terça-feira, 30 de setembro de 2025

Você e a autoimagem. O fim da autoimagem. O que é o pensamento? O que é o pensar? Ego advaita.

Aqui me parece que é de fundamental importância, nestes encontros, trabalharmos juntos essa relação entre esse sentido do "eu", que é o ego, e a não-dualidade, que é a Advaita. A expressão "Advaita" significa "o Primeiro sem o segundo" e esse sentido do "eu" é a presença dessa egoidentidade.

Uma compreensão real a respeito daquilo que está intimamente ligado à presença desse sentido de separação em nós, que é a presença dessa mente egoica, uma visão direta a respeito disso representa o fim do elemento principal dessa egoidentidade, que é a presença da autoimagem.

Assim, essa estreita relação entre você, como pessoa, e a autoimagem é algo muito claro. Olhar com clareza isso, tomar ciência plena disso, é abrir esta porta para o fim dessa autoimagem. É o que estaremos abordando aqui com você nesta fala.

Antes de tudo, é fundamental isso: tomar ciência de como nós estamos funcionando internamente, psicologicamente. A resposta que você tem para o momento presente, para este instante, para este momento, qual é a relação e como ela acontece entre você e a experiência desse momento.

Toda experiência que temos são experiências que só são experiências porque são reconhecidas. Quando nós temos o reconhecimento do momento, nós temos o reconhecimento do momento em razão da presença da memória. Assim, a memória é o elemento principal do reconhecimento, e a presença da memória é a presença do pensamento.

Então, nós precisamos compreender, antes de tudo, o que é o pensamento, já que o pensamento se mostra como o elemento principal nesse contexto das relações. Aqui, juntos, nós estamos estudando como a mente acontece, como a mente funciona. A verdade sobre a mente, a visão direta dessa mecânica, que é a mecânica do pensar, é isso que nos revela aquilo que está além da mente, além do "eu", além dessa autoimagem.

Se, por exemplo, você tem um problema de hidráulica e você conhece hidráulica, ou se você tem um problema elétrico e você conhece eletricidade, sabe como lidar com esse aspecto técnico, que são esses mecanismos elétricos, esse seu contato com esta situação não é, de fato, algo insolúvel. Há uma resposta para esta dada situação, para esse problema.

Então, se você conhece eletricidade, você sabe encontrar a pane, o problema. Se você conhece hidráulica, você sabe encontrar um problema nas tubulações, no encanamento, porque esse é o seu conhecimento técnico. Portanto, lidar com a mente é algo semelhante.

A forma como a mente em nós funciona é de uma forma problemática, psicologicamente e internamente, dentro de nós mesmos. Toda essa mecânica de funcionamento cerebral, no que diz respeito ao movimento do pensamento, nós não temos a perícia, não temos a técnica, não temos a visão de como isso acontece, de como isso se processa.

Quando você está ansioso, com medo, com raiva ou triste, deprimido, esse estado interno psicológico, a mente como ela está acontecendo nesse instante, está em pane; e nós não sabemos lidar com isso, porque nós não temos a visão completa dessa mecânica, de como o pensamento acontece com as suas imagens, seus símbolos, suas representações mentais.

Toda a nossa ênfase aqui consiste nesse estudo de nós mesmos, nesse aprender sobre nós mesmos. Essa autodescoberta lhe dá a visão clara de uma mente livre de conflitos, de desordem, de confusão, de problemas. Nós não temos isso, porque nós não nos colocamos para essa investigação, como agora, aqui, estamos propondo: compreender que a "pessoa", esse "mim", esse "eu", é uma representação mental sobre quem é você, dentro do cérebro.

Seu cérebro funciona assim, ele é parte dessa mente, assim como esse intelecto é parte dessa mecânica cerebral, e nós estamos, psicologicamente, funcionando dessa forma. Nós temos uma imagem construída, estabelecida em nós pelas lembranças do passado, pelas experiências pelas quais passamos. Estas recordações deram formação a essa estrutura psicológica, deram formação a essa autoimagem, e é assim que você se mostra na vida.

Portanto, você e a autoimagem não se separam. Essa autoimagem está funcionando em desordem - é bem simples essa constatação. Quando você é elogiado, você fica feliz, mas quando você é criticado, você fica triste. Quando você é desafiado, você se vê irritado, ou possuído de uma motivação, possuído de um ânimo para responder aquele desafio, para provar a si mesmo que você é especial, que você é melhor, que você é capaz.

Nós não percebemos com clareza, mas a forma como nós temos funcionado, como estamos funcionando, a partir do esforço de controlar, nesse desejo de ser melhor, nesse desejo de se livrar do pior, tudo isso é parte de estados internos, dentro de nós, conflituosos - a base, a origem verdadeira de todos os problemas dentro dessa egoidentidade.

Essa condição psicológica de dependência a elogios e a críticas, de dependência a desafios para tomar ações a partir do esforço, na tentativa de provar para si mesmo alguma coisa, tudo isso representa estados internos conflituosos, aflitivos, de sofrimento. Isso está dentro desse aspecto do ego, isso está presente como parte desse sentido de separação da própria vida.

Portanto, não existe Liberdade, não existe Paz, não há esse espaço de Silêncio, de serenidade, de compreensão da vida. Nada sabemos sobre a Real Felicidade, que é a Bem-Aventurança. Nós temos momentos felizes; a maioria das pessoas consideram esses momentos felizes como sendo a felicidade. Elas chegam a dizer: "Não existe felicidade, existem momentos felizes". Sim, elas estão certíssimas, porque essa é a experiência delas. Mas essa não é a Verdade, quando ela está presente aqui.

Quando há uma real visão da Felicidade, a presença da Felicidade é Bem-Aventurança. Não é algo para o ego, para a "pessoa", para o "eu", como nós acreditamos, assim como a presença do Amor e da Liberdade. Só há Liberdade quando temos um espaço livre do centro.

Quando você olha para um objeto, em torno daquele objeto há um espaço; o objeto está exatamente no centro de qualquer espaço. Ao ver o objeto, há um espaço em volta do objeto. O objeto é visível, o espaço é invisível, mas ele está ali. O único espaço que nós conhecemos na vida é o espaço a partir de um centro; esse centro é o "eu", esse centro é o ego.

Semelhante a um objeto que tem espaço ao redor de si mesmo, esse sentido do ego tem um espaço. Toda atuação do ego, desse "mim", dessa autoimagem, é a atuação dentro desse espaço; e esse espaço é limitado, sempre é limitado. Esta é a ausência da Liberdade da qual estamos falando.

A Liberdade é a possibilidade de movimentação. Por que é tão preciosa a Liberdade? Porque sem a Liberdade há uma restrição, há uma limitação, há um cerceamento da liberdade. Esse cerceamento é a não condição de movimentação. Quando você não pode se movimentar, você está preso; esta prisão é a ausência da Liberdade.

Nós precisamos, na vida, da Liberdade. O sentido do "eu", do ego, está prisioneiro dentro do seu próprio espaço - esta é a condição da autoimagem. Toda a infelicidade no ser humano é em razão da ausência da Liberdade. Portanto, aqui quando usamos a expressão "Liberdade", estamos falando da Liberdade Real, desta Liberdade que está presente quando não existe mais esse centro, que é o "eu", que é o ego.

Então há um espaço presente; é nesse espaço que está presente a Felicidade, é nele que está presente o Amor. Mas, observe: assim como a Liberdade não é para alguém, a Real Liberdade é exatamente quando esse alguém não está, quando esse ego não está.

Semelhantemente é a presença do Amor. O Amor é aquilo que está presente quando não há mais esse sentido do "eu". A Felicidade é aquilo que está presente quando não existe mais esse "eu". Não é a Felicidade para alguém, não é o Amor para alguém, não é a Liberdade para alguém. A Liberdade é a Natureza de Deus, assim como o Amor e a Felicidade, a Realidade d'Aquilo que essencialmente é Você quando não há mais essa autoimagem.

Portanto, não se trata desse você como você se vê, trata-se desse Você desconhecido, indescritível, como é o Amor, como é a Felicidade, como é a própria Liberdade. É isso que nós estamos aqui lhe propondo neste momento: ter, da vida, uma aproximação livre da autoimagem; quando temos o fim da autoimagem, porque há uma compreensão da verdade sobre o pensamento.

Temos que nos libertar do pensamento, e nós nos libertamos do pensamento quando compreendemos a verdade sobre o pensar. Não sabemos o que é o pensar. Nós estamos nos confundindo com o modelo do pensamento, e esse modelo do pensamento que nós conhecemos é o pensamento psicológico, é o pensamento que está dando constituição, abalizamento, estrutura para esse "eu", para esse ego.

Precisamos descobrir o que é o pensar. O pensar é aquilo que está presente - assim como o sentir e o agir - quando o "eu" não está. Nós não aprendemos a pensar. Nos deram o que pensar, nos deram os motivos e as razões sobre o que pensar.

Há por detrás dessas razões e motivos o elemento do "eu", carregado de desejos e medos. Isso é parte da vontade, do querer, do próprio ego. Essa não é a verdade sobre o que é o pensar. Essa é a visão particular de uma mente condicionada, que lhe foi ensinada sobre o que pensar.

A nossa psicológica condição é de ter pensamentos de fundo de condicionamento, com base em condicionamentos psicológicos, religiosos, filosóficos, políticos, de tradição familiar. Temos um cérebro condicionado. Esse cérebro condicionado está em pane, e ninguém pode atender esta pane, resolver esse problema, pôr fim a essa condição interna, a não ser nós mesmos. É a compreensão da verdade sobre você o fim da ilusão desse ego.

Um especialista, um analista, um terapeuta, todos podem ser de uma certa ajuda, ou não, mas o elemento fundamental para o fim dessa egoidentidade, dessa ilusão de separação entre você e a vida, entre você e Deus, é a compreensão de si mesmo, é a visão da verdade sobre você.

Esses encontros aqui, nos finais de semana, onde estamos sábado e domingo juntos, têm esse propósito - são dois dias. Além disso, nós temos os nossos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso que você acaba de ouvir é algo que faz algum sentido para você, já fica aqui um convite.

Junho de 2025
Gravatá-PE
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