. Há uma qualidade de ação livre desse pensamento condicionado, dessa mente condicionada, e esse é o assunto nosso aqui: lhe mostrar que, sim, é possível uma ação livre desse condicionamento psicológico.

Temos que investigar a natureza desse "eu", desse experimentador, desse que cultiva esse modelo de pensamento condicionado, então podemos ir além do pensamento, então o pensamento cessa, essa condição psicológica, condicionada de ser desaparece. Algo novo surge para uma vida em Amor, em Felicidade, dentro dessa ciência de Deus, dessa ciência da Verdade.

Nós aqui estamos aprofundando isso com você, explorando isso com você, lhe mostrando a possibilidade de, nesta vida, assumir a Realidade que você nasceu para assumir, que é a Realidade desse Ser, que é a Realidade de Deus, que é a Realidade de sua Natureza Essencial, de sua Natureza Divina.

Dezembro de 2023
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terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Vida Divina | Iluminação Espiritual: uma questão da vida | A morte e o Estado de Turiya

Como questão da vida nós temos presente a questão da morte. Vamos trabalhar com você aqui essa questão, a questão da vida e da morte. Será que existe uma linha de demarcação, será que existe uma fronteira entre essa, assim conhecida, “vida” de todos nós e essa “morte”?

Tudo o que nós temos como vida – observe isso de perto e você verá – é a continuidade da memória. Aquilo que nós chamamos de vida é a continuidade do nosso nome, da nossa história, dos nossos móveis, dos nossos imóveis, das pessoas com quem nós nos relacionamos, a história que conhecemos delas, a história que conhecemos sobre quem somos.

Então, aquilo que nós temos chamado de vida consiste em ganhar, perder, obter, acumular, buscar mais, a procura da satisfação, da paz, da felicidade, tudo isso nós chamamos de vida. Estamos diante da continuidade da memória. Assim, aquilo que nós chamamos de vida, que nós consideramos vida é, simplesmente, a continuidade dessa “pessoa”, dessa entidade que acreditamos ser. Assim, tudo o que nós temos dentro dessa memória, dessa continuidade é a continuidade do “eu”, do ego. É isso que nós chamamos de vida.

Quando nos deparamos com o fim disso nessa, assim chamada, “morte”, nós criamos uma separação. Já percebemos que nessa conhecida morte nós temos o fim para essa memória, temos o fim para essa continuidade, e isso nos causa medo. Então, para nós a morte é, na verdade, o desconhecido.

Nós não sabemos o que, na verdade, é a morte. Em razão desse medo de perder essa continuidade, de perder esse conhecido, nós temos criado crenças. As crenças religiosas nos dão conforto, nos dão consolo, nos mostram a possibilidade da continuidade, da continuidade exatamente dessa memória nessa, assim conhecida, “pós-morte”.

Então, o que nós temos aqui? Uma ponte, ou procuramos criar uma ponte entre esse nosso conhecido, que é a história, a memória, a continuidade do “eu”, do ego com aquela outra coisa desconhecida chamada morte. Assim, nós projetamos nesse “pós-morte” a continuidade desse “eu”. É isso que nas religiões nós temos como a questão do “pós-morte". Então, nós temos a ressurreição, temos a reencarnação, temos céu, temos inferno. Nós ficamos para escolher ou para ver o que mais convém para nós em termos de aceitação no que acreditar. Tudo isso fazemos porque, na verdade, nós temos “medo”, o medo do fim dessa continuidade.

Então, na verdade, não sabemos o que é a vida sem a continuidade do ego, e não sabemos o que é essa, assim chamada, “morte” sem essa continuidade do ego. Assim, nós projetamos um ideal de futuro nessa coisa chamada “pós-morte” para isso que está aqui, agora, nesse momento, dentro dessa continuidade. Então, nós temos no “pós-morte” a continuidade dessa, assim conhecida, “vida”. Será que isso tem realidade? Ou essa realidade ainda está dentro do conhecido?

É isso que temos dito aqui para você. Estamos investigando esse assunto aqui com você. Nós estamos aqui interessados na compreensão do que representa o fim do conhecido, portanto, o fim do ego, dessa, assim chamada, “continuidade”, que é a continuidade de vida do “eu”, do ego. Então, o que ocorre com o ser humano é que ele não está interessado em investigar a natureza da Verdade da vida, o que significa a Realidade de uma vida livre do conhecido. Ele se mantém dentro desse modelo do conhecido nessa, assim chamada, “vida”, e projetando esse conhecido para essa, assim chamada, “morte”. Então, nós temos essa, assim conhecida, “vida” no presente e essa projeção desta vida em sua continuidade no futuro, nessa chamada “morte”.

A pergunta aqui é: será que podemos descobrir a Verdade da vida livre dessa continuidade do “eu”, do ego, com seus medos, desejos, apegos, bens materiais, relacionamentos com pessoas? Podemos descobrir a Verdade do fim dessa continuidade da memória? Eu me refiro a essa memória psicológica, isso aqui em nós que sustenta essa entidade, que é “eu”, o ego, que mantém essa continuidade do “eu”, do ego. Esse ego vive no medo, e o medo dele é perder o que ele conhece. Então, é muito interessante tudo isso.

A questão do medo da morte, que tem criado essas projeções da continuidade, é uma projeção do ego. É a busca desse ego dentro dessa continuidade em se encontrar no futuro com tudo o que ele já conhece, seus entes queridos, uma vida melhor. Essa “vida melhor” está dentro da continuidade daquilo que já se conhece. Tudo o que se pode descrever no “pós-morte” está dentro do conhecido, então se trata de uma continuidade do ego, se trata de uma continuidade de uma vida ainda presa à condição do passado, do tempo.

Haverá uma Real Vida fora da continuidade do “eu”, fora da continuidade desse tempo psicológico, dessa busca de segurança psicológica em projetos do futuro do “pós-morte”, em ideais, em crenças? O trabalho do Despertar da Consciência, da Revelação do seu Ser é o contato com a vida, com a morte. Mas morte é vida, vida é morte, não há qualquer transição, não há qualquer mudança, porque não estamos tratando aqui, agora, de algo que está dentro do tempo.

A Realidade deste Ser que somos não nasceu, não está vivendo no tempo e não irá morrer. A ciência do Despertar da Verdade, do Despertar da Consciência, da Verdadeira Iluminação Espiritual é o fim da continuidade do “eu”, do ego, portanto, é o fim da continuidade dessa, assim chamada, “vida” e dessa, assim chamada, “morte”.

A pergunta aqui é: podemos entrar em contato com a beleza da morte agora, aqui? A morte como o fim da continuidade de tudo aquilo que conhecemos. Morrer nesse instante para nossos desejos, medos, apegos, experiência com objetos, com pessoas, nossas fixações nos relacionamentos de prazer e de dor, relacionamento com objetos, numa relação também com lugares, num relacionamento também com pessoas.

O fim da ilusão da pessoa, do “eu”, do ego aqui é o fim da pessoa desse “eu”, desse ego aí. Então, estamos diante de Algo desconhecido. Esse Desconhecido é a Verdade da morte. Então, a Realidade do Desconhecido, a Realidade da morte pode ser compreendida agora, aqui, quando não há mais essa continuidade para esse conhecido, que é o “eu”, o ego.

Esse é o nosso assunto aqui com você. Estamos investigando a Natureza da Verdade desse Ser que está fora dessa conhecida vida e dessa projetada, idealizada morte ou “pós-morte”. A Verdade Divina, a Verdade que somos, a Verdade de uma vida livre do ego é a Verdade dessa morte do tempo psicológico, desse tempo que sustenta essa continuidade. Compreendam isso aqui. Toda essa continuidade do ego está nesse movimento desse tempo psicológico, uma idealização do pensamento, algo assentado na memória.

Repare que tudo aquilo que você conhece está dentro da memória. Tudo isso faz parte dessa consciência, que é a consciência do “eu”. Não há qualquer consciência sem memória. Você não pode ter consciência daquilo que é desconhecido. A referência da consciência é a relação da ciência do conhecido. Você tem ciência do que conhece. Você pode imaginar o desconhecido; essa imaginação do desconhecido é o conhecido ainda sendo projetado, então, não se trata do desconhecido, mas de uma ideia ainda, de um pensamento, de uma projeção do próprio pensamento. Reparem como é fascinante a compreensão clara disso aqui.

Nossa esperança é algo dentro do conhecido, é parte daquilo que o pensamento constrói. Se aqui estamos tratando da Realidade Divina, da Realidade de Deus, da Real Vida, não podemos estar sinalizando Ela ou marcando Ela com as marcas do conhecido. A Real Vida não tem o sinete ou selo do conhecido. O convite para a Realização do seu Ser é para a Verdadeira Vida. A Verdadeira Vida está presente quando o “eu” não está, quando o conhecido desaparece, quando existe a morte para tudo isso.

Assim, a coisa mais importante na vida é descobrir a beleza de morrer psicologicamente. A grande beleza na vida consiste em morrer a cada instante para o passado, para o tempo psicológico, para o movimento da mente, para esse movimento que é a ação da continuidade. Nossas ações egocêntricas se processam nesse movimento da continuidade do “eu”. Apenas quando o ego em seu movimento dentro do conhecido não está mais presente é que essa Real Vida Divina, essa Verdadeira Vida Real se revela, então, não há nenhuma separação aqui, nesse instante entre esse contato com a Realidade do fim do “eu”, do ego, dessa continuidade e a própria Vida.

Esse encontro com a Realidade de Deus é o encontro com a Realidade que está além do conhecido. Então, as expressões “vida” e “morte” desaparecem. A noção desse “estar vivo” ou desse “estar morto” não está mais presente para aquilo que aqui é Real e que está além de tudo aquilo que é conhecido, e de tudo aquilo que o pensamento também projeta, ainda, para o desconhecido, o que ainda é parte do movimento dele, o que ainda é parte do movimento do conhecido.

Há uma Realidade Divina presente quando o seu Ser, que é a Verdade de Deus, se revela, e isso é o fim para todo o conhecido. Então, esse é o fim para a morte, assim como é o fim para essa conhecida vida, assentada, psicologicamente, no pensamento, na memória. Percebam a beleza do que estamos colocando aqui para você. A Verdade do Samadhi é a Verdade dessa Realidade Divina. Os Sábios na Índia têm uma expressão para essa Realidade fora do conhecido, fora daquilo que o pensamento projeta como vida e morte, é Você em seu Estado Divino, em seu Estado Natural, que é o Estado de Turiya.

O Estado de Turiya é o Natural Estado de Ser Pura Consciência, além de vigília, sonho e sono profundo, além de nascimento e morte. O seu Natural Estado de Ser é o verdadeiro Estado de Pura Consciência, de Pura Presença. Então, isso é o fim para o conhecido, isso é o fim para todo esse movimento do ego, do “eu”. Não é a inabilidade de lidar com o sonho. Neste sonho, tudo ainda continua presente: relacionamento, família, casa, móveis, imóveis, mas não há mais essa ilusão de uma identidade presente, que é o “eu”, o ego tendo essa continuidade.

Dezembro de 2023
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quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Ação livre do ego | A Verdade do Autoconhecimento | Real Atenção Plena | Condicionamento psicológico

Nós vamos trabalhar com você aqui a questão da ação. Temos aqui um assunto muito importante para investigarmos juntos: a origem da ação. O que são nossas ações? De onde elas procedem? Por que temos a intenção de acertar fazendo a coisa certa?

Nós também perguntamos: como agir sob pressão ou como agir com calma? Essas perguntas nós fazemos porque temos a intenção de acertar. Vejam como é importante essa questão da ação. O que são nossas ações? Por que, apesar disso, nós não temos uma ação completa?

Aqui eu me refiro a uma ação que seja, de verdade, harmoniosa, feliz, inteligente. O que ocorre conosco no que diz respeito à ação? Nós queremos acertar, e muitas das vezes percebemos que nossas ações trazem exatamente os frutos que nós não esperávamos, nos deparamos com os resultados que nós não aguardávamos.

Por que não temos uma ação sábia, uma real ação, uma inteligente ação? Esse é o nosso assunto aqui com você. A resposta para isso é porque nossas ações – observem – ou nascem do desejo – o desejo de alcançar, de realizar, de obter, de fazer, de conquistar – ou nascem do impulso, da sugestão, da implicação da presença do medo. Então, nós temos tanto o medo, como o desejo.

Em geral, não percebemos que somos impulsionados também pelo medo para uma linha de comportamento, de conduta, de ação. É natural que nossas ações, quando nascem desse medo – o medo de não conseguir, de não obter ou pelo medo para se livrar, para rechaçar uma determinada coisa –, quando elas têm por princípio o desejo e o medo, nós temos presente a ação que tem por princípio um elemento, esse elemento é o "eu", o ego.

Como surgem nossas ações? Surgem os pensamentos, esses pensamentos estão assentados em nós com base em lembranças, recordações, imagens guardadas, memórias. Então, essas memórias, lembranças, recordações são os pensamentos; esses pensamentos nos impulsionam, pelo desejo ou pelo medo, a tomarmos ações. Essas ações são ações egocêntricas. Assim, nossas ações são meras atividades egoicas, meras atividades egocêntricas. Essas ações não são completas, não são íntegras, não são verdadeiras. O ponto é que não há inteligência nesse tipo de ação.

A verdade de nossas ações é que noventa e nove por cento delas são impulsionadas por esse modelo, que é o pensamento. Pode não estar tão clara essa questão do desejo por detrás da ação ou o medo por detrás da ação, mas, notem, há sempre uma intenção, uma motivação, uma emoção, um sentimento, uma sensação nos impulsionando à ação. E de onde isso provém? Qual é a natureza disso?

Reparem, a natureza sempre é do experimentador, daquele em nós que está vivendo com base em lembranças. Essa é a vida da “pessoa”, essa é a vida do "eu" em cada um de nós. Aquilo que somos, aquilo que apresentamos ser, aquilo que demonstramos ser é a base do nosso comportamento, e isso é, basicamente, pensamento, memória, lembranças, experiências.

Então, o que são nossas ações? São ações centradas no ego. Esse modelo de atividade egoica, de ação egocêntrica vem sendo o nosso comportamento. A humanidade, ao longo de todos esses séculos, está vivendo assim. Nós aprendemos isso, nós temos isso como uma herança. Nós carregamos esse comportamento em razão de nossa cultura. Nossas ações são ações centradas no "eu".

A pergunta é: o que é esse "eu", o que é esse ego? Condicionamento. Um padrão de ação, de pensamento, de sentimento, de emoção, desejo, medo, que é o resultado de uma cultura humana, de uma sociedade, de um mundo que recebemos por herança. Nós estamos aqui apenas dando continuidade às velhas ações, aos velhos comportamentos, a esse velho modelo de existência dos nossos pais, avós, bisavós, das gerações que chegaram aqui antes de nós.

Então, o que estamos investigando aqui com você? Nós estamos, primeiro, nos tornando cientes disso. Precisamos nos tornar plenamente cientes da confusão em que nós nos encontramos fisicamente, emocionalmente, psicologicamente. Aqui a confusão é o resultado de um programa de condicionamento, esse modelo programado onde há essa forma de sentir, de pensar e de agir dentro desse condicionamento psicológico, emocional e físico. Esse tem sido o nosso padrão, esse tem sido o nosso condicionamento.

Haverá uma outra forma de atuarmos no mundo? O ponto é que, enquanto houver a presença desse "eu", desse ego – o que representa todo esse condicionamento humano em nós –, tudo continuará da mesma forma. Nossa ênfase aqui está em estudarmos a nós mesmos, irmos além dessa condição, que é a condição do ego. Esse ego é esse elemento em nós que nos separa, nos divide, que sustenta sempre a separação, que está sempre se movendo dentro de um padrão comum a todos.

Nossas ações são ações conflituosas, são ações egocêntricas, que produzem sofrimento, desordem, confusão, porque são ações egoístas. Será possível uma vida neste mundo livre desse ego? Então teremos uma nova qualidade de ação, totalmente diferente da ação que nós conhecemos.

Não é possível viver a vida isolado, separado. A nossa vida é uma vida, sim, de relações. Estamos sempre em relação com o outro, relação com as próprias ideias particulares, relação com os pensamentos, com os sentimentos, com as emoções. Estamos sempre em relação com objetos, com situações, com circunstâncias surgindo. É impossível uma vida isolada, sem uma relação, sem essas relações. E a presença dessas relações implica a presença da ação. Então, não há como escaparmos das ações; elas irão ser tomadas, elas acontecerão, elas surgirão em meio a essas relações.

Assim, se não compreendermos a verdade de nossas ações, o que requer a compreensão das nossas relações, o que requer a visão da verdade desse "eu" que está em contato com tudo isso, não haverá a Verdade em nossas vidas, e sem a presença da Verdade, não pode haver Paz, Liberdade, Amor. Então, vejam como é delicado tudo isso.

Nós estamos na vida, e a vida implica em relações, em ações, a cada momento nós nos deparamos com uma nova situação. Reparem como é intrigante isso: a cada instante este instante é um novo momento, ele tem uma nova representação, o que implica a presença de um novo desafio.

A forma como atendemos a esse desafio, a forma como atendemos a essa relação representa a qualidade de ação acontecendo. Se esta ação nasce do desejo, do medo, do motivo, da intenção, da ideia, do plano, do propósito, do sentimento, da emoção, ela está nascendo desse centro que é o "eu", o ego. Talvez você diga: “Mas como é possível uma ação diferente dessa?” Uma ação diferente dessa é uma ação livre do ego, portanto, é uma ação livre desse centro que é o "eu".

Qual é a verdade desse “eu”? A verdade desse “eu” é que este “eu” é um condicionamento, é uma forma de lidar com o outro na relação e, portanto, com o outro na vida. Então, o que temos aqui é uma forma de sentir, de perceber e de se relacionar com o outro. Isso vem se repetindo em nossos cérebros, porque temos um cérebro condicionado dentro da cultura para sempre repetirmos os mesmos velhos padrões de nossa civilização, de nossa humanidade.

A compreensão do movimento do “eu” é o fim para esse movimento, então nós temos a possibilidade de uma ação de outra ordem, de uma qualidade nova: a ação da Inteligência, dessa Real presença Divina, que é a Verdade desse Ser quando esse “ser” que parecemos ser não está mais presente, é a Verdade de uma ação livre de todas essas complicações criadas pelo pensamento.

O nosso pensamento nos impulsiona à ação. Essa ação está centrada no “eu” por diversas razões, mas quando esse “eu” não está mais presente – quando há o fim para essa dualidade, que é a noção de um “eu” na relação com o outro, com a vida, com nós mesmos, com objetos, com situações – nós temos uma ação Divina, a Verdade da ação livre do ego.

Então, o propósito do Autoconhecimento é a ação livre do ego. Aqui eu me refiro à Verdade do Autoconhecimento, não o que alguns chamam aí fora de “autoconhecimento”. A base para uma vida livre do ego está na compreensão da Verdade do Autoconhecimento e da Real Meditação de uma forma prática.

Então, esse é o nosso trabalho aqui com você. Estamos insistindo nisso, na possibilidade de uma vida sem sofrimento, onde temos a presença do Amor, da Liberdade, da Paz, da Verdade. Alguns chamam isso de o Despertar Espiritual, o Despertar da Consciência, a Realização de Deus. O ponto é que esses nomes não importam, o que realmente importa é compreendermos o que é essa ação.

Uma vez que você tome ciência de como esse “eu”, esse ego funciona, essa Atenção – a simples e direta Atenção sobre esse movimento – é o fim para esse movimento. Não se trata de um esforço, de uma dedicação. O esforço implica a presença de “alguém” no esforço; a dedicação implica a presença de “alguém” na dedicação. Aqui, no entanto, se trata da simples disposição de observar, de se tornar ciente desse "mim", desse "eu". Então temos uma aproximação da Verdade dessa Atenção, dessa Plena Atenção sobre nós mesmos. Essa Atenção Plena, esse olhar é algo extraordinário.

Nessa Real Atenção Plena não há o esforço, não há a autodisciplina, porque o “eu” não está envolvido para traduzir, interpretar ou tentar ajustar aquilo que está sendo constatado, para transformar isto em alguma outra coisa. É necessário compreendermos essa questão do controle, do ajustamento, da autodisciplina. Nada disso é real dentro de uma Atenção onde há simplesmente o interesse Real de olhar, de observar o movimento do “eu”, que se move pelo desejo, pelo medo, pela intenção, pela motivação, pelo pensamento. Então nós temos o fim para essa ação egocêntrica, temos a Revelação da Verdade de Algo além do "eu" aqui e agora.

Assim, aqui estamos apontando esse assunto aqui pra você, a importância de uma vida livre do ego, de uma vida livre de toda forma de sofrimento, uma vida onde haja a presença da ciência da Realidade de Deus, que é esse Ser, Isso é o fim da dualidade. A Realidade d’Isso é aquilo que os Sábios na Índia chamam de Advaita, a Não dualidade, a Não separação.

Novembro de 2023
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terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Autoconhecimento e ação livre do ego | Real Meditação | Não há dualidade | Despertar Espiritual

A pergunta é: quando teremos realmente uma ação Real, uma ação Verdadeira, uma ação que seja, de fato, Inteligente, Sábia, que não esteja mais produzindo sofrimento nem para nós, nem para o outro? Será possível uma qualidade de ação assim?

Notem que nós temos ações das quais nós nos arrependemos. Nós tomamos resoluções na vida e elas nos levam a ações que produzem frustrações, que produzem sofrimento, que produzem conflito e problemas não só para nós, como para o outro. E a gente quer sempre acertar.

Quando, por exemplo, a pessoa pergunta: “Como fazer a coisa certa?” “Como agir sob pressão?” “Como acertar?” “Como agir corretamente?” São perguntas que nós fazemos porque temos a intenção de agir com Inteligência. O ponto é que não há Inteligência. Não sabemos o que é a ação, não sabemos o que é a Inteligência. No entanto, na vida nós somos solicitados a todo o momento para atender à vida na ação. Tudo é ação, elas acontecem, elas ocorrem.

Ler aqui é uma ação. O movimento da manhã até a noite: levantar-se da cama, tomar o café, ir para o trabalho, tudo isso é ação. Então, nós temos ações físicas, ações intelectuais. As emoções se movem, e o movimento de uma emoção é ação. Onde há movimento, o que temos presente são ações. A vida nos traz o desafio e espera que esse desafio seja atendido com uma ação. Então, a todo o momento estamos sendo solicitados para a ação. A questão é que não sabemos atender a essas ações, porque nossas ações nascem do passado. Sim, nascem do passado.

Todas as experiências pelas quais passamos estão agora registradas em nós. Esse experimentador é que atua, é que opera, é que faz, é que realiza a ação quando a vida solicita, e essa ação, como ela nasce do experimentador, nasce do passado. O problema é que atender à vida nesse momento requer uma ação adequada, e esse passado é a tentativa de um mero ajustamento a este instante, a este momento, a este desafio.

Reparem porque nossas ações são ações conflituosas, problemáticas e que produzem sofrimento, não só para nós, como para o outro, para o mundo à nossa volta. Porque são ações que esse experimentador traz, que ele tem, que é um mero ajustamento a esse instante. Uma ação que nasce do pensamento não atende a esse momento, porque é uma ação que nasce do passado. Apenas em um nível, que é o nível prático, técnico e funcional a ação, que tem por princípio o conhecimento, o pensamento e a experiência, é a ação simples, é a ação natural, que não produz problemas.

Trabalhar em uma profissão requer pensamento, conhecimento, experiência, então você faz uso disso operando, realizando, fazendo. Nesse nível, a ação é simples, é natural. O problema surge quando, psicologicamente, o sentido do “eu”, da “pessoa” está presente agora, neste instante. Então, nossa atuação, nossa operosidade com base no “eu’, no ego é a ação que causa problemas. Eu tenho chamado essa ação de atividade egoica, atividade egocêntrica.

Não conhecemos uma ação livre do ego. Para que uma ação dessas se torne possível, precisamos compreender como nós mesmos funcionamos. Estudar a si mesmo é Autoconhecimento. Estudar esse movimento do “eu”, do experimentador, desse pensador em nós é Autoconhecimento. Quando há essa Verdade do Autoconhecimento, se torna possível uma ação livre do ego. É nisso que estamos interessados aqui.

Uma ação dessa qualidade é possível quando há essa Realização do seu Ser, quando Algo além do “eu” está presente, além do ego, além desse movimento, que é o movimento egocêntrico. Então, essa ação egoica, essa ação desse centro que eu tenho chamado de ilusório, de falso centro não está mais presente. Assim, quando temos uma aproximação da Verdade sobre quem somos, esse elemento “eu”, o experimentador, o pensador é compreendido. Se ele é compreendido, esse sentido de separação que esse “eu” produz desaparece. Essa separação é o princípio da desordem, da confusão.

Então, estamos aqui trabalhando com você o fim passa esse “eu”, para o ego, a Verdade da Revelação de sua Natureza Essencial, de sua Natureza Divina. Estamos tratando com você da questão da ação. Então, o que é a ação? A ação é aquilo que aqui acontece, que nesse momento se expressa quando o “eu”, o ego não está. Nós temos alguns breves momentos de ações assim.

Diante de um pôr do sol é um momento de ação. Nesse olhar, entre os olhos e o pôr-do-sol, a separação desaparece; o sentido de “alguém” para obter, para ganhar, para se livrar, para realizar alguma coisa nesse instante não está mais presente. Então, nós aqui temos um exemplo de uma ação livre do “eu”, do ego. Nesse olhar há só o observar, há essa Presença do puro observar, da pura observação. Isso é ação, mas não há “alguém” nesta ação, não tem “alguém” vendo o pôr do sol. Há só o olhar, o observar, sem o observador. Essa pura observação é a ação livre do “eu”, do ego.

Ao olhar para o rosto de uma criança, ela sorri e há uma resposta de sorriso, então há um desafio que está sendo atendido. Não há qualquer interesse, medo, desejo, busca de alguma coisa nesse sorriso, é só uma ação, um acontecimento. Nós temos momentos assim em nossas vidas, onde uma ação natural, espontânea, livre acontece e esse centro, que é o “eu”, o ego não está envolvido. Será possível uma vida onde possamos atender a esse momento desta forma? Sem colocarmos nunca esse elemento, que é o elemento “eu”, o ego, o pensador, o experimentador, esse que é o observador, sem colocarmos o sentido de uma identidade presente dentro da experiência? Então estamos diante de um experimentar livre do ego. Essa é a ação da Inteligência, é a ação dessa Presença, desse Ser, dessa Realidade Inominável, Desconhecida.

Toda a nossa vida no ego é a particular vida desse “mim” nesse autocentramento, nesse egotismo, nesse egoísmo. Assim, todas as nossas atividades são para obter coisas, para realizar coisas, para fazer coisas. Há sempre por detrás disso uma motivação, uma intenção, um objetivo, um alvo, um propósito. Tudo isso nasce desse modelo, que é o modelo do pensamento com suas intenções, predileções, conceitos, escolhas, determinações. Essa é a qualidade de ação que, em geral, nós conhecemos.

Então, há esse pensamento – a ideia –, a intenção e a ação. Esses três elementos sempre estão presentes na atividade egocêntrica. A Realização de Deus, a Realização deste Ser, desta Verdade – alguns chamam isso de o Despertar da Consciência, o Despertar Espiritual –, a Realização d’Isso é a resposta para uma das fundamentais questões da vida, que é essa questão da ação, da ação sem conflito, sem sofrimento, sem confusão. O fluir desse momento sem o sentido de um “eu”, de um ego, de uma “pessoa” presente é um fluir onde a Inteligência, a Sabedoria, a Verdade, a Realidade Divina estão presentes.

Nós vivemos, psicologicamente, num estado de insanidade, de confusão, de desordem. Desordem emocional, desordem sentimental, desordem de pensamentos, e é natural que nossas ações acompanhem isso. Vivemos psicologicamente em desordem, emocionalmente em desordem, e é natural que fisicamente estejamos em desordem. Nossa relação com objetos, nossa relação com lugares, com as próprias ideias, com as pessoas à nossa volta, com familiares, colegas de trabalho, nossa relação com o mundo à nossa volta é conflituosa, é problemática porque nossas ações estão centradas no “eu”. São meras atividades egocêntricas.

A presença da Verdadeira Inteligência, da Real Inteligência é a visão da Sabedoria, é a visão da Compreensão. A beleza disso é que não há nenhum intervalo entre essa visão da Sabedoria, da Inteligência e a ação acontecendo. Diferente da ação onde nós temos o pensamento, a intenção e o autor da ação, como na atividade egocêntrica, nessa atividade do “eu”, que é a atividade mais comum que nós conhecemos. A diferença desta atividade para a ação Real, Verdadeira é que não há qualquer espaço entre a Compreensão, a Inteligência, a Sabedoria e a ação. Não há qualquer espaço porque não existe nenhuma dualidade, não existe esse “eu e a outra coisa”, “eu e a ação". Nessa relação com o outro, com a vida, com o mundo, não há mais esse “eu e a outra coisa”.

Reparem o que estamos sinalizando aqui para você. Quando há essa Verdade da Compreensão deste Ser, há essa Verdade da ação livre do ego. Isso é Algo possível, isso é Algo que está disponível para cada um de nós quando esse sentido desse “mim”, desse “eu” não está mais presente se movendo nesse mundo de relações com objetos, com pessoas, com lugares, com situações. Ter uma visão de si mesmo é descartar esse sentido do “eu”. A Verdade da aproximação da Meditação, da Real Meditação de uma forma vivencial torna isso possível.

Nossos encontros têm como propósito investigar isso com você. Não se trata de simplesmente acompanhar intelectualmente esses textos, mas de trabalhar isso. Descobrir essa arte de olhar para si mesmo, vendo esse sentido de um “eu” por detrás desse pensamento, desse sentimento, dessa percepção, desse movimento, dessa intenção de ação. Tomar ciência desse “eu”, desse elemento que separa, que divide, que coloca a experiência separada desse experimentador, e que atende a esse instante com base nesse experimentador, nesse que vem do passado.

Percebam como é fascinante a compreensão disso. Esse momento é um momento de puro experimentar, não requer a presença do experimentador e, no entanto, colocamos esse elemento que se separa desse puro experimentar, desse instante que é novo, único, singular, colocamos esse elemento que vem do passado, que é o “eu”, o ego, o pensador, o experimentador. Quando isso ocorre, temos essa separação e há esse intervalo. É por isso que surge o pensamento, a intenção e a ação. Isso é conflito. Então, jamais a ação aqui, neste instante, é atendida de uma forma completa, única. Fica sempre essa incompletude.

Essa limitação é a raiz do conflito, é a raiz da contradição, é a raiz do problema dentro da ação, então a ação nunca se completa, porque o elemento “eu”, o ego está presente. Esse elemento experimentador absorve esse instante, então, aquilo que é aqui, agora, novo, único, esse novo é absorvido por esse velho, que é o experimentador, o passado.

Então, atender a esse instante de uma forma Real, Verdadeira, Completa é algo que se torna possível quando o “eu” não está, então, há um experimentar Direto, Real. Então é a Vida. A Vida é essa ação. Esse sentimento de separação não está mais presente. Uma vida assim é uma vida em Amor, em Compaixão, dentro dessa visão da Realidade, que é a Realidade de Deus. Alguns chamam isso o Despertar Espiritual. É o Despertar desse Ser, dessa Verdade que trazemos. Outros chamam isso de Iluminação Espiritual. O ponto é que Aquilo que é Você em seu Ser é essa ação sem qualquer separação. Tomar ciência dessa Realidade Divina, que é a Realidade aqui e agora, desse experimentar livre do experimentador, que é o “eu”, o ego, isso é o fim da confusão, é o fim da desordem, é o fim do sofrimento.

Novembro de 2023
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quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Autoconhecimento: a ação livre do ego. Despertar Espiritual. Realização de Deus. Mente condicionada.

É muito importante nós termos uma aproximação da vida dentro da compreensão do que ela representa. Notem que a vida acontece como um evento ou uma ação a todo momento. A todo instante nós nos deparamos com a vida, e a vida é ação. Então, tudo o que vemos, tudo o que percebemos, tudo o que sentimos, toda a nossa vivência de vida representa ações acontecendo, acontecimentos surgindo.

A vida é ação. Agora mesmo, ler esse texto aqui é uma ação. A vida consiste em um movimento de ações. Não há como escaparmos de estarmos dentro dessa ação, que é a ação da vida. Eu tenho dado esse exemplo aqui: quando você acorda pela manhã, se levanta da cama, esta é uma ação; mas enquanto você estava deitado na cama, o corpo se movia também, isto é ação. Enquanto dormia, teve um momento em sono profundo, mas teve momentos de sonho; neste sonho, a ação estava acontecendo. Então, a vida é ação.

Nós queremos descobrir na vida o que é a ação em Felicidade, a ação em Liberdade, a ação na completude de Ser, e é isto que estamos trabalhando aqui, sinalizando para você, tornando isso claro para você: a possibilidade de uma ação desse teor, dessa qualidade, que carrega essa vitalidade, a vitalidade do Amor, da Compaixão, da Felicidade, da Paz.

Precisamos descobrir a Vida, a vida em Paz. Isso requer a ação Real, a verdadeira ação da própria Vida acontecendo. Isso requer uma qualidade de ação que nós desconhecemos, porque as nossas ações nesse centro, que é o "eu", o ego, são ações conflituosas. Então, nossas ações são discordantes, elas são desarmoniosas, elas são contraditórias, elas são violentas, elas são ações que produzem sofrimento para nós e para o outro. E nós queremos, em meio a tudo isso, descobrir o que é uma vida amorosa, feliz, pacífica, verdadeira.

A questão toda aqui, o problema que surge é que nós não temos ciência de como nós funcionamos. Por não termos ciência disso, não percebemos que a vida tem um movimento dela. E nós estamos, nesse ego, nessa pessoa que acreditamos ser, em conflito com o próprio movimento da vida.

Haverá a possibilidade de uma ação de outra ordem? Uma ação que nasce de uma dimensão inteiramente desconhecida para essa mente condicionada, programada, na ambição, na inveja, no medo, na violência, na contradição, no conflito? Haverá uma outra ordem de ação que esteja livre dessa mente, que é a mente conhecida de todos nós, que é a mente da pessoa, que esteja livre dessa mente egoica, desse condicionamento psicológico, desse movimento contraditório?

Observe como somos contraditórios em nosso movimento, em nossa ação. Pensar é uma ação. Observe seus pensamentos e irá perceber: eles estão inquietos, eles são tagarelas, eles estão discutindo dentro da sua cabeça. Um pensamento diz “sim”, um outro diz “não”, e tem um outro que diz “pode ser” ou “talvez”.

Então, perceba a contradição psicológica dentro de nós, o peso que representa o passado, a memória, a lembrança, o peso da autoacusação, do arrependimento, da culpa. Tudo isso são estados internos dentro de cada um de nós, e isso é um movimento de ação psicológica, uma ação que ocorre nesse tempo, que é o próprio tempo criado pelo pensamento, que aqui eu tenho chamado de tempo psicológico.

Nesse movimento, o "eu", o ego está se movimentando entre passado, presente e futuro. Então estamos dentro dessa ilusão de uma vida assentada num pensamento de modelo de tempo que só existe nessa construção ideológica. Qual é a verdade desse "eu", desse ego? Qual é a verdade sobre você? Perceba o que o pensamento está produzindo: essa contradição interna. Então temos uma ação externa em contradição, porque fazemos coisas que depois nós mesmos reprovamos aquilo e sentimos culpa por termos feito aquilo. Então, há o impulso para o fazer, há o fazer e depois a culpa de ter feito, ou há o impulso para fazer e o medo de errar. E a pergunta é: como agir? Como agir com calma? Como agir sob pressão? Como agir corretamente? Como fazer a coisa certa?

Então, há uma contradição na ação, há uma contradição psicológica, a contradição do pensamento – que também é ação psicológica –, a contradição no sentir. Eu digo “eu te amo” porque sinto que te amo, porque você me faz feliz, porque você me preenche, porque você me satisfaz nesse dado momento. Mas, no momento seguinte, eu não estou sentindo "eu te amo", eu estou sentindo raiva de você, quero me afastar de você porque você não preenche minhas expectativas, meus interesses, meus desejos, está me negando este ou aquele prazer físico, emocional, sentimental, sexual ou de alguma ordem. Então, há uma contradição na ação, nessa ação do sentimento, nessa ação do pensamento, nessa ação física.

Nós não sabemos o que é agir, porque a nossa ação é a ação do "eu", do ego. A vida é ação, mas não há na vida esse elemento que é o "eu", o ego, então não há conflito, não há contradição, não há sofrimento. A Vida como ela é se expressa da forma como ela se move. A sua visão particular do que acontece na existência é a visão particular do "eu", do ego. Você está sempre vendo coisas certas e erradas em razão de estados internos de autointeresse. Nesse ego, que existe esse “gostar” e “não gostar”, o autointeresse está presente, e a interpretação, o juízo, o julgamento, as avaliações, tudo isso está presente.

Então, é possível uma vida livre desse ego e, portanto, uma vida nessa ação, que é a ação da própria vida? Quando é que surge esse ego? Vamos investigar isso. Esse ego surge quando a intenção, a vontade, o desejo surgem. Então vem uma ideia – a vontade, o desejo, a intenção –, e para colocar essa ideia em ação temos a presença desse sentido do “eu”, que é o ego, o agente. Então, repare como é simples isso. A presença do autor da ação, do agente, do "eu", do ego na ação, seja ela física, seja ela mental, sentimental, emocional, isso requer a presença do desejo ou da vontade, da intenção, do plano, que é o próprio pensamento por detrás dessa ideação, e depois vem a ação. Então, é assim que temos nos movido, que estamos nos movendo na ação, na vida

Então, existe a vida como ela é colocando diante de cada um de nós desafios, porque a todo o momento está sendo solicitado essa ação, que é a própria ação da vida, e nós estamos correspondendo a essa ação com base nesse desejo, plano, que é ideia, e ação. Estamos sempre respondendo ao desafio da vida a partir do “eu”, desse agente, desse ego. Haverá uma ação – essa é a pergunta que estamos insistindo aqui – livre do ego e, portanto, livre do agente, e que esteja livre dessa vontade, desse desejo, desse plano, que é pensamento, ideia? Haverá uma ação livre do ”eu”?

Quando nos aproximamos da Verdade do Autoconhecimento, temos no Autoconhecimento essa ação livre do ego. A única ação Real na vida não é a ação particular da vida do “eu”, que é a ação desse agente, que é a ação desse ego, é a ação da Inteligência. Essa ação nasce da Realidade além da mente, além desse “eu”, dessa pessoa, desse centro, desse ilusório centro com o seu movimento tão costumeiro, egocêntrico. Tão costumeiro de atividade egoica, tão costumeiro para produzir conflito, para produzir sofrimento, dentro desse movimento de contradição.

Aqui nossa ênfase está no Despertar da Real Consciência, no verdadeiro Despertar Espiritual. Quando há esse Despertar Espiritual, temos a presença de uma ação que é Inteligência. Não há intervalo entre essa ação e esse Ser, que é Você em seu Ser. Não há essa presença do "eu", do ego, do agente. Então, estamos tocando aqui em uma ação livre do tempo, desse tempo criado pelo pensamento, desse tempo psicológico criado pela ideia. Então, não há mais esse elemento que vem do passado.

Percebam como é interessante isso: nossas ações nascem de um plano; esse plano é a ideia, e essa ideia está presente porque o passado está presente, então existe essa vontade, esse desejo, existe a presença desse tempo psicológico, que é a ideia. Isso é a intenção que vem do passado em razão desse ego experimentador, desse ego que tem projetos e que se coloca para agir. Então, a nossa ação no ego, essa ação no ego é sempre a ação que vem do passado.

Aqui estamos trabalhando com você a ação livre do ego e, portanto, livre do passado, livre desse senso do "eu", então há uma nova maneira de agir, há uma nova forma de ação. Não é mais a ação do ego, é a ação dessa Inteligência, dessa Presença, dessa Realidade Divina que é a Realidade de Deus.

Então, quando aqui falamos do Despertar Espiritual, da Realização de Deus, da Iluminação Espiritual, estamos falando da expressão desse Ser que somos, nessa ação que é Inteligência, a ação da Compaixão, a ação do Amor, a ação da Harmonia, a ação da Liberdade. Quando esta ação está presente, o que quer que esteja surgindo, aparecendo, acontecendo, tudo isso está dentro dessa Divina Verdade da ação de Deus, tudo isso está dentro desta Realidade Divina.

Assim, o nosso trabalho aqui consiste em nos aproximarmos desse estudo de nós mesmos, assumirmos essa Verdade da Real ação livre desse senso do ego, portanto, livre do passado. Então, Algo surge de uma forma muito natural, de uma forma muito espontânea: a própria ação da Vida. É a ação sem o sentido de “alguém” presente.

Nós aqui estamos colocando para você Algo que está fora do conhecido, está fora do movimento do pensamento e, portanto, Algo fora das ideias, das crenças, de toda a imaginação possível para o pensamento. Algo possível para esta Vida, que é a Vida de Deus, que é a Vida do seu Ser.

Nosso encontro aqui tem por propósito realizarmos, nesta vida, a Verdade que somos, para vivermos essa Felicidade, que é a natureza de Deus, que é a natureza de cada um de nós. A única Realidade presente é a Realidade Divina. Enquanto isso não for assumido, todo tipo de desordem, confusão e sofrimento continuará presente nessa particular vida do ego, nessa particular vida pessoal.

Novembro de 2023
Gravatá/PE
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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Ação livre do ego | Plena Atenção | Ser, Consciência e Felicidade | Vida livre do ego | Real Ação

Aqui, nosso trabalho consiste na descoberta dessa ação, na verdade dessa ação. Eu tenho chamado de qualidade de ação a ação livre de contradição, livre de conflito e, portanto, livre de sofrimento. Haverá uma ação possível para cada um de nós onde podemos, de verdade, acertar? Porque é comum as perguntas: “Como fazer a coisa certa?”, “Como agir com sabedoria?” ou “Como agir sob pressão?” São perguntas que nós fazemos para nós mesmos ou até formulamos isso na conversa com alguém, porque temos a intenção, na verdade, de termos uma ação correta, uma ação verdadeira, uma ação real.

Nós estamos trabalhando com você aqui a verdade do Autoconhecimento nessa ação livre do ego. Quando há essa verdade do Autoconhecimento, isso se revela em uma ação livre do ego, então temos uma Real ação, uma verdadeira ação. A ação para as nossas vidas não pode ser essa ação como nós a conhecemos.

Nós temos colocado aqui para você, estudado com você essa questão da ação. Em geral, para nós, a ação nasce do pensamento, assim sendo, de um sentimento, de uma emoção, de um modo de perceber, de uma ideia. Nossas ações nascem já a partir desse centro, que é o "eu", o ego, nascem desse fundo de memória, de lembranças, com uma intenção, com uma motivação, com um propósito.

Então, nós temos aqui três coisas. Nós temos a ideia, quer ela esteja acompanhada ou não de sentimento, de emoção, de algum nível de sensação, quer ela esteja acompanhada desse movimento de pensamento determinado. Ela nasce desta forma e ela carrega um propósito, um objetivo, um alvo, uma intenção e, juntamente com isso, vem logo a ação. Então, nossa ação tem esse movimento: pensamento, intenção e a ação. Isso coloca a presença de um fazedor, de um autor da ação, que é o "eu", que é o ego, esse pensador, esse experimentador.

Assim, nossas ações são ações movidas por esse centro, que é o “eu”. Nós estamos aqui lhe propondo uma vida livre desse ilusório centro, que é o “eu”, o ego. Há uma ação nova que surge a partir dessa vida, a Real Vida desse Ser, dessa Real Consciência, da Verdade dessa Presença Divina. Então nós temos uma ação livre do ego, porque existe essa presença da revelação da ilusão desse “eu”, da compreensão da estrutura, da natureza e, portanto, do movimento egocêntrico em nós.

Quando nós temos uma aproximação, que é um olhar para todo esse movimento interno da consciência, conseguimos ver esse movimento. Esse olhar se torna possível quando a mente toma ciência dela própria, se torna ciente dela mesma. Essa observação da mente, essa ciência do movimento da mente, quando ela se torna ciente dela mesma, quando ela se torna ciente do seu próprio movimento, esse movimento é o movimento da consciência.

Assim, toda essa consciência como nós conhecemos, a consciência em nós, precisa ser observada. Essa consciência são lembranças, memórias, desejos, medos. Todo o peso psicológico de ser “alguém” na vida está dentro dessa consciência. Se a mente se torna ciente dela própria, esse movimento, que é essa consciência, pode ser visto. Quando essa consciência é observada, quando há ciência desse movimento, que é o movimento do “eu”, do ego, que é esse movimento da consciência egoica, dessa pessoal consciência, a ciência disso é o esvaziamento dessa consciência. Quando a mente se torna ciente do seu próprio movimento, essa condição psicológica, que é essa consciência do "eu", é completamente esvaziada.

Aqui a aproximação dessa visão da verdade sobre quem nós somos requer que a mente se torne ciente do seu próprio movimento, do movimento dela mesma. Quando a mente se aquieta, quando ela silencia, quando há essa Atenção, quando ela dá a si mesma essa Atenção, ela se aquieta. Quando existe essa Atenção, essa Plena Atenção para observar, para se tornar ciente desse movimento, o conteúdo dessa consciência, que é a consciência do "eu", se revela. Então ocorre, naturalmente, um esvaziamento desse conteúdo.

Assim, Autoconhecimento é uma aproximação fundamental para que haja essa Liberdade, para que ocorra o fim desse movimento, que é o movimento egoico, que é o movimento desse centro ilusório. Então, quando esse movimento do “eu” termina, não há mais essa ação egocêntrica, não há mais esse movimento da ação que tem por base a ideia e, portanto, a motivação, o desejo, o medo, o sentimento, a emoção.

Reparem o que estamos colocando: nossas ações são pessoais, elas são centradas nesse ego, nesse sentido desse experimentador, desse pensador. A ideia que você tem sobre quem você é se assenta nessa condição de consciência egoica. Com base nessa consciência egoica há esse movimento, que é o movimento da pessoa centrada nela mesma, autointeresseira, voltada para os seus próprios motivos, intenções, razões, objetivos e propósitos. Assim sendo, essa ação aqui, neste instante, na vida, é uma ação que produz sofrimento, porque nasce dessa atividade egocêntrica.

Percebam com clareza isso: precisamos ter um esvaziamento desse conteúdo psicológico, do qual esse ego é constituído, que é a vida desse "eu". Então, Algo que está presente, que está fora do “eu” se revela quando o “eu”, o ego, quando esse conteúdo egoico não está mais presente. Então temos agora uma ação de outra ordem, a verdade, a qualidade de uma ação livre do ego.

Notem como isso é importante: nesse meu encontro com você, nós temos um encontro, neste instante, com a vida. A vida é algo novo, fresco, acontecendo pela primeira vez, mas esse encontro desse “eu” com esse “você” é um encontro entre memórias, entre lembranças, um encontro entre o passado. A ideia de ser “alguém” é o passado. A ideia que faço sobre quem sou, a ideia que tenho sobre quem você é, assim como a ideia que você tem sobre quem você é, a ideia que você faz sobre quem eu sou, quando há um encontro, nós temos a presença do passado.

A vida está aqui, neste instante, reclamando uma ação nova, trazendo um desafio para uma ação livre de conflito, de contradição, de sofrimento, trazendo o desafio para uma ação nova, mas nesse encontro, essa condição psicológica de ser “alguém" está se encontrando com esse outro “alguém". Como a vida é ação, uma ação vai acontecer. Então “eu gosto de você” ou “eu não gosto de você". Esse “gostar" vem do passado, esse “não gostar" vem do passado, daí temos uma ação acontecendo e esta ação será a ação do conflito, porque será a ação que se baseia no passado.

Será possível uma ação livre desse passado, sem esse centro, que é o “eu”, o ego? Então será um encontro livre dessas imagens, dessas fotografias – da que eu faço de você e da que você faz de mim. Nós aqui estamos lhe dizendo que, sim, é possível uma vida onde a ação não seja mais a ação desse centro, que é o “eu”. É a ação da própria vida quando o “eu”, o ego não está. Então, nesse encontro há uma Real relação, mas não é mais uma relação entre imagens, não é mais uma relação entre o passado – esse passado aqui e o passado aí.

Nesse trabalho aqui nós estamos lhe mostrando a possibilidade de uma vida livre do ego e, portanto, uma vida Real. Nessa Real vida há uma qualidade de ação, que é a ação que atende a esse instante, a esse desafio de uma forma inusitada, extraordinariamente bela. Então temos a verdade da ação livre de complicações, de confusões, livre de desordem, portanto, livre de sofrimento.

Aqui nós estamos explorando com você a verdade do Autoconhecimento e a Revelação do seu Ser, que é a Realidade de Deus. Nesta Realidade de Deus, que é esse Ser que somos quando esse sentido do “eu”, do ego não está, não existe essa ilusória identidade, não existe esse sentido de “alguém” como sendo o experimentador, como sendo o fazedor, como sendo aquele que efetua, realiza ações.

Então, estamos falando de uma ação livre de ideia, livre de crença, livre de opinião, livre de julgamento, livre de conceito, livre de intenção, é uma ação da vida. Para assuntos objetivos, práticos, bem simples, como dirigir um carro, nós nos deparamos com uma ação dessa qualidade. Reparem que coisa curiosa temos aqui: nós temos o conhecimento, temos a experiência, temos o movimento, que é a ação, mas é uma ação natural, a ação da própria vida, porque é uma ação técnica, objetiva, funcional.

Dirigir um carro não requer a presença dessa identidade egoica, desse sentido de um “eu”, de um ego, a não ser que naquele volante surja a ideia de alguém mais importante que as outras pessoas porque está com um carro que ele acredita ser mais bonito que o carro dos outros; a não ser que o sentido do "eu" apareça criando essa comparação, carregando essa vaidade, esse orgulho. Notem que dirigir um carro não requer a presença do ego, basta o conhecimento, a experiência, a técnica, a memória motora desse corpo-mente. Mas a verdade é que estamos sempre colocando na vida, em ações – mesmo em ações tão simples como essa de dirigir um carro –, o sentido do “eu”, do ego, a autoimagem de “alguém” que se sente muito importante por detrás daquele volante, que se sente especial porque está dirigindo um carro novo ou um carro importado.

Então, nós sempre estamos colocando o sentido do “eu”, do ego nesse movimento de ação quando existe esse experimentador, esse pensador, quando existe essa intenção, quando existe essa motivação do “eu”, quando há esse egocentramento. Estamos falando que é possível uma vida livre dessa velha qualidade de ação, que é mera atividade egocêntrica, para uma ação nova, a ação dessa Inteligência, dessa Real Presença, dessa vida Real – não dessa vida pessoal, que é a vida do “eu”. A Realização da Verdade do seu Ser é o fim do ego, é o fim do “eu”.

Então, na relação com o esposo, com o marido, com filhos, com família, com tudo à sua volta, sem o sentido do “eu”, do ego, essa ação flui de uma forma livre onde há a presença do Amor, da Compaixão, da Liberdade, da Inteligência. Essa qualidade de ação é a Verdade da ação Divina.

Aqui estamos trabalhando com você o Despertar Espiritual, o Despertar da Consciência, a Realização do seu Ser, que tem por base a visão da revelação, da compreensão de quem nós somos, de quem é você nesse instante, a compreensão da Verdade desse Ser, dessa Consciência, dessa Felicidade, que é a Natureza de Deus aqui e agora quando o sentido do “eu”, quando o seu movimento, que é o movimento dessa atividade egocêntrica, dessa ação centrada nessa ilusão, não está mais presente.

Novembro de 2023
Gravatá/PE
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quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Iluminação Espiritual. Ação livre do ego. Como agir corretamente? A Verdade do Autoconhecimento.

Eu gostaria de trabalhar com aqui sobre essa Verdade da ação, da ação correta. É muito comum as pessoas terem perguntas do tipo: “Como fazer a coisa certa? Como acertar?” Elas ainda não compreenderam o que é uma aproximação da Verdade do Autoconhecimento. Elas acreditam que precisam acertar, precisam fazer a coisa certa.

Uma outra pergunta muito frequente é “Como agir corretamente?” É, basicamente, a mesma pergunta com palavras diferentes. Uma outra pergunta é: “Como agir sob pressão?” Ou: “Como me manter calmo?” Nós vamos investigar com você aqui essa questão da ação, da importância da ação.

O que é ação? Para a maioria de nós a ação pressupõe, necessariamente, sempre a presença de alguém na ação. Então, em toda a forma de ação, a ideia central em nós é de um autor das ações, de um fazedor das ações, de um agente presente na ação. Nós temos primeiro a ideia, a partir do conceito de uma identidade presente, então, existe esse “eu” aqui presente para agir. Há uma ideia, um alvo, um objetivo, um propósito, uma intenção, uma motivação, uma razão, e depois vem a ação. Então, a ideia, em geral, é “eu quero”, depois vem a ação; “eu vou”, depois vem a ação. Então, a ideia principal para nós é sempre de um agente presente na ação.

Agora observem: nossas ações, quando nascem de uma ideia, na verdade, são meros ajustamentos a um programa, a um plano, a uma ideia predeterminada. Então, aquilo que nós chamamos de ação é, na verdade, uma reação. Uma ação que nasce do pensamento em nós é uma ação determinada por esse elemento, que é o pensamento, que é o pensador. Então, há esse pensador em seu pensamento que segue uma ação. Nós não sabemos nem a natureza desse pensador, a verdade sobre esse pensamento e a verdade sobre a ação.

Então, reparem como é interessante quando queremos acertar na ação sem compreender o que a ação representa, quando queremos acertar no agir sem compreender a natureza desse “eu” que quer agir, que quer acertar. Esse assunto é realmente fascinante, compreender o que é que chega primeiro. O que é que nós temos primeiro aqui? Sempre nós temos a ação ou esse “eu”, que é o agente? Porque se é esse “eu” que chega primeiro, essa ação é só um ajustamento a uma ideia. Mas se essa ação ocorre sem esse agente, sem esse “eu”, nós temos uma ação livre.

Talvez, a princípio você ache até difícil aceitar isso como sendo uma Realidade possível, uma Verdade possível em sua vida, a compreensão de que a verdadeira ação só é a ação correta, ela só é a verdadeira ação, a Real ação quando ela não produz conflito, sofrimento, desordem – e não tem sido assim nossas ações. Primeiro, nós queremos acertar para não ter problemas, e aqui eu estou dizendo que quando essa ação nasce desse agente, que é o “eu’, o ego, a “pessoa”, como esta ação é só um ajustamento a uma ideia que vem desse “eu”, que vem dessa pessoa, com certeza essa ação em algum nível – porque é uma ação de ajustamento a uma ideia – irá produzir sofrimento, irá produzir confusão.

A nossa vida está cheia de problemas. Nós temos problemas de todas as ordens, de todos os tipos, de todas as formas. Queremos viver uma vida sem problemas. É possível viver sem problemas? A resposta para isso é: sim, é possível viver sem problemas. Mas não é possível viver sem problemas se a nossa ação é uma ação que nasce desse centro, que é o “eu”, o ego, porque é uma ação que já nasce da contradição porque ela nasce de uma reação que está vindo do passado.

Vamos com calma ver isso aqui, investigar isso aqui. Vamos descobrir o que é uma ação livre do ego. O que é uma ação livre de conflito, de problemas, de contradições. O que é uma ação inteligente, uma ação, de verdade, em Compaixão, em Amor, nessa Liberdade do fluir com o instante, com o momento presente, sem atrito, sem conflito, sem resistência. Vejam o quanto isso é importante para as nossas vidas.

Todo o ser humano está à procura da Felicidade, e como nossa vida consiste de ações, desde que levantamos da cama pela manhã já estamos num movimento de ação. Tudo é ação. Notem isso, tudo é ação. Gestos são ações, fala também é uma ação. A compreensão dessas palavras é um movimento intelectual de compreensão da língua, de compreensão das palavras em ação. Então, a vida consiste de ações. Uma vida feliz, uma vida em Felicidade, em Amor, em Paz, em Liberdade consiste em uma vida onde nossa ação seja uma ação Inteligente. Necessariamente, a presença de uma ação Inteligente é de uma ação livre – livre do conflito, livre do dilema, livre do desejo e do medo –, portanto, precisa ser uma ação livre desse centro, que é o “eu”, o ego.

Vamos primeiro investigar aqui a Verdade da ação. Primeiro, a ação é aquilo que acontece agora, aqui. Mas o que é que vem primeiro? Nós colocamos agora há pouco: é o agente ou a ação? Vamos dar aqui um exemplo muito simples: quando surge um pensamento, esse é um movimento no próprio cérebro de imagens. O pensamento é sempre uma lembrança, uma memória, uma recordação. Você não tem um único pensamento que não seja uma lembrança. Então, o pensamento quando surge, ele é agora, aqui uma ação do próprio cérebro. Quando essa ação surge, no instante que surge, nesse segundo exato que surge, não há “alguém” para fazer alguma coisa com esse pensamento.

Nós temos uma ilusão presente no que diz respeito a essa questão da ação e aqui no que diz respeito a essa questão da ação do pensamento quando surge, porque acreditamos que somos nós que estamos pensando. Na verdade, quando um pensamento surge, o que está ocorrendo nesse segundo exato é que o cérebro está reagindo a um estímulo, seja ele externo ou interno.

Então, investigando a natureza da ação vamos aqui, agora também investigar a natureza do pensamento. Reparem como é interessante a gente descobrir isso aqui. Quando seus olhos percebem algo externamente, de imediato o cérebro reage. Ele recebe um estímulo, e quando ele recebe esse estímulo, ele pode reagir. Em geral, ele reage com um formato de um pensamento, de uma lembrança.

Ao ver uma árvore, quando os seus olhos se deparam com uma árvore pode surgir uma lembrança, a lembrança de uma árvore que você tinha também no jardim da sua casa quando você era criança. Isso é uma reação do cérebro a essa dada experiência sensorial do olhar. Quando isso ocorre, ocorre de uma forma automática. Percebam como é interessante: não tem “alguém” vendo a árvore, é uma reação do cérebro, das células cerebrais a essa visão, a essa percepção sensorial. Reparem que nesse momento, no exato momento desse olhar a árvore, dessa identificação da árvore, as folhas, os galhos, esse é o momento de ação. Nesse momento da ação não existe o experimentador, não existe o “eu”, não existe a pessoa, não existe esse “você”. Nesse exato segundo da percepção, nessa fração de segundo, há só uma constatação sem o observador, sem o experimentador, sem o “eu”, sem o ego. Nesse instante nós temos a ação.

Então, notem: aquilo que surge primeiro é a ação. A ação é isso que acontece. Depois desse momento de percepção direta, que é ação pura, nesse instante não há o elemento “eu”, não há o autor, não há o fazedor, não há o pensador, não há o experimentador. Um segundo depois ele surge e vem a lembrança da infância, então, nesse momento todo esse sentido de ação, de percepção está alterado, porque surgiu o elemento observador, o pensador, o experimentador, que é o “eu”. Percebam como é interessante investigarmos a Verdade sobre a ação. Então, o que é que surge primeiro? O que vem primeiro é a ação – a ação de ver, de perceber. Depois vem o nome, vem a história, vem a lembrança, vem a memória, vem o sentido de um “eu”, que é basicamente o passado se apresentando com a sua história.

O que estamos colocando aqui é que toda a ação está agora, aqui, sempre neste instante, sem o passado. Apenas um segundo depois o passado surge. Quando há tristeza, é uma sensação, mas juntamente com a tristeza vem a história desse “mim”, desse “eu”, desse “alguém” triste. Então, essa ação não é mais uma ação natural, simples, direta, real, porque o elemento “eu”, que é o agente, já está presente, e quando o agente surge, ele quer fazer algo com a ação, ele “gosta”, ele “não gosta”, ele quer rejeitar, ele quer se livrar desse estado ou quer vivenciar esse saudosismo da infância.

Então, quando o sentido de um “eu” aparece na ação, esse “eu” é o fazedor, é o autor da ação, é o gerenciador da ação, é o elemento ego. Então, as nossas ações, em geral, são ações que quando partem desse centro, que é o “eu”, que é o ego, são ações que alimentam e sustentam a ilusão de uma identidade presente, que é o ego. A pergunta aqui é essa: será possível termos uma vida aqui e agora livre desse elemento que é o “eu”, o ego, que vem do passado, que diante da ação do instante, do momento presente ele sempre surge para tentar mudar, alterar, fazer algo com isso?

Então, nós estamos aqui trabalhando com você o fim para esse “eu”, ego, para esse agente, para esse fazedor, para esse experimentador. Então, a vida consiste neste movimento aqui e agora, onde essa ação ocorre sem esse sentido de um “eu” presente. Podemos eliminar de nossas vidas esse elemento ilusório, que é o ego. Nós precisamos, sim, da memória, do reconhecimento e dessa ação prática e objetiva para alguns propósitos simples. Levar a criança para o colégio, dirigir o carro, escrever alguma coisa, isso requer, sim, a presença do conhecimento, da experiência. O conhecimento é a própria lembrança, mas é algo simples.

De uma forma prática, neste sonho de vida nós precisamos lidar com a ação nesse nível, mas nesse nível não há conflito, não há problema, não há sofrimento. Mas quando olho para você, e nesse instante, nesse olhar o passado se mostra, esse fundo, que é o “eu”, o ego, reconhece em você alguém de quem esse “eu não gosta”; quando isso está presente, quando tenho esse “gostar ou não gostar de você”... Se você me insultou, se você me agrediu com palavras, essas palavras foram registradas e guardadas na memória, nesse próximo encontro com você, que é uma ação direta e simples, o pensamento “eu” irá surgir dizendo “não gosto dele, não gosto dela”.

É possível uma ação livre do “eu”, livre do ego. É possível uma ação livre desse experimentador, desse observador, desse fazedor. Uma resposta direta e objetiva a esse instante, a esse momento sem o elemento do passado, então temos a Verdade da ação livre do “eu”, livre do ego. Essa é a Realidade do seu Ser aqui e agora se expressando como pura Consciência. Essa é a ação livre do passado. É possível estar neste instante sem o passado, que é o experimentador, o “eu”, o ego, então a vida está acontecendo como uma ação livre, porque o sentido de um “eu” não está presente. Essa é a ação livre do ego.

Então, esse é o assunto que estamos trabalhando aqui com você, lhe mostrando que, sim, é possível viver uma vida sem conflito, sem contradição, sem sofrimento e, portanto, dentro de uma ação nova, de uma ação livre do passado. Alguns chamam isso o Despertar do seu Ser, o Despertar de Deus, a Realização de Deus; alguns chamam de Iluminação Espiritual, uma vida livre do ego, uma vida onde essa ação é Amor, essa ação é a ação da Presença, é a ação da Verdade.

Novembro de 2023
Gravatá/PE
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terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Experiência de Deus | Como a mente funciona? | Iluminação Espiritual | A Verdade da Meditação

Nós temos um propósito aqui neste trabalho. O propósito é termos juntos uma aproximação da Verdade sobre a Revelação Divina, sobre a Revelação de Deus. Portanto, se trata de como encontrar Deus. Agora percebam: é aqui que nós precisamos ter um novo modo de nos aproximarmos de um assunto como esse, porque estamos diante de um assunto que não é tão simples.

A nossa mente tem ideias sobre Deus, sobre a Verdade de Deus. Nós fomos condicionados a pensar e a nos movermos no mundo nessa, assim chamada, “procura pela Verdade” ou “procura por Deus” dentro do modelo vigente, dentro do modelo comum. Nesse modelo comum, nosso cérebro, que é parte dessa mente em nós – uma mente por sinal não investigada, não compreendida –, funciona nos dando sugestões e ideias com base em princípios que temos recebido. Então, essa assim “procura”, “busca por Deus” é mais uma dessas coisas. Nós temos Deus como mais uma das coisas que estamos procurando na vida.

Aqui temos como propósito ter uma Revelação da Verdade desse encontro, mas precisamos descobrir que não é pela busca, não é pela procura – como em geral nós fazemos – que isso se torna possível. Então, o ponto aqui é descobrir a verdade não sobre quem é Deus, onde Ele se encontra ou como encontrá-Lo, aqui se trata de descobrir primeiro, antes de qualquer coisa, a Verdade sobre quem nós somos.

Então, aqui esse encontro com a Revelação da Verdade Divina, nesse encontro com a Clareza da Realidade de Deus – alguns chamam o Despertar da Consciência, a Iluminação Espiritual ou a Realização de Deus, e assim há vários nomes para esse encontro –, se torna possível quando primeiro compreendemos a importância do Autoconhecimento, a Verdade da Revelação da compreensão de quem somos. Não podemos ter uma compreensão da vida, uma compreensão do outro, uma compreensão de Deus sem antes compreendermos como nós funcionamos, sem antes termos uma aproximação da verdade como essa mente funciona, como esse cérebro funciona, como nós funcionamos.

As pessoas, em geral, acreditam em Deus; elas fazem estudos dos Livros Sagrados tentando dessa forma ter uma aproximação de Deus. Observe que tudo aquilo que nós estudamos passa a ser parte de um conhecimento que temos, e esse conhecimento é o resultado de um cérebro que carrega essa informação, que tem esse modelo de pensamento, que é o conhecimento daquela área, daquela dada coisa. Uma aproximação da Verdade de Deus não pode caminhar nessa direção.

A grande maioria das pessoas nessa, assim, “busca” ou “procura por Deus” estão caminhando nessa direção, na direção de uma aproximação do conhecimento teórico através de estudos e análise intelectuais. Então, estamos lidando sempre com palavras quando estamos lidando com o intelecto. Nosso intelecto se assenta em palavras. Nosso conhecimento intelectual está assentado em toda essa forma de linguagem que nós conhecemos, o que representa o modelo de pensamento que tem por princípio toda a experiência, todo o conhecimento, toda a memória adquirida.

Assim, o nosso pensamento é a base desse conhecimento que nós temos, mas esse pensamento, como um conhecimento que ele é, não pode estar lidando com algo fora dele. Todo o conhecimento, toda a experiência, todo o pensamento está apenas retratando aquilo que está dentro dele, dentro do princípio que ele conhece ou reconhece. E pensamento é algo limitado, é o resultado da experiência, da memória, da lembrança. Pensamentos são ideias. Quando estamos lidando com uma Realidade fora do pensamento, fazer uso do pensamento é algo completamente inútil. A Realidade Divina, a Realidade de Deus não está dentro do pensamento, é Algo fora do pensamento.

Não há como termos uma aproximação da Realidade sobre quem nós somos sem uma compreensão direta desse modelo, que é o modelo do pensamento, porque nós somos, com base no pensamento, todo o conhecimento, toda a experiência, toda a memória adquirida ao longo de milênios pelo ser humano. E tudo isso faz parte do conhecido, tudo isso faz parte do tempo, tudo isso está dentro dessa limitação.

Como podemos ter uma aproximação da Verdade de Deus pelo conhecimento, se o conhecimento é parte de todo esse tempo, que é memória, lembrança, pensamento? O pensamento é limitado. A memória retrata já o conhecido. Assim, estamos lidando sempre com o passado quando nos referimos a experiências. Então, a experiência é incapaz de nos aproximar da Verdade de Deus. A experiência, como é algo dentro do conhecido, naturalmente é algo que não abre essa porta para essa Realidade de Deus, porque a Realidade de Deus é Algo fora do conhecido, é Algo fora da limitação do pensamento, da memória, do conhecimento e, portanto, da própria experiência.

É importante que nos aproximemos disso com muita clareza. As pessoas dizem: “Eu tive uma experiência com Deus”, “Eu preciso ter uma experiência de Deus”. Percebam, esse que experimenta e esse que guarda a experiência experimentada é o “eu”, é a pessoa. Então, temos que investigar a natureza da pessoa e ver se essa pessoa pode, com sua experiência, vivenciar uma realidade fora dessa limitação do “eu”. E aqui estamos dizendo: isso não pode ser Real. Você não pode ter uma visão Real d’Aquilo que está além do conhecido, que está além do descritível, que está além do pensamento, que está além do experimentador e, portanto, está além do “eu”. Então, é uma grande ilusão da nossa parte acreditar que podemos ter uma experiência.

Um outro aspecto interessante a respeito dessa questão da experiência é que não existe nenhuma experiência agora, aqui, nesse instante. Nós estamos sempre retratando ou relatando experiências passadas. Nesse instante há o experimentar, mas não há essa experiência. E o experimentar, quando se torna parte da memória, aí podemos chamar de experiência.

A Realidade de Deus não pode ser uma experiência, porque não pode fazer parte da memória, não pode fazer parte do passado, não é algo que está dentro do tempo e, portanto, algo dentro do conhecido. É por isso que não pode fazer parte disso. Então, toda a experiência que você pode ter é sempre uma experiência no tempo, e é sempre uma experiência porque ela pode ser registrada pelo experimentador. Assim sendo, qual é a natureza desse que experimenta, que é o “eu”, a pessoa, esse “mim”? Qual é a verdade sobre esse “mim”?

Assim, nós temos que nos aproximar primeiro de uma compreensão da verdade sobre esse “eu”, sobre esse “mim”, sobre essa pessoa, então se torna possível irmos além da experiência, porque não tem mais esse elemento que é o “eu”, o “mim”, a “pessoa”, o experimentador, aquele em nós que registra a experiência. O fim para esse que registra a experiência é o fim dessa experiência, então, é possível, sim, uma Revelação de Deus. Mas essa Revelação de Deus está no experimentar.

A única Realidade presente é a Realidade de Deus, mas esse experimentador não pode estar presente registrando uma experiência e tornando isso uma crença, uma memória, uma imagem, uma lembrança. Tudo o que podemos fazer dentro de uma experiência, e depois guardar isso como uma imagem, uma lembrança, uma crença é ainda parte desse “eu”, desse conhecido, desse modelo de pensamento. Tudo isso ainda é parte desse ego, dessa pessoa, desse “mim”, desse “eu”, desse experimentador.

Nós precisamos, sim, de uma Revelação da Verdade de Deus, mas o “eu” não pode realizar isso pelo conhecimento, pela experiência, pelo seu modelo de prática para perceber Algo fora dele mesmo. Compreendam isso, o quanto é delicado a Verdade da Revelação de Deus. A Revelação de Deus é a Vida Divina, é a Vida de Deus na ausência do “eu”, do experimentador, desse buscador, desse conhecedor.

Assim, precisamos da compreensão da Verdade sobre quem somos. Essa é a importância do Autoconhecimento. Sem o Autoconhecimento se torna impossível a compreensão desse elemento que é o “eu”, o experimentador, aquele que vive cultivando lembranças, memórias e experiências. Sem o descarte dessa ilusória identidade, essa Realidade Divina não se mostra, não se apresenta, não se revela.

Nós precisamos olhar para aquilo que somos e, assim, tomar ciência dessa limitação, que é a limitação desse buscador, desse experimentador, desse conhecedor, desse que estuda intelectualmente e tem experiências a nível de sentimentos e emoções. Reparem: tudo isso ainda está dentro do conhecido. A experiência, o sentimento, a emoção, a sensação, essa, assim chamada, “intuição”, tudo isso faz parte do tempo, tudo isso ainda faz parte do conhecido, portanto, ainda é parte do conhecimento, algo presente nesse “eu”, nesse experimentador.

O fim para esse modelo de memória é o fim para a ilusão dessa egoidentidade, então temos a Revelação d’Aquilo que está fora do “eu”. Assim, a Verdade do Autoconhecimento lhe mostra a beleza do fim desse experimentador e, portanto, o fim dessa experiência. Isso é o fim do tempo. Notem, o tempo é essa memória, é esse passado, é esse acúmulo de conhecimento adquirido e de experiências que o ego, o “eu” cultiva. O fim para tudo isso é o surgimento de Algo inteiramente Desconhecido, Novo, Real que está fora do tempo, que está fora do desconhecido, que está fora do experimentador.

O contato com a Verdade da Meditação revela Aquilo que está fora do conhecido e, portanto, fora dessa limitação desse “eu”. Assim, a Verdade da compreensão desse falso “eu”, dessa ilusória identidade é o que aqui nós chamamos de Autoconhecimento. Então, o Autoconhecimento é o descarte desse ego, desse “eu”, e é o surgimento dessa Realidade, dessa Verdade do experimentar.

O que estamos dizendo é que a Realidade de Deus se revela na Autorrealização, e essa Autorrealização é uma vida nesse instante, no experimentar, momento a momento. Toda a experiência termina nesse experimentar. Então, isso é uma vida inteiramente nova, requer um cérebro novo, uma mente nova, um novo sentir, um novo agir, uma nova visão, sempre uma nova e clara visão do que a vida é, do que o outro é. Essa é a Revelação do seu Ser, de sua Realidade Divina, que é a Realidade de Deus.

Aqui o que estamos sinalizando para você é que há, sim, essa possibilidade do fim dessa busca. A Realização Divina, a Realização do seu Ser é a Realização de Deus, e isso é o fim dessa busca, é o fim dessa procura, é o fim desse envolvimento com estudos e com uma busca constante de novas experiências, assim chamadas, “espirituais” para esse encontro. Então, a Felicidade de Ser, a Beleza do Amor, a Graça de uma Nova Vida onde não há mais esse elemento, que é o “eu”, chamando de “minha vida” essa sua particular experiência.

Novembro de 2023
Gravatá/PE
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quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Como manter a calma? | Despertar da Verdadeira Inteligência | Real Ação livre do ego

A questão da ação é uma questão fundamental. Em nossa vida as ações estão sendo tomadas, a pergunta é: de onde provêm essas ações? De onde procedem essas ações? Qual é a natureza dessas ações? Por que agimos como agimos? Por que a ação é dessa forma ou daquela outra forma?

É muito comum perguntas do tipo: “Como agir corretamente?”, “Como agir sob pressão?” e “Como manter a calma?” Todas essas três perguntas são relativas à questão dessa problemática: a problemática da ação, da ação livre. Porque as nossas ações estão sempre comprometidas de alguma forma.

Nós queremos trabalhar com você aqui essa questão da ação livre. Me refiro à ação livre do ego e, portanto, à ação que não se traduz nem se mostra a curto, médio e longo prazo como uma ação conflituosa, como uma ação em sofrimento, como uma ação de desordem.

Todos nós queremos acertar, todos nós queremos ser bem sucedidos nas ações, mas há um problema aqui, e o problema é a não compreensão de que, quando nós nos devotamos às ações externas sem antes termos uma compreensão da natureza, da verdade, da estrutura dessa ação, essa ação não será Real, não será adequada; ela não será a ação que, de fato, irá produzir para nós e para o mundo à nossa volta Felicidade, Liberdade, Paz. Será uma ação em conflito, uma ação em sofrimento.

A base para a ação correta, para a ação livre é a Inteligência. Não há Inteligência presente em nós. O ser humano fala sobre a inteligência espacial, sobre a inteligência emocional, sobre a inteligência matemática, a inteligência musical, a inteligência naturalista. Nós pegamos a palavra “inteligência”, que na verdade é habilidade, conhecimento e capacidade de lidar com essa ou aquela área específica da vida, e nos conformamos a essa condição, não percebemos que a Verdade da Inteligência é uma outra coisa. E é isso que estamos tratando aqui com você. Estamos falando da Verdade da Inteligência – a meu ver, a Real Inteligência, como tenho chamado.

A Real Inteligência – eu poderia chamar aqui de Inteligência Natural. Eu não me refiro a essa chamada “inteligência humana", a essas categorias de inteligência, eu me refiro a essa Natural Inteligência, a essa Real Inteligência, a essa Divina Inteligência. A única Inteligência – a meu ver – nesse nível é aquela que lhe dá uma visão da vida livre de sofrimento. Uma vida livre de sofrimento é uma vida onde a ação ocorre, onde a ação acontece sem produzir sofrimento. Uma qualidade de ação desse nível nasce da Real inteligência, isso é Amor, isso é Compaixão. Então, a Inteligência que não produz sofrimento para o outro, que não produz sofrimento para si mesmo é a Inteligência do Amor, é a Inteligência da Verdade, é a Real ou é a Natural Inteligência.

Então, aqui estamos trabalhando com você o fim dessa ilusão desse centro falso que é o “eu”, o ego, para uma ação Real. Então, vamos explorar aqui o que é a ação. Nós somos impulsivos e nos movimentamos na ação. A vida consiste de ações acontecendo, ações sendo tomadas, ações ocorrendo, mas se nós não temos uma base para essa Real ação, tudo o que temos são meras atividades ainda egocêntricas. Essas atividades egocêntricas é o que temos chamado de ação.

É sempre esse "eu" em sua inquietude, na sua ausência de Inteligência que precisa ter calma, porque ele está estressado. Então ele pergunta: “Como manter a calma?” É sempre esse "eu", esse ego na dúvida, em sua confusão mental, psicológica que pergunta: “Como agir corretamente?” Porque quando a presença da Inteligência está – aqui eu me refiro à Real Inteligência –, você não pergunta “Como agir corretamente?” Não há qualquer separação entre essa Inteligência e a ação. A presença desse intervalo entre a ação e o pensamento é que cria perguntas desse tipo: “Como agir sob pressão? Como agir corretamente? Como manter a calma?”

Então, nós precisamos explorar isso aqui, é um assunto muito vasto essa questão da ação livre do ego e, portanto, da ação que nasce dessa Real Inteligência, dessa ação que nasce da presença do Amor. Responder a esse instante, a esse momento presente sem esse fundo do passado, sem esse experimentador. O que é esse experimentador? É aquele que já passou por experiências e armazenou essas experiências em forma de conhecimento, de memória, de lembranças e agora está atuando. E quando nós atuamos a partir dessas memórias, lembranças, que são o passado, nossas ações são meras atividades egocêntricas. Temos exatamente aqui a ausência dessa ação da Inteligência.

Temos que descobrir uma qualidade de ação livre do “eu", livre do ego. Essa qualidade de ação é a única ação Real, é a ação não conflituosa, é a ação livre de sofrimento, é a ação livre de confusão, porque ela não nasce do impulso, do ego, desse experimentador, desse "eu", desse passado. Notem o que estamos trazendo aqui para você: nossa ação com base no passado, acontecendo nesse instante, é a ação do ajustamento, da tentativa de acertar, da tentativa de fazer algo, de obter algo, de realizar algo. Então, é uma ação motivada por esse ego, por esse centro que é o “eu”.

Toda ação motivada, carregada de uma intenção, de uma motivação, de um desejo está nascendo de uma conclusão egoica, de um posicionamento particular desse centro que é o ego. Haverá uma ação livre? Estamos colocando aqui: sim, com certeza. É a ação da Inteligência, é a ação do Amor. Ela não nasce do passado, ela não nasce desse fundo reativo do “eu”, do ego.

Reparem como é importante a compreensão da ação. Olhem para o mundo, a confusão em que nós nos encontramos. O ser humano vive nesse sonho de vida, de existência em sofrimento. Ele está produzindo para si mesmo sofrimento quando ele está produzindo sofrimento para o outro. Na verdade, não existe qualquer separação entre “eu e você”, entre “nós e eles”. O único sofrimento presente é o sofrimento dessa ilusória identidade, que é o "eu", o ego, criando a ilusão desse “eu” individual, particular, criando a ilusão desse grupo particular chamado “nós”, que se separa daquele outro grupo que são “eles”.

Então, há “eu e você”, há “nós e eles”. Nessa divisão, nós temos a confusão, porque as nossas ideias, as nossas crenças, os nossos posicionamentos são divergentes, então nós não concordamos, não combinamos, não nos ajustamos ou, no máximo, nos ajustamos até um próximo desajuste. Então, olhem para a situação do mundo. A cada ano nós estamos vivendo um novo ano, já em um novo século. Em nossa geração nós estamos repetindo o que os nossos pais, avós e bisavós fizeram.

Olhem para o mundo, a confusão em que nós nos encontramos. Neste século, estamos repetindo o conflito entre “nós e eles”. Nós temos todo aquele conflito agora, no momento, acontecendo no Oriente Médio, isso vem se repetindo há milênios. Tudo que nós fazemos é lutar, é conflitar, é produzir sofrimento uns para os outros, tudo em nome de ideologias, de crenças, de tradição, de cultura, tudo em nome do passado, tudo em nome de uma história construída pelo pensamento, sustentada dentro de cada um de nós, nos dando uma ilusória identidade, que é o ego, que nos separa uns dos outros e, portanto, está sempre disposto a conflitar, a lutar.

Então, nós estamos vivendo um caos, uma confusão, uma desordem, um extraordinário sofrimento. Isso é esse sonho de vida humana. Essa condição de existência é a condição de sonho. Na verdade, de um grande pesadelo de existência humana. Podemos acordar disso? Podemos ir além desse sonho? Podemos soltar essa ilusão de identidade separada e, portanto, estar livre desse mundo? Porque apenas quando você se torna livre desse mundo, o mundo fica em paz.

É a sua presença, é a presença desse “mim”, é a presença desse "eu", é a presença dessa “pessoa” nesse sonho de existência, de identidade separada que está criando toda essa confusão. Essa é a condição psicológica do ego: a desordem, a luta, o conflito, o medo, o desejo, o sofrimento. O que é essa ação livre do mundo? O que é estar livre desse mundo? Aqui eu me refiro livre psicologicamente dessa confusão, dessa desordem, desse senso de separação. O que é permanecer livre desse centro que é o "eu", o ego? É quando o mundo termina, é quando o sonho termina, é quando a confusão termina.

Podemos, em nossas vidas, descobrir a Verdade da vida, abandonando esse sentido de “minha particular vida”, “minha particular existência”, “meu particular mundo”, onde nele existe esse sonho, onde existe avareza, inveja, ciúme, posse, controle, contradição? É possível a vida Real nessa ação Real, onde a presença da Compaixão, do Amor e da Liberdade é a única Realidade presente? Será possível uma vida livre de toda forma de sofrimento? Essa é a Realização de seu Ser, essa é a Realização de Deus. Essa é a resposta, nesse instante, para esse momento presente, para esse desafio da existência no viver, é a resposta para isso de uma ação livre da ilusão, de uma ação sem esse “mim”, sem esse “eu”. Neste instante temos presente a Inteligência em ação.

Percebam, não há separação entre o agir e a Inteligência, que é Amor, que é Compaixão, que é a presença da Verdade, que é a presença da Graça, que é a Visão do seu Ser, que é a Visão de Deus. Alguns chamam essa percepção de Realidade nessa Real inteligência de o Despertar da Consciência; alguns chamam de Iluminação Espiritual. Essa é a presença da Verdade do seu Ser que nasce do Autoconhecimento.

Assim, estamos compartilhando com você o Despertar da verdadeira Inteligência e da Real ação livre do ego, Algo que se torna possível quando há Autoconhecimento, quando há essa Verdade do Autoconhecimento, quando há o Florescer da Real Meditação, que é o seu Natural Estado de puro Ser, de pura Consciência se revelando aqui e agora.

Novembro de 2023
Gravatá/PE
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terça-feira, 28 de novembro de 2023

Despertar Espiritual. Uma aproximação da vida com outra visão. Acumulação psicológica. Fim da busca.

É comum fazermos as perguntas “Como encontrar Deus?”, “Como Realizar Deus?”, “Qual é a verdade do Autoconhecimento?” ou “Qual a importância do Autoconhecimento?” A Realização do seu Ser é a resposta para tudo isso, porque a Realização do seu Ser é o fim da ilusão da “pessoa” como você se vê nesse contexto da vida.

Assim, nesses encontros aqui nós estamos investigando isso com você, explorando isso juntos. Aqui nós estamos tendo uma aproximação da verdade sobre quem nós somos. Então, o nosso propósito nesses encontros é termos uma revelação da Verdade d’Aquilo que somos quando aquilo que parecemos ser não está mais presente. Então, estamos diante de Algo realmente fascinante, de Algo realmente maravilhoso, extraordinário, porque Isso é o fim da busca para aquele que está nessa procura por Deus.

Então, nós temos que aqui, por exemplo, ter uma aproximação muito clara do que é a experiência para aquele que experimenta. Reparem que a nossa vida consiste de experiências acontecendo, mas percebam uma coisa: são experiências acontecendo quando são registradas. Se elas não são registradas, elas ficam a nível do experimentar. Então, observe como é interessante termos uma aproximação da vida com uma outra visão, com a visão livre desse fundo de mentalidade comum, de mentalidade pessoal, de mentalidade egoica como tem sido a nossa visão, como tem sido a nossa mentalidade.

A vida agora, aqui, está acontecendo, mas ela não está acontecendo para um experimentador. Assim, a vida acontecendo aqui, nesse instante, ela não é uma experiência, ela é o experimentar e, no entanto, estamos nesse instante em razão desse experimentador, que é o “eu”, o ego, a “pessoa” em nós. Estamos transformando sempre esse momento numa experiência. A vida é aquilo que acontece agora, não é aquilo do qual você pode ter uma memória, uma lembrança, uma recordação sem o experimentador. Nós sustentamos a presença do experimentador porque não conseguimos lidar com o momento presente apenas no experimentar.

Reparem o que estamos colocando aqui para você: a beleza de viver esse momento é a Beleza de ter um encontro com a Realidade Divina, com a Realidade do seu Ser, com a Realidade de Deus. Pode parecer muito estranho tudo isso, mas vamos examinar isso aqui juntos. A vida como ela acontece é uma Revelação Divina. É exatamente quando a “pessoa”, o “eu”, o “mim”, o experimentador entra que transforma esse momento, que é um momento único de puro experimentar, em uma mera experiência pessoal, egocêntrica, particular para esse “mim”, para esse “eu”, para esse ego.

Então, como nasce esse “eu”, esse ego, esse “mim”, esse experimentador? Simplesmente transformando esse momento do experimentar em uma memória, em uma recordação, em uma lembrança. A nível prático, objetivo, ao passarmos por instantes do experimentar precisamos, sim, podemos, sim, e devemos, sim, transformar isso em uma experiência, porque a nível objetivo e prático aprender nesse nível representa apenas acumular informações, conhecimento, experiências. Isso requer, sim, a presença de um experimentador. Dirigir um carro, por exemplo, é algo que você, ao passar pela experiência, ela é guardada na memória, então, o experimentar na direção se transforma numa experiência de memória. Então, é um conhecimento nesse nível que se faz necessário para esse cérebro técnico, funcional. Nesse nível o conhecimento se faz necessário, a experiência se faz necessária, o experimentador se faz necessário.

Notem como é interessante isso. O uso da fala é uma coisa aprendida. Ao passar pelo experimentar do ouvir aquela palavra isso foi guardado na memória e se tornou uma experiência para esse experimentador. Então, a nível de funcionamento cerebral, o experimentador é prático, ele é objetivo, ele é direto para funções muito práticas da vida. Nesse sentido, eu diria que esse experimentador não é uma entidade presente, é um modelo como o cérebro opera, como ele funciona. O cérebro registra a experiência, isso agora é parte do conhecimento do cérebro, e quando se faz necessário está na memória motora dirigir um carro ou fazer uso da fala. Nesse nível, o cérebro precisa acumular, ele precisa aprender, ele vive dessas experiências, ele evolui nessas experiências.

Todo o progresso humano está em razão de um cérebro que vem se desenvolvendo, vem evoluindo nesse modelo de experimentar, transformar isso num conhecimento, em razão do registro, e fazer uso desse conhecimento de uma forma prática. Isso é algo importante nesse contexto de sonho de vida, como eu tenho chamado. O problema aqui surge quando psicologicamente estamos sugerindo um experimentador, sustentando um experimentador. Todo o problema conosco, todo o problema em nós, nesse “mim”, nesse “eu”, nesse ego é que ele é esse experimentador psicológico, ele é essa entidade psicológica que está, psicologicamente, registrando as experiências. Então, o sentido do “eu”, do ego, esse elemento autocentrado em nós é uma fraude, é uma ilusão. É aquele que está produzindo uma qualidade de vida em sofrimento, em conflito, em contradição. Estamos sempre passando pelo experimentar e transformando isso em algo pessoal, egoico, para este centro ilusório.

Quando falo com você, eu não estou falando, na verdade, com você, estou falando com a imagem que esse “mim”, esse “eu” tem registrado sobre quem você é. Então, esse contato que tenho com você é um contato com uma imagem, com uma autoprojeção. Eu tenho esse “gostar” ou “não gostar” de você, o que é algo egocêntrico, centrado nesse “eu”. É isso que está produzindo conflito em nossas relações, sofrimento em nossas relações, problemas em nossas relações. Nós estamos vivendo nesse centro ilusório, nesse centro falso, nesse “mim”, nesse “ego”, nesse experimentador. A pergunta aqui é: podemos nos livrar disso, desse centro ilusório, desse centro falso, desse experimentador? Porque, enquanto isso estiver presente, não há ciência da Realidade de Deus. Esse é o problema com o buscador, ele busca a partir desse centro ilusório, desse ego e tudo o que ele pode encontrar a partir desse centro ilusório é uma projeção dele mesmo. Então, nossa ideia, nossa imagem, nossa crença sobre Deus é uma projeção do próprio “eu”. Percebem? É uma projeção do próprio ego.

Assim, compreender esse movimento do “eu”, que é o movimento do ego, é se despir desse experimentador, é ir além desse “eu”, desse centro. Então o nosso cérebro pode funcionar de uma forma muito prática e objetiva no mundo com o seu aprendizado técnico, funcional, mas não temos mais esse modelo de acumulação psicológica, de aprendizado psicológico, de identidade que se separa do outro a partir de uma imagem. Se você me elogia, eu gosto de você; se você me critica, eu não gosto de você. Esse “mim”, esse “eu” é todo o problema. Todo o problema em nós é esse “eu”, esse centro ilusório.

O que é esse encontro com a Verdade? O que é esse encontro com a Realidade Divina? É a constatação de que nesse instante, nesse momento presente, podemos prescindir da ilusão desse falso centro que é o ego. A Verdade do Autoconhecimento reside na compreensão de que esse “eu” ilusório está sustentando em nossas vidas essa ilusão da separação entre “eu e a vida”, “eu o outro”, “eu e Deus” porque esse “eu” é a ilusão. Permitir que a vida seja o que ela é, viver livre desse centro particular, dessa projeção que tem por princípio experiências que não desapareceram para esse centro ilusório, se despir disso é o fim do sofrimento, é o fim da confusão, é o fim da ilusão. Então, nesse momento podemos ter uma aproximação do que é esse encontro com Deus, do que é esse encontro com a Vida livre do “eu”, do que é esse encontro com o “outro” livre do “eu”, com o mundo livre do “eu”.

Assim, uma aproximação de si mesmo é o fim da ilusão desse “mim” pelo Autoconhecimento. É aqui que a ciência da Verdade da Meditação se torna fundamental. Se despir desse conteúdo psicológico de memória, de história, de recordação, de imagens sobre quem eu sou, sobre quem o outro é, sobre o que a vida é. O fim de todo o modelo já programado de pensar, de sentir e agir, que é o modelo de condicionamento de sociedade, de mundo, de cultura, de vida egoica. O esvaziamento de todo esse conteúdo é a aproximação da Verdade, da Verdade do Autoconhecimento, da Verdade da Real Meditação. Quando todo esse conteúdo psicológico, que é o “eu”, desaparece, Algo novo está presente.

Tudo o que nós precisamos é descobrir o que é esse momento presente sem esse conteúdo do passado, o que representa esse contato com esse instante sem esse elemento que se separa desse momento presente para registrar, para transformar esse instante numa memória para depois agir a partir dessa memória. É um processo que ocorre naquilo que eu tenho chamado de o tempo psicológico. Assim, esse momento presente se torna muito importante para o ego, porque ele transforma esse momento num acervo, numa memória, em um passado, e ao se deparar sempre com o momento presente seguinte, ele se depara com esse momento com base nesse passado.

No ego, estamos sempre atuando a partir do passado nesse instante. É quando transformamos esse momento presente de puro experimentar em uma mera experiência pessoal. Assim, estamos sempre sendo pessoais em nossas relações, pessoais em nossas ações, pessoais em nosso comportamento, pessoais a cada instante nessa vida, nesse movimento extraordinário que é a Vida em sua Graça, em sua Beleza, em sua Totalidade. Estamos sempre nesse tempo psicológico – passado, presente e futuro. Isso explica todo o estado interno de sofrimento presente no ego. A ansiedade, a antecipação de um futuro psicológico para o ego, a angústia, a depressão, a frustração, é esse passado psicológico para o “eu”, para o ego aqui, nesse momento. E, para o ego, esse momento é um momento de conflito, de contradição e, portanto, de sofrimento, porque ele vive no tempo: passado, presente e futuro.

A constatação da Realidade de Deus, a constatação da Realidade do seu Ser é o fim desse “eu” que é o experimentador, que é esse elemento que vive nesse cultivo de memórias, de lembranças psicológicas. E parece que já ficou claro: num certo nível, a memória se faz necessária, em outro nível é o problema. Aqui nesse trabalho estamos tomando ciência da Realidade de Deus, ciência da Realidade do seu próprio Ser, da Verdade Divina, o que representa o fim do tempo psicológico, o fim para essa egoidentidade.

Então, essa é a Realização de Deus, o Despertar Espiritual ou a Iluminação Espiritual. Ter uma aproximação do movimento da vida sem esse movimento psicológico da mente é viver sem conflito, é viver sem sofrimento, é viver sem ilusões. Assim, estamos juntos investigando isso, explorando isso, trabalhando o fim para essa ilusão dessa pessoa, desse “mim”, desse centro ilusório.

Novembro de 2023
Gravatá/PE
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