quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Um convite para essa Liberdade de Ser pura e atemporal Consciência

A única coisa que importa para você, neste encontro, é estar nessa Atenção, que é a base da Consciência. Acompanhe não só as palavras, mas também onde elas acontecem. Palavras são como tintas em uma tela representando alguma coisa. Enquanto as palavras estão acontecendo, há algo presente anterior a elas: o Silêncio. Então, quando estamos em Satsang, estamos vendo palavras sendo colocadas a serviço dessa investigação, mas a Realidade presente é esse fundo de Silêncio, o qual não carrega nenhuma história. Aquilo que você chama de “mente” são essas imagens aparecendo, sendo registradas nessa Realidade presente, que é a base de tudo. Essa base, esse Silêncio, essa Consciência é a única Realidade.
O propósito, aqui, é que você tenha esse contato direto com a Realidade. Você está descobrindo a importância do fim da história pessoal, que é o que causa a impressão de que tem alguém fazendo coisas e tomando decisões, escolhendo, enquanto que, na realidade, esse “alguém” é uma ilusão. Como não há realidade na “pessoa”, sua história pessoal não é verdadeira, mas é ela que causa toda essa impressão.
O que estou dizendo é que não existe “alguém”. A vida, a existência, ou o que se apresenta, é um fenômeno dessa Consciência. O pensamento tem personalizado isso, colocado nisso a ideia de um personagem presente, mas isso não é real. Você é Consciência, não um personagem com uma história. Toda agitação, problema, confusão, desordem e sofrimento surgem por causa dessa identificação com a ideia de que existe esse “alguém”.
Então, enquanto isso se mantém, a agitação se mantém, assim como a frustração, o sofrimento, o medo, a falta, essa dor psicológica… Essa é a herança do personagem, da ilusão do “eu”. Em virtude dessa crença, que tem uma base muito forte de identificação com o corpo, ocorre essa disposição psicológica, essa contração, esse senso de “pessoa”. Toda ignorância é essa história, e toda história é essa ignorância. É assim.
Na Vida, tudo está acontecendo como precisa e deve acontecer, dentro de sua própria forma. Não existe alguém fazendo com que isso aconteça. Esse “eu”, esse “mim”, esse “senso de pessoa” com toda sua história é apenas parte do que está acontecendo. Isso faz algum sentido para você? O seu modo de ver e perceber a Vida não é esse, porque você está vendo tudo de dentro de um ponto de vista baseado na crença de que há uma entidade presente, nesse sentido ilusório de um “eu” presente.
Então, esse “mim”, que tem um nome, um corpo e uma história, é pura identificação com uma crença, com essa contração no corpo, sustentada por sentimentos, emoções e pensamentos. Meditação é a arte de permanecer livre dessa contração, dessa identificação com sentimentos, pensamentos, emoções e sensações. A verdade é que tudo está acontecendo, mas sem qualquer propósito. Tudo é apenas uma manifestação dessa Consciência, sem qualquer propósito específico.
Para a mente egoica, para esse “sentido de pessoa”, tudo tem que estar acontecendo dentro de um propósito. Essa ideia de um propósito é o sentido da história, da particular e pessoal história, mas isso não é real.
Enquanto esse senso individual de “pessoa” está sendo sentido como algo real e presente, a história tem importância e deve carregar algum propósito. Isso porque existe um sentido de um “eu” indo para algum lugar, realizando alguma coisa, conquistando ou se livrando de algo, enquanto que, na verdade, isso tudo é somente um jogo, o jogo da vida, e nada disso é como parece ser. A Vida é O que é, e o que acontece é só o que acontece, sem qualquer propósito. Não há “alguém” nisso! Isso soa muito estranho para a mente egoica. Portanto, essa “realidade” chamada de “passado, presente e futuro” é, de fato, formada apenas por ideias, conceitos, crenças.
A Liberdade reside na Natureza do Ser, que é essa Presença, essa Consciência sem propósito. Então, tempo, espaço, causa, efeito, ação, reação, objetivos e propósitos são conceitos mentais. Seu Ser está Livre, permanece Livre e não conhece essa história da mente, da imaginação. Portanto, nada precisa ser obtido, aprendido ou compreendido. Qualquer coisa que seja obtida, aprendida ou compreendida ainda faz parte da mente e de sua história, então, ainda é parte da ilusão.
Eu quero convidá-lo para essa Liberdade de Ser pura e atemporal Consciência! Isso é a Realidade Divina, a Realidade de Deus! Na Índia, eles chamam Isso de Moksha, que é Liberação. Estar em seu Ser é Liberação! A natureza do pensamento é imaginação, enquanto que a Natureza da Consciência é Liberdade! A mente vive dentro desse modelo do pensamento, enquanto seu Ser está fora dele. A Meditação, como seu Estado Natural, revela isso.
Não estou dizendo que o pensamento, a sensação, a percepção e a emoção representam um problema. O que estou dizendo é que esse fenômeno é parte do tempo, que é essa noção de passado, presente e futuro, o que ainda está dentro da mente. Isso tudo não é Você, o seu Ser, a sua Natureza Real, mas apenas um fenômeno que vem e vai, portanto, não tem realidade. O problema está em se confundir com esses fenômenos, em não ter uma Real Constatação de Si Mesmo, uma “lembrança” de sua Real Natureza, do seu Verdadeiro Ser. Então, você termina se mantendo nessa confusão, nesse equívoco.
Alguns têm dedicado suas vidas à procura dessa Liberação, mas estão fazendo isso dentro da história. Então, eles dedicam suas vidas a uma constante busca de experiências espirituais, em diversas práticas. Contudo, isso é mais uma ilusão, porque implica a ideia de que existe “alguém” que possa alcançar essa Liberação, através de alguma ação ou extraordinária experiência espiritual. Na verdade, não há “alguém” para alcançar Isso! A verdade é que não há “alguém” e alguma coisa em parte alguma!
Você é essa Consciência! Nosso trabalho juntos é para que você tenha essa Constatação Direta. Ser é a sua Natureza! Essa particular história é cheia de conflitos, crises, dilemas, problemas e adversidades. Desidentifique-se disso, dessa particular história. Existe somente O que É, e isso não é pessoal, não carrega história. Abandone esse pensamento acerca de uma Realização futura, uma evolução espiritual ou uma experiência extraordinária. Tudo isso é parte desse modelo do pensamento, dessa procura de um propósito que o pensamento cria, que a mente egoica cria.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 09 de Dezembro de 2019 – Para informações sobre os encontros online e instruções de como participar, clique aqui.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

A questão do esforço

Você sabe que, nesses encontros, não estamos tratando com você de espiritualidade. Essas falas não se baseiam na Advaita Vedanta ou em alguma outra tradição religiosa ou filosófica. Então, não estamos tratando aqui com você de alguma forma de sistema, crença religiosa ou algum tipo de filosofia. Esses termos não se aplicam a esta fala.
O que Você é não tem nada a ver com filosofia, sistema, método de crença, essa ou aquela forma de conceito. Não é nenhuma dessas coisas! Então, não podemos nos aproximar Daquilo que Você é através de algum desses expedientes. O que tratamos nesses encontros é algo que está além da mente e, assim, além das palavras. Você não vai encontrar nada sobre a Verdade de Si mesmo em algum sistema, prática, escritura ou livro.
Você pode se munir de um arsenal de crenças, armar-se e conseguir muita munição na filosofia, em métodos de análise, autoanálise, mas, mesmo assim, continuará distante da Verdade sobre Si mesmo. Você continuará cego! Permanecer cego significa aceitar que algo do lado de fora pode lhe dar a visão Daquilo que Você é, porque isso é só uma crença, ou seja, tem na própria base a ilusão. O ponto é que todas as crenças são falsas! Então, aqui colocamos de lado todos os conceitos, todas as teorias, toda forma de conhecimento, todas as crenças.
A Verdade que Você é não dá para ser explicada, analisada ou alcançada por nada disso. Por quê? Porque, basicamente, Você é aquilo que está buscando, mas está fazendo isso indo para fora. Não há nada para ser encontrado, nada para se ganhar, realizar! Você precisa constatar isso! De outra forma, a mente continuará buscando e, naturalmente, se afastando da simplicidade desse encontro que acontece quando você olha para dentro de si mesmo.
Se você tem sinceridade e intensidade ‒ verdadeira honestidade e intensidade de desejo ‒ para realmente investigar a Verdade sobre Si Mesmo, a busca, esse movimento de pesquisa e estudo externo, de escrituras, livros e toda forma de conhecimento, terá que cessar. Essa sincera intenção ou esse desejo honesto para Realizar a Verdade, o Ser, Deus ou O que Você é, é algo que requer que toda busca cesse. Dessa forma, damos início a algo inteiramente novo, que eu tenho chamado de “Meditação”. Essa é a forma real de você se aproximar do seu Estado Natural de não separação, não dualidade. Você pode chamar isso de Advaita ou de Estado Não Dual, mas isso não tem a menor importância.
Outro aspecto interessante aqui é que alguns dizem que nenhum esforço é necessário, que todo esforço é somente uma ilusão, e outros dizem que o esforço é definitivamente importante, algo que é requerido. A minha visão disso é que os dois lados estão corretos, e já tenho falado sobre isso com você. Uma aproximação dedicada, aplicada e esforçada é fundamental! Por outro lado, uma entrega e uma certeza profunda de que não é pelo “fazer”, não é pela simples vontade ou dedicação pessoal que Isso pode ser realizado, é essencial. É evidente que esse aparente “eu” não pode obter Isso pelo esforço, mas fica muito evidente que, também, se não houver uma dedicada intenção para investigar o movimento desse “eu”, nada será possível.
Então, o esforço não pode lhe dar Isso, porque Isso já está presente! Por isso, é uma ilusão acreditar que pelo esforço você alcança Isso. Porém, você também permanece na ilusão ao acreditar que, se não fizer qualquer movimento nessa direção da autoinvestigação, Isso vai se revelar por si só, baseando-se apenas na ideia de que Isso já está presente. Não é assim que acontece! Isso está presente como a Única Realidade, mas assumir a consciência disso requer uma intenção, uma aplicação fervorosa nessa direção.
Mais uma vez a gente se depara com algo que parece paradoxal. Então, vamos repassar isso: Aquilo que está presente não é, pelo esforço, alcançado, realizado ou obtido, porque já está presente, mas Aquilo que está presente, sem aplicação, dedicação ou esforço, não poderá ser constatado, continuará invisível, “não existente”. Portanto, essa ideia do “eu” é uma ideia muito convincente para desaparecer simplesmente pela não aceitação intelectual de que isso não é real. Essa é só mais uma forma de crença.
Então, inicialmente há a ideia de um “eu” que está sofrendo e necessita encontrar a Liberação ou o fim desse sofrimento. Contudo, essa Liberação não é alguma coisa que nós não temos ou não somos agora, não é algo que iremos alcançar ou nos tornar. Então, aí estamos diante de um paradoxo. Você não vai se tornar Liberado, ou Realizado, ou Iluminado! Você não é uma identidade separada que vai se unir ao Todo e deixar de ser separada. A Verdade é que Você já é Livre aqui e agora, mas essa é a Verdade que é Você, não é uma “verdade” que a mente conhece. Tudo que a mente conhece é o que não é Você, é a ilusão do sentido de um “eu” como uma entidade separada.
Sua Verdadeira Natureza não é algo que você vai alcançar, mas a ilusão da Verdade sobre Si Mesmo pode ser descartada por essa autoinvestigação, e isso requer uma boa quantidade de energia. Então, esse personagem, que parece tão verdadeiro, só é assim no seu sonho de existir, ao viver o seu próprio e particular sentido de separação, contando histórias.
Portanto, o claro e completo reconhecimento dessa ilusão por essa autoinvestigação, que é o esforço real, torna possível a Visão da Verdade de que não há ninguém nisso, não há “alguém” aí. A Verdade sobre a Iluminação é a de que não existe ninguém Nela! Não há “alguém” para se tornar, realizar, alcançar ou obter Isso! Assim, essa ideia da Iluminação cai, pois Você está além dessa ideia. Ou seja, essa história de “ganhar a Iluminação” também termina.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 04 de Novembro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

A mente não pode capturar Isso!

A mente é muito curiosa e a busca pelo conhecimento é incansável nela. Ela está sempre procurando alguma coisa que possa alimentá-la e nada é mais apetitoso para ela do que o entendimento, que nasce do conhecimento. Quando há conhecimento, o entendimento acontece e, para isso, é preciso haver descrições, ou seja, palavras e imagens são necessárias, e isso é alimento para a mente. Essa fome constante, essa sede insaciável pelo conhecimento é algo comum na mente egoica.
Quando falamos de “mente egoica”, estamos falando do sentido de separação, que é a prisão. Portanto, o conhecimento está dentro dessa prisão e, por isso, você não pode fazer uso dele para compreender o que é Liberação. Isso está fora da mente! Assim, não estamos tratando aqui de algo para ser compreendido pela mente.
Então, chegamos a um ponto aqui: Isso não pode ser compreendido e, portanto, não pode ser visto até que se revele. A mente não alcança Isso, porque ela não vai “chegar lá”. Isso mostra que é necessária uma ação de uma dimensão inteiramente desconhecida para que Aquilo que está fora do conhecido — ou seja, fora da mente — seja revelado. Por isso que Sabedoria não é resultado do conhecimento, mas, sim, dessa revelação do Desconhecido, o que tenho chamado de “Inteligência”.
Assim, quando tratamos da Iluminação, estamos falando do Despertar do Desconhecido, de Algo fora daquilo que a mente conhece. Aqui está a importância da Graça… Ela é esse elemento misterioso capaz de autorrevelar-se como Liberação nesse ou naquele mecanismo, organismo. Então, essa Liberação, que não pode ser compreendida pela mente, mas que se autorrevela e se faz notória, é uma ação dessa Graça ‒ esse é o Mistério do Cristo, do Buda, do Sábio, do Ser Acordado.
Assim, nenhuma ideia, nenhum pensamento, nenhuma palavra alcança Isso! Nenhum pensamento pode criar um modelo acerca Disso, nenhuma ideia pode definir Isso, nenhuma palavra pode descrever esse Mistério, chamado de Liberação. As ideias e as palavras não podem definir e a mente não pode capturar Isso! Agora estamos diante de um paradoxo: a mente, que é uma imaginação, uma sobreposição da Realidade que já está presente, pode ter a impressão de que essa “Coisa” está longe. Entretanto, a única Realidade é a Liberação, Aquilo que está aqui e agora, presente como seu Estado Natural, que é Graça. Todo esforço e movimento é somente um afastamento Daquilo que está aqui e agora, presente como pura Consciência, como essa Liberação inalcançável pela mente, pelas ideias, pelas palavras, pelos pensamentos.
Então, ver Isso somente é possível nessa autorrevelação, na própria ação da Graça. Essa Liberação não tem nada a ver com a mente e com o movimento dela. É justamente esse movimento que precisa parar para que Isso, que já está presente, se autorrevele. O que estou dizendo é que a Liberação está coberta, oculta, escondida por esse movimento da mente. É a mente que está ocultando, camuflando e tornando invisível Aquilo que já está presente como Consciência, que é a Liberação. É como se a Liberação não existisse e a mente fosse real! Esse é o paradoxo! Mas, é um paradoxo apenas para a mente, porque é ela que vê assim.
A mente vê a si mesma como sendo Real, a Luz, enquanto a verdade é que a Consciência é que é a Luz, a Presença. É como se a lua acreditasse que tem luz própria, que a luz vem dela mesma, enquanto que, na verdade, vem do sol. Essa Consciência é o sol! Deixe-me traduzir isso para você de uma forma mais simples: você se vê como uma pessoa e isso é muito real, mas essa é uma visão equivocada da mente, porque não há nenhuma “pessoa”. Todo esse movimento de ouvir, falar, sentir ou pensar é somente um fenômeno dessa Consciência. Ou seja, a luz real é o sol e esse movimento de fenômeno é somente um movimento da lua, com um brilho de luz emprestada.
Então, a mente vive dentro desse constante movimento de busca de um significado, e a Liberação é o fim disso. A mente está buscando compreender a vida e o seu significado, enquanto que a Liberação revela o significado da Vida. Ela é a própria Vida! Isso significa que não existe nenhuma mente presente Nisso, ou seja, não há nada para se buscar ou compreender. Portanto, não existe nenhum significado! Se isso fica claro, a ilusão termina e, com isso, o sofrimento também, porque ele é a mente nessa constante busca da vida e seu significado. Esse movimento da mente é, basicamente, de separação, portanto, de dualidade, o que sustenta toda forma de conflito, confusão e sofrimento.
Quando coloco isso aqui, é para que você veja Isso! A linguagem, por sua própria natureza, descreve apenas dualidade. Ela fala de eventos, experiências, pensamentos, sentimentos, fenômenos... Assim, não existe nenhuma linguagem, nenhuma expressão verbal ou do pensamento que possa descrever Aquilo que está fora da dualidade. Então, o Real não está sendo colocado aqui neste encontro. Estou sinalizando o Real, mas não O estou descrevendo, porque a Verdade não pode ser descrita.
Eu falo com você a respeito do Desconhecido, mas Isso continua desconhecido, a não ser que se autorrevele pelo Silêncio, pela própria Consciência, que é “o Sol”, essa Luz Real. No instante em que predomina essa Luz, esse Sol, que é a Consciência, a ilusão não tem mais importância, então, a “lua” não pode mais tentar se passar por aquilo que ela não é. Não existe “alguém” aí! Por isso, esse sentido constante de “ser uma pessoa”, procurando a vida e o seu significado, perde completamente o sentido, termina de imediato nesse Despertar.
Todos são bastante viciados nisso, nessa busca de significado e sentido para as coisas que acontecem, para aquilo que acreditam que são e fazem. Então, passam muitos anos ocupados com a “pessoa”, julgando, comparando, interpretando, e não percebem que são apenas pequenas peças de um jogo de xadrez, ou marionetes. Há uma mão invisível movendo essas peças, brincando com esses bonecos, dando vida aparente a essas marionetes.
Você já viu um teatrinho de marionetes? Aqueles bonequinhos parecem que estão vivos! Eles falam, se movimentam, dançam, mas existe um par de mãos fazendo aquilo. A vida é isso: uma brincadeira. Um teatro de marionetes é apenas uma brincadeira, uma diversão para quem assiste, não tem nada sério acontecendo. Uma marionete canta, a outra dança, a outra fala de coisas “importantes”, uma representa um inteligente professor... Você vê ali todo tipo de coisa!
O que quero dizer é que não tem nada sério acontecendo, que você não está vivendo a “sua vida”, pois há somente essa única Vida, e Ela está brincando de ser “você”. Você não é real, é somente um bonequinho que acredita poder fazer, resolver, decidir e escolher coisas. Eu sei que é desanimador ouvir isso, que você vai querer procurar um segundo parecer para saber se isso é verdade, mas você não vai descobrir Isso na mente, porque apenas a Graça pode revelar Isso. Essa revelação da Graça é uma expressão da Consciência, que é Meditação.
Resumindo: você só tem problemas porque acredita que existe! Você sofre somente porque acredita que tem ou pode ter coisas! Nisargadatta dizia que o mundo é cheio de anzóis, e a pessoa está sempre presa neles. Com isso, ele queria dizer que nenhuma pessoa tem liberdade, que o “sentido de pessoa” é necessariamente a prisão. Assim, tudo o que você “possui” o aprisiona, tudo o que você “tem” é a sua prisão.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 28 de Outubro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Há somente uma forma real da Meditação acontecer

Por que você está aqui? O que o traz a esse encontro? Quando você procura a razão, descobre um sentimento de deficiência, uma espécie de insatisfação ou fome por algo que, a princípio, você não sabe o que é. Isso coloca todos em um movimento de busca, de procura. Seu desejo é pelo fim dessa falta, dessa inadequação, e isso termina trazendo você a Satsang. A coisa mais curiosa é que, ao chegar em Satsang, você descobre que não existe nada faltando, não existe essa deficiência, não existe nada para se obter, nada para se ganhar. No momento em que você percebe isso, a busca termina.
Então, você não está em Satsang para buscar mais, e sim para descansar ‒ descansar em seu Ser, em sua Natureza Divina. Estar em Satsang não representa mais um movimento de busca, mas a alegria de um encontro consigo mesmo. Essa insatisfação, inadequação ou falta é algo periférico. Satsang é um processo de autoinvestigação, de Realização, um encontro com a Verdade que você traz. Aqui, você se torna livre dessa motivação egocêntrica. Como a busca sempre carrega uma motivação egoica, ela não é o caminho real para a Verdade. A busca o afasta, é o próprio afastamento. É por isso que leva algum tempo até você compreender que não há nada a se buscar em Satsang.
Satsang é um processo para que você veja Aquilo que já está aqui e agora, Algo que já é completo e perfeito! É Isso que estou aqui para comunicar a você! Não há sujeito nem objeto, apenas essa Realidade única, essa Consciência, essa Presença, a Verdade de seu Ser. Não há o meditador e a prática de meditação nem o meditador e os objetos . Tudo isso pertence à filosofia. São conceitos, crenças, avaliações…
Então, tudo o que você está aqui para ver é essa Realidade presente, que é a Verdade sobre Si mesmo, essa Consciência que já está aqui e agora. Não há nenhuma necessidade de busca! Na realidade, a busca é um afastamento Disso. A verdade é que você não pode conhecer quem Você é. A palavra “autoconhecimento” é completamente equivocada, porque você não pode conhecer quem Você é. A única coisa possível é Ser quem Você é, e não conhecer. Conhecer pressupõe sujeito e objeto, observador e coisa observada, pressupõe separação. Na separação, o que se vê é a ilusão, o conflito.
Isso não é como conhecer alguma coisa... Você é o Conhecimento, não o conhecido ou o conhecedor! Você é o único Conhecimento, sem “alguém” para saber o que Isso significa. Então, não se trata de busca, de movimento, mas de repouso, de descanso. Satsang é esse descanso, é esse repouso, é o próprio processo de Despertar, de reconhecer a Verdade Divina, a Verdade de Deus aqui e agora.
Se você escutar um professor, ele vai falar sobre um progresso que se alcança através de um processo passo a passo, do passo 1 ao passo 100, ou seja, que você vai “progredir até chegar lá”. Aqui não se trata de “chegar lá”, mas sim de “desaparecer”. Falo do desaparecimento da dualidade sujeito-objeto, conhecedor e coisa conhecida. Apenas o Conhecimento fica, Aquilo que É. Isso transcende a dualidade, essa separação entre o que vê e aquilo que é visto, entre o que conhece e aquilo que é conhecido. Esse é o cerne, o centro da Real Meditação.
Toda experiência pertence ao sujeito, pressupõe memória, conhecimento, passado, mas não estamos interessados na experiência. Lembre-se disso: experiência pressupõe conhecimento, lembrança, memória, passado, o que foi conhecido pelo sujeito, então, pressupõe conhecedor e conhecimento. Nós não estamos interessados em “ser alguém” na experiência, porque isso está dentro de uma referência de passado, memória. O que somos é puro Conhecimento aqui e agora, não é conhecido nem é conhecedor. O que somos não pode ser experimentado, experienciado, e não é possível capturar, alcançar, agarrar a Isso, a Verdade. A Verdade é o seu Ser, é a sua Natureza essencial, atemporal, é Meditação.
Como Isso é visto? Como Isso pode ser percebido sem alguém que percebe? Como Isso pode ser visto sem o observador? Eu tenho uma resposta para isso: você previsa ouvir! Permaneça nesse “ouvir”, onde tudo é escutado! Permaneça escutando o que o pensamento, a emoção, a sensação e a percepção dizem. Não interprete, apenas escute. Se você interpreta, entra de novo no jogo, mas, se apenas escuta, a Verdade se revela. Isso é Meditação!
Meditação não tem nada a ver com um exercício de expulsar pensamentos e forçar a mente a silenciar. Você pode ter uma experiência fazendo isso, da qual vai se lembrar depois. Toda experiência requer memória, passado, sujeito e objeto, onde o objeto é a experiência e o sujeito é o experimentador. Aqui a gente joga tudo isso fora e fica nesse “ouvir” o que se passa interiormente e externamente.
Veja que o tempo todo estou lhe mostrando o que é a Real Meditação. Quando há esse “ouvir”, tudo se revela nesse Conhecimento que Você é. Repare: não é o conhecedor conhecendo, é o Conhecimento se revelando… Esse Conhecimento que é sinônimo de Verdade, de Sabedoria, de Consciência. Não é lindo e real isso?
Há somente uma forma real da Meditação acontecer: “você” não estar lá! A Meditação só acontece quando “você” não está. Quando “você” entra, a Meditação não está; quando “você” não entra, a Meditação está. A Meditação se revela total e completamente nesse “ouvir”. Esse movimento é totalmente diferente de segurar alguma coisa. Você não pode segurar nada, porque não há nada para se segurar.
O problema é que a principal crença dentro de você é a de que existe um tempo para se fazer isso, ou seja, uma condição e um momento oportunos. Você acredita que enquanto está trabalhando não pode fazer isso, que enquanto está desenvolvendo alguma atividade intelectual ou física não pode fazer isso. Isso não é verdade.
“Ouvir” é algo presente enquanto um pensamento, uma fala e um movimento físico acontecem. Enquanto uma atividade está acontecendo, há o “ouvir” dessa atividade. Assim também é com uma fala, um pensamento, uma sensação, uma emoção, uma percepção... Porém, você tem que ser como o pescador, que não controla o peixe nem a água. Ele permanece quieto! Não é assim? É assim! O pescador não controla o peixe nem a corrente marítima, ele fica quieto apenas. Ele joga o anzol na água com a isca e fica quieto, mas fica atento, totalmente atento! Se não ficar atento, ele perde o peixe. Assim, você não tem controle sobre a “água”, não tem controle sobre o “peixe”, mas você pode “ouvir”. “Ouvir” é como essa atenção que o pescador tem. Ele se mantém nesse “ouvir”.
Meditação não tem nada a ver com o que acontece interiormente ou externamente, é completamente independente do que esteja aparecendo ou acontecendo neste instante. Aquilo que é real existe por si mesmo, e nada pode impedi-Lo de estar aqui e agora, de Ser o que é. Então, não se trata de juntar, acumular… Isso não é como o trabalho do cientista ou do estudioso, que vão juntando, acumulando alguma forma de conhecimento. Meditação não tem nada a ver com o acúmulo de nada, e você não aprende nada com Ela! A Real Meditação está presente quando há somente Conhecimento. Na realidade, não há o que conhecer, nem quem conhece, há somente o Conhecimento. Não se trata de aprender nada, de acumular nada, de fazer ou deixar de fazer qualquer coisa. Isso é Meditação!
* Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite do dia 02 de Outubro de 2019 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar acesse o link: http://mestregualberto.com/agenda/encontros-online

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