GC: Olá, pessoal, estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Mestre, hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "A Interpretação Espiritual das Escrituras". Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "Aquele que encontrou Deus não tem mais medo do homem ou das circunstâncias". Sobre esse assunto que o Joel Goldsmith comenta nesse trecho, sobre a questão do medo, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre como vencer o medo?
MG: Aqui, Gilson, a grande pergunta é essa: como vencer o medo? Mas notem uma coisa aqui fundamental: antes de perguntarmos sobre vencer algo, vencer alguma coisa, qual será a verdade sobre aquilo? Se você tem um inimigo e quer vencer, precisa vencer esse inimigo, você tem que tomar ciência de como ele atua, de qual é a capacidade que ele tem, como ele funciona. Você tem que estudar o seu adversário, se você quiser vencê-lo.
Aqui, nos deparamos com algumas coisas bastante curiosas. Do ponto de vista psicológico, os nossos adversários precisam ser estudados, mas não para serem vencidos, e sim para serem compreendidos. Nós precisamos compreender esses adversários. A compreensão desses adversários nos dá a vitória sobre eles. Não porque nós vamos vencê-los, mas porque esses adversários, do ponto de vista psicológico, são adversários que se estabeleceram presentes em nossas vidas, em nossas experiências, em razão da ignorância.
Portanto, o nosso grande adversário não são os adversários psicológicos que nós temos, como a inveja, o ciúme, o medo, a raiva, a cólera, a tristeza, a depressão, a ansiedade. Veja, são inúmeros os nossos "adversários psicológicos". Esses adversários, que nos causam sofrimentos psicológicos e desordens emocionais, não são os adversários que temos que vencer. Aqui, o real adversário é a presença da ignorância: não saber a verdade sobre você, sobre como a mente aí acontece.
A memória se estabeleceu. Os sentimentos surgem em razão dessas memórias. Como essas lembranças se sustentam? Sustentando estados internos, conflituosos, de sofrimento, que nós chamamos de adversários e que acreditamos que temos que vencer. Nós precisamos investigar isso, tomar ciência disso. Então, o nosso grande adversário aqui é a presença da ignorância. Nós estamos vivendo na ignorância a respeito de nós mesmos. Nós não temos ciência de como a mente se processa, de como ela acontece dentro de cada um de nós.
Então, nós temos que investigar a estrutura, a natureza, a base, o fundamento, o alicerce dessa condição psicológica presente em nós, que é a condição da ignorância. O que nos falta não é a vitória sobre os nossos adversários psicológicos, sobre aquilo que nos causa problemas, conflitos e sofrimentos internos. O que nos falta é a presença da visão sobre nós mesmos.
Então, a base é se conhecer, se estudar. Aprender sobre si mesmo. Aprender por que está em "mim" a mágoa, o ressentimento, a raiva, a dor da solidão; por que está em "mim" a presença do medo... qual é a verdade desse "mim", qual é a verdade sobre o medo e sobre aquilo que "eu" sou quando estou aqui no sentir - no sentir o medo, no sentir a raiva, no sentir a preocupação, a dor da solidão. Então, nós precisamos tomar ciência da verdade sobre o "eu", sobre esse "mim".
Então, é o fim da ignorância a real vitória sobre os problemas. Mas não é alguém tendo uma vitória sobre os problemas. É o fato de que os problemas existem em razão da presença da ignorância. Livres da ignorância, estamos livres dos problemas, o que inclui aqui a presença de todos esses "adversários internos". De outra forma, continuaremos sempre tendo que vencer, e de novo, e de novo, e de novo.
Repare que você já teve, durante esse seu tempo de vida, vinte anos, trinta, quarenta, cinquenta, sessenta anos. Ou você tem oitenta? Quantas vezes você já venceu estados internos de sofrimento? Mas, de fato, você os venceu? Ou eles estiveram aí por um tempo e desapareceram, e depois outros surgiram?
Então, nós estamos na vida, durante toda a nossa vida, lutando contra problemas, tentando vencer as dificuldades, os problemas, as desordens, os sofrimentos diversos, os conflitos, as inúmeras contradições internas. Esses estados de dor... o medo é apenas um. Na verdade, são inúmeros os medos. Então, a gente tem "o medo", mas inúmeros medos. Os nomes são diferentes, mas estamos lidando apenas com o medo.
E estamos lidando com o medo a partir de uma visão equivocada, onde está presente a presença do "eu" se separando do medo, para triunfar sobre ele, para vencer o medo. Esse é o quadro em que, psicologicamente, nós nos encontramos: de ignorância, de ilusão. Romper com isso, ir além da ignorância, é ir além do medo.
Não só do medo, mas de toda e qualquer forma de sofrimento. Uma vez que todo sofrimento tem a sua base, o seu alicerce, nessa ilusão do "eu", que é a presença do ego em nós. Essa é a raiz da ignorância. A raiz da ignorância consiste no sentido de alguém presente se separando do momento presente com o que ele está surgindo, com o que ele está se mostrando, com o que ele está se apresentando.
Então, aquilo com o que ele se mostra, com o que ele se apresenta, nos separamos. Este sentido de separação é o "eu", o ego, a raiz da ignorância. Investigar a natureza do pensador, do experimentador, da pessoa, deste mim, é ir além do medo.
Veja, não se trata de vencer o medo. Não se trata de superar o medo. Se trata de descobrir a Verdade que é a Vida aqui e agora, quando não há mais esse sentido do "eu", não há mais ignorância. Se não temos mais a presença da ignorância, há uma visão da Vida como de fato Ela é. E n'Ela está presente a Realidade Divina, a Realidade de Deus. A Vida é, na verdade, Você em sua Natureza Essencial. E n'Ela não há conflito, não há desordem, não há sofrimento.
A mente egoica é a presença do "eu", e esse "eu" é a raiz do sofrimento, porque ele é a base da ilusão. A ignorância presente é esse sentido de separação entre você e a vida, entre você e o outro, entre você e Deus. É isso que estabelece em nós uma condição interna de sofrimento, de medo.
É isso que nos coloca numa disposição equivocada: na ilusão de vencer um adversário que não está lá, de superar um adversário que não está do lado de fora. Esse adversário é a presença do pensamento, a presença do "eu", a presença do ego, a presença da ignorância.
Quando isso termina, há um sentir, um pensar e um agir aqui, neste momento, livre da ilusão. Como não temos mais o sentido de separação, não há mais o conflito, não há mais o medo, não há mais o sofrimento. Isso requer a presença do Autoconhecimento. Isso requer a Ciência da Verdadeira Meditação. Não daquilo que as pessoas aí fora chamam de meditação, mas a Real Meditação de uma forma vivencial, de uma forma prática no viver.
A ciência de suas reações é a liberação desse sentido do "eu", de todo esse movimento que é o movimento do ego. Então, a Realidade Divina se mostra além da mente, além dos conflitos, além do sentido de separação entre você e a vida, entre você e o outro, entre você e Deus.
Portanto, não é vencer o medo. É descobrir a Verdade da Vida sem o "eu", o fim do sofrimento, o fim da ilusão, o fim da ignorância. Ok?
GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal que fez o seguinte comentário: "Mestre, eu vivo com medo constante do futuro, da falta de dinheiro, de ficar doente. Como posso encontrar Deus para dissolver esses medos?"
MG: Reparem que coisa nós temos aqui. Nós temos, mais uma vez, a ideia. Essa é a coisa presente em nós, a confusão em que nos encontramos: a ideia de vencer os medos. Isso volta de novo, de novo e de novo. E aqui a sua proposta é encontrar Deus para vencer os medos.
Veja, há uma Realidade presente aqui e agora. Ela não é negligente. Ela não está ausente. Ela não está faltando. Ela está aqui agora. Essa Realidade é a Vida. Essa Vida é a Verdade Divina. Isso já está presente.
Então, aqui, o primeiro ponto para ser investigado é que você não pode encontrar Deus. Ele é uma Realidade presente, mas não se mostra presente para o "eu", para o ego, para a pessoa. Portanto, livrar-se do medo requer a investigação da estrutura e da natureza do próprio medo.
Quando nós chegamos à raiz do medo, percebemos que a estrutura do medo, a raiz do medo, é a ignorância sobre quem nós somos, sobre a verdade sobre esse "mim", sobre esse "eu". Quando temos ciência disso, clareza, quando há uma precisão de visão, quando a Realidade se mostra, essa ignorância termina.
Isso é o fim da raiz da ignorância, que é a base do medo. Portanto, você não tem um encontro com Deus. Você tem uma revelação da Verdade de Deus aqui e agora, quando esse sentido do "eu" não está, quando essa "pessoa" não está mais presente.
Então, não temos mais o sentido de separação. A pessoa se vê como um elemento separado da vida, separado do outro, separado de Deus. Essa separação produz e sustenta as diversas formas de medo. O medo é, na verdade, a presença da ignorância.
Quando o pensamento está presente, se projetando no futuro, a partir da ilusão de alguém aqui, para viver um futuro ruim, desagradável, infeliz ou complicado, isso produz esse estado interno de sofrimento que nós chamamos de medo.
No entanto, esse estado está presente em razão da presença do pensamento projetando a partir da ideia também desse "eu", que também é a presença de um pensamento. Enquanto você estiver se vendo como alguém, como uma pessoa, estará sustentando sua existência psicológica no movimento do pensamento.
Essa existência psicológica, que é o movimento do pensamento, que se projeta no futuro de uma forma ruim, negativa, desagradável, é a presença do medo. Portanto, esse medo está presente em razão da ignorância.
A ciência da verdade sobre esse jogo do pensamento, criando esse pensador e o seu futuro, esse experimentador com a sua experiência do amanhã psicológico; ver esse jogo é se livrar da ignorância. Quando não há ignorância, a Realidade se mostra. A Realidade é a Verdade de Deus.
Assim, você não tem um encontro com Deus. Deus se revela quando o "eu" não está, quando o pensador, o experimentador, quando o modelo do pensamento, que é o modelo de condicionamento psicológico que trazemos, não está mais presente.
Portanto, a Verdade sobre Aquilo que é Você é a Verdade da Vida quando a ilusão não está, quando a ignorância não está. Então, não há mais medo, não há mais os medos diversos. Na realidade, toda e qualquer forma de sofrimento se dissolve.
A presença do sofrimento é a presença do sofredor, assim como a presença do pensamento é a presença do pensador, da experiência do experimentador.
Há uma Realidade aqui e agora presente, se revelando. É a Realidade deste Ser, é a Realidade sobre Você. É evidente que isso requer um trabalho, um trabalho em si mesmo, de um profundo envolvimento com essa autodescoberta, com essa clareza, com essa visão, com essa percepção.
Não é alguém tendo essa percepção, visão ou clareza. É a clareza aqui, em razão da presença dessa visão sobre si mesmo, que termina com o "eu", que termina com a ilusão da separação. Então, a Verdade está presente, a Verdade se revela, e Ela está aqui agora como a Suprema Felicidade, o Amor, a Liberdade. Ok?
GC: Mestre, nós temos outra pergunta de outro inscrito aqui no canal, que faz o seguinte comentário: "Mestre, como ter ciência do pensamento sem se confundir com ele?"
MG: Observe sua pergunta. A sua pergunta é como não se confundir com os pensamentos. Olha, Gilson, só há uma forma real para isso: é ficando ciente do pensamento. É necessário trazer para este momento um olhar, um perceber, uma atenção totalmente diferente da que, em geral, nós estamos tendo.
Em geral, quando você percebe, percebe para gostar ou não gostar, para aceitar ou rejeitar, para apreciar ou deixar de lado. Então, nós estamos sempre tomando uma posição no momento da percepção. É, na verdade, o percebedor presente. É uma percepção a partir de um percebedor.
Aqui, a percepção é o olhar, é o ficar ciente, é o tomar ciência sem interferir. Essa é a qualidade da percepção que lhe faz perceber o jogo do pensamento.
Por muito tempo, na verdade, durante toda a vida, quando um pensamento surge dentro de você, o que ele tem feito é lhe dar uma identidade por detrás dele. É isso que o pensamento tem feito. E isso está acontecendo assim há muito tempo.
Então, nós estamos viciados no modelo de ser alguém. Alguém pensando. Quando surge um pensamento em sua cabeça, há por detrás do pensamento já a sensação do pensador. Isso vem no pacote. É automático, é algo mecânico, inconsciente.
Então, estamos constantemente nos identificando com o pensamento, nos confundindo com o pensamento, quando gostamos ou não gostamos, quando queremos mais do pensamento ou não queremos ele conosco. Portanto, o vício, a força do hábito, é de continuar sempre afirmando a presença do pensador, do percebedor.
Aqui, o convite é trazer para este momento o olhar sem o observador, o perceber sem o percebedor. É trazer a ciência do pensar sem o pensador. Então, fica claro o jogo do hábito, do vício, da continuidade do "eu", da continuidade da "pessoa".
E, de imediato, algo acontece. Porque, mais uma vez, o jogo se mostra, mas não há mais alguém para se envolver no jogo. Não há mais alguém para se envolver com o jogo. Então, ocorre uma mudança nessa estrutura.
O modelo do pensamento em nós, do sentimento, da sensação, é colocando sempre, constantemente, alguém no processo, alguém se envolvendo. Esse alguém é o "mim", a pessoa.
Portanto, o que é esse olhar, perceber, ficar ciente? É o "se dar conta". Essa é a forma! Isso lhe dá uma clara visão de como se processa o movimento dos sentimentos, das emoções, das sensações, quando você está com ele ou ela, conversando com o marido, com a esposa, com o colega de trabalho, com alguém.
Isso lhe dá a percepção de suas reações, aqui e agora: o sentir, o que há por detrás do olhar, o que há por detrás do tom da voz que você emprega. Isso lhe mostra estados internos que você está tomando ciência deles aqui e agora, pela primeira vez - como ansiedade, ou preocupação, ou medo.
E basta esse olhar. Não é para interferir com isso, basta esse constatar. Então, uma energia nova surge: uma energia de atenção, de consciência, de presença. Isso transforma este momento em um momento de Meditação.
Não é mais aquele velho momento de inconsciência, de mecanicidade, de resposta automática, de memória, de reação, onde o sentido do "eu" está, onde o ego está envolvido, ali, sem qualquer ciência de como ele está acontecendo, de como ele se processa.
Nesse momento, é rompido esse padrão. Há um rompimento com o modelo do desejo, do medo, da escolha, da preocupação, da intenção de obter algo dele ou dela, ou de temer ele ou ela. Então, Algo agora está presente; esse Algo se revela como a presença da Meditação.
Há, sim, nesse instante, o fim para essa identidade, que é o pensador. Temos, então, a presença desta Liberdade, desta Ciência de Ser, desta Visão da Vida, livre do sentido do "eu", do sentido do ego, do sentido do pensador.
Assim, há um rompimento com o modelo do pensamento, assim como do sentimento, da emoção e da sensação, nesta liberdade de fluir com o momento, de fluir com o instante presente, sem alguém aqui, neste momento.
Então, a base é o Autoconhecimento, e o resultado é a presença da Meditação. Ok?
GC: Gratidão, gratidão, Mestre. Já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast.
E para você que está acompanhando o vídeo até o final e deseja realmente viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros intensivos de final de semana que o Mestre Gualberto proporciona.
Nesses encontros, além de o Mestre responder diretamente às nossas perguntas, acontece algo muito mais poderoso, muito mais transformador: pelo fato de o Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha um Estado de Presença, um Campo de Energia à sua volta.
E, nesses encontros, a gente acaba pegando uma carona nesse Campo de Presença do Mestre. E, pegando essa carona de maneira espontânea, sem nenhum esforço, entramos no estado meditativo. Podemos ter uma visão real dos assuntos tratados aqui no canal.
Então, fica o convite. No primeiro comentário fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já faz comentários aqui, trazendo perguntas para a gente trazer para os próximos videocasts.
Já dá o "like" no vídeo e também se inscreve no canal, se não for inscrito. E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.