Existem algumas questões em nossas vidas que a gente não atenta para elas. Nós não nos aproximamos para observar essas questões. Assim, é muito comum nós passarmos pela vida sem refletirmos sobre alguns assuntos que, na realidade, são fundamentais para cada um de nós.
Então, seria importante, nesse momento, nós conversarmos um pouco aqui sobre a questão, por exemplo, da Liberdade. Se existe algo essencial para cada um de nós nesse contato com a vida – e aqui a vida representa qualquer coisa, assim como um contato com qualquer pessoa ou com qualquer situação – é a Presença da Liberdade. Por exemplo, algo fundamental em nossos contatos e que, em geral, está ausente é a Presença do Amor nas relações.
Como aqui nós estamos olhando juntos essa questão do Despertar de Deus, do Florescer de nossa Natureza Verdadeira, nós estamos aqui investigando a questão da Presença da Verdade do Amor em nossas vidas. E para nós, como não sabemos a Verdade sobre isso, temos feito uma grande confusão; uma confusão em razão do uso ou do emprego de expressões, como “amor” e “liberdade”. Então, se tem algo aqui que também precisamos nos desembaraçar é desse uso inapropriado das palavras.
Quando fazemos o uso da fala, nós temos que fazer uso de expressões. E aqui, a primeira recomendação é que você não se prenda a uma interpretação particular dessas palavras que nós usamos aqui, como, em geral, fazemos quando estamos ouvindo alguém ou lendo um livro. A nossa forma peculiar de interpretar aquilo, geralmente, é segundo o nosso fundo, é segundo o nosso conhecimento.
Então, se nós aqui aplicássemos um pouco essa Liberdade para ouvir uma palavra e investigar um novo aspecto dela, nos desprenderíamos dos nossos conceitos, dos nossos preconceitos, das nossas particulares traduções que temos sobre aquela dada palavra, e isso, aqui, é fundamental. Até porque aqui nós estamos sempre fazendo uso de palavras, fazendo uso de uma mesma expressão e, de repente, dando a ela um novo significado dentro do contexto.
Então, seria muito interessante, aqui, olharmos juntos para essas expressões. Por exemplo, a expressão “amor”. Em geral, as pessoas traduzem isso de uma forma muito peculiar, muito particular dentro de um contexto de cultura, como, em geral, nós fazemos com a maioria das palavras.
Para nós, por exemplo, o que significa o amor? O amor significa prazer, satisfação, preenchimento, gratificação, afago, carinho, sexo. Tudo aquilo que possa nos trazer prazer dentro de uma relação, nós identificamos isso como a presença do amor.
O que não percebemos é que nesse sentido, como nós colocamos e fazemos uso dessa expressão, há um equívoco, porque podemos ter tudo isso – afago, carinho, prazer, satisfação, preenchimento na relação – e dentro disso ainda há posse, há insegurança, medo, controle, ciúme, inveja, exclusivismo, dependência emocional, e fica muito claro para cada um de nós que isso não é a Verdade do Amor; é a presença do medo.
Então, quando nós procuramos esse, assim chamado, amor em nossas relações é possível que haja, por detrás disso, o medo. Estamos chamando de amor aquilo que, na verdade, é medo. Então, aqui eu queria tocar com você, examinar com você isso. Porque nós temos diversas questões não resolvidas nesse nível, no nível das relações humanas, de nossas relações com o outro, com o mundo à nossa volta.
Nós não compreendemos aquilo que se passa dentro de cada um de nós. Nós não nos estudamos, nós não nos investigamos, e isso sustenta uma qualidade de vida onde está presente a mentira, a ilusão, e, portanto, o sofrimento. Assim, é fundamental a gente se aproximar aqui dessa questão da Presença do Amor. Mas não existe a Presença do Amor sem a Liberdade.
Então, a meu ver, não é o prazer, a satisfação, o preenchimento, o carinho, o cuidado o sinal da Presença do Amor, e, sim, a Liberdade. Se nós temos a Presença da Liberdade, nós temos, sim, a Presença do Amor. O Amor é uma flor que floresce em Liberdade, no campo da Liberdade, no jardim da Liberdade. Se não há Liberdade, não existe Amor. Nós podemos ter tudo isso e isso ainda não é o Amor.
Nós não estamos dizendo que a presença da afeição, do carinho, da satisfação ou prazer nas relações é, necessariamente, a presença do medo. O que estamos dizendo é que, se o Amor está presente, tudo isso pode, sim, existir, mas o Amor floresce na Liberdade e não quando o medo está presente. Então, é importante nós atentarmos para isso, examinarmos isso.
A questão aqui é: como essa Liberdade floresce? O florescer dessa Liberdade é o aparecimento desse jardim onde a flor do Amor também floresce. Então, se temos o florescer da Liberdade, temos o florescer do Amor. E como se torna possível essa Liberdade?
Há uma expressão indiana para essa Liberdade onde o Amor floresce. A expressão é Moksha. O que é Moksha? É uma belíssima palavra em sânscrito para esse jardim, para essa Liberdade. É quando a Liberdade está presente, que é Moksha, que é a Liberação ou o Natural Estado de Iluminação Espiritual ou o Despertar da Consciência. Isso é algo que se refere a esse Natural e indescritível Estado livre do medo e, portanto, do sofrimento, onde está presente a Verdade do Amor.
Nós precisamos descobrir, na vida, o que é a vida livre, em Liberdade, onde temos a Presença desse perfume, que é o perfume do Amor. Veja que não é assim a nossa vida, a vida do ser humano. Nós vivemos em estresse, em angústia, em preocupações, dentro de conflitos e desejos, dentro de contradições internas entre a ação e o pensamento.
Nós pensamos algo e fazemos outra coisa, e depois vamos sentir uma terceira coisa em relação àquilo que fizemos. Então, esse é o estado interno, psicológico, em cada um de nós como seres humanos, de contradição, onde está presente, na verdade, a prisão da ignorância, a ilusão. Se isso está presente, o sofrimento está presente.
O meu professor chamava-se Ramana Maharshi e ele compartilhava com todos a Verdade da Atma Vichara. Então, Ramana Maharshi compartilhava a ciência desse constatar de Moksha, desse constatar da Liberdade, como se permitir a Revelação desse jardim onde o Amor floresce. A palavra Atma Vichara, de Ramana Maharshi, é uma expressão em sânscrito para a autoinquirição, a autoinvestigação. Aqui a expressão também pode ser traduzida como auto-observação.
A Verdade da Liberdade requer a presença de um novo espaço. O ser humano tem procurado espaço. Tudo na vida acontece dentro de espaços. Agora mesmo, estamos colocando para você: nós não temos a Presença do Real Amor sem a presença do espaço, que é o espaço da Liberdade.
As ações ocorrem dentro de espaços. Se não há espaço, não há Liberdade. O bem mais precioso que nós temos na vida, uma vez que a vida acontece com ações, com eventos, com situações surgindo, o bem mais precioso é, de verdade, a Presença da Liberdade. Aquele que cumpre uma pena na prisão, aquilo que nós temos de mais precioso foi tirado dele, que é a liberdade.
Quando não temos Liberdade, temos a presença do sofrimento. O ser humano vive em estados internos de prisão. Assim, as nossas relações externas, em razão desse formato interno de prisão psicológica em que nós nos encontramos, são relações conflituosas, porque são relações que ocorrem sem Liberdade.
Quando uma pessoa está nesse, assim chamado, amor, por exemplo, que é o amor como, em geral, nós conhecemos, que é, na verdade, um amor cercado pela presença do medo, nós não temos esse jardim da Liberdade. E, se isso está presente, a confusão, a desordem, o problema está presente.
É fundamental nós investigarmos tudo isso para liberarmos de nossas vidas essa condição, para tomarmos ciência da Realidade Divina que trazemos, que é Moksha, que é Liberação, onde o Amor está presente. Quando as pessoas perguntam como lidar com o ciúme e a insegurança… Repare, a presença do ciúme é a presença do medo, da preocupação, da dependência, da insegurança.
Nós não temos a Presença da Verdade do Amor em nossas relações quando isso está presente, mas é isso que, em geral, nós como seres humanos chamamos de amor. A presença da dependência é apego, e insegurança, é o medo; o medo de não controlar, o desejo de poder controlar, o medo de ser enganado, de ser traído, de ser abandonado. Tudo isso está presente nesse, assim chamado, amor como nós conhecemos, onde não temos a Verdade da Liberdade.
Aqui estamos lhe convidando a uma vida livre, onde essa Liberdade floresce e o Amor se estabelece como a vida acontecendo, como tudo o que surge, momento a momento. Como se aproximar, então, desse espaço, uma vez que tudo o que nós procuramos é na vida, na verdade, espaço?
Repare que o estrese é ausência de espaço, a ansiedade é ausência de espaço, a depressão é ausência de espaço, a angústia é ausência de espaço, todos esses estados psicológicos internos presentes no ser humano, em razão da presença do medo, isso é ausência do espaço, e é assim que o ser humano tem vivido, está vivendo há milênios, dentro desta condição. Então, nós temos muito o que investigar sobre isso, conversar sobre isso aqui com você.
Nós precisamos romper com essa condição, e o que torna isso possível é a visão da Atma Vichara, a ciência da aproximação de si mesmo pelo Autoconhecimento. Descobrir o que é observar suas reações nesse instante, nesse momento, perceber como você funciona sendo uma pessoa, abrir mão disso, soltar essa “pessoa” como você se vê dentro do contexto da vida, dentro do contexto das relações.
Soltar esse “mim”, esse “eu”, esse “ego”, descobrir o que é morrer nesse momento para essa ilusão dessa identidade ilusória, que vive dentro desse pequeno e estreito espaço, que é o espaço do “eu”, do “ego”. Esse é o único espaço que nós conhecemos. Esse é o espaço do observador, do pensador, do experimentador de suas experiências.
Nós precisamos romper essa bolha, romper essa limitação. Então, quando essa bolha explode, há um novo espaço presente e esse espaço é o espaço da Liberação, de Realização de Deus, da Iluminação Espiritual. É isso que nós estamos trabalhando aqui com você.
Sábado e domingo estamos juntos, explorando esse assunto com você em encontros online. Então fica aqui um convite para você, uma oportunidade de adentrar a essa visão da Realidade daquilo que é Você, nesta vida. Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros.