quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Joel Goldsmith | A Consciência é o que eu sou | A Arte de Meditar | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast, novamente o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "A Consciência é o que eu sou". Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: "Se vivermos todos os dias em meditação e contemplação da palavra de Deus, seremos alimentados por dentro". Sobre esse assunto da meditação, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a arte de meditar?

MG: Gilson, se aproximar da vida sem o passado, se deparar com o momento presente sem a presença do pensador, do experimentador, do observador. uma vez que esse observador é um elemento que se separa para observar, esse experimentador é um elemento que se vê presente para experimentar, e o pensador é um elemento que se vê presente pensando. Veja, estamos diante de um modelo, de um padrão de dualidade, de separação. Portanto, se aproximar da vida como ela acontece, sem esta dualidade, sem esta separação, é a presença da Meditação, da arte de meditar.

Você pode olhar a partir do passado e pode olhar sem o passado. O ponto é que, quando você está presente, o seu olhar será sempre o olhar da dualidade, onde haverá um observador, um experimentador, um pensador. A mente meditativa é como o olhar meditativo: nele não há alguém, como nesta mente não há alguém. A boa notícia aqui, para você, é que podemos, sim, nos aproximar da vida como de fato ela é, sem alguém presente como um elemento que está separado da vida. Esta é a Ciência de ver Deus. Não é alguém vendo Deus, é a Realidade de Deus sendo vista.

Quando Deus assume a Realidade, esta Verdade presente deste Ser - eu me refiro à natureza do seu Ser, à natureza da Verdade sobre você - neste momento Deus vê Deus, olha Deus, presencia Deus.

Estamos falando de algo que está além do pensamento; naturalmente, além da imagem que você tem sobre Deus, além da crença que você tem sobre Deus, da imaginação e da ideia que você faz sobre Deus. O encontro com o momento presente sem o passado, onde está agora, aqui, a vida acontecendo como ela é, a presença da Realidade deste momento, é a visão sem o observador, é a percepção sem o percebedor, é o experimentar sem o experimentador. Esta é a presença da Meditação. Uma vida livre do ego, uma vida livre do pensador, uma vida livre do observador é a vida como ela acontece, onde não há mais a presença do passado.

Olhe para você: tudo que você tem sobre quem você é, tudo que você pensa sobre quem o outro é, sobre o que a vida representa, isso é uma completa alienação da Realidade da vida, da Realidade sobre você e da Realidade sobre o outro. Aqui, estamos investigando o que não é a Meditação, para a compreensão do que Ela, de fato, representa. Não podemos colocar numa descrição, numa redação, a Beleza que se encontra quando Deus é a Realidade presente deste Ser, que é a Presença da Meditação, mas podemos investigar aquilo que não é a Meditação.

É a investigação do que não é a Meditação que nos dá o descarte dessa ilusória vida do "eu", vida do ego, vida de separação entre você e Deus. É a compreensão Real da Verdade sobre si mesmo, sobre quem nós somos, quem expressamos ser, quem demonstramos ser. É a compreensão dessa psicológica condição, que é a condição do "eu", o descarte desse "eu" - o surgimento ou o aparecimento d'Aquilo que já está presente, mas não se mostra, em razão da presença da ignorância, da ilusão, dessa mente com suas ilusões.

Não existe nada mais importante na vida do que a Ciência de Ser. A cultura, a sociedade, o mundo, que vive na mente - e nós fomos educados para viver assim, condicionados para viver dessa forma -, nesse formato, nesse padrão, a intenção desse "eu" é ser, alcançando algo para ser alguém, alcançando alguma coisa para ser alguma coisa. Na mente, no ego, nós queremos a felicidade, queremos o amor, queremos a paz, a liberdade, uma vida em sabedoria, sem sofrimento. mas tudo isso que acabamos de colocar é colocado como uma projeção! É o pensamento que projeta tudo isso em um ideal para ser, para vir a ser, para acontecer para esse ser que o pensamento imagina.

Aqui, o nosso trabalho consiste em tomarmos ciência da Felicidade, aqui neste Ser que está presente. Não se trata de vir a ser, se trata da ciência de Ser. Você não precisa alcançar, obter, realizar. Precisa simplesmente tomar ciência de Ser, desta Realidade presente, que está presente quando a ilusão termina, quando o condicionamento mental, quando a forma como o pensamento está funcionando em cada um de nós, desaparece. Esta é a arte da Meditação!

A Meditação floresce quando há Autoconhecimento. Este Autoconhecimento está presente quando temos, neste instante, uma atenção sobre essas reações, sobre todo e qualquer movimento presente em cada um de nós. Todo esse movimento estará, naturalmente, vindo do passado. O pensamento é algo que vem do passado, o sentimento também, a emoção também. A resposta que estamos dando sentimentalmente, emocionalmente, e a partir do pensamento à vida como ela acontece neste momento, tudo isso faz parte de um movimento em nós, que surge, que tem sua origem no passado. Essa é a vida do "eu", do ego.

O pensamento tem construído uma história sobre ele mesmo e colocado um personagem presente, sendo aquele que conta a história e sendo aquele que escuta a história. Essa imagem que o pensamento construiu é a pessoa, é esse "eu", esse ego. O ser humano vive quarenta, oitenta, noventa anos sem a menor ciência da Realidade sobre ele mesmo, porque ele está vivendo na ignorância, porque ele está vivendo nessa autoimagem, ele está vivendo essa história que o pensamento está contando. É uma completa alienação da Beleza da Verdade da Vida; da Verdade do Amor, agora, aqui; da Felicidade, agora, aqui; da Liberdade, agora, aqui. Não é alcançar algo para vir a ser, não é alcançar algo para ser alguém; é assumir a Realidade que está presente nesta Completude. Estamos diante de algo além do pensamento, além do ego, além da mente. Esta é a presença da Meditação, esta é a presença da Verdade sobre você.

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui, no canal. A Cíntia faz a seguinte pergunta: "Mestre, a Meditação e a autoinvestigação têm o mesmo significado?"

MG: Então, por que nos prendemos a expressões como "Meditação", "autoinvestigação" ou "auto-observação"? E por que relacionamos essas expressões? A minha recomendação para você é: solte isso, não se prenda a palavras. Aqui, o contato com a Realidade da Meditação ou da autoinvestigação, ou da auto-observação, irá lhe mostrar algo além das palavras. Então, essa relação entre Meditação e autoinvestigação, ou autoinvestigação e atenção plena. hoje em dia eu faço uso dessas expressões nessas falas. Evidente que isso tem algum valor, alguma importância, mas, na verdade, é muito pequeno. Nós precisamos é de um direto contato com o Silêncio, com a ausência do pensador, do experimentador, desse "eu" que olha, desse "eu" que sente. Assim, temos um Real contato com a Meditação. No entanto, estamos diante de algo além das palavras.

A nossa inclinação, em geral, é para o entendimento intelectual, verbal, de palavras. Geralmente, nós confundimos entender com compreensão. Eu tenho batido muito nesta tecla: há uma diferença entre a compreensão que é real, direta, experimental e o entendimento teórico, verbal, conceitual. Nós precisamos ir além das palavras, ir além das ideias, ir além dos livros, das teorias, dos conceitos, das crenças. Aprender a olhar para as suas reações é a base para o florescer da Meditação. Aprender a olhar para as nossas reações é autoinvestigação, mas também é atenção, mas também é Autoconhecimento, mas também é Meditação.

Nós queremos colocar este evento, que é a Meditação, como passos sendo dados, passo a passo. Não há passo a passo! A presença deste olhar para o momento é a própria presença da percepção da Realidade - que envolve atenção, autoinvestigação, Meditação e, naturalmente, Autoconhecimento. O que de fato nós precisamos não é de um entendimento intelectual, não é de um passo a passo para esta Ciência de Ser. O que, de fato, nós precisamos é do poder desta Graça. Nós temos convidado você para participar de encontros on-line nos finais de semana. Há Algo presente nesses encontros que é Algo maior do que uma fala como esta aqui. É o Poder desta Graça, é o Poder desta Presença, é este misterioso Poder Divino que torna possível a visão, a presença, a realização da Meditação, deste encontro com a Verdade deste Ser. Não é alguém tendo este encontro, é este encontro se revelando em razão da presença deste olhar, deste perceber. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de uma outra inscrita aqui, no canal. Ela faz o seguinte comentário e pergunta: "Mestre, não existe uma técnica de Meditação, mas existe um aprender sobre o Autoconhecimento?"

MG: Sim, naturalmente existe um aprender - essa é a sua pergunta. Se há um aprender, na realidade, o único aprender Real é o aprender sobre nós mesmos. Este aprender requer, neste momento, uma atenção sobre as nossas reações. Não é como aprender uma língua ou uma profissão. A partir de um conhecimento e de uma experiência, o aprender que nós conhecemos se revela. Então, você aprendeu a falar uma língua, você aprendeu uma profissão, é a partir do conhecimento e da experiência, enquanto que este aprender aqui consiste em descobrir o que é olhar, descobrir o que é perceber suas reações.

Não se trata de uma técnica, porque não é algo que você possa dizer: "Eu aprendi". É algo que você está, neste momento, no aprender. É um aprender, momento a momento, sobre si mesmo, sobre como o pensamento acontece, aqui, neste momento; como o sentimento acontece aqui, neste momento. Você não leva essa experiência, você está tomando ciência a todo instante, a todo momento, desse movimento que surge, aparece aqui, que vem do passado.

Nós estamos lidando com a vida neste momento, e é neste momento que estamos aprendendo sobre nós mesmos. Tudo aquilo que você é, como pessoa, é aquilo que o pensamento estabeleceu em você, como sendo você em um modelo de crença e também de sentimento, de emoções, sensações e modos de perceber. Este aprender sobre nós mesmos requer, neste momento, este olhar. Olhar suas palavras, seus gestos, pensamentos, emoções, sentimento. O que você sente, o que você percebe, o que é este perceber? Se trata de olhar! Não é para mudar isso, não é para alterar o que está sendo visto, mas é para ver, para perceber, para se dar conta, para estar ciente. Então, algo acontece neste olhar, neste perceber, neste estar ciente.

Todo esse conteúdo psicológico que tem dado formação e sustentação a esse "eu", ao ser visto. essa psicológica condição sofre uma profunda mudança. Este é o esvaziamento desse interno conteúdo psicológico desse "mim", dessa egoidentidade. Então, estamos diante desta atenção, desta atenção sobre as nossas reações, desta atenção da vida como ela está acontecendo, internamente e também externamente. Há uma grande Beleza neste encontro com este aprender. Nós não levamos isso para o futuro, porque não existe futuro; nós apenas nos tornamos cientes deste momento e, nesse momento, esse passado termina.

A continuidade do "eu", do ego, para esse futuro psicológico, requer a presença desse passado psicológico. Quando eliminamos esse passado psicológico, em razão da presença desta atenção, deste aprender sobre nós mesmos - que é Autoconhecimento - nós eliminamos o futuro psicológico. Assim, nós terminamos com essa ideia, com esse modelo de tempo psicológico do qual esse sentido do "eu", do ego, faz uso nessa crença deste amanhã, deste futuro. Portanto, esse encontro com a Realidade da Vida requer a presença da Meditação, e a Meditação é esta ciência de lidar com este momento sem o passado, sem esse "eu". É a pura, direta compreensão da Verdade do momento presente, sem qualquer adulteração, motivo, razão ou intenção de fazer algo com o que está aqui e agora se revelando, que põe fim a essa continuidade desse condicionamento mental, desse modelo, que é o modelo do "eu", que é o modelo do ego.

Este aprender sobre nós mesmos é o Despertar da Inteligência, é o Despertar da Sabedoria, é o Despertar da visão da vida, livre do passado. A compreensão deste momento, a visão daquilo que está presente aqui neste tom de voz, nestes gestos, nesses sentimentos, nessas palavras sendo usadas dentro de uma conversação. este olhar, este perceber, põe fim a essa continuidade do "eu", põe fim a essa continuidade do ego. Então, estamos diante da Presença da Meditação.

Eu tenho dito que a Meditação tem dois aspectos. Esse que acabamos de descrever é o aspecto prático, é a Meditação de uma forma prática. Um outro aspecto da Meditação é a ciência desta revelação deste Natural Estado de Ser, livre do "eu", livre do ego, onde está presente esta Visão Divina, esta Visão de Deus. Então, temos a Presença deste Silêncio, desta Liberdade, a Presença da Bem-aventurança, da Felicidade e do Amor, quando o ego não está.

A Meditação é a ausência do meditador, é a ausência do "eu", é a ausência do tempo psicológico. A Realidade deste Ser, a Realidade desta Consciência Divina, desta Realidade de Deus, está presente como Meditação. E assim temos a Meditação como o seu Natural Estado de Ser, que é a verdadeira Consciência, a real Consciência, a verdadeira Felicidade, a verdadeira Liberdade. É o que estamos trabalhando aqui, olhando aqui, juntos.

GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E, para você que está acompanhando o videocast até o final e realmente quer viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros intensivos que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros intensivos que existem no formato on-line, existem também presenciais e retiros. Esses encontros são muito mais profundos do que esses vídeos aqui, no YouTube. Primeiro, porque o Mestre Gualberto responde ao vivo as nossas perguntas. E segundo - e mais impactante - é que pelo Mestre já viver nesse estado Desperto de Consciência, Ele compartilha um campo de Presença, um campo de Energia à sua volta. E, nesses encontros, a gente acaba entrando de carona nesse campo de Presença do Mestre. E pegando essa carona do Mestre, de maneira espontânea, sem nenhum esforço, entramos no estado meditativo, silenciamos nossas mentes, podemos ter uma visão e uma compreensão do que está além de toda a limitação do entendimento intelectual. Então, fica o convite: no primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dá o like no vídeo, se inscreve no canal, já comenta aqui no vídeo com perguntas para a gente trazer para os próximos videocasts. E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.

Julho de 2025
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terça-feira, 28 de outubro de 2025

Como encontrar Deus? | Meditação: o que é? | Aprender sobre Autoconhecimento | Autoconhecimento

Existe uma grande confusão na cabeça das pessoas a respeito desse estudo de nós mesmos, do que significa esse estudar, esse compreender, esse tomar ciência da Verdade sobre quem nós somos. Em geral, a confusão gira em torno do fato de que nós confundimos um olhar introspectivo para nós mesmos com o autoconhecimento. Autoconhecimento não é introspecção, não é olhar para si mesmo também para se analisar.

Quando nós falamos em mudança, em geral na cabeça das pessoas, a ideia de mudar requer se ajustar a um novo padrão, a uma nova forma, na vida, para se situar nela. Então, a ideia da necessidade do autoconhecimento é a ideia de uma necessária mudança que nós precisamos ter, que nós precisamos realizar, e que iremos realizar pela introspecção, aprendendo a olhar para si mesmo para retirar as coisas ruins e ficarmos com as coisas boas. É algo que envolve uma análise de si mesmo, uma autoanálise.

Quando a intenção é alcançar um objetivo, um propósito que já temos bem delineado dentro de nós que queremos alcançar, essa assim chamada mudança é, na verdade, uma modificação. Nós estamos modificando aquilo que temos aqui e transformando em alguma outra coisa que o pensamento construiu, que o pensamento estabeleceu como meta, como propósito. E é por isso que nós fazemos uso da introspecção, e é por isso que nós fazemos uso dessa autoanálise.

A Verdade sobre o Autoconhecimento não é nada disso. A Verdade da compreensão daquilo que nós somos não é para mudarmos para aquilo que idealizamos ser, que queremos ser, que imaginamos que precisamos nos tornar. A compreensão da Verdade sobre você é a visão de como você se posiciona na vida. Sim, isso traz uma profunda e radical mudança, mas não é uma mudança para um ideal, para um propósito. É o surgimento de algo além da mente, além de qualquer ideia, imaginação que você possa ter.

O resultado do Autoconhecimento é a ciência da Verdade sobre você. A ciência sobre quem você é é o fim para aquilo que você é, como você se mostra sendo, se expressa sendo, tem sido. Há uma Realidade na vida se revelando quando temos a presença desse aprender sobre o Autoconhecimento. É quando temos a Verdade da Meditação. Porque, repare, o que é Meditação? A Meditação, o que é? É a ciência do Autoconhecimento.

Apenas nesse sentido nós usamos aqui a expressão "Autoconhecimento", como aquilo que revela a ciência Divina, a ciência de Deus. Por isso, não se separa a visão da Verdade sobre você da visão da Realidade sobre Deus. Então, aqui nós encontramos a resposta para a pergunta "como encontrar Deus?" Você não encontra Deus, você toma ciência da Realidade presente aqui, neste momento, quando você, nessa antiga e velha estrutura do "eu", do ego, da pessoa, não está mais presente. Então, há algo novo, completamente diferente desse você que você reconhece. Este você que você reconhece, reconhece no pensamento.

O elemento do conhecimento em nós, do reconhecimento em nós, é o pensamento. A constatação da Verdade sobre você é o fim desse "mim", dessa pessoa, para esta Realidade presente, que é a Vida, que é Deus, que é Você em sua Natureza Essencial. Não se alcança Isso, não se realiza Isso nesse velho formato de construção, de montagem, de edificação, de transformação, que implica o ideal.

Você tem aqui algo e tem o ideal lá, então, daqui até lá, uma mudança, tendo por imagem o ideal. Então, todo esse aperfeiçoamento para a pessoa é a pessoa melhorada, construída, edificada. O Despertar da Verdade do seu Ser, a Realidade de Deus presente não é uma pessoa modificada, não é uma pessoa transformada; é a presença da Vida, é a presença de Deus. Não há alguém presente.

É muito estranho ouvir isso, o fato de que a Vida está acontecendo sem pessoas. A ideia de pessoas presentes é uma construção mental, porque o pensamento construiu a ideia de pessoas presentes - o movimento dessas pessoas, que são apenas ideais, propósitos, desejos, medos em movimento -, e temos o retrato da confusão no mundo, a fotografia da confusão presente em nossos relacionamentos, todo sofrimento presente para esse elemento que se vê presente na experiência. Um elemento, sim, ilusório da perspectiva da Realidade, mas dentro do contexto deste sonho de separação ele é muito real e ele está presente sofrendo.

O sofrimento psíquico no ser humano é a presença do sofrimento na pessoa. Livre da pessoa, livre do sofrimento. Essa consciência psíquica, essa consciência mental é a estrutura psicológica da sociedade, dos nossos pais, avós, bisavós, de toda a cultura humana. Veja, é a verdade da ignorância, da ilusão, da imaginação de uma entidade que se vê separada da própria vida, que se vê em um relacionamento com o outro. Não existe esse "outro" para essa pessoa. Para esta pessoa, a visão do outro é a visão que a pessoa construiu nessa imaginação de separação, de dualidade.

A vida consiste de relações acontecendo. São relações que ocorrem entre pessoas. Não! São relações que ocorrem entre seres humanos. Como seres humanos, nós estamos em relações uns com os outros. A ideia de pessoa é uma construção do pensamento; um pensamento que busca segurança no ideal de relacionamento que ele imagina, que ele idealiza, que ele busca. Esse é o comportamento egocêntrico do ego, esse é o comportamento egocêntrico do "eu".

Nós estamos vivendo em um isolacionismo em relacionamento. Cada um de nós está vivendo uma vida isolada, separada. Nós estamos separados uns dos outros e buscando para nós mesmos o ideal do melhor que o ego imagina para si próprio. Portanto, o comportamento é isolacionista e egocêntrico, criador de conflitos, problemas e sofrimento, porque a violência está presente. Com base na violência, todo tipo de atuação, em razão da presença também do medo, está criando confusão, criando problemas.

Portanto, quando nos aproximamos da Revelação da Verdade sobre nós mesmos, tomamos ciência da presença deste observar, perceber, ficar ciente de como estamos atuando a partir do pensamento, a partir da pessoa. A clareza desta visão termina com essa falácia, com essa mentira. Isso é o fim para a ideia de alguém presente no contato com o outro.

Uma Vida Real é uma vida livre da pessoa. Esta qualidade de vida está presente quando a Meditação está presente. Precisamos de um cérebro novo, de uma mente nova, de uma nova visão, de um novo perceber, sentir, falar, agir, se mover na vida, sem o "eu", sem o passado, sem a pessoa. Esta é a presença da Meditação.

Então, o que é a Meditação? Qual é a verdade da Revelação desta ciência que revela Deus neste momento? A Verdade neste momento, a Suprema Inteligência neste instante é a Atenção, a observação, o escutar, o perceber. Quando colocamos o elemento pensador, experimentador, observador, colocamos o pensamento como aquele que faz o reconhecimento, a leitura da experiência. Então temos a separação entre a experiência e o experimentador, aquilo que ali está sendo visto e esse observador.

Quando nos aproximamos para esta qualidade nova de perceber, de olhar, de observar, eliminamos o padrão dessa mente egoica, dessa mente que se posiciona nessa separação. Nós não sabemos lidar com o momento presente, porque nos colocamos para lidar com ele. Uma inteira compreensão do momento presente requer a ausência de um elemento por detrás desta leitura, avaliação, escolha, julgamento.

Quando você olha para aquilo que aqui se encontra, você olha com o olhar do pensamento, e o pensamento distorce. Ele nos coloca em um projeto do que deveria ser, ele não se situa com o que está aqui. Observe a mente funcionando em você: ela sempre fala do que foi ou do que será, do que ela pretende realizar ou do que ela pretende se livrar. Ela pretende se livrar do que ela viveu no passado, que foi ruim para ela; ela pretende alcançar o que imagina que será bom para ela. No entanto, a mente é você, como pessoa, nessa autoimagem.

Quando aprendemos a olhar a mente, neste momento, o instrumento da percepção, do olhar, do perceber, é a própria mente que silenciou, que se aquietou. Quando ela se aquieta, um espaço novo se abre, e nesse espaço temos a presença de uma qualidade de Consciência, de mente, de percepção, de olhar, de escuta, além do pensamento.

Quando usamos aqui expressões como "esta mente em Silêncio", "esta nova Consciência", "essa Real Consciência", estamos sinalizando para Algo além do conhecido, inalcançável pelo pensamento. Então, a Revelação Divina, o real encontro com Deus - na pergunta "como encontrar Deus?" - é algo que está aqui presente se revelando quando o "eu'" não está, quando o ego não está.

A Vida consiste de uma única Realidade presente: é a presença da não separação, da não-dualidade, é a presença da Advaita. A Realidade deste Ser é o Primeiro sem o segundo. E este Ser é a Vida, é a Felicidade, é a Natureza Divina, que é Você em seu Natural Estado de ser. A Presença do Inominável, do Indescritível, d'Aquilo que é inalcançável pelo pensamento, é a Presença de Deus.

Portanto, Autoconhecimento e Meditação é a Verdade se revelando como Sabedoria, como Liberdade, e tudo isso é o resultado desta escuta, desse olhar, deste perceber. Trazer para este momento esta Atenção. Você não traz isso do passado; você revela Isso aqui, como algo já inato, presente em Você.

Não é algo que você aprende, como aprende alguma coisa aí fora. Este aprender sobre o Autoconhecimento é o constatar momento a momento da vida como ela acontece. Então, é o momento da Bem-Aventurança, da Felicidade. É o momento da Suprema Inteligência este momento de constatação da Realidade, da Realidade Divina.

É o que estamos trabalhando aqui com você nesses encontros. Nós temos, nos finais de semana - sábado e domingo -, a oportunidade de estarmos juntos investigando isso, aprofundando essas questões. São dois dias de uma forma online. Fora os encontros online, temos os encontros presenciais e, também, retiros. Se isso é algo que faz algum sentido pra você, já fica aqui esse convite.

Julho de 2025
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quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Joel Goldsmith | O Suprimento Invisível | Mente condicionada | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast, novamente o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Mestre, hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "O Suprimento Invisível". Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel Goldsmith faz o seguinte comentário: "Nessa etapa, já não pensamos na Verdade, não a lemos, nem a ouvimos com a mente". Sobre essa questão da mente, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a mente condicionada?

MG: Gilson, a forma como nos aproximamos da vida, como ela acontece, é a forma como o pensamento avalia, como ele compara, como ele aceita ou rejeita, como ele gosta ou não gosta, como ele acredita ou não. Quando você pergunta: "O que é esse condicionamento? O que é essa mente condicionada?", é a forma como o pensamento está acontecendo em cada um de nós. Nós fomos educados para pensar o que pensamos, para sentir o que sentimos e para fazer o que fazemos. Você acredita que tem liberdade para pensar, para sentir e para agir. No entanto, você se comporta de uma forma como todos à sua volta estão se comportando, e você não tem ciência de que isso está acontecendo. Essa é a forma como a mente foi programada para nos situarmos na vida, essa é a presença de uma mente que não conhece Liberdade.

Nós falamos em "liberdade", mas esta palavra, de fato, nada significa. Fazer o que você gosta, o que você quer, não é liberdade. Você faz o que lhe dá prazer fazer. Você gosta do que lhe dá prazer neste gostar. No entanto, isso é algo que diz respeito à forma como esse cérebro, essa mente, está condicionada a gostar do que gosta e a fazer o que faz, ou não gostar, ou não fazer. Nós não temos a Verdade sobre nós mesmos; nós temos a verdade que recebemos do pensamento presente em cada um de nós. É o pensamento que está determinando essa verdade. Essa verdade é a verdade do "eu", desse "mim", dessa pessoa que, por sinal, é uma forma de pensar, agir e sentir dentro dessa consciência humana, que nós chamamos de mente.

Qual é a Realidade d'Aquilo que é você? Qual é a Verdade sobre você? Nós desconhecemos! Nós não temos a Realidade d'Aquilo que nós somos, muito menos, naturalmente, a Realidade da Vida como Ela é. Se você não tem uma visão sobre você, da Realidade sobre você, não tem, naturalmente, uma visão real sobre quem é o outro, sobre o que é a Vida. A nossa interna condição psicológica de existência é o mero existir do "eu", do ego. Nós temos uma forma de responder à experiência sempre a partir do passado. Isso está produzindo conflito, dilemas, desordem, problemas para as nossas vidas.

Basta dizer que essa vida - uma vez que não há nela Liberdade, e a resposta é uma resposta que tem sua origem, sua base no pensamento, nesse elemento presente em nós que vem do passado - toda essa atuação nossa, na vida, é geradora de problemas, é geradora de confusão, de sofrimento, porque não há como ser de outra forma, porque não existe Liberdade. Isso nos colocou, na vida, alienados dela. Nós estamos, na verdade, nessa condição de mente condicionada. Como tudo o que fazemos, fazemos a partir do passado, desse modelo do pensamento, que é parte de uma visão coletiva de mundo, nós estamos apenas mantendo a continuidade de um modelo de problemas humanos, algo comum a todos e também presente em nossas vidas. Nós não temos a Ciência da Realidade, da Verdade d'Aquilo que está presente aqui, além do "eu", além do ego, além dessa mente condicionada.

Assim, todo tipo de problema está presente, e não sabemos lidar com a vida como ela acontece. Por não sabermos lidar com a vida, o problema é a presença desse "eu". Não é a vida o problema; é a presença de alguém, que é esse "mim", a presença do problema. Podemos, nessa vida, ter uma compreensão de nós mesmos para irmos além desse formato? Para irmos além desse sofrimento, dessa desordem, dessa forma de olhar para o outro, para nós mesmos e para a vida, como todos estão fazendo? Você nasceu para a Ciência da Realidade do seu Ser. Esta Realidade do seu Ser é algo que está além dessa própria aparição, desse sonho que nós chamamos de "nascimento".

Veja, aqui já estamos colocando para você algo que é completamente estranho a esse nosso modo de pensar sobre nós mesmos, de pensar sobre o outro, de pensar sobre a vida - inclusive e também de pensar sobre Deus. O que nos foi dado dentro desse padrão de condicionamento cultural, social, educacional sobre Deus, o que nos foi dado foram as religiões organizadas, os livros sagrados, as escrituras. No máximo nos contentamos, nesse condicionamento psicológico, em seguirmos aquilo que as religiões dizem. Esse movimento de seguir, de acompanhar, de pensar dentro desse contexto religioso, de uma forma intelectual, a partir das escrituras, esse sentido do "eu", do ego, ainda permanece, continua vivo.

Então, nós temos condicionamentos religiosos, também filosóficos, políticos, condicionamento de cultura, a cultura onde nascemos, de tradição, de família... Podemos ir além de tudo isso? Podemos assumir, neste instante, a realidade da vida neste momento, sem esse cérebro condicionado, essa mente condicionada, essa consciência, que é a consciência do "eu"? Haverá uma outra vida possível diferente dessa vida conhecida do pensamento? É o que estamos investigando aqui, dizendo exatamente que sim, é possível isso. Há uma Realidade presente; esta Realidade é a Realidade de Deus, é a Realidade da Liberação dessa confusão para algo indescritível, para algo além do pensamento, para a Real Vida Divina, onde não há mais uma separação entre a Realidade do seu Ser e a Realidade do outro, a Realidade da Vida, a Realidade de Deus. É o que estamos vendo com você, aprofundando com você, trabalhando com você. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal. Ela faz o seguinte comentário e pergunta: "Minha mente julga tudo o tempo todo. Como silenciar esses condicionamentos e ver a realidade como ela é?".

MG: Aqui, Gilson, para esta pergunta - repare, o movimento da mente é exatamente esse movimento. O pensamento em nós é um movimento que, como ele vem do passado, ele já tem conclusões, ele já tem uma base de avaliação, de comparação; naturalmente, de julgamento. Estamos diante de um modelo viciado de comportamento, que é o comportamento do pensamento. É assim que a mente acontece, é assim que a mente funciona. A mente se sustenta em nós a partir de uma identidade que ela forma, que ela cria, que ela estabelece. O pensamento não é seguro. Observe que nenhum pensamento se sustenta por mais de alguns segundos; ele surge e um outro pensamento surge em seguida. É como uma fila! O pensamento está aqui, daqui a pouco um outro surge, mas pensamentos se interligam. Então, eles criam uma narrativa, eles criam uma história. Eles têm algo para contar, eles só não têm alguém para contar. Mas aí ele cria! Neste momento surge você!

Você é o elemento que é o "eu" para ouvir o pensamento, para ouvir o que ele tem para contar. Notem que é exatamente assim que surge a pessoa, o "mim", o "eu". O "eu", o "mim", a pessoa, é apenas um fragmento que se separa do próprio pensamento, da própria narrativa, do próprio enredo, da própria notícia que o pensamento está trazendo. Então, acompanhe com calma isto aqui: o pensamento surge, mas ele surge com uma narrativa. Um conjunto de palavras, imagens, pensamentos é uma ideia - essa é uma narrativa. O pensamento se separa dessa narrativa - esse pensamento é o pensador para ouvir as notícias, para aceitar, rejeitar, concordar, gostar, não gostar. Essa é a presença do "eu". Essa é a presença desse "mim", é a presença desse pensador.

Nós temos uma crença de que o pensador vem primeiro. Na realidade, o que vem primeiro é a narrativa, é a história que o pensamento está contando. De imediato ele cria, ele sustenta alguém para gostar ou não gostar, concordar ou não concordar. Assim nasce a avaliação, a comparação, o julgamento. Esse é o cenário, esse é o palco onde essa peça está sendo encenada. Essa encenação da peça, a história, é a história desse "eu"; esta é a presença da autoimagem, da pessoa, desse "mim"!

Nós passamos uma vida toda envolvidos na ilusão de que estamos pensando, de que nós somos, como pensadores, os autores desses pensamentos, desses julgamentos, conclusões, avaliações, discordâncias e concordâncias. Toda essa tagarelice interna está acontecendo dentro de nós o tempo todo. Em alguns momentos, esse próprio pensamento, nesse formato do pensador, fica estressado, fica nervoso, tenso e quer se livrar dos pensamentos que ele mesmo está produzindo. Então, o ego, esse "eu", vive entediado, ansioso, preocupado, com raiva, com medo, estressado. No entanto, tudo isso faz parte do próprio jogo do pensamento, dessa peça nesse teatro da mente. Temos a mente como o teatro, temos a peça acontecendo nesse teatro - essa peça é a presença do movimento do pensamento, essa é a mente condicionada. E temos o protagonista, o ator principal - ele ainda é parte da história, ele ainda é parte da cena. Ele é a presença do pensamento!

Aqui, juntos, nós estamos descobrindo o que é romper com essa condição. Romper com isso requer um olhar, requer uma qualidade de mente que silencia. Quando a mente se torna ciente do seu próprio movimento, pelo silenciar, isso é possível. Você pergunta como silenciar todo esse condicionamento. Sim, porque acabamos de descrever todo esse condicionamento; todo esse modelo de mente é de condicionamento. Você pergunta como silenciar... Tomando ciência dessas reações, sem reagir, sem se envolver! Quando a mente se torna ciente do seu próprio movimento, há algo presente neste novo olhar. Então a mente se aquieta, o cérebro silencia, um espaço novo surge. Estamos diante de uma outra mente, de uma qualidade de mente, onde está presente esta atenção.

Esta atenção sobre as nossas reações é o fim desse elemento presente, que se separa para lutar contra tudo isso, para se confundir com tudo isso. Então, o julgamento para, a comparação também, a avaliação também. Esse aceitar, rejeitar, gostar, não gostar... isso se dissolve, isso desaparece. Podemos aprender esta arte de olhar sem o observador, perceber sem o percebedor? Estar ciente sem alguém nesta ciência? Esta é a presença da mente livre do "eu", é a presença da mente livre da mente. Nós precisamos de uma base para esta nova visão, nova percepção, para esta nova mente. A base é esta atenção; ela que nos aproxima do Autoconhecimento. E, com o Autoconhecimento, um espaço se abre, que é o espaço da Meditação, da ausência desse modelo, desse padrão, desse formato de pensamento condicionado. Então, Algo novo está presente.

Eu lhe convido a participar de encontros on-line, para você ter uma aproximação mais profunda - não das palavras, mas de algo além das palavras, que está presente nestes encontros, chamados "Satsang". Ok?

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de uma outra inscrita aqui no canal. A Paula faz o seguinte comentário e pergunta: "Mestre, percebo que sempre estou em busca de segurança. Como desapegar dessa zona de conforto mental?".

MG: Pois é... a ilusão é que nós estamos em um conforto mental, e nós queremos a segurança para mantermos esse conforto mental. Na realidade, essa busca de segurança é a maior prova de que, de fato, não estamos em um conforto mental; não há nada confortável no movimento da mente. A mente é inquieta, repetitiva, tagarela, insegura... É da natureza da mente a busca de segurança - não porque ela está se sentindo segura, mas é exatamente porque ela não carrega qualquer outra coisa a não ser insegurança, medo, desconforto. Esse estado inquieto, desconfortável, da mente cria esse impulso de busca de segurança, de estabilidade, de conforto, de paz.

Podemos nos livrar dessa ilusória identidade, que é a presença desse "eu", que não é outra coisa a não ser essa mente egoica, que está sempre nessa busca de segurança porque vive esse desconforto? Esta é a pergunta. Como isso se torna possível? Tomando ciência daquilo que está presente aqui, exatamente desse desconforto presente aqui, dessa insatisfação, desse medo, dessa insegurança. Essa é a verdade desse "eu". Essa é a verdade desse "mim".

A maioria das pessoas, quando elas falam sobre o "eu", sobre o "mim", sobre o ego, elas falam na terceira pessoa. Quando elas falam sobre a mente, elas falam na terceira pessoa. Elas falam: "Essa mente em conforto", "essa mente em desconforto", "esse 'eu'", "esse ego, esse 'mim'", como se houvesse uma separação entre aquilo que elas são e o próprio "eu", o próprio ego, a própria mente. Podemos tomar ciência clara de que não existe tal coisa como uma separação? O movimento dessa busca de segurança é o movimento da própria mente, que é o "eu", que é esse "mim", que é esse ego. A não ser que tenhamos uma clara visão disso que estamos colocando, dessa dada coisa da qual falamos, jamais teremos uma visão da Verdade. A Verdade se revela quando a Liberdade está presente. É a ciência da Verdade a própria presença desta Liberdade. Nós não separamos esta Liberdade da Verdade; é a clareza desta Verdade - que é a verdade sobre o "eu", sobre esse "mim", sobre esse ego - a presença desta própria Liberdade, dessa condição que é a condição dessa mente, que é a condição desse "eu".

Há uma Realidade presente que não é essa mente, esse "eu", esse "mim". Uma Realidade que se revela quando a ilusão termina, uma Realidade que se revela quando a Verdade é compreendida. A clareza, a lucidez, a visão real dessa verdade, desse sentido de dualidade, de separação, de egoidentidade, de mente egoica, é o fim para essa psicológica condição de mente condicionada, de mente em desconforto, de mente insegura, de mente em sofrimento. Ter uma aproximação, neste momento, daquilo que se passa aqui e agora, aprendendo a olhar, a perceber, a tomar ciência desse desconforto, dessa dor, desse sofrimento, neste instante: isto é o fim do "eu", é o fim do ego, é o fim da ilusão, é o fim do sofrimento.

Se aproximar de si mesmo é aprender a olhar para como você funciona, para como essa mente está acontecendo para esse "eu"... como ele sente, como ele fala, como ele age, como ele responde à vida... como ele responde a si mesmo, como ele se separa como sendo um pensador pensando, alguém sentindo, alguém falando, alguém agindo... Tudo isso precisa ser visto. Esta visão requer a presença do Autoconhecimento. É quando então, neste momento, a Meditação se revela. A Ciência da Verdade se mostra. Ok?

GC: Gratidão, Mestre, já fechou nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E, para você que está acompanhando o videocast até o final e deseja realmente viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros intensivos de final de semana que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros que existem no formato on-line, existem também encontros presenciais e retiros. Esses encontros são muito mais profundos do que os vídeos aqui no YouTube. Primeiro, porque o Mestre responde diretamente, ao vivo, as nossas perguntas. E segundo, e muito mais impactante, é que, pelo Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha um campo de Presença, um campo de energia à sua volta. E, nesses encontros, a gente acaba entrando de carona nessa energia do Mestre.

E, pegando essa carona com a energia do Mestre, de maneira espontânea, sem nenhum esforço, entramos no estado meditativo, silenciamos nossas mentes. Temos uma facilitação incrível para nos autoinvestigar; podemos ter uma visão e uma compreensão do que está além do entendimento intelectual. Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dê o like no vídeo, se inscreva no canal... E, Mestre, mais uma vez gratidão pelo videocast.

Julho de 2025
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terça-feira, 21 de outubro de 2025

Como encontrar Deus? Meditação: o que é? Aprender sobre Autoconhecimento. Advaita (a Não Dualidade).

Existe aqui uma coisa fundamental para nós investigarmos: é a diferença entre aprender alguma coisa - qualquer uma outra coisa aí fora, na vida - e o aprender sobre nós mesmos. Portanto, há uma diferença entre aprender algo e aprender o Autoconhecimento. A verdade deste aprender sobre o Autoconhecimento é algo diferente de qualquer uma outra forma de aprendizado.

Quando você aprende qualquer uma outra coisa, você aprende começando, a partir da observação e do estudo daquilo, adquirindo conhecimento; e logo após o conhecimento, vem a experiência, e com a experiência a especialização. O que diferencia esse encontro com a Verdade dA'quilo que é Você, o que se revela pelo Autoconhecimento, pela compreensão de nós mesmos, para qualquer outro aprendizado especializado é que aqui nós precisamos de um outro elemento; o elemento presente é a percepção.

O contato com a vida requer percepção e não conhecimento, e não experiência e especialização. Para aprender uma técnica, como mecânica, eletrônica, idiomas, ou qualquer uma outra atividade, você precisa de conhecimento, experiência, daí vem essa especialização. Aqui estamos diante de algo diferente, nós precisamos de uma base inicial. A base é o contato com a observação daquilo que aqui está presente - o experimentar aquilo que aqui está presente. Mas nós não precisamos do conhecimento, ou seja, da informação sobre aquilo sendo guardada.

Nós estamos funcionando, psicologicamente, na memória, e este é o nosso problema. Nós não temos uma visão da verdade sobre quem nós somos, sobre aquilo que o pensamento construiu sobre nós, porque nós estamos vivendo na memória, vivendo no pensamento, presos no conhecimento e na experiência, e nós precisamos nos livrar disso, porque esta condição de conhecimento e experiência aqui nos coloca num direto contato com a vida de uma forma mecânica, automática, inconsciente.

Observe que todo conhecimento técnico, toda especialização, a partir da memória, te dá uma habilidade mecânica. Assim, o pensamento presente em nós é o elemento do conhecimento e, também, da mecanicidade para a pessoa. Esta condição mecânica, inconsciente, que se situa no pensamento e, portanto, na memória, é a vida do "eu", é a vida do ego. Como aqui nós estamos investigando como ir além do ego, como descobrir a vida livre do "eu", nós precisamos descobrir o que é aprender sobre nós mesmos, o que é essa nova forma de aprender, que não consiste em acumular conhecimento, nem experiência.

Tendo por princípio o passado, nós estamos atuando na vida; tudo que nós sabemos, sabemos tendo como base o conhecimento adquirido. Tecnicamente, nós precisamos desta forma de aprendizado. No entanto, psicologicamente, esta forma de aprendizado, esse formato a partir do conhecimento e da experiência nos moldou dentro de um condicionamento. Nós estamos constantemente repetindo essa forma; nós fomos moldados por um modelo de pensamento, que é o pensamento dessa estrutura social, dessa visão de mundo.

Assim, todo comportamento que temos a partir dessa forma de aprendizado de conhecimento e experiência é de puro condicionamento mental, é de puro condicionamento psicológico. Observe como você reage quando alguém lhe aborrece; observe como você reage quando alguém lhe entristece, como você reage quando você se sente amado, quando gostam de você. Toda a resposta que temos é a resposta de um condicionamento.

Se eu elogio você, sua resposta é condicionada, você se sente bem, confortável comigo, e você responde. De onde nasce essa resposta? De uma forma automática, mecânica e inconsciente. Sim, porque essa consciência do "eu", essa consciência do ego está agindo desatenta. Da mesma forma que você se sente bem quando é elogiado, se sente mal quando é criticado. Quando você se sente mal, é de uma forma inconsciente que isso se processa; quando você se sente bem, também é de uma forma inconsciente que essa dada coisa acontece.

Portanto, a sua vida está no padrão do comportamento de uma mente que reage, desatenta. A presença dessa desatenção é a presença da dualidade. Aqui, a expressão dualidade é a mesma expressão que em sânscrito eles chamam de Advaita. A nossa condição psicológica de existência é de separação. A mente funciona em nós nesta inconsciência, nesta mecanicidade, reagindo ao momento presente em desatenção.

Portanto, há uma separação entre você e o momento presente, entre a percepção que aqui está presente e um elemento que é o percebedor; é a presença da dualidade: a presença do elemento em você que nós chamamos de pensador e a presença do pensamento. Aqui nos deparamos com uma ilusão, com a ilusão da separação. Portanto, a presença desta separação, dessa dualidade é chamada dvaita.

Aqui, o encontro com a Realidade da não separação para uma mente nova, livre da separação entre o pensador e o pensamento, entre a experiência e o experimentador, entre a percepção e o percebedor, é aquilo que na Índia eles chamam de Advaita, a não-dualidade. Nós estamos vivendo dentro de um princípio de dualidade, de separação. Romper com esta condição psíquica, psicológica, requer a presença do Autoconhecimento, porque é quando nos deparamos com a beleza do encontro com a Meditação.

Portanto, o que é Meditação? É a presença da ciência da não-dualidade, é a ciência da Advaita, da não separação, que se revela nesse aprender. O verdadeiro contato com o momento presente requer a presença da percepção. Quando nós temos o percebimento, não temos a presença do percebedor, é somente o percebimento, é somente o perceber, é a clareza do momento presente, onde aqui tudo é visto, não a partir do passado, porque não temos o elemento chamado pensamento para, nesse momento, julgar a experiência, ser o sensor para censurar o momento presente. Há somente uma clara visão deste instante, desse momento.

A clara visão deste momento traz o autodescobrimento, traz a autorrevelação, traz a ciência do momento. Então, a verdade do aprender sobre nós mesmos é, na realidade, o desaprender desse fundo psicológico, desse padrão de condicionamento que trazemos e que estamos constantemente respondendo a partir dele; respostas que estão vindo constantemente de um fundo, onde temos a presença desse pensador, desse experimentador, desse "eu".

A grande verdade sobre isso é que toda essa resposta nasce do pensamento, e o pensamento é a base dessa condição ilusória de separação, porque não existe esse "eu", esse "mim", esse ego, o que temos presente é a resposta de condicionamento mental nesse formato de pensamento. Assim, a mente em nós é a mente condicionada, é a mente dentro do padrão de dualidade, de separação.

Nós não temos uma resposta real para o momento presente, porque estamos inscientes, desatentos. Não há presença de Atenção, não há presença de Real Inteligência. Toda resposta presente a qualquer estímulo, a qualquer situação, a qualquer pessoa, a qualquer condição externa é algo que sempre vem, nasce em nós dentro do modelo do pensamento, que é o modelo do passado.

Quando você conversa com pessoas, não há Atenção nesta conversação. Evidente que tudo que tratamos com alguém é com base no conhecimento que trazemos. De uma certa forma, o conhecimento se faz necessário, tecnicamente, profissionalmente, dentro de relações simples, mas nós colocamos o elemento psicológico dentro dessas relações, em razão da presença dessa desatenção.

Na ausência de uma Atenção sobre as nossas reações, o nosso contato com pessoas é um contato que nasce do passado, desse fundo de condicionamento egoico. Todo meu contato com ele ou ela, centrado no "eu", no ego, nessa imagem que o pensamento construiu sobre quem eu sou, que é a crença que o pensamento estabeleceu sobre mim, todo o contato que tenho com ele ou ela, está dentro deste autocentramento.

Nós não temos a presença da Realidade Divina. Quando temos uma inclinação para essa procura ou busca pela Verdade, termina que surge uma pergunta em nós, e a pergunta é: como encontrar Deus? Aqui, o fato deste contato com a Realidade d'Aquilo que é Você, a partir do Autoconhecimento e desta visão, que é a ciência da Meditação, aqui já se encontra a resposta para esta pergunta. Você não pode encontrar Deus do lado de fora, Ele não está em algum lugar para ser encontrado. Não existe tal coisa como um lugar onde Deus se encontra, para ser encontrado.

Aqui, este momento é o momento da Revelação; aqui, este momento é o momento da constatação da Realidade do seu Ser, da Verdade Divina. Evidente que isso é algo que requer a presença do Autoconhecimento, desse novo aprender, e este aprender requer a presença da percepção. Perceber o momento presente, sem o passado, é estar cônscio daquilo que aqui está se revelando, sem o percebedor, sem o pensador, sem a ideia, a crença de alguém presente. É exatamente quando alguém surge, é precisamente quando alguém chega que o elemento da separação surge, a crença da divisão entre este "eu" e o "não eu" acontece.

Nós estamos constantemente olhando para o mundo a partir dessa separação, dessa dualidade. O fim dessa dualidade é a visão da Realidade Divina. Este encontro com Deus é a ciência deste Ser; não é você tendo um encontro com Deus, é a Realidade deste Ser se revelando. Quando o "eu" não está, quando esse sentimento, pensamento, sensação de alguém não está mais presente. A compreensão da vida é a Verdade da Revelação do seu Ser. Aprender sobre o Autoconhecimento, aprender sobre a não-dualidade, aprender sobre Deus é algo aqui e agora.

A Realidade de Deus é a Realidade deste Ser, que é a Verdade sobre Você em sua Natureza Verdadeira, Real. É o que nós estamos juntos aqui trabalhando com você nos finais de semana. Nós temos dois dias juntos, sábado e domingo, para nos aproximarmos desta visão. São encontros on-line nos finais de semana. Quero deixar aqui esse convite para você. Além dos encontros on-line, temos encontros presenciais e, também, retiros.

Julho de 2025
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quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Joel Goldsmith | A Palavra do Mestre | O que é o sofrimento psíquico | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast, novamente o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado: "A Palavra do Mestre". Em um trecho desse livro, o Joel faz o seguinte comentário: "Seus sofrimentos são causados, não por qualquer coisa que esteja no mundo, mas pela sua reação". Mestre, sobre esse assunto do sofrimento, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é o sofrimento psíquico?

MG: Gilson, a condição em que o pensamento se encontra em nós é a condição onde estamos presentes, vivendo esses pensamentos a partir de um centro que se separa dessa memória. Esse centro é a base da própria memória, que é o pensamento. Enquanto existir uma separação entre o pensamento e esse centro, que é o "eu", o "mim", o ego, haverá algum nível de sofrimento, algum nível de problema. Nós nos vemos como alguém que é o centro das experiências. Portanto, nós temos as experiências e esse alguém como sendo o centro dessas experiências. E essas experiências, parte dessas experiências, é a presença do pensamento. Quando você passa por uma experiência e ela é dolorosa, ela deixa uma marca; quando passa por uma experiência e ela é prazerosa, ela deixa uma marca. Essa marca é o registro da experiência, é dessa forma que é formado esse centro, que é o experimentador.

Quando registramos essa experiência, seja ela de prazer ou de dor, a partir desse registro, nós temos a presença desse centro, que é o "eu". A presença do sofrimento psíquico é a presença desse centro rejeitando essa lembrança, essa psicológica condição que é, basicamente, experiências guardadas em nós, que vêm do passado. Nós temos inúmeros exemplos de estados internos, presentes dentro de cada um de nós. Examinando de perto esses estados, você irá perceber que é apenas a presença da memória que torna possível esse estado presente neste momento. Alguém lhe ofendeu, alguém lhe aborreceu, alguém lhe entristeceu. A lembrança desse alguém fazendo aquilo com você é a recordação, é a memória, é o passado voltando. Quando isso volta, nesse momento, esse "eu", esse centro, esse experimentador está de novo vivendo essa experiência. Essa experiência é o passado, é a memória, é algo que já foi e, no entanto, está aqui de volta. Essa é a presença do sofrimento psíquico. A presença da ansiedade, da raiva, da tristeza, do medo, das preocupações, da dor da solidão. são inúmeras as formas de sofrimento psíquico.

E todas essas formas de sofrimento são, basicamente, a presença desse "eu" que sofre, que é esse centro de memórias, de lembranças. Nós precisamos tomar ciência da verdade sobre esse "eu", sobre esse centro, para irmos além dessas memórias, dessas lembranças, para irmos além do passado. É a ilusão do passado aqui, a causa do sofrimento. Não há nenhum passado aqui; o que temos presente é só um pensamento. Mas, quando esse sentido do "eu" surge, quando esse centro - que é o experimentador - volta, de novo, para essa memória, para essa lembrança, esse passado assume a realidade do momento presente. Essa é a ilusão do passado, essa é a ilusão do "eu", essa é a ilusão do ego. Descobrir a vida acontecendo, e ela está acontecendo neste momento, e nela não há passado. Não existe o passado aqui e agora. É o pensamento que traz de volta a memória, e com a memória, um experimentador para viver de novo aquilo. Assim, nós passamos uma vida inteira envolvidos com todo tipo de posicionamento na vida, a partir do passado, ou seja, alienados da Beleza deste momento. Neste momento não há passado, neste momento não há sofrimento, porque neste momento não existe nenhum sofredor! Não existe esse "eu", a não ser que o pensamento esteja assumindo de novo, e de novo, e de novo, valor e importância, sustentando assim o passado, e ele mesmo, como pensamento, se separando para estabelecer aqui, neste momento, a presença do "eu", a presença do ego, a presença do sofredor.

Nós precisamos investigar isso para irmos além desse "eu", desse ego, desse passado, desse pensamento. O fim para esse passado, que é o fim desse "eu", que é o fim dessa qualidade de pensamento psicológico em nós, é o fim da ilusão de um futuro para vivermos de novo e de novo essas condições criadas pelo pensamento. Nós estamos de novo, de novo e de novo transformando este momento presente em um passado que já foi. Nós não permitimos que o passado termine, então o futuro mantém sua continuidade com base nessas memórias, nessas lembranças. A Beleza da vida se revela aqui, neste momento, quando o passado não está, quando o pensamento não volta, quando não há o "eu". Então, nós temos, neste encontro, a verdade de que não há sofrimento! A vida como ela acontece não carrega problemas, mas como o pensamento avalia, traduz, interpreta, traz de volta a sua visão. agora, sim, temos a presença do problema, da desordem, da confusão, do conflito. temos a presença do sofrimento psíquico.

Uma mente livre do passado é um cérebro quieto, silencioso, livre desse centro que é o experimentador, livre dessas experiências que são as memórias registradas. É um cérebro livre do passado, é algo que se realiza quando trazemos atenção para este momento. Então, podemos responder à vida neste instante sem o passado e, portanto, sem toda essa confusão que o pensamento egoico, que o pensamento do "eu", que o pensamento desse centro, que é esse "mim", essa pessoa, está estabelecendo. Uma vida sem o sofrimento psíquico, uma vida sem sofrimento, uma vida onde o Amor está presente, a Liberdade está presente, a Paz está aqui, é a Verdade Divina, é a Verdade de Deus, é a Verdade do seu Ser. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal. A Ana faz a seguinte pergunta: "Mestre, minha mente vive em conflito, pensamentos dolorosos não param. Como posso encontrar o silêncio nesse caos?".

MG: Sim, você diz que os pensamentos, observe, os pensamentos são dolorosos e eles não param. Repare, essa é a verdade que o pensamento expressa. O pensamento em nós é apenas a continuidade do passado, é a continuidade da memória. Ele está constantemente se reafirmando, vez após vez, após vez. É a continuidade desse padrão de comportamento, de pensamento neste cérebro condicionado, nesta mente condicionada, a sustentação dessa identidade egoica. Nós precisamos romper com essa condição dolorosa, mas você fala do silêncio no caos. A ideia de trazer silêncio para o caos é apenas, também, mais um pensamento. Não é possível, em meio ao caos, o silêncio aparecer. Nós precisamos tomar ciência do caos. É a plena ciência do caos que nos possibilita irmos além do caos. A intenção de se livrar desses pensamentos dolorosos e desse caos é um movimento de volição, de desejo, de querer, de vontade da própria mente, que é o caos; da própria mente, inquieta, em dor. Aqui, a recomendação é: se aproxime do caos, da dor.

Descubra o que é olhar sem qualquer intenção, querer, vontade, para se livrar. De outra forma, você estará colocando, de novo, ainda, a própria mente para atender à mente. A própria mente em aflição para cuidar de uma mente aflita. É fundamental aprender a olhar, observar, perceber, ficar ciente do caos. Ficar ciente desses pensamentos sem reagir, sem se envolver, sem ser alguém presente para fazer algo. Não há uma separação entre essa dor dos pensamentos e você, entre esse caos e você. Toda resistência, toda intenção de fazer algo e de se livrar, cria uma separação entre essa experiência dolorosa de pensamentos, entre esse caos e o experimentador. A continuidade do "eu" requer resistência, luta, requer essa movimentação interna, inclusive inconsciente, de se livrar. É fundamental nós descobrirmos o que é trazer para este momento uma real atenção sobre essas reações. É esta aproximação de nós mesmos, sem o sentido de alguém para fazer algo, para vencer, conquistar, triunfar, se livrar. que nós precisamos.

Eu lhe recomendo participar de um encontro on-line, investigar de uma forma mais profunda o que estamos colocando aqui. Existe algo possível em encontros on-line que nós não temos nestes vídeos, aqui. O elemento fundamental para o fim dessa psicológica condição, que é a condição do "eu", continua sendo a presença desta Graça Divina. Há um Poder maior que torna todo este trabalho possível. Aqui colocamos para você aquilo que você, tomando ciência de suas reações, de uma certa forma, você pode fazer, mas neste fazer, na realidade, há algo que torna isso possível que, de fato, não é você, você fazendo. Podemos tomar ciência de como nós funcionamos? Isso requer a Presença desta Graça para essas reações serem vistas sem o pensador, sem esse observador. Portanto, aprender a lidar com este momento presente, seja ele de pensamentos dolorosos, de caos, de desordem, de confusão, requer a presença deste olhar sem o "eu", perceber sem o "eu", deste sentir sem o "eu". É o que estamos trabalhando juntos nestes encontros, em especial, em encontros on-line e encontros presenciais.

Assim, fica aqui um convite para esta aproximação, para que essa qualidade de mente presente em nós desapareça. A Verdade da Vida é a Verdade de uma mente silenciosa, livre do passado e, portanto, livre de toda forma de sofrimento. Esta é a Verdade da Vida. Me refiro à Vida Real, não à vida nesse sentido do "eu", que de fato é confusão, desordem, dor e caos. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta, de uma outra inscrita aqui no canal. A Débora faz o seguinte comentário e pergunta: "Sinto como se minha dor fosse parte de quem eu sou. Como romper com essa identificação e viver além do sofrimento?".

MG: Pois é, aqui temos mais essa pergunta. Reparem que envolve sempre a presença da dor. As nossas questões são questões não resolvidas, que queremos resolver porque elas são dolorosas. Nós não nos damos conta de que temos questões não resolvidas que não envolvem dor, mas exatamente a presença do prazer. Nós não temos uma visão muito clara sobre essa questão de prazer e dor. Nós separamos uma coisa da outra sem a clareza de que os problemas para nós, como seres humanos, residem na presença exatamente dessa mente, que é a mente egoica, que é a mente do "eu", que envolve a presença de prazer e dor. As questões em nós não resolvidas são questões de prazer e questões de dor para esse "mim".

Quando falamos de dor, da qual queremos nos livrar, não percebemos que o prazer está presente e esse prazer é parte da dor; e desse prazer, que é dor, também precisamos nos livrar. Como ter uma aproximação direta da verdade desse elemento presente que é essa mente do "eu", que é essa mente egoica, que vive em prazer e dor? É a presença do pensamento, de como o pensamento representa a experiência. Ele representa a experiência a partir de uma identidade que se vê presente sendo o experimentador dessa experiência, sendo o pensador desses pensamentos. É o sentido do "eu", é o sentido do ego. Aqui, quando usamos expressões como a que você acabou de usar, do tipo "como se livrar dessa identificação para ver além do sofrimento", nós precisamos pisar com calma neste terreno, porque nós precisamos compreender, antes de tudo, que não existe uma separação entre esse que está em dor e a própria dor. E quando usamos a expressão "se desidentificar" ou "não-identificação" podemos cair, aqui, em uma armadilha do próprio pensamento e acreditar que essa dor esteja separada desse "eu".

Não existe nenhuma separação entre esse "eu" e a dor. A dor é o "eu"! A ideia de querer se livrar da dor é do próprio "eu". Então, reparem o jogo: o sofrimento está presente, a dor está presente, o pensamento está presente, mas o sofrimento nos dá a ilusão de alguém que está sofrendo. A dor nos dá a ilusão de alguém que está sentindo essa dor. O pensamento nos dá a ilusão de alguém tendo esses pensamentos. No entanto, não existe essa separação entre a dor e esse na dor, entre o sofrimento e esse no sofrimento, entre esse pensamento e esse pensando. O pensador é o pensamento, o que está em dor é a própria dor, o sofredor é o próprio sofrimento - não há separação! Portanto, não se trata de uma desidentificação, se trata de uma compreensão, uma direta compreensão para o fim dessa separação, dessa divisão. Se essa separação termina, se essa divisão não está mais presente, toda a intenção de se livrar, de fazer algo com aquela experiência, desaparece. Sim, quando isso desaparece, não há mais essa dor, esse sofrimento, esse pensamento - estamos diante de algo fora do "eu", fora do ego, fora da mente. Mas nós precisamos compreender com clareza que não se trata de se livrar da dor, e sim se livrar da ilusão de uma identidade presente. É esse elemento a própria dor, é esse elemento o próprio "eu". Quando você diz: "É como se essa dor fosse eu mesma". Sim, de fato é! Você é a dor quando a dor está, é o sofrimento quando o sofrimento está, não há nenhuma separação. Quando deixamos aquilo que deveria ser ou poderia ter sido a partir desse "mim", quando abandonamos essa separação, estamos em um direto contato com a experiência sem o experimentador, com o perceber sem o percebedor. Então, há um rompimento com essa condição psicológica, com essa experiência e, portanto, com esse "eu".

Como coloquei agora há pouco, participar de encontros on-line é fundamental - fica aqui um convite. Boa parte dessas falas não são, de fato, compreendidas. A verdade da compreensão dessas falas, da totalidade do que é colocado aqui, requer uma visão direta, e não uma aproximação intelectual. Nós precisamos deste Poder Divino, deste Poder da Graça, para algo além de um mero entendimento intelectual, de uma visão muito particular de palavras.

Então, nos livramos da armadilha de confundirmos entendimento intelectual, verbal, de palavras com a compreensão. A compreensão é algo direto, não depende de palavras. É algo vivencial, experimental, enquanto as palavras são intelectuais, lidam com símbolos, com imagens e, portanto, ainda com pensamentos. Portanto, fica aqui um convite. Ok?

GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E, para você que deseja realmente viver essas Verdades, se aprofundar nesses assuntos, fica o convite para participar dos encontros intensivos que o Mestre Gualberto proporciona. Esses encontros intensivos são muito mais profundos do que esses vídeos aqui no YouTube. Primeiro, porque a gente pode fazer perguntas ao vivo para o Mestre nos responder. E segundo, e mais impactante, é que, pelo Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, Ele compartilha esse campo de Presença, de energia em que Ele vive. Nesse compartilhar do Mestre há um Poder, uma Força e uma Graça que, apenas ao estarmos na sua presença, a gente acaba entrando neste campo de Energia do Mestre; a gente acaba pegando uma carona nessa energia de presença do Mestre. E, pegando essa carona do Mestre, de maneira espontânea entramos em estado meditativo, silenciamos nossas mentes e podemos ter uma visão e uma compreensão do que está além do entendimento intelectual. Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dá o "like" no vídeo, se inscreve no canal. E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.

Julho de 2025
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terça-feira, 14 de outubro de 2025

Você e a autoimagem. Fim da autoimagem. O que é o pensamento? O que é o pensar? Silêncio e Sabedoria

O nosso grande problema na vida é a não compreensão sobre como estamos funcionando psicologicamente, internamente. Nós não sabemos como o pensamento acontece, como ele se processa em nós. Nós não temos a resposta clara, não intelectual, verbal, teórica - veja, isso nós podemos adquirir ouvindo uma palestra, lendo algum livro, ou alguns livros. Me refiro à resposta real para as perguntas: "o que é o pensamento" "qual é a verdade sobre o pensar", "o que é o pensar".

A forma como estamos nos deparando com o momento presente, com a vida como ela está surgindo diante de cada um de nós, lidar com isso requer a presença de uma visão de Inteligência, de Liberdade, de Sabedoria. Nos falta a presença da Sabedoria e do Silêncio para lidar com o momento presente de uma forma real e, naturalmente, livre desse modelo, que é o modelo do pensamento - desse formato de pensamento que nós conhecemos.

A vida nesse instante não requer a presença do pensamento, requer a presença da Inteligência. É impossível uma vida livre de problemas, de sofrimento e confusão, quando está presente esse velho modelo, que é o modelo de pensamento que nós temos, para lidar com a vida, para lidar com o outro, para lidar com nós mesmos.

Talvez não gostemos de ouvir isso, mas a grande verdade é que durante toda a nossa vida, em razão da ausência da compreensão sobre nós mesmos, nós estamos lidando com o momento presente, na relação com ele ou ela, na relação com nós mesmos e com tudo que acontece, dentro desse modelo do pensamento, criando confusão, criando desordem e vivendo desnecessariamente problemas em razão da ignorância. Nós estamos vivendo de uma forma ignorante a respeito de nós mesmos e, naturalmente, a respeito do outro, a respeito da vida.

O nosso contato com o momento presente é inadequado, a nossa resposta é inadequada, e isso se explica com muita facilidade. Quando você olha para algo, nesse instante do olhar, esse momento é um momento único, ele nunca aconteceu, ele nunca vai voltar a acontecer: é assim que a vida acontece. A compreensão da Verdade sobre a Vida é a visão de que, com clareza, a Vida ocorre nesta Liberdade, na Liberdade do pensamento; ela não está presa, não está vinculada ao modelo do pensamento.

Assim, a Verdade da Vida como ela acontece, a clareza, a lucidez desse instante só pode ser vista a partir de um cérebro, de uma mente livre do pensamento, porque a presença da Vida é agora, e a presença do pensamento é a memória, que vem do passado. Assim, a vida acontece livre do pensamento, mas nós estamos atendendo a vida a partir da memória, a partir do pensamento e, portanto, a partir do passado.

É aqui que se encontra o problema para o ser humano: ele não lida com a vida como ela acontece, porque ele não está em linha com a vida quando está vivendo no pensamento - como estamos vivendo. Desde pequenos, nós fomos educados para ter respostas com base em memórias, em lembranças.

As nossas respostas - respostas de fala, respostas de ações -, os nossos comportamentos, as nossas internas atitudes são norteadas pela presença do pensamento, e o pensamento em nós é memória, é lembrança, é recordação. O pensamento não pode lidar com o momento presente, não há como ele lidar com o momento presente de uma forma completa, livre, lúcida, real; ele é o elemento inadequado, e nós estamos vivendo no pensamento.

Reparem a complexidade disso. Se eu pergunto o seu nome, você me responde o seu nome; essa resposta verbal é uma resposta que nasce do pensamento. Nesse nível o pensamento é razoável, apesar de estar lidando com uma imaginação, porque você não é o seu nome. O seu nome é a referência da imagem que eu tenho aqui, diante de mim, do seu rosto, do seu corpo. Você não é o seu nome, você não é o seu corpo, você não é o seu rosto, mas nesse sentido o pensamento é funcional, ele é prático.

A resposta que tenho quando você me pergunta o seu nome, a resposta de memória aqui é o nome de fato que você me deu a respeito de você, sobre quem é você. Então, nesse nível o pensamento é funcional, é necessário. Mas fora o seu nome e a lembrança do seu rosto, eu também tenho de você uma ideia sobre quem você é. E aqui já estamos diante de algo falso, porque essa ideia que eu tenho sobre quem você é é uma ideia que o pensamento aqui construiu. Não é a verdade sobre você, é a imagem - a imagem que o pensamento construiu aqui sobre você.

O nosso contato com a vida como ela acontece está se sustentando o tempo todo, mantendo sua continuidade a todo momento a partir dessa abstração, dessa imaginação, dessa construção do pensamento. Portanto, não estamos lidando com a Verdade da Vida; estamos apenas, a partir do pensamento, respondendo à vida de uma forma inadequada. Essa resposta que estou dando para a vida é a partir da imagem que eu construí, também, sobre quem eu sou - esta é a autoimagem.

Portanto, você, para você, é alguém; esse você e a autoimagem são uma única coisa. Essa autoimagem, que é você, não é a realidade sobre você, mas é o que o pensamento diz sobre quem você é, assim como o pensamento diz sobre quem o outro é, sobre quem ela é, assim são as nossas relações - as relações com as pessoas, as relações com situações que surgem, com acontecimentos que aparecem, com a vida aqui, nesse instante.

A vida está, nesse instante, surgindo, mas o movimento em nós, que vem do passado, está tentando se ajustar a isso, se equilibrar diante disso, corresponder a isso, o que é impossível. Nós precisamos, na vida, da compreensão dela como ela acontece, e isso requer a presença da Sabedoria e do Silêncio. Porque, a partir do pensamento, esse cérebro está produzindo imagens, produzindo ideias, opiniões, avaliações, ele está fazendo escolhas, ele está tomando decisões, e tudo isso está dentro dessa inquietude mental, cerebral, interna em nós.

Aqui, juntos, estamos descobrindo o que é ter da vida uma aproximação em Sabedoria e Silêncio; esse Silêncio é a base para essa resposta inteligente, lúcida, real, clara para a vida. Uma vida livre do pensamento é uma vida em Amor, em Liberdade, em Felicidade. Essa qualidade de Vida não é a qualidade de vida para "alguém", para esse "mim", para essa "pessoa"; é a própria presença da Vida, como a única Realidade presente. É quando podemos atender a Vida a partir não do pensamento, mas a partir do pensar.

O pensar dispensa a presença de conclusões, avaliações, escolhas, dispensa a presença desse gostar ou não gostar. A presença do pensar é a visão da Vida em Inteligência, em Sabedoria, neste Silêncio. É por isso que temos enfatizado aqui a importância do Autoconhecimento e da Verdade desta arte, que é a arte da Vida, que é a arte que Revela a Deus, que Revela este Silêncio, que é Meditação.

Um cérebro quieto, um cérebro silencioso, uma mente quieta, uma resposta para esse instante em linha com a própria vida é algo presente quando não há mais essa autoimagem. Quando temos a presença do Autoconhecimento, a Revelação dessa ilusória identidade e dessa ciência da Verdade desta Realidade Divina presente, neste instante, não há mais essa autoimagem. Isso representa o fim da autoimagem, o fim do "eu", o fim do ego.

O seu contato com o momento presente, sem o passado, é sem o pensamento. Esse seu contato com o momento presente é a presença de uma comunhão entre a Realidade deste Ser e a Vida. Não há qualquer separação entre aquilo que é Você em sua Natureza Verdadeira, em sua Natureza Divina, e a Vida como ela acontece, e a Realidade de Deus como ela é. Esta Realidade Divina é a Verdade da Vida. Não há qualquer separação entre a Realidade de Deus e a Verdade da Vida, e a Verdade do seu Ser em sua Natureza Real.

Então, nós precisamos assumir a Vida como ela acontece. Como a Realidade da Vida está presente neste instante e nenhuma relação tem com o passado, a Vida é aqui e agora - esta é a Realidade Divina, esta é a Realidade de Deus. Aqui nós estamos aprofundando isso com você. Você, em sua Natureza Divina, é a própria presença desta Realidade de Deus.

Silêncio e Sabedoria é a presença da Vida quando a psicológica condição de mente egoica, de mente condicionada, de desordem, que o pensamento tem estabelecido, não está mais presente. O pensamento estabelece desordem a partir de um cérebro condicionado, de uma mente condicionada, onde existe essa inquietude, essa ausência do silêncio. Uma visão da verdade sobre si mesmo é o fim para essa condição interna.

Quando aprendemos a olhar para pensamentos, sentimentos, emoções, sensações, percepções, experiências, livre do experimentador, livre do pensador, livre desse fundo, que é essa identidade que ao surgir se sustenta nessa separação entre pensamento e o pensador, experiência e experimentador, quando temos o fim para essa continuidade dessa persistência desse sentido do "eu", quando temos o fim para essa condição, nesse instante se revela a Presença da Vida como ela acontece, sem a ilusão desse "mim", dessa "pessoa", dessa egoidentidade.

Você nasceu para esta Liberdade, para esta Sabedoria, Silêncio, Verdade, Amor, ciência de Deus. É isso que estamos trabalhando aqui, juntos, nesses encontros online nos finais de semana - são dois dias juntos. Fora estes encontros, temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso é algo que faz algum sentido para você, já fica aqui um convite.

Julho de 2025
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quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Joel Goldsmith | A Realização da Unidade | O que é a morte? | A verdade da morte | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast; novamente o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Hoje, eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado "A Realização da Unidade". Em um trecho desse livro, o Joel faz o seguinte comentário: "Ninguém realmente teme a dor em si mesma, é apenas que a dor pode levar à morte. É isso que se teme". Mestre, sobre esse assunto da morte, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a morte?

MG: Gilson, de um modo geral, nós não atentamos, como pessoas - veja, a base da nossa vida é a vida de uma pessoa presente; é assim que sentimos ser, que acreditamos ser - em geral, a visão da pessoa é a visão da separação, de alguém que está presente, vivo, separado da própria vida. E, geralmente, essa interna atitude se reflete, o tempo todo, em nossas relações com experiências. E, uma das experiências de grande relevância, de grande importância, que não investigamos, é a experiência da morte. A Verdade da morte, a Realidade da morte, a Ciência da morte. nós nunca entramos em contato direto com essa dada coisa, porque olhamos para essa experiência exatamente a partir de uma separação, de alguém, de uma pessoa, que está lidando com alguma coisa separada dela. Nós precisamos, na vida, tomar ciência da morte, porque não existe uma separação real entre viver e morrer, entre a vida e a morte, entre a experiência - que aqui, no caso, é a experiência da morte - e o experimentador dessa experiência, que é a pessoa, que é o "eu".

Quando tocamos nessa questão da morte, o pensamento em nós tem a preocupação de falar sobre isso em termos de perdas materiais. Quando perdemos alguém, nos vemos como alguém separado daquele que nós perdemos. Perder é algo que, na mente, nós rejeitamos, não aceitamos. Nós temos um modelo de pensamento presente em nós, de mente presente em cada um de nós. Esse é um aspecto da pessoa, da personalidade, do próprio ego em nós, é de aquisição, é de possuir, adquirir e controlar. Nós não nos damos conta ainda, não tomamos ciência, ainda, da verdade sobre nós mesmos. A nossa relação com a experiência, a partir desse experimentador, é de alguém que quer possuir, que quer controlar e que, portanto, se agarra, se prende. Olhando para a vida, nós percebemos que parte da vida - é por isso que não há uma separação entre a vida e a morte - parte da vida é o fato de que tudo vem e vai. Aquilo que está aqui agora, depois desaparece. O sentido do "eu", do ego, que é a presença dessa imagem que o pensamento estabeleceu em nós sobre quem nós somos, o movimento do pensamento presente em nós, desse elemento presente que vem do passado, que está aqui, mas vive segurando e sustentando o passado, a presença desse movimento não aceita que a vida seja exatamente assim.

Portanto, nós temos dois aspectos aqui, no que diz respeito a essa morte. A morte para o ser humano é inevitável, como, na vida, o desaparecimento das coisas é inevitável; a morte do ser humano também. Nós morremos por acidente, velhice, doença. de alguma outra forma, é possível também, mas basicamente, essas três formas estão presentes, são mais comuns: acidente, velhice e doença. Mas qual é a verdade sobre a morte? A verdade sobre a morte só será compreendida quando compreendermos a verdade sobre a vida. Enquanto estivermos mantendo essa psicológica condição de identidade do "eu", de autoimagem, de movimento de aquisição, poder, controle e apego a pessoas, objetos, a posições, a satisfação em prazer, a realização em desejos, enquanto isso estiver presente, haverá a presença do medo e do sofrimento. Isso é algo dentro do próprio "eu", é a presença do "eu", a presença dessa condição, é a presença dessa egoidentidade, a presença desse quadro de infelicidade e sofrimento.

A Realidade da vida se revela quando aceitamos o fim da continuidade do passado, nesse formato de pensamento onde está presente esse experimentador, que está se agarrando, possuindo, controlando. fazendo isso com situações, posições e pessoas. Então, é inevitável a presença do medo quando o pensamento está assumindo todo esse controle psicológico dentro de cada um de nós. O contato com a Realidade da Vida reside na compreensão da morte, mas não dessa morte física ou de perdas materiais, mas a compreensão dessa morte psicológica, do "eu", do ego. Permitir que os pensamentos - que são basicamente imagens que nós temos construído sobre as pessoas, sobre posições e sobre objetos - permitir que esse padrão de pensamento se dissolva, desapareça. Essa é a morte do "eu", essa é a morte do ego. Compreender a Realidade da vida é compreender a beleza dessa psicológica morte do "eu".

Podemos, nesta vida, descobrir a morte antes dessa morte física? Podemos nos desprender psicologicamente do pensamento, para ter uma natural visão de perdas materiais e também uma visão muito clara das pessoas com quem lidamos todos os dias, com quem convivemos, com quem nos relacionamos? Podemos ter uma Real Visão, uma Real Compreensão da Natureza desse Ser para uma relação com essas pessoas sem apegos, sem medos, desejos e controles? Sem essa fixação de preenchimento emocional, sentimental, físico ou sexual com elas? Então, haverá uma compreensão da vida. Nessa compreensão está a visão de que tudo desaparece. Portanto, é a compreensão da vida, a compreensão da morte. Uma vida livre do "eu", livre do ego, é uma vida livre de apegos, de desejos, de medos, de controles.

Então podemos, nesta vida, compreender a morte? Podemos viver com a morte como vivemos com a vida? Podemos compreender. podemos, realmente, compreender isso que não há uma separação? A Verdade sobre isso requer uma vida livre do ego, uma vida livre do "eu". Então está presente a Liberdade, a Felicidade e o Amor. e não há controle, apego, medo, desejos no Amor. Tudo é vida quando o amor está presente. Não há alguém para perder alguma coisa, porque não há alguém, não há essa outra coisa. Evidente que estamos, aqui, tocando em algo que está além da experiência comum, do conhecimento comum dessa mente, na qual nós fomos educados para viver, condicionados para viver. É a presença do Despertar, é a Realização de Deus, a Ciência da Vida, a compreensão da morte. Ok?

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal, dentro exatamente desse tema da morte. A Nara fez o seguinte comentário e perguntou: "Mestre, perdi alguém que amava muito e sinto um vazio imenso. Como olhar para essa dor sem fugir dela?"

MG: Você pergunta como olhar para esse vazio. Não há uma separação entre esse vazio e você! A ideia de olhar para esse vazio é a ilusão de que há uma separação entre esse vazio e você. Há uma ilusão entre essa dor e você. Não é possível olhar para essa dor, separada do vazio. Não é possível olhar para esse vazio, separado dessa dor. Você fala de um vazio imenso e quer descobrir como olhar para essa dor. Não há uma separação entre esse olhar e essa dor, essa dor e esse vazio imenso. A ideia de poder olhar para o vazio para se livrar dessa dor, ou olhar para essa dor para se livrar desse vazio, é uma ilusão. Isso ainda é parte do jogo do próprio pensamento, criando uma separação. Quando você está triste, não existe você triste. Quando você está preocupada, não existe você preocupada. Quando você está com dor, não existe você e a dor. a dor é você! A preocupação é você, a tristeza é você. Nós não temos uma separação entre esse estado que está presente e alguém presente nesse estado. Esse é o velho jogo, esse é o velho truque, essa é a velha pegadinha da mente. Ela se separa para fazer algo com a experiência, ela cria esse experimentador para aquela experiência. Então, ela diz: "Se livre da experiência e você ficará bem!".

Não há uma separação real entre a dor e alguém na dor, a tristeza e alguém triste, porque não existe esse "eu" e o "não eu". Estamos diante de um único fenômeno! Portanto, olhe a dor, mas não a partir de alguém nesse olhar. Apenas assuma a Realidade desse olhar, a dor na dor - não se separe! E você irá perceber que o pensamento está construindo uma história, uma história de base de memória. Esse próprio pensamento é o próprio pensador. Essa própria experiência de base de memória, que são essas lembranças, é o próprio elemento que se separa para resistir, para lutar, para ficar no que deveria ser, no que poderia ter sido. Esse é o jogo, essa é a pegadinha da mente. Assim, esse estado se mantém, porque ele se sustenta em um elemento que se separa para manter a sua continuidade. A rejeição do que é, é pelo que deveria ser, é pelo que poderia ter sido, é a presença do pensamento no formato desse experimentador, desse pensador, que alimenta essa dor e sustenta esse vazio. Permita que esse vazio, que essa dor, esteja aí; não se separe. Uma profunda aproximação da experiência sem o experimentador é o fim da experiência. Uma coisa muito comum é a ilusão presente em nós, de querer se livrar sem a consciência de que isso está aí, de que isso está presente. Tome ciência do fato, tome ciência da experiência, daquilo que está presente. não assuma a separação, porque ela não é real; não resista a este momento ou estará sustentando essa egoidentidade, essa ilusão de alguém para se livrar.

Em geral, é muito inconsciente esse movimento em nós, de querer se livrar. Até mesmo para olhar, a gente quer olhar para se livrar; e lá está o "eu", lá está o ego. A presença da visão da verdade do que está aqui, liberta. Liberta, porque libera esse estado, porque é um estado que se assenta no passado, na memória, no pensamento. O fim do pensamento é o fim desse sentimento, dessa emoção, dessa sensação, porque o fim do pensamento é o fim dessa separação entre você e a experiência, entre esse pensamento criando esse pensador. Para investigar isso melhor, participe de um encontro on-line. Precisamos nos aproximar da verdade sobre quem nós somos para irmos além desse "eu", para irmos além desse ego.

GC: Mestre, temos outra pergunta, também dentro desse tema da morte, onde o Leonardo faz o seguinte comentário e pergunta: "Quando penso na minha morte, sinto ansiedade, fico mal. Existe uma forma de acolher esse pensamento sem ser dominado por ele?"

MG: Observe bem o que você diz. Você diz: "Quando penso em minha morte, fico mal", e também pergunta como acolher esse pensamento. Observe a presença do medo. Tome ciência da presença do medo e ficará claro que não há medo sem o pensamento. É quando você pensa na sua morte, não é quando o pensamento não está, que você se sente mal - você se sente mal quando o pensamento está. Não há uma separação entre o pensamento da morte e esse estado que você chama de "um estado ruim", "um mau estado". É fundamental nós termos uma compreensão do que é o pensamento. A base para o medo é a presença do pensamento, sem o pensamento não há medo. Você fala em acolher o pensamento. Haverá uma separação entre esse elemento que irá acolher o pensamento e o próprio pensamento? Não será esse elemento para acolher o pensamento o próprio pensador? Não é a pessoa, não é esse "mim", não é esse "eu" que quer acolher o medo? Mas há uma separação entre esse medo e esse "eu"? Há uma separação real entre esse pensamento e esse pensador, entre esse pensamento e esse elemento que quer acolher?

O fato é que a presença do pensamento é a presença do pensador. A presença do pensamento é a presença do medo. Portanto, qual é a resposta para a solução desse problema? Como pôr fim a esse problema? Tome ciência de que não há separação; assuma a verdade de que não existe uma separação, que não existe alguém que possa acolher esse estado que é esse mal-estar, que é esse medo. Não se separe, não busque se livrar, não pense em acolher. Tudo isso faz parte do jogo do próprio pensamento. É ele o fundamento, a base desse estado. É a compreensão da não separação, da não divisão, é o olhar sem o observador, é o perceber sem o percebedor, é estar cônscio sem alguém, sem esse "mim", sem esse "eu", que põe fim a esse estado, a esse medo, a esse pensamento.

Esse contato com a morte, aqui, que faz com que você se sinta mal. repare, você está apenas em um contato com o pensamento! É a ideia sobre a morte, é a imaginação sobre a morte, é o futuro para esse "eu", a presença do medo. Mas o futuro, essa morte, essa imaginação, é a própria presença do "eu". Quando o pensamento surgir, apenas olhe, não reaja, não se envolva. Então não haverá alguém para acolher, não haverá alguém para temer. Quando isso acontece, nós temos o fim para essa condição, nós temos o fim para esse estado, porque o pensamento não se sustenta nessa observação sem o observador. A verdade sobre dessa morte que lhe faz temer é a verdade de um pensamento que se projeta no futuro a partir de um pensador, de um observador, de um experimentador. Essa é a raiz do medo, essa é a raiz desse estado, dessa condição, desse mal-estar.

Aqui, estamos com você trabalhando essa questão do Autoconhecimento, que é nos tornarmos cientes de nossas reações, sem nos envolvermos com elas. Então, o sentido do "eu" termina; dessa ilusão de identidade que pensa, que sente e que faz, termina. A Vida Real é a Vida onde está presente a Realidade além do pensamento e, portanto, além do "eu". Essa é a Vida Real, e nessa Vida Real não existe uma separação entre vida e morte, entre alguém vivo e alguém para morrer, entre alguém vivo e alguém morrendo; porque não há esse alguém, não há esse "mim", não há esse "eu". Portanto, apenas observe suas reações e não se envolva. Não se trata de alguém fazendo algo ou deixando de fazer algo. Se trata, exatamente, dessa ciência de que estamos apenas diante de um movimento que é o movimento do pensamento, e quando ele não recebe a continuidade - porque não há qualquer intenção, motivação, interesse em fazer algo com o pensamento - ele desaparece. Portanto, isso é o fim da continuidade. Ocorre, nesse momento, o fim para essa assim chamada particular "morte" ou essa particular "vida" desse "mim", desse "eu". Ok?

GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais esse videocast. E, para você que está acompanhando o videocast até o final e realmente quer viver essas verdades, fica o convite para participar dos encontros intensivos que o Mestre Gualberto proporciona. Nesses encontros, além de o Mestre responder diretamente às nossas perguntas, acontece algo muito mais poderoso e profundo do que isso. Por o Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha um campo de Presença que é puro Poder e Graça, e, nesses encontros, a gente acaba entrando de carona nesse campo de Energia do Mestre. E, pegando essa carona do Mestre, de maneira natural e espontânea, entramos no estado meditativo, podemos aquietar nossas mentes e ter uma visão e uma compreensão além de toda a limitação do entendimento intelectual. Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. E, mais uma vez, Mestre, gratidão pelo videocast.

Julho de 2025
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terça-feira, 7 de outubro de 2025

Você e a autoimagem. O fim da autoimagem. O que é o pensamento? O que é o pensar? Sabedoria: o que é

O que é sabedoria? Qual é a verdade sobre isso? Como podemos nos aproximar, na vida, de uma visão sábia, esclarecida, lúcida, real? Não há como termos uma aproximação disso sem a eliminação da condição psicológica em que nós nos encontramos.

A nossa condição interna, e isso é assim do berço ao túmulo, é a condição de uma mente condicionada. O ser humano nasce dormindo, cresce dormindo, se casa, tem filhos, tem netos e ele está dormindo; adoece, envelhece, ou em razão de um acidente, ele morre, e morre também dormindo.

Essa é a psicológica condição em que nós nos encontramos. É assim que, de fato, a vida ocorre, é assim que a vida acontece. A não ser que ocorra o Despertar, a saída desta psicológica condição, o que requer uma mente nova, um cérebro novo, um novo coração, uma nova vida, ele continuará nessa condição de vida. E nesta condição não haverá Inteligência, não haverá Sabedoria.

Nós temos expressões, nessa condição de sonho em que nos encontramos, que a mente construiu, que o pensamento elaborou, e nós estamos dando significado a essas expressões dentro de uma vida onde nossas relações são as relações de quem está dormindo, de quem está dentro de um sono. É por isso que nossa ênfase aqui consiste no Despertar da Consciência, no Florescer da Verdade sobre nós mesmos, nesta Ciência Divina.

Há uma Realidade presente, e ela é desconhecida; ela permanecerá desconhecida até que esse sonho termine. Quando ele termina, ela se revela; e ela se mantém além da mente egoica, além do modelo conhecido por todos nós, que é o modelo do pensamento.

É a partir do pensamento que nós estamos identificando as experiências, classificando, nomeando, percebendo, compreendendo aquilo que acontece. É uma compreensão do pensamento, com o pensamento, para o pensamento. Nós estamos em busca de respostas para problemas que temos. Quando você recebe uma questão para resolver, essa questão é o "X" daquela questão.

Aqui nós temos inúmeras questões não resolvidas, que são problemas que temos na vida, e não há resposta para essas questões no campo das ideias, no campo dos pensamentos. É assim que está aqui construída essa estrutura, a estrutura psicológica social no mundo. É a estrutura de uma mente condicionada, encontrando soluções para problemas que o próprio pensamento está produzindo nesse princípio de sono, de inconsciência, de vida egoica, de atitudes, ações, ideias, pensamentos, ideologias egocêntricas.

Portanto, se aproximar da vida é se aproximar da Verdade, do Despertar, desse Acordar. A posição daquele que dorme, nesse contexto de vida que nós conhecemos, é a posição de alguém que vive a partir de uma imagem que tem construído sobre si mesmo.

Você, como pessoa, é uma imagem construída pelo pensamento; você é a autoimagem. Não há uma separação entre você, como sendo essa consciência do "eu", e essa estrutura mental, que é a imagem que o pensamento construiu sobre você. Portanto, você e a autoimagem não se separam.

O nosso trabalho aqui, juntos, consiste no fim dessa autoimagem; no propósito de irmos além dessa psicológica condição de "pessoa", de identidade do "eu", de identidade egoica. Só então será possível a visão da Vida como de fato ela é. É nessa visão que está presente a Inteligência Real, a Sabedoria Divina, a Verdade de Deus.

Aquilo que temos chamado de inteligência é a inteligência comum, é a inteligência que lida, razoavelmente, com assuntos tecnológicos, científicos, profissionais, com assuntos dentro deste sonho, que é a vida do "eu", que é a vida do ego, que é essa vida de quem dorme. Nós temos tocado muito nessa questão deste "sonho", fazendo uso dessa expressão.

Algumas vezes não usamos a expressão "sonho", mas quando aqui tocamos nessa mente condicionada, nesse modelo de atividades a partir da ideia de um pensador, de um experimentador, de um observador, de um elemento que se vê à parte e separado da vida, que é o "eu", que é o ego, estamos falando dessa vida onírica, dessa vida da "pessoa".

Nós precisamos compreender a verdade de como nossa mente funciona, a verdade sobre o pensamento presente. O pensamento em nós é a presença do passado, é a presença da memória, da recordação, de experiências que tivemos. Você não teria qualquer pensamento sem memória, sem lembrança, sem passado.

Portanto, o que é o pensamento? É a presença do pensamento, é a existência do pensamento a presença da visão de mundo, da visão de ação e reação, de objetos, coisas, lugares com seus nomes; é a visão de alguém como sendo o "eu" nesse contexto de separação destas coisas. É o pensamento o elemento básico, o elemento principal, que torna possível a vida dentro do contexto daquilo que é conhecido, que nós conhecemos, a partir dessa mente, como ela funciona.

Quando à noite você tem um sonho, e durante o dia você tem o estado de vigília, olhando de perto irá perceber: o seu estado de vigília talvez seja um pouco mais ordenado ou compreensível, intelectualmente, do que a experiência que se tem no sonho. Mas nós temos em um sonho à noite, enquanto dormimos, experiências semelhantes às que temos durante o estado de vigília: o nosso contato com objetos, lugares, pessoas, a presença de alguém, que é esse "mim", nesse contexto da relação com tudo isso. Quando você acorda pela manhã, tem ciência de que estava sonhando.

Aqui não temos ciência de que esse estado de vigília também ocorre dentro de um processo de modelagem do pensamento e, portanto, também de um sonho. O nosso propósito aqui consiste no fim da autoimagem, no fim desse "eu", no fim dessa egoidentidade, no fim desse sono, desse sonho, para a real compreensão da Vida como, de fato, ela é, além do "eu", além do ego. Algo, naturalmente, indescritível, inominável; como está além do pensamento, é impensável; como está além do sonho, jamais o pensamento será capaz de tocar nisso.

Nós precisamos nos desvencilhar dessa condição. Aqui, neste contexto de vida, neste contexto de existência, a compreensão de que a vida é essa existência e não esse existir de alguém, desse existir como alguém. Então, qual é a verdade sobre o pensamento? Quando você vê um objeto, você tem o nome daquele objeto, você tem a imagem daquele objeto. Ao fechar os seus olhos, esse objeto agora passa a fazer parte dessa consciência mental.

Quando você tem experiências, ao passar por elas, elas são guardadas em você, começam a fazer parte dessa estrutura mental. Elas são guardadas em você como lembranças, como experiências pelas quais você passou, o seu cérebro, sua mente viveu, assim como aquele objeto que você viu. Tudo isso agora é parte dessa memória, lembrança. Essa é a consciência como nós conhecemos, constituída de lembranças mais recentes, que chamamos de mente consciente, e de lembranças mais ocultas, mais esquecidas, que chamamos de mente inconsciente.

O encontro com a Realidade é o encontro com o fim dessa qualidade de experiência, que é a experiência da memória, que é a experiência que deu origem a essa autoimagem. Essa autoimagem é a ideia de alguém presente, é a pessoa presente, é o experimentador que vive dessas experiências, que tem essas experiências como base de sua vida, que está presente. Então, essa é a presença do pensamento em você: a lembrança, a memória, a recordação, as experiências registradas.

Com base nessas experiências registradas, que são essas lembranças e memórias, toda a atuação dessa autoimagem, dessa pessoa, desse "eu", acontece. São ações que, como nascem de um centro de memórias, de lembranças, de experiências, são ações autocentradas, egocentradas. Essa é a ação do "eu".

A nossa vida no ego é uma vida de atividades egocêntricas. É isso que entendemos por ações no mundo, ações na vida. Os pensamentos que temos, como nascem dessa memória, e criaram essa identidade, que é a autoimagem, essa autoimagem vive na ilusão de ser alguém que pensa. É por isso que nós temos a ilusão de ser o pensador desses pensamentos. Quando você tem pensamentos, a crença é que você está produzindo esses pensamentos, sendo o pensador desses pensamentos.

Qual é a verdade sobre o pensar? O que é o pensar? Nós desconhecemos o pensar. O pensar é aquilo que está presente em razão da presença da Inteligência. Nós desconhecemos a Inteligência. Aqui eu não me refiro a essa inteligência para assuntos no mundo, para assuntos nesse sonho de existência, de experiência de mundo, que essa mente condicionada conhece. Estamos falando da Real Inteligência. Quando temos esta Real Inteligência, temos presente a Sabedoria.

Então, o que é a Sabedoria? É a presença da visão da vida livre do "eu", do ego, dessa autoimagem, dessa estrutura, que é a estrutura do pensador, do experimentador. Portanto, nós desconhecemos o que é o pensar. Quando você tem pensamentos, o cérebro apenas está respondendo a uma memória, a uma lembrança que ele traz. Repare, não existe o pensador, existe apenas o pensamento quando os pensamentos estão presentes em você, e mesmo assim surge a crença, a partir dessa autoimagem, desse pensador tendo pensamentos.

Observe que você não controla pensamentos. Pensamentos acontecem como acontecem. E eles acontecem em razão de uma resposta a um estímulo, a um desafio que surge, então surge um pensamento. Quando você vê uma cena, o cérebro reage; esta reação é parte do pensar.

Veja, o pensar é esse processo de aparição do pensamento em razão de um estímulo que o cérebro recebeu; quando você escuta algo, quando você vê algo, o cérebro reage. Esta reação do cérebro, a partir de símbolos, imagens, representações mentais, isso é a presença do pensamento. Não tem você pensando, tem o cérebro respondendo, tem o cérebro reagindo. Isso é parte do pensar.

Então, o pensar não é o pensar de alguém, é só o pensar. O pensar acontece, e quando ele acontece, temos a presença do pensamento. O pensamento se separa, ele cria a ilusão desse pensador, desse experimentador, desse "eu", desse "mim", para essa ilusão de controle. É assim que essa autoimagem, é assim que esse sentido do ego está funcionando. Essa é a vida da "pessoa", é a vida da ilusão de alguém presente.

Nós estamos aqui, juntos, para descobrir a Verdade sobre a Liberdade do pensar. Quando temos a presença da Inteligência, de lidar com a vida como ela acontece, sem a ilusão da autoimagem, temos a verdade do sentir, a verdade da ação; não da reação que vem do passado, não da atividade egocêntrica que nós conhecemos, mas da verdadeira ação, e temos a presença do pensar.

É muito estranho ouvir isso, mas a realidade da presença do pensar só ocorre quando há essa Liberdade, que é a Liberdade da não prisão ao modelo do ego. É exatamente quando não há pensamento, esse padrão de pensamento egoico, de pensamento condicionado, de pensamento psicológico, que temos a presença do pensar.

Aqui, na vida, nós precisamos descobrir a beleza de uma vida livre do ego, onde somos capazes de responder a esse momento presente sem o passado, que só é possível quando há essa Verdade da Inteligência, quando temos a Liberdade do pensar, do sentir e do agir, sem o "eu". Essa é a nova condição, misteriosa e desconhecida condição, livre do ego, livre do "eu", onde está presente a ciência do Amor, a ciência da Real Vida, a ciência de Deus.

Aqui, nesses encontros on-line nos finais de semana, nós estamos trabalhando isso com você. São dois dias juntos: sábado e domingo. Além desses encontros, temos encontros presenciais e, também, retiros. Se isso que você acaba de ouvir é algo que faz algum sentido para você, já fica aqui um convite.

Junho de 2025
Gravatá-PE
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