Aqui, com você, nós estamos investigando algumas coisas. O primeiro assunto que iremos abordar dentro dessa fala é a questão da autoinvestigação. O que é a autoinvestigação? Colocando de uma forma bem direta, a autoinvestigação é a ciência de se auto-observar. E por que isso é fundamental? E por que isso é essencial nesse trabalho do Despertar ou da Realização de Deus? Porque sem isso você não tem uma base verdadeira para a compreensão da Realidade sobre você.
Assim, o que é a autoinvestigação? É a aproximação da visão do Autoconhecimento. Então, há uma relação estreita entre autoinvestigação e Autoconhecimento. Então, eu quero tocar com você nessa questão da autoinvestigação. Uma aproximação da verdade sobre o "eu", sobre essa "pessoa", sobre esse "mim", requer um olhar direto para essas reações que se passam conosco, a cada momento.
Nós temos um propósito aqui juntos, que é nos darmos conta da Realidade, d'Aquilo que está presente nesse instante, aqui e agora, além do "eu", além do ego, além dessa "pessoa". Esse sentido de pessoa, que é o "eu", o ego, é aquilo que o pensamento tem estabelecido em cada um de nós por algumas razões, e nessa fala a gente não vai explorar muito isso.
Eu quero falar sobre Autoconhecimento, da importância de apenas tomar ciência dessas reações. Tomar ciência dessas reações é se auto-observar; se auto-observar é se aproximar dessa investigação sobre si mesmo, sobre quem nós somos. E há algo envolvido nesse processo, algo muito direto, e que está diretamente ligado a essa questão desse estudar a si mesmo, dessa autoinvestigação, que é a presença das relações em nossas vidas.
A vida consiste de relações acontecendo, e eu quero tocar nessa questão das relações humanas. A nossa vida consiste de relações; são relações com coisas que acontecem, com eventos surgindo, acontecimentos aparecendo, e relações também com nós mesmos, com aquilo que se passa dentro de cada um de nós, que são essas reações que surgem, como os pensamentos, os sentimentos, as emoções, e além disso, nós temos o contato com essas relações com as pessoas.
Então, o que são essas relações humanas? Que lugar isso tem dentro desse contexto da autoinvestigação? Uma outra palavra para autoinvestigação é autoinquirição ou auto-observação, e eu prefiro essa última. A auto-observação é olhar para aquilo que se passa com você nesse momento, em especial nesse contato com pessoas, ou seja, nas relações humanas. Então nós temos que explorar esse assunto, porque boa parte das nossas vidas consiste de relações com pessoas.
Nós estamos sempre em contato com pessoas, e esse contato de relação, em geral com as pessoas mais próximas, em razão da confusão interna em que nós nos encontramos, em razão da confusão psicológica que a mente está produzindo dentro de cada um de nós, estão onerosas em razão da presença do apego, e esse apego está produzindo conflito, problemas, alguma forma de desordem e sofrimento para cada um de nós e, também, para o outro com quem estamos nesse relacionamento.
Nós temos chamado essa relação entre pessoas de relacionamento. Quando essa condição psicológica de apego dentro da relação, produzindo confusão e sofrimento, se torna insuportável, nós partimos para uma outra relação, ou seja, para um outro relacionamento, e assim estamos dando continuidade à nossa vida, sendo uma vida confusa, perturbada, complicada, na verdade, profundamente infeliz; isso porque nos falta uma visão da compreensão das relações.
Nós não temos só a questão do apego; temos presentes no apego, dentro dessas relações, todo tipo de sofrimento em razão da dependência, porque o apego gera dependência. Essa dependência gera, por exemplo, o medo: o medo de perder, ou o medo de não controlar, ou o medo de não dominar o outro, ou de não se dominar nessa entrega ao outro em razão dessa sujeição do apego, dessa dependência emocional que tem se estabelecido dentro dessa relação, desse relacionamento.
Assim, como o nosso propósito juntos aqui é descobrir a vida livre do "eu", a vida livre, portanto, do sofrimento, a Real Vida Divina, nós precisamos investigar tudo isso, nós precisamos saber qual é a verdade presente dentro desses relacionamentos, dessas assim chamadas relações humanas. E a verdade sobre isso é que nós estamos estabelecendo o contato com ele ou ela, o contato com o outro, tendo por princípio uma ideia, um pensamento a respeito ou sobre quem nós somos.
Não compreender a verdade sobre você e se colocar dentro de um contexto de relação é estar estabelecendo dentro desta relação conflito, sofrimento e problema; isso porque nos falta uma visão da verdade sobre quem nós somos. Portanto, não há como viver a vida sem relações, sem relacionamentos, porque a vida consiste de relação. Nós não somos uma ilha isolada, nós vivemos sempre em relações com pessoas, que são esses relacionamentos, em relações com acontecimentos, com situações, em relações com nós mesmos.
Então, o primeiro ponto é esse: não há como escapar disso, isso é parte da vida e , no entanto, nós não podemos manter essa velha condição de continuidade desse sofrimento, em razão da ignorância a respeito de como isso acontece. Eu refiro a esse mecanismo, a essa mecânica da relação, essa mecânica dos relacionamentos. Então só nos resta aqui ter uma aproximação da verdade sobre quem nós somos. É por isso que abordamos a questão do Autoconhecimento, do que é esse aprender sobre o Autoconhecimento.
A base para uma vida feliz, livre, harmoniosa, em paz e, portanto, com a presença do Amor nas relações, nos relacionamentos, requer a presença do Autoconhecimento. Se você não sabe lidar consigo mesmo, se você não se compreende, não há como compreender o outro. Então, a real base para a Vida - não a vida como nós conhecemos, mas para a Vida Real, para a Vida onde temos a presença do Amor - é compreender a verdade sobre quem nós somos. Apenas quando temos essa compreensão a respeito de como nós funcionamos, como essa mecânica do "eu" acontece, temos a ciência desse mecanismo dos relacionamentos.
Uma vez que você compreenda que esse elemento presente, esse sentido do "eu", está estabelecido em você a partir de quadros e representações mentais que o pensamento tem estabelecido, nós temos a possibilidade do descarte dessa ilusão; uma vez compreendido isso, fica claro que o que nós temos das pessoas são pensamentos. Você tem um pensamento sobre a sua esposa, sobre o seu marido, sobre o seu chefe. Você tem um pensamento sobre pessoas à sua volta, que estão lidando com você no dia a dia.
Todos os nossos relacionamentos estão se estabelecendo em nós a partir do pensamento que temos sobre ele ou ela, e isso ocorre porque não aprendemos a viver a vida livre do pensamento; isso ocorre porque nós temos, antes de qualquer pensamento sobre o outro, um pensamento sobre nós mesmos. Esse pensamento é a presença de uma ideia, de um quadro mental, de uma representação de abstração em ideia, em memória, em pensamento, sobre quem nós somos.
Aqui estamos nos referindo a essa imagem que o pensamento tem estabelecido dentro de cada um de nós; o pensamento sustenta isso, ele estabelece isso. Agora há pouco eu disse que não ia colocar com mais clareza a respeito disso, mas na verdade eu vou aprofundar um pouco mais, de como se dá essa formação dessa imagem que nós temos sobre nós mesmos. É essa imagem, é essa autoimagem que você tem sobre você que está criando imagens dos outros. É esse pensamento que você tem estabelecido dentro de você, como sendo você, que está criando pensamentos sobre os outros.
Assim, as nossas ligações, os nossos contatos - repare: contatos, ligações, são relacionamentos - estão se estabelecendo em nossas vidas no pensamento; e o pensamento é algo que está criando uma separação. O pensamento que eu tenho sobre quem eu sou está criando um pensamento sobre quem você é. O ponto aqui é que pensamento não lida com a Realidade. Reparem a complexidade disso e, ao mesmo tempo e paradoxalmente, a simplicidade do que estamos colocando.
Quando você se depara com alguém, você não sabe quem é essa pessoa, ou essa pessoa é só a "sua pessoa", ou seja, aquilo que o pensamento tem estabelecido em você sobre quem ela é, mas, de fato, você não a conhece. Você não a conhece porque, basicamente, você também não se conhece. Olhe para si mesmo, tudo que você tem sobre você são representações que o pensamento tem estabelecido; essa autoimagem é uma abstração, não é a Realidade, é a imaginação sobre você. Essa imaginação sobre você está sustentando a imaginação sobre o outro.
Assim, os nossos contatos, as nossas relações ou relacionamentos na vida, sem a ciência da verdade sobre isso, continuam se estabelecendo dentro daquilo que o pensamento está estabelecendo, então estamos diante de uma ilusão. A nossa vida é a vida do "eu", a vida da imagem, a vida dessa autoimagem. Todo o seu contato com a vida nesse presente momento, na relação com coisas, eventos, acontecimentos e nos relacionamentos com pessoas é algo completamente equivocado. E porque há esse equívoco, estabelecido nessa ilusão, que é o modelo do pensamento, nós não estamos lidando com a Vida Real e, sim, com a vida que o pensamento está estabelecendo como sendo verdadeira para cada um de nós.
O ponto é que o pensamento em você é algo que vem do passado. Todo o pensamento não lida com a Realidade, lida com uma ideia, um conceito, uma imagem. Assim, não estamos lidando com a Vida Real e, sim, com a vida do "eu", com a vida do ego, com a vida dessa autoimagem. Quando nós nos aproximamos aqui desse aprender sobre o Autoconhecimento, nós descobrimos como descartar o modelo do pensamento, no qual a vida do "eu" está se estabelecendo; é quando podemos nos livrar dessa autoimagem. Esta autoimagem, na psicologia, já foi identificada, no entanto, isso fica dentro de conceitos teóricos, de abstração.
Nós precisamos ter um contato direto com a verdade sobre isso em nós mesmos, com essa questão da autoimagem. Então, a autoimagem não é uma questão para a psicologia, é uma questão para a visão da verdade sobre quem nós somos, que é o Autoconhecimento. Então, essa autoinvestigação é olhar para essas reações e perceber o que o pensamento está estabelecendo dentro desse contexto, para nos livrarmos dele, para irmos além do pensamento, para a Vida Real, onde está presente Algo novo; esse Algo novo é a presença da Inteligência.
Não há Inteligência no pensamento. A vida no pensamento é uma vida estabelecida nesse passado, centrada nesse passado, nessa continuação das lembranças, das memórias. A memória que eu tenho sobre quem ele é, sobre quem ela é, sobre quem eu sou: repare, isso é pensamento. Não há realidade na memória, apenas uma imaginação, um conceito, uma imagem.
Então, o que é a presença dessa Inteligência? O que é a presença dessa Realidade Divina, dessa Verdade do seu Ser livre do "eu", do "ego", dessa autoimagem? Veja, isso é algo que se revela com o Despertar dessa Inteligência, dessa visão da vida livre do "eu"; é quando podemos, de fato, nas relações, nos relacionamentos, termos a presença da comunhão. Então, a real ligação ou contato é a verdade da comunhão nas relações, quando o "eu" não está, quando a autoimagem não está, quando estamos livres do pensamento.
Aqui estamos lhe convidando para uma vida livre do pensamento, para uma vida livre do "eu" e, portanto, de Amor, de Verdade, de ciência de Deus; isto requer a presença desse Despertar. Para esse propósito, nós temos encontros online nos finais de semana, onde sábado e domingo estamos juntos. Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros.