quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Você já é aquilo que procura!

Aqui, a primeira coisa é que você precisa ter a compreensão de que Aquilo que nós chamamos de Despertar, Iluminação ou Realização de Deus é somente um grande jogo, bastante interessante.
Toda forma de busca, todos os métodos e técnicas, tudo isso pode até se apresentar dentro desse jogo, mas não tem nenhuma relevância particular para esse Despertar, para essa Realização. E, aqui, temos a inclusão desse personagem, tão polêmico, que é a figura do Guru. Essas práticas podem parecer bastante relevantes, mas, na realidade, não são, pois elas estão apenas dentro desse jogo.
Esse Despertar é algo que pode acontecer para qualquer personagem dentro desse jogo. Vamos comparar esse jogo a um teatro, onde há muitos personagens. Essa Clareza, essa Realização ou Despertar pode acontecer a qualquer um desses personagens.
Embora existam aparentes estágios dentro do jogo, eles não são reais. Estou dizendo que não existe nada na vida ‒ nenhum exercício, método ou sistema, nenhuma prática, nenhum “guru” ‒ que possa lhe dar a capacidade para que essa Realização aconteça, simplesmente porque seu Estado Natural já é Isso, ou seja, não há nenhuma evolução, nenhum progresso, nenhuma capacitação para Isso.
O ponto fundamental perdido dentro dessa procura da espiritualidade é exatamente esse: você já é aquilo que procura! Nada pode fazer o buscador ser mais do que ele já é. Uma vez que fique claro isso, todas as técnicas, métodos e sistemas não fazem mais sentido dentro do próprio jogo. Paradoxalmente, não há nada de errado com isso também, é apenas parte do jogo.
"Você já é aquilo que procura! Nada pode fazer o buscador ser mais do que ele já é."
Assim é a sadhana indicada pelo Guru, bem como a própria presença do Guru. Tanto a sadhana quanto o Guru são irrelevantes, mas, dentro do jogo, paradoxalmente, não há nada fora do lugar. É possível que você realize Isso sem a necessidade de uma sadhana, de uma prática direcionada por um Guru, sem a própria necessidade de um Guru. Isso tem acontecido na história humana, porque sua Natureza Real é Pura Consciência; essa já é a sua Natureza Verdadeira. Então, nesse sentido, podemos dizer que a presença do Guru não é necessária.
Para alguns suficientemente maduros, que nasceram dentro de uma condição de grande facilidade para esse Despertar, nem se cogita essa questão da necessidade ou não da presença de um Guru na forma humana. No entanto, não é assim com a grande maioria. Se você está nessa sala, provavelmente, esse não é o seu caso, pois, se você pudesse Despertar sem a necessidade da presença de um Mestre vivo, não teria encontrado essa sala no Paltalk, nenhuma fala, nenhum vídeo, ou seja, não haveria nenhuma necessidade disso. Então, é somente como o jogo acontece. Não podemos ser dogmáticos quanto a isso também.
Quando alguns me perguntam sobre a necessidade da presença do Guru ou não, minha resposta é exatamente essa que estou colocando para vocês. Esse é um jogo misterioso que a Graça faz como quer. A Graça é esse próprio Poder misterioso dentro do jogo, que pode Despertar qualquer um dos “personagens” desse “teatro”, da forma que Ela quiser. Essa Graça é, também, chamada de Consciência, Presença ou Deus. Isso é algo já perfeitamente presente, completo. O problema com a busca, ou com a vida espiritual, é que ela está baseada numa presunção falsa de uma individualidade tendo um reencontro com o Todo ou Deus, de alguém se encontrando com Deus.
Então, a espiritualidade é um meio para se alcançar esse objetivo de reunião ou de união com Deus, com o Todo. Isso tem criado as técnicas, os métodos, para “purificar” a pessoa, o indivíduo, para ele se livrar do ego, tornar-se iluminado ou ter um encontro com Deus. O ponto fundamental perdido aqui é que não existe nenhum indivíduo e também nenhum Deus separado de toda a Sua manifestação. Toda manifestação é dessa Pura Consciência. Esse é o jogo: Você, que é Consciência, é Aquilo que está buscando a Si mesmo, e essa busca não pode tornar a Consciência mais Consciência do que Ela já é.
Nada pode torná-lo mais Você do que Você já é, porque Isso não requer qualificações. Você não precisa se assentar na postura de lótus, visualizando uma luz azul, e respirar de uma forma diferente, nem cantar o Om; não precisa imaginar um fogo subindo pela coluna, nem precisa de cerimônias, dietas, de uma determinada conduta sexual. Tudo isso foi criado pela espiritualidade, nessa presunção básica de que existe alguém capaz de deixar de ser alguém, de que existe alguém que pode se encontrar com Deus, ou com a Verdade. No entanto, se a Verdade é a Verdade, Ela nunca deixa de ser a Verdade; Ela não vai se tornar Isso algum dia. Assim, se você é Consciência, Você nunca deixou de ser Consciência e não vai se tornar Consciência um dia. Então, não é uma questão de ensino; é uma questão de visão pura e direta de sua Essencial Natureza, de sua Real Natureza, independentemente da presença da figura do Guru ou não. Dentro do jogo, é possível a presença do Guru ou não. Você é Consciência! Em qualquer forma que você apareça dentro desse jogo, como qualquer personagem, você jamais deixa de ser Consciência, Presença, Ser, Verdade. Quer você seja vegano, vegetariano, macrobiótico, “comedor de sol” (não sei como é que se denomina esse pessoal que vive de luz solar), quer seja celibatário ou não, quer seja negro ou branco, com olhos azuis, pretos ou castanhos, está tudo bem. Esses são personagens dentro desse teatro, peças dentro desse jogo, e nada disso ajuda ou atrapalha o reconhecimento da Verdade do que Você é, porque nada disso é Você.
Você vai ao Guru e Ele lhe comunica uma certa Presença, uma certa Graça, uma certa Energia, mas, na verdade, isso tudo já é Você; essa “transmissão” é somente um jogo. Nesta Realização, fica clara a Vida como Ela é. Isso é a Liberdade da ilusão da identificação com o senso de um “eu” psicológico, é o fim dessa ilusão, é a Vida como Ela se mostra aqui e agora, sem qualquer esforço, conflito, medo. Isso não acaba com a vida corpórea, com os movimentos desse personagem dentro desse teatro ‒ movimento físico de ir ao banco pagar a conta de luz, de acessar a internet, de visitar o banheiro... Isso é, simplesmente, a própria Vida como um personagem, nesse jogo de aparências.
Assim, é impossível você amar outra coisa a não ser a Si mesmo, porque Você é Consciência ‒ por isso essa procura de Si mesmo, desse Amor por Si próprio, dessa Verdade que Você é. Sua procura pela Felicidade pode ter vários estágios de equívocos, mas isso tudo é parte do jogo, e você terminará descobrindo que está sozinho para descobrir a Si próprio. Então, essa aparição do Guru, dentro desse jogo, é a aparição da Verdade, que Você é, para Si mesma. Esse é o Amor que você tem pelo Guru. Você já teve muitos outros amores, já teve vários equívocos, e eu diria que o Guru é o último Amor, ou é a última estação, parada obrigatória, final da linha… O trem não pode prosseguir mais.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 14 de janeiro de 2018. Os encontros online ocorrem todas as segundas, quartas e sextas, às 22h (exceto em períodos de retiro). Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, acesse http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Não existe nada para se atingir

As falas desses encontros não têm o propósito de comunicar algum conhecimento. Apesar de estarmos fazendo, aqui, pronunciamentos, colocações, o propósito não é lhe dar mais informações. Uma das coisas bem comuns, quando as pessoas chegam dentro desses encontros, é a preocupação de se tornarem diferentes. Elas querem viver uma mudança.
Você sempre quer ser alguém “mais”, e é isso que tem levado as pessoas a esse processo de busca. Elas querem ter uma vida diferente, querem imitar a vida de alguém “mais”. Então, elas querem se parecer com Buda, com Jesus, com Ramana, ou com alguém de quem tem alguma informação. A criança gostaria de ser parecida com o Homem-Aranha, com o Homem de Ferro ou com o Capitão América, e você gostaria de ser iluminado como Jesus, Buda, Ramana, Marcos Gualberto, Osho, ou qualquer outro. É sempre o desejo de ser alguém “mais”, alguém diferente. “Vamos descobrir o que eles fizeram para fazer igual”. Isso é mera imitação. Então, as pessoas começam a aplicar a si mesmas disciplinas nessa direção.
A pergunta é: que significado isso tem? O que há por detrás disso? Você muda sua alimentação, muda sua roupa, sua forma de vestir e, agora, tem horas reservadas para a prática da meditação. A mente imagina alguma coisa diferente e vai em busca disso. Você acha que está num estado diferente do estado de Buda, de Cristo, de Ramana, então, quer alcançar o estado de um Sábio, de um Ser Realizado. Mas, a pergunta é: em que estado você está? Você acredita que tem de alcançar outro estado e eu tenho questionado isso.
Realização não é alcançar outro estado e ser alguém diferente de quem você é; é exatamente, completamente, diametralmente, oposto a isso. Você não se torna alguém diferente de quem você é; você apenas reconhece quem Você É, naturalmente. Isso é Realização: Você em seu Estado Natural. Não é você sendo “alguém” como Jesus, Buda ou Ramana.
Não está simples isso? A espiritualidade tem complicado essa coisa toda na cabeça de vocês. Você não quer estar em seu Estado Natural, você quer adquirir um estado extraordinário, algo que lhe dê poder, o poder de ser alguém especial, como o Homem-Aranha, o Batman, o Superman, mas do ponto de vista da espiritualidade.
O que eu estou dizendo é que toda a sua busca pela Verdade, por Deus, pela Realidade, é uma mera “viagem” acrescentada à sua egoidentidade. É uma coisa falsa, então, você usa frases, carrega crenças e pratica coisas que só lhe dão mais vaidade, a vaidade de ser “alguém” ou a falsa sensação de estar indo para algum lugar. Você se sente especial, porque agora é um ser “espiritual” e tem um senso de direção. Mas, o fato é que esse movimento está lhe afastando, ainda mais, da constatação, do descobrimento do seu Estado Natural de simplesmente ser o que Você é.
"Você não se torna alguém diferente de quem você é; você apenas reconhece quem Você É, naturalmente. Isso é Realização: Você em seu Estado Natural."
Não existe nada para se atingir! Quando as pessoas chegam a estes encontros, percebo como estão carregadas, com um peso enorme sobre si mesmas, com um conjunto enorme de crenças sobre o que pode e o que não pode, o que é certo e o que é errado, o que é espiritual e o que não é. Essa é a primeira confusão da qual tenho que tratar com vocês logo que chegam.
Então, eu quero voltar à pergunta: em que estado você está? De que estado estamos falando? Na verdade, isso é algo muito simples, mas você não quer compreender, porque isso vai despi-lo do sentido de autoria, de poder, de realização e de conquista. Esse “seu” ego já vem investindo nisso há muitos anos. Compreendem a dificuldade?
A mente não carrega nenhuma dificuldade em aprender. A sua dificuldade real é desistir dela própria, desaprendendo tudo. Acumular, para a mente, é uma coisa fácil. Difícil, para ela, é abandonar esse acúmulo, é abrir mão disso. Então, eu quero que você esqueça as frases bonitas de Jesus, de Buda, de Ramana, de Rumi, esqueça o seu rosário, sua japamala, suas rezas, sua tradição, seu conhecimento da Vedanta, da Advaita... esse grande conhecimento que você tem adquirido dos livros. Permita que isso tudo seja “queimado”, toda essa imaginação sobre esse Estado, sobre ser alguém iluminado. Esqueça isso!
É por isso que fica complicado quando você escuta uma fala como essa. Eu venho e digo que a coisa mais fácil é ser Natural, mas isso soa, para você, como a coisa mais difícil, porque você está abarrotado de coisas, externamente e internamente. Ser o que Você é, é a coisa mais fácil, porque é o seu Estado Natural. Mas, você quer ser “outro alguém” e, para isso, tem que ter, imaginar, fazer, praticar muita coisa. Esse é o seu problema! É curioso você ouvir isso tudo, porque, na verdade, você não está em condições de aceitar nem rejeitar o que eu estou dizendo. Você só pode fazer isso com base em crenças, conceitos, ideias. Se começar a pensar, você vai chegar à conclusão de que eu estou errado ou de que eu estou absolutamente certo. Mas, qualquer uma dessas conclusões não faz o menor sentido. Essa fala não é passiva de ser avaliada pelo pensamento, pela mente, então, essas colocações aqui precisam ser verificadas aí dentro, pela direta vivência sobre o que está sendo colocado. Dessa forma, você pode saber, por si mesmo, se isso é real ou não. Isso só é possível nessa vivência e não pelo entendimento intelectual.
Na verdade, isso só é possível quando você está “queimando” pela Verdade. Há algo aí dentro capaz de fazê-lo discernir a verdade dessa fala em um nível completamente diferente da compreensão ou do entendimento intelectual. Então, fica aberta a possibilidade da vivência.
Portanto, não se trata de aceitar ou rejeitar essas palavras. Talvez você as aceite, porque, de certa forma, se ajustam a alguma forma de conhecimento que você já traz, o qual, na verdade, não serve para nada. Ou, talvez você as rejeite, porque não se ajustam ao que você imagina ser a Verdade desse Estado Natural.
Aceitando ou não, o seu Estado Natural é Consciência, é Presença, é Ser, é Verdade, é Liberdade, é Deus. A mente é que tem criado esse sentido de “alguém”, nessa procura de ser alguém diferente, especial, de chegar a algum lugar, atingir algum objetivo que ela imagina.
O lado prático disso tudo é a atenção sobre esse movimento interno, a não identificação com esse modelo preestabelecido pelo pensamento. Então, aqui, o lado prático é “colocar fogo” nisso, deixar tudo “queimar”, todo esse modelo aprendido, toda prática, toda sugestão de espiritualidade, toda sensação de autoimportância, toda crença nesse ou naquele sistema religioso, filosófico ou espiritual.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 16 de janeiro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Você não sabe quem você é

As palavras Liberdade e Felicidade são outras palavras para Realização. Todas essas falas apontam para essa direção. Isso não é outra coisa senão a descoberta da Verdade sobre nós mesmos, sobre quem somos verdadeiramente.
Os Sábios dizem que se, identificado com o corpo, você prosseguir na busca da Felicidade, é como tentar cruzar um rio em cima das costas de um crocodilo. Essa é uma imagem bem interessante!
As pessoas buscam a Liberdade, a Felicidade, mas não sabem a Verdade sobre elas mesmas, não sabem quem verdadeiramente são. Você não sabe quem Você é, então, sua busca pela liberdade ou felicidade é algo semelhante à tentativa de cruzar um rio em cima das costas de um crocodilo, porque você permanece se identificando com o corpo e a mente.
Quando o ego se levanta, a mente está completamente separada da sua Fonte, do Ser e ela está inquieta. É impossível haver Felicidade enquanto existir inquietude, que é a natureza da mente identificada com o corpo nessa experiência de um mundo externo.
Portanto, olhar para dentro de si mesmo, permitir que a mente volte à sua Fonte e encontre essa Quietude Natural, é algo básico para essa Realização, que é essa Libertação, ou Liberação, ou Felicidade. Naturalmente, você não pode, na mente com seu movimento, encontrar essa Quietude. A natureza da mente é estar agitada, envolvida em seus projetos, sonhos, desejos, motivações, memórias, lembranças, crenças… Assim, tudo o que ela conhece está dentro do seu projeto. Permanecer na mente significa permanecer nessa identificação com o corpo, nesse “passeio pelo rio em cima de um crocodilo” em busca de felicidade.
"Portanto, olhar para dentro de si mesmo, permitir que a mente volte à sua Fonte e encontre essa Quietude Natural, é algo básico para essa Realização, que é essa Libertação, ou Liberação, ou Felicidade."
Meu Mestre dizia que a Felicidade é a sua própria Natureza. Não é errado desejar essa Felicidade; o que está errado é a busca dessa Felicidade do lado de fora, enquanto, na verdade, Ela está do lado de dentro. Esse próprio movimento da busca da felicidade é a base da miséria, pois ele sempre está apoiado em imaginações, pensamentos, crenças, ideologias, ou seja, é sempre um movimento para fora.
Enquanto você continuar se considerando “alguém”, esse “eu” separado, todas as suas ações serão baseadas nesse autocentramento, e, portanto, no desejo de preenchimento egoico. Permanecer livre do movimento da mente, do movimento imaginário desse “eu”, com suas intenções, motivações e aspirações, é a base da Real Meditação.
Nosso apontar sempre é para Aquilo que Você É, não para aquilo que o pensamento produz, imagina e deseja. Você é essa Presença, essa Consciência, que é a Verdade Absoluta ou o Conhecimento Absoluto, e não esse conhecimento relativo dentro do campo do conhecido, que é o campo da mente. Esse Conhecimento Absoluto é o Conhecimento de Deus.
Quem é Deus? Deus é Aquilo, ou essa Realidade, que transcende, que está além de toda definição, de tudo que pode ser conhecido ou traduzido pelo pensamento. Essa Consciência é Deus, que é o seu Ser, que é perfeita Beatitude! Na Índia, eles chamam de Sat-Chit-Ananda (Ser-Consciência-Beatitude). Essa Beatitude é Felicidade! Assim, a Realização, que é Liberação, é Felicidade, é Sat-Chit-Ananda. Então, quem é Deus? Deus é essa Realidade, essa Consciência, esse Conhecimento Absoluto. Eu quero repetir isso… Deus não é esse conhecimento relativo ligado ao campo do conhecido, ao campo da mente, daquilo que pode ser definido, explicado ou compreendido pelo pensamento. Portanto, aqui, não se trata de alcançar Deus, não se trata de conhecer Deus. Deus é a Realidade e “você” é somente uma imaginação, que termina. Deus, como única Realidade, está presente, não pode ser alcançado, nem pode ser conhecido. Ele é essa Realidade presente, que tudo conhece, que é Puro e Absoluto Conhecimento.
Tudo que precisa ser feito é: nada! Nisso está toda a dificuldade, porque você carrega a ilusão de “alguém” aí, presente, capaz de fazer alguma coisa, de conhecer e ser alguma coisa. Então, a Meditação, que é essa Consciência, é quando nada se faz, quando não há nada para se fazer e não há ninguém para se movimentar. Esse não fazer é estar quieto, que significa permanecer em seu Ser, desaprender tudo, não mais aprender nada e, a partir de então, abandonar a ilusão do fazedor, do pensador, do buscador.
O que é Beatitude? O que é Felicidade? É permanecer no Estado livre desse “eu”. Então, o que você pode ganhar? Nada! Realização, Liberação não se trata de ganhar algo, mas de perder. Quando se perde tudo, a Realização está presente. Quando há esse Vazio, se está em Plenitude, e, quando se está cheio, se está inchado dessa vaidade, desse falso “eu”. O ego vive “cheio”, que é um inchaço de experiência, conhecimento, nessa ilusão de um autor das ações, um guardador, cuidador, responsável, e isso é completa limitação, total mediocridade.
Então, qual é obstáculo para a Felicidade? Qual é o obstáculo para a Paz? Qual é o obstáculo para a Liberação? Qual é o obstáculo para essa Realização de Deus? O obstáculo para tudo isso é a ilusão desse movimento da busca, do fazer, do desejar, essa constante procura por experiências, seja na materialidade ou na espiritualidade.
Assim, é necessário descobrir a importância de estar quieto, que é não confiar em pensamentos nem projetar um “eu” por detrás desses pensamentos, com suas crenças, opiniões, julgamentos, ideologias, desejos e tudo mais. Então, o que estamos juntos investigando é essa grande Alegria de Ser! Pura e simplesmente Ser! Pura Consciência, Suprema Realidade, Sat-Chit-Ananda!
A mente tem criado sua autolimitação. O ego é “demoníaco”, no sentido de que ele criou sua própria autolimitação infernal; ele vive em sua “malignidade”. Esse é o inferno de viver no ego, nessa limitação autoimposta pela ilusão da mente. Então, seu único inimigo é a ilusão de que você é “alguém”, é esse conceito que você faz de si mesmo, a imagem que tem de si mesmo – esse é o seu “demônio” privado e particular, maligno e muito cruel. Isso, na realidade, parece ser assim porque você acredita na existência dessa entidade, desse “eu”.
Agora, vou lhe dizer algo diferente disso: o ego não é o seu adversário, seu inimigo, nem o seu demônio particular e privado. O que tem criado isso tudo é a ilusão de que essa entidade está aí, de que você é quem acredita ser. Essa autolimitação é uma ilusão criada, mantida e sustentada pela falta de autoinvestigação. Portanto, esse “demônio” não tem nenhuma realidade, e esse inimigo, na verdade, não é real – são criações do pensamento, da mente, da imaginação, de uma autoimagem. Então, isso sustenta o medo, o sofrimento, o apego, o desejo, a alegria que carrega o seu oposto, que é a tristeza; isso sustenta toda essa ilusão, toda essa miséria.
Então, Acordar significa soltar essa fantasia, essa imaginação, se desidentificar dessa mente, desse corpo, dessa ilusão de uma entidade presente.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 14 de dezembro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Algo que está além do tempo e do espaço

Nós estamos em Satsang investigando a Verdade sobre nós mesmos. A palavra Satsang significa “encontro com O que é”, “encontro com a Verdade”. Sat é uma palavra em sânscrito para “Verdade” e sang é uma palavra para “encontro”. O outro significado para esta palavra é “o encontro com Aquele, ou Aquela, que está nessa vivência da Verdade sobre Si mesmo, sobre Si mesma. Então, o que nós trabalhamos em Satsang? Trabalhamos esse reconhecimento da Verdade que somos. Isso significa descobrir a Verdade em si mesmo, neste instante, aqui e agora.
Eu posso dizer algo para você que soará como uma crença aí, mas o seu desafio é investigar a veracidade disso. Por exemplo, posso dizer a você que a única realidade presente neste instante é essa Consciência. Agora mesmo você escuta essa fala, há uma clara percepção desse som presente aqui e agora. Isso é algo muito evidente, não requer nenhum tipo de crença. Assim, o que tratamos nesse espaço chamado Satsang é algo desse nível de evidência, nesse mesmo nível de realidade. No entanto, para você, isso ainda pode soar como uma crença, então, eu o convido a investigar por si mesmo. Deus é uma Realidade presente; não é um conceito, uma ideia. Deus é uma Realidade presente, assim como essa Consciência que percebe essa fala. Então, quando usamos a palavra “Deus”, estamos falando dessa Natureza de Ser, apontando para sua Natureza Real, para a Natureza da Verdade de cada um de nós.
Isso, para você, pode ser apenas uma crença ou pode ser uma Constatação direta. Quando essa Constatação acontece, toda ilusão termina, então, Deus é a mais inegável Verdade. Quando há essa Verdade presente, não existe mais a ilusão de uma entidade no conflito, em sofrimento, presa em alguma forma de medo ou desejo. Em Satsang, você está se encontrando consigo mesmo, com seu Ser de Verdade, que é a Realidade de Deus, a Presença de Deus. Quando há essa Realização, você é um Sábio. Quando não há essa Realização, você ainda está preocupado com o resultado das eleições, por exemplo. Nessa Realização, tudo é visto no seu devido lugar e não existe mais a ilusão da separação entre você e Deus.
Todos os seus problemas estão assentados no medo. A “pessoa” vive no medo. A natureza da “pessoa” carrega o conflito, o sofrimento, a inveja, a ambição, o desejo, a posse, a insegurança, a dor... Em todos os níveis, está presente esta dor da separatividade. Vocês acompanham isso?
Quando você constata, por si mesmo, a Verdade de seu Ser, que é a Natureza de Deus, não há mais espaço para a ilusão. A Natureza do homem, dessa assim chamada criatura humana, é Felicidade, Amor, Paz, Liberdade. Você nasceu para saber ISSO, para reconhecer a Verdade sobre Si mesmo. Isso não pode continuar sendo apenas uma teoria, uma crença. “Deus habita em mim”. Você já ouviu essa frase? Desde criança, você escuta isso: “Somos o templo de Deus”. Você esteve na igreja em algum momento? Talvez hoje você não vá mais à igreja, mas, quando era criança, você ouviu isso de alguma forma, ou já leu isso em algum livro.
O que estou dizendo é que a Verdade é algo presente, não pode ser uma crença (uma crença não vai funcionar). Essa Realização, Iluminação ou Despertar, essa Constatação, é a clareza, a revelação direta de que não há por que sofrer nem por que viver nesse equívoco, nessa confusão. A “pessoa" está com medo, em confusão, em sofrimento, porque ela é uma ilusão, uma fraude! A “pessoa” é o próprio equívoco! Meu convite em Satsang é para que você descubra a Verdade sobre Si mesmo, constate que, de fato, você não é isso que acredita ser. Isso é o fim de sua ignorância. Alguns chamam de autoconhecimento, mas, na verdade, é o conhecedor em sua própria Natureza Real, que é o próprio Conhecimento.
Entretanto, esse Conhecimento não é um tópico de estudo. Você não tem como estudar esse Conhecimento, que é Você, que é o próprio conhecedor. Ou seja, você pode despertar para Isso, assumir a Verdade Disso, mas não conhecer Isso da forma como você conheceria qualquer outra matéria ‒ vendo-se separado do Conhecimento. Portanto, Isso não é para o intelecto. Por isso é que nós tratamos nesses encontros da importância da Meditação.
Assim, essa Revelação, ou essa Clareza do Conhecimento sobre Si mesmo, não é uma coisa, como um objeto. A Verdade é esse Autoconhecimento (vamos colocar essa palavra aqui) em que não há nenhum objeto do lado de fora para ser conhecido e, curiosamente, nenhum sujeito do lado de dentro também. Isso está além de objeto e sujeito, de conhecimento e ignorância.
Sabedoria é um assunto fascinante! Estamos tratando de algo que está além do tempo e do espaço. Estamos tratando da Verdade de Deus, que é Você, em sua Verdadeira Natureza, o seu Ser Verdadeiro, o seu Ser Real. Por isso é que o meu Guru dizia: “Conhecer Deus é ser Deus”. Apenas Deus conhece Deus!
"Sabedoria é um assunto fascinante! Estamos tratando de algo que está além do tempo e do espaço. Estamos tratando da Verdade de Deus, que é Você, em sua Verdadeira Natureza, o seu Ser Verdadeiro, o seu Ser Real. Por isso é que o meu Guru dizia: 'Conhecer Deus é ser Deus'. Apenas Deus conhece Deus!"
Aquilo que se mostra é sempre uma oportunidade para você tomar ciência de que não há separação entre aquilo que é percebido e aquele que percebe. Essa separação surge porque você está inconsciente dessa experiência presente, do valor e da importância dela. Essa experiência não acontece sem essa Consciência, que é Você. Porém, entre essa experiência e Você, como Consciência, surge a ilusão do “pensador”, de “alguém” presente, de um “experimentador”, e, quando isso acontece, aí está o sentido de separação.
Então, tudo o que está surgindo neste instante é um desafio, algo que pode ser uma oportunidade, que pode provocá-lo para fazer você perceber que não existe esse sentido de separação de forma real. Nesse sentido, tudo o que aparece, ou tudo que parece aparecer, nesta experiência está aí para nos provocar, para nos despertar. Assim, se você consegue colocar sua atenção nisso, abandonando esse condicionamento, fica claro que esse conhecedor e esse Conhecimento não estão separados; que o experimentador e a experiência não estão separados. Ou seja, a natureza do conhecedor é esse Conhecimento, e esse é o fim da dualidade, do sentido de separação.
Para ilustrar essa fala, vou terminar com uma história que se conta na Índia.
Está bem tarde, já escuro, quando um homem sai de dentro de um rio. Logo que ele pisa em terra, há uma sombra muito densa na beira daquele rio e ele tem a clara sensação de pisar em uma cobra. Naquele momento, ele sente um grande arrepio pelo seu corpo e o medo o toma por completo. Aqueles poucos segundos parecem um século para ele, que está aterrorizado. Imediatamente, ele dá um salto e ao olhar na direção onde estavam seus pés, para sua surpresa, vê que não havia uma cobra ali, mas, sim, uma corda. Então, seu coração volta às batidas normais, a respiração se normaliza e ele é tomado por um grande alívio.
Portanto, aí está para você. A Realização da Verdade sobre Si mesmo é a Constatação de que aquilo que você tem como vida real não é Real. Todo o seu conflito, sofrimento, terror e medo estão dentro dessa confusão. Você está confundindo uma corda com uma cobra.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 10 de outubro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

O que é a Liberação?

Algumas pessoas estão buscando experiências para depois descrevê-las. Mas, tudo o que estão encontrando são experiências, ainda, dentro da mente. Não é assim? Em qualquer experiência que possa ter, você ainda estará lá presente para depois relatar o que se passou.
As pessoas se julgam muito evoluídas, bastante especiais, porque conseguem obter experiências e falar sobre elas depois. Mas, essas experiências ainda fazem parte do conhecido, estão dentro do tempo e do espaço, ainda fazem parte da mente. Então, o “eu” se apropria dessas experiências e descreve um estado. A Verdade, a Consciência, a Liberação, não é um estado.
Em geral, as pessoas não gostam de ouvir isso. Você pode adquirir um estado diferenciado, sublime, através de práticas de meditação, de jejuns prolongados ou de muitas horas cantando mantras. Isso pode gerar alguma alteração interna, trazer um bem-estar espiritual. Então, a mente pode se aquietar, haver um certo silêncio, ou mesmo um estado exaltado interno — alguns chamam isso de “estado alterado de consciência” —, mas tudo que pode ser alterado está dentro do campo da mente. A Consciência não conhece nenhum estado, não sofre nenhuma alteração.
Então, você vivencia esse estado alterado, mas, depois, volta a ser a mesma pessoa. Não importa o quão refinada, o quão profunda, o quão extraordinária seja a experiência, não dá para você ficar nela para sempre. Por que não? Porque não é natural! É algo que vem através de um trabalho, de uma provocação, de uma intensificação, e que diminui quando esse trabalho, essa intensificação e essa provocação diminuem.
Estou dizendo isso porque as pessoas escrevem para mim e perguntam se estão evoluindo, ou se o que experimentaram diretamente foi a Iluminação, algo que depois viram indo embora. Elas querem uma confirmação minha! Então, elas falam da kundalini subindo e descendo, etc. A mente tem criado esse tipo de posicionamento.
Liberação não é algo para a pessoa, não há nada que “você” possa fazer ou, através de alguma experiência psicológica, emocional ou espiritual, obter. Não importa o quão extasiante seja essa experiência. Uma experiência espiritual, psicológica ou emocional é apenas uma experiência pessoal, é onde a “pessoa” aparece, ou seja, é onde a ilusão aparece, porque não existem “pessoas”. Assim sendo, essas experiências também fazem parte dessa ilusão.
Essa Liberação não requer “você”. Isso é a ausência da ilusão desse “você”, com tudo que “ele” representa: esforço, experiências, sensações, visões, intuições, e assim por diante. As pessoas passam por isso e logo “se iluminam”, e depois começam a dizer para outras como também é fácil a “iluminação”.
"Nessa Liberação, fica claro que tudo é simples e natural."
A Liberação é, simplesmente, o fim da ilusão de alguém presente aqui e agora. Não tem nada de luzes, raios, trovões, relâmpagos, sons de outro mundo, badalar de sinos, anjos cantando com suas harpas ou poderes. Não existe localização para essa Consciência, Ela não está “lá”, depois de “oito passos”. Existe somente Liberação! É a Liberação do sentido do “eu”, aqui e agora! Não tem trombetas tocando, nenhum alarde. Essa Liberação é a perfeita Liberdade de todo o fardo, de todo o medo, desejo, escolha… é essa maravilhosa Liberdade de ver que não existe escolha, porque não há pessoa, não há separação, não há nada fora do lugar, nada para acontecer.
Eu rio disso, porque é realmente muito engraçada a expectativa que a mente tem do futuro, de um grande episódio, de um grande acontecimento, em que ela sairá disso tudo muito rica, poderosa, forte, grande! Não existe nada disso!
Liberação é você em seu Estado Natural, livre do sentido da história que cerca e que dá valor a esse falso “eu” e ao que ele valoriza tanto como algo real: bens móveis, imóveis, família, realizações, prestígio, fama, poder, e, finalmente, esse “eu” iluminado, forte, grande, poderoso e especial.
Nessa Liberação, fica claro que tudo é simples e natural. Uma aparente história continua, mas não é real. É uma história para quem quiser contá-la, mas você não tem mais interesse nisso. Para você, é só uma aparente história, mas, para aquele que acredita estar presente, é uma história bastante real.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 12 de dezembro de 2018 (2ª parte) – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Uma revelação do seu próprio Ser

Temos algo muito singular nesse encontro. Não estamos diante de uma palestra motivacional nem de uma fala com algum tipo de ensinamento específico, porque Autorrealização, Liberação ou Iluminação não é algo que você possa obter. Aqui se trata exatamente do contrário: há algo para se perder.
Você carrega o sentido de uma identidade, de um “eu” presente. Agora mesmo, você acredita que está ouvindo [lendo] e que há alguém lhe dizendo alguma coisa. Se você escuta o rádio, tem uma voz ou uma música acontecendo, mas você não pode dizer que tem alguém falando de dentro do aparelho. Se acreditar nisso e fizer a experiência de desmontar esse rádio, você vai descobrir que não tem ninguém lá dentro, não tem uma banda de música tocando ou alguém falando. Tudo o que você vai encontrar nesse aparelho são componentes eletrônicos.
O corpo humano é só um mecanismo também, cheio de componentes, com uma voz saindo. Mas, assim como não há ninguém dentro do rádio, não há ninguém dentro do corpo humano. Isso é só uma crença, algo que lhe foi ensinado pela religião, pela filosofia. O corpo humano é só um mecanismo e a fala humana é só um fenômeno acontecendo nele. Isso é contrário a tudo que vocês já ouviram até hoje. Existe, sim, uma Consciência presente, mas Ela não está dentro do mecanismo, dentro desse corpo humano. É esse corpo humano, esse mecanismo, essa fala, esse “ouvir” e esse “sentir” que estão dentro da Consciência, e não o contrário.
Então, essa Consciência produz todos os fenômenos, inclusive a aparição do corpo, da mente e de toda experiência nesse mundo dos sentidos. Essa é a sua Realidade! Você é essa Consciência, Ela é a Sua Natureza Real e está além do corpo, da mente e do mundo. É algo além de todos os fenômenos.
"Você é essa Consciência, Ela é a Sua Natureza Real e está além do corpo, da mente e do mundo. É algo além de todos os fenômenos."
O corpo e a mente conhecem a noção de tempo e espaço e, portanto, a noção de separação, de múltiplas aparições. Essa Consciência não conhece nada disso, porque Ela não se importa com esses fenômenos, que são apenas aparições Nela. Não é Ela que aparece nesses fenômenos, são eles que aparecem Nela. Então, a concepção comum (que é um erro) é a de que essa Realização, essa Iluminação ou Liberação é algo que o indivíduo pode obter, adquirir ou ganhar, enquanto que, na verdade, é exatamente o oposto: Isso é o desaparecimento da noção ilusória de alguém presente, de um indivíduo presente nesta experiência, neste fenômeno “corpo-mente-mundo”.
Quando isso se torna claro, no Despertar desse Estado Natural, que é Consciência, que é Meditação, a ilusão desaparece. Então, o sentido de tempo e espaço se torna irrelevante, e toda a noção de estar no controle da própria vida desaparece. Não existe uma vida individual, existe só a Vida como Ela É, o que eu chamo de “Pura Consciência”. Assim, quando essa sensação de estar no controle da própria vida perde o sentido, termina, a Vida como Ela É se mostra como puro relaxamento, Paz e Felicidade.
Essa Liberação não é algo que possa ser descrito por palavras, não é algo que possa ser compreendido pela mente. Apenas quando Ela se revela a Si própria é que tudo fica claro. Assim, não existem palavras ou ideias capazes de expressar Isso.
O propósito desse encontro não é trazer ensinamentos, porque eles não existem. Esse “ensinamento” aqui é um desaprendizado; é apenas um mergulho, uma investigação de sua Natureza Real, que é Consciência. Essa Liberação é tudo o que existe, é a única Realidade, é algo presente como essa Consciência aqui e agora.
Isso é algo muito paradoxal. Nós não vamos trazer essa Consciência, você não vai encontrá-La; você vai perder a ilusão de que está presente como uma entidade separada no tempo e no espaço, como uma “pessoa” — esse é o propósito desse Trabalho. Tudo o que você precisa é de uma revelação do seu próprio Ser. Já que não pode ser compreendida pela mente, descrita por palavras, essa Consciência precisa se revelar por Ela mesma.
Essa Liberação é o fim de toda a busca, de toda a procura; é a Vida revelando o seu próprio significado, revelando-se a Si mesma como Ela mesma. Nossa linguagem é incapaz de se aproximar Disso. A linguagem é, por natureza, um produto de pensamentos e imagens. Ela descreve apenas a dualidade, a separação, a noção de tempo e espaço, sujeito e objeto, eventos, experiências, coisas, sentimentos, pensamentos, fenômenos que acontecem ou parecem acontecer… É só o que ela pode fazer. Não existe nenhuma linguagem para descrever Aquilo que está além da palavra, além do pensamento, além da dualidade, além do tempo, além do espaço.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 12 de Dezembro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

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