quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Joel Goldsmith | Um Parêntese na Eternidade | O que é a autoimagem? | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast, novamente o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Hoje, eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado "Um Parêntese na Eternidade". Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "Nenhuma imagem que possa ser concebida na mente jamais será Deus". Sobre esse assunto das imagens criadas na mente, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a autoimagem?

MG: Gilson, basicamente, fundamentalmente, a mente funciona com imagens. O pensamento em nós é a base para estas imagens. Quando você tem um pensamento, você tem um quadro mental. A presença deste pensamento é a presença de uma imagem que o pensamento está estabelecendo dentro de você sobre aquela dada coisa. Aqui, a sua pergunta é sobre a imagem de Deus e a autoimagem. Toda ideia que tenhamos sobre Deus não pode ser outra coisa a não ser uma imagem. Esta imagem não é a realidade, como nenhuma imagem que você tenha sobre alguma coisa, é aquilo, é a própria coisa.

Portanto, aqui estamos diante de algo fundamental para ser compreendido. Em geral, nós vivemos no campo das ideias. Ideias são, basicamente, abstrações. Quando você tem a lembrança do marido, da esposa, dos filhos, da família, o que você tem é uma fotografia, é um quadro mental, é uma imagem; a presença desta família neste quadro é uma abstração. Aquilo que você vê e reproduz é uma imagem. De outra forma, não haveria pensamento, não haveria ideia.

Assim, nós estamos presos a este antigo movimento de abstração mental quando estamos lidando apenas com pensamentos. O seu pensamento sobre Deus é o particular pensamento que você tem. Agora, nós precisamos compreender, primeiro, antes desta ciência da Realidade de Deus, que aqui estamos vendo agora, que nós não temos, que o que temos é uma abstração, é uma imagem, e esta imagem não é Deus; esta imagem é um conceito mental. Portanto, antes de ter um contato Real com a Realidade, com a Verdade, com esta ciência de Deus, nós temos que primeiro descobrir quem é este elemento presente dentro de cada um de nós, que forma imagens, que elabora pensamentos, que lida com quadros mentais. Este elemento é o "eu".

E o que é esse "eu"? Este "eu" também é uma imagem. Todo pensamento que você tem sobre você é a imagem. A autoimagem é aquilo que o pensamento constrói sobre ele mesmo. A presença desse "eu" é a presença do pensamento nesta autoimagem. Você não é esta autoimagem, como Deus não é aquela imagem que o pensamento tem, que esta própria autoimagem, que é esse "eu", aí, construiu. Nós precisamos nos livrar da autoimagem, assim como precisamos nos livrar desta imagem de Deus.

O Deus construído pelo pensamento é a imagem que o pensamento tem, é a abstração que o pensamento faz. Nós passamos uma vida inteira envolvidos na crença em Deus. A crença em Deus, como a não crença em Deus, é algo que depende do "eu", que depende desta autoimagem. Se eu quero crer, eu creio. Se eu não quero crer, eu não creio. Este querer ou não querer é um ato volitivo do próprio "eu": se ele tem a boa vontade de acreditar, ele acredita; se ele não tem a boa vontade, ele não acredita. No terreno da crença, nós estamos lidando com imagens. Nesse espaço das crenças, o que temos presente são abstrações. Nós não estamos lidando com a Realidade, estamos apenas envolvidos com o pensamento.

E o que é o pensamento? Essa é uma pergunta fundamental. O pensamento em nós é a presença de uma memória, de uma recordação, lembrança; é apenas um quadro de representação mental que vem do passado. Qualquer imagem que você tenha - seja sobre Deus, ou sobre si mesmo, ou sobre o outro, ou sobre a vida, ou situações, acontecimentos, incidentes, acidentes - é algo que surge em razão da presença do pensamento, e esse pensamento é apenas memória, lembrança, recordação. Portanto, a referência do rosto da esposa ou do marido você tem porque você já se deparou com ele ou ela. A presença desta lembrança é a presença desta imagem que vem do passado. Mas e a lembrança de Deus? Quem já viu o rosto de Deus? Será uma imagem? Será uma representação mental? Será uma ideia? Será um pensamento? Será que tudo isso pode nos mostrar a Realidade, a Verdade sobre Deus? Ou estamos diante daquilo que o pensamento está imaginando, dando formação?

Há uma Realidade presente, mas esta Realidade está além do pensamento, além da imagem. O que temos enfatizado aqui é que você, como esta autoimagem, não pode tomar ciência da Realidade de Deus. A não ser que você se livre da própria autoimagem, você jamais terá ciência da Realidade de Deus, que não é uma imagem. A natureza da Verdade sobre Você não é uma imagem; a natureza da Verdade sobre Deus não é um pensamento. Podemos, nesta vida, assumir a Realidade d'Aquilo que realmente nós somos, quando não há esta autoimagem? Podemos ter plena ciência da Realidade de Deus, sem a visão que o pensamento constrói, a imaginação que ele estabelece? Esta é a questão.

O contato com a vida é o contato com Deus, mas uma autoimagem que é a pessoa, este "mim", este ego, que é a ideia que você tem sobre você, não pode ter este contato. A presença deste contato é a comunhão: nela não há uma separação. Seu contato com a vida, seu contato com Deus, é a Realidade de Deus se revelando. Se revela quando a autoimagem não está, quando o "eu" desaparece, quando o pensamento cessa, quando não há mais o passado.

É isso que estamos vendo aqui: a possibilidade desta Realização da Verdade sobre Deus, o fim para esta imagem, para esta autoimagem. Nós temos vários vídeos no canal falando sobre esta autoimagem, sobre você e a autoimagem; há uma playlist aqui no canal. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal. A Neuza fez o seguinte comentário e perguntou: "Mestre, é tão forte essa ideia que sou alguém. Como soltar a imagem que faço de mim?"

MG: A sua pergunta é: "Como soltar esta imagem?". Esta imagem que você faz de si mesmo, que você tem de si mesma. Esta imagem é a presença do pensamento. Solte o pensamento! Todo e qualquer pensamento que você tenha. Aqui, o primeiro ponto consiste em compreender com clareza o que é o pensamento. Não podemos, teoricamente, intelectualmente, ter uma ideia sobre isso; nós precisamos ter ciência disto, neste momento, de como o pensamento acontece, como ele ocorre. Então, o que é o pensamento aqui? A imagem que o pensamento criou sobre você, está criando sobre você, está estabelecendo sobre você, aqui e agora.

Quando você é ofendida, há um elemento presente que fica com raiva, aborrecida, frustrada, decepcionada com o outro: este elemento presente é a autoimagem. Você pergunta: "Como posso me livrar da autoimagem?". Tome ciência! Tenha, neste momento, a clareza desta experiência, não coloque o experimentador na experiência. Quando você se aproxima deste momento, percebe a irritação, a raiva, a contrariedade, a revolta. Esteja com isto, olhe! Olhe sem autodefesa, olhe sem reação. Olhe para este estado, agora, aqui, presente. É um estado!

Neste momento, a autoimagem está sendo ferida, está sendo espetada, tocada. Tome ciência desta reação. Olhar para esta reação, sem reagir, sem se envolver. Quando isso está presente, quando isto é feito, nós temos o fim da autoimagem. Não é por um movimento positivo da mente que você se livra da mente, mas é por se tornar ciente do próprio movimento da mente neste momento.

A Verdade Liberta. A compreensão da Verdade aqui presente, neste momento, sem a separação entre esse "eu" que quer se proteger, que quer se defender, que quer se salvaguardar. A presença desta ciência, desta percepção, sem o próprio "eu", é o fim para a autoimagem. A real compreensão do pensamento ocorre no momento em que ele é visto, e ele só pode ser visto sem o observador, sem o pensador, sem este experimentador, sem este "eu". É que a forma como lidamos com a experiência, em geral, é sempre a partir do observador, do pensador, do experimentador, deste elemento que está defendendo, protegendo esta autoimagem.

É por isso que temos enfatizado aqui a importância da atenção sobre as nossas reações. A presença da atenção traz a visão do Autoconhecimento: esta visão do Autoconhecimento liberta. Ficar ciente destas reações é o fim para este movimento que está sempre vindo do passado para manter a sua continuidade nesta autodefesa. É a presença do Autoconhecimento que traz a ciência da Meditação. É assim que nos aproximamos da Sabedoria, da Liberação, da Libertação, do fim do "eu", do fim do ego. No entanto, isto requer um olhar novo para estas reações, quando elas surgem, em razão do desafio que está aparecendo neste momento.

Quando alguém lhe elogia, você ama, você aprecia. Em razão, também, desta desatenção, nós estamos constantemente cultivando a autoimagem para o prazer. Nós queremos nos livrar desta autoimagem quando ela produz dor, mas estamos, na verdade, diante do mesmo jogo. Se livre do prazer, se livre da dor, se livre desta psicológica condição de defesa da autoimagem, ou de prazer e conforto que ela sente, que ela tem quando é amada, aceita, elogiada. Se livre do "eu", se livre do ego. É o que estamos juntos investigando aqui.

Eu te convido a participar de encontros online. Há algo dentro dos encontros online que você não tem nestes vídeos: é a presença de algo muito maior para este contato com a Verdade deste Ser, desta Realidade Divina. Portanto, participe, se aproxime. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de um outro inscrito aqui no canal. O João Alberto faz a seguinte pergunta: "Mestre, como o ego se esconde na espiritualidade?"

MG: O ego se esconde na espiritualidade mantendo a continuidade dos valores de suas crenças, de suas teorias, conceitos, conclusões. Quando nós temos um conjunto de palavras, nós temos uma base para esta ou aquela ideia. Algo que este ego faz, esta autoimagem faz, é proteger esta ideia ou este conjunto de ideias. Ele se esconde atrás das palavras, das conclusões, das crenças. A Realidade Divina, a Real Espiritualidade, não está na espiritualidade como o pensamento imagina ser espiritualidade, a ideia ou o conjunto de ideias sobre espiritualidade. Não há nada realmente de espiritual nisto. Nós estamos diante, apenas, de um movimento de crenças.

A Realidade Divina não está no campo das crenças, dos pensamentos e das ideias. A Realidade Divina, aquilo que é realmente espiritual, está fora do conhecido; a mente não alcança. Tudo que nos foi ensinado sobre espiritualidade aprendemos porque guardamos intelectualmente palavras, pensamentos, crenças, ideias sobre aquilo. Nada sabemos sobre aquilo que é espiritual. E o ponto é que a presença do "eu", do ego, jamais irá alcançar a Realidade d'Aquilo que é Divino, d'Aquilo que é Real, d'Aquilo que é Espiritual.

A maioria das pessoas passa uma vida inteira envolvidas com práticas religiosas, dentro de religiões organizadas, sem a menor noção do que estão fazendo. Elas estão apenas mantendo a continuidade do próprio "eu", do próprio ego em suas crenças, em seus estudos, em seus aprendizados. Há um exagero, há uma valorização exagerada no intelecto, nesse formato de intelecto condicionado para os estudos, e quanto mais você lê, quanto mais você estuda, mais intelectual você é. Por detrás desta intelectualidade existe um orgulho, inconsciência: o orgulho inconsciente do saber, do conhecer. A sensação no "eu", a sensação no ego é que você tem informações. Não, não... Mais do que isto: você tem conhecimento. A presença deste conhecimento lhe traz, inconscientemente, um orgulho de saber o que outros não sabem ou de conhecer um pouco mais do que outros entendem muito pouco.

Aqui estamos diante de um jogo do próprio "eu", do próprio ego em seu orgulho, vaidade, presunção. Nós não temos nenhuma ciência deste jogo, porque não há uma separação entre este jogo e nós mesmos. Não há uma separação entre aquele que experimenta e aquilo que ele experimenta. Não há consciência Real, não há visão Real, não há presença Real para a ciência do que está acontecendo. Assim, a vida no ego é uma vida de mentiras. A mente presente em nós carrega, de uma forma inconsciente, todo este comportamento, causando a ilusão de uma sensação de que está indo para algum lugar, de que estamos evoluindo, crescendo, se ampliando, se aprofundando. O que temos presente é a formação de um intelecto cada vez mais condicionado, mais prisioneiro de suas crenças, avaliações, conclusões. E a realidade disto é presunção intelectual, orgulho do saber, vaidade.

Olhar para as nossas reações, ir além desta psicológica condição do "eu", não requer estudo teórico de livros. Você precisa aprender a olhar para aquilo que está presente, para aquilo que aqui se mostra. É o seu livro que você precisa ler. É a visão da mente, é a ciência de como ela acontece dentro de você, a compreensão de nós mesmos, a realidade sobre aquilo que você é. É o fim desta psicológica condição de egoidentidade. Então, sim, estamos diante de algo indescritível, que é a Presença da Realidade, que está além do ego, que está além do "eu".

Jamais teremos uma visão da Sabedoria a partir de estudos intelectuais, de livros ou experiências místicas ou assim chamadas "espirituais" ou "esotéricas". O Despertar da Inteligência que nasce com a Verdade sobre esta compreensão de nós mesmos, que é o Autoconhecimento, é a porta que se abre para a Sabedoria, para a Real Visão de Deus. É a presença do Autoconhecimento, é a ciência deste esvaziamento de todo este conteúdo psicológico, é a compreensão deste livro, é o fim para esta imagem de alguém presente - inclusive, o fim desta ilusão de alguém espiritual ou espiritualizado. É a presença da Meditação que torna isso possível.

GC: Gratidão, Mestre, já fechou nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E para você que está acompanhando o videocast até o final e deseja realmente viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros intensivos de final de semana que acontecem de forma online. Existem também encontros presenciais, inclusive retiros. Nesses encontros, além de o Mestre responder diretamente às nossas perguntas, acontece algo muito mais poderoso e profundo: pelo Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, Ele compartilha um campo de Presença que é puro Poder, Energia e Graça. E nesses encontros a gente acaba entrando de carona nesse campo de energia do Mestre; e pegando essa carona, nessa presença do Mestre, de maneira espontânea, entramos no estado meditativo, silenciamos nossas mentes, podemos ter uma visão e uma compreensão além de toda limitação intelectual.

Então, fica o convite! No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. E Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.

Junho de 2025
Gravatá-PE
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