terça-feira, 19 de novembro de 2024

O que é Moksha? | Atma Vichara Ramana Maharshi | Como lidar com ciúmes e insegurança? | Advaita

Existem algumas questões em nossas vidas que a gente não atenta para elas. Nós não nos aproximamos para observar essas questões. Assim, é muito comum nós passarmos pela vida sem refletirmos sobre alguns assuntos que, na realidade, são fundamentais para cada um de nós.

Então, seria importante, nesse momento, nós conversarmos um pouco aqui sobre a questão, por exemplo, da Liberdade. Se existe algo essencial para cada um de nós nesse contato com a vida – e aqui a vida representa qualquer coisa, assim como um contato com qualquer pessoa ou com qualquer situação – é a Presença da Liberdade. Por exemplo, algo fundamental em nossos contatos e que, em geral, está ausente é a Presença do Amor nas relações.

Como aqui nós estamos olhando juntos essa questão do Despertar de Deus, do Florescer de nossa Natureza Verdadeira, nós estamos aqui investigando a questão da Presença da Verdade do Amor em nossas vidas. E para nós, como não sabemos a Verdade sobre isso, temos feito uma grande confusão; uma confusão em razão do uso ou do emprego de expressões, como “amor” e “liberdade”. Então, se tem algo aqui que também precisamos nos desembaraçar é desse uso inapropriado das palavras.

Quando fazemos o uso da fala, nós temos que fazer uso de expressões. E aqui, a primeira recomendação é que você não se prenda a uma interpretação particular dessas palavras que nós usamos aqui, como, em geral, fazemos quando estamos ouvindo alguém ou lendo um livro. A nossa forma peculiar de interpretar aquilo, geralmente, é segundo o nosso fundo, é segundo o nosso conhecimento.

Então, se nós aqui aplicássemos um pouco essa Liberdade para ouvir uma palavra e investigar um novo aspecto dela, nos desprenderíamos dos nossos conceitos, dos nossos preconceitos, das nossas particulares traduções que temos sobre aquela dada palavra, e isso, aqui, é fundamental. Até porque aqui nós estamos sempre fazendo uso de palavras, fazendo uso de uma mesma expressão e, de repente, dando a ela um novo significado dentro do contexto.

Então, seria muito interessante, aqui, olharmos juntos para essas expressões. Por exemplo, a expressão “amor”. Em geral, as pessoas traduzem isso de uma forma muito peculiar, muito particular dentro de um contexto de cultura, como, em geral, nós fazemos com a maioria das palavras.

Para nós, por exemplo, o que significa o amor? O amor significa prazer, satisfação, preenchimento, gratificação, afago, carinho, sexo. Tudo aquilo que possa nos trazer prazer dentro de uma relação, nós identificamos isso como a presença do amor.

O que não percebemos é que nesse sentido, como nós colocamos e fazemos uso dessa expressão, há um equívoco, porque podemos ter tudo isso – afago, carinho, prazer, satisfação, preenchimento na relação – e dentro disso ainda há posse, há insegurança, medo, controle, ciúme, inveja, exclusivismo, dependência emocional, e fica muito claro para cada um de nós que isso não é a Verdade do Amor; é a presença do medo.

Então, quando nós procuramos esse, assim chamado, amor em nossas relações é possível que haja, por detrás disso, o medo. Estamos chamando de amor aquilo que, na verdade, é medo. Então, aqui eu queria tocar com você, examinar com você isso. Porque nós temos diversas questões não resolvidas nesse nível, no nível das relações humanas, de nossas relações com o outro, com o mundo à nossa volta.

Nós não compreendemos aquilo que se passa dentro de cada um de nós. Nós não nos estudamos, nós não nos investigamos, e isso sustenta uma qualidade de vida onde está presente a mentira, a ilusão, e, portanto, o sofrimento. Assim, é fundamental a gente se aproximar aqui dessa questão da Presença do Amor. Mas não existe a Presença do Amor sem a Liberdade.

Então, a meu ver, não é o prazer, a satisfação, o preenchimento, o carinho, o cuidado o sinal da Presença do Amor, e, sim, a Liberdade. Se nós temos a Presença da Liberdade, nós temos, sim, a Presença do Amor. O Amor é uma flor que floresce em Liberdade, no campo da Liberdade, no jardim da Liberdade. Se não há Liberdade, não existe Amor. Nós podemos ter tudo isso e isso ainda não é o Amor.

Nós não estamos dizendo que a presença da afeição, do carinho, da satisfação ou prazer nas relações é, necessariamente, a presença do medo. O que estamos dizendo é que, se o Amor está presente, tudo isso pode, sim, existir, mas o Amor floresce na Liberdade e não quando o medo está presente. Então, é importante nós atentarmos para isso, examinarmos isso.

A questão aqui é: como essa Liberdade floresce? O florescer dessa Liberdade é o aparecimento desse jardim onde a flor do Amor também floresce. Então, se temos o florescer da Liberdade, temos o florescer do Amor. E como se torna possível essa Liberdade?

Há uma expressão indiana para essa Liberdade onde o Amor floresce. A expressão é Moksha. O que é Moksha? É uma belíssima palavra em sânscrito para esse jardim, para essa Liberdade. É quando a Liberdade está presente, que é Moksha, que é a Liberação ou o Natural Estado de Iluminação Espiritual ou o Despertar da Consciência. Isso é algo que se refere a esse Natural e indescritível Estado livre do medo e, portanto, do sofrimento, onde está presente a Verdade do Amor.

Nós precisamos descobrir, na vida, o que é a vida livre, em Liberdade, onde temos a Presença desse perfume, que é o perfume do Amor. Veja que não é assim a nossa vida, a vida do ser humano. Nós vivemos em estresse, em angústia, em preocupações, dentro de conflitos e desejos, dentro de contradições internas entre a ação e o pensamento.

Nós pensamos algo e fazemos outra coisa, e depois vamos sentir uma terceira coisa em relação àquilo que fizemos. Então, esse é o estado interno, psicológico, em cada um de nós como seres humanos, de contradição, onde está presente, na verdade, a prisão da ignorância, a ilusão. Se isso está presente, o sofrimento está presente.

O meu professor chamava-se Ramana Maharshi e ele compartilhava com todos a Verdade da Atma Vichara. Então, Ramana Maharshi compartilhava a ciência desse constatar de Moksha, desse constatar da Liberdade, como se permitir a Revelação desse jardim onde o Amor floresce. A palavra Atma Vichara, de Ramana Maharshi, é uma expressão em sânscrito para a autoinquirição, a autoinvestigação. Aqui a expressão também pode ser traduzida como auto-observação.

A Verdade da Liberdade requer a presença de um novo espaço. O ser humano tem procurado espaço. Tudo na vida acontece dentro de espaços. Agora mesmo, estamos colocando para você: nós não temos a Presença do Real Amor sem a presença do espaço, que é o espaço da Liberdade.

As ações ocorrem dentro de espaços. Se não há espaço, não há Liberdade. O bem mais precioso que nós temos na vida, uma vez que a vida acontece com ações, com eventos, com situações surgindo, o bem mais precioso é, de verdade, a Presença da Liberdade. Aquele que cumpre uma pena na prisão, aquilo que nós temos de mais precioso foi tirado dele, que é a liberdade.

Quando não temos Liberdade, temos a presença do sofrimento. O ser humano vive em estados internos de prisão. Assim, as nossas relações externas, em razão desse formato interno de prisão psicológica em que nós nos encontramos, são relações conflituosas, porque são relações que ocorrem sem Liberdade.

Quando uma pessoa está nesse, assim chamado, amor, por exemplo, que é o amor como, em geral, nós conhecemos, que é, na verdade, um amor cercado pela presença do medo, nós não temos esse jardim da Liberdade. E, se isso está presente, a confusão, a desordem, o problema está presente.

É fundamental nós investigarmos tudo isso para liberarmos de nossas vidas essa condição, para tomarmos ciência da Realidade Divina que trazemos, que é Moksha, que é Liberação, onde o Amor está presente. Quando as pessoas perguntam como lidar com o ciúme e a insegurança… Repare, a presença do ciúme é a presença do medo, da preocupação, da dependência, da insegurança.

Nós não temos a Presença da Verdade do Amor em nossas relações quando isso está presente, mas é isso que, em geral, nós como seres humanos chamamos de amor. A presença da dependência é apego, e insegurança, é o medo; o medo de não controlar, o desejo de poder controlar, o medo de ser enganado, de ser traído, de ser abandonado. Tudo isso está presente nesse, assim chamado, amor como nós conhecemos, onde não temos a Verdade da Liberdade.

Aqui estamos lhe convidando a uma vida livre, onde essa Liberdade floresce e o Amor se estabelece como a vida acontecendo, como tudo o que surge, momento a momento. Como se aproximar, então, desse espaço, uma vez que tudo o que nós procuramos é na vida, na verdade, espaço?

Repare que o estrese é ausência de espaço, a ansiedade é ausência de espaço, a depressão é ausência de espaço, a angústia é ausência de espaço, todos esses estados psicológicos internos presentes no ser humano, em razão da presença do medo, isso é ausência do espaço, e é assim que o ser humano tem vivido, está vivendo há milênios, dentro desta condição. Então, nós temos muito o que investigar sobre isso, conversar sobre isso aqui com você.

Nós precisamos romper com essa condição, e o que torna isso possível é a visão da Atma Vichara, a ciência da aproximação de si mesmo pelo Autoconhecimento. Descobrir o que é observar suas reações nesse instante, nesse momento, perceber como você funciona sendo uma pessoa, abrir mão disso, soltar essa “pessoa” como você se vê dentro do contexto da vida, dentro do contexto das relações.

Soltar esse “mim”, esse “eu”, esse “ego”, descobrir o que é morrer nesse momento para essa ilusão dessa identidade ilusória, que vive dentro desse pequeno e estreito espaço, que é o espaço do “eu”, do “ego”. Esse é o único espaço que nós conhecemos. Esse é o espaço do observador, do pensador, do experimentador de suas experiências.

Nós precisamos romper essa bolha, romper essa limitação. Então, quando essa bolha explode, há um novo espaço presente e esse espaço é o espaço da Liberação, de Realização de Deus, da Iluminação Espiritual. É isso que nós estamos trabalhando aqui com você.

Sábado e domingo estamos juntos, explorando esse assunto com você em encontros online. Então fica aqui um convite para você, uma oportunidade de adentrar a essa visão da Realidade daquilo que é Você, nesta vida. Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros.

Agosto de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Como alcançar a Sabedoria? Sabedoria humana. Sabedoria na prática. Sobre Autoconhecimento. Advaita.

Aqui a nossa ênfase, dentro desses encontros é que você, ao se aproximar, tenha uma aproximação um tanto diferente da que, geralmente, a maioria das pessoas tem quando se aproximam para ouvir alguém, para ouvir sobre um determinado assunto.

Aqui a nossa ênfase é que você olhe para tudo que está sendo colocado aqui e investigue isso, se torne ciente disso, colocando sua mente e o seu coração para alcançar aquilo que está sendo colocado. Em geral, não é assim que fazemos, porque sempre entramos com uma parte de nós e não com essa Totalidade: ou nós entramos com o intelecto ou entramos com a emoção.

Nós temos uma forma de aproximação muito particular quando intelectualizamos aquilo que escutamos ou colocamos essa sensibilidade emocional para sermos tocados por aquilo que escutamos. Aqui uma aproximação verdadeira desse assunto é uma aproximação onde a mente, o coração e todo o nosso ser esteja envolvido nisso.

Eu quero tocar com você na importância, na beleza dessa ciência de Vida livre, inteligentemente vivida, onde não temos mais a presença do conflito, da desordem, da confusão e do sofrimento. Isso requer um novo cérebro, uma nova mente, um novo coração; isso requer uma visão da Vida em Sabedoria.

Há uma pergunta que alguns fazem, mas é tão difícil encontrarmos uma resposta, e aqui eu quero investigar essa pergunta. A pergunta é: “Como alcançar a Sabedoria?” Porque, sim, é na Vida sábia que não encontramos complicações. Mesmo quando surge um problema, nós podemos atender àquele problema de imediato, a ponto de que ele não fique raízes profundas dentro de nós mesmos, criando estados internos de sofrimento. Isso requer a presença da Sabedoria. E há uma forma de nos aproximarmos disso; essa forma está na ciência de aprender.

Quando você era criança, você foi levado para o colégio. Então você, pela primeira vez, se deparou com o ensino, com essa forma clássica de aprender. Nessa maneira comum de aprender as coisas, nós somos colocados diante daquela tarefa, daquele ensinamento, seja ele prático ou teórico. Essa é a forma de aprender que nós conhecemos. Então, de uma forma prática ou de uma forma teórica, ficamos expostos àquilo e termina que aprendemos, e esse aprender leva tempo.

Curiosamente, é uma qualidade de aprender que nós conhecemos, que estamos familiarizados com esse aprender, que parece que, por mais que saibamos, ainda não sabemos o suficiente. E há uma razão por detrás disso. Há uma separação entre essa qualidade de conhecimento que se aprende na vida, para lidar com assuntos triviais na vida, assim chamada, sabedoria humana. Na verdade, essa ideia de sabedoria humana é uma divisão que nós criamos entre a sabedoria humana e a Sabedoria Divina.

Eu quero abordar com você a Verdade do Florescer, do Despertar da Ciência da Verdade. É nesse sentido que nós usamos aqui a expressão Sabedoria. Me parece que essa é a forma mais real de lidarmos com essa expressão. Aqui se trata desta ciência da Vida. É natural que isso abarque a Totalidade da Vida, e não uma particular condição de vida, onde há um certo conhecimento que, por mais que aprendamos, teremos que continuar aprendendo, que é o que as pessoas chamam de sabedoria humana.

Qual será a Verdade do Florescer da Sabedoria? Dessa Sabedoria que abarca essa Totalidade da Vida; uma Vida livre, harmoniosa, íntegra, completa e feliz. É aqui que precisamos nos aproximar de uma outra forma de aprender, porque apenas essa outra forma de aprender pode nos mostrar essa Verdade.

Essa maneira usual de aprender acumulando informações, adquirindo conhecimento e vivendo experiências, isso nos dá uma formação e uma habilidade para lidar com assuntos técnicos na vida e, no entanto, não nos dá condições para lidarmos com a vida, porque a vida não consiste só de assuntos técnicos.

Você sabe dirigir um carro, você sabe pilotar um avião, você sabe resolver um problema matemático. Você conhece arquitetura, engenharia. Se você é um engenheiro, você sabe construir uma ponte ou desenhar um prédio, toda essa estrutura para a construção de um grande edifício. Mas esse conhecimento é o conhecimento que se aprende na razão do tempo. Assim, é um conhecimento atrelado à experiência, a essa forma de aprendizado em que você tem que estudar a base teórica. É assim que aprendemos física, matemática, química.

Então, nós conseguimos lidar com esses assuntos, em razão dessa visão, dessa, assim conhecida, inteligência humana, dessa habilidade, capacidade de atuar e aprender atuando, de crescer nesse movimento da ação, nesse nível de aprendizado. Tudo isso é muito razoável. Mas observe que essa qualidade de conhecimento, de experiência, é algo que sempre carrega essa limitação, há sempre o que aprender. Então, é uma qualidade de conhecimento que tem uma sombra que acompanha esse tipo de conhecimento: experiência, que é a ignorância. Você nunca sabe o suficiente, ou sempre tem o que aprender.

Aqui, quando tocamos com você na Verdade da Sabedoria, que se trata desta ciência da Vida, não estamos falando de um conhecimento fragmentado, como esse tipo de conhecimento que tratamos agora há pouco. Estamos apontando, sinalizando pra você uma qualidade de visão da vida que ultrapassa essa visão do conhecimento.

Observe que você pode ser um especialista, um técnico, um engenheiro, um matemático, um físico, um químico, você pode ser um cientistas, mas você não sabe lidar com os próprios pensamentos, com os próprios sentimentos, com as suas emoções. Se uma notícia chega a você, ela altera por completo esse estado interno em que você se encontra nesse momento. Se é uma notícia boa, você fica eufórico, entusiasmado, contente, mas se é uma notícia ruim, você fica descontente, triste, deprimido.

Então, algumas coisas nos alegram e outras coisas nos entristecem, algumas coisas nos animam e outras nos desanimam. Situações nos deixam entusiasmados, e outras nos deixam deprimidos. Notem que coisa interessante é essa estrutura psicológica humana presente em cada um de nós.

Não importa o grau de instrução que nós tenhamos. Aquele homem do campo que trabalha com a terra, que não pôde estudar, está tão vulnerável a estados psicológicos de ansiedade, preocupação, depressão, medo, angústia como o homem culto, letrado, ilustrado, que estudou bastante, que é um PhD, um cientista.

A nossa psicológica condição não tem sido compreendida. Nós não compreendemos a nós mesmos, nós não nos estudamos, assim, adquirimos uma visão particular, especializada, da vida, mas não temos a menor ciência de nossas reações, de como funcionamos internamente, psicologicamente. Nos falta a visão da Sabedoria. Então a pergunta é: “Como alcançar a Sabedoria?” E agora me parece que já está claro para você: Sabedoria não é algo que se alcança.

“Como alcançar a sabedoria?” Você pode alcançar o conhecimento, você pode alcançar o know how, a capacidade, a habilidade, a especialização, a formação intelectual, a graduação, a pós graduação. Tudo isso você pode alcançar, porque é algo que está no tempo, requer conhecimento, experiência, prática, habilidade, enquanto que a Verdade sobre a Sabedoria é que a Sabedoria só é possível na razão do Autoconhecimento.

Enquanto não houver a ciência da Verdade sobre quem você é, o que implica a compreensão de como você funciona e essa maestria de lidar com essas reações, e a base para isso é o Autoconhecimento, enquanto isso não ficar claro, não haverá Sabedoria, a Verdade da Sabedoria. A Verdade sobre a Sabedoria é que ela é o resultado da compreensão de nós mesmos. O fundamento em que se abaliza a ciência da Vida, da Totalidade da Vida, é o Autoconhecimento.

Lidar com o marido, lidar com a esposa, lidar com os filhos, lidar com a vida, lidar com pessoas, lidar consigo mesmo, livre desse psicológico peso de pensamento, sentimento e reações, que estão sempre vindo do passado para responder a esse momento de uma maneira tal que o sentido do “eu”, do ego, está sempre envolvido nisso. Enquanto isso não for liberado de cada um de nós, enquanto houver esse sentido do “eu”, do ego, aquilo que está presente é a ignorância, a ilusão.

Isso nos mostra que não conhecemos a Verdade sobre quem somos. Isso demonstra, de uma forma clara, o sentido de uma identidade que se separa da vida, que se separa do outro, que se separa de Deus. A Realidade Divina é a Verdade deste Ser, deste Real Ser, que está presente quando o ego não está, quando a ilusão não se mostra mais presente.

Então, aqui é para a investigação da natureza da Verdade sobre nós mesmos. Portanto, não se trata dessa divisão que intelectualmente temos feito entre sabedoria humana e Sabedoria Divina ou inteligência humana ou Inteligência Divina.

A Real Inteligência é a Inteligência Espiritual. Nesse sentido, nós temos usado aqui as expressões Sabedoria Divina e Inteligência Divina. Mas é importante que compreendamos que a única Real Inteligência é a Inteligência de Deus, a única Real Sabedoria é a Sabedoria de Deus, e essa Sabedoria Divina ou essa Inteligência Divina é a natureza do seu Ser. Nesse sentido, nós temos a Verdade da Sabedoria e temos a questão do conhecimento.

Conhecimento é algo que se aprende, enquanto que a Sabedoria é algo que floresce, é algo que desperta, em razão da compreensão do movimento dessa consciência, que é a consciência do “eu”, pelo Autoconhecimento. Então qual será a Verdade sobre o Autoconhecimento? A Verdade sobre o Autoconhecimento é que, quando há essa visão da Realidade do seu Ser, a ilusão dessa egoidentidade se desfaz, e isso é o fim da ignorância.

E quando a ignorância termina, esse conhecimento para lidar com assuntos da vida assume o lugar correto. O lugar correto desse conhecimento é para lidar com assuntos neste sonho de existência, e ele não pode lidar com a Totalidade da Vida. A visão que pode lidar com a Totalidade da Vida é a Sabedoria, e a visão da Sabedoria é a compreensão da Não separação, da Não dualidade, da Verdade de que há Algo presente e esse Algo é a ciência de Deus, e você nasceu para realizar Isso, você nasceu para a Sabedoria. Essa Sabedoria é a visão da Não separação.

A Realidade Divina é a Realidade do seu Ser, e essa Realidade é a Advaita. A expressão Advaita significa a Não dualidade, isso é direto dos Vedas. Uma visão real da Vida é a visão do fim da ilusão da separação e, portanto, é o fim da ignorância. Se aproximar de si mesmo é se aproximar dessa compreensão. Então é quando a Realidade de Deus, é quando a Realidade Divina, é quando a Sabedoria de Deus se revela. É isso que nós chamamos aqui de o Despertar da Inteligência Divina ou Inteligência Espiritual.

A Real Inteligência, a Verdadeira Inteligência é essa Inteligência de Ser. Tudo isso está dentro desse Despertar Espiritual ou Iluminação Espiritual. Aqui, aos sábados e domingos, estamos juntos com você, aprofundando esse assunto. São encontros online, de dois dias, onde estamos juntos trabalhando isso. Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros.

Setembro de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Imersão Autoconhecimento | Tempo psicológico | Como lidar com ciúme e insegurança nas relações?

Aqui existe uma coisa: nós estamos convidando você para o Despertar da Sabedoria. Esse Despertar requer a presença de uma compreensão direta de como você funciona. É por isso que se tem um assunto aqui que estamos sempre voltando a ele é o assunto da beleza dessa imersão no Autoconhecimento.

Sem uma visão da Verdade sobre você, sem a importância do Autoconhecimento na sua vida, essa sua particular vida continuará sendo a vida de alguém presente na vida, no viver, na experiência. Observe que tudo ocorre na vida com experiências. São experiências acontecendo.

A grande verdade sobre as experiências nós não conhecemos, nós nunca investigamos. Qual será a verdade das experiências? Uma vez que tudo que ocorre na vida é guardado dessa forma, no formato de uma experiência.

Quando você está diante de uma dada situação, essa situação é um acontecimento. Ao passar por essa situação, a representação disso pelo qual você passou é agora para você uma experiência. Assim, a nossa vida está o tempo todo, constantemente, acontecendo e sendo transformada para cada um de nós em uma lembrança nesse formato.

Nossas experiências não são outra coisa a não ser aquilo que ocorre, que acontece, e nós guardamos, memorizamos, e aquilo passa a fazer parte desse conhecimento de experiência que temos. Então, é isso que dá formação a todo o conhecimento que nós trazemos.

Os acontecimentos são acontecimentos que em nós representam experiências guardadas e, portanto, conhecimentos adquiridos. Então, com esses conhecimentos, de novo nos colocamos em novas situações, ou passamos por novas situações, e essas situações se transformam em novas experiências e em novos conhecimentos. Isso dá formação ao “eu”, isso dá formação ao “mim”, a essa pessoa, a esse sentido de ser alguém. Esse sentido de ser alguém é aquilo que é conhecido como o ego, a “pessoa”, esse “mim”.

Aqui nós estamos com você explorando a questão do “eu”, investigando a estrutura e a natureza do “eu”. Assim, nos deparamos com algo fundamental, com uma descoberta que pode se mostrar como a revelação de que esse sentido do “eu” – que é o resultado desses acontecimentos que se transformam em experiências guardadas em nós e, portanto, em conhecimentos adquiridos por cada um de nós – é apenas uma forma de darmos continuidade a esse modelo psicológico em que nós hoje nos encontramos. Esse sentido do “eu” é esse modelo psicológico.

Aqui estamos lhe desafiando a ter uma compreensão direta da Verdade de que esse modelo psicológico é um condicionamento de memória. Isso não é a Realidade sobre você; é a verdade que você expressa dentro das relações.

Assim, o seu contato com pessoas, entre pessoas, nessa “pessoa” que você é, essa verdade é a verdade de um conjunto de memórias, de lembranças. São essas recordações de experiências e conhecimentos passados que estão o tempo inteiro interferindo nesse momento dentro das relações, dando base a essas relações, uma vez que isso é algo que provém do passado, é o resultado de experiências e conhecimentos adquiridos, num contato com o momento presente, dentro de uma relação.

E aqui é importante que compreendamos isso. A vida não é algo que ocorre no tempo. Percebam a importância desta compreensão. Esse instante não é um instante no tempo. Essa noção de tempo que nós temos, de passado, presente e futuro, é uma noção criada pelo pensamento. Não existe tal coisa como o tempo. A verdade desse instante é que Algo está presente, mas que não está dentro desse tempo, como o pensamento em nós formula essa crença.

O pensamento em nós formula a ideia, o pensamento, o conceito, uma formulação de passado, presente e futuro. E de que forma o pensamento cria essa formulação? Tudo o que pode ser lembrado é o passado, tudo o que pode ser imaginado é o futuro, e essa noção de presente, nessa formulação do pensamento, é aquilo que se coloca entre o passado e o futuro. Sua noção de tempo é uma noção que se baseia no pensamento.

A vida não é algo que está acontecendo no tempo, é algo que está nesse momento se revelando como algo fora dessa formulação do pensamento, chamada tempo. Esse tempo é o tempo que o pensamento idealiza, que está na ideia, no modelo do pensamento.

A vida é algo nesse instante se revelando, e estamos atendendo a vida nesse momento de uma forma tal que o passado, que são essas experiências, que é a memória, que é o conhecimento, tem dado formação a alguém presente aqui. Esse alguém é o “eu”.

Esse elemento é só o resultado da experiência do conhecimento passado, e ele está se confrontando com o momento presente, se aproximando desse instante, daquilo que aqui está. Nós chamamos de momento presente. É o momento desse instante, que transcende ou está além desse, assim chamado, presente e, também, passado e futuro.

O nosso contato com esse momento, uma vez que esse contato representa esse elemento que vem do passado, é um contato de separação, de desordem, de conflito, porque se estabelece uma interpretação desse momento, uma avaliação desse momento, um julgamento desse momento com base no passado. Enquanto que, na realidade, esse momento representa algo novo, e nós estamos trazendo esse elemento do passado.

Reparem a importância de se estudar, de se compreender, de se ver, de poder perceber em si mesmo esse movimento que vem do passado, que está dando origem a esta identidade, que é o “eu”. Assim, o “eu” está em contato com o momento estabelecendo uma particular visão de mundo, de experiência, de conhecimento, algo que vem do passado. Colocando de uma forma muito direta isso: por que temos problemas na vida? E onde se situa, exatamente, esse problema que temos na vida?

Observe que o único problema que temos na vida é o problema das relações; é a nossa relação, seja ela com nós mesmos, seja ela com o outro, seja ela com a vida, mas esse elemento está sempre presente. A vida é algo que está acontecendo aqui, nesse instante, mas trazemos para a vida esse elemento, que é o “eu”, que é o resultado de experiência e conhecimento.

Então, repassando rapidamente isso aqui para você: quando ocorre o acontecimento, isso se transforma numa experiência; essa experiência é o conhecimento, e esse conhecimento, experiência, acontecimento está dando forma a esse “eu”.

Veja, essa é uma colocação verbal a respeito disso. É necessário que você se aproxime de si mesmo e perceba a verdade disso, não mais de forma verbal, intelectual. Veja como foi simples colocar isso em palavras. De uma forma muito rápida, isso foi colocado aqui em poucos minutos, mas a compreensão real disso consiste em um trabalho para o descarte desse “eu”, desse ego, desse elemento que vem do passado: é o trabalho de uma vida.

A base para esse trabalho é o Autoconhecimento. Estudar suas reações, compreender como você funciona dentro desse contato com a vida. E acabamos de ver isso agora: esse contato com a vida é o contato das relações. Ou você está numa relação com você mesmo, com o outro, ou com acontecimentos, situações, eventos, ocorrências, e esse contato é um contato de relação, e nesse contato de relação está presente esse “eu” com esse fundo de experiência e conhecimento.

Podemos descobrir a vida na Verdade do que ela é? Ou seja, a vida sem esse elemento que vem do passado e que se mostra aqui. Reparem, isso ocorre o tempo todo. A todo o momento você como pessoa está em uma reação nessa relação. A vida é algo agora, aqui acontecendo. Será possível só esse instante e nele um experimentar sem esse elemento que vem do passado com sua experiência e o seu conhecimento?

Então o seu contato com ele ou ela, com esta ou aquela situação, com este ou aquele acontecimento nesse instante, não irá se transformar em uma experiência e, portanto, em um novo conhecimento. Essa qualidade de ação na vida é a real ação da relação, livre do “eu”, livre do ego. Se, na vida, o que precisamos é Amor, Paz, Liberdade, Felicidade em nossas relações, em nosso contato com isso que aqui se apresenta, que é a vida em seu misterioso movimento, nós precisamos estar livres do “eu”, livres do ego, livres desse “mim”.

Aqui estamos com você lhe mostrando que podemos, sim, descobrir a vida agora, aqui, nessa relação, sem a presença desse elemento que vem do passado. Como temos dado origem a esse elemento? Como é que isso tem se mantido? Dentro da história humana, a condição de ser alguém é exatamente assim.

Ao passar por situações, transformamos aquilo em uma memória, guardamos e aquilo se transforma numa experiência. Com base nessa experiência, nessa memória, nesse conhecimento, estamos constantemente nos relacionando com o outro, nos relacionando com as situações, tendo uma relação com nós mesmos. Mas o que é esse “mim”? O que é esse “eu”? O passado.

Há uma Beleza na vida: é a própria Vida quando ela se Revela, sem o sentido de alguém presente. Assim, os diversos problemas que temos na vida são problemas de relações, em razão da presença do passado. Esse encontro com a Beleza da Vida, da Real Vida – que não é esta vida que consiste nesse movimento, onde há esta separação entre esse momento presente e esse elemento que vem do passado – consiste na ciência de que a Vida está presente e esse elemento não precisa estar aqui.

Todos os problemas humanos que temos giram em torno de como a mente em nós funciona, se estabelecendo nesse modelo, e a cada instante isso se mostrando de novo e de novo e de novo. Isso sustenta essa identidade, que é a identidade do “eu”, e sustenta essa noção de tempo. Me refiro a esse tempo psicológico, onde está estabelecida a ilusão de uma identidade presente, que é o ego.

Reparem, aqui em nenhum momento eu disse que o tempo não é real. Para fins objetivos e práticos, nós temos esse tempo desse sonho dessa, assim chamada, vida humana. Tivemos o ontem do calendário e teremos o amanhã, isso está no calendário. Esse é o tempo cronológico, é o tempo do relógio. Aqui eu me refiro a esse tempo que dá sustentação a essa identidade, que é a ilusória identidade do “eu”.

Quando as pessoas têm problemas, e aqui eu vou citar apenas um, como lidar com a insegurança nas relações, elas não sabem o que fazer com esses problemas, e elas buscam ajuda desta ou daquela outra forma, e não compreendem que a base do problema é o “eu”, é o ego. O Despertar de sua Natureza Real é o fim dessa condição, porque é o fim desse modelo de ser alguém, de viver nesse tempo psicológico, nesse modelo de experiência e conhecimento.

“Como lidar com a insegurança? Como lidar com o ciúme e a insegurança?” Esse é só um dos problemas que o ser humano tem. O ciúme, a insegurança, o problema que surge dentro das relações. Tudo isso tem origem, tem base nessa condição psicológica de tempo onde o sentido do “eu” está estabelecido.

Assim, os diversos problemas humanos, como ansiedade, depressão, medo, inveja, apego, nós não temos a Verdade do Amor presente, porque nos falta essa ciência, que é a ciência de Ser, a ciência da Verdade sobre nós mesmos, sobre esta Realidade que está além do “eu”. Quando ela se revela, há esta Verdade da Vida nesse instante, nesse momento. Então aquilo que temos nesse momento é a Realidade do seu Ser, é a Realidade de Deus, é a Realidade da Vida. Isso se Revela quando há o fim para essa psicológica condição de identidade egoica.

O Despertar Espiritual, a Iluminação Espiritual ou a Ciência de Deus é a ciência do seu Ser quando essa ilusão termina, quando esse modelo do “eu” se desfaz. Aqui, e também em encontros online aos sábados e domingos, estamos juntos investigando isso com você, trabalhando com você o fim para esse tempo psicológico, para essa ilusão de uma identidade que se sustenta na experiência, no conhecimento, com base na memória.

Uma vida livre do sentido do “eu” é uma vida possível aqui e agora, onde o pensamento tem o seu lugar, onde o conhecimento tem o seu lugar e a experiência também tem o seu lugar, mas apenas de uma forma prática e objetiva para assuntos de ordem natural dentro deste sonho de existência. Isso não continua sustentando mais esse sentido psicológico de egoidentidade.

Agosto de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Como lidar com a insegurança no relacionamento? | Imersão Autoconhecimento | Atma Vichara Ramana

A pergunta é: como lidar com a insegurança no relacionamento? É na relação que você tem com você mesmo, é na relação que você tem com o outro, é na relação que você tem com situações que ocorrem, é com os momentos que a vida apresenta que temos o problema. Os diversos problemas estão presentes dentro dessas relações.

A vida humana consiste, nesse formato psicológico de ser como nós conhecemos, de problemas. Não conseguimos romper com isso. Não há como romper com isso, sem rompermos com esse elemento que vem do passado. A vida aqui, nesse instante, o contato com pessoas nesse instante, com situações agora, com ocorrências, eventos e acontecimentos surgindo, não se constitui de problemas. Nada disso é, de fato, um problema.

O problema surge quando esse elemento, que se vê separado daquilo que está presente aqui, nesse instante, aparece. Esse elemento vem do passado. Então, nós temos que investigar a natureza do “eu”, desse “mim”, dessa pessoa que nós somos, porque é essa pessoa que vem do passado. O seu nome é algo que vem do passado, a sua história é algo que vem do passado, suas lembranças e memórias vêm do passado.

Assim sendo, o seu contato com a esposa, o seu contato com ele ou ela, com o marido, com o filho ou com alguém é um contato onde o conflito está presente, e ele está presente porque você como pessoa, o que você traz para esse momento nesse contato, é o passado, é a lembrança dele ou dela. Você nunca está num contato real com aquilo que está presente aqui, nesse instante. O seu contato é a partir de um olhar, de uma perspectiva, de uma visão, que vem do passado.

Assim, há uma cortina entre esse momento presente, o que está aqui, e você, uma vez que, como pessoa, como alguém, você é esse elemento que não é outra coisa a não ser um conjunto de memórias, recordações, lembranças e imagens de ocorrências, situações, acontecimentos, e outras relações que você já teve com ele ou ela.

A memória que você tem lhe dá a identidade que você é: é simples. O nome é a memória, a história é a memória, as situações desagradáveis com ela ou ele são a memória, as situações também de prazer com ele ou ela são a memória. Tudo é memória. A pessoa é a memória. Você não tem nada a dizer sobre você sem o passado, que você é, que você representa.

Aqui estamos dizendo para você que há sim uma Vida Real, livre do passado. E essa Vida Real não consiste desse você como você se vê, como os outros te veem, porque eles também estão olhando pra você com base no passado que você representa pra eles, que você representou para eles. Assim como você os vê, eles também estão te vendo.

A beleza desse encontro aqui é descobrir que, nesse momento, é possível nós termos um contato direto com a Verdade sobre nós mesmos. Esse encontro é aquilo que eu tenho chamado de imersão no Autoconhecimento. Me parece que todas as nossas falas aqui giram em torno exatamente dessa visão clara da Revelação do que somos, aqui e agora. Isso requer a eliminação desse formato de passado, que o “eu” representa, que a pessoa representa, que esse “mim” representa.

Como lidar com as diversas situações que surgem na vida? Isso é algo impossível: lidar com tudo que surge sem conflito, sem contradição, sem sofrimento quando não há a visão da Verdade de como você funciona, de como você estabelece essas relações que acabamos de colocar aqui pra você. Elas são estabelecidas com base no passado.

Então, é impossível uma vida de relação sem conflito, sem contradição, sem problema, sem sofrimento, enquanto estiver presente essa entidade, essa suposta real identidade. Não há nada de real nessa identidade, a não ser essa realidade que o pensamento tem construído, tem estabelecido, com base na memória, com base no passado.

Um olhar direto para todo esse movimento interno, um olhar direto para todo esse movimento do “eu”, para todo esse movimento do ego, é o fim dessa ilusão, é o fim dessa psicológica condição de relação ou relacionamento. Nossa relação é com situações, acontecimentos, objetos. Você está numa relação com o seu carro, com a sua casa, com o seu telefone celular: isso é relação.

Em geral, não temos problema com esse nível de relação, embora mesmo aqui, psicologicamente, esse sentido do “eu”, do ego, está sempre criando algum nível também de desconforto ou conflito, mesmo numa relação com objetos. Mas é muito mais comum o problema surgir na relação com situações e com pessoas. E essa relação com pessoas é o que nós chamamos de relacionamento.

Observe que um percentual muito grande de problemas em nossas vidas está presente dentro exatamente dessas relações entre pessoas, que são os nossos relacionamentos. Descobrir a Verdade sobre si mesmo é ir além dessa psicológica condição, que é prisioneira do modelo do pensamento. E por que é que esse problema está presente aqui, nesse relacionamento? Porque esse relacionamento é um relacionamento que se assentou na base do pensamento.

O pensamento que eu tenho sobre você e o pensamento que você tem sobre mim são conclusões mentais, são idéias, são crenças. Em alguns momentos, eu gosto de você, em outros, eu não gosto de você. Em outros, fico à vontade; em outros momentos, me sinto intimidado, ou apavorado, ou com medo. Em outros, eu fico apaixonado, atraído, seduzido.

Então reparem, todos esses estados em que o ser humano se encontra são estados que estão variando. São estados internos, de ordem emocional, sentimental, que estão variando em razão do pensamento do momento e da pessoa específica com a qual você trata; você sente isso dela, dessa ou daquela outra pessoa, e aquela ou a outra pessoa, sentem isso de você.

Nossas relações, assentadas no pensamento, são conflituosas, problemáticas, desordeiras, contraditórias. Vivemos em estados internos que estão variando em razão da sensação que o pensamento produz, seja um sentimento, uma emoção, uma apreensão, ou qualquer estado que esteja presente em razão da sensação que se faz presente.

Aqui nós temos a presença da conclusão mental, da certeza que o pensamento nos traz, que o pensamento nos dá: uma conclusão. Reparem, é só uma conclusão, uma absoluta certeza. Veja, uma absoluta certeza temporária, porque no momento em que eu aprecio você, o pensamento me diz que isso será para sempre.

Essa questão do amor presente, que sentimos pelas pessoas. Repare, vamos investigar isso. O que é esse amor que sinto por alguém? Primeiro: quem é esse alguém que sou “eu”, que sente o que sente, especificamente, por quem sente? E por que sente isso com aquela pessoa e não por uma outra pessoa? Isso tem algo a ver com ele ou ela ou tem a ver com o modelo psicológico de pensamento que está presente aqui, nesse “mim”, nesse “eu"? Observe que nada disso nós investigamos.

Quando uma emoção, sentimento, sensação está presente, não percebemos que o que há por trás disso é um modelo de pensamento. E todo pensamento em você é algo presente em razão do passado, é só uma experiência registrada dentro de você nesse formato de pensamento, sensação, sentimento e emoção.

Algumas experiências, que são lembranças em você, já lhe deram prazer, já lhe preencheram psicologicamente em algum momento. Isso está reservado, guardado, é parte dessa memória desse “mim”, desse “eu", daquilo que, hoje, é você, e nesse encontro com ele ou ela, isso de novo aparece, o que não é outra coisa a não ser uma memória, um pensamento com uma sensação, sentimento ou emoção de prazer nesse contato.

Observe que é isso que nós chamamos de amor, de estar amando, de estar apaixonado. Evidente que não temos qualquer ciência de nada disso a nível consciente. Aqui se trata de uma memória ou lembrança em um nível profundo, oculto, reservado, algo a nível inconsciente que está, agora, aparecendo.

Assim, é importante que compreendamos isso. Os nossos sentimentos, emoções, sensações e percepções desse momento têm por princípio esse fundo do qual não temos consciência. Então, esse fundo inconsciente se revela nesse ou naquele formato. Se é no formato de prazer, preenchimento e satisfação, nós chamamos de amor, no contato com ele ou ela. Mas tudo isso está o tempo inteiro mudando. Quando as situações mudam, as circunstâncias mudam, novas situações acontecem, esse pensamento, sentimento, sensação e percepção também altera.

Assim, não compreendemos a Verdade sobre nós mesmos, e queremos descobrir o que é lidar com a insegurança no relacionamento. Reparem, isso requer a presença da visão da Verdade sobre você. Ramana Maharshi, o sábio lá da montanha de Arunachala, a todos que se aproximavam dele com problemas, a única recomendação era que ele ou ela se tornasse ciente desse próprio “eu", porque é nesse “eu" que está todo o problema.

Ramana chamava de Atma Vichara. Então, Atma Vichara, de Ramana Maharshi, é a aproximação desse olhar para esse movimento interno. Uma vez que você se torna ciente desse próprio movimento interno, que é o movimento do “eu”, você tem uma visão da Verdade sobre você. Então aqui a pergunta é: quem sou eu?

Enquanto não ficar claro para você que é exatamente esse movimento psicológico dessa egoidentidade presente, se processando, ocorrendo de uma forma completamente mecânica, inconsciente, enquanto isso se sustentar, a ilusão estará presente e o problema estará presente. Assim, a ilusão estará presente, a ignorância estará presente, o sofrimento estará presente.

A Verdade da Revelação d'Aquilo que é Você é a compreensão do movimento do “eu”, do movimento do ego, então ele cessa, ele termina. Esse sentido do “eu”, do ego, desse “mim”, a ilusão dessa identidade que se vê separada e à parte da Vida, separada do outro, separada de Deus, é essa identidade que se sustenta com problemas, em razão desse modelo de separação.

Qual é a verdade d’Aquilo que é Você? Ter uma aproximação de si mesmo é ter a ciência da Revelação da Verdade Divina. Então, Atma Vichara é a aproximação direta da Revelação do Autoconhecimento. E quando isso está presente, Algo novo surge. Isso é o fim dessa velha condição de identidade egoica e, portanto, de problema presente na vida.

É isso que estamos trabalhando aqui com você. Aos sábados e domingos estamos juntos investigando esse assunto, aprofundando isso em encontros online – e também temos encontros presenciais e retiros. Há algo que se faz necessário para as nossas vidas nesse momento: é o Despertar desse Natural Estado Estado de Ser, onde o sentido do “eu” não está mais presente.

Agosto de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Atma Vichara Ramana Maharshi. Como alcançar a paz interior? Inteligência espiritual. Autoinquirição.

A pergunta é: como alcançar a paz interior? Nós vamos tratar com você sobre a beleza da vida livre do conflito. Nós desconhecemos o que é uma vida realmente livre de toda forma de sofrimento. E aqui, você sempre se depara com esse desafio, que é de investigar algo sobre você que, em geral, não vê no mundo aí fora. E o seu desafio aqui é tomar ciência de que isso é possível para você.

Agora, por exemplo, o assunto é o fim do sofrimento. Como se livrar do sofrimento? Como alcançar a paz interior? Qual será a verdade de uma vida livre de confusão, de problemas, desordem e, naturalmente, de medo? Porque tudo isso faz parte do sofrimento e tudo isso faz parte do conflito. Então, como se aproximar de si mesmo e tomar ciência disso?

Repare que na sua relação com pessoas há uma espécie de fundo psicológico, interno, dentro de você, que você mal se dá conta, mas está presente. E esse fundo te coloca num estado de alerta que, na realidade, é uma forma de medo. E quando é que isso se mostra presente e muito claro? Quando, por exemplo, você é repreendido ou lhe chamam a atenção para alguma coisa, lhe fazem uma correção.

Vocês já observaram que nós não queremos ser corrigidos? Não queremos ter nossas opiniões, ideias e crenças contrariadas? Então há uma certa expectativa interna, um sinal de alerta, de autodefesa. E quando isso ocorre, ficamos contrariados, isso suscita de dentro de nós raiva, conflito. Então o conflito já está estabelecido, mesmo sem aparecer, porque a presença do medo lá está. Essa é a nossa condição psicológica de ser alguém.

O que estamos fazendo aqui? Estamos investigando a verdade daquilo que nós somos para descobrir a possibilidade da ciência da Verdade sobre nós mesmos. Assim, nós temos a verdade sobre quem nós somos e temos também a ciência da Realidade sobre nós mesmos. Então, temos duas coisas aqui.

Esse contato direto dessa verdade sobre quem nós somos irá revelar a presença do medo, da dor, da contrariedade e do conflito. A clareza sobre isso, para que isso se processe, nós temos que tomar ciência da Verdade pelo Autoconhecimento. É isso que revela essa verdade sobre quem nós somos. Então, essa é a porta para a Verdade que se oculta por detrás disso que nós somos, que é a Verdade Divina.

Nós temos uma expressão, um formato, uma maneira de ser, enquanto que também trazemos uma Realidade oculta, desconhecida, de nós mesmos, mas que também está presente. Mas essa Realidade é desconhecida. Então, um trabalho de Revelação daquilo que somos nos revela Aquilo que está além do conhecido, que é a natureza deste Ser, que é a natureza de Deus.

Podemos lidar com o outro sem medo? Isso requer uma compreensão desse elemento em nós, que somos nós, no medo. Do que ele é constituído? Do que ele é feito? Como é que ele se faz presente hoje, aqui, nesta vida? Essa “minha vida” é a vida da pessoa. Assim, é a vida dessa dor, dessa contrariedade, desse conflito.

Como podemos romper com essa condição? Rompendo com a pessoa que somos, para a Verdade da Realidade Divina que trazemos, onde está presente esta Realidade desconhecida do nosso Ser Real, do nosso Ser Verdadeiro. Aqui estamos dizendo para você, de uma forma muito clara, que você não nasceu para sofrer, para a infelicidade, para a dor, para o conflito, para o sofrimento.

Você nasceu para Realizar Deus, nasceu para tomar ciência da Verdade d’Aquilo que é indescritível, inominável, que está além desse corpo, que está além desse mundo, que está além dessa particular visão de vida, onde vivemos como criaturas assustadas, egocêntricas, possessivas, agressivas, violentas, num movimento de atividade onde o autointeresse está sempre produzindo sofrimento para nós mesmos e para o outro.

Assim, toda essa aproximação que temos do outro, dessa vida particular que temos, é a aproximação do equívoco. E por que isso está presente? Porque estamos vivendo na ignorância, e nunca entramos em contato direto com essa ignorância. Você não pode compreender aquilo do qual você não se aproxima. Não há como você tomar ciência de algo que você desconhece.

É necessário uma aproximação, essa aproximação lhe revela a Verdade sobre isso. E quando há compreensão da Verdade sobre isso, esta Verdade lhe traz a clareza, e isso é o fim da ignorância, é o fim da escuridão, é o fim da ilusão. Então, nós precisamos conhecer a nós mesmos, conhecer a verdade que se processa dentro de cada um de nós.

Temos que ter resposta para perguntas do tipo: por que o medo aqui? Por que a tristeza aqui? A angústia, a solidão, essa dor presente desse vazio existencial? Por que esse formato de desejo e medo presente aqui? Nós não nos conhecemos.

Nós não nos conhecemos porque nós não nos estudamos, não aprendemos sobre nós mesmos, não descobrimos o que é olhar para nossas reações, pensamentos, emoções, sentimentos, sensações, no contato com o marido, com a família, com o mundo a nossa volta, no contato com nós mesmos. Nós não olhamos, não nos aproximamos.

Então, nos falta essa visão. A falta dessa visão nos coloca dentro desse formato de ignorância. Aqui estamos, na vida, para a Felicidade, repito, Liberdade, Amor, ciência de Deus. No entanto, isso requer Inteligência, a Presença do Despertar da Inteligência. Aqui me refiro à Inteligência Espiritual, à Verdade da Revelação dessa Inteligência Divina, que é a ciência de Deus.

Quando há o Despertar da Inteligência, nós temos, nesse Despertar, a clareza, a lucidez, a Real Vida se Revelando. Essa condição de separação entre você e a Vida, entre você e Deus, entre você e o outro, isso se dissolve quando há uma compreensão, que nasce dessa Inteligência, de que só há uma Realidade presente, e que essa Realidade é a Realidade de Deus.

Um sábio no sul da Índia, chamado Ramana Maharshi, indicava a Atma Vichara para todos que se aproximavam dele, na busca ou na procura dessa Realidade Divina, nesse propósito do Despertar deste Ser, desta Real Inteligência Espiritual. A famosa Atma Vichara de Ramana Maharshi: a autoinquirição, a resposta para a pergunta “Quem sou eu?”

Evidente que isso requer um olhar, um “se aproximar”. Nessa aproximação e olhar direto para esse movimento interno que se processa dentro de cada um de nós, aqui e agora, nesse instante, revela essa condição psicológica de ser alguém, algo que o pensamento produziu e está sustentando, e nessa sustentação está presente o medo, o conflito, o sofrimento. Porque a verdade d’Aquilo que é Você, livre dessa ilusão desse ser alguém, como você se vê, como você sente ser, essa Realidade de sua Natureza Essencial é a Verdade Divina.

Assim, um olhar direto para esse “mim”, para esse “eu”, sem um elemento que se apresenta para julgar, comparar, avaliar, rejeitar, criticar, fazer alguma coisa com isso que observa, apenas o olhar, o direto a olhar, é Atma Vichara. Então, essa é a forma, segundo Ramana Maharshi, mais direta para a Realização de Deus nesta vida.

É isso que estamos trabalhando aqui com você. Assim, a importância do Autoconhecimento reside nessa aproximação de si mesmo, nessa autorrevelação, nessa autodescoberta, na compreensão d’Aquilo que está fora desse medo, desse conflito, desse sofrimento. Então nós temos a resposta para a Paz interior. Veja, alcançar a Paz interior é a Verdade da Revelação de que a Paz está presente.

Não se trata de algo para se obter no futuro, de algo para se alcançar no futuro, mas se trata da ciência d’Aquilo que está presente aqui, nesse instante, quando não há mais esse sentido de separação, quando esse elemento construído pelo pensamento, que é o “eu”, é desfeito; ele não está mais presente. Tomar ciência de Deus é ter a Revelação deste Ser.

A Realidade Divina é indescritível, o pensamento não alcança, não explica. O que você descobre dentro desse trabalho que estamos propondo aqui para você é que toda confusão, toda desordem, todo problema consiste nesse sentimento-pensamento-sensação “eu”, e é isso que é descartado pela autoinvestigação, por essa observação, por esse modo de olhar sem o “eu”, sem o observador, sem o experimentador.

Então, autoinquirição é esse observar. Atma Vichara é esse observar, e isso descarta a ilusão para a Revelação d’Aquilo que está presente, que é essa Paz, que é essa Felicidade, que é esse Amor. Nesta clareza, nesta Sabedoria, não temos mais essa particular vida de alguém, mas essa Real Vida Divina, que é a Real Vida de Deus.

Então, tudo que se faz necessário, aqui e agora, consiste em termos uma aproximação de nós mesmos e descobrir o que é olhar para essa dor, olhar para esse elemento presente que se contraria, que se revolta, e que olha a partir de suas próprias escolhas, opiniões, desejos e, naturalmente, conflita e sofre. Podemos abrir mão disso, podemos soltar esse elemento, podemos descobrir, nesta vida, a vida sem o “eu”?

É por isso que estamos trabalhando com você aqui e em encontros online aos sábados e domingos, estamos juntos, olhando para isso, trabalhando com você, investigando tudo isso, lhe mostrando como é possível, sim, uma vida livre do ego, uma vida livre desse “mim”, desse sofredor, desse elemento que carrega esse medo, essa dor, esse conflito. Então, sábado e domingo estamos juntos em um encontro online. Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros.

Setembro de 2024
Gravatá-PE
Mais informações

Compartilhe com outros corações