quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Joel Goldsmith. A arte de curar pelo espírito. O que é a morte? O medo da morte. Marcos Gualberto.

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui em mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Mestre, eu vou ler um trecho hoje do livro do Joel Goldsmith chamado "A Arte de Curar pelo Espírito". Num trecho desse livro, Mestre, o Joel Goldsmith faz o seguinte comentário: "Devo dizer, no entanto, que cada indivíduo tem o direito sobre a própria vida e a própria morte". Sobre esse assunto da morte, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a morte e sobre o medo da morte?

MG: Gilson, a sua pergunta sobre o que é a morte e sobre o medo da morte são duas perguntas para serem estudadas, para serem compreendidas. O contato com a realidade da morte é algo inteiramente diferente desse contato com o medo da morte. O que é esse medo da morte? Nós nunca nos aproximamos da verdade sobre o medo. Não é só sobre o medo da morte, é sobre o medo! Nós temos diversas formas de medo; o medo da morte é só uma das formas de medo que nós temos. Mas, quando você olha com proximidade essa questão do medo, você percebe que não importa se é do escuro, se é de fantasma, se é do passado, se é do futuro que você tem medo. se é de adoecer, de envelhecer, ou se é o medo da morte. Medo, basicamente, é o medo! Assim, qual será a verdade sobre o medo, que inclui, naturalmente, o medo da morte?

Todas as formas de medo que nós temos estão estruturadas, essas formas de medo, em uma noção, em nós, de tempo. O seu medo é de algo que irá acontecer, ou de algo que aconteceu e que pode ser descoberto, ou seja, que irá acontecer. O medo do passado é, na verdade, o medo do futuro, e o medo do futuro, assim como o medo do passado, é a presença do tempo. Apenas quando você tem essa noção de tempo é que você tem esse sentimento de medo. Mas nós estamos aqui lidando não com a realidade, e sim com o pensamento, quando falamos de tempo. Porque não existe esse passado neste instante, para ter medo; não existe esse futuro nesse instante para ter medo. É a presença do pensamento, a presença do medo.

Então, não é de adoecer, de envelhecer, de morrer que você tem medo. A presença desse medo é a presença do pensamento sobre aquilo. Nós estamos lidando não com a realidade da própria coisa, nós estamos lidando com a realidade do pensamento. Como a realidade do pensamento é a imaginação sobre o passado ou sobre o futuro, nós estamos lidando com uma crença. Então, há uma diferença entre o medo da morte e a verdade sobre a morte. Nós nunca entramos em contato com a morte. No momento em que você descobrir o que é esse real contato com a morte, não haverá mais medo, porque estará livre do pensamento, da imaginação.

Aqui, juntos, nós estamos explorando isso. Assim, qual é a verdade sobre a morte? A verdade sobre a morte é o que acontece aqui, neste instante. Quando algo termina, é o fim para aquilo. Se a morte realmente acontecer neste instante, não haverá qualquer intervalo entre a morte presente e você, tendo um pensamento sobre ela. Então, não haverá medo! Você não tem medo da morte agora, da velhice agora, de um acidente agora. Um acidente, a velhice ou a morte neste instante, a presença desse evento, dessa ocorrência, desse acontecimento, é algo instantâneo, de imediato. Isso está aqui como sendo uma realidade, uma verdade. Nós estamos diante de um fato, que é o fato da morte, ou o fato da doença. É o pensamento sobre a doença, é o pensamento sobre a velhice, é o pensamento sobre a morte, a questão do medo. Portanto, quando você pergunta "o que é a morte?"... a morte é o que está aqui acontecendo, o tempo todo.

É bem interessante olharmos para isso. A todo momento, nós nos deparamos com a morte. A morte é o fim do que está aqui, neste instante, acontecendo, e tudo que está acontecendo não vai voltar a acontecer novamente. Isso é a morte! Nós sempre estamos em contato com a morte e, paradoxalmente, nós nunca entramos em contato com a morte. Esse sentido do "eu" em nós, do ego, é o ilusório sentido de alguém que está guardando experiências. Vamos colocar isso aqui, vamos investigar isso aqui juntos. Este momento é um momento único! Ele nunca aconteceu, ele nunca vai voltar a acontecer. Veja, isso não é filosófico, não é um assunto psicológico, não é um assunto teológico, é um assunto simples! A cada momento estamos diante de um novo instante, de um novo momento que está acontecendo e terminando. Isso é simples! É sempre assim.

Assim, essa experiência agora aqui está acontecendo e terminando, mas o sentido do "eu", do ego, desse pensador presente em nós, registra esse momento. Ele leva isso para a memória, ele forma esse centro. Esse centro formado de memórias, de lembranças, é o resultado de experiências. Com base nessas experiências, memórias, lembranças, esse centro cria esse "eu", esse "mim", esse ego, esse pensador. Assim, a cada instante, nós estamos entrando em contato com o momento a partir do passado e adquirindo novas experiências, e guardando, também, nesse centro. Veja, essa é a continuidade do "eu", essa é a continuidade do pensador, do ego. Como isso é algo que estabelece em nós a ilusão da segurança, do conhecimento e da experiência, essa vida nossa, particular do "eu", é uma vida que nunca entra em contato com o momento, permitindo que esse momento seja só o que ele é, ou seja, o momento que termina.

Reparem como isso é de uma simplicidade e, ao mesmo tempo, de uma profundidade extraordinária. Nós estamos sempre cultivando, Gilson, o experimentador, o pensador, o "eu". Essa é a pessoa, o ego. Assim, esse medo em nós, do fim das coisas, é o medo da morte, mas é o medo que está presente em razão da presença do passado, em razão da presença do "eu", em razão da presença desse experimentador. Será possível um contato com a vida neste momento, sem o passado? Esse contato com a vida nesse momento, sem o passado, é a morte. Não há medo da morte, porque a morte é a vida. Não há uma separação entre a vida e a morte, a não ser que o pensamento crie essa separação. Quando ele cria essa separação, ele cria um pensador para pensar sobre isso, para temer isso, para tentar fugir disso, escapar disso.

Assim, o ser humano, o que ele tem feito? Ele tem criado teorias, conceitos, ideias, crenças sobre a continuidade depois da morte. É sempre o sentido do "eu", do ego, quando presenciamos o fim das coisas - uma flor morre, uma árvore morre, nosso pequeno pet de estimação também morre, e a gente já viu pessoas morrendo - mas nós estamos confundindo a verdade da vida com as formas. A vida é a realidade daquilo que está presente aqui, que está aparecendo e desaparecendo, mas ela é algo desconhecido. E nós estamos confundindo a vida com as formas: a gente vê uma flor viva, não compreende que ali está a vida. É a nossa ideia que diz que a flor está viva - é a vida que está viva. Mas a vida é assim, ela está aqui! E ela carrega essa forma de aparecer e desaparecer; quando desaparece, a gente diz que "fulano morreu". O "A" faleceu ontem, o "C" faleceu semana passada. Esse falecer, esse morrer, é o desaparecimento das formas.

A realidade do contato com a Verdade do seu Ser é a verdade d'Aquilo que é imperecível, que não perece, que está além desse nascimento e morte. A Verdade sobre você, Gilson, é que em sua Real Natureza você é a vida. A Verdade sobre cada um de nós é que há uma realidade presente e essa realidade está, a cada momento, nesse aparecer e desaparecer, e isso carrega essa qualidade do Eterno, do Desconhecido, do Inominável, que é a Verdade de Deus. Essa é a Verdade sobre a vida, essa é a Verdade sobre a morte. Essas diversas teorias que se criam para depois do desaparecimento das formas, são conceitos, crenças. A mente adora isso, a mente ama essa ideia do pós-morte, porque a mente vive do passado e ela quer continuar, de alguma forma. Então, nós criamos diversas teorias, diversas crenças, e nos agarramos a isso, porque o "eu", o ego, é o elemento presente, um elemento ilusório que quer continuar.

O contato com a Realidade Divina é algo que transcende essa ideia, essas crenças, esses conceitos, essas teorias. A Realidade do seu Ser nunca nasceu; não é algo que está vivo e que irá morrer. É isso que estamos aqui, com você, investigando, descobrindo, constatando. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal. A Tânia faz a seguinte pergunta: "O Iluminado ou o Acordado sente a sensação de medo?"

MG: São interessantes nossas perguntas. Nós temos muita curiosidade de saber como o Iluminado se sente. Há uma forma direta de você se aproximar de como o Iluminado se sente. Assumir a Verdade d'Aquilo que é você é assumir a Verdade do que é o sentir, do que é o pensar, do que é a vida como ela acontece. Eu tenho sempre me deparado com perguntas desse tipo. Assim, a resposta para essa pergunta é muito simples. Quando você pergunta: "O Iluminado sente medo?" Diante de um perigo físico, nesse instante, uma resposta é dada para esse momento. Nessa resposta temos a presença de um impulso livre desse sentimento de separação que está presente quando o ego está.

Essa forma de sentir sobre esse instante, sobre esse momento quando um perigo real está presente - quando você está diante da possibilidade de um acidente - nesse instante, você se afasta do perigo, quando isso é possível. Se afastar do perigo desse acidente iminente, não requer a presença do medo, requer a presença desse impulso, que é um impulso de inteligência, de livrar o corpo do acidente, de se livrar fisicamente daquela situação. Há uma diferença entre a presença do medo e a presença desse impulso de inteligência para se livrar de um perigo iminente, de um perigo real. Se você se depara com uma cobra - você vem caminhando em uma trilha e você vê uma cobra - você se afasta. Você se afasta por medo ou você se afasta porque há em você, naturalmente, uma memória de história cerebral, de história humana, de risco, de perigo? Esse afastamento não é por medo, é um afastamento por inteligência!

Nós temos que diferenciar o que é o medo e o que é a inteligência. A resposta de autodefesa do corpo para uma urgente necessidade de afastamento do perigo para ele, isso não é medo, é inteligência. Há uma diferença entre a presença desse impulso de inteligência para o medo. O que nós conhecemos por medo é algo que se assenta no pensamento. Do que é que você tem medo? É do que irá lhe acontecer. Mas o que irá lhe acontecer, neste instante, é só uma lembrança, é só um pensamento. Assim, não sabemos o que é o contato real com o fato do medo. Nós estamos na ideia daquilo que o medo representa, daquilo que o medo deve ser, daquilo que o medo pode ser, daquilo que o medo será. Esse "pode ser", esse "será", esse "acontecer amanhã", é algo que se assenta aqui, neste instante, no pensamento. Você não tem medo da morte, por exemplo, você tem medo do pensamento sobre a morte, sobre o fim, desse "mim", desse "eu". Assim, o seu medo é o medo do que será, é o medo do que irá acontecer, é o medo do que poderá surgir quando a morte ocorrer ou após a morte acontecer.

Assim, há uma diferença entre a verdade do medo e a ideia do temor, a ideia que causa medo, a ideia sobre o medo. Gilson, é necessário compreender com clareza isso. Há uma diferença entre se livrar de um perigo real e imaginar um perigo que o pensamento está dizendo que poderá acontecer, que surgirá em algum momento. Então, essa é a diferença. A liberdade, no que diz respeito ao medo, consiste na compreensão de que a vida, como ela acontece neste momento, neste instante, ela apresenta riscos, mas não é razão para medo. Você não tem medo de um acidente se ele ocorrer neste instante, você não tem medo da morte se ela acontecer neste instante, você não tem medo da doença neste instante, ou de algo que possa acontecer, neste instante, de ruim para você. É apenas quando o pensamento surge sobre a possibilidade disso, que surge a presença do medo. Portanto, uma resposta para a vida neste momento é algo simples, direto, quando estamos lidando com os fatos, como eles acontecem.

Agora, a partir do pensamento, está presente, em nós, essa questão do medo. Estar livre do passado é estar livre do pensamento. Livre do pensamento, você não tem o futuro! Não há qualquer medo sem a presença do pensamento. Observe que é sempre o pensamento criando o futuro ruim para você, a base do medo, a verdade sobre o medo. Esse encontro com a realidade da vida neste instante é um encontro com o desafio do momento. Sem o pensamento, temos a vida como ela acontece. Se você está diante de um perigo e ele está aqui, neste instante, há uma ação e essa ação é de autoproteção do corpo, desse organismo. Isso não é medo, isso é inteligência. É isso que nós precisamos diferenciar com clareza. Esse sentimento, que envolve depois emoções e ações a partir do pensamento sobre o futuro, é o medo psicológico. É o sentido do medo que o ego conhece.

A vida não oferece o medo, ela nos apresenta momentos. Essa resposta para a vida a partir do pensamento é sempre inadequada. A resposta para a vida sem o pensamento é a resposta da Inteligência. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de uma outra inscrita aqui, no canal. A Maria faz a seguinte pergunta: "Mestre, por que eu sempre estou me distraindo, sendo levada para dentro dessa ilusão do tempo?"

MG: Por que estou sempre me distraindo, sendo levado para o tempo? Porque é assim que o pensamento funciona! O que pode interromper isso é essa atenção sobre esse momento, que é o momento do pensamento. Você é distraída e levada para o tempo porque você se coloca como a pessoa, como o pensador sobre esse pensamento. Observe apenas o pensamento, se torne ciente do pensamento ou do sentimento, ou da emoção neste instante. Mas não se envolva com isso, e me conte se você será de novo levada para o tempo. Você só é levada para o tempo quando passa a existir como sendo o experimentador daquele pensamento, o experimentador daquela experiência. Esse pensamento, essa experiência, é o passado, é a lembrança. Deixe o pensamento ou a experiência ser apenas o que isso é, não se envolva com isso. Ao não se envolver com o pensamento, você não coloca o pensador. Quando não se envolve com a experiência, não coloca o experimentador; quando não se envolve com o passado, não coloca alguém que vem do passado para isso. Então, nesse instante, interrompemos o tempo.

O tempo só tem continuidade porque esse elemento que vem do passado se envolve com a memória, com o pensamento, com a experiência. O que interrompe a presença desse elemento é essa atenção; olhar para nossas reações sem se envolver com elas é romper com o tempo. Porque você rompe com a intenção, com o motivo, com a razão do "eu", desse "mim", desse ego. Isso requer a presença desta atenção, isso requer a presença do Autoconhecimento.

Olhar para este momento, sem colocar neste instante o pensador, o experimentador, o observador, é estar livre do tempo, é estar livre do "eu", é estar livre do ego! Evidente que isso requer a presença de um trabalho sobre nós mesmos. É por isso que nós temos esses encontros para aprofundarmos isso, para nos permitirmos esse encontro com o momento presente sem o pensador, sem o experimentador, sem o passado. Ok?

GC: Gratidão, Mestre, já fechou nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E para você que está acompanhando o vídeo até o final, e realmente quer compreender estes assuntos, fica o convite para participar dos encontros que o Mestre Gualberto proporciona. Nesses encontros - que existem no formato presencial, no formato de retiros e também no formato on-line de final de semana - o Mestre, além de responder diretamente, ao vivo, às nossas perguntas, Ele por já viver nesse Estado Desperto de Consciência, compartilha esse Estado de Presença. E nesse compartilhar do Mestre há um Poder, há uma Força, há uma Energia que é um grande facilitador para nós podermos nos investigar, para podermos entrar, de maneira natural e espontânea, no estado meditativo, silenciarmos nossas mentes. Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dá o like no vídeo, se inscreve no canal. E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.

Maio de 2025
Gravatá-PE
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