terça-feira, 31 de outubro de 2023

Como vencer o sofrimento? O que é o sofrimento? O que é o pensamento? Mente condicionada. Dualidade.

A pergunta é: “Como se livrar do sofrimento ou como vencer o sofrimento?” Estamos aqui diante uma pergunta, ou de duas perguntas, bastante intrigantes. Nós precisamos compreender a verdade do sofrimento. Qual é a estrutura? Qual é a natureza? Qual é a base real do sofrimento? É interessante essa nossa tentativa de se ver livre do sofrimento. É interessante porque queremos ficar livres disso sem antes compreender o que é o sofrimento.

O ponto aqui é que não podemos ter uma aproximação do que é o sofrimento, qual a sua estrutura, sua natureza e sua base sem antes nos aproximarmos de uma compreensão da verdade daquele que sofre. Quem é esse que sofre? Nós não perguntamos. Nós perguntamos como “eu” posso me livrar do sofrimento, mas não perguntamos o que é esse “eu”. Não temos interesse em investigar a natureza do “eu”, ou seja, a natureza daquele que sofre. A não compreensão da verdade sobre esse “eu” que sofre nos impossibilita a compreensão da verdade sobre o sofrimento.

Nós vivemos, por exemplo, como criaturas separadas umas das outras, com ideias, conceitos, opiniões, particulares visões sobre esse assunto, sobre aquele outro assunto. Isso é algo muito particular em cada um de nós. Isso é algo que nos separa. Nós estamos separados como criaturas humanas. Como criaturas humanas nós vivemos separados uns dos outros, separados da vida e separados de nós mesmos.

Nós não sabemos o que é o pensamento presente para esse “eu” que está separado do pensamento – ou pelo menos ele se vê como uma entidade separada do pensamento. Por exemplo, nós temos essa ideia “estou pensando”, então tem esse “eu”, o pensador, separado desse pensamento, tem esse “eu” separado dele ou dela, tem esse “eu” separado da vida. Essa separação, essa divisão, a presença desse “eu” que se vê separado de si mesmo, daquilo que surge como pensamentos, emoções, sentimentos, esse “eu” que diz “sinto, penso”, esse “eu” que diz “estou vendo”, esse “eu” que diz “eu e você”, “eu e ele”, “eu e a vida”, esse “eu” é o sentido de uma identidade presente se separando.

Aqui nós temos o elemento principal dessa questão da estrutura, natureza e base de todo o sofrimento humano: é o elemento “eu”. “Eu tenho minha religião, você tem a sua religião. Eu tenho a minha ideia, você tem a sua ideia. Estamos separados”: nesta separação há, naturalmente, o conflito. “Eu sou cristão, você é budista, ele é mulçumano”, “Eu sou católico, você é evangélico, ele é espírita”, “Eu acredito nisso, você acredita naquilo e eles acreditam em outra coisa”, nós estamos, assim, separados, e nesta separação há, naturalmente, conflito, divergência, atrito, sofrimento.

Não sabemos lidar com o pensamento, porque temos esse “eu” que não sabe o que é o pensamento e o pensamento lhe aflige. Repare que nós temos uma mente inquieta, tagarela, há um movimento de pensamento que não sabemos como ele funciona em nós. Do ponto de vista de sentimentos em nós, sentimos, mas não sabemos o que são os sentimentos, não sabemos lidar com os sentimentos, não sabemos lidar com os pensamentos, não sabemos lidar com as emoções, não sabemos lidar com o outro. Não percebemos que esse “outro” separado desse “mim” é algo que está sustentando, nesta divisão, essa ou aquela outra forma de conflito e, portanto, de sofrimento.

Assim, qual é a natureza do sofrimento? É a não compreensão da verdade desse “eu” que se separa da vida, que se separa do outro politicamente, religiosamente, filosoficamente, psicologicamente, existencialmente. Esse “eu” em “mim”, esse “mim” que é o “eu” autocentrado numa posição egocêntrica na vida, no viver, é angústia, é ansiedade, é depressão, é confusão mental, é desordem psicológica, emocional, é desordem religiosa, é desordem filosófica, é desordem política. Tudo isso é o sofrimento do homem, é o sofrimento humano, é esse “meu sofrimento”.

Então, qual é a estrutura, qual é base, qual é a natureza do sofrimento? É o sofredor, é o sentido de “alguém” presente que ao se deparar com a vida como ela é se depara com a vida a partir de ideias, de formulações ideológicas, formulações psicológicas, formulações religiosas. Então, os nossos conceitos e preconceitos fazem com que sejamos criaturas separatistas, vivendo uma vida particular egocentrada e, portanto, em sofrimento. Psicologicamente, estamos sobrecarregados de pensamentos nessa inquietude de um cérebro que está programado para se mover de uma forma automática, inconsciente, em um movimento de insanidade, lidando com os pensamentos, com as emoções e os sentimentos de uma forma caótica.

Então, vivemos no futuro, psicologicamente falando, e essa vivência no futuro em nós representa esse peso de ansiedade. Vivemos no passado e essa vida no passado é a ilusão de “alguém” aqui, nesse instante, presente nesse momento com uma história da qual quer se livrar. Esse sofrimento é a depressão. Esse momento presente não é compreendido como ele é porque há esse peso, há todo esse movimento de inquietude quanto ao que fazer, o que não fazer, como lidar com o “outro”, como lidar com esse “mim”, como lidar comigo mesmo, com esse senso de um “eu”. A condição nesse presente momento é de estresse. Então temos a ansiedade, temos a depressão, temos o estresse, temos essa ou aquela forma de sofrimento em razão da presença desse que sofre, que é o “eu”.

Esse sentido de uma identidade presente, que é o “eu”, é a raiz, é a questão básica, é a estrutura e a própria natureza do sofrimento. Ter uma aproximação, um olhar novo para esse movimento da vida requer uma mente livre, uma mente descondicionada, porque é assim que nós estamos vivendo nossas vidas: temos uma mente condicionada. O cérebro é parte dessa mente condicionada, nosso intelecto está condicionado, nosso modo de avaliar, de julgar, de comparar, de aceitar ou rejeitar ocorre em nós de uma forma bastante restrita, limitada, condicionada em razão desse conjunto de ideias, de avaliações preconcebidas, de conceitos adquiridos dentro dessa cultura, dentro dessa sociedade, dentro desse mundo.

Então, o nosso cérebro está condicionado para se mover dentro desse padrão de condicionamento; um cérebro condicionado, uma mente condicionada, um modo de se aproximar do “outro”, de se aproximar dos desafios da vida completamente equivocado. As situações adversas, as situações difíceis, as situações complicadas são, na realidade, situações desafiadoras. Elas são difíceis, elas são adversas, elas são complicadas em razão desse cérebro condicionado. Essa inabilidade de lidar com a experiência do momento presente se configura em um desafio para uma mente condicionada, para um cérebro condicionado. Então, atender a esse desafio dentro dessa limitação, nessa ausência da Real Inteligência, da Real Consciência se configura em sofrimento, se mostra numa condição de vida e de existência conflituosa, aflitiva.

Então, notem, para a pergunta “Como se livrar do sofrimento ou como vencer o sofrimento?”, a resposta está na compreensão da natureza do “eu”, do ego. Sem a base Real, que é Autoconhecimento, sem a singular e única Verdade da Real Meditação de uma forma vivencial, aqui e agora, é algo impossível. Enquanto o sentido de um “eu” que se vê separado da vida, que se vê separado da Existência, enquanto o sentido de um “eu” presente permanecer se vendo como uma entidade separada de si mesmo, sendo esse “eu”, o pensador, separado dos pensamentos, esse que sente separado dos seus próprios sentimentos, esse que se vê na emoção separado das suas emoções, esse que se vê como sendo o “eu” separado do outro, enquanto isso estiver presente, haverá sofrimento.

Enquanto não houver a compreensão desse elemento, que é o elemento separatista que sustenta esse sentido de dualidade, a dualidade estará presente. Nessa dualidade psicológica, nesse sentido de uma identidade separada do “outro”, separada da vida, separada dessas representações internas de pensamentos, sentimentos, emoções, sensações, percepções, enquanto isso estiver presente, o sofrimento estará presente; então, a nossa vida, do início ao fim, será sempre uma vida de problemas e, portanto, de sofrimento.

Aqui eu quero lhe convidar a uma vida livre do “eu”, do ego e, portanto, uma vida livre de sofrimento. A Realidade do seu Ser, que é a Realidade de Deus, não carrega sofrimento. Não se trata de vencer o sofrimento, não se trata de se livrar de sofrimento, se trata de compreender a ilusão desse “eu”. Isso é o fim para esse que sofre e, portanto, isso é a verdade sobre o fim para o sofrimento. A verdade sobre vencer o sofrimento, a verdade sobre se livrar do sofrimento é a verdade de ir além desse “eu”, de soltar essa ilusão desse senso de uma identidade separada, o que significa o fim do ego, o que se constitui como o fim do “eu”. Alguns chamam isso de o Despertar Espiritual, a Realização de Deus.

Então, nós estamos trabalhando exatamente isso aqui com você, lhe mostrando a Verdade da Revelação do seu próprio Ser. Tomando ciência desse “eu”, há o fim para essa ilusão, e o fim dessa ilusão desse senso de um “eu” que sofre é que está a Liberdade de não sofrer, a Liberdade para essa questão do sofrimento.

Setembro de 2023
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quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Ausência do Autoconhecimento. A Realização da Verdade é a Realização de Deus. Iluminação Espiritual.

Tomar ciência da Verdade sobre você é algo essencial. Em geral, nossa vida é muito cansativa, a impressão que se tem é da repetição. Nós temos uma vida tediosa e nós sempre perguntamos: o que fazer com isso? As nossas ideias são truncadas a respeito do que a vida representa, de como ela acontece.

Para nós, a presença desse cansaço, dessa rotina ou desse tédio tem uma razão sempre externa a nós mesmos, é a vida que não é boa, é a vida que é repetitiva, é a vida que é cansativa, é a vida que é tediosa. E para escapar disso nós nos movimentamos procurando fazer alguma coisa. Então, é muito típico do ser humano essa procura por experiências mais ricas, mais significativas, mais profundas, mais satisfatórias para ele, para “mim”.

Então, “eu quero me livrar de alguma coisa, mas eu quero me livrar realizando uma nova coisa”; “eu deixo aquilo que não me satisfaz, que não me conforta, que não me anima, que não me entusiasma, que não é aprazível e vou em busca de algo que me dê prazer, que me satisfaça, que me realize”. É muito comum em nós essa procura por novas sensações em experiências. Quando fazemos isso, nós nos lançamos nessa procura, nessa busca. O que, na verdade, estamos fazendo, estamos fazendo para fugir dessa condição de tédio, de rotina, de padrão. É por isso que estamos constantemente ocupando nossas horas do dia – que são horas que estamos desocupados – com alguma coisa que nos dê algum nível de preenchimento, de satisfação ou prazer. O problema para nós sempre está no externo, do lado de fora.

Compreendam isso: a nossa visão do mundo é a visão de alguém que sabe o que está acontecendo lá fora. A gente parte de um princípio muito equivocado de que nós existimos dentro desse contexto da vida e que a vida tem que representar alguma coisa para nós, então tem esse “eu” aqui e a vida lá, e a vida tem que me preencher. Há uma constante busca de preenchimento. Nessa busca de preenchimento está implícito a insatisfação, mas não é a insatisfação com a vida, porque de verdade ela é tediosa, porque de verdade ela é rotineira, porque de verdade ela é chata ou porque de verdade ela é problemática, mas é porque esse “eu” está aborrecido com ele mesmo, chateado com ele próprio, entediado nele mesmo, com problemas.

Essa nossa visão é totalmente errônea, de que o mundo irá nos fazer feliz, que o que chamamos de “vida” irá nos preencher e que alguma coisa que possamos fazer irá resolver essa questão. Enquanto que, na verdade, todo o problema consiste no modo como estou em relação com a vida, com a situação, com esse instante, com esse momento. É sempre o sentido de um “eu” presente tentando moldar, ajustar, resolver, equilibrar, consertar o que está do lado de fora.

A Verdade sobre você é desconhecida. Essa é a ignorância sobre quem somos. Enquanto isso continua nessa ausência da compreensão sobre nós mesmos, nessa ausência do Autoconhecimento, estará a presença do tédio, do cansaço, da rotina, dessa condição interna psicofísica, emocional, sentimental, de pensamento, de sensação, onde tudo é desse jeito. Não tem nada a ver com o que acontece, tem a ver como me sinto com o que acontece.

Então o que nos falta é a compreensão sobre quem somos, a Verdade do seu Ser, a Verdade de sua Natureza Real se revelando agora, aqui. Aquilo que temos de mais encantador num trabalho de Autorrealização, do Despertar da Consciência, da Iluminação Espiritual, desse encontro com a Realidade Divina – que é a proposta que aqui temos –, é a possibilidade de olharmos para nós mesmos, de nos tornarmos cientes de nós próprios, ver aquilo que se passa aqui, deixando essa ilusão de olhar para fora.

Olhem para si mesmos. Nós estamos, sempre, em uma relação com o mundo como se fôssemos a figura central dessa experiência nessa relação. Notem o autocentramento que temos. Em uma relação com uma outra pessoa, estar interessado naquilo que sinto, naquilo que penso, naquilo que espero dela é a coisa mais importante, e isso é egocentramento. Nesse egocentrismo, nossa vida tem sido levada, e a expressão “minha vida” ou “nossa vida” já guarda isso. A ilusão de uma identidade presente podendo resolver, consertar, ajustar, fazer como deseja, é para se sentir bem, o que é uma ilusão. Todo esse movimento do “eu”, inquieto como ele está, insatisfeito como se encontra, infeliz como ele é, tudo isso só irá representar mais e mais da mesma coisa.

Todo o problema consiste na presença do insatisfeito, do entediado, daquele que está cansado, daquele que está infeliz. Todo o problema consiste na existência desse “eu”. Por isso que o Autoconhecimento lhe aproxima da investigação da Verdade sobre quem você é, e essa é a forma mais direta para a descoberta da Revelação d’Aquilo que é Indescritível, que é Inominável, que está fora da mente, que está fora do “eu”, que é a Realidade de Deus, a Verdade Divina, a Revelação do seu Ser, a Felicidade de sua Natureza Essencial.

A Verdade sobre quem somos é Felicidade, é Paz, é Inteligência, é Liberdade. Não é tédio, não é cansaço, não é aborrecimento, não é frustração. A beleza de tudo isso é descobrir que você está aqui para essa Realização, e se ela está presente, não existe qualquer momento, não existe qualquer instante, qualquer ocorrência ou o que quer que esteja acontecendo aqui, neste momento presente que, de verdade, possa representar para você uma importância de tal teor que lhe cause infelicidade, aborrecimento, tédio ou algum tipo de sofrimento quando o sentido do “eu”, do ego, desse “mim” não está presente. E tudo o que fazemos aqui é investigar isso.

Tomar ciência da ilusão é ir além dela. Não podemos fazer isso sem compreender essa estrutura, essa natureza do “eu”. A compreensão disso lhe mostra que esse momento é completo, ele é único, ele é singular e há nele grande Beleza, grande Encanto, Silêncio, Verdade e Amor. Não está aqui, está na ilusão de “alguém” aqui, se separando desse momento, querendo viver uma projeção, querendo viver uma ideação, querendo viver uma ilusão, querendo, nessa separação, se sentir pleno com algo, com alguma condição, com algum evento, com algum acontecimento, com alguma experiência.

A Realização da Verdade é a Realização de Deus, e a Realização de Deus é o fim do “eu”. Como esse momento só mostra essa Realidade, e essa Realidade só está aqui sendo o que ela É porque a única Verdade disso é essa coisa Inominável, Indescritível, essa Beleza que é a Verdade Divina. Então quando você se aproxima da Meditação, você se aproxima de si mesmo. Quando você se aproxima desse olhar para esse movimento do “eu” pelo Autoconhecimento, há um descarte desse “eu” insatisfeito, entediado, aborrecido e cansado dele mesmo. Assim, essa nossa procura por alguma coisa não vai resolver. Na verdade, é a procura por estar satisfeito consigo mesmo, e nenhuma sensação, nenhuma experiência, nenhum acontecimento externo pode lhe dar isso.

Existe uma descoberta para você fazer, é a descoberta sobre a Verdade do seu Ser. O que é você quando você não está? É paradoxal isso: você sem “você”. Aqui eu me refiro à Realidade Divina de sua Natureza Real. Quando isso está presente sem esse “você”, que é uma ideia que você tem sobre você. É disso que você está cansado, é disso que você está entediado, é isso que lhe aborrece. Você é sempre a mesma pessoa se movendo sempre da mesma forma. Nesse isolamento, você se projeta para fora disso com esses objetivos, com esses ideais, com essas crenças que, no fundo, você sabe que não resolve. É só uma tentativa de fugir, é só uma tentativa de escapar; escapar de você mesmo, desse “mim”, desse “eu”.

Essa constatação da Verdade sobre você, a Realidade de você sem esse “eu”, sem esse “você” como você se vê, como você se sente, é o fim para tudo isso. Não há nenhum outro problema no mundo, não há nenhum problema nas pessoas, não há nenhum problema nesse instante, nessas situações. O único problema é a ilusão desse “você”, dessa ideia de ser “alguém”. Quando há uma aproximação da Verdade sobre a Meditação, você se torna ciente da não separação entre esse tédio, esse cansaço, esse aborrecimento e esse “eu”, e quando não há mais essa separação, você se torna ciente de Algo que transcende essa dualidade, esse “você e o tédio”, esse “você e o cansaço”, “você e o aborrecimento”, “você e essa condição psicológica interna”. Isso se revela na razão em que a separação desaparece.

Guardem isso, percebam isso, verifiquem isso, olhem para isso de uma forma direta. Nenhum pensamento está presente sem a ilusão de um pensador sustentando esse pensamento. Nenhuma emoção peculiar está presente sem a ilusão desse que sustenta essa peculiar emoção. Assim, nenhum tédio, nenhum aborrecimento, nenhuma contrariedade está presente sem esse que está entediado, aborrecido, contrariado. Esse olhar para si mesmo, essa aproximação de si próprio sem essa separação põe fim a essa ilusão, então Algo novo está e esse Algo novo é a ausência desse “você” que você acredita ser, é a Realidade do seu próprio Ser se mostrando sem conflito, sem sofrimento, sem problema. Isso é Liberdade, isso é Silêncio, isso é Meditação, isso é Felicidade.

Setembro de 2023
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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Ilusão do livre-arbítrio | Consciência Real | Mente condicionada | Ação livre do condicionamento

Eu tenho para mim que uma das coisas mais importante aqui é aprendermos a acompanhar uma fala como essa e aplicar em nossas vidas aquilo que aqui estamos vendo, percebendo, investigando. De outra forma, nós ficamos apenas no aspecto verbal, no aspecto teórico daquilo que aqui está sendo colocado.

Reparem que nós estamos vivendo numa condição de mundo onde há confusão, onde há desordem, onde não há clareza, onde, na verdade, há muito sofrimento. Essa é a condição desse mundo – na realidade, desse sonho de mundo que nós temos, porque é o mundo que nós conseguimos reconhecer dentro desse sonho. Na verdade, esse mundo é o mundo desse próprio “eu” com o qual nós nos identificamos, com o qual nós nos confundimos, então essa é a condição de sonho de mundo que vivemos. Portanto, se a gente não aprender a lidar com essa situação, que é a vida como ela se mostra, como ela se apresenta, sem esse elemento que está produzindo essa confusão – que é o “eu” –, nossa vida continuará da mesma forma. Então, não adianta nós ouvirmos uma fala como essa apenas intelectualmente.

Eu quero tratar com você aqui sobre o aspecto, por exemplo, da escolha – essa é uma ilusão muito comum para todos nós. Nós trazemos uma ideia de que, a partir das escolhas que podemos fazer, podemos encontrar essa Felicidade, esse Amor, essa Liberdade e, assim, nós nos colocamos num movimento de ação que tem por base nossas escolhas.

Nós nunca investigamos a natureza desse “eu” que faz essas escolhas. Primeiro que essa ideia de escolha parte de uma ilusão: a ilusão de que podemos decidir, que podemos resolver e que podemos aplicar nossas decisões, nossas resoluções. Então a ideia é “alguém” presente sabendo o que é e o que não é, o que deve fazer e o que não deve fazer, o que precisa fazer e o que não precisa fazer, ou seja, estamos sempre com uma ideia equivocada, a ideia de “alguém” presente agora, aqui, fazendo essas escolhas.

O que nós precisamos descobrir é que esse fundo de escolha em nós não passa de uma programação, de um formato de pensar e de sentir. Então, a nossa base de escolha – que vem desse formato – é o resultado de um condicionamento egoico, de um condicionamento mecânico inconsciente, que é esse condicionamento do ego, do “eu”.

Assim, esse pensar e esse sentir que decidem, que resolvem e que se põem a fazer, como isso está nascendo de um condicionamento, como isso está nascendo de um programa já preordenado, com base no passado, quando entra em contato com aquilo que aqui está, produz confusão. O que estamos colocando aqui para você é que a nossa ação nesse presente momento, com base em um condicionamento do passado, tendo essa crença de escolha, de que tem “alguém” aqui capaz de saber o que é bom e o que é ruim, o que é certo e o que é errado, é completamente confuso.

Todas as nossas ações que têm por base o passado, que têm por base esse condicionamento são ações ilusórias desse “eu”, desse ego, e isso não se ajusta a esse momento presente; isso não corresponde, de verdade, a esse momento presente. Essas ações em nós que nascem do ego, que nascem do “eu” são ações com base numa escolha de condicionamento, de programação. Como é um condicionamento, como é uma programação, aquilo que a gente chama aqui de “escolha” é só a repetição do velho.

A nossa vida está confusa, desorientada, nós não temos um comportamento na ação aqui, nesse momento, que possa, de verdade, favorecer a Felicidade, porque são ações egocêntricas, são ações que nascem desse “eu” que, por natureza, está confuso. Uma ação que nasce dessa confusão, desse estado de confusão, de desordem, não pode produzir uma ação que favoreça a Liberdade, o Amor, a Paz, a Felicidade.

Nossas ações são egocêntricas porque nascem desse centro que é o “eu”, algo que está vindo do passado. Então, quando falamos de escolhas, estamos aqui falando de uma ilusão. Não existem escolhas. Todo o nosso comportamento já é um comportamento programado por um cérebro condicionado, dentro de uma mente condicionada.

Nós podemos fazer escolhas simples, escolher entre sorvete de morango ou de chocolate, mas mesmo essa escolha, que é uma escolha simples, nasce de um fundo de condicionamento cerebral. De qualquer forma, essa escolha já é uma escolha condicionada, ou seja, não é uma escolha, já existe um programa predeterminado, já existe um movimento predeterminado no próprio cérebro de decidir entre uma coisa ou outra, e isso não é uma escolha. Então essa escolha é uma escolha desse “mim”, desse “eu”, desse ego, uma escolha desse condicionamento. Portanto, não há liberdade naquilo que nós chamamos de “escolha”, porque é uma decisão já precondicionada, predeterminada por esse sentido de “alguém”.

Agora, quando estendemos esse tipo de ação para os diversos comportamentos em nossas vidas, percebemos em que confusão nós nos encontramos. Não há liberdade em nossas ações porque não há Verdade nessas decisões. Elas nascem desse fundo de condicionamento e, portanto, dessa confusão, e isso, naturalmente, produz mais confusão, mais desordem em nossas vidas. Então, nada disso representa uma Real Verdade nessa procura do Amor, nessa procura pela Felicidade. Na verdade, essa procura pela Felicidade, essa procura pelo Amor, dentro desse condicionamento, produz mais sofrimento, mais confusão.

Nesse trabalho aqui nós estamos trabalhando com você o fim da ilusão desse “mim”, desse “eu”, desse ego e, portanto, o fim da ilusão de “alguém” presente fazendo escolhas, só então podemos nos deparar com uma ação livre do condicionamento, uma ação livre do “eu”, uma ação que nasce desse Estado Natural; assim, livre da escolha. Esta ação é a ação da Inteligência, da Presença, da Consciência, da Verdade dessa Consciência, e não dessa suposta consciência que é a consciência do “eu”, que é a consciência do ego, que está sempre se movendo na ilusão de “alguém” presente dentro da experiência.

Então nós temos aqui duas formas de ilusões, nós acreditamos em duas coisas completamente absurdas. A primeira é o poder da escolha para esse “mim”, para esse “eu”, acreditando que esse “eu” pode fazer escolhas com base na Inteligência, na Liberdade, na verdadeira Consciência. A outra ilusão é a ilusão desse modelo de agir em liberdade, o que alguns chamam de livre arbítrio. Então nós temos aqui duas coisas muito interessantes: a primeira delas é a ilusão da escolha e a segunda é a ilusão do livre arbítrio. Podemos até mudar a ordem: primeiro vem a ideia desse livre arbítrio, desse poder de tomar decisões com Inteligência, com Presença, com Consciência e depois vem essa ilusão da escolha. Então, nem livre arbítrio, nem escolha tem qualquer realidade dentro dessa Inteligência, dessa Presença, dessa Consciência Real.

Na Consciência Real não há escolha e na Consciência Real se dispensa essa ideia de livre arbítrio. Não há alguém presente fazendo escolhas, não há alguém presente tomando decisões quando há Real Consciência. O trabalho do Despertar Espiritual, do Despertar da Consciência – me refiro ao Despertar da Verdade do seu Ser – é o para a ilusão desse, assim chamado, “livre arbítrio”, o fim para essa ilusão dessa, assim chamada, “escolha”. Uma ação que nasce nesse momento, em Liberdade, florescendo em Amor, em Pura Consciência é a ação de Deus, é a ação do seu Ser, é a ação livre do “eu”, do ego.

Assim, esse trabalho aqui consiste em investigarmos a natureza desse “eu”, em nos tornarmos cientes dessa estrutura e natureza dessa ilusória identidade com esse, assim chamado, “livre arbítrio” e seu poder de decisão e escolha. A Verdade é Pura Clareza, e nessa Clareza, como não há confusão, não se faz necessário qualquer escolha.

Percebam como é interessante isso: nossas escolhas são escolhas porque nós temos duas coisas, são escolhas porque nós nos deparamos com uma decisão – entre duas coisas, nós precisamos tomar uma decisão. Essa decisão de escolha entre duas coisas é algo que está presente quando não há clareza entre o que é Real e o que não é real, entre o que convém e o que não convém.

Quando há Clareza, não há escolha, há uma ação que nasce em Inteligência, em Liberdade, que flui com o momento presente. Essa ação não é uma ação que nasce do “eu”, não nasce da confusão, não nasce, portanto, da escolha. Quando há Clareza, quando há Inteligência, quando há Liberdade, a ação acontece e ela não acontece a partir de um “eu” fazendo escolhas e, portanto, de um “eu” confuso, procurando escolher entre uma coisa e outra; é uma ação nova, de uma outra qualidade.

Aqui estamos trabalhando o fim para essa velha e antiga ação presa a esse modelo de condicionamento psicológico, de condicionamento egoico e, portanto, presa dentro dessa ilusão. Repare que todas as nossas ações com base no “eu” se mostram a curto, médio e longo prazo como ações que produzem sofrimento para nós mesmos e para o outro, porque são ações centradas no ego fazendo escolhas com base nessa confusão, nessa ausência de Inteligência, de Clareza, de Liberdade. Há uma nova forma de agir, há uma nova forma de ação, e essa ação nasce desse espaço novo quando há uma mente nova, quando há essa Presença da Real Consciência.

Então, o nosso trabalho aqui consiste em descobrirmos a Verdade sobre quem nós somos, deixando essa imaginação, essa ideia de alcançar, de realizar, de obter alguma coisa no futuro. Esse é o movimento do “eu”, esse é o movimento do ego, é esse tipo de movimento que está centrado nessa escolha e, portanto, nessa confusão.

A Realidade é Aquilo que aqui está presente como sendo a Verdade. Nessa Verdade, há Clareza, há Liberdade e há, naturalmente, essa ação já em Amor, em Felicidade, Algo que está presente agora, aqui, é a Realidade de Deus, é a presença da Verdade, portanto, a presença da Felicidade. Não é algo para ser alcançado, para ser idealizado, buscado e procurado; isso tudo parte dessa ideia de “alguém” para alcançar algo no futuro, para deixar de ser o que acredita ser agora para se tornar alguma coisa que acredita que irá se tornar, que irá vir a ser no futuro. Essa é a projeção do “eu”, do ego.

Nossas ações são sempre ações centradas nessa ilusão do tempo, assim, precisamos fazer escolhas e ir em direção a esses objetivos e isso pressupõe a presença desse tempo. Nossas escolhas nascem da confusão e nossas ações nascem da ilusão desse tempo para realizar isso amanhã. Aqui o que estamos dizendo é que a Verdade Divina está agora, aqui presente. A Realidade do seu Ser é Aquilo que se mostra aqui presente quando esse sentido de separação, que é o sentido de um “eu” que se vê separado de Deus e procurando encontrá-lo amanhã, desaparece.

Assim, tudo o que nós precisamos é ter uma aproximação do Autoconhecimento. Ao olhar para esse movimento do “eu” dentro de você, ao perceber a ilusão desse sentido de uma identidade dentro do momento presente, dentro do viver, dentro desse instante, a ilusão desaparece, porque não há mais esse fundo de condicionamento, porque não há mais essa confusão. O contato com isso é a Real Meditação de uma forma vivencial, prática, aqui e agora.

Setembro de 2023
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quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Vida religiosa. Como vencer o medo? Real Espiritualidade. O que é o pensamento? O que é pensar?

Quem é Deus? Alguns se contentam com o que os Livros Sagrados dizem sobre Deus, então há uma aproximação intelectual. Outros têm uma aproximação além de intelectual, também emocional e sentimental dessa questão “quem é Deus?” baseada em uma crença. Aqui nós estamos trabalhando com você essas, assim chamadas, “as grandes questões da vida”.

O ser humano tem questões não resolvidas, vamos ver isso aqui. Por que essas questões ainda não foram resolvidas? Qual é a origem? Qual é a natureza? De onde elas vêm? Como surgem essas questões? De onde elas aparecem? É isso que estamos vendo aqui com você. Estamos trabalhando com você o fim para esse elemento que cria essas questões.

Nós queremos ter respostas para essas grandes questões da vida. Então as pessoas perguntam: “Qual será a verdade sobre Deus?” Podemos resolver essa questão simplesmente acreditando ou nos envolvendo com aquilo que alguns chamam de “vida religiosa”? Essa é uma outra questão: o que é religião? Para muitos, religião consiste em frequentar templos, igrejas, ouvir ali o sermão, cânticos, voltar no domingo para casa e no restante da semana levar a vida como geralmente tem levado, até o próximo final de semana, até o próximo domingo.

Para muitos, a resposta para essa questão da religião e para essa questão de Deus consiste em cerimônias, em rituais, em doutrinas. Então, essa assim chamada “vida religiosa” é essa vida da crença, onde há um envolvimento intelectual, emocional, sentimental. Assim, para a maioria das pessoas aqui já está a resposta para a pergunta “o que é Deus?” Mas isso é verdade? A crença realmente lhe mostra a Realidade? Até porque você depois de acreditar ou mesmo acreditando continua, ainda, como uma pessoa carregada de medo e de toda forma de sofrimento psicológico em razão de um modelo de vida e de existência totalmente egocêntrico.

Então, apesar de uma vida, assim chamada, “religiosa”, não há essa Realidade da ausência do ego, da ausência desse centro de separação, de dualidade. Na verdade, a maioria das pessoas nem mesmo tem ciência da importância de liberarem de si mesmas a ideia desse “mim”, desse “si mesmo”, desse “eu”, desse ego.

Quer sejamos religiosos ou não religiosos estamos todos envolvidos, ainda, nessas assim chamadas “questões”. As grandes questões continuam sem respostas. Como vencer o medo? Como deixar o sofrimento? Como abandonar o egocentrismo? Como deixar de ser egoísta? O que é o amor, o Real Amor?

Aquilo que conhecemos por amor é uma questão ainda não resolvida, porque a ideia que fazemos sobre o amor também ainda é uma crença. Amor para nós é prazer, é satisfação, é preenchimento na relação com o outro, e se isso deixa de acontecer, se eu não recebo mais isso nessa relação, não há mais amor, fico indiferente àquela pessoa ou ela pode se tornar até minha inimiga, porque ela não me dá o que eu desejo.

Não sabemos o que é o amor; esse “amor” que conhecemos é algo ligado a apego, à posse, a controle, a ciúme, a domínio e, portanto, o sofrimento está presente. Como pode haver sofrimento no amor? Então, isso não é amor, como também isso não é a Realidade de Deus; é só uma crença. Se o ego está presente, não há essa Realidade de Deus, não há essa Realidade do Amor.

Essa é uma outra questão não resolvida: quem sou eu? Uma das grandes questões da vida que a pessoa não responde, porque a pessoa é esse "eu". Mas o que é essa pessoa? Não sabemos. O pensamento não tem resposta para nada disso. O pensamento cria a ideia. A ideia de Deus, a crença em Deus, tudo isso está dentro do pensamento, da imagem que ele forma. O pensamento cria a ideia do amor, mas não resolve essa questão do que é, de fato, a Realidade do Amor. O pensamento cria a ideia desse “eu”, mas não resolve essa questão do que é esse “eu”, do que é essa “pessoa”. Então reparem a situação onde nós, nesse “mim”, nesse "eu", nesse ego nos encontramos; é ele o criador real de todas essas “grandes questões da vida".

Aqui estamos tendo uma aproximação da Revelação da Verdade do nosso próprio Ser. O pensamento é quem cria a imagem do amor, a imagem de Deus, a imagem dessa pessoa. Haverá alguma coisa além desse pensamento? Essa é a outra questão, uma das “grandes questões da vida”. Reparem que todas essas questões têm uma origem única, uma natureza única, uma estrutura única, uma base única, e a base é o pensamento.

Haverá alguma coisa além do pensamento? É o pensamento que tem criado Deus para “mim” que é diferente do Deus que ele tem, porque ele é de uma outra religião. Então há essa divisão: “o meu Deus é mais forte que o seu”, “a minha vida é mais importante que a sua”, “o que sinto é mais real do que o que você sente”, e tudo isso está dentro desse modelo do ego, desse senso pessoal de ser alguém dentro do viver, dentro da experiência. É possível ir além do pensamento? Ir além deste sentido do "eu" presente no viver, na experiência?

Assim, nós não temos resposta para as “grandes questões da vida” e é isso que estamos trabalhando aqui com você. Não sabemos o que é viver porque não compreendemos a Beleza da vida. Aquilo que chamamos de “viver” é rotina, é enfado, é inveja, é ambição, é projeção de felicidade, idealizada pelo pensamento, porque a vida se mostra complicada, difícil, uma vida cheia de desejos, de apegos.

Não sabemos o que é a morte. Assim como não sabemos o que é a vida, não sabemos o que é a morte. A Beleza do fim para tudo isso, isso é a morte. Para nós a morte é perder o corpo para a doença, para um acidente, vem a velhice e põe fim ao corpo, a doença termina com o corpo, um acidente pode terminar com o corpo. Para nós, isso é a morte. Mas o que é a Verdade da morte? Há uma grande Beleza na compreensão do que é a morte, do que é a vida, do que é o Amor, do que é Deus.

Então estamos aqui trabalhando com você isso, o Despertar da Sabedoria, que é o Despertar desse Ser que somos fora desse ego que acreditamos ser, dessa pessoa com a qual nós nos identificamos como sendo nós mesmos, como parecendo ser quem somos, como expressamos ser quem somos. Essa pessoa em relação com o outro, essa pessoa em relação com essa ideia de vida, com essa ideia de Deus, com essa ideia do amor, tudo isso é completamente falso.

Aqui o trabalho consiste em descobrir a Verdade desse Ser, Felicidade e Consciência, que é a natureza de cada um de nós quando estamos vivendo uma vida livre do ego, livre desse sentido de separação, onde não há mais esse “eu”, não existe mais o outro. Quando não há mais esse “eu”, não existe mais o conflito dos desejos, o conflito criado pelo medo, pelo medo de perder, pelo medo de não adquirir, pelo medo de não poder segurar, pelo medo de não poder continuar mantendo junto a esse “mim”, a esse “eu” aquilo que ele acredita que é dele. Tudo isso é conflito quando o “eu” está presente.

A presença desse “eu”, desse ego é a presença da ilusão; a presença desse ego, desse “eu” é a presença da ignorância. A verdade sobre a ignorância é a ilusão desse “eu”. Como esse “eu” não é real, ele se sustenta em razão de um condicionamento, de uma programação, de um modo específico de continuar por não ser constatado. A presença desse “eu” é uma ilusão. Portanto, a verdade sobre a ignorância presente em nós é a verdade dessa ilusão do ego, do “eu”, que é a ilusão da “pessoa”.

Então, o que nós temos sobre a Verdade? O que temos sobre a Verdade é a ilusão dessa ignorância. Sustentar essa ignorância é manter essa ilusão, isso é a ausência da Verdade. Pode parecer bastante complicado ou até um jogo de palavras, mas é muito simples: enquanto houver a ilusão de “alguém” presente, haverá a ignorância para esse “alguém”, haverá essas questões não respondidas, porque esse ego, esse “eu” é aquele que cria essas questões, porque ele se vê como um elemento separado e, em razão do medo, está fazendo perguntas, em razão da ilusão, está tentando descobrir alguma coisa. Tudo isso são coisas construídas pelo próprio pensamento. Essa ilusão é uma construção do próprio pensamento, essas perguntas são construções do pensamento, essas questões são construções do pensamento.

Então, o pensamento cria as questões e vai em busca de uma resposta e não encontra nenhuma resposta. Desde o nascimento até a morte, desde que nascemos até o túmulo, esse sentido de um “eu” presente vive no medo, vive no sofrimento, vive na ignorância, vive na ilusão. Aqui estamos lhe propondo o fim para esse “eu”, isso é o fim para essas, assim chamadas, “as grandes questões da vida”.

O nosso trabalho aqui consiste em observarmos esse movimento do “eu”, do ego e nos tornarmos cientes desse senso de separação, de ilusão. Isso é possível quando há uma aproximação e eu quero lhe convidar para investigar como se aproximar disso. Então, esse é o nosso trabalho aqui com você, lhe mostrando que é possível a Realização de Deus, a Realização do seu Ser. Essa é a Verdade sobre a Real Espiritualidade; essa é a Verdade sobre a verdadeira Vida Religiosa quando esse sentido do “eu”, do ego não está mais presente. Não é nada daquilo que, até então, temos acreditado e estamos seguindo. Uma vida livre do ego, a Real Vida Religiosa, a verdadeira Vida Religiosa, a Real Espiritualidade é uma vida livre desse sentido de separação, desse sentido de dualidade, é uma vida na Não Dualidade – os Sábios chamam de Advaita, uma vida livre desse sentido de separação.

Setembro de 2023
Gravatá/PE
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terça-feira, 17 de outubro de 2023

Como vencer o medo? | Despertar Espiritual | Psicológica infelicidade | Dualidade e egocentrismo

Eu tenho pra mim que uma das coisas mais importantes é aprendermos a ter uma aproximação do que aqui é colocado tendo uma atenção muito completa para isso, colocando o nosso coração realmente envolvido nisso, naquilo que aqui apresentamos para você.

Hoje, por exemplo, eu quero tratar com você dessa aproximação da Verdade nessa relação com o outro. Qual é a verdade sobre isso? Como nos aproximamos da esposa, do marido, do filho, da filha, do chefe, do patrão ou de alguma pessoa? Como é que nós nos aproximamos? Como tem sido nossa aproximação com o outro? Na verdade, quem é o outro?

Nesses encontros você se detém neste momento para ouvir isso e é importante que você se aproxime disso com um novo modo de olhar. Reparem que nós temos um modo de olhar para o mundo, para aquilo que acontece no mundo, para aquilo que acontece com o outro e com nós mesmos sempre com uma base de conceitos já formados, de fórmulas, de ideias, de conclusões.

Reparem como é importante o assunto aqui com você. A oportunidade de você ter uma resposta para o fim do estresse, da ansiedade, da depressão, o fim da angústia. Esses diversos quadros psicológicos de infelicidade que nós conhecemos estão presentes, sempre, em razão de que nós não compreendemos como funcionamos.

As pessoas têm perguntas do tipo: “Como me livrar da ansiedade? Como vencer a ansiedade? Como vencer a depressão? Como vencer o medo?”, mas elas não estão estudando elas próprias, não estão investigando aquilo que se passa dentro delas mesmas, sobretudo nesse contato com o outro. A compreensão de si mesmo requer uma visão daquilo que se passa dentro de você. Nesse sentido, o outro é um maravilhoso espelho.

Quando olhamos para o mundo, quando olhamos para o outro, quando olhamos para nós mesmos com base em conclusões, em crenças, em ideias, estamos alimentando e retroalimentando condições psicológicas em nós de estresse, de ansiedade, de medo, de depressão, de angústia. Isso por quê? Porque a nossa ação, o nosso comportamento é autocentrado quando ele não é investigado.

Aqui nós estamos falando com você sobre o Despertar da Consciência – essa é uma linguagem que as pessoas usam, outras chamam isso de o Despertar Espiritual, Iluminação Espiritual. Aqui eu coloco também essas expressões, mas talvez em um sentido diferente do que as pessoas usam aí fora, como algo místico sendo alcançado.

Na verdade, o Despertar da Consciência, o Despertar Espiritual Real é o fim da ilusão desse centro pessoal, particular que é o “eu”, o ego dentro do viver e, portanto, nessa experiência, nesse contato com o outro. Isso, naturalmente, é o fim da infelicidade, dessa psicológica infelicidade causada pela ansiedade, pela depressão, pela angústia, pelo medo.

Então, aqui nós estamos trabalhando com você uma vida livre, uma vida realizada em Deus, e, aqui, Deus é a Realidade do seu Ser. É totalmente diferente uma aproximação da Verdade de Deus daquilo que as pessoas chamam aí fora de “vida religiosa”. Aqui a Real Vida Religiosa é uma vida livre desse senso do “eu”, do ego, o que representa um contato com o outro sem conflito, sem problema; uma relação com o outro onde não há mais essa separação entre “eu e ele ou ela”.

Então não há medo, então não há estresse, não há angústia, não há qualquer forma de ansiedade. Então não há razão para depressão porque há Liberdade interna. Essa Liberdade interna é a Inteligência nessa relação com o outro, com a vida, com o mundo, com você mesma, com você mesmo. Nós temos que investigar isso e esse é o propósito desses encontros aqui.

Nós aqui estamos compartilhando com você Algo que é Real, que é vivencial. Não estou colocando para você aqui uma teoria, um conceito, uma crença, mas uma Realidade viável para você, Algo que se torna evidente quando você se torna ciente desse movimento, que é o movimento do “eu” dentro de você, nessa relação com o outro.

A questão aqui é: como nos aproximamos disso? Pela auto-observação, a compreensão desse princípio que lhe diferencia do outro, lhe diferencia da vida, lhe diferencia do mundo, essa autosugestão nessa ilusão desse princípio de consciência do “eu”. Essa consciência do “eu” me coloca numa condição ilusória de separação, onde há esse “eu e o outro”, esse “eu e a vida”, esse “eu e o mundo”, esse “eu e Deus”.

Aqui nós temos um princípio que sustenta esses quadros de infelicidades psicológicas em nós: é o princípio da dualidade. É nesse princípio que está assentado o egocentrismo. A ideia básica é “eu e o outro”, “meus” interesses, “minhas” razões, “meus” motivos, “minhas” intenções, “minhas” crenças, tudo isso vem antes de qualquer outra coisa – primeiro “eu”.

Sempre a ideia está centrada no egocentrismo, nesse “eu” como o centro das experiências – e, aqui, a experiência é o contato com o outro. Mas tudo isso começa, antes de tudo, dentro de cada um de nós, nesse autocentramento, nessa ideia de “alguém” pensando, de “alguém” sentindo, de “alguém” emocionado, de “alguém” sonhando, de “alguém” imaginando.

A ideia é a presença desse “eu” com suas próprias razões, intenções, motivações. Então há “eu e ele”, “eu e o mundo”, “eu e a vida”, “eu e Deus”. Nessa dualidade, nessa separação está o conflito. A base de tudo isso, reparem, a base de toda essa infelicidade que nós como seres humanos vivenciamos, a base de todos esses quadros de infelicidade está presente em razão do medo. Enquanto houver esse sentido de separação, haverá medo.

Então reparem que o medo é algo presente. Em todos esses quadros de infelicidade psicológica que nós, seres humanos, conhecemos está sempre presente o elemento medo, isso porque a coluna principal dessa casa, dessa “existência humana”, desse “eu humano” – essa egoidentidade –, a coluna principal que sustenta essa condição de identidade egoica, de pessoa humana é o medo. A partir do medo, a partir da busca dessa autosobrevivência egoica – que é medo – estão nossas ações, nossas motivações, nossas relações.

O ser humano carrega o medo. Repare que é sempre assim, as pessoas querem descobrir como vencer e aqui se trata de investigar e perceber a base que sustenta o medo. É o medo que sustenta essa condição psicológica de ser “alguém” no viver, na experiência e, portanto, nessa relação com o outro, em conflito, em sofrimento, nesse egocentrismo, nesse sentido de separação.

Reparem a presença do medo. O medo é uma sombra que nos acompanha desde os primeiros dias até a última respiração. O medo sempre está presente, é o medo do passado, é o medo do futuro, é o medo de adoecer, de envelhecer, é o medo da pobreza, é o medo da fome, é o medo da doença, é o medo da esposa, é o medo do filho. O medo tem diversas formas de expressão em nossas vidas. O medo é uma presença constante.

Então não há uma compreensão da Verdade sobre quem nós somos porque nós não compreendemos esse movimento interno, que é o movimento do “eu” dentro de cada um de nós. Ele se separa nesse “eu sinto”, “eu penso”, “eu quero”, “eu não quero”, “eu gosto”, “eu não gosto”, “eu, ele”, “eu e o mundo”, “eu e a vida”. Onde está assentada essa questão do medo? Já que no medo tudo isso está presente, na verdade, o que é o medo? Já que o medo sustenta toda essa confusão, todo esse sofrimento, toda essa infelicidade nessa vida, que é a vida do “eu”, o que é o medo?

Reparem que o medo está presente porque o pensamento está presente. Neste momento, não há medo, você não tem um único medo presente neste momento sem a presença do pensamento. Olha que coisa interessante: o medo é algo presente em tudo, há sempre medo, só olharmos de perto e iremos perceber a presença do medo, ele está lá, envolvido em nosso sentir, em nosso pensar, em nosso agir e, no entanto, aqui estou dizendo que o medo nunca está presente agora, aqui, sem o pensamento.

É a presença do pensamento, o pensamento é aquele que traz a presença do medo, a lembrança do que não aconteceu e que pode vir a acontecer, a lembrança do que aconteceu e que pode não voltar a acontecer. Então, notem, a lembrança do que aconteceu e que pode voltar a acontecer é medo, a lembrança do que não aconteceu e que pode não acontecer também é medo. É com o pensamento que o medo está presente. Quando o pensamento chega, a ideia do sofrimento ligado a essa ou aquela experiência de memória, de lembrança, se mostra e isso é medo.

Então o medo é do passado ou o medo é do futuro, não há agora medo aqui; e passado e futuro é a presença do pensamento. O prazer que desfrutei dele ontem, pode ser que eu não consiga mais dele amanhã: isso é medo. É sempre o pensamento trazendo o medo. A dor que eu vivi ontem, pode ser que venha a se repetir novamente: isso é medo. Repare: é sempre o pensamento a base do medo. Então o pensamento é a base psicológica de ser “alguém”.

A base psicológica de ser “alguém” agora, aqui, na experiência só se assenta porque o pensamento se faz presente. Veja, a ideia de ser “alguém” aqui, agora, na experiência, no viver só se torna presente quando o pensamento chega. Então, o que é o medo? O medo é pensamento. Não há qualquer medo sem o pensamento.

Nós temos o medo físico. Por exemplo: um carro vem em sua direção e você se afasta. Isto é medo ou é inteligência? Há aspectos de medo físico diante do perigo iminente aqui e agora, então o medo aparece. Mas esse medo é um movimento de inteligência do próprio organismo para se proteger, para se defender de sofrer. Então esse é um movimento de medo, mas, na realidade, de inteligência da máquina, do organismo, do mecanismo biológico, de se proteger da dor.

Aqui eu me refiro a esse medo psicológico, a esse medo nesse sentido do “eu”, do ego. O medo é pensamento. Como lidar com o pensamento? Observando esse movimento do pensamento. Se você se livra do movimento do pensamento, você se livra do medo – se não há esse movimento de psicológico passado, presente, agora, aqui.

Vou repetir: se não há esse movimento do psicológico passado nesse momento presente, agora, aqui, não há medo. Se não há esse movimento psicológico do passado se projetando no futuro, nesse instante, agora, aqui, não há medo. É sempre o pensamento.

Então, se aproximar de si mesmo e olhar o movimento do “eu”, o movimento do ego é possível quando há uma aproximação da Verdade da compreensão do Autoconhecimento. Ver esse movimento do “eu” agora presente, aqui, é desmontar esse modelo de identidade egoica. Isso é o fim do conflito nessa relação com o outro, com a vida, com o mundo. Então o seu contato com aqueles que estão próximos de você, sem esse movimento do pensamento, é algo completamente diferente do que nós conhecemos.

Então, uma vida em Amor, uma vida em Paz, uma vida em Liberdade, uma vida nessa Cumplicidade, nessa relação com o marido, com a esposa, com os filhos, com a família, com os negócios, com o patrão, com os empregados, uma vida Real, profundamente Religiosa, uma vida Divina é uma vida livre do ego e, portanto, livre desse movimento do pensamento, o que representa o fim do medo; uma vida na relação com o mundo sem esse fundo de condicionamento psicológico, de crenças, de conceitos, de ideias, de imagens que sustenta esse “eu”, esse ego no medo; uma vida livre desse modelo do pensamento, desse modelo de pensamento egoico.

Valeu pelo encontro e a gente se vê. Até a próxima!

Setembro de 2023
Gravatá/PE
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quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Despertar Espiritual. Real Despertar da Kundalini. Autoconhecimento e Real Meditação. Não Dualidade.

Aqui nós estamos trabalhando com você a visão da Verdade sobre quem somos nesse contexto da vida. O ponto é que isso requer, de cada um de nós, uma aproximação, uma observação e um exame que não temos. Não temos porque nós não sabemos o que é esse pensar de uma forma direta sobre esses assuntos.

Aqui nós estamos tratando com você de temas que são fundamentais para uma vida realmente Feliz, Livre, onde há esse perfume ou essa presença do Amor. Mas aqui nos deparamos com um problema, e o problema é que nós não temos essa habilidade, esse modo real de nos aproximarmos de um assunto como esse, porque o nosso intelecto está já programado para um modelo de pensamento que é o pensamento comum a todos.

É muito curioso quando as pessoas me dizem: “O que você diz é muito estranho”. Outros dizem: “Você diz, diz e não fala nada”. Por que é que elas têm essa sensação de estranheza dessa linguagem? E por que elas dizem isso? É porque o nosso modelo de pensar é um modelo já programado, dentro de uma cultura, de uma civilização onde os nossos valores e aquilo que damos importância é algo muito superficial.

Não há essa riqueza, não há essa beleza de profundidade, de compreensão dentro de cada um de nós, porque os nossos cérebros estão já programados para um pensar superficial, para um modelo já superficial de olhar a vida. Então nós olhamos para nós mesmos, olhamos o outro, olhamos o mundo a partir de um olhar condicionado. O nosso pensar é condicionado, o nosso sentir é condicionado, o nosso olhar é condicionado, dentro do mesmo esquema de cultura, de humanidade, de civilização, algo comum a todos nós.

Ao olharmos para o mundo, percebemos a superficialidade, toda a desordem, toda a miséria, toda a confusão em que nós nos encontramos, dentro desse contexto de um pensar, de um olhar e de um sentir muito superficial. E aqui você tem um convite, e o convite é para a Realização de Deus, para o Despertar Espiritual, para a ciência da Verdade d’Aquilo que é você, além dessa noção de ter nascido, de estar vivendo, envelhecendo e caminhando para o túmulo.

Aqui se trata, portanto, de uma aproximação de Algo fora do conhecido. Aqui nós temos que enfrentar ou nos confrontarmos, antes de tudo, com os nossos já conhecidos conceitos, preconceitos, conclusões, ideias, opiniões e crenças, e é aqui que nos deparamos com a grande dificuldade, porque o nosso modelo já programado resiste a essa investigação, resiste a essa observação.

Se você se deparou com esse trabalho é porque de alguma forma você está à procura de algo além dessa superficialidade, dessa condição de cérebro, de intelecto e de mente condicionada. Você está à procura de um novo modo de pensar. É por isso que as pessoas perguntam: “Como pensar? O que é o pensar?”.

Veja, essa pergunta é essencial. O que é o pensar? Mas até nisso nós temos fracassado – quando perguntamos o que é o pensar ou como pensar –, porque a grande maioria quando faz essa pergunta não é porque estão já cientes do condicionamento, do modelo de pensamento que trazem, de programação de pensar condicionado presente nelas. Quando perguntam o que é o pensar, elas querem descobrir uma forma de pensar para ter sucesso, para se tornarem bem sucedidas e realizadas dentro desse mesmo esquema, dentro desse mesmo princípio de superficialidade, no qual a grande maioria está vivendo.

Então, para a pergunta “Como pensar?”, as pessoas têm o objetivo de aprender a pensar para obterem resultados dentro desse sistema, dentro desse modelo, dentro dessa condição de cultura humana que há milênios está vivendo nessa condição de infelicidade, de miséria, de sofrimento, de conflito, de violência e de medo. Aqui “como pensar” e “o que é o pensar” é essencial.

Reparem que esse modelo de pensamento que temos é a repetição de uma continuidade de história, de cultura, de humanidade. Se você foi criado numa cultura judaico-cristã, o seu modelo de pensar religioso é esse; se você foi criado numa cultura budista, o seu modelo de pensar é budista; se você foi criado numa cultura hinduísta, o seu modelo de pensar também é aquele. Isso se aplica a essa questão da cultura religiosa, da cultura política ou da cultura social.

Nós somos o resultado da cultura onde nascemos, crescemos, nos tornamos adultos; estamos pensando, estamos sentindo, estamos agindo dentro dessa base de cultura. Esse é o programa que está rodando dentro de cada um de nós. Então, como os computadores, nós também estamos programados para esse modelo de vida onde o que tem prevalecido é o medo, a inveja, a ganância, a violência, o sofrimento, esse sentido de separação do outro, de separação da vida, de separação de Deus. Então estamos dentro desse dualismo, dessa dualidade.

Desconhecemos a Não Dualidade, desconhecemos a Não Separação, desconhecemos esse sentido de Ser onde não há qualquer separação, o que os Sábios na Índia chamam de Advaita, a Não Dualidade, a Não Separação entre você e o outro, entre você e a vida, entre você e Deus. Isso está dentro dos Vedas, mas essa é a visão daquele que realizou a Verdade do seu Ser. Não há qualquer separação, só há essa Realidade Divina, que é a Realidade de Deus. Então viver a vida é Ser a Vida.

Há algo extraordinário em tudo isso: é o fim do sofrimento, é o fim dos problemas, é o fim do medo, é o fim da morte porque é o fim dessa ilusão de “alguém” que está vivo, que nasceu um dia, tem um corpo, tem uma história e irá morrer, é o fim dessa ilusão de “alguém” presente. A Realidade do seu Ser – que é Consciência, que é Amor, que é Felicidade, que é Verdade, que é Deus – é a ciência de que Aquilo que é seu Ser, Aquilo que é você nunca nasceu, portanto, não está vivo e irá morrer; é a Realidade de sua Natureza Real, que é atemporal, que está além desse sonho de mundo, de vida assim conhecida por todos nós.

Adentrar a esse Desconhecido é conhecer as profundezas, as grandes riquezas do seu Estado de Pura Consciência, de Puro Ser, Algo que se revela quando há Real Meditação. Então não há mais essa superficialidade, não há mais esse modelo. Um cérebro novo está presente, uma mente nova está presente, um coração novo está presente, uma vida Real, nova está presente. Assim, esse trabalho aqui consiste em explorarmos isso juntos, em adentrarmos por esse mistério da Graça, do Divino, do Desconhecido, do Inominável, que é a Verdade do seu Ser. O Despertar da Consciência, o Despertar Espiritual – que é chamado também de Iluminação Espiritual – é o florescer dessa Verdade Divina.

Quando há esse contato com uma aproximação desse trabalho pelo Autoconhecimento, pela Real Meditação de uma forma vivencial, há o contato com a Realidade da Felicidade, da Paz, da Liberdade. Uma Liberdade que ultrapassa tudo aquilo que a mente pode imaginar. Uma Felicidade que está além de todos os projetos, sonhos e desejos que o ego, que esse senso do “eu”, em sua superficialidade, tem projetado em realizações humanas, em realizações mundanas, em realizações de sonhos. Um Amor Real presente, não aquilo que nós compreendemos ou acreditamos saber sobre o amor. Estamos falando de Algo fora do conhecido da mente, portanto, fora desse, assim chamado, “amor”, carregado de posse, controle, ciúme, inveja, dependência emocional. Amor é algo além de sentimento, de emoção, de sensação e de pensamento, é além dessa ideia sujeito e objeto.

Tudo isso são assuntos que estamos explorando aqui com você, investigando com você. Nesse encontro ocorre o Despertar da Sabedoria. É comum a pergunta: “Como ser Sábio?” É comum, também, a pergunta: “O que é o pensar?” Tudo isso exploramos aqui com você, investigamos juntos aqui com você. A Verdade do seu Ser é a Sabedoria, isso é o Sábio; não é “alguém sábio", é a Sabedoria do Sábio, é o Ser Sábio. Isso está fora desse movimento do conhecido, está fora desse movimento desse intelecto condicionado, desse cérebro condicionado, dessa mente condicionada.

Quando desperta essa Realidade do seu Ser, quando essa Realidade Divina floresce, acontece uma mudança nesse corpo-mente, uma transformação radical nessa estrutura para o Despertar do Sábio. Alguns chamam isso o despertar da Kundalini, é quando essa energia de Presença, de Poder, de Consciência, de Real Consciência assume esse corpo-mente; acontece o Despertar da Kundalini, o Real Despertar da Kundalini. Nós temos tocado aqui com você nessa importante questão do Despertar da Kundalini.

Kundalini é essa Real Consciência, é essa Real Presença operando uma mudança psicofísica nesse mecanismo, nesse organismo. Esse cérebro precisa ser descondicionado, ele precisa passar por um processo de transformação, de mudança. Então há uma alteração, há uma mudança nessa própria estrutura cerebral em razão dessa presença da Consciência, dessa Energia que assume esse mecanismo, esse organismo psicofísico. É isso que os Sábios denominaram de Kundalini: a presença dessa Energia operando uma mudança nessa máquina, nesse organismo vivo, nesse organismo biológico, nesse mecanismo biológico.

Uma mudança ocorre dentro desse mecanismo quando ocorre o Despertar da Kundalini, o Despertar da Consciência. Aqui nós temos falado bastante sobre a questão da Kundalini, da mudança que se faz necessária nesse organismo para que haja um novo modo de pensar, de sentir, de viver. Uma mudança se faz necessária, então aqui, nessa aproximação, nós estamos trabalhando com você a questão dessa radical e profunda mudança que se faz necessária dentro de cada um de nós, nesse organismo, nesse corpo-mente.

Uma aproximação da Verdade do Autoconhecimento e da Real Meditação é aquilo que torna possível essa mudança. Então há Algo novo presente, há uma Energia nova presente nesse organismo, nesse corpo-mente; o cérebro, então, funciona de uma forma completamente diferente daquele antigo cérebro condicionado, programado, naquele antigo modelo de pensar, sentir e se comportar no mundo. O trabalho aqui consiste em termos uma aproximação de nós mesmos, Real, verdadeira, uma aproximação d'Aquilo que somos, nesse instante, aqui e agora.

Setembro de 2023
Gravatá/PE
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terça-feira, 10 de outubro de 2023

A Verdade de Deus se revelando | O fim da ilusão e mente condicionada | Despertar da Consciência

Se nós pretendemos uma aproximação da Verdade, se pretendemos ter essa Verdade se revelando – eu me refiro à Verdade Divina, à Verdade de Deus –, se há esse anelo dentro de cada um de nós, esse anseio dentro de cada um de nós, se é verdade que estamos internamente queimando por isso, se há uma procura por Deus, se isso é autêntico, genuíno, verdadeiro, então eu quero, nesses minutos que vamos ter juntos aqui, trabalhar isso com você.

Afinal, como Isso se torna possível? Como se torna possível essa Verdade – não a crença. Vamos até começar a falar sobre isso aqui, sobre essa questão da crença. Nós temos uma crença em Deus, uma crença que nos foi dada. Nós fomos ensinados, desde pequenos, em nossa cultura a acreditar em Deus. A não ser que você tenha nascido em um país onde não lhe foi mostrado, onde não foi lhe apresentada essa ideia, que é a ideia de Deus (como ocorre nos países comunistas), mas se você nasceu em um país onde lá lhe foi mostrado – aqui, por exemplo, no Brasil e em diversos outros países, isso tem sido apresentado a nós desde crianças – então, nós temos uma crença, a crença em Deus. Mas, juntamente, com essa crença em Deus, temos diversas outras crenças de cultura que nós recebemos, de sociedade, de mundo que nós recebemos.

Podemos libertar nossas mentes das crenças? Essa é a pergunta. É possível a mente livre, a mente inteiramente livre de todas as formas de crenças? A educação que recebemos, a formação que recebemos, tudo aquilo que tem sido nos mostrado ao longo de todo esse período de vida, de todos esses anos de vida que temos tido, isso tem feito de nós pessoas que acreditam em algumas coisas e não acreditam em outras.

Mas o que são as crenças? Crença é algo intelectual, é o resultado de uma propaganda. Nós precisamos descobrir por nós mesmos se podemos ter nossa mente livre dessa propaganda, dessa formulação meramente intelectual, dessas imagens que a cultura nos deu. Uma aproximação da Verdade Divina, que é a Verdade do seu Ser, que é a Realidade de Deus, não é algo dentro da crença. Dentro da crença, nós temos a religião com seus dogmas, seus rituais, suas cerimônias, as diversas práticas, e nos submetemos a tudo isso em razão da propaganda, em razão da crença.

A Verdade de Deus, a Verdade do seu Ser, a Verdade Divina, essa Realidade Suprema, Ela é independente, Ela é livre. Então não se trata de não acreditar em Deus, como ocorre nos países comunistas, ou de acreditar em Deus, como ocorre em países não comunistas; não se trata de acreditar ou desacreditar, se trata de uma Realidade presente, vivencial, uma compreensão direta. Essa compreensão direta torna-se possível quando a mente encontra essa liberdade de não mais sustentar essa ou aquela forma de crença, essa ou aquela forma de ideia ou conceito. Tudo que a mente egoica em nós tem feito – e a mente egoica, essa mente como nós a conhecemos, dentro de cada um de nós, é o resultado de uma cultura, de uma sociedade, de um mundo – tudo que a mente tem feito é produzir ilusões e se firmar em crenças e em descrenças também. Aqui nós estamos trabalhando com você o fim da ilusão dessa mente, que é a mente condicionada, que é a mente crédula – ela acredita na descrença ou acredita na crença.

Essa mente condicionada está presa a um padrão de comportamento, de modelo de existência, de modelo de vida, dentro de um centramento que é o “eu”, o ego. Assim, a pessoa como você se vê, a pessoa que você acredita ser, a pessoa que você tem como sendo você mesma, você mesmo, carrega essa mente condicionada. Nossas mentes estão presas a esse sistema, a esse padrão, a esse condicionamento social, cultural, humanista. Assim, carregamos em nossas mentes toda forma de condicionamento. Temos o condicionamento da raça humana, temos o condicionamento da cultura, o condicionamento da política, o condicionamento da religião, o condicionamento filosófico, o condicionamento da espiritualidade e tudo isso fez com que nossos intelectos estivessem como estão hoje: presos, condicionados, já programados.

Assim, estamos produzindo e sustentando sempre ilusões de todos os tipos, então não há essa Liberdade, não temos uma mente livre, uma mente clara, lúcida, nova, o intelecto quieto, silencioso. Nosso intelecto está condicionado, nossa mente está condicionada, como pessoas estamos programadas para falar de uma certa forma, para sentir de uma certa forma. Então, não há algo novo presente agora, aqui, porque essa mente é velha, ela é o resultado de milhares e milhares de anos de condicionamento. Esse é o padrão do “eu”, do ego.

Não importa o que você já tenha alcançado nessa vida, quando você olha pra si mesmo, você percebe que tudo que nós temos nessa vida é uma vida cheia de medo, até porque essas realizações nós tememos perdê-las. Então o medo é algo presente. Não importa que tipo de vida você tenha nesse momento, que tipo de situação confortável você esteja vivendo, há sempre dentro de nós o medo, o medo de perder o que conseguimos, o medo de envelhecer, o medo de morrer, o medo de ser enganado, o medo de ser traído, o medo de ser abandonado; nós temos o medo do passado, portanto, temos diversas formas de medo, o medo do futuro. O medo, por exemplo, é algo constante em nossas vidas, então nós sempre temos objetivos a alcançar para nos sentirmos mais seguros, mas nesse próprio movimento de alcançar há um constante medo de não obter, de não realizar, então nos sentimos como criaturas inseguras, atemorizadas.

Temos momentos, sim, de satisfação, de preenchimento, de paz, de alegria, de felicidade, mas usamos essas expressões “alegria”, “paz”, “felicidade” de uma forma como todo mundo usa. Nossa “paz” vem e vai, nossa “alegria” é algo que vem e vai, nossa “felicidade” é uma coisa de momento, no momento estamos felizes, no momento seguinte podemos estar tristes. Então dentro desse “eu”, desse ego estamos sempre nessa inconstância, nessa variação de estados internos. Nos sentimos bem agora, mas no momento seguinte já não estamos tão bem. As coisas acontecem e nossos estados internos estão variando, estão mudando. Essa é a condição do “eu”, do ego.

Olhar para a verdade daquilo que somos, constatar a Verdade do nosso Ser, tomar ciência de uma Realidade fora do “eu”, fora do ego, isso é nesta vida realizar Deus, isso é nesta vida realizar a verdadeira Felicidade, a verdadeira Paz, o verdadeiro Amor, a verdadeira Liberdade. Isso não é Algo conhecido dentro do mundo.

Olhe para as pessoas à sua volta, elas estão carregadas, ainda, de medo, de conflitos, de contradições. Estamos dentro de uma situação bastante complicada, bastante delicada, vivemos em contradição. Por exemplo, nós queremos uma coisa e ao mesmo tempo não queremos aquilo; queremos, mas sabemos que isso que queremos pode nos prejudicar e mesmo assim o desejo continua presente. Então, há um querer e um não querer; intelectualmente eu percebo o perigo de realizar aquilo, de obter aquilo, de conquistar aquilo e, mesmo assim, há esse impulso interno do desejo. Isso é conflito, isso é contradição.

Internamente, vivemos como criaturas em contradição. Nós pensamos uma coisa e queremos outra coisa; ou nós queremos uma coisa e estamos pensamos no prejuízo que isso pode nos dar, nos causar. Então, nós falamos algo, sentimos outra coisa e fazemos uma outra coisa. No ego vivemos nesses estados de contradição, e não importa o quanto já estudamos, a cultura, o padrão de vida que temos ou a qualidade de vida que já alcançamos, sabemos que tudo isso pode ruir, tudo isso pode desaparecer. Então o medo está presente e não podemos negar isso. Sabemos que com a morte, por exemplo, tudo desaparece. E nós estamos envelhecendo, então temos medo da velhice, temos medo da doença. Essa condição de vida, se está claro para cada um de nós que deve haver alguma outra coisa fora disso, fora dessa vida, fora desse padrão comum a todos, se isso já está claro, uma fala como esta faz muito sentido para você. Precisamos realizar a Verdade de Deus, precisamos realizar a Verdade do nosso Ser, nossa Real Felicidade. Assim, esse encontro tem esse propósito.

Descobrindo a Verdade daquilo que se passa dentro de cada um de nós podemos ir além disso. Descobrindo aquilo que ocorre conosco, como temos funcionado, o que é essa mente, o que ela tem projetado, como ela tem se movido, podemos ir além de tudo isso. É possível um contato com a Realidade Divina, com a Realidade de Deus, com a Verdade do seu Ser, com Aquilo que verdadeiramente nós somos? Isso é algo possível e presente quando essa sociedade, quando esse mundo, quando essa cultura, quanto tudo isso psicologicamente é expurgado de cada um de nós, então o trabalho de Autoconhecimento – e aqui o trabalho de Autoconhecimento é o reconhecimento da ilusão desse movimento que essa mente condicionada tem produzido.

Portanto, esse contato com a verdade do Autoconhecimento, essa aproximação com o Autoconhecimento é aquilo que lhe revela a verdade sobre tudo isso. A verdade sobre esse condicionamento da mente lhe mostra a natureza e estrutura dessa mente condicionada que está dentro desse programa, dentro desse modelo. A compreensão direta disso, a revelação direta sobre isso, a constatação direta disso é esse descondicionamento psicológico, essa desprogramação do ego, do “eu”, dessa falsa identidade. Esse é o fim para essa mente que está sempre produzindo todas as formas de ilusões, se agarrando a todo tipo de ilusões, a todas as formulações que são meramente intelectuais, como são as crenças, nos dando sempre uma ilusória sensação de identidade agora, aqui presente, separada da vida, separada do outro, separada da existência, separada de Deus.

Então, apenas quando a mente é expurgada de todo esse conteúdo de condicionamento, quando todo esse condicionamento se desfaz, quando tudo isso desaparece em razão de uma aproximação pelo Autoconhecimento, quando esse sentido de um “eu” é visto criando a ilusão da separação, quando nos tornamos cientes de que um pensamento presente, um sentimento presente, uma imagem que surge, a linguagem que usamos, a forma como nós nos expressamos, agimos, gesticulamos, quando nos tornamos cientes de todo esse movimento, podemos ficar cientes desse sentido de um “eu” que está condicionado, programado, que mecanicamente está procedendo dessa ou daquela forma.

Essa aproximação é Autoconhecimento. Nessa aproximação se revela a ilusão desse “eu” e, portanto, o sentido de separação. Então é quando a mente pode passar por uma transformação, por uma mudança. Há um descondicionamento da própria mente, Algo novo surge, uma mente nova, uma mente livre, uma mente descondicionada. Nos tornamos cientes de uma Realidade fora da mente, fora do “eu”, fora do ego, fora dessa, assim chamada, “cultura humana”. Então há uma Realidade se mostrando, não é mais uma crença, um conceito; não é mais um movimento de dogmas, de rituais, de cerimônias, de práticas esotéricas, assim chamadas, “místicas ou religiosas”. Agora temos a presença de uma Vida Religiosa, não de um “eu” religioso, de um ego religioso, de uma pessoa religiosa. Aqui eu me refiro à uma Vida Religiosa, à presença do Ser, que é essa Real Consciência, à Verdade Divina de cada um de nós, que é a Verdade de Deus. Não é mais um conceito, uma teoria, é a Realidade de Deus.

Então, se você é aquele que está trabalhando isso nesta vida, nesta existência, se já percebeu que tudo aquilo que nós chamamos de “vida” não faz o menor sentido sem essa Realização de Deus, sem esse Despertar da Consciência, sem essa Iluminação Espiritual, esse é o assunto nosso aqui. Se você já percebeu que não faz o menor sentido uma vida sem a Verdade do seu Ser, esse é o nosso encontro aqui, esse é o nosso propósito aqui, esse é o nosso objetivo aqui, nele estamos olhando para isso.

Esse encontro tem esse objetivo, investigar a nós próprios, olhar para nós mesmos, nos tornarmos cientes da Verdade Divina, da Verdade do Ser e, portanto, da Felicidade. Isso requer o fim para essa mente condicionada, o fim para essa mente que está constantemente criando ilusões, sustentando ilusões, por exemplo, a ilusão da felicidade, da felicidade em realizações pessoais. Quando o casamento acontecer, quando os filhos chegarem, quando aquela casa dos sonhos acontecer, quando algo que o próprio pensamento imagina no futuro se realizar, tudo isso é parte desse programa de uma mente condicionada criando ilusões. Tudo isso precisa terminar. Se isso ainda está muito vivo dentro de você, isso aqui não faz o menor sentido, uma fala como essa.

Esse condicionamento psicológico, esse condicionamento cerebral, mental – além de cerebral também mental –, que é o condicionamento humano, desse senso do “eu”, tem nos tornado criaturas assim, ocupadas apenas nessa busca ou procura dessas, assim chamadas, “realizações externas”; ou, no máximo, em uma ideia de uma realização interna que o próprio pensamento ainda projeta, também, quando nos ligamos a essa ou aquela religião organizada com seus dogmas, rituais, crenças, e ali nos acomodamos e passamos trinta, quarenta, cinquenta anos com aquelas crenças, então temos um “eu”, um ego religioso. Na verdade, aquilo que está presente é um ego condicionado, preso ainda a um padrão de mente dentro dessa programação de ilusão, projetando ilusões: o autoaperfeiçoamento, a espiritualização ou a Verdade de Deus sendo encontrada, a revelação direta após um longo processo de evolução, assim chamado, “espiritual”. Então há todo tipo de crenças sobre isso, “como devo me comportar”, “o que devo fazer aqui na vida para após a morte estar em um lugar melhor”. Há todo tipo de conceitos, crenças, ideias, imaginações e tudo isso ainda faz parte da projeção do próprio “eu”, do próprio ego, dessa própria egoidentidade.

Aqui estamos colocando para você o fim do ego, o fim do “eu”, o fim da egoidentidade e, portanto, o fim dessa ilusão. A Realidade do seu Ser, que é a Realidade de Deus, é agora, é aqui. Uma vida em Amor é agora, aqui, em Liberdade é agora e aqui, nessa Inteligência é agora e aqui, nessa Compaixão é agora e aqui. Uma vida livre de sofrimento, livre desse sentido de egoísmo, de egocentrismo é agora e aqui. Então a Verdade de Deus se mostra não mais como um conjunto de conceitos, de ideais, de propósitos futuristas, é agora se revelando, a Verdade Divina.

Esse é o nosso trabalho aqui com você. Através da Verdade da revelação do Autoconhecimento, uma aproximação da Verdade da Real Meditação agora, aqui de uma forma prática, vivencial, lhe revela um Estado de Ser que é o Ser de Deus. Isso é o fim da separação entre “você e o outro”, entre “você e a vida”. Essa é a verdadeira Realização da Felicidade, do Amor, da Verdade, é a Revelação da Verdade do seu Ser, é a Revelação da Verdade de Deus. Ok?

Esse é o assunto aqui dentro do canal. Se isso é algo que faz sentido para você, deixe aí o seu like e já se inscreva no canal. Quero lembrar você: nós temos aqui no primeiro comentário o link do nosso WhatsApp. Nós temos encontros nos finais de semana online, você pode entrar no grupo do WhatsApp e conhecer de perto esses encontros online. Além disso, nós temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso é algo que faz sentido para você, fica aí o convite e a gente se vê. Valeu pelo encontro e até a próxima!

Agosto de 2023
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quinta-feira, 5 de outubro de 2023

O que é a mente humana? Vida religiosa. Real Meditação. Despertar da Consciência. Atenção Plena.

Repare que estamos aqui investigando com você algumas coisas. Nós estamos descobrindo juntos, na verdade, o que representa uma vida livre, uma vida amorosa, uma vida em Felicidade, uma vida em Paz, uma vida em Completude, e isso, naturalmente, requer uma mente nova.

Será possível realizarmos Isso, nos tornarmos cientes de uma nova mente? A palavra aqui seria adquirir? Talvez não, mas, sim, nos tornarmos cientes de uma mente nova, porque essa mente nova é a mente onde Isso que acabamos de colocar aqui para você se torna possível.

Amorosidade, Paz, Liberdade, Felicidade, Inteligência é Algo que se torna presente quando há essa mente nova. Adquirir Isso de que forma? Através de um método? Através de uma forma de prática? Através de um sistema? Um método filosófico? Um método psicológico? Um método espiritual? Uma prática espiritual? Uma prática filosófica? Uma prática religiosa? Será que através disso podemos adquirir uma qualidade de mente nova, uma mente capaz de compreender a Verdade que é a vida em sua Totalidade? Porque sem essa compreensão, naturalmente se torna impossível. Essa mente nova é essa mente presente na compreensão dessa Totalidade da vida.

Nós temos levado nossa vida dentro de uma mente já padronizada, presa, aprisionada, dentro de sistemas e padrões de repetição e de continuidade, dentro de uma cultura onde não sabemos o que é o Amor. Como podemos, então, viver essa amorosidade? Onde não sabemos o que é a Paz porque estamos sempre em conflito uns com os outros. Como podemos, então, viver uma vida em Paz? Não sabemos o que é a Liberdade. Como podemos, então, viver uma vida em Liberdade? Nós aqui estamos propondo para você uma vida nova, com uma mente nova. Não essa velha e antiga mente que nós conhecemos.

Afinal, o que é a mente humana? A mente humana é esse conflito, essa contradição, essa inquietude. Toda a representação de insanidade está presente na condição dessa, assim chamada, “mente humana”; a inveja, o ciúme, o medo, o desejo, toda a forma de aflição, de inquietude. Percebam essa tagarelice interna, esse modelo de pensamento veloz que corre de uma forma desenfreada, descontrolada dentro de cada um de nós. É possível uma mente nova, livre de tudo isso? Então me parece que esse é o verdadeiro desafio.

O verdadeiro problema que nós temos não é externo, ele é interno, e esse problema consiste nessa “velha mente”, nessa mente humana, nessa condição psicológica de ser “alguém”. Então, como Isso se torna possível? Uma vida onde haja ciência da Realidade de Deus agora e aqui. Não a crença em Deus, não o conhecimento dos Livros Sagrados, a habilidade de recitar os versículos da Bíblia, do Alcorão, da Bhagavad Gita ou de qualquer Escritura Sagrada. Essa habilidade é intelectual.

Nesse intelecto condicionado, ainda preso, naturalmente, a todo esse padrão de inveja, desordem e confusão, desde que as células cerebrais estejam funcionando bem, nós guardamos tudo isso, guardamos esses versículos, guardamos essas expressões sagradas, mas é uma mera recitação verbal, oral, algo intelectual; ficamos só a nível intelectual nessa coisa desse encontro nosso com a vida, assim chamada, “religiosa”.

Essa vida, assim chamada, “religiosa" é uma vida de prática de religião organizada, onde lá nós temos esses momentos onde aprendemos tudo isso, onde guardamos essas palavras e depois repetimos. Isso não faz o menor sentido porque é algo verbal, é algo intelectual, é algo teórico. Estamos aqui sinalizando para você a importância do Despertar da Verdade do seu Ser.

Por uma questão de tradição e de cultura, nós temos muitos ensinadores das Escrituras. Em todos os países no mundo têm os instrutores, assim chamados, “espirituais”, os sacerdotes, os ensinadores que dão esses ensinamentos doutrinários, que repetem para nós o que eles também leram. Há uma distância que é, na verdade, um verdadeiro abismo entre a Verdade de Ser e a teoria sobre a Verdade.

A Verdade é a Realidade de Ser. A teoria sobre a Verdade são palavras, são conceitos e nós amamos isso, adoramos isso, ficamos sentimentalmente, emocionalmente muito tocados com a recitação das Escrituras, mas isso não nos dá uma verdadeira Vida Religiosa, que é uma vida realmente amorosa, pacífica, livre, cônscia da Realidade de que a única Verdade presente é a Realidade de Deus.

A palavra Deus não é a Verdade, a palavra Deus é só uma palavra. Não é a Realidade de Deus a palavra “Deus”. A Realidade de Deus está presente quando o “eu”, o ego, o medo, o desejo, a contradição, o sofrimento, o egoísmo não estão presentes. É isso que aqui nós chamamos de mente nova. É isso que aqui nós chamamos de Real Vida Religiosa.

Isso realmente significa descobrir o que é o viver – o viver a vida. Não é o “eu” na vida, é a vida no viver, na ausência do “eu”, e para isso, sem dúvida, se faz fundamental para todos nós uma mente nova. Essa mente nova é um novo coração, é um novo Ser, é uma nova Presença, é uma nova Realidade, é a Totalidade da vida em sua Compreensão. Mas não é a compreensão de “alguém”, não é a compreensão para “alguém”, é a Compreensão nesse Natural Estado de Ser onde o “eu” não está.

Estamos sinalizando Algo aqui desconhecido, inacessível para essa mente humana, para essa mente comum, para essa mente do “eu”. Isso se revela quando há a visão daquilo que a Real Meditação representa. Isso se torna possível quando há essa visão da Verdade sobre essa ilusão do “eu”, a visão dessa Verdade sobre essa ilusão do “eu”, que é Autoconhecimento. Então se revela a ciência da Verdade do seu Ser que é Real Meditação.

Nós vivemos numa constante busca de segurança. Por que essa constante procura ou busca de segurança? Porque nós vivemos internamente no medo. Como não há Paz, não há Amor, não há Felicidade, não há Liberdade nesse sentido do “eu”, do ego, o medo prevalece, e nesse medo há essa insegurança. Por mais que a gente procure segurança, psicologicamente e fisicamente continuamos nos sentindo atemorizados, assustados e infelizes. Essa é a condição da egoidentidade, dessa, assim chamada, “mente humana”.

Então, o que é essa mente humana? É a condição de ilusão de uma identidade presente nesse instante, nesse momento, nesse viver, vivendo sua própria vida, vivendo nesse sentido de separação, o que é algo completamente falso. Essa dualidade não é real. A Não Dualidade é a Verdade. A Não Dualidade – o que é conhecido na Índia como Advaita – é a Verdade do seu Ser, é a Verdade de Deus, é a Verdade de sua Natureza Essencial.

Assim, esse trabalho aqui consiste nessa descoberta. Estamos trabalhando juntos aqui o fim do medo, o fim da ilusão desse sentido de egoidentidade, de separação. Estamos trabalhando juntos aqui o Despertar da Consciência, o Florescer do seu Natural Estado – alguns chamam isso também de Iluminação Espiritual. Assim, aquilo que se torna importante aqui é realizarmos essa Verdade, a Verdade do nosso próprio Ser. A ciência d’Isso lhe dá essa Visão a partir dessa nova mente, desse novo coração.

Temos que examinar o que é essa mente humana, como ela funciona, o que ela representa. Podemos descobrir isso quando olhamos para nós mesmos e observamos esse movimento. Assim podemos nos tornar cientes de como a mente funciona. Em geral, nós estamos apenas funcionando de uma forma automática, inconsciente, sem uma visão direta de como funcionamos – esse olhar para esse movimento interno de pensamentos, de sentimentos, de sensações, de percepções. Quando nos tornamos cientes de nós mesmos conseguimos ver todo esse movimento, que é o movimento da mente, dessa inquieta mente, dessa tagarela mente, dessa tediosa mente, dessa preocupada mente, dessa preconceituosa mente.

Observar o movimento da mente, se tornar ciente de si mesmo, apenas olhar para isso. Não é fazer algo com isso. Qualquer coisa que você faça a partir dessa mente inquieta, nascerá dessa inquietude. Qualquer coisa que você faça a partir dessa mente tagarela, nascerá dessa tagarelice da mente. Qualquer coisa que você faça a partir dessa mente entediada, nascerá desse tédio da mente. De uma mente estressada, só nasce o estresse. De uma mente preocupada, só nasce a preocupação. Então não se trata de alguma coisa para se fazer, mas ter, sim, uma aproximação para olhar, para observar.

Percebam a beleza dessa forma de nos aproximarmos desse estudo de nós mesmos. Não é para fazer alguma coisa com aquilo que estamos vendo ou com aquilo que se mostra, mas é para nos tornarmos cientes. Isso coloca Presença, isso coloca Consciência onde não havia Consciência, havia apenas o automatismo. É assim que a mente humana funciona.

Então, o que é essa mente humana? É esse automatismo, é esse padrão de continuidade de automatismo. Isso são repetições de experiências passadas, de memórias, de lembranças se repetindo agora em um cérebro condicionado, em um intelecto condicionado; se expressando como ansiedade, tagarelice, inquietude, preocupação. Olhar para isso, apenas olhar, se tornar ciente, o que representa trazer Atenção para esse momento.

Eu tenho falado aqui da importância de colocar Atenção nessa inconsciência. Aqui se trata de uma Atenção Plena colocada neste instante, para esse padrão de inconsciência. Esse modelo de inconsciência é essa mente humana. Uma vez que haja essa Atenção Plena sobre esse movimento, que é o movimento da mente inconsciente, essa inconsciência se desfaz, e quando ela se desfaz, esse padrão de repetição tem uma quebra de continuidade, tem uma solução de continuidade, há um fim para essa continuidade, isso porque nesse instante Algo novo entrou em evidência.

Esse Algo novo é a presença dessa Real Consciência. Quando não há essa ilusão de um experimentador, de um pensador, de um observador, desse elemento que é o “eu” se identificando com essa condição de inconsciência, quando o pensamento surge, não tem o pensador por detrás; o sentimento surge, não tem aquele que sente por detrás desse sentimento; quando a preocupação surge e não há o “preocupado”; quando o estado de tédio surge, mas não há o “entediado”; quando não há esse sentido de um “eu” presente se separando para ser o experimentador dessa experiência.

Notem, essa experiência está vindo do passado, é só uma memória, é só uma lembrança, é só um movimento de continuidade que está sempre colocando um experimentador nisso, um observador nisso, um pensador nisso, “alguém” que sente isso e, naturalmente, que quer fazer algo com relação a esse padrão de mente humana, a esse padrão de mente no “eu”, de mente egoica.

Quando não colocamos esse elemento que se separa disso que surge aqui e agora, quando há só uma observação do movimento dessa mente humana, que é a mente do “eu” – apenas um observar sem intervir, sem interferir, sem se envolver –, nós temos agora essa Atenção Real, essa Atenção Verdadeira, essa Plena Atenção, essa Atenção Plena. Então não há mais essa continuidade, há uma quebra.

Eu quero repetir isso: há o fim para essa condição psicológica de mente humana, porque agora nós temos essa Atenção. Há uma compreensão desse movimento, que é o movimento do “eu”, que é o movimento da mente egoica, que é esse movimento de identidade egoica. Isso é Autoconhecimento, isso é uma aproximação da Real Meditação.

Setembro de 2023
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terça-feira, 3 de outubro de 2023

Atma vichara | A ilusão entre observador e coisa observada | Como vencer o medo? | O que é a mente?

O que é Atma Vichara? Essa é uma expressão de Ramana Maharshi. Ramana Maharshi foi um Sábio que viveu no sul da Índia e compartilhou a Verdade deste Ser com aqueles que se aproximaram dele.

Eu quero falar sobre Atma Vichara. Eu tenho chamado isso de o poder da Real Meditação. Não há nada semelhante a isso. A aproximação da Verdade da Real Meditação é Atma Vichara. Atma Vichara significa auto-observação. E o que é esta auto-observação? Alguns traduzem isso por autoinvestigação, eu prefiro auto-observação. O que é esta auto-observação? É uma aproximação de si mesmo tendo uma visão da verdade de como você funciona.

O ser humano tem se perguntado como controlar a mente, como vencer o medo, como observar a mente. Por que isso é importante? Porque sem uma visão da verdade sobre quem você é, basta olhar para o mundo e perceber a condição em que ele se encontra. Não só esse mundo constituído de países, de nações, de cidades e bairros, mas esse mundo, também, mais próximo.

A família, os amigos do trabalho, nossas relações entre marido e mulher, entre pais e filhos, nossas relações uns com os outros, tudo isso constitui esse mundo, esse “nosso mundo”. Sem uma compreensão da verdade de quem nós somos, de como nós funcionamos, não há Amor, não há Harmonia, não há Beleza, não há Verdade, não há Liberdade, não há Felicidade nessas relações.

Então o mundo é exatamente aquilo que nós somos, aquilo que apresentamos ser, que demonstramos ser, que parecemos ser. É isso que o mundo é. O mundo à nossa volta é o mundo dentro de nós. Uma aproximação Divina, uma aproximação de Deus, uma aproximação da Verdade requer a compreensão de nós mesmos. Tudo que fazemos ao olhar para o mundo, ao interpretar o mundo com base naquilo que nós acreditamos ser tem colocado o mundo e a nós mesmos dentro dessa condição.

Eu quero repetir isso: não há separação entre nós e o mundo. O mundo somos nós, nós somos o mundo. Se há confusão nesse “mim”, nesse “eu”, há confusão nesse mundo. Assim, descobrir como nós funcionamos é colocar nesta vida – nesse contexto de nossas relações uns com os outros que se constitui o mundo – Harmonia, Verdade, Inteligência, Compreensão.

Não podemos dar ao mundo aquilo que não temos. Não podemos receber do mundo uma outra coisa a não ser aquilo que nós somos. Se nós somos confusão, é o que estamos dando para o mundo e é o que estamos recebendo do mundo.

Em nossas relações uns com os outros queremos harmonia, queremos felicidade, queremos companheirismo, queremos amor, mas o que estamos dando para o mundo é aquilo que estamos recebendo do mundo. Se há confusão nesse “eu”, nesse “mim”, nesse ego, nessa pessoa que acredito ser, é isso que recebo do mundo, porque é isso que eu dou para o mundo, porque é isso que o mundo é, aquilo que eu sou.

Assim, a aproximação da Atma Vichara, da auto-observação, lhe mostra o que é a mente e como ir além dessa condição de mente no "eu", de mente pessoal, de mente do mundo, de mente egoica. Então a auto-observação – que é a Atma Vichara – é a Verdade da Real Meditação, um cérebro quieto, silencioso, uma mente livre de padrões, que são os padrões comuns da mente do mundo, da mente do “eu”, da mente egoica.

Que padrões são esses? Nós sabemos o que é a mente? A mente é aquilo que carregamos dentro de nós com o peso da inveja, da violência, do medo, de todas as características desse centro que se separa, desse “eu" que se vê como uma entidade separada.

Reparem, isso não é nada confuso. É muito simples observar e ver o quanto somos pessoais, o quanto somos egocêntricos, o quanto estamos presos a opiniões particulares, a crenças particulares. Isso nos separa do outro e coloca a nossa relação com o outro numa relação em conflito, onde esse autointeresse, esse interesse meramente pessoal nos faz querer que o outro nos dê algo, nos preencha de alguma forma, nos satisfaça de alguma forma.

Há sempre essa condição de egoísmo e, portanto, de medo nesse “nosso mundo”, nesse mundo dessa mente. Observar esse movimento do “eu”, perceber esse elemento que se separa da experiência do momento presente para tentar algo, para buscar algo, para fazer algo com isso que observa, o que nos coloca sempre numa posição de reagir ao instante, reagir a esse momento.

Há uma diferença entre uma ação e uma reação. O movimento do “eu” em nós não conhece uma ação. A ação é aquilo que ocorre nesse instante, sem esse autocentramento, sem esse autointeresse, sem esse egocentrismo. Nós desconhecemos isso. Nossas ações, nossas atividades são egocêntricas e, portanto, são ações reativas. Vamos esclarecer isso aqui para lhe mostrar onde está a questão de todo o problema. Na verdade, esse é o único problema que nós temos.

O que temos dito nesses encontros – e pode soar muito estranho para você – é que os problemas são ilusórios, mas são ilusórios se o sentido de um "eu" é visto como uma ilusão. Se isso se desprende de nós, se esse sentido de um “eu” se desfaz, não há mais problemas. Todos os problemas partem desse “eu”, desse sentido de uma egoidentidade que está reagindo a esse instante.

O sentido de “alguém” presente, que é o “eu”, é algo vindo do passado. Tudo que você tem da pessoa que você acredita ser são conjuntos de imagens, são conjuntos de memórias, de lembranças, algo vindo do passado. Existe um nível de informação que trazemos que vem do passado, que vem da memória, que é algo prático, é algo funcional, precisamos disso.

Em um certo nível, nós precisamos, sim, do pensamento. Repare, todo pensamento é algo que vem do passado, é uma lembrança, é uma memória. O seu nome é uma memória, o endereço da sua casa é uma memória, o nome da sua esposa, da sua namorada, o nome do seu filho, isso é memória e isso é algo prático, objetivo, funcional, precisamos disso agora, aqui.

O mundo funciona assim. Nós funcionamos na vida dessa forma, então nesse nível a memória se faz necessária. Mas eu tenho, também, uma qualidade de memória que dá essa formação a esse “eu”, a esse ego, a essa pessoa e é esse conjunto de memórias que se mostra agora, aqui, que me fazem reagir.

Então nossas ações são atividades egocêntricas porque nascem dessa qualidade de memória. É a memória disfuncional, é a memória do "eu", é a memória do ego, é a memória dessa mente mundana, dessa, assim chamada, “mente humana”; é o resultado de um condicionamento, de uma programação, de um modo de acontecer que está sempre se repetindo.

Eu posso lhe dar aqui um ou dois exemplos e você irá compreender claramente que tipo de memória é essa. Você me disse alguma coisa ontem e eu gostei do que ouvi, e nesse contato com você agora, hoje – aquilo aconteceu ontem, mas que eu registrei essas palavras –, eu gosto de você porque você me disse palavras amáveis. Então esse gostar dessa pessoa que é você, é só uma imagem que eu trago de alguém que conheci ontem. Esse alguém é uma imagem dentro de mim.

Então, notem, essa qualidade de encontro no nível da mente egoica, da memória, desse passado, é um encontro entre imagens. A imagem que eu faço de você, eu gosto dela. Esse “eu” também é uma imagem que eu tenho de quem eu sou. Então o que eu tenho sobre quem eu sou é um conjunto de imagens que eu faço de quem eu sou, que tenho de mim mesmo, de todas as experiências pelas quais passei – que esse eu passou, essa ideia de ser “alguém” passou – e agora isso está aqui e é essa a imagem que eu faço de você.

Então esse encontro é um encontro entre pessoas. As pessoas não passam de imagens para esse “eu”, e esse “eu” não passa de uma imagem, também, para elas. Nesse nível, a qualidade de memória é a memória do ego. Então nossas ações nascem desse tipo de memória: “Eu gosto de você enquanto você é amável comigo, quando você deixar de ser amável comigo eu faço uma outra imagem de você”, “Você não é mais alguém que eu gosto, você não é mais alguém de quem eu gosto, você é alguém de quem eu não gosto”. O “meu gostar”, o “meu não gostar”, o “meu amar você ou odiar você” é um movimento da memória e, portanto, é um movimento reativo do “eu”, do ego.

Compreendam o que é o ego. O que é o ego? É esse movimento de autoimagem, a imagem que eu faço de você, a imagem que você tem de mim. Então o seu nome é uma memória funcional, é uma memória prática, é uma memória objetiva, mas essa autoimagem é uma autoprojeção. Estou projetando quem você é, acredito que sei quem você é em razão dessa imagem que tenho de você; acredito que sei quem eu sou em razão dessa imagem que faço de mim mesmo.

Uma aproximação com a Atma Vichara, com a auto-observação, com a Real Meditação, é olhar para esse movimento da mente e descartar esse movimento de memória psicológica, de passado, para lidar com esse momento livre desse movimento de pensamento – esse movimento de pensamento que eu tenho chamado de tempo psicológico.

Não é a memória objetiva, não é a memória prática, é a memória subjetiva, é a memória imaginária desse “eu”. Olhar para esse movimento, tomar ciência desse movimento do “eu”, isso é o fim para esse movimento. Então é um contato com a vida nesse momento livre desse sentido de separação desse ”eu e você”. Estamos livres do sentido de dualidade, estamos livres do sentido do ego, estamos livres do movimento de reação de memória, então há uma ação agora, aqui.

Eu não faço uma imagem sobre quem você é, não registro isso, não registro uma imagem sobre quem eu sou, então há um contato livre desse sentido de separação, desse sentido de dualidade. Então não há esse “eu e você”, isso é o fim para essa egoidentidade, é o fim para essa memória psicológica do ego, Isso é possível quando há uma aproximação da auto-observação, da observação do movimento da mente sem o observador, esse olhar sem o “eu”, se relacionar sem essa imagem.

O nosso trabalho aqui consiste em descobrirmos uma vida livre de problemas e, portanto, livre de sofrimento. Uma vida assim é uma vida livre do “eu". Eu quero repetir para você: os problemas estão presentes enquanto o sentido do “eu” está presente; os problemas estão presentes dentro desse sentido de um “eu” que está presente. Sem esse sentido de um “eu” que se separa nesse momento dessa experiência do viver, há só a vida. Não há mais esse elemento que se separa e, portanto, não cria conflito, não cria problemas, não cria dificuldades.

Assim, o nosso trabalho aqui consiste em olhar para esse movimento do “eu”. Essa ciência da auto-observação desse movimento nós chamamos aqui de Atma Vichara ou Real Meditação. No nosso canal no Youtube, nós temos uma playlist sobre essa Verdade da Real Meditação de uma forma prática, como realizar Isso nesta vida.

A aproximação do Autoconhecimento é parte disso, dessa autodescoberta da Verdade do seu Ser, livre desse movimento do pensamento. Então, não se trata de controlar o pensamento, se trata de descobrir a verdade sobre esse movimento. Isso é o fim do movimento do “eu”, é o fim do movimento desse pensamento psicológico, dessa condição psicológica de separação, de dualidade. É o fim da ilusão entre esse observador e a coisa observada.

Setembro de 2023
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