terça-feira, 9 de setembro de 2025

Joel Goldsmith | Deixe Suas Redes | O que é o ego? | Realidade Divina | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Mestre, hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "Deixe Suas Redes". Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel Goldsmith faz o seguinte comentário: "Sim, eu sei que parece egoísta, mas não temos muito a oferecer a este mundo enquanto não tivermos algumas provas do fruto destes princípios". Mestre, neste trecho, o Joel comenta sobre o egoísmo. O Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é o ego?

MG: Gilson, o ego é esse elemento que se vê presente sendo o autor das ações, o autor das experiências, sendo ele o experimentador dessas experiências. É esse que se vê presente sendo o pensador dos pensamentos, aquele que, na emoção, é alguém presente na emoção. Nesse sentir, é alguém presente nesse sentir. Portanto, o ego é basicamente a ideia de alguém presente. Esse sentimento de pessoa, essa sensação de pessoa, esse pensamento de pessoa, presente em nós, essa é a presença de uma ilusória identidade que se vê dentro do viver sendo essa entidade - esse "eu", esse "mim" - o elemento mais importante nesse contexto, no contexto de suas experiências, dos seus pensamentos, das suas emoções, das suas ações. Isso termina nos levando a uma condição de existência, de vida, onde o sentido desse "eu" é o elemento mais importante nesse contexto.

Assim, nós estamos constantemente nos movendo na vida a partir desse centro, desse elemento que se vê cercado de coisas, de pessoas, de experiências, de situações acontecendo. Esse centro é um centro artificial presente, criado pelo pensamento, sustentado por um conjunto de crenças, de opiniões, de ideias, conceitos. E nós estamos constantemente reafirmando a vida desse "eu", a vida dessa "pessoa", desse "mim", dessa ilusória identidade. E nós fazemos isso em razão da presença da ignorância. Nós vivemos de uma forma ignorante; nós ignoramos a Verdade sobre nós mesmos. Nós não tomamos ciência daquilo que nós somos nesse contato com o momento presente, nesse contato com a vida acontecendo. Assim, essa condição interna de ignorância, de ilusão, sustenta para cada um de nós uma existência em separação.

Nós temos a presença da vida e temos a presença de alguém. Quando você olha para a natureza, você percebe a presença da dualidade da natureza. Nós temos o positivo e o negativo, o masculino e o feminino. Nós temos o nascer e o morrer, a luz e a escuridão. Mas qual será a razão dessa dualidade interna em nós? Por que temos a presença dessa separação psicológica presente em nós - que é a ideia desse "eu" e o "não eu", desse alguém presente e o mundo lá fora? Por que psicologicamente nós vivemos em dualidade, entre violência e não violência, amor e ódio, prazer e dor, felicidade e infelicidade, apego e desapego, desejo e medo? O que há por detrás dessa condição interna em que nós nos encontramos? Aquilo que está presente é a não compreensão, é a não visão, é a não percepção direta desse elemento presente que sustenta essa condição. Esse elemento é o ego.

Portanto, quando você pergunta: "O que é o ego?"... O ego é esse "mim", é essa "pessoa", é esse sentido de alguém presente, olhando a experiência a partir de uma máscara. Algo que temos tocado aqui, com vocês, é isso. Observe que a palavra "pessoa" vem de "persona", assim como a palavra "personalidade". E a persona eram aquelas máscaras que eram usadas nos teatros na Grécia Antiga. Assim, no passado, em uma peça teatral, os atores entravam com uma máscara. Essa máscara era a persona. A palavra pessoa e a palavra personalidade vêm desta persona, que é esta máscara. Nós temos um modo de lidar com a vida, de lidar com o outro, de lidar com nós mesmos: é a partir de uma máscara, de uma ideia que fazemos sobre quem nós somos, sobre quem o outro é, sobre o que a vida representa. Tudo isso é visto a partir dessa ótica. Essa ótica é a ótica do "eu", do ego, desse "mim", desta persona, desta pessoa.

O encontro com a Realidade Divina é o descarte dessa máscara. É o descarte desta psicológica condição, dessa ideia de alguém presente: alguém no pensar, alguém no sentir, alguém no fazer, alguém nesse interagir com o momento presente. Não existe esse "alguém". Nós estamos diante de uma psicológica condição, construída pelo pensamento. Nesse sentido, isso é aquilo que nós somos. Então, sim, toda a resposta que estamos dando à vida, a partir desta condição psicológica, se mostra muito real, mas é nesta condição, numa condição de ignorância. Então, toda atrapalhação, confusão, desordem, sofrimento em nossas vidas, é algo presente, porque a nossa vida é a particular vida desse centro, que se move de uma forma egocentrada, pessoal, particular, autointeressada nela mesma. Essa é a intenção da pessoa, desse "mim".

Esse contato com a vida sem a presença desta separação é a vida se revelando, sem a pessoa. É a própria vida assumindo o espaço dela. Nesse espaço onde a vida está não há conflito, não há contradição, não há desordem, não há confusão. É na ideia de ser alguém, é na atitude de ser alguém, é no modelo da pessoa, desse "mim", desse alguém, que está presente o problema, o problema da vida. Esse é o problema do "eu"! A vida é Beleza, é Amor, é Liberdade, é Felicidade, a vida é completude, não a vida que o pensamento conhece, que nós conhecemos nesta consciência pessoal.

Eu me refiro à Vida Real, à Vida Divina, à Verdadeira Vida deste Ser - essa é a Vida de Deus. É o que estamos juntos, aqui, aprofundando, compreendendo, esclarecendo, tomando ciência por nós mesmos, de uma forma direta. Não é ouvir essas falas, ouvir essas palavras e ficar intelectualizando sobre elas, formando novas crenças, acrescentando às crenças que você já tem, essas crenças novas, que você acredita estar recebendo aqui. Não se trata de uma crença, se trata de algo para ser visto, e quando é visto, é um fato, é uma realidade. Não é uma ideia para se colocar em ação no futuro. Não existe tal coisa como esse futuro.

Não podemos continuar levando a vida a partir de ideias. A vida é Real quando estamos livres no viver, na própria vida. Não precisamos de ideias, precisamos de compreensão, de visão, de clareza, de Realização de Deus, que é o que estamos trabalhando aqui com você. Isso é o fim do "eu". Isso é o fim do ego.

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de um inscrito aqui no canal. O Rony faz a seguinte pergunta: "Mestre, a prática da auto-observação é a melhor maneira de se livrar do ego?"

MG: Gilson, a verdade da aproximação desse olhar para si mesmo é se tornar ciente daquilo que está presente aqui. Aprender a escutar, a olhar, a perceber, sem alguém presente interferindo nisso, envolvido com isso, querendo modificar, transformar, fazer algo com isso, é a aproximação do Autoconhecimento. A base para o Autoconhecimento - sim, no Autoconhecimento temos a necessidade clara desse olhar, que é a auto-observação. Se auto-observar é a base para esse Autoconhecimento, mas é a verdade do Autoconhecimento que traz a clareza daquilo que está presente aqui, sem qualquer ideia sobre como modificar ou transformar isso em uma outra coisa. Assim, a base para esse Despertar, para esta Realização, é a compreensão de nós mesmos, que é o Autoconhecimento.

Se auto-observar é algo que lhe dá a base para esta atenção sobre suas reações. Portanto, existem diversos elementos envolvidos em um trabalho direto para esse Despertar. Em geral, as pessoas usam a expressão "auto-observação" ou "se auto-observar", de uma forma equivocada. Não se trata de alguém presente se auto-observando. Há uma forma de nos aproximarmos nesse instante desse olhar, escutar, perceber. E a única forma real para isso é trazendo atenção sobre as nossas reações. Uma atenção que, quando presente, lhe coloca diante deste instante, sem esse elemento que é o "eu".

Quando temos a presença dessa atenção, nós não temos a separação entre o observador e aquilo que ele está vendo. Não há uma separação entre aquele que está presente nesse ouvir o som - temos a presença do som. Temos a presença do escutar, mas não há qualquer separação entre esse que escuta e o som que está sendo escutado. O escutar revela o som, o olhar revela a visão, não há alguém nisso - essa é a presença da atenção. Ela requer, sim, esse olhar para nós mesmos. Mas não é só olhar para nós mesmos, é aprender a olhar para o que está presente aqui e agora. Não há uma separação entre aquele que está do lado de fora e aquele que está do lado de dentro. Esta separação psicológica é uma ilusão! Portanto, se trata desse "olhar". Você começa a se dar conta dessas reações, os gestos, o tom de voz, a fala. o que quer que esteja presente aqui, assim como as ações, o que quer que esteja surgindo aqui, aquilo que está presente, vindo de você, vindo do outro, surgindo como a vida, tudo aqui precisa ser visto sem o "eu", nesse olhar. Essa é a presença da Meditação.

Quando temos presente a Meditação, temos um olhar sem escolha, um perceber sem separação entre o que percebe e aquilo que está sendo percebido. Há um constatar da vida. Há um perceber do momento. Assim, tudo isso é parte desse encontro com a ciência deste Ser, com a compreensão da vida, com a visão do momento. Não há alguém presente neste momento, não há alguém presente na vida. Não há alguém presente nas respostas sendo dadas, na compreensão acontecendo, na ação surgindo. Tudo está presente como a vida, sendo a vida. Assim, a forma real desta aproximação de nós mesmos requer uma visão nova destas reações que surgem neste instante.

Nós não podemos ter uma fórmula como nós queremos. Alguns pensam que a meditação é o caminho para a Iluminação; outros podem pensar que a autoinvestigação é o caminho para a Iluminação; outros podem pensar que a auto-observação é o caminho para a Iluminação. Veja, não podemos particularizar essas expressões sem compreender o contexto em que elas se encontram. Tudo isso é parte do trabalho desse Despertar, mas não particularizam uma técnica, um sistema, um método, porque estaremos diante de uma ilusão, de uma crença, de uma sugestão, ainda, dada pelo pensamento.

O elemento fundamental nesse Despertar continua sendo a presença misteriosa, indescritível da Graça Divina. Todo o trabalho que ocorre, que acontece dentro desse processo do Despertar, não é o elemento determinante. O elemento determinante para esse Florescer é o poder desta Graça, é o poder desta Presença Divina. É isso que torna possível a Ciência de Deus, é a Presença do Próprio Deus. Não é da ideia, não é da crença, não é da imagem que nós chamamos de "Deus", estamos falando da Realidade desse Mistério. Nós podemos ter crenças, ideias, imagens sobre Deus, não é disso que tratamos aqui. Estamos falando desse Mistério, dessa Realidade indescritível, inominável que, quando está presente, realiza tudo. Então, se aproximar desse trabalho é permitir que esta Realidade encontre o espaço d'Ela e realize esse trabalho aqui neste corpo, nesta mente.

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de um outro inscrito aqui no canal. O Guilherme faz a seguinte pergunta: "Mestre, como abandonar o que ainda se tem apego?"

MG: Gilson, esse é um outro ponto bem interessante. Nós temos ideias, nós temos ideais, nós temos propósitos, objetivos. Cansados de propósitos e objetivos e realizações materiais, chega o momento em que nós nos voltamos para realizar esses ideais, objetivos e propósitos assim chamados "espirituais". E termina que nós aprendemos muitas coisas. Esse aprender, como se conhece, é adquirir conhecimento das coisas. E a gente termina adquirindo esse conhecimento, nesse velho aprender sobre a vida espiritual, de que nós precisamos nos livrar dos nossos apegos. Mas o que é a realidade do apego? Por que precisamos de um ideal para nos livrarmos do apego?

Alguns têm o ideal de se livrarem dos apegos. Aquilo ou aquela coisa ou aquelas coisas a que eles se sentem apegados. Então, "eu preciso me livrar dos meus apegos". Esse é o ideal do desapego para continuar se voltando para maiores desapegos e se tornando alguém desapegado. Você não precisa se livrar dos seus apegos, você precisa tomar ciência da ilusão desse elemento presente, que se vê apegado e que também pode se ver, daqui a pouco, desapegado. Essa separação entre aquilo a que estou apegado e aquilo do qual não tenho apego, esta separação está sendo criada por esse elemento presente em nós, que é a pessoa, o "mim", o "eu".

Nesse formato do pensamento, nós temos apegos e temos desapegos, mas não investigamos a natureza do "eu". O seu problema não é o seu problema; o seu problema não é o seu apego. A ausência do desapego, esse não é o seu problema. O seu problema é a presença desse "eu". Enquanto estivermos situando nossas vidas na ideia de alguém presente na vida, essa nossa vida, essa particular vida, é a particular vida ilusória de uma identidade presente. Quer esta pessoa reconheça seus apegos ou reconheça os seus desapegos, ela ainda continuará na ilusão de existir como alguém, sendo ela o centro de suas experiências, de suas respostas para a vida, para si mesmo, para o outro, para o mundo.

É aqui que nos deparamos com o problema: o problema não são as coisas que você tem. O problema é a ideia de que você existe tendo coisas. É alguém presente tendo coisas. É alguém presente existindo as alguém. Não se trata de se desprender dos objetos, mas de soltar o "eu", esse ego, essa pessoa. O real desprendimento do ego, o real desprendimento do "eu", consiste na compreensão da natureza, da estrutura daquilo que representa esta pessoa. Isso requer Autoconhecimento.

Você tem um galho enorme entrando no seu quintal. Isso vem da árvore do seu vizinho - ele tem uma árvore enorme e tem um galho para o seu quintal. Então, as folhas vêm e elas caem no seu quintal. Você está sempre limpando o seu quintal, tirando as folhas, mas as folhas continuam surgindo daquele galho da árvore que está no quintal do seu vizinho. Aquele galho se estende pelo muro, passa pelo seu muro e as folhas caem no seu quintal. E você está sempre limpando aquelas folhas, e você olha para cima e lá está o galho sempre produzindo folhas. Assim nós queremos nos livrar dessas folhas: limpando o quintal. Não há como se livrar dessas folhas de uma forma real, você não vai se livrar dessas folhas limpando o seu quintal. É algo provisório, é algo temporário. Você limpa e daqui a pouco as folhas estão lá novamente. A não ser que você se livre daquele galho, que está vindo daquela árvore do seu vizinho e que está atravessando por sobre o seu muro para o seu quintal, você sempre terá folhas no seu quintal.

Assim, nós estamos em busca de soluções paliativas, secundárias, para problemas primários, para problemas fundamentais. O problema é a presença de uma identidade aqui e agora, uma ilusória identidade, o sentido de alguém, que se vê tendo coisas, possuindo coisas, controlando coisas. É o fim do "eu", é o fim do ego, é o fim dos problemas.

GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E para você que está acompanhando o videocast até o final e tem esse desejo de realmente viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros intensivos que o Mestre Gualberto compartilha. Nesses encontros, que são encontros on-line de final de semana - existem também encontros presenciais e retiros de vários dias. Nesses encontros, o Mestre Gualberto, além de responder diretamente às nossas perguntas, ele compartilha esse Estado de Presença em que Ele vive, e nesse compartilhar há um campo de energia, de Poder e Graça. E a gente acaba entrando de carona nessa energia do Mestre, e, entrando nessa carona, de forma natural e espontânea, entramos num estado de Meditação, aquietamos nossas mentes, podemos ter uma visão do que está além do entendimento intelectual.

Então, fica o convite: no primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dá o like no vídeo, se inscreve no canal, e faz comentários aqui trazendo outras perguntas para a gente trazer para os próximos videocasts. E mais uma vez, Mestre, gratidão pelo videocast.

Maio de 2025
Gravatá-PE
Mais informações

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário

Compartilhe com outros corações