quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Autoconhecimento Supremo | Autoconhecimento na prática | Importância do Autoconhecimento

Aqui nós estamos vendo juntos, a partir de ângulos diferentes, a Verdade do Autoconhecimento. Refiro-me à vivência direta e compreensão clara desse Natural Estado de Ser, onde aquilo que é a Realidade de Deus se revela. Então, essa aproximação do Autoconhecimento – me refiro ao Autoconhecimento Supremo, à ciência do Autoconhecimento na prática –, revela esta Verdade, a Verdade do seu Ser, a Verdade sobre cada um de nós.

O ser humano passa uma vida inteira envolvido com os seus desejos, seus medos, suas razões, suas intenções, suas motivações. E o que há por trás de tudo isso? Um padrão de comportamento puramente egocêntrico.

Então, fica muito simples ter uma compreensão de que, enquanto esse padrão se repete, a condição psicológica em cada um de nós se mantém a mesma; e quando isso ocorre, não há esse encontro com aquilo que estamos buscando, com aquilo que estamos procurando. Até porque não sabemos bem o que é que estamos procurando na vida.

Há um impulso dentro de cada um de nós pela procura da felicidade, para termos um encontro com a felicidade, embora não saibamos o significado real disso. A representação intelectual e mental que temos disso é de realizações materiais. É por isso da importância do Autoconhecimento.

Uma aproximação da vida de forma real, de forma verdadeira, revela Aquilo que está além daquilo que a mente conhece e procura dentro dessa busca dela. Então, nós precisamos ter sempre uma aproximação muito clara a respeito da Verdade sobre nós mesmos nesse momento.

A compreensão de quem somos nesse instante revela a ilusão de uma identidade presente. O conhecimento dessa Verdade, que é a ciência dessa ilusão, traz o descarte para essa condição psicológica de ser alguém, de ser essa pessoa.

A pessoa é esse sentimento de ser, dentro da vida, do viver, da experiência, alguém: alguém que pensa, alguém que sente, alguém que faz, alguém que pode se livrar do que lhe faz sofrer, alguém que pode alcançar o que pode lhe dar satisfação, preenchimento, gratificação, realização. Tudo isso é visto nessa compreensão da Verdade sobre aquilo que nós somos, nesse instante.

Assim, a importância do Autoconhecimento é algo fundamental para cada um de nós. Então, esse é o nosso empenho dentro desses encontros. E a primeira aproximação disso deve ser, naturalmente, a aproximação da verdade de como internalizamos as experiências, como percebemos internamente aquilo que acontece a cada um de nós – essa representação interna que fazemos desse momento.

Acompanhe isso com muita clareza aqui, nesse instante, coloquem o coração para essa compreensão clara do que vamos colocar nesse instante, nesse momento. O seu modo de observar o que acontece, invariavelmente, é sempre a partir de uma representação interna de como você particularmente vê o mundo, vê as situações, os acontecimentos, os eventos da vida e, também, naturalmente, as pessoas com quem você se relaciona.

A coisa é bastante complexa, porque tudo isso vemos a partir da forma como nós também nos vemos. Não temos uma compreensão de quem somos nesse instante, temos apenas uma imagem sobre aquilo que nós somos – porque é isso que temos de nós mesmos, uma imagem sobre quem nós somos.

Quando temos uma imagem sobre quem nós somos, o nosso contato com tudo isso é completamente falseado. Então, nós não temos uma visão da Realidade desse instante, desse momento. Não há em nossa vida a Verdade, a Sabedoria, a Compreensão, essa naturalidade de Ser, simplesmente Ser.

Veja o que estamos trabalhando aqui com você. A ideia de ser alguém – observe, tome ciência disso, compreenda diretamente isso e você irá perceber – é só uma imagem que você faz sobre quem você é, que falsifica completamente a experiência. Então, vamos com calma ver isso.

Por toda a nossa vida, por todos esses anos – vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos, a idade que você tem – a forma como nos aproximamos da experiência é sempre a partir já de uma imagem que fazemos sobre quem nós somos. E como esse contato com a experiência é visto a partir desse experimentador, então nós trazemos esse experimentador, que é essa imagem que fazemos sobre quem nós somos

No contato com a experiência, nós adquirimos mais experiência, e essa experiência é aquilo que guardamos dentro de cada um de nós, nesse formato de lembrança, de memória, do que aquele momento representou para esse experimentador. Então, nós guardamos isso.

Assim, nós estamos sempre entrando em contato com o momento novo já com essa base de uma experiência passada. Então, a forma como cada um de nós passa pelas experiências é sempre a partir do crivo, da forma, do modelo já prefixado em nós, desse experimentador, dessa imagem que fazemos sobre quem nós somos, dentro daquele contexto.

O momento é novo, mas o experimentador é algo que vem do passado. O quadro, a situação é nova, mas aquele que entra em contato com essa experiência é essa autoimagem, que está abalizada no experimentador. Assim, todo o contato que temos com a vida, com as situações, as circunstâncias, as pessoas, os acontecimentos, os eventos, está sendo experimentado a partir dessa ótica, que é o "mim", o "eu", essa autoimagem, esse experimentador, esse alguém.

Então, o sentido de ser alguém na vida é o sentido de ser um experimentador dentro da experiência; e esse experimentador é esse elemento que vem do passado. Há uma separação entre aquilo que está aqui presente acontecendo e esse que está nessa experiência. Reparem como isso é bastante delicado.

É necessário ter uma compreensão direta de que o seu contato com ele, com ela, com essa ou aquela circunstância é um contato que já vem com um modelo prefixado do passado, desse centro, que é o ego. Por isso, naturalmente, temos o conflito, temos a contradição, temos o problema.

Não conhecemos, nesse momento, o novo, porque todo o contato que temos com esse momento não é o contato da ciência daquilo que está aqui, exatamente como isso é, o significado real disso. Estamos tendo um contato a partir desse fundo, desse padrão, desse modelo de reconhecimento que vem do passado.

O nosso trabalho juntos aqui está em constatar a Verdade da vida acontecendo nesse momento, sem esse passado, sem esse fundo. Esse fundo é o experimentador, é a autoimagem, é o “eu”, é o ego. O que estamos dizendo para você é que não há como realizar aquilo que procuramos sem tomar ciência da Verdade sobre isso.

E o que é que estamos procurando? O que estamos procurando é exatamente a vida acontecendo nesse instante, sem esse "mim", o "eu", o ego, esse experimentador, essa autoimagem. Assim, uma aproximação nova se tornará possível: a aproximação da vida como ela é, sem essa desfiguração que o pensamento em nós sustenta.

A forma como representamos o que acontece, como estamos dando significado, importância, valor, reconhecimento, aceitação, rejeição, tudo isso parte desse fundo que vem do passado. É o modo como, psicologicamente, esse sentido do "eu" assume esse momento.

Então, esse instante, aquilo tudo que ele representa, tudo isso que ele significa, não faz o menor sentido para esse centro, para esse "eu", porque ele o vê como deseja, ele tem expectativas, alvos, propósitos, objetivos. Então, esse padrão de comportamento em nós, nesse momento, é autocentrado, centrado no "eu", no ego.

Nossas ações são centradas nesse padrão que separa, divide, altera, colore a experiência. Há uma exigência desse ego. Reparem que tudo isso lhe afasta exatamente daquilo que, na realidade, todo ser humano está à procura. Todo ser humano está, na verdade, à procura de uma Completude de Ser.

Temos confundido essa busca real pela Verdade dessa Completude de Ser por uma busca de satisfações, de realizações, de objetivos diversos. Isso ocorre em razão desse fundo que trazemos, desse condicionamento interno que trazemos para esse momento.

O contato com a Realidade do seu Ser, o contato com a Realidade Divina, é o contato com esse momento, sem esse elemento que é o "eu", o "mim", o ego, nessa intenção de mudar, de alterar, de ajustar, de fazer com que esse momento representa para ele, para esse centro egocêntrico, alguma coisa que possa completá-lo.

E por que Autoconhecimento Supremo? Porque não se trata de uma ferramenta ou de um mecanismo que fazemos uso para realizar propósitos egocêntricos, que é exatamente o que fazemos nessa psicológica e interna confusão em que nós nos encontramos nessa relação com esse instante, com esse momento presente, com base nesse fundo psicológico, que é o "eu", o ego, essa autoimagem, esse experimentador.

Precisamos descobrir algo além disso, além dessa condição. E é isso que estamos propondo aqui para você. A Verdade de Deus, dessa Coisa indescritível, inominável, se Revela quando há essa Verdade do Autoconhecimento.

A aproximação real do Autoconhecimento é o fim desse sentido de um "eu" presente, que é esse centro ilusório, que se separa do momento presente, que se separa da experiência para ser esse experimentador, que está sempre acrescentando a esse momento algo dele, que vem do passado, e extraindo algo desse momento para ele, e assim mantendo sua continuidade dentro de uma ilusão.

Autoconhecimento é a forma real de nos aproximarmos da Realidade de Deus, da Realidade d’Aquilo que é inominável. Temos diversos nomes para Aquilo que está fora do conhecido, para Aquilo que está fora do tempo, mas estamos sempre colocando aqui para você em palavras, Aquilo que está além, naturalmente, das palavras. Então, é preciso sempre ter uma aproximação bem cuidadosa a respeito de tudo isso.

Aqui o nosso propósito é a eliminação desse movimento, que é o movimento do "eu", que se mostra, nesse momento, como sendo o experimentador disso que aqui está se vendo como uma entidade separada e, naturalmente, interpretando, traduzindo, avaliando, julgando a experiência de acordo com seus desejos, de acordo com seus medos, com a sua intenção de fugir do que lhe desagrada, de encontrar mais satisfação e satisfação naquilo que lhe dá prazer. Tudo isso desaparece quando há essa Verdade da Revelação do seu Ser Real, dessa Realidade Divina, que está fora da mente egoica, que está fora desse modelo.

Junho de 2024
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terça-feira, 24 de setembro de 2024

Como me livrar do sofrimento? Observador e coisa observada. Como me livrar da ansiedade? Dualidade.

A beleza desses encontros é que aqui estamos explorando com você o assunto do fim para essa identidade presente, que é o "mim", o "eu", o ego. Nós temos, sim, a resposta para essa questão. Quando isso termina, quando o ego termina, quando o "eu" não está, quando esse sentido de dualidade, de separação, esse sentimento de você e o outro, você e o mundo, você e a vida, quando isso não está mais presente, temos a resposta para a pergunta “Como me livrar do sofrimento?” É a mesma resposta para a pergunta “Como me livrar da ansiedade?” Isso é o fim para esse sentido de separação.

O que é o fim para o sentido de separação? Veja, aqui está a revelação do fim do sofrimento, do fim da ansiedade, do fim do medo, o fim desse observador, que observa alguma coisa, que vê algo. Esse observador é aquele que vê alguma coisa separada dele e quer fazer algo com aquilo. Vamos esclarecer isso aqui para você.

Nós estamos tão habituados a viver nesse sentido de separação que temos dificuldade de ter uma aproximação de algo tão básico, tão simples como isso que estamos tratando aqui. Quando você vê algo, tem você e aquilo que está sendo visto. Então, a princípio, a ideia em nós é de uma separação entre o observador e a coisa observada. Do ponto de vista físico, essa é a ideia que fazemos da experiência que está aqui, neste instante.

Vamos olhar isso de perto, já que estamos investigando a natureza do sofrimento. Porque é isso que estamos fazendo aqui, estamos investigando a natureza, a estrutura, a base dessa condição de sofrimento humano, pois só assim podemos ir além desse sofrimento, tendo uma aproximação de investigação do que isso representa.

Quando você se depara com uma flor, ao olhar para aquela flor, o que você tem presente nesse momento, nesse primeiro segundo de encontro com o olhar, nesses um ou dois segundos, é só um contato. É um contato sem a separação entre você, como observador, e aquilo que está sendo observado. Há um contato, há uma visão. Não há esse ver a flor, há só uma visão. Isso pode durar um segundo, dois ou três segundos. No quarto segundo, um pensamento surge sobre a flor.

Quando surge um pensamento sobre a flor, e o pensamento é, por exemplo, “que flor bonita”, “uma flor dessa ficaria muito bonita no meu jardim”, quando algum pensamento surge no momento desse olhar, nesse instante surge a separação. Nessa separação, tem esse ver. Então, nesse momento, você está vendo a flor.

Você tem um pensamento sobre a cor, sobre a forma, sobre a ideia de um objeto. Você tem um pensamento sobre como seria interessante essa flor no seu jardim. Você tem o nome dessa flor, se você tem algum conhecimento botânico. Se você tem algum conhecimento sobre aquela imagem, que é a flor, você tem o nome dela. Se tem essa memória, você tem o nome. Nesse momento, tem você e a flor, então há esse ver.

Podemos descobrir esse instante livre desse ver? Podemos estar nesse instante apenas nesse olhar? O olhar a experiência que quer que esteja surgindo nesse momento, estar com isso no olhar, sem esse ver, sem alguém nisso. Então nós temos, pela primeira vez, um contato livre desse observador.

Então, o que é o observador? É aquele que vê. Quando você vê, você tem o nome, você tem algo para fazer com aquilo, você gosta, você não gosta. Há esse observador e a coisa observada, então nós temos essa separação, nós temos essa dualidade.

Repare, é assim que estamos lidando com a experiência do momento presente. Quando o momento presente se mostra e esse sentido de alguém surge para gostar, não gostar, para avaliar, comparar, aceitar, rejeitar, julgar esse instante, esse momento, essa experiência, então nós temos a dualidade, temos o observador e a coisa observada.

Veja como é importante isso. É aqui que temos presente todo o problema do ser humano. Ao lidarmos com as experiências, estamos lidando com as experiências a partir do observador, que é o experimentador.

Então, a experiência não é a experiência, ela é a experiência para "mim". Então há o sentido de alguém presente na experiência. Esse sentido de alguém é o experimentador. Há alguém presente nesse olhar, então não é um olhar, é alguém vendo. É assim que nós temos funcionado na vida.

Então você tem uma pergunta: “Como me livrar do sofrimento?” Se aproximando do sofrimento sem o observador; se aproximando do sofrimento sem o sentido de um "eu" para não gostar, para querer se livrar, para querer fazer algo com isso. Quando isso está presente, esse elemento, que é o "eu", o observador, está sabendo classificar a experiência.

Então, qual é a forma real de uma aproximação com a experiência? É isso que estamos tratando aqui com você. A forma real dessa aproximação é a aproximação sem o experimentador. Então, qual é a maneira real para nos livrarmos do sofrimento? É tomarmos ciência de que a experiência, dela podemos ter uma aproximação direta, sem esse fundo de gostar e não gostar.

Só há uma forma real de nos aproximarmos da experiência: é sem esse centro, sem esse "mim", sem esse "eu", sem esse observador, sem esse experimentador. Essa é a maneira real para uma aproximação do fim para o sofrimento. Observe que é particular esse gostar e não gostar. Observe que é particular essa experiência representar sofrimento ou não, aqui.

Sempre estamos particularizando a experiência, e quando particularizamos, ficamos nesse gostar e não gostar. Se é o não gostar que prevalece nessa particular experiência, isso é um problema. Se é o gostar nessa particular experiência, isso não é um problema. Então, reparem como o nosso ego, o nosso "eu", esse observador, esse experimentador, se situa na experiência.

Nós queremos tudo que possa nos dar prazer. Para nós, isso não é um problema, para nós, isso não é um sofrimento. Nós rejeitamos, rechaçamos, queremos nos livrar de tudo o que nos provoca dor. Para nós, isso é sofrimento.

Então, quando as pessoas perguntam “Como me livrar do sofrimento?”, elas estão perguntando: “Como posso me livrar de tudo o que me causa dor?” É como se elas dissessem: “Eu não tenho nenhum problema com o prazer, mas tenho um grande problema com a dor. Então a dor para mim é um problema, o prazer para mim não é um problema”.

O que não percebemos aqui é que é a particular visão de um centro que se vê separado da experiência, que é o observador com essa sua coisa observada. Se ela é de prazer, esse observador quer mais. Se é de dor, quer menos ou quer se livrar por inteiro. Então, qual é a verdade do fim do problema? A verdade do fim do problema é a verdade do fim do "eu".

De uma forma prática, a maioria das pessoas, por não terem ciência da ilusão de ser uma pessoa dentro da experiência, o que elas têm feito ao longo de milênios de história da humanidade é procurar uma solução para o sofrimento ou procurar fugir do sofrimento.

A solução que buscamos é a solução temporária, paliativa daquela dor. E fugir do sofrimento representa também uma solução, naturalmente, paliativa e de tentativa de escapar da experiência também sem a compreensão do que a experiência representa.

Aqui nós temos que investigar isso. O fim para o sofrimento é também o fim para a ilusão do preenchimento, da satisfação que o prazer nos traz. Esse prazer nos traz preenchimento e satisfação nesse instante, mas, no momento seguinte, está esse prazer sendo negado. E quando esse prazer nos é negado, temos a dor. Então, aquilo que nós chamamos de prazer ainda carrega essa dor.

Assim, precisamos de uma compreensão do que é a experiência. Temos que ter uma visão do que é esse experimentador dentro da experiência, sustentando essa condição psicológica de separação, de dualidade entre o observador e a coisa observada.

Veja, tudo isso está acontecendo dentro de cada um de nós. Não tem nada lá fora nos causando sofrimento. Aquilo que nos causa sofrimento é esse sentido de dualidade presente dentro de cada um de nós, é esse sentido do observador tendo sua particular visão de mundo. Quando é de prazer, ele quer mais, quando é de dor, ele quer se livrar. Então, é exatamente assim que nós temos funcionado. Repare: tudo isso precisa ser compreendido.

“Como me livrar da ansiedade?” Reparem, queremos nos livrar da ansiedade, queremos nos livrar do medo, queremos nos livrar da depressão, queremos nos livrar do que nos causa dor, não percebemos o jogo interno de continuidade nesse modelo de dualidade presente em cada um de nós, de continuidade e busca do prazer. Essa busca do prazer, essa busca de continuidade no prazer ainda é uma forma de dor. Não percebemos que o elemento de dualidade e separação está presente.

O que nós vemos juntos aqui é o fim para esse modelo, o modelo da continuidade desse observador e dessa coisa que ele observa. Precisamos descobrir o que é esse Natural Estado de Ser, onde há uma ciência daquilo que está presente sem esse que observa. Esse que observa, que condena, compara, julga, quer mais ou busca mais, ou deseja mais. Assim, nós temos o fim para essa dualidade.

É no fim dessa dualidade, é no fim desse sentido de separação que temos o fim para todo problema, para toda confusão, para toda desordem emocional. É aqui que temos o fim para a ansiedade, o fim para a depressão, o fim para a angústia, o fim para esse sentido do "eu" presente, desse "mim", desse ego. Assim, temos um contato com a vida sem esse centro.

Então, como nos aproximamos disso? Tomando ciência desse movimento interno, de um pensador presente criando sobre a experiência uma ideia, uma avaliação, um julgamento, uma aceitação, uma rejeição. Então, é o pensamento que está sustentando esse modelo de separação.

É possível apenas olhar, tomar ciência da experiência, tomar ciência da experiência sem aceitar, sem rejeitar, sem buscar o prazer ou sem tentar fugir da dor; tomar ciência daquilo que está presente aqui, sem se separar. Notem, esse pensamento é algo que vem do passado, que avalia com base nas experiências passadas, de gostar, não gostar, de identificar isso como prazer ou como dor. Se nós temos o fim para o pensamento, temos o fim para o pensador, o fim para o observador.

Então, nesse contato se torna possível o fim para essa condição psicológica de sofrimento, de confusão, de desordem. A visão disso é a revelação do Autoconhecimento. O fim para essa condição psicológica, onde o sofrimento está presente nesse centro, que é o "eu", o esvaziamento disso é a Revelação do seu Natural Estado de Ser pura Consciência, pura Felicidade, Amor Real, que é Meditação.

Então, um contato com a vida como ela é, sem o sentido desse "eu", que é esse centro, que é esse observador, que é esse pensador, que é esse experimentador, a Verdade desta Revelação é a Verdade de Deus, é a Verdade do seu Natural Estado de Ser, que é a Consciência.

O que temos aqui é que a natureza do seu Ser é Felicidade, é Amor, é Paz, é a natureza da Verdade Divina. E não há sofrimento aí, porque não há essa ilusão, porque não há essa separação. Então, isso é a Verdade conhecida por Advaita, a Não separação, a Não dualidade. Temos a ciência d’Aquilo que é, quando o sentido desse "eu" que se separa não está mais presente.

Junho de 2024
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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Importância do Autoconhecimento | Autoconhecimento Supremo | Autoconhecimento na prática | Advaita

Reparem o que estamos vendo juntos aqui quando tratamos com você da importância do Autoconhecimento: a Verdade d’Aquilo que é Você em seu Ser. Isso é a Realidade do Supremo, isso é uma Realidade Divina, é uma Realidade de Deus. Autoconhecimento Supremo não se trata de um mero conhecimento de si mesmo pela introspecção, pela análise ou fazendo uso de alguma outra técnica ou prática, na busca ou tentativa de uma melhoria como pessoa.

Não é disso que estamos tratando aqui. Estamos tratando da ciência da Bem-Aventurança Suprema, de sua Natureza Divina, dessa Verdade de Deus que Você é. Por isso aqui se trata do Autoconhecimento na prática, uma ciência direta da Verdade sobre esse movimento interno de pensar e sentir, que nos leva, naturalmente à ação, a toda forma de comportamento e direção na vida.

Um detalhe é que chamamos isso de “nossa vida”. Reparem, é aqui que se encontra todo o equívoco, desse sentido de alguém presente, na crença de que ele tem uma vida particular. Quando você usa as expressões "minha vida", “minha história”, “minha casa”, “minha família”, “meu país", você está, nesse momento, dentro de uma identificação com a experiência. Essa experiência é uma referência que vem do passado.

Essa experiência que vem do passado é a ideia de uma identidade numa relação direta com tudo aquilo pelo qual passou, viveu, experimentou. Isso dá formação a esse "eu". Esse "eu", portanto, é um centro. Em torno desse centro, todas as demais coisas, como parte de sua particular experiência, estão surgindo, aparecendo: “a minha casa”, “a minha família”, “o meu país”, “o meu mundo”, “a minha história”. Isso nos dá uma identidade.

Há o sentido de alguém presente dentro da experiência da vida. E esse alguém chama a vida de "minha vida, a “minha história”, o “meu mundo”, a “minha nação”, a “minha casa”, “meus bens”, “meu corpo". Qual será a Verdade d’Aquilo que é Você em sua Natureza Essencial, em sua Natureza Real?

A noção que temos é de termos nascido, de estarmos vivendo e, portanto, sendo alguém. E aqui nós estamos descortinando isso com você. Estamos juntos descortinando isso, aprendendo a arte de se aproximar desse olhar sobre quem nós somos, estudando a nós mesmos, percebendo que o movimento é esse presente em nós, que nos leva para essa ou aquela direção, para esse ou aquele modo particular de pensar, de sentir, de fazer as coisas. Quem sou "eu"?

Assim, o Autoconhecimento na prática é tomar ciência de tudo isso que se processa dentro de você. Há um movimento em nós, psicológico, interno: é o movimento do pensamento. O pensamento sempre se move de um pensamento para outro, de um pensamento para outro, de um pensamento para outro. Não há um único pensamento em você que se estabilize. O pensamento surge e, a seguir, surge um outro pensamento, depois surge um outro pensamento.

Há um movimento interno de pensamentos acontecendo, de sentimentos que acompanham esses pensamentos, de sensações que acompanham esses pensamentos, porque pensamento e sensação andam juntos, pensamentos e sentimentos também andam juntos. As emoções também acompanham esse modelo de pensar, que é esse processo de movimento do pensamento em nós. Não paramos para olhar para isso, para perceber como isso acontece.

Assim, temos uma ilusão: a ilusão de que alguém está pensando. Se aproxime disso. Não é você que determina o pensamento, ele acontece. Você não determina o sentimento, ele acontece. A emoção, ela acontece. A sensação, ela acontece. Então, o que quer que esteja acontecendo, é um movimento interno, psicológico, presente, mas não tem alguém. Mas temos a ilusão de alguém no controle. Aqui já nos aproximamos da compreensão sobre o que é o pensamento. Reparem a importância disso.

As pessoas perguntam como lidar com os pensamentos, porque elas querem se ver livres dos pensamentos que as importunam, que geram problemas para a vida delas, contradição, conflito e sofrimento. Isso é bem razoável, é bem natural. Se o sofrimento está presente, é natural que queiramos nos livrar dele. Mas aqui existe uma incompreensão a respeito dessa questão, e nós investigamos isso aqui com você: a questão do fim para o sofrimento e esse simples se livrar do sofrimento.

As pessoas querem se livrar do sofrimento na ideia de que elas podem se livrar do sofrimento, sem antes ter uma compreensão real daquilo. Não é uma compreensão intelectual daquilo que as faz sofrer, mas é uma compreensão real desse elemento presente que sustenta o padrão do sofrimento. Isso não é a libertação paliativa desse ou daquele sofrimento para um outro sofrimento surgir.

A compreensão disso é o fim para o sofrimento, porque é o fim para esse elemento no qual o sofrimento se abaliza e se estrutura, que é o "eu", o "mim", o ego. Então, nós não compreendemos a verdade sobre isso. Acreditamos ter o controle dos pensamentos, dos sentimentos, das emoções, das sensações, das percepções, e aqui o controle sobre sofrer ou não sofrer.

Tudo isso precisamos examinar, investigar. A autoinvestigação é, na realidade, o Autoconhecimento na prática. Investigar a natureza de nós mesmos, investigar todo esse processo. Porque, repare, é um processo. Esse sentido de um "eu", de uma entidade presente aqui, em nós, não é algo fixo, é um processo.

Você como pessoa não é a mesma pessoa o tempo todo. A cada instante você está mostrando uma face, um novo rosto, uma nova modalidade de ser. Então, estamos lidando com algo muito dinâmico. Esse sentido de um "eu" é algo muito dinâmico, tem essa vivacidade dinâmica.

Essa vivacidade, quando investigada, fica muito claro que é uma vivacidade que nasce do passado, porque o pensamento em você – esse movimento de um pensamento a outro, de um pensamento a outro – vem do passado. O sentimento é a mesma coisa, a emoção, o modo de avaliar, de julgar, de comparar o que quer que esteja acontecendo externamente ou internamente é algo que também vem do passado. Então essa é a vivacidade desse "eu", desse centro, desse ego, dessa pessoa.

A Revelação Divina, a Revelação Suprema, a Revelação da Verdade, e por isso a expressão “Autoconhecimento Supremo”, porque se trata do conhecimento da Verdade Divina que trazemos, mas que ainda não se revelou. Se revela quando há essa aproximação de nós mesmos de uma forma vivencial, prática, quando aprendemos a olhar para esse movimento interno.

A questão aqui é descobrir como realizar Isso: olhar sem esse centro, porque um pensamento é algo que vem do passado, mas você não está trazendo esse pensamento, ele está só aparecendo. Você não está trazendo porque você, como uma entidade separada, com um centro, um "eu", é, na realidade, uma imaginação do próprio pensamento. O que nós temos presente é um pensamento.

Tomar ciência desse pensamento, sem gostar ou não gostar, sem avaliar, sem julgar, sem comparar, sem dizer "sim", sem dizer "não". Tomar ciência de um pensamento quando surge é apenas olhar o movimento, que é o movimento do pensamento, do sentimento, quando surge, junto com o pensamento.

Veja, olhar a emoção quando surge com o pensamento, a sensação quando surge com o pensamento. Apenas olhar. Isso é ter uma aproximação do Autoconhecimento na prática, ao mesmo tempo que isso é esse contato com a Verdade da Meditação.

Olhar aquilo que vem do passado e, se é algo que vem do passado, é uma reação surgindo nesse momento, a algum nível de estímulo visual ou auditivo, ou mesmo interno. Quando surge esse estímulo, surge o pensamento, com a sensação, com a emoção.

Tomar ciência disso, sem colocar uma identidade para gostar ou não gostar, para julgar, avaliar, condenar, querer se livrar quando isso que surge é ruim, querer se apropriar e se agarrar quando isso que surge é bom. Apenas tomar ciência disso é Autoconhecimento.

Então, qual é a verdade desse Autoconhecimento na prática? Como tomar ciência da importância do Autoconhecimento? Se tornando cônscio de si mesmo, percebendo que quando você está ciente, essa ciência desse "você" é algo que ocorre e esse "você" desaparece. Veja como é singular isso, mas é algo que requer que você se aproxime disso de uma forma vivencial para ter uma compreensão.

Aqui se trata de que todo esse movimento é o movimento da mente, mas agora, nesse momento, a mente está se tornando cônscia dela mesma, ciente dela própria. E quando isso acontece, a mente se aquieta para olhar. Isso é ciência de Ser. Isso é consciência de Meditação, aqui e agora.

As pessoas têm falado sobre a meditação como uma prática, como uma técnica, como algo que você faz em alguns momentos do dia, ou reserva um momento à noite para se sentar em um lugar tranquilo, colocar uma música suave. As pessoas tratam da meditação como algo para alguém fazer. Elas chamam isso de prática de meditação. Sim, você pode entrar nesse modelo de prática de meditação, mas é você como alguém fazendo a meditação.

Aqui o convite é outro, é se tornar ciente desse "mim", desse "eu". Então uma Atenção surge, uma Presença surge, uma Consciência surge. Então, agora temos presente a mente, quieta, silenciosa, e a verdade dessa revelação desse padrão de identidade, que até então tem norteado sua vida, nossas vidas.

Olhar para todo pensamento, sentimento, emoção, sensação, quando isso ocorre, o cérebro se aquieta, a mente se aquieta e esse padrão de repetição, de continuidade, de movimento, cessa. Então, o pensamento para com esse movimento de continuidade, de um pensamento para outro pensamento, de um pensamento-sensação para um outro novo pensamento-sensação e assim por diante, porque essa Atenção sobre todo esse movimento da mente quebra esse padrão.

Esse padrão é o padrão da perpetuidade, da continuidade do "eu", da continuidade do ego. Então, o resultado real da Revelação é a constatação de que a única Realidade presente é a Realidade Divina, é a Realidade de Deus. É quando esse sentido do "eu" se desfaz, é quando essa estrutura egocêntrica perde sua relevância. Então há o desaparecimento do "eu" e sua Natureza Real se revela como Amor, como Paz, como Liberdade, como Felicidade.

Essa Natureza Real de Ser é Não dual, é aquilo que os sábios chamam de Advaita, é a natureza do seu Ser. Advaita significa “o Primeiro sem o segundo", é a Natureza Una, Única, a Natureza Real de cada um de nós, é a Natureza de Deus. Não esse padrão, esse modelo de continuidade dessa ilusória identidade, nesse seu movimento, que está dando continuidade a um modelo de tempo, algo que vem do passado, passa pelo presente, caminha para o futuro. Todo esse tempo é o tempo do próprio "eu", do próprio ego, da própria mente, do próprio pensamento. Isso é uma ilusão.

O pensamento está presente, o tempo está presente, a continuidade está presente. Quando o pensamento desaparece, esse modelo de continuidade de tempo se desfaz, porque ele não tem qualquer realidade fora desse padrão de pensamento, sentimento, emoção e sensação, tendo uma continuidade na ilusão de uma identidade presente. Isso é o fim da mente egoica. Então se revela Algo fora do conhecido: é a Realidade de Deus. É isso que alguns chamam de Despertar Espiritual, Despertar da Consciência, Iluminação Espiritual.

Junho de 2024
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terça-feira, 17 de setembro de 2024

Como lidar com ego ferido? | Atenção Plena: o que é? | Como meditar da forma correta? | Autoimagem

Nós temos alguns questionamentos bastante curiosos. Um deles é como lidar com o ego ferido. A ideia que a pessoa tem é que ela tem como aprender a lidar com o ego do outro quando ele está magoado, ofendido, chateado, aborrecido ou ferido de alguma forma. Então, a gente quer descobrir como lidar com o outro quando ele está no ego, quando ele está inteiramente identificado com o ego.

Reparem de onde nós partimos, notem a confusão presente dentro de cada um de nós. Na vida, aquilo que se faz presente nesses contatos de relacionamento são relações que se assentam em ideias, quadros, fotografias, imagens que um tem do outro. Mas ao olhar para o outro parece que o outro está com o ego ofendido, ferido, magoado, aborrecido, chateado, e nós queremos aprender a lidar com isso. Queremos entrar em um bom acordo, em uma boa negociação. Mas quem somos nós dentro dessa relação, senão, também, uma outra autoimagem?

A pessoa tem uma imagem sobre quem ela é, sobre quem ela acredita ser, e ela está chateado, mas nós temos uma imagem sobre quem nós somos, sobre quem acreditamos ser, e nessa crença de ser alguém melhor ou estando bem, melhor que ela, eu posso ajudá-la se eu aprender como fazer isso. Quem é esse "eu"? Também uma autoimagem. Apenas uma autoimagem que também se ofende, se magoa, se entristece, se aborrece, se chateia.

Assim, nossas relações são relações que ocorrem entre imagens. Relações entre imagens são encontros entre pensamentos, uma vez que a imagem que você tem sobre quem você é é um conjunto de memórias, lembranças, recordações, pensamentos. Então, aquele que "eu" sou se encontra com você como você é. Mas como você é e como "eu" sou, isso é um encontro entre pensamentos, que vêm do passado.

Você não tem um só pensamento que não seja o resultado do passado. Portanto, você não tem qualquer ideia sobre você que não venha do passado e qualquer ideia sobre o outro que não venha do passado. Então, um encontro como esse nós chamamos de relação, mas, na verdade, o que estamos tendo é um relacionamento. Não há uma relação real. Essa relação é um relacionamento entre imagens, que são pensamentos, que vêm do passado.

Notem como nós funcionamos psicologicamente. Reparem que isso é fundamental para a Liberação, nesta vida, dessa condição de egocentrismo, de egoidentidade, de prisão nessa ilusão de separação entre você e a vida, entre você e Deus, naturalmente, entre você e o outro, porque o que temos são pensamentos se encontrando, imagens negociando. É isso que nós chamamos de vida, de relações.

Será possível termos uma vida real? Uma vez que essa vida, como nós chamamos, é algo que está dentro do contexto do movimento dessa consciência comum a todos, que é a consciência do "eu", que é a consciência do ego, que é essa autoimagem tendo consciência. Nós chamamos de consciência a presença dessa autoimagem em reconhecimento. Nós usamos expressões e nunca investigamos o que estamos dizendo.

Quando você diz que está consciente ou quando você diz “eu tenho consciência”, o que você está dizendo? O que você está dizendo, na verdade, é que há um movimento de pensamento aí reconhecido. É isso que chamamos de consciência. Você está sempre consciente do que se lembra, do que recorda. Você passa por experiências, guarda essas experiências como memória, tem a lembrança, a recordação e chama isso de consciência.

"Eu tenho consciência de quem eu sou”. Que verdade há nisso? A única verdade de que tudo que o pensamento tem sobre quem ele é é a imagem que ele faz dele mesmo. Isso não é a Verdade da Consciência, é estar consciente. Nesse estar consciente, existe o pensamento presente e a ideia de um ser consciente por detrás da memória, da lembrança, do pensamento. E agora estamos vendo que isso não é verdade, porque esse pensamento não é outra coisa a não ser esse ser consciente.

Vejam como é simples isso, e isso é algo que sempre nos escapa. Nós não temos ciência dessa inconsciência que é viver nesse movimento do pensamento, o pensamento se reconhecendo, e estamos chamando isso de consciência. Como podemos tomar ciência de tudo isso? Autoconhecimento.

Aquilo que você compreende, você está livre. Se você não compreende, você não está livre. Se você compreende o medo, isso é o fim do medo. Se você compreende a inveja, isso é o fim da inveja; do ciúme, é o fim do ciúme. Então, quando as pessoas se perguntam como lidar com o ego ferido, precisam antes compreender como o ego funciona. Mas não é o ego do outro, é o seu próprio ego. A gente vê o ego no outro, mas quem é esse que está vendo o ego no outro?

O Despertar da Consciência Real é a Verdade da Revelação de que esse sentido do "eu", do ego, presente, esse "mim", é uma ilusão. Então, não se trata de como lidar com o ego ferido do outro. Se trata de tomar ciência da ilusão desse estado de isolacionismo, de separatividade, de egocentrismo, de autointeresse, de ilusão que eu faço sobre esse "eu" que sou, que acredito ser, aqui.

Agora nós entramos em uma outra questão. Como podemos lidar com isso? Tendo uma visão direta de como meditar de forma correta. Reparem, agora temos a resposta aqui para uma pergunta que é feita: “Como meditar de forma correta?” Compreenda, a Meditação não é uma ferramenta da qual você

se utiliza para encontrar paz, quietude, silêncio, relaxamento e tranquilidade.

As pessoas têm usado ou têm procurado usar a meditação como uma ferramenta para o estresse, para a ansiedade, para a angústia, para lidar com algumas fobias. Então, elas terminaram estudando técnicas de meditação, práticas de meditação, com esse propósito. Aqui, quando falamos ou usamos o termo Meditação, estamos falando de outra coisa. Estamos falando do encontro com a Verdade do Silêncio, mas de um Silêncio de uma qualidade totalmente diferente da qualidade do silêncio que alguém consegue através de uma técnica ou prática meditativa.

Você pode silenciar a mente, aquietar a mente, encontrar um determinado silêncio. Na verdade, você irá se deparar com um estado de estupor, de transe quando faz uma técnica. Aprende a respirar, a entoar um mantra, se senta de pernas cruzadas. Aqui estamos tratando com você da Verdade da Meditação, da Meditação que revela o Silêncio. Mas não é um silêncio que você encontra por uma técnica, por uma prática. Não é o silêncio que se revela quando você obriga o cérebro, através de um modelo, técnica ou prática de quietude, a se aquietar.

Aqui se trata de um Silêncio que nasce naturalmente quando o sentido do "eu", do ego, não está presente. Então, sim, o cérebro se aquieta, a mente se aquieta, o Silêncio está presente e há Algo agora, aqui, presente se revelando, além do conhecido: é a Realidade do seu Ser, é a Realidade de Deus.

No entanto, compreenda: isso só se torna possível quando, primeiro, aprendemos a ter uma aproximação do Autoconhecimento. E esse Autoconhecimento é olhar, ver, perceber, de uma forma nova, o que quer que esteja aqui acontecendo, porque o elemento, que é o "eu", o ego, não está presente. Então, o que é Autoconhecimento? É a aproximação direta daquilo que aqui está, sem esse elemento que se separa para fazer algo com isso que aqui se mostra.

E qual é a base para o Autoconhecimento? Auto-observação, aprender a arte de olhar o pensamento, o sentimento, a emoção, uma sensação que surge nesse instante, uma percepção desse momento. Isso no dia a dia, momento a momento. Não em horas específicas do dia, mas enquanto você caminha, conversa com alguém, lida com uma dada coisa.

Trazer consciência para esse instante, se tornar ciente de toda e qualquer reação psicológica, assim como também física: os seus gestos, o seu tom de voz, a linguagem, as palavras, o que quer que você esteja presente nesse momento, sendo visto. Não é para alterar, mudar, modificar, ajustar, consertar ou fazer algo com o que está sendo visto. É ver, e isso é visto sem alguém vendo. Então, o movimento interno do "eu", do ego, esse movimento que vem do passado, que de dentro sempre vem reagindo, não entra.

Olhar para aquilo que aqui está presente nesse momento, sem um pensamento, uma intenção, uma razão, um desejo, apenas olhar, se tornar ciente desse instante, o que é que você está surgindo nesse momento. Assim nós temos presente a Verdade da auto-observação, que é a revelação do Autoconhecimento, porque tudo o que se mostra aqui é visto sem o sentido de alguém para fazer algo com isso.

Então, nesse momento, há uma aproximação real da ciência da Meditação. A mente silencia, o cérebro se aquieta, o sentido do "eu", desse "mim", que sustenta essa dualidade, tudo isso se desfaz aqui, neste instante. Então, estamos diante da Revelação da Vida como ela é, como ela acontece.

Então, como meditar de forma correta? Tomando ciência daquilo que aqui está presente. Nesse contato com o marido, um olhar livre da imagem; com a esposa, um olhar livre da imagem que você tem dela. Você não tem, agora, qualquer imagem da pessoa com quem você está lidando. Nesse instante, estamos diante de uma real relação e não de um relacionamento centrado na imagem. Então não temos um choque entre pensamentos.

Experimente isso: olhar como que pela primeira vez. Você irá perceber que isso não é nada fácil, porque o movimento antigo do "eu", do ego, que é o movimento dessa autoimagem, sempre entra. Isso requer a presença de uma Atenção. Veja, não se trata de um esforço para estar atento, se trata de um interesse simples, natural, para olhar sem a imagem, sem o passado, sem trazer de volta esse movimento interno, que é o movimento do "eu", do ego. Nesse instante, você elimina a autoimagem. Livre dessa autoimagem aí, você fica livre da imagem que você faz dele ou dela, ou do mundo à sua volta.

A Meditação é algo que está aqui, nesse instante, quando o "eu" não está, a autoimagem não está, o ego não está, todo esse movimento de consciência egoica perdeu a importância. Podemos viver a vida assim, livre desse sentido de separação? Então, nesse momento, não existe mais o ego ferido, porque o sentido do "eu", do ego, não está presente. Livre da ilusão dessa autoimagem, você está livre nesse contato com ele ou com ela, também sem a imagem dele ou dela.

Então, essa é a resposta para a pergunta: “O que é essa Atenção Plena?” A Atenção Plena é a ciência da Verdade deste Ser quando a mente não está, quando o ego não está, quando a ilusão da separação não está presente. Estamos diante da Realidade da Vida acontecendo aqui e agora. E nesta Atenção Plena se revela essa Verdade, que está além do conhecido, além da mente, além do corpo, além desse "eu" e desse você. Então temos a Realidade da Não separação, da Não dualidade.

Junho de 2024
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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Como meditar de maneira correta? Como lidar com traumas? Autoimagem psicologia. Baixa autoestima.

Aqui a pergunta é: “Como meditar de maneira correta?”. Vamos tocar nesse assunto aqui com você nos próximos minutos. É possível que aquilo que estejamos dizendo aqui seja algo inteiramente diferente do que você já andou lendo a respeito, pesquisando a respeito e praticando, também, com o nome de meditação.

Aqui nós usamos essa expressão “Meditação” de uma forma muito única. Estamos falando desse contato com a Realidade deste Silêncio, de uma qualidade completamente diferente do silêncio que é encontrado ou que se busca em uma determinada prática de meditação. Esse Silêncio do qual falamos aqui é aquele que se Revela, não é aquele que é encontrado.

As pessoas vão em busca da meditação na tentativa de encontrar o silêncio. A mente precisa de silêncio. Apenas quando houver um espaço de Silêncio na mente, a Verdade pode se revelar. Mas é necessário compreender a qualidade desse Silêncio. Ele não pode ser o silêncio encontrado por uma técnica, por um sistema, por uma prática, como, em geral, as pessoas fazem para encontrar um momento de silêncio.

Aqui, nós estamos abordando com você a Verdade do Despertar da Consciência, do Despertar Espiritual, quando o seu Real Ser assume o espaço dele nesse corpo e nessa mente. Então temos a Verdade da Liberação nesta vida, do fim de todo o sentido de separação e, portanto, de egocentrismo.

Assim, o sentido da Liberação nesta vida é a Verdade da Revelação d’Aquilo que é Você em seu Ser quando esse movimento conhecido da consciência egoica, da consciência do “eu”, dessa consciência mental, já não está mais aqui. Então, é apenas nesse sentido que nós usamos aqui a expressão de Meditação, como aquilo que revela o Silêncio, para que esta Realidade indescritível se mostre.

Então, a Iluminação Espiritual, o Despertar da Consciência, esse Florescer do seu Natural Estado Divino é aquele que está presente quando não há mais essa ilusão, a ilusão da continuidade da pessoa, desse "mim". Então, qual é a forma real?

A pergunta é essa: como meditar da maneira correta, já que toda prática, toda técnica envolve um projeto para se realizar? E esse projeto é a quietude que se obtém quando se aprende a respirar de uma certa forma, a controlar ou rechaçar os pensamentos dispersivos.

Assim, há diversas formas de aproximação de algum tipo de técnica para aquietar a mente, para silenciar a mente. Portanto, esse silenciamento ou quietude da mente vem por uma disciplina, é algo que se alcança quando o corpo se aquieta.

Então, você procura um lugar, se senta e busca um momento em que o corpo relaxa e, nesse relaxamento, o cérebro começa a se aquietar. E, nesse instante, um silêncio está presente. Mas esse estado, que as pessoas chamam de meditação, porque estão dentro de um silêncio que encontraram pela prática, é um estado de estupor, é um estado de transe. Então a mente se aquieta, mas aqui estamos falando não da quietude que o cérebro alcança por uma técnica, mas da natural quietude, que nasce do Silêncio.

Quando o Silêncio está presente, o cérebro se aquieta. Não é aquietar o cérebro para encontrar o silêncio. É a Verdade do Silêncio. Então o cérebro se aquieta, a mente se aquieta. A qualidade desse Silêncio é uma Revelação de Algo que está fora do conhecido. Não é um estado de estupor, não é um estado de transe, não é um estado induzido, autoinduzido de quietude, de silêncio.

A Verdade da Meditação requer, antes de tudo, que o cérebro esteja quieto. Não porque foi aquietado, mas em razão da presença da Atenção. Aqui nós precisamos tomar ciência da observação do movimento da mente, da observação do movimento do pensamento. Não se trata de afastar pensamentos, não se trata de lutar contra pensamentos, nem de repetir uma frase, um mantra ou respirar de uma certa forma.

Aqui se trata de observar o movimento da mente, que inclui pensamentos, sentimentos, sensações surgindo, emoções aparecendo. Mas isso não é assentado por quinze minutos ou trinta minutos. Isso é no viver, a cada momento, instante a instante.

Não se trata de praticar a meditação, se trata da Real Meditação na prática, no viver. Enquanto você caminha, assiste TV, enquanto você dirige o carro, trata de algum assunto, faz algum trabalho no computador, acessa a internet, você está no escritório, no consultório, você está na fábrica, você está em sua atividade e, nesse instante, olhar para o pensamento, para suas reações, para o que quer que esteja aparecendo aqui, nesse instante. Apenas olhar, apenas observar.

Quando nós não temos essa base, qualquer coisa que se faça em nome da meditação é uma ilusão. As pessoas fazem um curso sobre meditação, podem viajar até o Himalaia e aprender uma técnica de respiração, e lá fechar os olhos e obter esse transe, esse estado, mas isso não é Meditação. A Verdade da Meditação é a presença do Silêncio, mas de um Silêncio que tem uma qualidade inteiramente nova e desconhecida, e que tem por base, antes de tudo, o Autoconhecimento.

Sem a Verdade do Autoconhecimento, sem a ciência da contradição, do conflito, da dualidade, de todo o problema que surge quando o sentido do “eu” está presente, sem tomar ciência disso, sem essa auto-observação, sem esse contato com a atenção sobre esse movimento, nós não temos Meditação. Não há Meditação Real. Podemos ter alguma coisa chamada meditação que, de uma certa forma, tranquiliza, relaxa por quinze minutos, meia hora, mas isso não rompe com esse modelo de identidade egoica, que é o sentido do “eu” no viver, na vida, na experiência.

Então, antes da Meditação, é necessária uma compreensão do que é tomar ciência do movimento do “eu”, auto-observação, que é parte do Autoconhecimento. Quando há essa atenção sobre esse movimento, uma completa atenção sobre cada movimento do pensamento, do sentimento, da emoção, então, sim, temos uma aproximação da Verdade do Silêncio.

O que eu tenho dito é que a Meditação é algo muito natural. Mas veja: apesar de ser algo natural, o nosso funcionamento de condicionamento psicológico, de modelo de consciência, que é essa consciência do “eu”, pelo fato de ser um condicionamento milenar e ser tudo que a mente conhece, é necessário romper com isso.

Nós estamos diante de algo natural, mas para a mente egoica é algo completamente fora de tudo que ela conhece. Isso diz respeito à natureza do seu Ser, não à natureza dessa mente condicionada, dessa mente que é o resultado da história da humanidade, da cultura humana, da tradição, da visão cultural, religiosa. Nós temos uma mente que é o resultado de toda uma propaganda – propaganda política, psicológica, religiosa, filosófica, de tradição –, e é assim que estamos funcionando, é assim que funcionamos.

As pessoas querem descobrir como lidar com traumas. Veja, os traumas, a ansiedade, a depressão ou os diversos transtornos que a mente conhece, tudo isso faz parte desse modelo de ser alguém, de ser uma pessoa, e isso não é algo natural.

A natureza do seu Ser não é pessoal, não é egocêntrica, não está dentro desse formato. Isso tudo está dentro da ilusão do ego, da ilusão do “eu”. Descobrir como você funciona é descobrir o que é a vida livre do ego, como lidar com o medo, como lidar com os traumas, a questão da ansiedade e da depressão.

Notem, nós temos colocado muito isso aqui para vocês. Todo esse sofrimento psíquico presente no ser humano está presente em razão da forma como ele se posiciona na vida. E ele se posiciona na vida a partir de uma autoimagem.

A questão da autoimagem, a ideia de ser alguém, é uma imagem que você tem sobre quem você é. Nessa relação com o mundo à sua volta, o que você vê são pessoas, e essas pessoas você as vê a partir da autoimagem que você tem. Você tem uma imagem sobre quem você é. Você também tem uma imagem sobre quem é seu marido, sua esposa, seus filhos, sua família, seu patrão, os colegas de trabalho. Veja, autoimagem não é uma questão para psicologia.

A questão da autoimagem é algo para você estudar nesse olhar direto, aqui e agora. Isso é parte desse movimento egocêntrico de ser alguém. Se não investigarmos isso, se não nos aproximarmos desse estudo de nós mesmos, nós não temos uma base real para a Verdade da Meditação.

Podemos ter momentos de quietude e silêncio com base numa técnica, numa prática. Então, nesse momento, a mente se aquieta, mas isso não rompe com esse modelo egocêntrico de ser alguém. Nós precisamos do fim dessa autoimagem, do fim desse sentido de ser alguém, precisamos do fim dessa ilusão de alguém presente no contexto da vida, das relações.

Então descobrimos o que é uma mente livre da autoimagem. E quando a mente está livre dessa autoimagem e livre de tudo aquilo que o ego representa, nós temos um espaço novo que se abre. E nesse espaço se revela o Silêncio, o Silêncio da Meditação, nesse instante. Onde quer que você se encontre, sem o sentido do “eu” presente, lá estará a Meditação. A Verdade da Meditação é que, quando ela está presente, não existe o meditador. Veja, isso é completamente diferente de tudo que vocês já ouviram.

A presença da Meditação é a ausência de alguém meditando. Então a mente é, por natureza, meditativa. A mente que nós conhecemos, que é a mente egoica, é a mente condicionada, no modelo de prisão, dentro desse formato da autoimagem, que é essa continuidade do “eu”. Aqui estamos dizendo para você que, nesta vida, essa Realização de Deus é possível. Esta Realização é a Realização da Verdade, d’Aquilo que está presente como sendo a única Verdade da vida.

As pessoas vivem com diversos problemas de toda a ordem, e tudo isso tem início nesse modelo psicológico de ser alguém. Essa autoimagem cultiva características diversas. Uma delas é a baixa autoestima. Reparem, as pessoas carregam esse sentido de baixa autoestima. Ou temos o contrário: a alta autoestima. Tudo isso são características dessa autoimagem. Mas tudo isso está dentro desse modelo egocêntrico de ser alguém, e tudo isso é rompido quando há uma compreensão direta da Verdade do seu Ser, além do "eu".

Então, ter um olhar nesse instante para cada pensamento, cada sentimento, emoção, sensação, percepção, sem o observador, sem o sentido do “eu” olhando, isso é a presença do Autoconhecimento, é a presença dessa Atenção Real, que é a Plena Atenção para o movimento do "eu". Então, nesse instante se revela a Meditação e, nela, esse Silêncio. E aquilo que está presente é, agora, Ser-Consciência-Felicidade. Repare, essa é a natureza do seu Ser, é a natureza de Deus.

Junho de 2024
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terça-feira, 10 de setembro de 2024

Advaita Vedanta. Como alcançar maturidade espiritual? Como lidar com o ego ferido? Mente inquieta.

Eu tenho me deparado com diversas perguntas, e é interessante que essas perguntas sempre giram em torno de algo a se realizar no tempo, algo para ser alcançado em algum momento, algo que deve estar lá, em algum lugar, e não aqui, nesse instante.

As pessoas têm perguntas do tipo: “Como alcançar a maturidade espiritual?” Eu não sei exatamente o que elas entendem por espiritual ou por maturidade. Cada uma tem uma ideia do que isso significa para elas.

A palavra maturidade lembra uma fruta que ainda está verde e que não amadureceu. Então a palavra maturidade significa amadurecimento. Agora, nesse sentido da espiritualidade, o que significa isso? Primeiro, o que é espiritualidade? Cada uma também dá um sentido bem peculiar, bem único, exclusivo, a esta expressão.

Aqui eu quero que você tenha um pouco de paciência em explorarmos esse assunto. A meu ver, a Verdade d’Aquilo que é espiritual é Aquilo que está fora do conhecido. Tudo aquilo que faz parte do conhecido, ainda está no campo da mente. E se pode ser reconhecido e, naturalmente, encontrado, aqui, no contexto dessas falas, isso não é espiritual.

Então, nesse sentido, a Verdade d’Aquilo que é espiritual é aquela Realidade que está fora do conhecido, fora do limite ou dos limites daquilo que é identificável ou reconhecido pelo pensamento. E aquilo que está fora do pensamento, fora do conhecido, não está no tempo. Tudo o que faz parte do tempo, no espaço, é identificável e reconhecido pelo pensamento.

Nesse sentido, aqui, nós usamos a expressão espiritual de uma forma muito específica, muito direta. Quando, por exemplo, usamos a expressão “o Despertar Espiritual”, estamos falando do Despertar de Algo completamente desconhecido. Não é nada disso que as pessoas chamam de despertar aí fora.

Então, como alcançar a maturidade espiritual? Notem: aquilo que é espiritual não está no tempo. Se não está no tempo e no espaço, não é alcançável, porque não está dentro do conhecido. Então, essa, assim chamada, maturidade espiritual aqui se trata da ciência da Realidade deste Ser. Isso realmente é o fim da limitação, da ilusão, do sentido de separação.

Não se trata de um amadurecimento até esse ponto. Não se trata de chegar lá. Trata-se de constatar aqui, nesse instante, a ilusão daquilo que é conhecido, que está dentro do reconhecível, que está dentro do pensamento.

Há Algo, sim, além do conhecido, além do pensamento, além do tempo. Isso é Algo que se faz presente, se mostra presente quando esse padrão de pensamento como nós conhecemos, dentro do tempo, desaparece.

Assim, nós temos uma aproximação possível aqui nesses encontros: a aproximação da Realidade que está fora do conhecido. Então temos a Realidade d’Aquilo que é espiritual. Não daquilo que o pensamento alcança, identifica, reconhece.

A Realidade do seu Ser não é detectável pelo pensamento, nem é reconhecida por essa mente. É Aquilo que está presente quando não há mais o passado, o presente e o futuro, uma vez que esse presente, passado e futuro são noções de tempo que apenas o pensamento reconhece. Se isso está dentro do tempo, está dentro de sucessão no tempo.

A Verdade d’Aquilo que é Deus, a Realidade Divina, não é algo passivo no tempo. Portanto, Aquilo que é realmente Você, em sua Natureza Real, não amadurece. Você em seu Ser é Algo que não nasceu, não está vivendo, nem é passivo de velhice, acidente, doença ou morte.

O que é esse Despertar Espiritual? É a ciência desta Realidade atemporal, que é a nossa Natureza Divina. Uma constatação desta Verdade é, nesta vida, a própria Vida em Liberdade, em Felicidade.

Uma outra pergunta comum é: “Como lidar com o ego ferido?” Reparem o equívoco aqui da pergunta. Quem é esse elemento em você que está vendendo o ego no outro? Quem é esse observador que vê coisas separadas dele mesmo o tempo todo?

Veja, nós fomos educados para ter esse modo de olhar, um olhar a partir desse que observa. Então, olhamos com ideias, conclusões, avaliações, aceitações, rejeições. Olhamos a partir de um centro que olha, que é o observador. Esse observador é o "eu". Esse "eu" é o sentido de alguém presente na experiência do olhar.

Veja, nós temos o olhar e temos a ilusão de uma identidade presente nesse olhar. E quando isso ocorre, aquilo que é visto, é visto a partir de um fundo, de uma experiência, de um conhecimento, de um pensamento, de uma conclusão, de uma ideia, de uma avaliação. Reparem, aqui nos deparamos com o sentido do observador, que é o "eu", o ego.

Assim, quando as pessoas perguntam como lidar com o ego ferido… Onde é que você está encontrando esse ego ferido? É lá fora? O ego de quem? Quem é esse que encontra o ego no outro? Percebem a pergunta?

Assim, esse sentido de "eu", que é o observador, é aquele que vê uma imagem no outro, que ele chama de ego. Mas é através dessa imagem que ele tem, também, sobre quem ele é que ele olha e vê o outro. Então, é um olhar a partir do observador.

Tudo que você vê ou está vendo a partir desse centro, que é o "eu", o "mim", essa autoimagem, é a imagem que você tem sobre você lidando com o outro. A nossa arrogância particular nesse centro, que é o "eu", o ego, nos faz acreditar ser possível saber, entender, aprender a como lidar com o ego do outro. Mas quem é esse que está lidando com o ego do outro?

Então, estamos dentro de um grande jogo do próprio ego. Estamos vendo o outro a partir dessa autoimagem: a imagem que "eu" faço sobre você e a imagem que você tem sobre "mim". Assim são as nossas relações no mundo, na vida, em nossos contatos, assim chamados, pessoais. Enquanto isso se mantém, a ilusão se sustenta. E se ela se sustenta, o conflito está estabelecido, a confusão, a desordem, o sofrimento.

Aqui estamos trabalhando com você o fim dessa condição, o início de algo novo, o surgimento de um estado livre dessa autoimagem, livre desse sentido de alguém presente na vida, no viver, na experiência. Uma compreensão direta disso é a Verdade da Não dualidade.

É o nosso assunto principal aqui, o assunto da Não dualidade, da Não separação, a Verdade da Advaita, a ciência da Realidade que é uma só Realidade presente, onde não existe esse "eu" e o não "eu", onde não existe esse sentido de alguém presente aqui, nesse instante, vendo o outro, vendo a si mesmo, uma mente livre. Não essa mente inquieta, essa mente tagarela, essa mente comum dentro desse modelo de mente inquieta, de inquietude mental, de inquietude psicológica, de desordem psicológica em que nós, no ego, nos encontramos.

Eu me refiro a uma mente livre desse modelo de pensamento que já está estabelecido em nós, que é esse padrão de modelo de pensamento condicionado. Quando essa mente está presente, há um espaço que se abre, que é Silêncio, então há uma quietude.

E como isso se torna possível? Tendo uma aproximação da atenção, da visão, da compreensão do que é olhar para todo esse movimento do pensamento, sentimento, emoção, percepção, sensação, sem colocar esse elemento presente para interferir naquilo que está sendo visto aqui.

Ter um olhar, uma observação, um modo de perceber sem o percebedor, um modo de olhar sem esse elemento que olha. Um constatar. Um direto constatar de todo esse movimento do pensamento nessa mente inquieta, tagarela, isso faz com que essa autoimagem se dissolva. Isso faz com que você possa olhar quando há essa atenção, que é um olhar livre desse centro, que é o "eu", o ego. Ocorre, nesse momento, a liberdade de olhar o outro sem conclusões, sem crenças, sem opiniões, sem ideias, sem imagens.

Então, de fato, nesse momento, você está aprendendo a lidar com ele ou com ela, mas não está lidando com o ego ferido dele ou dela, porque você está livre dessa autoimagem aí em você. Livre, você fica livre da imagem que você faz dele ou dela. Então, nesse momento, há um encontro de relação onde se estabelece a Presença da Comunhão, da Paz, do Silêncio, do Amor nas relações. Percebem a diferença?

Não se trata de lidar com o ego do outro, se trata de se livrar desse "mim", desse "eu", da ilusão da própria autoidentidade egocêntrica. Então temos um encontro com a Vida como ela é.

Assim, se aproximem agora disso que estamos dizendo aqui. Olhe para o outro sem o passado. Repare, isso não é algo tão simples ou tão fácil, em razão desse hábito, desse modelo, de identidade egoica, que já há decênios vem olhando através de imagens, que são pensamentos, crenças, conclusões, gostar, não gostar.

Você olha para o outro através de toda essa cortina. Mas, coloque nesse momento atenção e olhe. Faça isso. Trabalhe isso. Descubra o que é olhar sem o passado, olhar sem o pensamento, olhar sem essas conclusões, crenças e avaliações que o "eu" tem, que esse "mim" tem. Apenas constate, tome ciência dele ou dela, sem o sentido de alguém, sem esse "eu" e, naturalmente, sem essa imagem do outro.

A presença disso é a Verdade do Autoconhecimento, da revelação da ausência do próprio "eu". Então um espaço se abre nesse instante. Esse espaço que se abre é a presença da Realidade, da Não dualidade, que é Advaita Vedanta. Esse espaço da Não dualidade é conhecido nos Vedas como Advaita, a Não dualidade.

Junho de 2024
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quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Como alcançar a Iluminação? Sabedoria: como adquirir? Como meditar de forma correta? Fuga psicologia

Você já percebeu que aqui nós estamos trabalhando essas diversas perguntas, que são perguntas comuns que as pessoas fazem dentro desse formato de procura ou de busca que elas têm. Uma das perguntas é: "Como meditar de forma correta?"

Aqui nós temos que ver essa questão da Meditação muito de perto, porque a presença da Meditação em nossas vidas é a coisa mais importante e que precisamos ter plena compreensão. Há uma outra pergunta comum e que nós vamos abordar, que é: "Como alcançar a Iluminação Espiritual?"

Observe que nossas perguntas se iniciam com a expressão “como”: "como alcançar”, “como lidar com o medo”, “como se livrar da inveja", e assim por diante. É natural que as nossas perguntas comecem com esse "como", porque nós queremos descobrir a forma, a maneira de realizar aquilo. E, para nós, é natural a ideia de que precisamos aprender. Até aí tudo bem.

Sim, nós precisamos aprender, só não sabemos o que é, de fato, aprender, assim como não sabemos o que é, de fato, a diferença entre ter uma compreensão direta e apenas um mero entendimento de um determinado assunto. Então, nós vamos começar aqui falando sobre essa diferença entre entender algo, e ter um mero entendimento sobre alguma coisa, ou uma compreensão direta.

Qual é a diferença? Você pode conhecer intelectualmente um determinado assunto, porque já leu a respeito, já estudou sobre aquilo, já ouviu palestras e já teve ensinamentos sobre aquilo, então o que você tem agora é, de fato, um conhecimento, você tem um saber. Esse saber, esse conhecimento, difere da compreensão. E qual é a diferença?

Quando você entende algo ou sabe algo, isso não significa que haja uma compreensão daquilo, porque compreensão é vivência, é um saber experimental, é um conhecimento direto, enquanto que o entendimento fica a nível de palavras, de ideias, de conceitos.

Por exemplo, você pode estudar sobre mecânica de aviação e, mesmo assim, não ser um mecânico. O mecânico é aquele que conhece ou sabe, vivencialmente, como solucionar uma pane em uma aeronave. Então, você tem conhecimento teórico, você aprendeu sobre aquilo, você leu sobre aquilo, mas não sabe, ainda, vivencialmente. Essa é a diferença.

Em geral, as pessoas estão abarrotadas de entendimento, porque já leram muito, estudaram muito, mas não viveram. Então, vamos compreender isso. Talvez você já tenha se perguntado: “Por que é que, apesar de saber tanto, isso ainda não é real aqui?" É porque esse saber é intelectual, é um conhecimento verbal: o que você tem é um entendimento.

Como é essa questão da Verdade da Meditação? Para nós, a meditação tem funcionado, pelo menos o que a maioria das pessoas entende por meditação, a partir de uma aproximação teórica, conceitual, verbal do assunto, porque já lemos livros ou, no máximo, nos envolvemos com alguma técnica ou prática meditativa e acreditamos estar num contato direto com a compreensão da meditação. E o que ocorre também, juntamente com isso, é o fato de que a prática dessa, assim chamada, meditação técnica ou através de um método, é feita a partir de uma intenção de se livrar de estados internos, conflituosos, aflitivos, de sofrimento.

As pessoas buscam a meditação como uma ferramenta terapêutica, como algo que possa ajudá-las a se livrarem temporariamente do estresse, da ansiedade, do medo, da culpa, da depressão. Então há uma ilusão aqui, porque não há uma compreensão real do que a Meditação significa.

As pessoas, em razão de estarem nesse saber teórico, acreditam na meditação como uma técnica ou uma ferramenta terapêutica. Quando falamos aqui na Verdade da Meditação, estamos falando de algo que não tem nada a ver com uma técnica, uma prática, um sistema ou uma ajuda para soluções temporárias de problemas de ordem psicológica e emocional.

Veja, não estamos dizendo que aquilo que as pessoas chamam de meditação e praticam não funciona. Sim, funciona. Mas funciona como, também, um expediente de escape ou de fuga para uma condição aflitiva. Então, reparem: isso é parte daquilo que é compreendido como uma fuga na psicologia.

Então a maioria das pessoas tem, na meditação, um expediente de escape ou fuga da dor. Algumas pessoas fogem para a bebida, outras para a comida, outras para o teatro, o cinema, para o sexo, e algumas fogem para uma prática meditativa. Isso é algo inteiramente diferente daquilo que estamos propondo aqui para você.

Nós estamos trabalhando com você a ciência da Revelação do seu Ser. Essa Revelação é a Verdade que floresce quando o sofrimento é compreendido. Então a verdade sobre como meditar de forma correta requer a presença da visão, da compreensão de si mesmo, nesse instante. Reparem, nós estamos lidando com os estados internos que surgem. Eles precisam ser compreendidos. Ou nós compreendemos o estado ou escapamos dele.

De um modo geral, o ser humano está procurando escapar desses estados. Nós não sabemos o que é ter um olhar direto para aquilo que aqui está presente, como, por exemplo, a ansiedade, a angústia, a dor da solidão, o medo, o conflito que os desejos internos em nós, contraditórios, estabelecem.

Observe que nós desejamos uma coisa, mas, ao mesmo tempo, queremos uma outra, porque sabemos que aquela primeira coisa pode nos criar problemas. Então nós temos medo de que aquela primeira coisa nos cause problemas. Repare: nossos estados internos são contraditórios. Você tem dois desejos que se contradizem e ainda tem o medo por trás desses desejos contraditórios.

Notem que é assim que, psicologicamente, nós estamos funcionando. E para escaparmos disso, nós usamos expedientes de fuga. São essas fugas conhecidas na psicologia. Todo movimento em nós não é para uma aproximação da compreensão e, portanto, para o fim dessa condição psicológica, mas, sim, para escaparmos disso.

Nós precisamos ter um olhar real para essa condição, disso que se mostra aqui. Enquanto houver uma forma qualquer de conflito, de sofrimento, em razão de todos esses estados internos que surgem e não são visíveis, não são olhados, não são compreendidos, não teremos uma base verdadeira para a Meditação. E se não temos essa base para a Meditação, não temos a Verdade da compreensão sobre nós mesmos.

Quando há um interesse verdadeiro, profundo, real em nós, de Realizar a Verdade d’Aquilo que nós somos, nos aproximamos da Sabedoria. A Sabedoria, por exemplo, é outra pergunta: "Como adquirir?" Notem, a pessoa quer descobrir como adquirir a sabedoria, como alcançar a Iluminação Espiritual, como meditar de forma certa, como meditar de forma correta, mas tudo isso requer que tenhamos primeiro, antes de tudo, um olhar para aquilo que aqui está presente, aparecendo como sendo nossa vida, essa vida particular da pessoa.

A pessoa presente, esse "eu" presente, esse "mim", o ego, carrega conflitos, contradições, desejos, medos, e tudo isso está presente nesse instante. Então, estamos lidando com o que é aqui e agora, com o que se mostra aqui e agora. Antes de tudo, precisamos olhar para isso que é, sem fugir, então lançamos a base para a Meditação.

A Meditação é a Revelação do Silêncio, de Algo que surge quando a mente se aquieta, quando o cérebro silencia, então surge uma Realidade presente que está além da mente egoica, além disso que é, de todo esse conflito, desejos, contradições e problemas, que surgem em razão da presença do "eu", da presença do ego.

Você pode ter tudo na sua vida, você já pode morar na casa dos seus sonhos, você pode ter adquirido tudo o que você já desejou na vida, mas se você for honesto e olhar, irá perceber que algo ainda está faltando. Há um sentimento presente de insatisfação dentro de você, apesar de ter realizado tudo o que já almejou, tudo o que já desejou. Olhando de perto, olhando para si mesmo, irá perceber que você ainda deseja alguma coisa, ainda continua no movimento do desejo.

As pessoas realizam tudo na vida, mas elas não compreendem a Verdade d’Aquilo que trazem em si mesmas, além dessa mente, que é a mente do "eu", que é a mente egoica. Então há uma dor, uma incompletude, uma insuficiência interna, uma insatisfação.

As pessoas que se tornam muito bem-sucedidas no mundo, continuam ativas. Se elas pararem um pouquinho, ficarão cientes delas mesmas, da aflição que trazem em si próprias, desse estado de tédio, de insatisfação, de insuficiência, de carência. Então elas se mantêm muito ativas. E todo esse movimento é o movimento da fuga.

A verdade sobre o ser humano é que ele carrega essa condição psicológica em razão do sentido do "eu", do sentido do ego. Temos sempre presente uma ou outra forma de psicológica condição de dor, de sofrimento, porque nos falta a ciência de Ser, a arte da quietude, a ausência da Verdade Divina. Então, há uma condição psicológica de insatisfação, porque está presente o sofrimento de alguma forma.

Um olhar direto para a vida nesse momento, aprendendo o que é a observação do movimento do "eu", do movimento da mente, do movimento do pensamento, do sentimento, da emoção, da sensação, do modo de perceber a experiência; olhar para aquilo que surge nesse momento, saber o que é olhar sem o "eu", olhar sem esse "mim", sem esse ego, é descobrir Algo que está além dessa condição psicológica aflitiva, desordenada, conflituosa e problemática, que é a condição da identidade egoica, da identidade ilusória do "eu" presente no momento, no instante, aqui, no viver.

Assim, a Meditação acontece quando existe um esvaziamento de todo esse conteúdo. Então, como meditar de forma correta? Tendo um esvaziamento de todo esse conteúdo que dá identidade, que oferece uma identidade para esse sentido de experimentador, de pensador, de observador da vida. Isso nos dá a ilusão da sensação de ser alguém.

A Meditação é o esvaziamento desse conteúdo, é o fim para essa condição interna, psicológica, de pessoal, é o fim do "eu". Então, quando Isso está presente, nós temos a Verdade da Iluminação Espiritual, a Verdade da ciência de Ser pura Consciência, que é a Meditação.

Aqui nos deparamos com a Realidade da Vida, sem o sentido de separação entre você e Deus, entre você e o outro, entre você e o que acontece, entre você e a experiência. Então, a experiência, o que acontece, o outro, a vida e Deus é uma única Realidade, porque o sentido do "eu”, desse "mim", desse alguém, não está mais.

Junho de 2024
Gravatá-PE
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terça-feira, 3 de setembro de 2024

Como vencer o medo? Medo e tempo psicológico. Pensador é pensamento. Experimentador e a experiência.

Aprender pressupõe que você está pronto para descobrir, para tomar ciência, para constatar e, em geral, não fazemos isso. O que nós queremos é ter uma confirmação já da ideia, da crença, da conclusão que trazemos. Nós não sabemos, por exemplo, o que é o medo. Vamos nos posicionar no que diz respeito à questão do medo, por exemplo.

Não sabemos o que é o medo. Nós temos, sim, uma resposta de medo, mas nunca examinamos o medo de perto, nunca apreciamos o medo, porque ao nos aproximarmos do medo, já nos aproximamos do medo para condená-lo, para querer afastá-lo de nós. Então, não sabemos, na verdade, lidar com o medo porque não conhecemos o medo dentro de uma aproximação direta. Porque, se nós já tecemos opiniões e conclusões, nós já não gostamos, não queremos, não aceitamos. Isso nos impede de ter uma aproximação para um olhar próximo.

Compreendam isso, é muito simples. Você não pode compreender sem se aproximar e olhar de perto. E você não pode compreender algo se você já coloca sobre aquilo um conjunto de opiniões, de ideias e conclusões. Então as pessoas dizem: “Olha, eu já fiz terapia, eu já fiz análise, eu já procurei diversas formas de ajuda para me livrar do medo, então eu estou aqui para lhe perguntar como me livrar do medo”.

Aqui a primeira coisa é termos uma aproximação desse estado, mas aqui já nos deparamos com outra dificuldade, que é a dificuldade de aceitar o estado sem o nome, sem esse saber, sem essa conclusão. Então estamos aqui nos deparando com algo que não é muito simples, porque a nossa inclinação é de rejeitar esse estado, e rejeitamos o estado porque, basicamente, já temos o nome dele, já sabemos o que ele significa e acreditamos que essa rejeição é algo muito, muito natural.

Aqui eu estou dizendo para você: a compreensão do estado é algo fundamental para o fim da condição desse estado. O nome não importa. A timidez é uma forma de medo, a ansiedade faz parte do medo, a preocupação com o passado é medo, com o futuro é medo, com a velhice é medo, com a doença é medo, então não importa o nome que estamos dando para esse estado e toda a clareza intelectual que nós tenhamos sobre esse estado. Analisar o estado não irá funcionar, conhecer intelectualmente o estado não irá funcionar, descobrir a causa, a razão, o porquê desse estado, isso também não irá funcionar.

Aquilo que funciona é ter um contato direto com a experiência. Sem o nome, isso é possível. Sem a análise, isso é possível. Sem a justificativa de uma causa, sem a justificação dessa causa, isso é possível. Sem uma opinião, isso é possível. Quando nos colocamos em direto contato com a experiência é quando podemos perceber que essa experiência está presente porque esse “eu” está presente.

Não há qualquer separação desse estado, que agora não tem nome. Não precisa ter nome, não precisa ter uma causa, uma justificativa para ele estar lá, tudo o que precisamos é ter uma aproximação; e quando há essa aproximação, fica claro que esse que se aproxima do estado é o estado. Não há separação entre “esse” e o estado. Isso equivale a dizer que a experiência e o experimentador não estão separados. Isso vale para o medo, como estamos investigando aqui. Na verdade, isso vale para a tristeza, para a angústia, para todos esses quadros de infelicidade psicológica que nós conhecemos. A experiência não está separada desse que se aproxima da experiência. Eu espero que isso fique claro para você.

No medo há o medroso, na tristeza tem esse que está triste, na angústia tem esse que está angustiado, mas o angustiado é angústia, a tristeza é o triste, e o medroso é o medo. Então o medo é o medroso, aquele que está triste é a tristeza, a angústia é o próprio angustiado. Quando temos uma aproximação da experiência, percebemos que não existe essa separação, e quando aprendemos a nos aproximar da experiência sem essa separação, não há rejeição.

Quando fica claro que o medroso é o medo, não há nada que se possa fazer com o medo. Quando fica claro aqui, nesse contato com a experiência, que o experimentador e a experiência são um só, não há nada o que fazer com a experiência, e quando isso ocorre, esse “eu”, que é o experimentador dentro daquela experiência, fica imobilizado, porque o “eu” é o medroso, o “eu” é o experimentador, o “eu” é o elemento angustiado, o “eu” é esse elemento que é o “eu triste”. Então o “eu” é aquele que está na experiência com uma ideia a respeito do que a experiência representa e tentando fazer algo com aquela experiência. Agora, não há separação.

Veja como é bem interessante isso aqui. A nossa predisposição é de se livrar, e aqui eu estou dizendo: apenas constate, tome ciência, se torne cônscio da experiência sem esse “eu”, sem esse experimentador; permita que o medo esteja aqui sem ser rejeitado, sem ser condenado, sem qualquer reação a ele, sem qualquer ideia ou conceito do que ele representa, abandone a análise dele, o entendimento intelectual do significado dele, abandone a busca da causa dele, apenas constate, se torne ciente disso que está se mostrando nesse instante.

Acompanhem isso. Aquilo que está se mostrando nesse instante é a experiência, ela é algo que está vindo do passado. Nenhuma experiência sem o experimentador pode permanecer viva. A experiência aqui, sem o experimentador, é só um experimentar, e esse experimentar não tem continuidade, ele aparece e se dissolve. Ele só pode ter continuidade quando há um experimentador por detrás; quando há esse experimentador por detrás da experiência, essa experiência tem continuidade.

Percebam a beleza disso. As pessoas querem vencer o medo, mas a pessoa, o sentido de um “eu” na experiência é o próprio medo. Então nós temos o medo, que é a experiência, e temos o medroso, que é o experimentador, que é o “eu”, e tudo isso é uma única coisa que se separa para manter a continuidade. Então o “eu” é esse que se separa como o experimentador da experiência para sustentar a continuidade da experiência.

Então chega você e diz: “Como vencer o medo?” Você é o medo. A presença desse experimentador é a experiência. A presença desse pensador é o pensamento. Percebam como é interessantíssimo ter uma aproximação nova deste assunto do fim do medo. É disso que tratamos com você aqui, da Real possibilidade do fim do sofrimento – não se trata de vencer o sofrimento –, da Real possibilidade do fim do medo – não se trata de vencer o medo –, do fim da inveja, do fim do ciúme. Quando esse enciumado não está, temos o fim do ciúme, quando esse medroso não está, temos o fim do medo, porque temos o fim dessa continuidade da experiência.

Assim, não há como vencer o medo sem ter que vencer de novo e de novo e de novo e de novo. Esse que vence o medo continua no medo. Tudo o que temos feito nessa coisa de vencer o medo é superar temporariamente a condição da experiência do medo; basta o experimentador mudar o foco, mudar seu interesse, mudar sua orientação psicológica e o medo desaparece. Mas uma outra coisa ainda se sustenta no lugar do medo. Então, substituir o medo por uma outra coisa, é isso que as pessoas, em geral, chamam de vencer o medo.

Aquilo que você vence uma vez, vai ter que continuar vencendo. Aquilo que você substitui uma vez, terá que continuar substituindo. Não é disso que estamos falando. Estamos falando do fim do medo, o que representa o fim do medroso. O fim para a ansiedade significa o fim para esse em ansiedade, que é o “eu”, que é o ego. Então estamos falando de algo inteiramente diferente de algo que o “eu”, o ego, esse “mim” possa fazer, vencer, se livrar, alcançar, obter, conquistar. Não se trata de conhecer Deus, aqui se trata de assumir a Verdade de que Deus é a única Realidade presente quando o “eu” não está.

Não se trata de encontrar o Amor. O Amor não é algo encontrável no tempo, que se possa obter realizando um projeto, um planejamento, traçando metas, esperando em algum momento ele acontecer. O Amor é Aquilo que está presente quando o ego não está. Não sabemos o que é a Beleza do Amor agora, a Beleza e Deus agora, a Beleza do fim o sofrimento agora. A Beleza do fim do medo é agora. Não há medo sem pensamento, não há medo sem esse tempo psicológico criado pelo pensamento, que dá formação a esse experimentador para viver o medo – tem ele e o medo. Está claro isso?

Nosso trabalho aqui consiste em olhar, em investigar, em observar, em se tornar ciente de tudo isso, de como aparece isso, como isso surge. Fazemos o uso da fala e, assim, temos que fazer uso de expressões e palavras como “medo”, “ansiedade”, “angústia”, mas reparem, isso não tem relevância. O que tem relevância é a descoberta desse Natural Estado livre de todos esses estados conflituosos, de sofrimento, de complicações emocionais, de dor psicológica, de sofrimento psicológico.

Então, o nosso trabalho aqui é nos tornarmos cientes da Verdade deste Ser que somos, que é Amor, que é Liberdade, que é Felicidade. Se Isso está presente, não há mais problemas, não há mais sofrimento, não há mais o medo, e isso é a resposta para o Amor, isso é a Real Resposta para a Felicidade, a Real Resposta para a Verdade de que Deus está Presente.

Para esse propósito nós temos encontros aqui on-line nos finais de semana. Você tem aqui na descrição do vídeo o nosso link do WhatsApp para participar desses encontros que acontecem sempre nos finais de semana. Além disso, temos encontros presenciais e temos retiros. Se isso é algo que faz sentido para você, já deixe aqui seu like, se inscreva no canal e coloque aqui nos comentários: “Sim, faz sentido”, ok? E até a próxima!

Março de 2024
Gravatá-PE
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