Aqui nós estamos vendo juntos, a partir de ângulos diferentes, a Verdade do Autoconhecimento. Refiro-me à vivência direta e compreensão clara desse Natural Estado de Ser, onde aquilo que é a Realidade de Deus se revela. Então, essa aproximação do Autoconhecimento – me refiro ao Autoconhecimento Supremo, à ciência do Autoconhecimento na prática –, revela esta Verdade, a Verdade do seu Ser, a Verdade sobre cada um de nós.
O ser humano passa uma vida inteira envolvido com os seus desejos, seus medos, suas razões, suas intenções, suas motivações. E o que há por trás de tudo isso? Um padrão de comportamento puramente egocêntrico.
Então, fica muito simples ter uma compreensão de que, enquanto esse padrão se repete, a condição psicológica em cada um de nós se mantém a mesma; e quando isso ocorre, não há esse encontro com aquilo que estamos buscando, com aquilo que estamos procurando. Até porque não sabemos bem o que é que estamos procurando na vida.
Há um impulso dentro de cada um de nós pela procura da felicidade, para termos um encontro com a felicidade, embora não saibamos o significado real disso. A representação intelectual e mental que temos disso é de realizações materiais. É por isso da importância do Autoconhecimento.
Uma aproximação da vida de forma real, de forma verdadeira, revela Aquilo que está além daquilo que a mente conhece e procura dentro dessa busca dela. Então, nós precisamos ter sempre uma aproximação muito clara a respeito da Verdade sobre nós mesmos nesse momento.
A compreensão de quem somos nesse instante revela a ilusão de uma identidade presente. O conhecimento dessa Verdade, que é a ciência dessa ilusão, traz o descarte para essa condição psicológica de ser alguém, de ser essa pessoa.
A pessoa é esse sentimento de ser, dentro da vida, do viver, da experiência, alguém: alguém que pensa, alguém que sente, alguém que faz, alguém que pode se livrar do que lhe faz sofrer, alguém que pode alcançar o que pode lhe dar satisfação, preenchimento, gratificação, realização. Tudo isso é visto nessa compreensão da Verdade sobre aquilo que nós somos, nesse instante.
Assim, a importância do Autoconhecimento é algo fundamental para cada um de nós. Então, esse é o nosso empenho dentro desses encontros. E a primeira aproximação disso deve ser, naturalmente, a aproximação da verdade de como internalizamos as experiências, como percebemos internamente aquilo que acontece a cada um de nós – essa representação interna que fazemos desse momento.
Acompanhe isso com muita clareza aqui, nesse instante, coloquem o coração para essa compreensão clara do que vamos colocar nesse instante, nesse momento. O seu modo de observar o que acontece, invariavelmente, é sempre a partir de uma representação interna de como você particularmente vê o mundo, vê as situações, os acontecimentos, os eventos da vida e, também, naturalmente, as pessoas com quem você se relaciona.
A coisa é bastante complexa, porque tudo isso vemos a partir da forma como nós também nos vemos. Não temos uma compreensão de quem somos nesse instante, temos apenas uma imagem sobre aquilo que nós somos – porque é isso que temos de nós mesmos, uma imagem sobre quem nós somos.
Quando temos uma imagem sobre quem nós somos, o nosso contato com tudo isso é completamente falseado. Então, nós não temos uma visão da Realidade desse instante, desse momento. Não há em nossa vida a Verdade, a Sabedoria, a Compreensão, essa naturalidade de Ser, simplesmente Ser.
Veja o que estamos trabalhando aqui com você. A ideia de ser alguém – observe, tome ciência disso, compreenda diretamente isso e você irá perceber – é só uma imagem que você faz sobre quem você é, que falsifica completamente a experiência. Então, vamos com calma ver isso.
Por toda a nossa vida, por todos esses anos – vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos, a idade que você tem – a forma como nos aproximamos da experiência é sempre a partir já de uma imagem que fazemos sobre quem nós somos. E como esse contato com a experiência é visto a partir desse experimentador, então nós trazemos esse experimentador, que é essa imagem que fazemos sobre quem nós somos
No contato com a experiência, nós adquirimos mais experiência, e essa experiência é aquilo que guardamos dentro de cada um de nós, nesse formato de lembrança, de memória, do que aquele momento representou para esse experimentador. Então, nós guardamos isso.
Assim, nós estamos sempre entrando em contato com o momento novo já com essa base de uma experiência passada. Então, a forma como cada um de nós passa pelas experiências é sempre a partir do crivo, da forma, do modelo já prefixado em nós, desse experimentador, dessa imagem que fazemos sobre quem nós somos, dentro daquele contexto.
O momento é novo, mas o experimentador é algo que vem do passado. O quadro, a situação é nova, mas aquele que entra em contato com essa experiência é essa autoimagem, que está abalizada no experimentador. Assim, todo o contato que temos com a vida, com as situações, as circunstâncias, as pessoas, os acontecimentos, os eventos, está sendo experimentado a partir dessa ótica, que é o "mim", o "eu", essa autoimagem, esse experimentador, esse alguém.
Então, o sentido de ser alguém na vida é o sentido de ser um experimentador dentro da experiência; e esse experimentador é esse elemento que vem do passado. Há uma separação entre aquilo que está aqui presente acontecendo e esse que está nessa experiência. Reparem como isso é bastante delicado.
É necessário ter uma compreensão direta de que o seu contato com ele, com ela, com essa ou aquela circunstância é um contato que já vem com um modelo prefixado do passado, desse centro, que é o ego. Por isso, naturalmente, temos o conflito, temos a contradição, temos o problema.
Não conhecemos, nesse momento, o novo, porque todo o contato que temos com esse momento não é o contato da ciência daquilo que está aqui, exatamente como isso é, o significado real disso. Estamos tendo um contato a partir desse fundo, desse padrão, desse modelo de reconhecimento que vem do passado.
O nosso trabalho juntos aqui está em constatar a Verdade da vida acontecendo nesse momento, sem esse passado, sem esse fundo. Esse fundo é o experimentador, é a autoimagem, é o “eu”, é o ego. O que estamos dizendo para você é que não há como realizar aquilo que procuramos sem tomar ciência da Verdade sobre isso.
E o que é que estamos procurando? O que estamos procurando é exatamente a vida acontecendo nesse instante, sem esse "mim", o "eu", o ego, esse experimentador, essa autoimagem. Assim, uma aproximação nova se tornará possível: a aproximação da vida como ela é, sem essa desfiguração que o pensamento em nós sustenta.
A forma como representamos o que acontece, como estamos dando significado, importância, valor, reconhecimento, aceitação, rejeição, tudo isso parte desse fundo que vem do passado. É o modo como, psicologicamente, esse sentido do "eu" assume esse momento.
Então, esse instante, aquilo tudo que ele representa, tudo isso que ele significa, não faz o menor sentido para esse centro, para esse "eu", porque ele o vê como deseja, ele tem expectativas, alvos, propósitos, objetivos. Então, esse padrão de comportamento em nós, nesse momento, é autocentrado, centrado no "eu", no ego.
Nossas ações são centradas nesse padrão que separa, divide, altera, colore a experiência. Há uma exigência desse ego. Reparem que tudo isso lhe afasta exatamente daquilo que, na realidade, todo ser humano está à procura. Todo ser humano está, na verdade, à procura de uma Completude de Ser.
Temos confundido essa busca real pela Verdade dessa Completude de Ser por uma busca de satisfações, de realizações, de objetivos diversos. Isso ocorre em razão desse fundo que trazemos, desse condicionamento interno que trazemos para esse momento.
O contato com a Realidade do seu Ser, o contato com a Realidade Divina, é o contato com esse momento, sem esse elemento que é o "eu", o "mim", o ego, nessa intenção de mudar, de alterar, de ajustar, de fazer com que esse momento representa para ele, para esse centro egocêntrico, alguma coisa que possa completá-lo.
E por que Autoconhecimento Supremo? Porque não se trata de uma ferramenta ou de um mecanismo que fazemos uso para realizar propósitos egocêntricos, que é exatamente o que fazemos nessa psicológica e interna confusão em que nós nos encontramos nessa relação com esse instante, com esse momento presente, com base nesse fundo psicológico, que é o "eu", o ego, essa autoimagem, esse experimentador.
Precisamos descobrir algo além disso, além dessa condição. E é isso que estamos propondo aqui para você. A Verdade de Deus, dessa Coisa indescritível, inominável, se Revela quando há essa Verdade do Autoconhecimento.
A aproximação real do Autoconhecimento é o fim desse sentido de um "eu" presente, que é esse centro ilusório, que se separa do momento presente, que se separa da experiência para ser esse experimentador, que está sempre acrescentando a esse momento algo dele, que vem do passado, e extraindo algo desse momento para ele, e assim mantendo sua continuidade dentro de uma ilusão.
Autoconhecimento é a forma real de nos aproximarmos da Realidade de Deus, da Realidade d’Aquilo que é inominável. Temos diversos nomes para Aquilo que está fora do conhecido, para Aquilo que está fora do tempo, mas estamos sempre colocando aqui para você em palavras, Aquilo que está além, naturalmente, das palavras. Então, é preciso sempre ter uma aproximação bem cuidadosa a respeito de tudo isso.
Aqui o nosso propósito é a eliminação desse movimento, que é o movimento do "eu", que se mostra, nesse momento, como sendo o experimentador disso que aqui está se vendo como uma entidade separada e, naturalmente, interpretando, traduzindo, avaliando, julgando a experiência de acordo com seus desejos, de acordo com seus medos, com a sua intenção de fugir do que lhe desagrada, de encontrar mais satisfação e satisfação naquilo que lhe dá prazer. Tudo isso desaparece quando há essa Verdade da Revelação do seu Ser Real, dessa Realidade Divina, que está fora da mente egoica, que está fora desse modelo.